UNIVERSIDADE FEDERAL DE SANTA CATARINA
CU R S O DE P Õ S - G R A D U A Ç Ã O EM D I REITO
A E S T A B I L I D A D E P R O V I S Õ R I A D A 'MULHER
E M R A Z Ã O DA MATERN I D A D E
(ELEMENTOS P A R A UMA A N Á L I S E CRlTICA)
L E O N A R D O BAIERLE
D I S S E R T A Ç Ã O A P R E S E N T A D A AO C URSO DE P Õ S - G R A D U A Ç Ã O E M
D I R E I T O D A U N I V E R S I D A D E FEDERAL DE SANTA C A T A R I N A
COMO R E Q U I S I T O Ã O B T E N Ç Ã O DO T l T U L O DE 'MESTRE E M
CIÊNCIAS HUMANAS - ESPECIALIDADE: D I R E I T O
I f
-ijOrientador: P r o f e s s o r Osni de M e d e i r o s Rêgis
A Coordenação, aos Professores e aos Funcionários do Curso de P ó s - Gradua ção em Direito, e a todos que colabo^ raram para este trabalho;;.
Ao Conselho de Ensino e Pesquisa e
Extensão, que reconheceu um direi
to. . .
Ao Prof. Edmundo Lima de Arruda J ú
nior, pelo seu apoio crítico... Ao Prof. Osni Régis, meu o r i e n t a d o r
Agradeço à minha mãe, por ter-me dado a Vida
Dedico este trabalho e todo o meu amor
ã minha esposa e a minha filha, sem
cujo incentivo não seria possível r e a lizá-lo
S U M Á R I O
I N T R O D U Ç Ã O ... ... .... 07
N otas . \ . . . ... ...15
C A P l T U L O I A Situação como Real C o n c r e t o ... ... 16
1.1. A P o s i ç ã o da M u l h e r e m Razão d a M a t e r n i d a d e ... ... 17 1.2. Dados do C o t i d i a n o ... . ... 17 1.3. U m a Q u e s t ã o S o c i o l ó g i c a ... ... 21 Notas ... ... ... 24 CA P l T U L O II N e c e s s i d a d e de P o s i t i v a ç ã o da E s t a b i l i dade P r o v i s ó r i a d a M u l h e r e m R a z ã o da M a t e r n i d a d e ... ... 25 Notas ... ... ... ... 31
C A P Í T U L O III A P o sição da T r a b a l h a d o r a e m Razão da M a t e r n i d a d e ... ... 32 3.1. D o c u m e n t o s Intern a c i o n a i s ... .. 33 3.2. D i r e i t o C o m p arado ... ... 38 3.3. C o n s t i t u i ç õ e s do B rasil ... 49 3.4. C o n s o l i d a ç ã o das Leis do T r a b a l h o e L e g i s l a ç ã o O r d i n á r i a ... ... ... 54 N o t a s ... 62 C A P Í T U L O IV A E s t a b i l i d a d e P r o v i s ó r i a da M u l h e r n a C o n v e n ç ã o C o l e t i v a ... ... ... 6 4 4.1. A s p e c t o s Introd u t ó r i o s ... 66 4.2. C o n v e n ç ã o e A c o r d o C o l e t i v o ... ... 69 4.3. C o n v e n ç õ e s e A c o r d o s C o l e t i v o s em S a n t a C a t a r i n a ... ... ... 74 Notas ... ... ... 79 1 C A P Í T U L O V A E s t a b i l i d a d e P r o v i s ó r i a d a M u l h e r nos T r i b u n a i s ... 80
5.1. Supremo T r i b u n a l F e d e r a l . 8 3 5.2. T r i b u n a l S u p e r i o r do T r a b a l h o .... 84 5.3. T r i b unais Regionais do T r a b a l h o .. 86 Notas ... ... 89
CA P Í T U L O VI Uma Proposta de E s ta bilidade P ro v is ór i a da M u l h e r e m Razão da Maternidade para
a N o v a Constituição ... .... 90 Notas ... ... ... 95 C O N C L U S Ã O ... . . 96 A N E X O R e curso E x t r a o r d i n á r i o n? 79.317 - São P a u l o ... ... ... . 98 B I B L I O G R A F I A ... ... ... ... 129
o
o
*
\
El cuidado de la madre embarazada
tiene un valor decisivo para las
generaciones futuras y para la
(Posada)^-E s t a d i s s e r t a ç ã o não p r e t e n d e ser mais do que um
ap a n h a d o geral de dados d e s c r i t i v o s referentes à situa ç ã o
legal da m u l h e r e m razão da m a t e r n i d a d e no mundo do d i r e i
to do t r a b a l h o .
Nã o se d i s c u t i r á s a l ã r i o maternidade,— o bjeto de
b e n e f í c i o da P r e v i d ê n c i a Social, c o m p r e e n d e n d o q u a t r o sema
nas antes e oito semanas após o parto, mas a segurança no
e m p r e g o d u rante o p e r í o d o de g r a videz d a m u l h e r empregada e
atê que a c r i a n ç a a t i n j a d e t e r m i n a d a idade, chamada de es-2
ta b i l i d a d e p r o v i s o r i a e r e s t r i t a ao campo das convençoes
coletivas e ao p o d e r n o r m a t i v o da J u s t i ç a do Trabalho.
O o b j e t o do trabalho foi c o n s t r u í d o não sem d i f i
culdades, d e c o r r e n t e s de vários fatores. Primeiramente, n e £
sa área do d i r e i t o social as p e s q u i s a s são escassas. E m
s e g u n d o lugar, e m v i rtude da n e c e s s i d a d e de se o p t a r p o r
u m p o s i c i o n a m e n t o mais p anorâmico, ao invés de um recorte
fosse no direito comparado, fosse nas convenções coletivas
o u fosse no p l a n o doutrinal, jurisprudencial o u da l e gisla
ção nacional.
Desta forma, e s t a m o s conscientes de que a d i s s e r
tação fornece dados i n formativos preliminares, portanto p r o
v i s õ r i o s , que futuramente p o d e r ã o - sofrer um tratamento m i s
a p u r a d o dentro da p l ê i a d e de tópicos levantados e n p a s s a n t
e que, sem dúvida, e s t a r i a m por m e r e c e r análises especifi^
cas.
D e s t a r t e , n o s s o o b j e t i v o é demons t r a r a i m p o r t â n
cia de se r e c o n h e c e r o d i reito do e m p r e g o da m u l h e r e m r a
zão da maternidade. A lei civil fala que a p e r s o n a l i d a d e do
h o m e m c omeça do n a s c i m e n t o com vida, mas a lei põe a salvo
_ 3 _
desde a conce p ç ã o os d i r eitos do n a s c ituro . Nao b a s t a
r e c o n h e c e r o direito, mas p o s i t i v á - l o de forma mais ampla
possível. Ademais, "a função social do direito é dar valores a i n
teresses, a bens da vida, regular-lhes a distribuição entre os :
ho-4 - - ■
mens" , porque o seu o b j e t o e o p r o p r i o homem.
Es s a g a r a n t i a do e m p r e g o da m u l h e r e m razão d a m a
te r n i d a d e envolve v a l o r e s s õ c i o - p o l í t i c o s e e conômicos e i
no plano social ressaltia-se a saúde, d e f inida pela O r g a n i
zação M u n d i a l da Saúde; o r g a n i s m o e s p e c i a l i z a d o da ONU, co
m o sendo ’’um estado de completo bem-estar físico que não consiste s<d
0 Capítulo I subverte a lógica dentro da d o g m á t i
ca jurídica, pois constitui-se como uma análise b r e v e dos
fatos sociais no quotidiano, indicadores da situação como
real concreto. A s s i m sendo, v e r - se-ão alguns dados que s e
rão m a r c a d o s pelos critérios de uma a m o s t r a g e m estatística,
não p e r d e n d o o seu v a l o r q u a l i t a t i v o como sinais inegá v e i s
de uma a nomia jurídica, d e f i n i d a aqui como situação social
ca rente de uma regulação j u r ídica eficaz socialmente, reve
ladora de u m a i n adequação entre lei do E s t a d o e direito na
sociedade.
São, sem s o mbra de dúvidas, poucas linhas gerais,
p o r é m c arregadas com o "anedotário" da i m p rensa sobre o
a b s u r d o de tal situação, onde a t r a b a l h a d o r a objeto de nos
sa a n á l i s e p a r t i c u l a r sofre inúmeras injustiças decorrentes
de sua situação em razão da m a t e r n i d a d e e de suas cond_i
ções de trabalho.
A e s t a b i l i d a d e "strictõ sensu" na CLT ê p o s s í v e l
desde que trabalhe p a r a o m e s m o e m p r e g a d o r durante dez
anos. Porém, com o advento do Fundo de G a r a n t i a p o r T e m p o
de S e r v i ç o (Lei 5.107/66) esse direito d i ficilmente p o d e r á
ser obtido, pois n a a d m issão da e m p r e g a d a lhe é e x i g i d a
a c h a m a d a "opção", sem que lhe seja dado o direito de d i s
E v i d e n c i a m o s assim, como chegamos a p r i v i l e g i a r e £
ta problemática, m o s t r a n d o que p e l o menos a e s tabilidade pro
v i s ó r i a em razão da m a t e r n i d a d e é u m d i r e i t o legítimo da m u
lher empregada.
R e s s a l t e - s e que, a p a r t i r da consta t a ç ã o desse f e
nômeno, m uitas abord a g e n s p o d e r i a m ser feitas, como uma aná
lise sociológica, psicológica, filos ó f i c a ou jurídica. P e n
samos i n c u r s i o n a r n e s t a última, p o r é m sem o l v i d a r outros ass
pectos, como se verá, mas de forma i n f o r m á t i c a e não inter-
pretativa.
N o C a p í t u l o II tenta-se ab i nitio a defesa de uma
p r o t e ç ã o mais ampla, o c a s i ã o onde b r e v e m e n t e se tecem c o
m e n t á r i o s sobre a p a r t i c i p a ç ã o / i n t e g r a ç ã o da m u l h e r na s o
ciedade m o d e r n a e os avanços e p e r c a l ç o s desse "ator" s o c i
al n a sua b u s c a de i n s e r ç ã o social.
0 r e c o n h e c i m e n t o dos d i r eitos dos trabalhadores,
pr i n c i p a l m e n t e e m r e l a ç ã o a um s a l á r i o real que atenda as
suas n e c e ssidades, condições de trabalho, garan t i a de empre
go, b e m como de liberdade s i n d i c a l n ã o são alcançadas de
forma t r a n q ü i l a e pacífica, m u i t o m e n o s p o r dádiva do empre|
gador. Neste contexto, não ê demais l e mbrar a lição do clás,
sico R u d o l f V o n I h ering que "a luta pelo direito é um dev.er do
indivíduo para consigo m e s m o ” e ”a defesa do direito constitui um
de-6
ver para com a comunidade"N o Capítulo III/ preten d e m o s na área e s p e c í f i c a da
m u l h e r e m razão da m a t ernidade, i d e n t i f i c a r documentos i n
ternacionais, b e m como a i n d i c a ç ã o de convenções i n t e r n a c i o
nais, a s s i m como o q u a d r o consti t u c i o n a l brasileiro, n a CLT
e n a legislação ordinária. E x a m i n a m o s o p o s i c i o n a m e n t o de
a lguns países e m relação ã g a r a n t i a . d o e m prego da m u l h e r e m
ra z ã o da maternidade. São normas insertas e m suas r e s p e c t i
vas Constituições, e n a l egislação o r d i n á r i a que a t e s t a m a
p r e o c u p a ç ã o u n i v ersal diante da n e c e s s i d a d e de s e g u r a n ç a p a
ra tal trabalhadora, seja n a sociedade capitalista, s o c i a
l ista o u comunista.
N o C a p ítulo IV trata m o s de situar como a c o n v enção
e o a c o r d o coletivo t e m re-sit u a d o o campo p r o b l e m á t i c o e m
re l a ç ã o â legislação. São analisados e discutidos alguns p o n
tos q u e e n v o l v e m o s i n d icato como õ r g ã o e x e c u t o r dá c o n v e n
ção e do a çordo coletivo. A l g u n s exemplos dos a v a n ç o s .alcan
çados pelos o rganismos sindicais são trazidos como forma áe
d e m o n s t r a r seus limites e alcances atuais.
N o Capít u l o V tem-se o p o s i c i o n a m e n t o jurisp r u d e n -
ciai n a a t u a l i z a ç ã o da lei,! o que e x p l i c a a tradição da j u
r i s p r u d ê n c i a s o c i o l ó g i c a de d i n a m i z a r a d o g m á t i c a n o s e u
I
p e r f i l e s t r i t a m e n t e legal.
n idade n a n o v a Constituição, pois a consci ê n c i a j u r í d i c a
a c e i t a esse d i reito que precisa, sem sombra de !düvidas, ser
N O T A S
(1) POSADA, c itado p o r BOTIJA, E. Perez. D e recho dei T r a b a j o . 6a ed. Madrid, Ed. Tecnos, p. 514.
(2) Empreg a m o s o termo e s t a b i l i d a d e p r o v i s ó r i a para desiç[ n a r "a g a r a n t i a que e s t á r e l a c i o n a d a com uma causa ... e s p e c i a l e q u e . p e r d u r a e n q u a n t o a causa .existir, em
razão da qual foi instituído": NASCIMENTO, Amauri Mascaro, A P o l í t i c a T r a b a l h i s t a e a N o v a R e p ú b l i c a . SãoPaulo, LTr, 1985, p. 46.
(.3) C õ digo Civil brasileiro; o r g a n i z a ç ã o dos textos, n o tas remissivas e índices p e l o d e s e m b a r g a d o r Dr. M a nuel A u g u s t o V i e i r a Neto. 28a ed. São Paulo, S a r a i va, 1978, art. 49, p. 15.
(4) MIRANDA, P ontes de. T r a t a d o de D i reito P r i v a d o . 4a ed. Rio de Janeiro, Ed. Borsoi, 1972, Vol. 1, p. IX.
(5) MELLO, C e l s o D u v i v i e r de Albuquerque. Curso de D i r e i t o I ntern a c i o n a l P ú b l i c o . 6a ed. Rio de Janeiro, Ed. Freitas Bastos, 1979, Vol. I, p. 461
(_6) IHERING, R u d o l f von. A L u t a p e l o D i r e i t o . (Der Kampf um's Recht). T r a d u ç ã o de R i chard Paul Neto. 4a ed., Rio de Janeiro, Ed. Rio, 1983, p. 64.
C A P Í T U L O I
Este C a p í t u l o b u s c a simplesmente m o s t r a r o fenôme
no social i n i c i a l que nos d e s p e r t o u a a t enção p a r a uma anã
lise sócio-jurídica, em virtude de seu c a r á t e r singular, m o r
m ente se no p l a n o ideal o E s tado deve p e r s e g u i r a b u s c a do
b e m comum de seus cidadãos.
T r a ta-se de dois tópicos breves que e x p l i c i t a m o
fato social n u e cru no q u o t i d i a n o da imprensa, b e m como
uma p r o b l e m a t i z a ç ã o p r e l i m i n a r da lógica e m p r e s a r i a l que
de forma i m e d i a t a produz tal fenômeno.
1.1. A P o s i ç ã o da M u l h e r e m Razão da M a t e r n i d a d e
1.2. Dados do cotidiano .
A s i t u a ç ã o d r a m á t i c a que v i v e m mulhe r e s que t r a
b a l h a m sem s e g u r a n ç a no e m p r e g o p orque são casadas o u e s
tão grávidas, b e m como q u a n d o r e t o r n a m ao e m p r e g o após o
p a r t o constitui fato social grave \ Mas, ê n a s o c i o l o g i a
produziram e as efeitos sociais que elas originam ou, através dessa
ciência que considera o direito como um fato social e, como tal,
sus-2
cetível de investigação causal" , que identi f i c a r e m o s este pro
b l e m a social.
Não sendo n o s s o o b j e t i v o stricto s e n s u r e a lizar
uma s o c i o l o g i a jurídica ao r e d o r do o bjeto da dissertação,
o que p o r sua vez o r i g i n a r i a o traba l h o complexo de d e l i m i
tação de h i p ó t e s e s e variáveis que i n t e r v ê m n a p r o d u
ção de tal fenômeno, i n dicaremos t ã o-somente de forma ini
ciai alguns dados sociais da c r ô n i c a no senso c o m u m que de
m o n s t r a m a gravidade da d i s c r i m i n a ç ã o contra a m u l h e r e m
p r e g a d a e m r e lação ã maternidade.
A i n v o c a b i l i d a d e dos casos selecionados p o r si só
c o m p r o v a m a i n e f i c á c i a dos dispos i t i v o s vigen t e s que t r a
t a m da m u l h e r n essa situação e d e m o n s t r a m de forma a b s o l u
ta a i n j u s t i ç a c o m etida c ontra a m u l h e r trabalhadora.
Po r conseguinte, o J o r n a l do Brasil, de 11.10.80,
d i v u l g a uma n o t í c i a da g i n e c o l o g i s t a Dra. A l b e r t i n a D u a r
te nos seguintes termos:
t
no ABC p a u l i s t k e em üsasco, ' m u i
tas mulheres são obrigadas a mostrar seus
absorventes menstruais mensalmente, para
provar que não estão grávidas. As em p r e
sas não querem correr riscos, e a mulher
não perder o emprego e por não poder sus-3
1 tentar mais uma boca (...) .
Neste enfoque, trazemos a s ;afirma ç õ e s da p s i c ó l o
ga C a r m e n Barroso, que m o s t r a m a gravidade do p r o b l e m a no
c o n t e x t o das relações capital-trabalho:
” (...) Em reportagem do jornal o Estado de São Paulo, dirigentes sidicais da r e gião do ABC paulista afirmam que 90% das mulheres que dão ã luz são dispensadas do emprego, logo após o retorno do p e d i
do de licença. Este ano, a própria P r e
feitura de São Paulo recusou-se a r e n o
var contratos de professoras gestantes. A situação das varredoras de rua de S a l vador é dramática: em busca de emprego
para garantir seu próprio sustento e o
de sua família, elas são proibidas pelo
Departamento de Limpeza Pública e Sanitjá ria, da Prefeitura, de ter filhos. Seguji do o Jornal de Brasília de 4.1.1975, men_
salmente as mulheres são examinadas e
qualquer sinal de gravidez significa a
demissão automática do emprego. Não c o n tente com a demissão, o Departamento exe_ cuta um rigoroso controle d e (n a t a l i d a d e , chegando a distribuir anticoncepcionais entre as garis. Essa discriminação a t i n ge igualmente as mulheres de alto nível educacional. Em pesquisa que estamos r e alizando atualmente, junto a estudantes de pós-graduação, registram-se casos cho^
cantes, como o de uma moça a quem foi d i to, na entrevista de admissão ao emprego, que só seria admitida se tirasse o útero. Essa tentativa d e :humor negro assume uma dimensão trágica quando lemos nos jornais que, de fato, há mulheres que estão se mu_
tilando, a fim de garantir o emprego que
lhes assegura a 'sobrevivência. Num d e p o i
mento feito no Congresso, durante a d i s
cussão de um projeto que visava oferecer maior proteção ã trabalhadora gestante, o
2
Sen. Jarbas Passarinho afirmou: 'Quando
eu era Ministro da Educação, descia do
elevador do Ministério e dirigia-me para
o meu carro, quando fui abordado por uma
mulher que gritava: "Mas eu liguei as tronn pas, eu liguei as tro m p a s ” . Pois bem: e s sa m u lher deveria trabalhar no Ministério da Educação, por intermédio de uma e m p r e
sa privada que alugava funcionários ao
serviço público, mas fora recusada não
porque estivesse grávida, mas apenas por
ser casada'. Este fato teve ampla reper
cussão na época e não atingiu apenas uma mulher, mas dezenas de empregadas da em
presa Audiplan, todas elas afastadas ou
não admitidas (embora aprovadas em concur 4
j
so], por serem casadas ou noivas".Estes' dados p r e s e n t e s no c o t i d i a n o da i m p rensa n a
c i o n a l e x p l i c i t a m o nível do a b s urdo e m termos de direitos
fa-tos sociais, t o d a v i a exige-se uma i n d i c a ç ã o mais e x p l i c a t i
va que, e m b o r a sem fundamentos c i e n t í f i c o s de uma s o c i o l o
gia a p l i c a d a (os estudos são raros nesse domínio) f o r n e ç a m
e l e m entos críticos iniciais p o s s i b i l i t a d o r e s de j u s t i f i c a
ção p a r a a n álise jurídica do fenômeno, v i s a n d o como p r o p o s
ta a m o d i f i c a ç ã o legal de tal questão, o que p o r sua vez
a b r i r i a e s p a ç o s para que o plano'do d i r e i t o t r a b a l h i s t a tenha
r e s s o n â n c i a n a legalidade estatal.
A a r b i t r a r i e d a d e de e m p r e g a d o r e s de d e s p e d i r m u
lheres t r a b a l h a d o r a s p o r e s t a r e m grávi d a s o u que r e t o r n a m
ao e m p r e g o após o p a r t o são atos v e r d a d e i r a m e n t e contrários
ao d i r e i t o e m e r e c e d o r e s de n o s s a repulsa. Os fatos a p o n t a
dos d e m o n s t r a m claramente a n e c e s s i d a d e de se m o d i f i c a r os
d i s p o s i t i v o s vigentes, de forma mais abrangente.
1.3. Uma Q u estão S o c i o l õ g i c a
S e m termos como p r e o c u p a ç ã o e o b j e t i v o e x p l i c a r
s o c i o l o g i c a m e n t e os fatos sociais descritos, temos p o r cer
to que ao j u rista cabe a i n d a g a ç ã o p r e l i m i n a r n a quele p l a
no de análise.
A i n s t a b i l i d a d e da t r a b a l h a d o r a d e c orre da l ógica
e m p r e s a r i a l c a p i t a l i s t a que, v i a de regra, não atende ao
e q u i l í b r i o n a r e l a ç ã o entre t r a b a l h o e capital, p r e v a l e c e n
c apita l i s m o a t e n d ê n c i a é desumana, se c o m p a r a d a aos avan
ços nessa área t r a b a l h i s t a dos países de centro, altamente
i n d u s t r i a l i z a d o s e onde as lutas sociais f i z e r a m florescer
certas conquistas n a área do d i reito dos trabalhadores.
Não se pode g e n e r a l i z a r essa atitude com relação
a todo grupo empresarial. Parece atê curioso o fato de s e
r e m as e m p resas m u l t i n a c i o n a i s que mais a t e n d e m às m e l h o
res condições de t r a balho e dè direitos delas decorrentes.-:
N a falta de e l e m e n t o s e m p í r i c o s aprofundados e r e p r e s e n t a
tivos sobre a m u l h e r t r a b a l h a d o r a e m geral temos como d a
dos c o n c retos já incorporados ao senso c o m u m que as discri_
m i n a ç õ e s contra elas são várias, entre elas as seguintes:
19 - T r a b a l h o d o m é s t i c o e trabalho assalariado;
29 - M e n o r e s chances de concor r ê n c i a com os traba
lhadores homens;
3) - M e n o r e s chances quantitativas e m termos de
força de trabalho.
N e s s e sentido a d i s c r i m i n a ç ã o contra a m u l h e r que p r e tende
a d e n t r a r ao m u n d o do trabalho começa desde a b u s c a de
em-I
prego, já e m condições a q u é m das exigidás e m função dos
itens apontados supra. 1
As e m p r e s a s v i s a m o lucro e o p r e t e n s o h u m a n i s m o
compro-m i s s o t r a b a l h o / c a p i t a l p e r de-se ecompro-m contextos de recessão e
conômica, a r r e b e n t a n d o a corda p a r a o lado dos a s salariados
e m geral, i n c l u í d a a classe média. Os trabalhadores e m g e
ral s o f r e m esses revezes nas crises dos ciclos produtivos,
q u a n d o os setores empres a r i a i s n ã o c o n s e g u e m a reprodução
do c a pital almejado.
O caso da m u l h e r t r a b a l h a d o r a ê mais grave p o r q u e
v e r i f i c a n d o - s e a gravidez é alvo de d e s p edida do e m p r e g o e
a p r o t e ç ã o legal compreende apenas q u a t r o semanas antes e
oito s e m a n a s apõs o parto, salvo se e s t i v e r g a r a n t i d a p o r
c o n v e n ç ã o c o l etiva o u acordo colet i v o de t r a b a l h o , a s sunto
que e x a m i n a r e m o s mais p r o f u n d a m e n t e no C a p í t u l o V.
Somente a e x p l i c i t a ç ã o da lei como ela ê, e n r ique
cida c o m u m e s t u d o comparado, p o d e r á q u i ç á fornecer os sub
sídios p a r a a a l t e ração de tão p e n o s a situação social, a
n o s s o v e r carente de r e g u lação jurídica.
No C a p ítulo VI trataremos de a l inhar algumas c o n
s i d e r a ç õ e s de o r d e m p o l í t i c o - f i l o s õ f i c a que j u s t i f i q u e m
u-m a p o s i t i v a ç ã o da e s t a b i l i d a d e p r o v i s ó r i a da u-m u l h e r e u-m
ra-^ i
zào da maternidade.
-N O T A S
(1) DURKEIM, Emile. As Regras do M é t o d o Sociol ó g i c o (Les Règles de la m é t h o d e sociologique). T r a d u ç ã o de M a ria Isaura P e r e i r a de Queiroz, 9a éd., São Paulo, Ed. Nacional, 1978, p. 1.
(2) CARBONNIER, Jean. S o c i o l o g i a J u r ídica (Sociologie J u ridique) . T r a d u ç ã o de Diogo Leite de Campos, C o i m bra, L i v r a r i a Almedina, 1979, p. 25.
(.3) J o r n a l do Brasil, Rio de Janeiro, 19 Caderno, 11.10. 1980, p. 8.
(.4) BARROSO, Carmen. A Situa ç ã o da M ulher T r a b a l h a d o r a no.; Brasil, R e v i s t a de D i reito do T r a b a l h o . n9 14, Ju- lho-Agosto, A n o III, São Paulo, E d i t o r a Revista dos T ribunais, 1978, p. 73, 74.
C A P l T U L O II
N E C E S S I D A D E DE P O S I T I V A Ç Ã O D A E S T A B I L I D A D E
P R O V I S Õ R I A DA M U L H E R E M R AZÃO D A M A T E R N I D A D E
A p a r t i c i p a ç ã o e i n t e g r a ç ã o da m u l h e r no p r o c e s s o
de d e s e n v o l v i m e n t o n a c i o n a l importa numa ampla v a l o r i z a ç ã o
de seu t r a b a l h o humano. A m a n u t e n ç ã o do v í n c u l o e m p r e g a t í
cio no d e c o r r e r da gravi d e z e após ela ê apenas u m fator
de s e g u r a n ç a no c o n t e x t o dos direitos humanos.
A empregada, s a b edora de sua segurança, se a j u s t a
rã m e l h o r aos o b j e t i v o s da e m p r e s a e à sociedade como um
todo. O p e r í o d o e s p e c í f i c o a s s e g u r a d o à m u l h e r no d i r e i t o
brasi l e i r o , de q u a t r o semanas antes e o i t o semanas após o
parto, é insuficiente. Normalmente, a m u l h e r tem seu e m p r e
go ameaç a d o q u a n d o a e m p r e s a p s a b e d o r a de seu e s t a d o graví
dico ou q u a n d o r e t o r n a após o parto. O P a p a P a u l o VI e x o r
tou que a t r a b a l h a d o r a não deve ficar s u b o r d i n a d a ao traba
lho, mas que o t r a b a l h o é que deve ficar a serviço da t r a
balhadora.^"
A mulher, como f orça de trabalho, v e m sendo r e c o
n h e c i d a como valor, m e i o e centro das e s t r a t é g i a s funda^
criativas, d i vulgações culturais, assimilações científicas,
e c o n ô m i c a s e tecnol ó g i c a s tornando-se ao m e s m o tempo suje_i
to e o b j e t o do desenvolvimento. Como meio, o respaldo ê
e n t e n d i d o em uma simbiose de mecani s m o s concretos, a s s e g u
ra n d o a m o b i l i z a ç ã o o r g a n i z a d a e ação nos níveis d e c i s ó
rios, com p l a t a f o r m a s que o b j e t i v a m fins individuais e s o
ciais. Como centro das p l a t a f o r m a s estrat é g i c a s de m u d a n
ças e s t r u t u r a i s legais e, p o r conseqüência, institucionais,
e m uma s u p e r a ç ã o de b l o q u e i o s q u e i m p e d e m o u d i f i c u l t a m sua
consecução. S u g e r i m o s um p l a n e j a m e n t o de d i reito adequado
ãs n e c e s s i d a d e s p r i o r í s t i c a s da m u l h e r que trabalha. U m
p l a n e j a m e n t o condizente c o m a realidade e c o n ô m i c a brasilei
ra l i b e r t a n d o - a de d i s c r i m i n a ç õ e s que limitam a m u l h e r ao
s u b j u g o instá v e l das forças s õ c i o - e c o n ô m i c a s .
Neste quadro, t o r na-se explic á v e l a série de i n i
c i a t i v a s assis t e n c i a i s p ú b l i c a s e privadas realizadas e m
geral de forma p a t e r n a l i s t a paliativa, u sando a m u l h e r c o
m o fonte i n d i r e t a de c a p t a ç ã o de renda, q u a n d o p o d e r i a o
país ser e n g r a n d e c i d o com sua p r o d u ç ã o concomitante. Ê s a
bido, no entanto, que a o c o r r ê n c i a e a intensidade da p a r
t i c i p a ç ã o da m u l h e r e n c o n t r a m - s e intimamente conjijgados aos
c o n d i c i o n a m e n t o s h i s t ó r i c o s da sociedade. Daí porque, a p e
sar dos m o v i m e n t o s feministas, a p a r t i c i p a ç ã o incontinenti
m o v i m e n t o e de m u t a ç ã o constantes que não possui uma situa
ção final c o m p l e t a e acabada.
No que tange ao trabalho e s p e c í f i c o da m u l h e r e m
p e r í o d o g r a v í d i c o e após este, atestam-se níveis e condi
ções sociais que e x e r c e m um papel i m p o r t a n t e p a r a a p r o p o £
ta que a p resentamos n e s t e trabalho.
A p r e s e r v a ç ã o do emprego da m u l h e r grávida, b e m
como da q u e r e t o r n a após o parto, e s t á d i r e t a m e n t e ligado
ao direito ao sustento. O direito ao e m p r e g o é tão b á s i c o
q u a n t o o acesso ã saúde, ã m o r a d i a e à educação, dirèitos
humanos f u n damentais p o r e x c e l ê n c i a da n o s s a espécie. O Pa
pa Leão XIII e n f a t i z a v a que "a conservação da vida é dever sagra_
do de cada um. ConseqUentemente cada um tem direito natural de prover o sustento de sua vida e, para tanto, o pobre só conta com o trabalho
2
de suas m ã o s ” . A d a m Smith, e m sua o b r a "A R i queza das N a
ções", a f i r m o u que "nenhuma sociedade pode florescer e ser feliz
3
se a maior parte dos seus elementos for pobre e. miserável"-. P o r t a n
to, o d i reito de m a n t e n ç a do e m p r e g o e m tais condições d e
ve ser p r e o c u p a ç ã o de todos e de cada um, administradores,
políticos, sindicalistas, e m p r e s á r i o s e empregados. Ê p r e -I
ciso que a m u l h e r n ã o seja p r i v a d a de seu emprego, p o i s ê
1
este e m m u i t o s casos que provê o seu sustento. Dentro d e s
te contexto, ”o Estado contemporâneo deve comportar-se sob a égide
- - 4
A lguns empreg a d o r e s têm diante de u m a g r adual d i
m i n u i ç ã o da força de traba l h o da e m p r e g a d a g e s t a n t e relat_i
va compreensão, assim como d i s c e r n i m e n t o da capaci d a d e pro
fissional limitada o c a s i o n a d a p e l o estado gravídico. E a
e m p r e g a d a grávida, v i s u a l i z a n d o tal p o s t u r a da empresa, o-
ferece, em contrapartida, seu m á x i m o .r e n d i m e n t o p r o f i s s i o
nal. A e s t a b i l i d a d e p r o v i s ó r i a p a r a a g e s t a n t e durante a
gravi d e z e após o p a r t o a f a s t a r á o conce i t o da impotê n c i a
i m p o s t a p s i c o - s o c i a l m e n t e p o r seu e s t a d o biológico, que po
de l e vá-la ao i mobilismo o u a situações constrangedoras. A
g e s t a n t e e s t a r i a legalmente a s s e g u r a d a e t e r i a seu trabalho
reconhecido. Ambos, e m p r e g a d o r e e m p r e g a d a g e s tante o u a-
q u e l a que retorna do parto, r e p r e s e n t a m correntes diversas
de p e nsamento. De vim lado, a n e c e s s i d a d e incont i n e n t i de
p r o d u ç ã o no interesse capitalista, e v i t a n d o e m p r e g a r mulhe
res (não temos conhe c i m e n t o de a d m issão ao e m p r e g o de mu-,
lheres já grávidas) óu d i s c r i m i n á - l a s p o r m o t i v o de g r a v i
dez. De outro lado, atitude de auto-defesa, o aliena r - s e e
a c o m o d a r - s e diminuindo a c apacidade de produção.
Cabe consid e r a r que a lei i m posta u n i l a t e r a l m e n t e
te r á sua v i g ê n c i a c o m p r o m e t i d a com os p o s t u l a d o s da j u s t i
ç a social. Neste sentido, o d i r e i t o p o s i t i v o i t a liano e
- francês e m m u i t o nos superam, h a j a v i s t a as n o r m a s e x i s t e n
tes de p r o t e ç ã o durante todo o p e r í o d o da g r a videz e atê
N o Brasil, os sindicatos e s t ã o superando a d o g m á
tica, e s t a b e l e c e n d o e m convenções coletivas (forma de auto
legislação) normas a s s e g u r a n d o a estabi l i d a d e provisória du
rante todo o p e r í o d o da gravidez e d e t e r m i n a d o p e r í o d o a-
p õ s as oito semanas d epois do parto.
Como p o demos observar, ê ó b v i a a n e c e s s i d a d e de
p o s i t i v a ç ã o mais abrangente dos direitos da m u l h e r e m e s t a
do. puerperal. O s - f u n a m e n t o s são de diversas _ordens. F i l o s o
ficamente, deve-se a r g ü i r q u a n t o á justiça das leis que
c o n s t i t u e m a d o g m á t i c a jurídica, pois e s t a p e r d e r i a a -sua
função social se d i s s o c i a d a daqueles fins proclamados, d e n
tro dos p r ó prios p r i n c í p i o s do Estado. Sociologicamente, e
xige-se uma p o s t u r a c r í t i c a que q u e s tione a relação d i r e i
to versus fato social que p o s s i b i l i t e superar os l i miten
da d o g m á t i c a e m si mesma.
0 t r a b a l h o p o r nós d e s e n v o l v i d o levanta de forma
d e s c r i t i v a os aspectos d a d o g m á t i c a que demons t r a m os seus
ângulos e s p e c í f i c o s (CLT, jurisprudência, convenção coleti
N O T: A S
(1) P A U L O VI, Papa, citado p o r FERNANDES, W a l t e r et alii. Tr a b a l h o e Subemprego. D e s e m p r e g o e D i r e i t o ao T r a b a l h o . Rio de Janeiro, E d i t o r a V o z e s Limitada, 1982, p. 107.
(.2) LEÃO XIII, Papa. citado p o r HENGSBACH, Friedhelm. O di reito ao t r a balho n a concepção da Igreja. D e s e m p r e g o é D i r eito ao T r a b a l h o . Rio de Janeiro, E d i t o r a V o z e s Limitada, 1982, p. 58.
(3)_ SMITH, Adam. I v e s t i g a ç ã o sobre a N a t u r e z a e as Causas da R i queza das Nações. Os P e n s a d o r e s , la ed., São Paulo, Ed. A b r i l Cultural, 1974. p. 72.
C4I 'PÄSÖLD, César Luiz. F u n ç ã o Social do E s t a d o C o n t e m p o r â n e o . .Florianópolis, IOESC, 1984, p. 29.
C A P Í T U L O III
A P O S I Ç Ã O DA T R A B A L H A D O R A
N e s t e C a p í t u l o e v i d e n c i a m o s de forma breve e d e s
c r i t i v a os p r i n c i p a i s documentos, a nível i n t e r n a c i o n a l e
nacional, refere n t e s à p r o b l e m á t i c a e m estudo. São obras Li
gadas* ao' c o n t e x t o da p r o t e ç ã o ^aos direitos humanos, â posi
ção de a l gumas C o n s t i t u i ç õ e s estrangeiras, a s s i m como d e s
de a p r i m e i r a C a r t a C o n s t i t u c i o n a l B r a s i l e i r a e às leislor
d i n á r i a s que c e r c a m a c h amada estabi l i d a d e p r o v i s ó r i a de
fo r m a d i s c r i m i n a t ó r i a (caso dos cipeiros, dirigentes sindi
cais e d i r e tores de cooperativas)..
3.1, D o c u m e n t o s Internacionais
N a A n t i g ü i d a d e C l á s s i c a não foi t r a t a d o da s e g u
r a n ç a d a m u l h e r - m ã e t r a b a l h a d o r a porque n a quele p e r í o d o e-
r a c o n s i d e r a d a como escrava. Não e r a s u j eito de direito,
m a s res, coisa,. 0 t r a b a l h o e s c r a v o e r a p o r conta alheia,
se n d o que a t i t u l a r i d a d e dos resultados do trabalhd p e r t e n
c i a ao dono. E m A r i s t ó t e l e s e Platão, a e s c r a v i d ã o é a p r e
A p a r t i r da Revolução Industrial"*" e n g e n d r a d a com 2
a m a q u i n a a v a p o r e m 1712 e e m p r e g a d a p a r a fins industri^
- ~ 3
ais p a r a b o m b e a r agua das minas de carvao inglesas tem-se
o i n ício das lutas t r abalhistas n o p l a n o legal.
Assim, com a p r e o c u p a ç ã o de que ”a ida ãs fontes é um 4
dos princípios elementares da verdadeira crítica" , p r o c u r a m o s ali
n h a r n u m a o r d e m s i s t e m á t i c a alguns documentos i n t e r n a c i o -
nais que t r a t a m de r e s g u a r d a r os interesses da mulher, p o i s
é d e n t r o desse contexto que a q u e s t ã o o bjeto da d i s s e r t a -
ção p a r e c e ter seu fundamento não sô filos ó f i c o como p o l í
tico válido, decorr e n t e da sua legitimidade e unanimidade.
Destarte, ê i mportante r e s s a l t a r que "(...) o valor:
dos estudos: histéricos. para o conhecimento do direito vigente assenta
5
em que nao se pode conhecer o que ê, sem se conhecer o que f o i ( . . . ) ” .
p o r t a n t o , iniciaremos m e n c i o n a n d o a Declaração Fran
cesa dos D i r e i t o s do H o m e m e do Cidadão, de 26 de a g osto de
1789, que d ispõe no art. 29:
"0 fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais
j e imprescritíveis do homem. Esses
direitos são a liberdade, a proprie-
1 — ' -
dade, a segurança e a resistência ã
P o s t e r i o r m e n t e Karl M a r x e F. Engels, e m 184 8, lan
ç a m o M a n i f e s t o do P a r t i d o Comunista, d e n u n c i a n d o a e x p l o r a
ção a que e r a m submetidos os t r a b a l h a d o r e s n a i n d ú s t r i a c a
p i t a l i s t a (documento que, p e l o seu conteúdo, m o b i l i z o u os
trabalhadores),.
A seguir e n c o n t r a m o s a R e r u m Novarum, c o n s t i t u i n
d o - s e a p r i m e i r a das E n c í c l i c a s papais, de L e ã o XIII, e m
189Q, que repres e n t a um m a r c o h i s t ó r i c o n a d o u t r i n a s ocial
da Igreja e do p r ó p r i o d i reito do trabalho, p o i s t a m b é m exa
m i n a a s i t uação dos. t r a balhadores e os d i r e i t o s que lhes de
v e m ser a l c a n ç a d o s , dentre e l e s a p r o t e ç ã o âs m u l h e r e s e âs
crianças,
Indicainos a D e c l a r a ç ã o dos. D i r e i t o s do Povo T r a b a
l h a d o r e e x p l o r a d o da R e p ú b l i c a S o v i é t i c a R u s s a , de 4 de ja
n e i r o de 1918, no C a p í t u l o II, 29, que p rescrevia:
"Como primeiro passo para a t r a n s f e
r e ncia completa das fábricas, das
u s r n a s , dos caminhos de ferro e de
outros.- meios de produção e de tranjj_ porte para a propriedade da R e p ú b l i ca Operária e Camponesa dos Sovietes, o Congresso ratifica a lei soviética sobre a administração operária e so-'- bre o Conselho S u p erior da Economia Nacional, com a finalidade de assegjj
rar o poder dos tra&alhadores sobre
A l i n h a m o s n e s s a a preciação a C o n s t i t u i ç ã o A l e m ã de
Weimar, de 1919, que dispunha no art. 161 que o Estado o r g a
n i z a r i a a p r o t e ç ã o ã matern i d a d e e m forma de seguros.
jã a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a Italiana, de 21- de
de z embro de 1947, d i s p u n h a no’* artigo 35 q u e 1: • ^
-”A República protege o trabalho em
todas ás suas formas e a p l i cações” .
■•A-.
E o artigo 37 indica que:
"A mulher tem os mesmos direitos e, em igualdade de trabalho, as mesmas retribuições do trabalhador do sexo masculino. As condiçõesrde trabalho
devem permitir-lhe a realização de
■ sua função familiar e assegurar à
mãe e ã criança uma proteção adequa da".
N ã o p o demos o l v i d a r a D e c l a r a ç ã o Universal dos D i
reitos do Homem, de 1948, que diz no a rtigo 25, 19:
"Toda pessoa tem direito a um nível
de vida suficiente papa assegurar
sua saúde, seu bem-estkr e os de
sua família, especialmente para a
alimentação, o vestuário, os cu i d a dos médicos assim como para os s e r
viços sociais necessários; tem d i
reito ao segura em caso de desempre_
viuvez, de velhice ou nos outros c a sos de perda de seus meios de subsis_
tincia, am conseqüência de cir c u n s
tâncias independentes de sua v o n t a
d e ” .
E , no m e s m o artigo, i t e m 2 9 : ... . ___ ________
"A maternidade e infância têm d i r e i
to a uma ajuda e a uma assistência
especiais. Todas as crianças, que
sejam nascidas no casamento ou fora
do casamento, desfrutam da . m e s m a
proteção s o c i a l ” .
T a m b é m a C o n s t i t u i ç ã o Francesa, de 4 de n o v e m b r o
de 19 48, se coloca e m p r o l desses direitos, g a r a n t i n d o - o s
no a r t i g o 13:
”A Constituição garante aos cidadãos
a liberdade do trabalho e da i n d ú s
tria. A sociedade favorece e e n c o r a ja o desenvolvimento do trabalho pe lo ensino primário gratuito, pela e- ducação profissional, pela legalida
de de relações entre o patrão e o
j operário, pelas instituições de
pre-I '
vidência e de credito, pelas
insti-i tuições agrícolas, pelas associações
voluntárias e pelo estabelecimento,
por parte do Estado, dos d e p a rtamen
I
blicos apropriados a empregar os bra^ ços desocupados; ela fornece a assis_ • tincia ãs crianças abandonadas, aos enfermos e aos anciãos sem recurso e
que suas famílias não podem s o c o r
rer" .
A O r g a n i z a ç ã o I n t e r n a c i o n a l do T r a b a l h o - OIT, da
q u a l o B r a s i l ê membro, p o s s u i a C o n v e n ç ã o n9 3 que trata
do t r a b a l h o feminino antes e depois do parto. O n o s s o País
r a t i f i c o u tal convenção através do D e creto n? 423, de 12 de
n o v e m b r o de 1953. T a m b é m a C o n v e n ç ã o n9 103, que dispõe s o
b r e a p r o t e ç ã o à m a t ernidade, ê u m a r e visão da C o n v e n ç ã o n9
3 e foi a p r o v a d a pelo D e c r e t o L e g i s l a t i v o n9 20, de 30 de
a bril de 1965, sendo r a t i f i c a d a e m 18 de junho de 1965 eapro
m u l g a d a p e l o Decreto n9 58.820, de 14 de julho de 1966. E n
c o n t r a m o s a i n d a a R e c o m e n d a ç ã o n 9 2, que dispõe sobre a pro
t e ç ã o da m a t e r n i d a d e na a g r i c u l t u r a e a R e c o m e n d a ç ã o n9 6 7,
de 1944, sobre o a u x í l i o - m a t e r n i d a d e ^ .
3.2. D i reito C o m p a r a d o
Este item tem como o b j e t i v o t raçar um p a i n e l p a n o
r â m i c o dos dados (normas,doutrina) i n t e r n a c i o n a i s de forma
g e r a l e q u e t r a t a m dos d i r e i t o s d a m u l h e r e m razão da m a t e r
nidade.
l i e n t a r a lei de 12 de julho de 19 77, que e s t a b e l e c e a li
c e n ç a parental, a s s i m c o m p r e e n d i d a a licença ã mãe o u ao
pai p a r a cuidar do filho até a idade de dois anos. T a m b é m
a lei de 17 de julho de 1980, que v i s a m e l h o r a r a s i t u a ç ã o
das famílias numerosas, com d i s p o s i ç ã o p r o t e g e n d o de forma 7 ma i s abrangente a m a t e r n i d a d e a p a r t i r do t e r ceiro filho .
O l e g i s l a d o r francês p e r m i t i u à m u l h e r s u s p e n d e r
seu t r a b a l h o p o r u m p e r í o d o de seis semanas antes e o i t o
*. 8
semanas apos o p a r t o .
No d i reito italiano, a f i r m a L u i s a R i v a S a n s e v e r i n o
que
para determinado período as
mulheres não podem ser destinadas a
trabalhos pesados, insalubres e fati gosos, bem como não podem ser d e s p e didas durante todo o curso da g r a v i dez e ati quando a criança haja c o m pletado um ano de idade e além disso previsto um período de interrupção
obrigatória da prestação de t r a b a
lho
Tal d i s p o s i ç ã o e s t á c o n t i d a no art„ 2.210 do Cõdi-
go da Itália.
m a n e i r a real e efetiva, p orque é a ssegurada a g a r a n t i a do
e m p r e g o durante toda a g r a videz e até que a c r iança alcance
u m ano de vida. A p r e o c u p a ç ã o do legislador italiano não de
ve c riar discri m i n a ç ã o c ontra a mulher, pois o o b j e t i v o é
p r o p o r c i o n a r s e g u rança do e m p r e g o da m u l h e r t r a b a l h a d o r a e m
e s t a d o de g e s tação o u a que retorna .após o parto, lugar o n
de o b t é m o seu s u s t e n t o e do filho.
N a Itália, o l e g i s l a d o r p r e v i u a s i t u a ç ã o do pài
n a t u r a l o u adotivo que r e s ponde p e l a mãe. Neste caso, ê p a
g a a licença p e l o p r a z o de 3 (três) meses após o n a s c i m e n t o
ou adoção, p o d e n d o ser e s t e n d i d a até 6 (seis) meses dentro
do ano seguinte. É a c h a m a d a licença maternidade.
No d i reito p o s i t i v o e s p a n h o l e n c o n t r a m o s o c o m e n t a
rio de G. Báyon C h a c o n e E. Perez Botija, n e stes termos:
descanso absoluto por razón
de embarazo y puerperio, que la mu-
jer puede utilizar durante un perio- do que se calcula de seis semanas aji teriores al parto y que ha de utili- , zar durante las seis p o s t e r i o r e s ,con ;
abandono dei trabajo y reserva dei i
puesto hasta un periodo maximo de ^
veinte semanas, síl. fuera por enferme- >
dad derivada dei parto ( , . . ) " ^
seguir m e n c i o n a m o s f azem p a r t e da o b r a de M a r i a n o Daranas-'--'-.
Sa l ienta o autor que na A l e m a n h a Ocidental, a Cons
t i t u i ç ã o da R e p u blica Federal, p r o m u l g a d a e m 2 3 de m a i o de
1949, art. 69, item 4, dispõe que toda mãe tem o d i r e i t o à
p r o t e ç ã o e â assis t ê n c i a da comunidade. A i n d a no d i r e i t o p o
s itivo alemão, m erece igual d e s taque a lei de 24 de j a n e i r o
de 1952, que trata da p r o t e ç ã o da mãe:
"C...) prohibe, en principio, los
despidos durante el embarazo y hasta
pasados cuatro meses despuis dei
a l u m b r i a m e n t o . Es para ello r e q u i s i to que el empleador conozca el e m b a razo o el alumbriamento, o que se le
participe de una semana después de
la prática dei despido. La prohibi-
ciõn alcanza a todo despido, incluso al despido sin glazo por causa impo^r t a n t e ” .
Na A l e m a n h a O r i e n t a l , a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a
Dejrçocrâtica Alemã, d atada de 6 de abril de 196 8, t e n d o s i
do o texto o f i c i a l m e n t e r e v isado e m 7 de o u t u b r o de 1974,
d ispõe no art. 38 que:
La madre y su nino gozaran de la proteccián especial dei' £stado. So_ cialista. Quedan garantizados el p e £ mizo por razón de embarazo, los
cui-dados médicos especiales y la ayüda
material financera con motivo dei
parto así como la asignación por hi- jos
Não foi t r atado de forma e s p e c í f i c a a s e g u r a n ç a da
mulher, p orque mãe t r a b a l h a d o r a ganha p r o t e ç ã o do E s t a d o So
cialista.
Na Albânia, a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a S o c i a l i s
ta, de 29 de d e z embro de 1976, no art. 47, t r a t a da p r o t e
ção â maternidade, d i zendo que:
” (....) La madre y el nino gozarán de
especial solicitud y protección. La
madre tendrá derecho a un permisso
antes y despuls dei parto. El Estado
abrirá casas de maternidad, guarde-
rfas y jardines de infancia
N ão foi p r e v i s t o n e s t a C o n s t i t u i ç ã o o m o m e n t o que c o m e ç a e
q u a n d o t e rmina a g a r a n t i a do e m p r e g o e m função da m a t e r n i d a
de.
Na Bulgária, a Constituição, p r o m u l g a d a em 18 de
m a i o de 1971, art. 37, diz:
” La madre gozará de protección
y atenciún especiales dei Estado y
de las organizaciones econômicas y
dei parto, sin perjuicio de la retri_ bucion dei trabajo, de assistência
gratuita en obstetrícia y medicina,
de creación de casas de maternidad y aligeramiento dei regimen de trabajo, así como mediante la extensiôn de la
red de guarderias infantiles, de
talleres’ de servicios corrientes y
de empresas de alimentaciõn p u b l i
ca (...) ”
Na Hungria, a C o n s t i t u i ç ã o da R e p u blica Popular,
que o f i c i a l m e n t e se i n t itula "Lei X X de 1949", no art. 62
"2" dispõe que:
” l. ..1 Se garantiza la igualdad de
derechos de la mujer assegurãndole u_ nas conciciones de trabajo adequadas y posibilidades suficientes de colo- caciòn, unas vacaciones retribuidas
durante el embarazo y el parto, una
proteccidn juridica eficaz a la m a
dre y al nino, así como mediantexuna red de estabelecimientos de assiste_n cia a la madre y al hijo C...)”
Na, Polônia, a C o n s t i t u i ç ã o da Republica Popular,
que foi a p r o v a d a p e l a D i e t a Constituinte, de 22 de julho
de 1932, no art. 78, i t e m 2, prevê;
” (...) La protección de la madre y
cinta, la vacaciones remuneradas d u rante el embarazo y el puerperio, el desarrollo de una red de casas de ma
ternidad, guarderías y jardines de
infancia y el desarrollo de una red
de servicios sociales y comedores co_ lectivos C. . .) ”
E m Portugal, a C o n s t i t u i ç ã o de 2 de abril de 1976
art. 68, dispõe o seguinte:
"C...) Las mujeres trabajadoras ten- drán derecho a un periodo de disp e n
sa dei trabajo, antes y después dei
parto, sin perdida de la retribución ni de otras vantajes C...]"
N a Romênia, a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a S o c i a l i s
ta de 27 de d e z e m b r o de 1974, art. 23, estabelece:
En la Republica Socialista de
Rumanfa la mujer gozará de iguales
derechos que el hombre. El Estado
protegerá el matrimonio y la familia
y defenderá los intereses de la m a
dre y dei nino
lia T checoslovãquia, a C o n s t i t u i ç ã o da R e p ú b l i c a So
cialista, d e s i g n a d a p e l a Lei n9 100, de 11 de julho de 1960 ,
t a m b é m trata do a s s u n t o no art. 27:
igualdad juridica de la mujer en suas
actividades familiares, professiona-
les de trabajo y mediante unos cuida
dos sanitarios particulares durante
el embarazo y la maternidad, así como
por el desarrollo de las instalacio-
nes y servicios que permitan a las mu jeres invertir toda sua capacidad p a ra participar en la vida de la socie- dad (...) ”
Na U n i ã o Soviética, a C o n s t i t u i ç ã o da União das
R e p ú b l i c a s S ocialistas Soviéticas Í U R S S ) , p r o m u l g a d a e m 7
de o u t u b r o de 197 7, trata no art 35 e art. 40:
” C. . .) por la creacion de condiciones
que permitan a la mujer conjugar el
trabajo con la maternidade, por la
asistencia juridica y el apoyo m a t e
rial y moral de la maternidad y la
infancia, incluyendo el disfrute de
vacaciones pagadas y otras vantajes
para las mujeres en los periodos pre_ natal y posnatal, así como por la re_
dución paulatina de la jornada de
trabajo para las mujeres que te.ngam
hijos de corta edad (...)"
Na Iugosl á v i a a sua Constituição, p r o m u l g a d a e m
21 de f e v e r e i r o de 1974, dispõe no art. 188:
t e c c i ó n so c i a l e s p e c i a l C . . . ) ”
N e s s a C o n s t i t u i ç ã o e xiste uma norma d i s pondo do
di r e i t o da m u l h e r ter ou n ã o ter filhos, l i m i t a d a tal p r e r 1-
r o g a t i v a p a r a a p r o t e ç ã o da saüde. A n o r m a j u r ídica c o n s t i
t u c i o n a l do art. 191 indica que:
” 1...) Es derecho de la persona resol ver libremente sobre tener o no.tener
hijos. Este derecho unicamente podrã
limitar-se para proteger la salüdL..)"
A C o n s t i t u i ç ã o mexicana, de 1917, foi a p r i m e i r a a 12 i n s e r i r no t exto as garantias mínimas dos t r a balhadores
A g a r a n t i a do e m prego da m u l h e r t r a b a l h a d o r a m e x i
cana e m razão da m a t e r n i d a d e estâ a s s e g u r a d a e m seis s e m a
nas antes e seis semanas p o s t e r i o r e s ao parto.
0 c o n t e ú d o estã inserto na regra j u r í d i c a c o n s t i t u
c ional do art. 123, V, da "Constitucion P o l i t i c a De Los Es
tados Unidos M exicanos", de 5 de fever e i r o de 1917, que d i £
poe:
j
”Las. mujeres durante el enribarazor .
norealizarán trabajos que exijan un es-I
fuerzo considerable y signifiquen un
peligro para su salud en relación con la gestación; gozaran forzosamente de un descanso de seis semanas anteriores
a la fecha fijada aproximadamente- pa ra el parto y seis semanas p o s t e r i o
res al mismo, debiendo percibir su
salario íntegro y conservar su em-
pleo y los derechos que hubieren ad quirido por la relación de trabajo. En el periodo de lactancia, tendrán
dos descansos extraordinarios ' por
dia, de media hora cada uno para ali mentar a sus h i j o s ” .
A "Ley F e d eral dei T r a b a j o de 1970" c o n f i r m a o dis^
p o s t o constitucional, no art. 170, II, i n d i c a n d o que as m u
lheres:
disfrutarán de un descanso de
seis semanas anteriores y seis
poste-14
riores al parto
P o demos inferir d i a n t e de tais textos que o d i r e i
to m e x i c a n o obteve a p r i m o r a m e n t o na g a r a n t i a do e m p r e g o da
m u l h e r e m razão da m a t e r n i d a d e , p r i n c i p a l m e n t e no que se re
fere à c o n s e r v a ç ã o do e m p r e g o e aos d i r eitos adquiridos a-
tr a y ê s da relação de trabalho.
No livro "La M u j e r en C u b a Socialista", p u b l i c a ç ã o 15
o f i c i a l do M i n i s t é r i o da J u s t i ç a de Cuba, consta que no
p e r í o d o p r ê - r e v o l u c i o n ã r i o a e s t r u t u r a e c o n ô m i c a do país
e r a atrasada, p r e v a l e c e n d o o d esemprego, a miséria, a falta
condições de t r a b a l h a r e r a m "amas de casa". C o m o t r i u n f o da
R e v o l u ç ã o e n c a b e ç a d a por Fidel Castro, f o r a m criadas condi_
ções p a r a e l i m i n a r o desemprego. E m 1977, t r a b a l h a v a m 670
mil m u l h e r e s nos d i v ersos setores da e c o n o m i a estatal civil.
No regime s o c i a l i s t a cubano, a m u l h e r t r a b a l h a d o r a p a s s o u a
r e ceber e m razão da m a t e r n i d a d e uma licença p a g a "pre y pos
natal", de doze semanas, p r e v i s t a na Lei 1.100, de 27 de mar
ço de 1963. Poster i o r m e n t e , através da Lei 1.263, de 16 de
j a neiro de 1974, foi a m p liada tal l i c ença p a r a d e z o i t o s e
manas, sendo que doze são usufruídas depois do parto, p a g a
e m forma de subsídio.
No U r u g u a i , consta t a m o s que
a duração da ausência pode
prolongar-se por todo o tempo i n d i c a do nas prescrições medicas, tanto a n
tes como depois do parto, embora se
pague o salário integral somente nas
seis semanas anteriores e n a s • seis
posteriores ao parto, e 65% do s alá
rio no período restante C...]"
Portanto, não é a b r a n g e n t e o d i r eito p o s i t i v o uruguaio. : O
a n t i g o Estatu-to do T r a b a l h a d o r Rural B r a s i l e i r o (ex-Lei 4214 }
c o n t i n h a a m é s m a d i s p o s i ç ã o de g a r a n t i a no e m prego de seib
s e m a n a s antes e seis semanas apôs o parto.
mu l h e r gestante t r a b a l h a d o r a e a que r e torna apõs o parto.
Este fato social ê n o r m a t i z a d o j u r idicamente e e m alguns
p a í s e s a legislação ê v a s t a sobre o assunto. Cabe l e m b r a r
o que afirmamos no C a p í t u l o I, que e x p l i c i t a n d o a lei como
e l a é, e n r i q u e c i d o c o m u m e s t u d o no d i r e i t o comparado, p o
d e r á q u i ç á f o r necer os subsídios p a r a a a l t e r a ç ã o da s i t u a
ç ã o social e m que se e n c o n t r a a m u l h e r t r a b a l h a d o r a n o B r a
sil, e m b u s c a de uma n o r m a t i z a ç ã o e f e t i v a e não d e s t i t u í
da de e f i c i ê n c i a e de operosidade. 0 e studo d e t a l h a d o das
normas de cada país e x i g i r i a e x t r a p o l a r distâncias e a v e r i
g u armos in locum o c o m p o r t a m e n t o d o legislador. Como n ã o ê
este n o s s o objetivo, observamos Constituições, leis o r d i n á
rias. e a p o s i ç ã o da doutrina. A p r e o c u p a ç ã o com a.mulher tra
b a l h a d o r a e m razão da m a t e r n i d a d e independe de ideologia.
3.3. C o n s t i t u i ç õ e s do B r a s i l .
A C o n s t i t u i ç ã o de 23 de m a r ç o de 1824, o u t o r g a d a
p o r D. P edro I, e o A t o A d i c i o n a l de 12 de agosto de 18.34,
n ão c o n t i n h a m dispos i ç õ e s e x p r essas p a r a a m u l h e r t r a b a l h a
dora, i g n o rando os d i r eitos sociais. Limito u - s e a g a r a n t i r
a l i b e rdade de trabalho, c o n forme art. 179:
"Nenhum ginero de trabalho, de cultu
ra, indústria ou comércio pode ser