• Nenhum resultado encontrado

A estabilidade provisoria da mulher em razão da maternidade : elementos para uma analise critica

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "A estabilidade provisoria da mulher em razão da maternidade : elementos para uma analise critica"

Copied!
135
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA

CU R S O DE P Õ S - G R A D U A Ç Ã O EM D I REITO

A E S T A B I L I D A D E P R O V I S Õ R I A D A 'MULHER

E M R A Z Ã O DA MATERN I D A D E

(ELEMENTOS P A R A UMA A N Á L I S E CRlTICA)

L E O N A R D O BAIERLE

D I S S E R T A Ç Ã O A P R E S E N T A D A AO C URSO DE P Õ S - G R A D U A Ç Ã O E M

D I R E I T O D A U N I V E R S I D A D E FEDERAL DE SANTA C A T A R I N A

COMO R E Q U I S I T O Ã O B T E N Ç Ã O DO T l T U L O DE 'MESTRE E M

CIÊNCIAS HUMANAS - ESPECIALIDADE: D I R E I T O

I f

-ijOrientador: P r o f e s s o r Osni de M e d e i r o s Rêgis

(2)

A Coordenação, aos Professores e aos Funcionários do Curso de P ó s - Gradua­ ção em Direito, e a todos que colabo^ raram para este trabalho;;.

Ao Conselho de Ensino e Pesquisa e

Extensão, que reconheceu um direi­

to. . .

Ao Prof. Edmundo Lima de Arruda J ú ­

nior, pelo seu apoio crítico... Ao Prof. Osni Régis, meu o r i e n t a d o r

(3)

Agradeço à minha mãe, por ter-me dado a Vida

(4)

Dedico este trabalho e todo o meu amor

ã minha esposa e a minha filha, sem

cujo incentivo não seria possível r e a ­ lizá-lo

(5)

S U M Á R I O

I N T R O D U Ç Ã O ... ... .... 07

N otas . \ . . . ... ...15

C A P l T U L O I A Situação como Real C o n c r e t o ... ... 16

1.1. A P o s i ç ã o da M u l h e r e m Razão d a M a t e r n i d a d e ... ... 17 1.2. Dados do C o t i d i a n o ... . ... 17 1.3. U m a Q u e s t ã o S o c i o l ó g i c a ... ... 21 Notas ... ... ... 24 CA P l T U L O II N e c e s s i d a d e de P o s i t i v a ç ã o da E s t a b i l i ­ dade P r o v i s ó r i a d a M u l h e r e m R a z ã o da M a t e r n i d a d e ... ... 25 Notas ... ... ... ... 31

C A P Í T U L O III A P o sição da T r a b a l h a d o r a e m Razão da M a t e r n i d a d e ... ... 32 3.1. D o c u m e n t o s Intern a c i o n a i s ... .. 33 3.2. D i r e i t o C o m p arado ... ... 38 3.3. C o n s t i t u i ç õ e s do B rasil ... 49 3.4. C o n s o l i d a ç ã o das Leis do T r a b a l h o e L e g i s l a ç ã o O r d i n á r i a ... ... ... 54 N o t a s ... 62 C A P Í T U L O IV A E s t a b i l i d a d e P r o v i s ó r i a da M u l h e r n a C o n v e n ç ã o C o l e t i v a ... ... ... 6 4 4.1. A s p e c t o s Introd u t ó r i o s ... 66 4.2. C o n v e n ç ã o e A c o r d o C o l e t i v o ... ... 69 4.3. C o n v e n ç õ e s e A c o r d o s C o l e t i v o s em S a n t a C a t a r i n a ... ... ... 74 Notas ... ... ... 79 1 C A P Í T U L O V A E s t a b i l i d a d e P r o v i s ó r i a d a M u l h e r nos T r i b u n a i s ... 80

(6)

5.1. Supremo T r i b u n a l F e d e r a l . 8 3 5.2. T r i b u n a l S u p e r i o r do T r a b a l h o .... 84 5.3. T r i b unais Regionais do T r a b a l h o .. 86 Notas ... ... 89

CA P Í T U L O VI Uma Proposta de E s ta bilidade P ro v is ór i a da M u l h e r e m Razão da Maternidade para

a N o v a Constituição ... .... 90 Notas ... ... ... 95 C O N C L U S Ã O ... . . 96 A N E X O R e curso E x t r a o r d i n á r i o n? 79.317 - São P a u l o ... ... ... . 98 B I B L I O G R A F I A ... ... ... ... 129

(7)

o

o

*

\

(8)

El cuidado de la madre embarazada

tiene un valor decisivo para las

generaciones futuras y para la

(9)

(Posada)^-E s t a d i s s e r t a ç ã o não p r e t e n d e ser mais do que um

ap a n h a d o geral de dados d e s c r i t i v o s referentes à situa ç ã o

legal da m u l h e r e m razão da m a t e r n i d a d e no mundo do d i r e i ­

to do t r a b a l h o .

Nã o se d i s c u t i r á s a l ã r i o maternidade,— o bjeto de

b e n e f í c i o da P r e v i d ê n c i a Social, c o m p r e e n d e n d o q u a t r o sema

nas antes e oito semanas após o parto, mas a segurança no

e m p r e g o d u rante o p e r í o d o de g r a videz d a m u l h e r empregada e

atê que a c r i a n ç a a t i n j a d e t e r m i n a d a idade, chamada de es-2

ta b i l i d a d e p r o v i s o r i a e r e s t r i t a ao campo das convençoes

coletivas e ao p o d e r n o r m a t i v o da J u s t i ç a do Trabalho.

O o b j e t o do trabalho foi c o n s t r u í d o não sem d i f i ­

culdades, d e c o r r e n t e s de vários fatores. Primeiramente, n e £

sa área do d i r e i t o social as p e s q u i s a s são escassas. E m

s e g u n d o lugar, e m v i rtude da n e c e s s i d a d e de se o p t a r p o r

u m p o s i c i o n a m e n t o mais p anorâmico, ao invés de um recorte

(10)

fosse no direito comparado, fosse nas convenções coletivas

o u fosse no p l a n o doutrinal, jurisprudencial o u da l e gisla

ção nacional.

Desta forma, e s t a m o s conscientes de que a d i s s e r ­

tação fornece dados i n formativos preliminares, portanto p r o

v i s õ r i o s , que futuramente p o d e r ã o - sofrer um tratamento m i s

a p u r a d o dentro da p l ê i a d e de tópicos levantados e n p a s s a n t

e que, sem dúvida, e s t a r i a m por m e r e c e r análises especifi^

cas.

D e s t a r t e , n o s s o o b j e t i v o é demons t r a r a i m p o r t â n ­

cia de se r e c o n h e c e r o d i reito do e m p r e g o da m u l h e r e m r a ­

zão da maternidade. A lei civil fala que a p e r s o n a l i d a d e do

h o m e m c omeça do n a s c i m e n t o com vida, mas a lei põe a salvo

_ 3 _

desde a conce p ç ã o os d i r eitos do n a s c ituro . Nao b a s t a

r e c o n h e c e r o direito, mas p o s i t i v á - l o de forma mais ampla

possível. Ademais, "a função social do direito é dar valores a i n ­

teresses, a bens da vida, regular-lhes a distribuição entre os :

ho-4 - - ■

mens" , porque o seu o b j e t o e o p r o p r i o homem.

Es s a g a r a n t i a do e m p r e g o da m u l h e r e m razão d a m a

te r n i d a d e envolve v a l o r e s s õ c i o - p o l í t i c o s e e conômicos e i

no plano social ressaltia-se a saúde, d e f inida pela O r g a n i ­

zação M u n d i a l da Saúde; o r g a n i s m o e s p e c i a l i z a d o da ONU, co

m o sendo ’’um estado de completo bem-estar físico que não consiste s<d

(11)

0 Capítulo I subverte a lógica dentro da d o g m á t i ­

ca jurídica, pois constitui-se como uma análise b r e v e dos

fatos sociais no quotidiano, indicadores da situação como

real concreto. A s s i m sendo, v e r - se-ão alguns dados que s e ­

rão m a r c a d o s pelos critérios de uma a m o s t r a g e m estatística,

não p e r d e n d o o seu v a l o r q u a l i t a t i v o como sinais inegá v e i s

de uma a nomia jurídica, d e f i n i d a aqui como situação social

ca rente de uma regulação j u r ídica eficaz socialmente, reve

ladora de u m a i n adequação entre lei do E s t a d o e direito na

sociedade.

São, sem s o mbra de dúvidas, poucas linhas gerais,

p o r é m c arregadas com o "anedotário" da i m p rensa sobre o

a b s u r d o de tal situação, onde a t r a b a l h a d o r a objeto de nos

sa a n á l i s e p a r t i c u l a r sofre inúmeras injustiças decorrentes

de sua situação em razão da m a t e r n i d a d e e de suas cond_i

ções de trabalho.

A e s t a b i l i d a d e "strictõ sensu" na CLT ê p o s s í v e l

desde que trabalhe p a r a o m e s m o e m p r e g a d o r durante dez

anos. Porém, com o advento do Fundo de G a r a n t i a p o r T e m p o

de S e r v i ç o (Lei 5.107/66) esse direito d i ficilmente p o d e r á

ser obtido, pois n a a d m issão da e m p r e g a d a lhe é e x i g i d a

a c h a m a d a "opção", sem que lhe seja dado o direito de d i s ­

(12)

E v i d e n c i a m o s assim, como chegamos a p r i v i l e g i a r e £

ta problemática, m o s t r a n d o que p e l o menos a e s tabilidade pro

v i s ó r i a em razão da m a t e r n i d a d e é u m d i r e i t o legítimo da m u

lher empregada.

R e s s a l t e - s e que, a p a r t i r da consta t a ç ã o desse f e ­

nômeno, m uitas abord a g e n s p o d e r i a m ser feitas, como uma aná

lise sociológica, psicológica, filos ó f i c a ou jurídica. P e n ­

samos i n c u r s i o n a r n e s t a última, p o r é m sem o l v i d a r outros ass

pectos, como se verá, mas de forma i n f o r m á t i c a e não inter-

pretativa.

N o C a p í t u l o II tenta-se ab i nitio a defesa de uma

p r o t e ç ã o mais ampla, o c a s i ã o onde b r e v e m e n t e se tecem c o ­

m e n t á r i o s sobre a p a r t i c i p a ç ã o / i n t e g r a ç ã o da m u l h e r na s o ­

ciedade m o d e r n a e os avanços e p e r c a l ç o s desse "ator" s o c i ­

al n a sua b u s c a de i n s e r ç ã o social.

0 r e c o n h e c i m e n t o dos d i r eitos dos trabalhadores,

pr i n c i p a l m e n t e e m r e l a ç ã o a um s a l á r i o real que atenda as

suas n e c e ssidades, condições de trabalho, garan t i a de empre

go, b e m como de liberdade s i n d i c a l n ã o são alcançadas de

forma t r a n q ü i l a e pacífica, m u i t o m e n o s p o r dádiva do empre|

gador. Neste contexto, não ê demais l e mbrar a lição do clás,

sico R u d o l f V o n I h ering que "a luta pelo direito é um dev.er do

indivíduo para consigo m e s m o ” e ”a defesa do direito constitui um

de-6

ver para com a comunidade"

(13)

N o Capítulo III/ preten d e m o s na área e s p e c í f i c a da

m u l h e r e m razão da m a t ernidade, i d e n t i f i c a r documentos i n ­

ternacionais, b e m como a i n d i c a ç ã o de convenções i n t e r n a c i o

nais, a s s i m como o q u a d r o consti t u c i o n a l brasileiro, n a CLT

e n a legislação ordinária. E x a m i n a m o s o p o s i c i o n a m e n t o de

a lguns países e m relação ã g a r a n t i a . d o e m prego da m u l h e r e m

ra z ã o da maternidade. São normas insertas e m suas r e s p e c t i ­

vas Constituições, e n a l egislação o r d i n á r i a que a t e s t a m a

p r e o c u p a ç ã o u n i v ersal diante da n e c e s s i d a d e de s e g u r a n ç a p a

ra tal trabalhadora, seja n a sociedade capitalista, s o c i a ­

l ista o u comunista.

N o C a p ítulo IV trata m o s de situar como a c o n v enção

e o a c o r d o coletivo t e m re-sit u a d o o campo p r o b l e m á t i c o e m

re l a ç ã o â legislação. São analisados e discutidos alguns p o n

tos q u e e n v o l v e m o s i n d icato como õ r g ã o e x e c u t o r dá c o n v e n ­

ção e do a çordo coletivo. A l g u n s exemplos dos a v a n ç o s .alcan

çados pelos o rganismos sindicais são trazidos como forma áe

d e m o n s t r a r seus limites e alcances atuais.

N o Capít u l o V tem-se o p o s i c i o n a m e n t o jurisp r u d e n -

ciai n a a t u a l i z a ç ã o da lei,! o que e x p l i c a a tradição da j u ­

r i s p r u d ê n c i a s o c i o l ó g i c a de d i n a m i z a r a d o g m á t i c a n o s e u

I

p e r f i l e s t r i t a m e n t e legal.

(14)

n idade n a n o v a Constituição, pois a consci ê n c i a j u r í d i c a

a c e i t a esse d i reito que precisa, sem sombra de !düvidas, ser

(15)

N O T A S

(1) POSADA, c itado p o r BOTIJA, E. Perez. D e recho dei T r a ­ b a j o . 6a ed. Madrid, Ed. Tecnos, p. 514.

(2) Empreg a m o s o termo e s t a b i l i d a d e p r o v i s ó r i a para desiç[ n a r "a g a r a n t i a que e s t á r e l a c i o n a d a com uma causa ... e s p e c i a l e q u e . p e r d u r a e n q u a n t o a causa .existir, em

razão da qual foi instituído": NASCIMENTO, Amauri Mascaro, A P o l í t i c a T r a b a l h i s t a e a N o v a R e p ú b l i c a . SãoPaulo, LTr, 1985, p. 46.

(.3) C õ digo Civil brasileiro; o r g a n i z a ç ã o dos textos, n o ­ tas remissivas e índices p e l o d e s e m b a r g a d o r Dr. M a ­ nuel A u g u s t o V i e i r a Neto. 28a ed. São Paulo, S a r a i ­ va, 1978, art. 49, p. 15.

(4) MIRANDA, P ontes de. T r a t a d o de D i reito P r i v a d o . 4a ed. Rio de Janeiro, Ed. Borsoi, 1972, Vol. 1, p. IX.

(5) MELLO, C e l s o D u v i v i e r de Albuquerque. Curso de D i r e i t o I ntern a c i o n a l P ú b l i c o . 6a ed. Rio de Janeiro, Ed. Freitas Bastos, 1979, Vol. I, p. 461

(_6) IHERING, R u d o l f von. A L u t a p e l o D i r e i t o . (Der Kampf um's Recht). T r a d u ç ã o de R i chard Paul Neto. 4a ed., Rio de Janeiro, Ed. Rio, 1983, p. 64.

(16)

C A P Í T U L O I

(17)

Este C a p í t u l o b u s c a simplesmente m o s t r a r o fenôme

no social i n i c i a l que nos d e s p e r t o u a a t enção p a r a uma anã

lise sócio-jurídica, em virtude de seu c a r á t e r singular, m o r

m ente se no p l a n o ideal o E s tado deve p e r s e g u i r a b u s c a do

b e m comum de seus cidadãos.

T r a ta-se de dois tópicos breves que e x p l i c i t a m o

fato social n u e cru no q u o t i d i a n o da imprensa, b e m como

uma p r o b l e m a t i z a ç ã o p r e l i m i n a r da lógica e m p r e s a r i a l que

de forma i m e d i a t a produz tal fenômeno.

1.1. A P o s i ç ã o da M u l h e r e m Razão da M a t e r n i d a d e

1.2. Dados do cotidiano .

A s i t u a ç ã o d r a m á t i c a que v i v e m mulhe r e s que t r a ­

b a l h a m sem s e g u r a n ç a no e m p r e g o p orque são casadas o u e s ­

tão grávidas, b e m como q u a n d o r e t o r n a m ao e m p r e g o após o

p a r t o constitui fato social grave \ Mas, ê n a s o c i o l o g i a

(18)

produziram e as efeitos sociais que elas originam ou, através dessa

ciência que considera o direito como um fato social e, como tal,

sus-2

cetível de investigação causal" , que identi f i c a r e m o s este pro

b l e m a social.

Não sendo n o s s o o b j e t i v o stricto s e n s u r e a lizar

uma s o c i o l o g i a jurídica ao r e d o r do o bjeto da dissertação,

o que p o r sua vez o r i g i n a r i a o traba l h o complexo de d e l i m i

tação de h i p ó t e s e s e variáveis que i n t e r v ê m n a p r o d u ­

ção de tal fenômeno, i n dicaremos t ã o-somente de forma ini

ciai alguns dados sociais da c r ô n i c a no senso c o m u m que de

m o n s t r a m a gravidade da d i s c r i m i n a ç ã o contra a m u l h e r e m ­

p r e g a d a e m r e lação ã maternidade.

A i n v o c a b i l i d a d e dos casos selecionados p o r si só

c o m p r o v a m a i n e f i c á c i a dos dispos i t i v o s vigen t e s que t r a ­

t a m da m u l h e r n essa situação e d e m o n s t r a m de forma a b s o l u ­

ta a i n j u s t i ç a c o m etida c ontra a m u l h e r trabalhadora.

Po r conseguinte, o J o r n a l do Brasil, de 11.10.80,

d i v u l g a uma n o t í c i a da g i n e c o l o g i s t a Dra. A l b e r t i n a D u a r ­

te nos seguintes termos:

t

no ABC p a u l i s t k e em üsasco, ' m u i ­

tas mulheres são obrigadas a mostrar seus

absorventes menstruais mensalmente, para

provar que não estão grávidas. As em p r e ­

sas não querem correr riscos, e a mulher

(19)

não perder o emprego e por não poder sus-3

1 tentar mais uma boca (...) .

Neste enfoque, trazemos a s ;afirma ç õ e s da p s i c ó l o

ga C a r m e n Barroso, que m o s t r a m a gravidade do p r o b l e m a no

c o n t e x t o das relações capital-trabalho:

” (...) Em reportagem do jornal o Estado de São Paulo, dirigentes sidicais da r e ­ gião do ABC paulista afirmam que 90% das mulheres que dão ã luz são dispensadas do emprego, logo após o retorno do p e d i ­

do de licença. Este ano, a própria P r e ­

feitura de São Paulo recusou-se a r e n o ­

var contratos de professoras gestantes. A situação das varredoras de rua de S a l ­ vador é dramática: em busca de emprego

para garantir seu próprio sustento e o

de sua família, elas são proibidas pelo

Departamento de Limpeza Pública e Sanitjá ria, da Prefeitura, de ter filhos. Seguji do o Jornal de Brasília de 4.1.1975, men_

salmente as mulheres são examinadas e

qualquer sinal de gravidez significa a

demissão automática do emprego. Não c o n ­ tente com a demissão, o Departamento exe_ cuta um rigoroso controle d e (n a t a l i d a d e , chegando a distribuir anticoncepcionais entre as garis. Essa discriminação a t i n ­ ge igualmente as mulheres de alto nível educacional. Em pesquisa que estamos r e ­ alizando atualmente, junto a estudantes de pós-graduação, registram-se casos cho^

(20)

cantes, como o de uma moça a quem foi d i ­ to, na entrevista de admissão ao emprego, que só seria admitida se tirasse o útero. Essa tentativa d e :humor negro assume uma dimensão trágica quando lemos nos jornais que, de fato, há mulheres que estão se mu_

tilando, a fim de garantir o emprego que

lhes assegura a 'sobrevivência. Num d e p o i ­

mento feito no Congresso, durante a d i s ­

cussão de um projeto que visava oferecer maior proteção ã trabalhadora gestante, o

2

Sen. Jarbas Passarinho afirmou: 'Quando

eu era Ministro da Educação, descia do

elevador do Ministério e dirigia-me para

o meu carro, quando fui abordado por uma

mulher que gritava: "Mas eu liguei as tronn pas, eu liguei as tro m p a s ” . Pois bem: e s ­ sa m u lher deveria trabalhar no Ministério da Educação, por intermédio de uma e m p r e ­

sa privada que alugava funcionários ao

serviço público, mas fora recusada não

porque estivesse grávida, mas apenas por

ser casada'. Este fato teve ampla reper­

cussão na época e não atingiu apenas uma mulher, mas dezenas de empregadas da em ­

presa Audiplan, todas elas afastadas ou

não admitidas (embora aprovadas em concur 4

j

so], por serem casadas ou noivas".

Estes' dados p r e s e n t e s no c o t i d i a n o da i m p rensa n a ­

c i o n a l e x p l i c i t a m o nível do a b s urdo e m termos de direitos

(21)

fa-tos sociais, t o d a v i a exige-se uma i n d i c a ç ã o mais e x p l i c a t i

va que, e m b o r a sem fundamentos c i e n t í f i c o s de uma s o c i o l o ­

gia a p l i c a d a (os estudos são raros nesse domínio) f o r n e ç a m

e l e m entos críticos iniciais p o s s i b i l i t a d o r e s de j u s t i f i c a ­

ção p a r a a n álise jurídica do fenômeno, v i s a n d o como p r o p o s

ta a m o d i f i c a ç ã o legal de tal questão, o que p o r sua vez

a b r i r i a e s p a ç o s para que o plano'do d i r e i t o t r a b a l h i s t a tenha

r e s s o n â n c i a n a legalidade estatal.

A a r b i t r a r i e d a d e de e m p r e g a d o r e s de d e s p e d i r m u ­

lheres t r a b a l h a d o r a s p o r e s t a r e m grávi d a s o u que r e t o r n a m

ao e m p r e g o após o p a r t o são atos v e r d a d e i r a m e n t e contrários

ao d i r e i t o e m e r e c e d o r e s de n o s s a repulsa. Os fatos a p o n t a

dos d e m o n s t r a m claramente a n e c e s s i d a d e de se m o d i f i c a r os

d i s p o s i t i v o s vigentes, de forma mais abrangente.

1.3. Uma Q u estão S o c i o l õ g i c a

S e m termos como p r e o c u p a ç ã o e o b j e t i v o e x p l i c a r

s o c i o l o g i c a m e n t e os fatos sociais descritos, temos p o r cer

to que ao j u rista cabe a i n d a g a ç ã o p r e l i m i n a r n a quele p l a ­

no de análise.

A i n s t a b i l i d a d e da t r a b a l h a d o r a d e c orre da l ógica

e m p r e s a r i a l c a p i t a l i s t a que, v i a de regra, não atende ao

e q u i l í b r i o n a r e l a ç ã o entre t r a b a l h o e capital, p r e v a l e c e n

(22)

c apita l i s m o a t e n d ê n c i a é desumana, se c o m p a r a d a aos avan

ços nessa área t r a b a l h i s t a dos países de centro, altamente

i n d u s t r i a l i z a d o s e onde as lutas sociais f i z e r a m florescer

certas conquistas n a área do d i reito dos trabalhadores.

Não se pode g e n e r a l i z a r essa atitude com relação

a todo grupo empresarial. Parece atê curioso o fato de s e ­

r e m as e m p resas m u l t i n a c i o n a i s que mais a t e n d e m às m e l h o ­

res condições de t r a balho e dè direitos delas decorrentes.-:

N a falta de e l e m e n t o s e m p í r i c o s aprofundados e r e p r e s e n t a ­

tivos sobre a m u l h e r t r a b a l h a d o r a e m geral temos como d a ­

dos c o n c retos já incorporados ao senso c o m u m que as discri_

m i n a ç õ e s contra elas são várias, entre elas as seguintes:

19 - T r a b a l h o d o m é s t i c o e trabalho assalariado;

29 - M e n o r e s chances de concor r ê n c i a com os traba

lhadores homens;

3) - M e n o r e s chances quantitativas e m termos de

força de trabalho.

N e s s e sentido a d i s c r i m i n a ç ã o contra a m u l h e r que p r e tende

a d e n t r a r ao m u n d o do trabalho começa desde a b u s c a de

em-I

prego, já e m condições a q u é m das exigidás e m função dos

itens apontados supra. 1

As e m p r e s a s v i s a m o lucro e o p r e t e n s o h u m a n i s m o

(23)

compro-m i s s o t r a b a l h o / c a p i t a l p e r de-se ecompro-m contextos de recessão e

conômica, a r r e b e n t a n d o a corda p a r a o lado dos a s salariados

e m geral, i n c l u í d a a classe média. Os trabalhadores e m g e ­

ral s o f r e m esses revezes nas crises dos ciclos produtivos,

q u a n d o os setores empres a r i a i s n ã o c o n s e g u e m a reprodução

do c a pital almejado.

O caso da m u l h e r t r a b a l h a d o r a ê mais grave p o r q u e

v e r i f i c a n d o - s e a gravidez é alvo de d e s p edida do e m p r e g o e

a p r o t e ç ã o legal compreende apenas q u a t r o semanas antes e

oito s e m a n a s apõs o parto, salvo se e s t i v e r g a r a n t i d a p o r

c o n v e n ç ã o c o l etiva o u acordo colet i v o de t r a b a l h o , a s sunto

que e x a m i n a r e m o s mais p r o f u n d a m e n t e no C a p í t u l o V.

Somente a e x p l i c i t a ç ã o da lei como ela ê, e n r ique

cida c o m u m e s t u d o comparado, p o d e r á q u i ç á fornecer os sub

sídios p a r a a a l t e ração de tão p e n o s a situação social, a

n o s s o v e r carente de r e g u lação jurídica.

No C a p ítulo VI trataremos de a l inhar algumas c o n ­

s i d e r a ç õ e s de o r d e m p o l í t i c o - f i l o s õ f i c a que j u s t i f i q u e m

u-m a p o s i t i v a ç ã o da e s t a b i l i d a d e p r o v i s ó r i a da u-m u l h e r e u-m

ra-^ i

zào da maternidade.

(24)

-N O T A S

(1) DURKEIM, Emile. As Regras do M é t o d o Sociol ó g i c o (Les Règles de la m é t h o d e sociologique). T r a d u ç ã o de M a ­ ria Isaura P e r e i r a de Queiroz, 9a éd., São Paulo, Ed. Nacional, 1978, p. 1.

(2) CARBONNIER, Jean. S o c i o l o g i a J u r ídica (Sociologie J u ­ ridique) . T r a d u ç ã o de Diogo Leite de Campos, C o i m ­ bra, L i v r a r i a Almedina, 1979, p. 25.

(.3) J o r n a l do Brasil, Rio de Janeiro, 19 Caderno, 11.10. 1980, p. 8.

(.4) BARROSO, Carmen. A Situa ç ã o da M ulher T r a b a l h a d o r a no.; Brasil, R e v i s t a de D i reito do T r a b a l h o . n9 14, Ju- lho-Agosto, A n o III, São Paulo, E d i t o r a Revista dos T ribunais, 1978, p. 73, 74.

(25)

C A P l T U L O II

N E C E S S I D A D E DE P O S I T I V A Ç Ã O D A E S T A B I L I D A D E

P R O V I S Õ R I A DA M U L H E R E M R AZÃO D A M A T E R N I D A D E

(26)

A p a r t i c i p a ç ã o e i n t e g r a ç ã o da m u l h e r no p r o c e s s o

de d e s e n v o l v i m e n t o n a c i o n a l importa numa ampla v a l o r i z a ç ã o

de seu t r a b a l h o humano. A m a n u t e n ç ã o do v í n c u l o e m p r e g a t í

cio no d e c o r r e r da gravi d e z e após ela ê apenas u m fator

de s e g u r a n ç a no c o n t e x t o dos direitos humanos.

A empregada, s a b edora de sua segurança, se a j u s t a

rã m e l h o r aos o b j e t i v o s da e m p r e s a e à sociedade como um

todo. O p e r í o d o e s p e c í f i c o a s s e g u r a d o à m u l h e r no d i r e i t o

brasi l e i r o , de q u a t r o semanas antes e o i t o semanas após o

parto, é insuficiente. Normalmente, a m u l h e r tem seu e m p r e

go ameaç a d o q u a n d o a e m p r e s a p s a b e d o r a de seu e s t a d o graví

dico ou q u a n d o r e t o r n a após o parto. O P a p a P a u l o VI e x o r ­

tou que a t r a b a l h a d o r a não deve ficar s u b o r d i n a d a ao traba

lho, mas que o t r a b a l h o é que deve ficar a serviço da t r a ­

balhadora.^"

A mulher, como f orça de trabalho, v e m sendo r e c o ­

n h e c i d a como valor, m e i o e centro das e s t r a t é g i a s funda^

(27)

criativas, d i vulgações culturais, assimilações científicas,

e c o n ô m i c a s e tecnol ó g i c a s tornando-se ao m e s m o tempo suje_i

to e o b j e t o do desenvolvimento. Como meio, o respaldo ê

e n t e n d i d o em uma simbiose de mecani s m o s concretos, a s s e g u ­

ra n d o a m o b i l i z a ç ã o o r g a n i z a d a e ação nos níveis d e c i s ó ­

rios, com p l a t a f o r m a s que o b j e t i v a m fins individuais e s o ­

ciais. Como centro das p l a t a f o r m a s estrat é g i c a s de m u d a n ­

ças e s t r u t u r a i s legais e, p o r conseqüência, institucionais,

e m uma s u p e r a ç ã o de b l o q u e i o s q u e i m p e d e m o u d i f i c u l t a m sua

consecução. S u g e r i m o s um p l a n e j a m e n t o de d i reito adequado

ãs n e c e s s i d a d e s p r i o r í s t i c a s da m u l h e r que trabalha. U m

p l a n e j a m e n t o condizente c o m a realidade e c o n ô m i c a brasilei

ra l i b e r t a n d o - a de d i s c r i m i n a ç õ e s que limitam a m u l h e r ao

s u b j u g o instá v e l das forças s õ c i o - e c o n ô m i c a s .

Neste quadro, t o r na-se explic á v e l a série de i n i ­

c i a t i v a s assis t e n c i a i s p ú b l i c a s e privadas realizadas e m

geral de forma p a t e r n a l i s t a paliativa, u sando a m u l h e r c o ­

m o fonte i n d i r e t a de c a p t a ç ã o de renda, q u a n d o p o d e r i a o

país ser e n g r a n d e c i d o com sua p r o d u ç ã o concomitante. Ê s a ­

bido, no entanto, que a o c o r r ê n c i a e a intensidade da p a r ­

t i c i p a ç ã o da m u l h e r e n c o n t r a m - s e intimamente conjijgados aos

c o n d i c i o n a m e n t o s h i s t ó r i c o s da sociedade. Daí porque, a p e ­

sar dos m o v i m e n t o s feministas, a p a r t i c i p a ç ã o incontinenti

(28)

m o v i m e n t o e de m u t a ç ã o constantes que não possui uma situa

ção final c o m p l e t a e acabada.

No que tange ao trabalho e s p e c í f i c o da m u l h e r e m

p e r í o d o g r a v í d i c o e após este, atestam-se níveis e condi

ções sociais que e x e r c e m um papel i m p o r t a n t e p a r a a p r o p o £

ta que a p resentamos n e s t e trabalho.

A p r e s e r v a ç ã o do emprego da m u l h e r grávida, b e m

como da q u e r e t o r n a após o parto, e s t á d i r e t a m e n t e ligado

ao direito ao sustento. O direito ao e m p r e g o é tão b á s i c o

q u a n t o o acesso ã saúde, ã m o r a d i a e à educação, dirèitos

humanos f u n damentais p o r e x c e l ê n c i a da n o s s a espécie. O Pa

pa Leão XIII e n f a t i z a v a que "a conservação da vida é dever sagra_

do de cada um. ConseqUentemente cada um tem direito natural de prover o sustento de sua vida e, para tanto, o pobre só conta com o trabalho

2

de suas m ã o s ” . A d a m Smith, e m sua o b r a "A R i queza das N a ­

ções", a f i r m o u que "nenhuma sociedade pode florescer e ser feliz

3

se a maior parte dos seus elementos for pobre e. miserável"-. P o r t a n ­

to, o d i reito de m a n t e n ç a do e m p r e g o e m tais condições d e ­

ve ser p r e o c u p a ç ã o de todos e de cada um, administradores,

políticos, sindicalistas, e m p r e s á r i o s e empregados. Ê p r e -I

ciso que a m u l h e r n ã o seja p r i v a d a de seu emprego, p o i s ê

1

este e m m u i t o s casos que provê o seu sustento. Dentro d e s ­

te contexto, ”o Estado contemporâneo deve comportar-se sob a égide

- - 4

(29)

A lguns empreg a d o r e s têm diante de u m a g r adual d i ­

m i n u i ç ã o da força de traba l h o da e m p r e g a d a g e s t a n t e relat_i

va compreensão, assim como d i s c e r n i m e n t o da capaci d a d e pro

fissional limitada o c a s i o n a d a p e l o estado gravídico. E a

e m p r e g a d a grávida, v i s u a l i z a n d o tal p o s t u r a da empresa, o-

ferece, em contrapartida, seu m á x i m o .r e n d i m e n t o p r o f i s s i o ­

nal. A e s t a b i l i d a d e p r o v i s ó r i a p a r a a g e s t a n t e durante a

gravi d e z e após o p a r t o a f a s t a r á o conce i t o da impotê n c i a

i m p o s t a p s i c o - s o c i a l m e n t e p o r seu e s t a d o biológico, que po

de l e vá-la ao i mobilismo o u a situações constrangedoras. A

g e s t a n t e e s t a r i a legalmente a s s e g u r a d a e t e r i a seu trabalho

reconhecido. Ambos, e m p r e g a d o r e e m p r e g a d a g e s tante o u a-

q u e l a que retorna do parto, r e p r e s e n t a m correntes diversas

de p e nsamento. De vim lado, a n e c e s s i d a d e incont i n e n t i de

p r o d u ç ã o no interesse capitalista, e v i t a n d o e m p r e g a r mulhe

res (não temos conhe c i m e n t o de a d m issão ao e m p r e g o de mu-,

lheres já grávidas) óu d i s c r i m i n á - l a s p o r m o t i v o de g r a v i ­

dez. De outro lado, atitude de auto-defesa, o aliena r - s e e

a c o m o d a r - s e diminuindo a c apacidade de produção.

Cabe consid e r a r que a lei i m posta u n i l a t e r a l m e n t e

te r á sua v i g ê n c i a c o m p r o m e t i d a com os p o s t u l a d o s da j u s t i ­

ç a social. Neste sentido, o d i r e i t o p o s i t i v o i t a liano e

- francês e m m u i t o nos superam, h a j a v i s t a as n o r m a s e x i s t e n

tes de p r o t e ç ã o durante todo o p e r í o d o da g r a videz e atê

(30)

N o Brasil, os sindicatos e s t ã o superando a d o g m á ­

tica, e s t a b e l e c e n d o e m convenções coletivas (forma de auto

legislação) normas a s s e g u r a n d o a estabi l i d a d e provisória du

rante todo o p e r í o d o da gravidez e d e t e r m i n a d o p e r í o d o a-

p õ s as oito semanas d epois do parto.

Como p o demos observar, ê ó b v i a a n e c e s s i d a d e de

p o s i t i v a ç ã o mais abrangente dos direitos da m u l h e r e m e s t a

do. puerperal. O s - f u n a m e n t o s são de diversas _ordens. F i l o s o

ficamente, deve-se a r g ü i r q u a n t o á justiça das leis que

c o n s t i t u e m a d o g m á t i c a jurídica, pois e s t a p e r d e r i a a -sua

função social se d i s s o c i a d a daqueles fins proclamados, d e n ­

tro dos p r ó prios p r i n c í p i o s do Estado. Sociologicamente, e

xige-se uma p o s t u r a c r í t i c a que q u e s tione a relação d i r e i ­

to versus fato social que p o s s i b i l i t e superar os l i miten

da d o g m á t i c a e m si mesma.

0 t r a b a l h o p o r nós d e s e n v o l v i d o levanta de forma

d e s c r i t i v a os aspectos d a d o g m á t i c a que demons t r a m os seus

ângulos e s p e c í f i c o s (CLT, jurisprudência, convenção coleti

(31)

N O T: A S

(1) P A U L O VI, Papa, citado p o r FERNANDES, W a l t e r et alii. Tr a b a l h o e Subemprego. D e s e m p r e g o e D i r e i t o ao T r a ­ b a l h o . Rio de Janeiro, E d i t o r a V o z e s Limitada, 1982, p. 107.

(.2) LEÃO XIII, Papa. citado p o r HENGSBACH, Friedhelm. O di reito ao t r a balho n a concepção da Igreja. D e s e m p r e g o é D i r eito ao T r a b a l h o . Rio de Janeiro, E d i t o r a V o z e s Limitada, 1982, p. 58.

(3)_ SMITH, Adam. I v e s t i g a ç ã o sobre a N a t u r e z a e as Causas da R i queza das Nações. Os P e n s a d o r e s , la ed., São Paulo, Ed. A b r i l Cultural, 1974. p. 72.

C4I 'PÄSÖLD, César Luiz. F u n ç ã o Social do E s t a d o C o n t e m p o r â ­ n e o . .Florianópolis, IOESC, 1984, p. 29.

(32)

C A P Í T U L O III

A P O S I Ç Ã O DA T R A B A L H A D O R A

(33)

N e s t e C a p í t u l o e v i d e n c i a m o s de forma breve e d e s ­

c r i t i v a os p r i n c i p a i s documentos, a nível i n t e r n a c i o n a l e

nacional, refere n t e s à p r o b l e m á t i c a e m estudo. São obras Li

gadas* ao' c o n t e x t o da p r o t e ç ã o ^aos direitos humanos, â posi

ção de a l gumas C o n s t i t u i ç õ e s estrangeiras, a s s i m como d e s ­

de a p r i m e i r a C a r t a C o n s t i t u c i o n a l B r a s i l e i r a e às leislor

d i n á r i a s que c e r c a m a c h amada estabi l i d a d e p r o v i s ó r i a de

fo r m a d i s c r i m i n a t ó r i a (caso dos cipeiros, dirigentes sindi

cais e d i r e tores de cooperativas)..

3.1, D o c u m e n t o s Internacionais

N a A n t i g ü i d a d e C l á s s i c a não foi t r a t a d o da s e g u ­

r a n ç a d a m u l h e r - m ã e t r a b a l h a d o r a porque n a quele p e r í o d o e-

r a c o n s i d e r a d a como escrava. Não e r a s u j eito de direito,

m a s res, coisa,. 0 t r a b a l h o e s c r a v o e r a p o r conta alheia,

se n d o que a t i t u l a r i d a d e dos resultados do trabalhd p e r t e n

c i a ao dono. E m A r i s t ó t e l e s e Platão, a e s c r a v i d ã o é a p r e ­

(34)

A p a r t i r da Revolução Industrial"*" e n g e n d r a d a com 2

a m a q u i n a a v a p o r e m 1712 e e m p r e g a d a p a r a fins industri^

- ~ 3

ais p a r a b o m b e a r agua das minas de carvao inglesas tem-se

o i n ício das lutas t r abalhistas n o p l a n o legal.

Assim, com a p r e o c u p a ç ã o de que ”a ida ãs fontes é um 4

dos princípios elementares da verdadeira crítica" , p r o c u r a m o s ali

n h a r n u m a o r d e m s i s t e m á t i c a alguns documentos i n t e r n a c i o -

nais que t r a t a m de r e s g u a r d a r os interesses da mulher, p o i s

é d e n t r o desse contexto que a q u e s t ã o o bjeto da d i s s e r t a -

ção p a r e c e ter seu fundamento não sô filos ó f i c o como p o l í ­

tico válido, decorr e n t e da sua legitimidade e unanimidade.

Destarte, ê i mportante r e s s a l t a r que "(...) o valor:

dos estudos: histéricos. para o conhecimento do direito vigente assenta

5

em que nao se pode conhecer o que ê, sem se conhecer o que f o i ( . . . ) ” .

p o r t a n t o , iniciaremos m e n c i o n a n d o a Declaração Fran

cesa dos D i r e i t o s do H o m e m e do Cidadão, de 26 de a g osto de

1789, que d ispõe no art. 29:

"0 fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais

j e imprescritíveis do homem. Esses

direitos são a liberdade, a proprie-

1 — ' -

dade, a segurança e a resistência ã

(35)

P o s t e r i o r m e n t e Karl M a r x e F. Engels, e m 184 8, lan

ç a m o M a n i f e s t o do P a r t i d o Comunista, d e n u n c i a n d o a e x p l o r a

ção a que e r a m submetidos os t r a b a l h a d o r e s n a i n d ú s t r i a c a ­

p i t a l i s t a (documento que, p e l o seu conteúdo, m o b i l i z o u os

trabalhadores),.

A seguir e n c o n t r a m o s a R e r u m Novarum, c o n s t i t u i n ­

d o - s e a p r i m e i r a das E n c í c l i c a s papais, de L e ã o XIII, e m

189Q, que repres e n t a um m a r c o h i s t ó r i c o n a d o u t r i n a s ocial

da Igreja e do p r ó p r i o d i reito do trabalho, p o i s t a m b é m exa

m i n a a s i t uação dos. t r a balhadores e os d i r e i t o s que lhes de

v e m ser a l c a n ç a d o s , dentre e l e s a p r o t e ç ã o âs m u l h e r e s e âs

crianças,

Indicainos a D e c l a r a ç ã o dos. D i r e i t o s do Povo T r a b a ­

l h a d o r e e x p l o r a d o da R e p ú b l i c a S o v i é t i c a R u s s a , de 4 de ja

n e i r o de 1918, no C a p í t u l o II, 29, que p rescrevia:

"Como primeiro passo para a t r a n s f e ­

r e ncia completa das fábricas, das

u s r n a s , dos caminhos de ferro e de

outros.- meios de produção e de tranjj_ porte para a propriedade da R e p ú b l i ­ ca Operária e Camponesa dos Sovietes, o Congresso ratifica a lei soviética sobre a administração operária e so-'- bre o Conselho S u p erior da Economia Nacional, com a finalidade de assegjj

rar o poder dos tra&alhadores sobre

(36)

A l i n h a m o s n e s s a a preciação a C o n s t i t u i ç ã o A l e m ã de

Weimar, de 1919, que dispunha no art. 161 que o Estado o r g a

n i z a r i a a p r o t e ç ã o ã matern i d a d e e m forma de seguros.

jã a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a Italiana, de 21- de

de z embro de 1947, d i s p u n h a no’* artigo 35 q u e 1: ^

-”A República protege o trabalho em

todas ás suas formas e a p l i cações” .

■•A-.

E o artigo 37 indica que:

"A mulher tem os mesmos direitos e, em igualdade de trabalho, as mesmas retribuições do trabalhador do sexo masculino. As condiçõesrde trabalho

devem permitir-lhe a realização de

■ sua função familiar e assegurar à

mãe e ã criança uma proteção adequa da".

N ã o p o demos o l v i d a r a D e c l a r a ç ã o Universal dos D i ­

reitos do Homem, de 1948, que diz no a rtigo 25, 19:

"Toda pessoa tem direito a um nível

de vida suficiente papa assegurar

sua saúde, seu bem-estkr e os de

sua família, especialmente para a

alimentação, o vestuário, os cu i d a ­ dos médicos assim como para os s e r ­

viços sociais necessários; tem d i ­

reito ao segura em caso de desempre_

(37)

viuvez, de velhice ou nos outros c a ­ sos de perda de seus meios de subsis_

tincia, am conseqüência de cir c u n s ­

tâncias independentes de sua v o n t a ­

d e ” .

E , no m e s m o artigo, i t e m 2 9 : ... . ___ ________

"A maternidade e infância têm d i r e i ­

to a uma ajuda e a uma assistência

especiais. Todas as crianças, que

sejam nascidas no casamento ou fora

do casamento, desfrutam da . m e s m a

proteção s o c i a l ” .

T a m b é m a C o n s t i t u i ç ã o Francesa, de 4 de n o v e m b r o

de 19 48, se coloca e m p r o l desses direitos, g a r a n t i n d o - o s

no a r t i g o 13:

”A Constituição garante aos cidadãos

a liberdade do trabalho e da i n d ú s ­

tria. A sociedade favorece e e n c o r a ­ ja o desenvolvimento do trabalho pe ­ lo ensino primário gratuito, pela e- ducação profissional, pela legalida­

de de relações entre o patrão e o

j operário, pelas instituições de

pre-I '

vidência e de credito, pelas

insti-i tuições agrícolas, pelas associações

voluntárias e pelo estabelecimento,

por parte do Estado, dos d e p a rtamen­

(38)

I

blicos apropriados a empregar os bra^ ços desocupados; ela fornece a assis_ • tincia ãs crianças abandonadas, aos enfermos e aos anciãos sem recurso e

que suas famílias não podem s o c o r ­

rer" .

A O r g a n i z a ç ã o I n t e r n a c i o n a l do T r a b a l h o - OIT, da

q u a l o B r a s i l ê membro, p o s s u i a C o n v e n ç ã o n9 3 que trata

do t r a b a l h o feminino antes e depois do parto. O n o s s o País

r a t i f i c o u tal convenção através do D e creto n? 423, de 12 de

n o v e m b r o de 1953. T a m b é m a C o n v e n ç ã o n9 103, que dispõe s o ­

b r e a p r o t e ç ã o à m a t ernidade, ê u m a r e visão da C o n v e n ç ã o n9

3 e foi a p r o v a d a pelo D e c r e t o L e g i s l a t i v o n9 20, de 30 de

a bril de 1965, sendo r a t i f i c a d a e m 18 de junho de 1965 eapro

m u l g a d a p e l o Decreto n9 58.820, de 14 de julho de 1966. E n ­

c o n t r a m o s a i n d a a R e c o m e n d a ç ã o n 9 2, que dispõe sobre a pro

t e ç ã o da m a t e r n i d a d e na a g r i c u l t u r a e a R e c o m e n d a ç ã o n9 6 7,

de 1944, sobre o a u x í l i o - m a t e r n i d a d e ^ .

3.2. D i reito C o m p a r a d o

Este item tem como o b j e t i v o t raçar um p a i n e l p a n o ­

r â m i c o dos dados (normas,doutrina) i n t e r n a c i o n a i s de forma

g e r a l e q u e t r a t a m dos d i r e i t o s d a m u l h e r e m razão da m a t e r

nidade.

(39)

l i e n t a r a lei de 12 de julho de 19 77, que e s t a b e l e c e a li­

c e n ç a parental, a s s i m c o m p r e e n d i d a a licença ã mãe o u ao

pai p a r a cuidar do filho até a idade de dois anos. T a m b é m

a lei de 17 de julho de 1980, que v i s a m e l h o r a r a s i t u a ç ã o

das famílias numerosas, com d i s p o s i ç ã o p r o t e g e n d o de forma 7 ma i s abrangente a m a t e r n i d a d e a p a r t i r do t e r ceiro filho .

O l e g i s l a d o r francês p e r m i t i u à m u l h e r s u s p e n d e r

seu t r a b a l h o p o r u m p e r í o d o de seis semanas antes e o i t o

*. 8

semanas apos o p a r t o .

No d i reito italiano, a f i r m a L u i s a R i v a S a n s e v e r i n o

que

para determinado período as

mulheres não podem ser destinadas a

trabalhos pesados, insalubres e fati gosos, bem como não podem ser d e s p e ­ didas durante todo o curso da g r a v i ­ dez e ati quando a criança haja c o m ­ pletado um ano de idade e além disso previsto um período de interrupção

obrigatória da prestação de t r a b a ­

lho

Tal d i s p o s i ç ã o e s t á c o n t i d a no art„ 2.210 do Cõdi-

go da Itália.

(40)

m a n e i r a real e efetiva, p orque é a ssegurada a g a r a n t i a do

e m p r e g o durante toda a g r a videz e até que a c r iança alcance

u m ano de vida. A p r e o c u p a ç ã o do legislador italiano não de

ve c riar discri m i n a ç ã o c ontra a mulher, pois o o b j e t i v o é

p r o p o r c i o n a r s e g u rança do e m p r e g o da m u l h e r t r a b a l h a d o r a e m

e s t a d o de g e s tação o u a que retorna .após o parto, lugar o n ­

de o b t é m o seu s u s t e n t o e do filho.

N a Itália, o l e g i s l a d o r p r e v i u a s i t u a ç ã o do pài

n a t u r a l o u adotivo que r e s ponde p e l a mãe. Neste caso, ê p a ­

g a a licença p e l o p r a z o de 3 (três) meses após o n a s c i m e n t o

ou adoção, p o d e n d o ser e s t e n d i d a até 6 (seis) meses dentro

do ano seguinte. É a c h a m a d a licença maternidade.

No d i reito p o s i t i v o e s p a n h o l e n c o n t r a m o s o c o m e n t a

rio de G. Báyon C h a c o n e E. Perez Botija, n e stes termos:

descanso absoluto por razón

de embarazo y puerperio, que la mu-

jer puede utilizar durante un perio- do que se calcula de seis semanas aji teriores al parto y que ha de utili- , zar durante las seis p o s t e r i o r e s ,con ;

abandono dei trabajo y reserva dei i

puesto hasta un periodo maximo de ^

veinte semanas, síl. fuera por enferme- >

dad derivada dei parto ( , . . ) " ^

(41)

seguir m e n c i o n a m o s f azem p a r t e da o b r a de M a r i a n o Daranas-'--'-.

Sa l ienta o autor que na A l e m a n h a Ocidental, a Cons

t i t u i ç ã o da R e p u blica Federal, p r o m u l g a d a e m 2 3 de m a i o de

1949, art. 69, item 4, dispõe que toda mãe tem o d i r e i t o à

p r o t e ç ã o e â assis t ê n c i a da comunidade. A i n d a no d i r e i t o p o

s itivo alemão, m erece igual d e s taque a lei de 24 de j a n e i r o

de 1952, que trata da p r o t e ç ã o da mãe:

"C...) prohibe, en principio, los

despidos durante el embarazo y hasta

pasados cuatro meses despuis dei

a l u m b r i a m e n t o . Es para ello r e q u i s i ­ to que el empleador conozca el e m b a ­ razo o el alumbriamento, o que se le

participe de una semana después de

la prática dei despido. La prohibi-

ciõn alcanza a todo despido, incluso al despido sin glazo por causa impo^r t a n t e ” .

Na A l e m a n h a O r i e n t a l , a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a

Dejrçocrâtica Alemã, d atada de 6 de abril de 196 8, t e n d o s i ­

do o texto o f i c i a l m e n t e r e v isado e m 7 de o u t u b r o de 1974,

d ispõe no art. 38 que:

La madre y su nino gozaran de la proteccián especial dei' £stado. So_ cialista. Quedan garantizados el p e £ mizo por razón de embarazo, los

(42)

cui-dados médicos especiales y la ayüda

material financera con motivo dei

parto así como la asignación por hi- jos

Não foi t r atado de forma e s p e c í f i c a a s e g u r a n ç a da

mulher, p orque mãe t r a b a l h a d o r a ganha p r o t e ç ã o do E s t a d o So

cialista.

Na Albânia, a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a S o c i a l i s ­

ta, de 29 de d e z embro de 1976, no art. 47, t r a t a da p r o t e ­

ção â maternidade, d i zendo que:

” (....) La madre y el nino gozarán de

especial solicitud y protección. La

madre tendrá derecho a un permisso

antes y despuls dei parto. El Estado

abrirá casas de maternidad, guarde-

rfas y jardines de infancia

N ão foi p r e v i s t o n e s t a C o n s t i t u i ç ã o o m o m e n t o que c o m e ç a e

q u a n d o t e rmina a g a r a n t i a do e m p r e g o e m função da m a t e r n i d a

de.

Na Bulgária, a Constituição, p r o m u l g a d a em 18 de

m a i o de 1971, art. 37, diz:

” La madre gozará de protección

y atenciún especiales dei Estado y

de las organizaciones econômicas y

(43)

dei parto, sin perjuicio de la retri_ bucion dei trabajo, de assistência

gratuita en obstetrícia y medicina,

de creación de casas de maternidad y aligeramiento dei regimen de trabajo, así como mediante la extensiôn de la

red de guarderias infantiles, de

talleres’ de servicios corrientes y

de empresas de alimentaciõn p u b l i ­

ca (...) ”

Na Hungria, a C o n s t i t u i ç ã o da R e p u blica Popular,

que o f i c i a l m e n t e se i n t itula "Lei X X de 1949", no art. 62

"2" dispõe que:

” l. ..1 Se garantiza la igualdad de

derechos de la mujer assegurãndole u_ nas conciciones de trabajo adequadas y posibilidades suficientes de colo- caciòn, unas vacaciones retribuidas

durante el embarazo y el parto, una

proteccidn juridica eficaz a la m a ­

dre y al nino, así como mediantexuna red de estabelecimientos de assiste_n cia a la madre y al hijo C...)”

Na, Polônia, a C o n s t i t u i ç ã o da Republica Popular,

que foi a p r o v a d a p e l a D i e t a Constituinte, de 22 de julho

de 1932, no art. 78, i t e m 2, prevê;

” (...) La protección de la madre y

(44)

cinta, la vacaciones remuneradas d u ­ rante el embarazo y el puerperio, el desarrollo de una red de casas de ma

ternidad, guarderías y jardines de

infancia y el desarrollo de una red

de servicios sociales y comedores co_ lectivos C. . .) ”

E m Portugal, a C o n s t i t u i ç ã o de 2 de abril de 1976

art. 68, dispõe o seguinte:

"C...) Las mujeres trabajadoras ten- drán derecho a un periodo de disp e n ­

sa dei trabajo, antes y después dei

parto, sin perdida de la retribución ni de otras vantajes C...]"

N a Romênia, a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a S o c i a l i s ­

ta de 27 de d e z e m b r o de 1974, art. 23, estabelece:

En la Republica Socialista de

Rumanfa la mujer gozará de iguales

derechos que el hombre. El Estado

protegerá el matrimonio y la familia

y defenderá los intereses de la m a ­

dre y dei nino

lia T checoslovãquia, a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a So

cialista, d e s i g n a d a p e l a Lei n9 100, de 11 de julho de 1960 ,

t a m b é m trata do a s s u n t o no art. 27:

(45)

igualdad juridica de la mujer en suas

actividades familiares, professiona-

les de trabajo y mediante unos cuida­

dos sanitarios particulares durante

el embarazo y la maternidad, así como

por el desarrollo de las instalacio-

nes y servicios que permitan a las mu jeres invertir toda sua capacidad p a ­ ra participar en la vida de la socie- dad (...) ”

Na U n i ã o Soviética, a C o n s t i t u i ç ã o da União das

R e p ú b l i c a s S ocialistas Soviéticas Í U R S S ) , p r o m u l g a d a e m 7

de o u t u b r o de 197 7, trata no art 35 e art. 40:

” C. . .) por la creacion de condiciones

que permitan a la mujer conjugar el

trabajo con la maternidade, por la

asistencia juridica y el apoyo m a t e ­

rial y moral de la maternidad y la

infancia, incluyendo el disfrute de

vacaciones pagadas y otras vantajes

para las mujeres en los periodos pre_ natal y posnatal, así como por la re_

dución paulatina de la jornada de

trabajo para las mujeres que te.ngam

hijos de corta edad (...)"

Na Iugosl á v i a a sua Constituição, p r o m u l g a d a e m

21 de f e v e r e i r o de 1974, dispõe no art. 188:

(46)

t e c c i ó n so c i a l e s p e c i a l C . . . ) ”

N e s s a C o n s t i t u i ç ã o e xiste uma norma d i s pondo do

di r e i t o da m u l h e r ter ou n ã o ter filhos, l i m i t a d a tal p r e r 1-

r o g a t i v a p a r a a p r o t e ç ã o da saüde. A n o r m a j u r ídica c o n s t i ­

t u c i o n a l do art. 191 indica que:

” 1...) Es derecho de la persona resol ver libremente sobre tener o no.tener

hijos. Este derecho unicamente podrã

limitar-se para proteger la salüdL..)"

A C o n s t i t u i ç ã o mexicana, de 1917, foi a p r i m e i r a a 12 i n s e r i r no t exto as garantias mínimas dos t r a balhadores

A g a r a n t i a do e m prego da m u l h e r t r a b a l h a d o r a m e x i ­

cana e m razão da m a t e r n i d a d e estâ a s s e g u r a d a e m seis s e m a ­

nas antes e seis semanas p o s t e r i o r e s ao parto.

0 c o n t e ú d o estã inserto na regra j u r í d i c a c o n s t i t u

c ional do art. 123, V, da "Constitucion P o l i t i c a De Los Es

tados Unidos M exicanos", de 5 de fever e i r o de 1917, que d i £

poe:

j

”Las. mujeres durante el enribarazo

r .

no

realizarán trabajos que exijan un es-I

fuerzo considerable y signifiquen un

peligro para su salud en relación con la gestación; gozaran forzosamente de un descanso de seis semanas anteriores

(47)

a la fecha fijada aproximadamente- pa ra el parto y seis semanas p o s t e r i o ­

res al mismo, debiendo percibir su

salario íntegro y conservar su em-

pleo y los derechos que hubieren ad ­ quirido por la relación de trabajo. En el periodo de lactancia, tendrán

dos descansos extraordinarios ' por

dia, de media hora cada uno para ali mentar a sus h i j o s ” .

A "Ley F e d eral dei T r a b a j o de 1970" c o n f i r m a o dis^

p o s t o constitucional, no art. 170, II, i n d i c a n d o que as m u ­

lheres:

disfrutarán de un descanso de

seis semanas anteriores y seis

poste-14

riores al parto

P o demos inferir d i a n t e de tais textos que o d i r e i ­

to m e x i c a n o obteve a p r i m o r a m e n t o na g a r a n t i a do e m p r e g o da

m u l h e r e m razão da m a t e r n i d a d e , p r i n c i p a l m e n t e no que se re

fere à c o n s e r v a ç ã o do e m p r e g o e aos d i r eitos adquiridos a-

tr a y ê s da relação de trabalho.

No livro "La M u j e r en C u b a Socialista", p u b l i c a ç ã o 15

o f i c i a l do M i n i s t é r i o da J u s t i ç a de Cuba, consta que no

p e r í o d o p r ê - r e v o l u c i o n ã r i o a e s t r u t u r a e c o n ô m i c a do país

e r a atrasada, p r e v a l e c e n d o o d esemprego, a miséria, a falta

(48)

condições de t r a b a l h a r e r a m "amas de casa". C o m o t r i u n f o da

R e v o l u ç ã o e n c a b e ç a d a por Fidel Castro, f o r a m criadas condi_

ções p a r a e l i m i n a r o desemprego. E m 1977, t r a b a l h a v a m 670

mil m u l h e r e s nos d i v ersos setores da e c o n o m i a estatal civil.

No regime s o c i a l i s t a cubano, a m u l h e r t r a b a l h a d o r a p a s s o u a

r e ceber e m razão da m a t e r n i d a d e uma licença p a g a "pre y pos

natal", de doze semanas, p r e v i s t a na Lei 1.100, de 27 de mar

ço de 1963. Poster i o r m e n t e , através da Lei 1.263, de 16 de

j a neiro de 1974, foi a m p liada tal l i c ença p a r a d e z o i t o s e ­

manas, sendo que doze são usufruídas depois do parto, p a g a

e m forma de subsídio.

No U r u g u a i , consta t a m o s que

a duração da ausência pode

prolongar-se por todo o tempo i n d i c a ­ do nas prescrições medicas, tanto a n ­

tes como depois do parto, embora se

pague o salário integral somente nas

seis semanas anteriores e n a s • seis

posteriores ao parto, e 65% do s alá­

rio no período restante C...]"

Portanto, não é a b r a n g e n t e o d i r eito p o s i t i v o uruguaio. : O

a n t i g o Estatu-to do T r a b a l h a d o r Rural B r a s i l e i r o (ex-Lei 4214 }

c o n t i n h a a m é s m a d i s p o s i ç ã o de g a r a n t i a no e m prego de seib

s e m a n a s antes e seis semanas apôs o parto.

(49)

mu l h e r gestante t r a b a l h a d o r a e a que r e torna apõs o parto.

Este fato social ê n o r m a t i z a d o j u r idicamente e e m alguns

p a í s e s a legislação ê v a s t a sobre o assunto. Cabe l e m b r a r

o que afirmamos no C a p í t u l o I, que e x p l i c i t a n d o a lei como

e l a é, e n r i q u e c i d o c o m u m e s t u d o no d i r e i t o comparado, p o ­

d e r á q u i ç á f o r necer os subsídios p a r a a a l t e r a ç ã o da s i t u a ­

ç ã o social e m que se e n c o n t r a a m u l h e r t r a b a l h a d o r a n o B r a ­

sil, e m b u s c a de uma n o r m a t i z a ç ã o e f e t i v a e não d e s t i t u í ­

da de e f i c i ê n c i a e de operosidade. 0 e studo d e t a l h a d o das

normas de cada país e x i g i r i a e x t r a p o l a r distâncias e a v e r i ­

g u armos in locum o c o m p o r t a m e n t o d o legislador. Como n ã o ê

este n o s s o objetivo, observamos Constituições, leis o r d i n á ­

rias. e a p o s i ç ã o da doutrina. A p r e o c u p a ç ã o com a.mulher tra

b a l h a d o r a e m razão da m a t e r n i d a d e independe de ideologia.

3.3. C o n s t i t u i ç õ e s do B r a s i l .

A C o n s t i t u i ç ã o de 23 de m a r ç o de 1824, o u t o r g a d a

p o r D. P edro I, e o A t o A d i c i o n a l de 12 de agosto de 18.34,

n ão c o n t i n h a m dispos i ç õ e s e x p r essas p a r a a m u l h e r t r a b a l h a ­

dora, i g n o rando os d i r eitos sociais. Limito u - s e a g a r a n t i r

a l i b e rdade de trabalho, c o n forme art. 179:

"Nenhum ginero de trabalho, de cultu

ra, indústria ou comércio pode ser

Referências

Documentos relacionados

Este movimento questiona uma visão rasa e omnipresente do desenvolvimento científico e tecnológico, onde encontramos a crença de que mais ciência e mais tecnologia

Aqui nas ​Preciosidades este interesse não se mostra como tema, mas está presente como parte do meu processo, pois a afetividade que quero que esteja nas obras requer sentir,

A partir de sua hermenêutica acerca do sofrimento negro e a intervenção divina a favor dos oprimidos, o autor visualiza uma relação de coerência entre a narrativa bíblica acerca do

Completar documentos: Histórico Escolar do Ensino Fundamental realizado INTEGRALMENTE em Escola (s) PÚBLICA(s); Certificado de Conclusão do-. Ensino Médio ; Declaração de Renda de

cosmioides alimentadas em cada cultivar de soja, pode-se verificar que, de modo geral, houve diferença significativa do número de percevejos atraídos em função do tempo,

Outro compromisso assumido foi o de tornar o direito ao desenvolvimento uma realidade para todos, objetivos que precisam ser alcançados para garantir a

This curricular unit aims to provide students with theoretical, technical and methodological knowledge that allows them to be able to think and draw the human body and moving

Não houve interação (P&gt;0,05) entre os níveis de cálcio e as relações cálcio/fósforo para nenhuma das variáveis, porém os níveis de cálcio promoveram efeito (P&lt;0,05)