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Percepções dos agentes comunitários de saúde sobre o processo de formação para a atuação profissional

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Academic year: 2021

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Percepções dos agentes comunitários de saúde sobre o processo de

formação para a atuação profissional

Inaê Evangelista Rodrigues¹, Christina César Praça Brasil1, Raimunda Magalhães da Silva¹, Joélia Rodrigues da Silva1, Fernanda Regina Vasconcelos Fernandes Castro1 e Francisca Francisete de Sousa Nunes Queiroz1

1Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva, Universidade de Fortaleza, Fortaleza, Brasil.

inaeevangelista@hotmail.com; cpraca@unifor.br; joeliarodrigues@gmail.com; fernandavasconcelos.fono@gmail.com; zete.queiroz@hotmail.com

Resumo. O Agente Comunitário de Saúde (ACS) tem elevada importância para a saúde pública no Brasil, sendo a formação essencial para viabilizar a excelência da sua atuação. Este estudo objetivou analisar as percepções dos ACS sobre o processo de formação para atuação profissional. Realizou-se estudo metodológico, aplicado e qualitativo. Utilizaram-se questionário, diário de campo e registros escritos para a coleta dos dados, sendo analisados com base na Análise de Conteúdo na modalidade temática e interpretados à luz dos normativos sobre atuação do ACS no Brasil. Os participantes evidenciaram a importância dos cursos introdutórios e técnico para a formação profissional; o trabalho do ACS diante da Política Nacional da Atenção Básica reformulada; e o interesse na educação continuada. Sugeriram a oferta de capacitações para atualização dos conhecimentos. Diante do contexto de atuação dos ACS, precisam ser adotadas formas mais abrangentes, continuadas e organizadas de formação para melhorar a atuação desse profissional.

Palavras-chave: Agente Comunitário de Saúde; Estratégia Saúde da Família; Educação Continuada; Capacitação Profissional; Prática Profissional.

Community health Workers´ perceptions on their training process for professional performance

Abstract. Community Health Workers (CHWs) are very important for Brazilian public health. CHWs´ training is essential to enable the excellence of their work. This study aimed to analyze CHWs´ perceptions on their training process for professional performance. A methodological and applied study, with a qualitative approach, was carried out. Questionnaire, field diary and written records were used for data collection. Data analysis was held with the Content Analysis in the thematic modality and interpreted in the light of the Brazilian policies on CHWs´ work. Participants highlighted the importance of introductory and technical courses for professional training; the work of CHW in face of the reformulated National Primary Care Policy; and interest in continuing education. They suggested the provision of training strategies to update knowledge. Given the working context of CHW, more comprehensive, continued and organized strategies of training need to be adopted to improve their professional performance.

Keywords: Community Health Workers; Family Health Strategy; Continuing Education; Professional Training; Professional Practice.

1 Introdução

Os agentes comunitários de saúde (ACS) são trabalhadores exclusivos do Sistema Único de Saúde brasileiro (SUS), atuando como um elo entre os profissionais da Estratégia Saúde da Família (ESF) e a comunidade. Suas atividades são focadas na prevenção de doenças e na promoção da saúde, por meio de ações educativas individuais e coletivas, nos domicílios e na comunidade. A formação profissional do ACS é fundamental para que estes sejam instrumentalizados com conhecimentos atualizados, consistentes e contextualizados que viabilizem à excelência na sua atuação.

De acordo com Melo, Quintão, & Carmo, (2015) os efeitos do trabalho do ACS na Unidade Básica de Saúde (UBS) exigem reflexões quanto a importância da qualificação desse trabalhador, pois este é o

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primeiro profissional a ter contato com a comunidade, uma vez que realiza acompanhamento dos cidadãos nas questões referentes à sua saúde, desde as ações de promoção da saúde, perpassando pelos aspectos preventivos, curativos e encaminhamentos. Este profissional assume uma participação fundamental e necessária para que a Atenção Primária em Saúde (APS) ou Atenção Básica cumpra o seu real papel no contexto da saúde. Assim, a importância da ação do ACS tem sido reconhecida como a estratégia adequada para imprimir resolubilidade aos problemas de saúde de maior frequência, reduzindo danos ou sofrimentos e contribuindo para uma melhor qualidade de vida da população.

A normatização do Ministério da Saúde, Portaria nº 2.488, de 21 de outubro de 2011 (Brasil, 2011a), destaca que o ACS, antes de atuar diretamente no território, deverá participar de um curso de formação inicial, o qual deve ser oferecido pela respectiva Secretaria Municipal de Saúde, com o objetivo de fortalecer a Atenção Primária. Porém, a literatura mostra uma assistematicidade dessa ação, o que tem sido motivado por questões econômicas, políticas e culturais. A Lei nº 11.350 (artigos 6º e 7º), de 2006, estabelece que é obrigatório concluir o curso introdutório, com bom aproveitamento, para se tornar um ACS (Brasil, 2006).

Outra estratégia para formação profissional dessa categoria é o Curso Técnico de ACS que foi estruturado pelo Ministério da Saúde em três etapas sequenciais, totalizando carga horária mínima de 1.200 horas, distribuídas da seguinte forma: Etapa I – 400 horas, sem exigência de escolaridade, com o objetivo de desenvolver o perfil social do Técnico ACS e seu papel no âmbito da equipe multiprofissional da rede básica do SUS; Etapa II – 600 horas, qualificação profissional de nível técnico, exigindo conclusão do Ensino Fundamental e voltada a promoção da saúde e a prevenção de doenças, dirigida a indivíduos e grupos específicos e às doenças prevalentes; e Etapa III – 200 horas, habilitação técnica, exigindo a conclusão do ensino médio e com a finalidade de consolidar os temas da promoção, prevenção e monitoramento das situações de risco ambiental e sanitário (Barros, Barbieri, Ivo, & da Silva, 2010).

Na tentativa de aprimorar esse processo de formação, novas estratégias de qualificação para os ACS foram propostas a partir da reformulação da Política Nacional de Atenção Básica (PNAB), conforme preconiza a Portaria nº 2.436, de 21 de setembro de 2017, onde os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) e os Agentes de Combate a Endemias (ACE) serão qualificados, por meio de financiamento do Ministério da Saúde, como técnicos de enfermagem e assumirão novas atribuições laborais em todo o Brasil (Brasil, 2017).

Entretanto, a partir da ampla atuação do ACS na Atenção Primária, algumas preocupações emergem no que diz respeito ao seu processo de formação, uma vez que, diante do perfil socioeconômico desses profissionais e de formação profissional, e, mesmo da diversidade de cenários em que atuam, é necessário prover recursos para a capacitação contextualizada para o pleno exercício das suas funções.

Assim, questiona-se: “qual a percepção dos ACS sobre a sua formação profissional para o exercício das suas funções junto a população assistida?”

A realização deste estudo justifica-se pelo fato de que muitos ACS relatam a precariedade de formação inicial e continuada para atuação no território, o que dificulta a efetividade das suas ações e a oferta de uma atenção à saúde respaldada pelo conhecimento técnico-científico.

Acredita-se que conhecer as percepções dos ACS sobre o seu processo de formação e as formas que utilizam para enfrentar as fragilidades nesse âmbito atestam a relevância deste estudo, uma vez que os resultados trazem contribuições para nortear a elaboração de estratégias que proporcionem uma melhor qualificação desses profissionais, visando ampliar a qualidade da sua atuação no contexto da Atenção Básica à Saúde (ABS).

Diante do exposto, este estudo tem como objetivo analisar as percepções dos Agentes Comunitários de Saúde sobre o seu processo de formação para a atuação profissional.

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2 Metodologia

Realizou-se uma pesquisa metodológica, de natureza aplicada e abordagem qualitativa. Esta metodologia possibilitou considerar a subjetividade dos participantes (ACS) e, dessa forma, obter dados referentes ao conhecimento deles sobre o processo de formação para atuar profissionalmente junto a comunidade (Minayo, 2014). Destaca-se que o estudo também expressa dados quantitativos,

os quais se associaram aos qualitativos de forma complementar (Minayo, 2014). O estudo foi

realizado em todas as vinte e oito (28) Unidades Básicas de Saúde das seis Áreas de Vigilância à

Saúde (AVISA) do município de Maracanaú, Ceará, Brasil.

A pesquisa em campo compreendeu o período de agosto a outubro de 2018, sendo realizada por meio dos seguintes instrumentos: questionário “Perfil socioeconômico e percepção dos agentes comunitários de saúde sobre a formação profissional”, diário de campo e registros escritos pelos participantes.

Antes do início da coleta de dados, foi realizado, em agosto de 2018, o teste piloto com seis agentes comunitários de saúde da AVISA II para avaliar a clareza e a pertinência do questionário. Inicialmente, a pesquisadora explicou o objetivo do teste piloto aos ACS, disponibilizando o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (TCLE) e, em seguida, o referido questionário. Os participantes foram orientados a informar o que eles não entendessem e deveriam sugerir modificações no instrumento, caso considerassem necessário, visando uma coleta de dados mais completa e o alcance dos objetivos propostos pela pesquisa. Após a realização do teste piloto, algumas questões objetivas foram reformulas, acrescentando-se outras opções de resposta e questões subjetivas para complementar a abordagem.

Para Polit, Beck, & Hungler, (2004), o estudo piloto é uma versão em escala menor do que será realizado, tendo como objetivo a busca de informações para o aperfeiçoamento do projeto ou para avaliar a sua viabilidade. Vale ressaltar, que os participantes do teste piloto não fizeram parte da amostra final contabilizada no estudo, mas contribuíram sobremaneira para o acréscimo de dados qualitativos ao estudo, o que permitiu visualizar o problema em estudo com maior profundidade. Os participantes deste estudo foram 200 ACS, sendo 185 do sexo feminino e 15 do sexo masculino, selecionados mediante convite feito a todos os 281 ACS do município de Maracanaú e que atenderam aos critérios de inclusão na amostra. Destaca-se que a amostra do estudo foi constituída por conveniência, não tendo sido realizado cálculo amostral; porém, o quantitativo de participantes foi bastante significativo diante da totalidade de ACS do município. A escolha desse público justifica-se pelo fato dos ACS justifica-serem profissionais que têm ampla atuação na atenção primária, por meio de ações voltadas à promoção da saúde. Dessa forma, buscou-se verificar os conhecimentos que estes profissionais têm sobre o seu processo de formação, o que é fundamental para o pleno exercício das suas funções e reflete diretamente na qualidade de vida da população assistida.

Os critérios de inclusão para compor a amostra foram os seguintes: ser profissional cadastrado na Estratégia Saúde da Família (ESF) na função de ACS; não estar afastado das funções profissionais ou deslocado para outra função no município; concordar em participar do estudo após os devidos esclarecimentos; e assinar o TCLE. Não foram incorporados à amostra os ACS que estavam de licença médica, maternidade ou sem remuneração, ou os que estavam de férias no período da aplicação do questionário.

Os encontros para a aplicação dos questionários foram realizados nas respectivas unidades de saúde, geralmente, no período da tarde, em virtude de ser este o turno em que os ACS costumam frequentar esses locais para participar dos encontros semanais com a enfermeira da equipe ou de convocações extras por parte da gestão local. Cada encontro teve duração média de 50 minutos, quando foram realizadas as seguintes atividades: explicação do estudo aos participantes; leitura compartilhada do TCLE e aplicação do questionário “Perfil socioeconômico e percepção dos agentes

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comunitários de saúde sobre a formação profissional” com os ACS que demonstraram interesse em participar, além do esclarecimento de eventuais dúvidas.

Ressalta-se que o questionário “Perfil socioeconômico e percepção sobre a formação profissional dos agentes comunitários de saúde” é composto por um conjunto de questões elaboradas com base no Guia Prático do ACS (Brasil, 2009), na Política Nacional de Atenção Básica (Brasil, 2012a) e nas Diretrizes para Capacitação de Agentes Comunitários de Saúde em Linhas de Cuidado (Brasil, 2016), para a obtenção das seguintes informações:

a) sociodemográficas e econômicas do ACS: AVISA e unidade de saúde de lotação, número da equipe em que atua, nome codificado, data de nascimento, telefone, e-mail, sexo, estado civil, escolaridade e renda familiar;

b) perfil profissional do ACS: formação em curso de auxiliar ou técnico de enfermagem; curso de formação superior (quando possuir esse nível de formação); tipo de vínculo empregatício; tempo de serviço, entre outras;

c) processo de formação do ACS: conhecimento e realização do curso introdutório e/ou curso técnico de ACS;

d) estratégias utilizadas para a formação profissional: conhecimento sobre as Diretrizes para Capacitação de ACS em Linhas de Cuidado, atividades desenvolvidas, cursos/capacitações, dentre outras.

A pesquisadora, a cada encontro, registrou todas as experiências vivenciadas, intercorrências e posicionamentos dos participantes em seu diário de campo. Ademais, disponibilizou bloco de anotações e canetas para os ACS registrarem sentimentos e pensamentos que julgassem necessários para complementar os itens abordados no questionário ou dados extras.

Os dados quantitativos foram analisados por meio do programa estatístico Statical Package for Social Sciences (SPSS), versão 20.0, com a elaboração de tabelas e a aplicação de testes estatísticos de associação e correlação para algumas variáveis. Já os dados qualitativos, evidenciados neste recorte do estudo, foram analisados com base no método de Análise de Conteúdo na modalidade temática (Minayo, Deslandes, & Gomes, 2013; Bardin, 2011), seguindo as etapas de pré-análise, exploração do material, tratamento dos resultados e interpretação. Desta análise, emergiram as quatro temáticas, as quais são apresentadas e discutidas no item 3.

Nesse contexto, realizaram-se inferências e interpretações sobre as percepções dos participantes acerca do seu processo de formação para a atuação profissional, utilizando-se alguns normativos que versam sobre a formação dos ACS no Brasil para amparar a fundamentação teórica, quais sejam: Guia Prático do ACS (Brasil, 2009), na Política Nacional de Atenção Básica (Brasil, 2012a) e nas Diretrizes para Capacitação de Agentes Comunitários de Saúde em Linhas de Cuidado (Brasil, 2016). Para preservar as identidades dos participantes, utilizou-se a sigla “ACS” seguida de números. Dessa forma, ACS 1 representa agente comunitário de saúde 1 e assim sucessivamente.

Os procedimentos ético-legais da pesquisa seguiram as normas previstas pela Resolução nº 466, de 12 de dezembro de 2012, do do Conselho Nacional de Saúde (CONAS), a qual aponta as Diretrizes e Normas Regulamentadoras de Pesquisa Envolvendo Seres Humanos (Brasil, 2012b). A pesquisa obteve aprovação pelo Comitê de Ética da Universidade de Fortaleza sob o parecer nº 2.790.475, seguida da autorização do gestor municipal de saúde, por meio da assinatura da Carta de Anuência para a realização do estudo e da anuência formal dos agentes comunitários de saúde, após os esclarecimentos dos objetivos, por meio da assinatura do TCLE.

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3 Resultados e discussão

As temáticas que emergiram dos relatos escritos pelos ACS e nas suas falas, ao longo do processo de coleta de dados, contemplam os seguintes aspectos: importância dos cursos introdutório e técnico para a formação profissional; o trabalho do ACS diante da Política Nacional da Atenção Básica reformulada; e o interesse na educação continuada.

3.1 Importância dos cursos introdutório e técnico para a formação profissional

Quanto ao processo de formação, 86% dos participantes conhecem e realizaram o curso introdutório para ACS e 95% conhecem e realizaram o curso técnico para ACS, cumprindo as etapas formativas I (95%) e II (69%), pois a etapa III não tem sido oferecida pelo município em que atuam.

A importância atribuída pelos participantes ao curso introdutório para ACS perpassa por aspectos que mostram que a formação inicial possibilita a compreensão da dinâmica do trabalho e da rotina do ACS, por meio de atividades teóricas e práticas; que esta ação é imprescindível para a atuação do ACS na atenção básica; e que eles consideram excelente a qualidade do curso, do material didático e dos instrutores; conforme observa-se nos relatos a seguir:

[...] O curso possibilitou compreender a dinâmica do trabalho, a rotina de trabalho do ACS através de atividades teóricas e práticas. Após essa fase, fomos para o meio da comunidade acompanhada de uma ACS veterana. Isso foi bem proveitoso. (ACS 33)

[...] Foi um período muito bom, bastante informativo. Não teria como atuar na atenção básica sem ele [esse curso]. (ACS 91)

[...] Curso de excelente qualidade... Material didático bem elaborado e instrutores bem capacitados. (ACS 112)

[...] Esse curso introdutório de ACS foi de grande importância, essencial para começar a atuar na área de trabalho. (ACS 123)

Marzari, Junges, & Selli, (2011) apontam para a importância dos investimentos das Secretarias de Saúde em cursos de atualização motivadores e voltados a suprir as necessidades de formação dos ACS na realização do trabalho cotidiano junto à comunidade. No entanto, reforçam que essa qualificação não pode acontecer de forma isolada e descontextualizada, havendo a necessidade de aproximação com o cenário e a realidade em que o trabalho será desenvolvido.

Ao mencionarem o curso técnico de ACS, relatam a descontinuidade das etapas pela gestão do município, o que, segundo ACS 54, compromete a qualidade da atenção prestada a comunidade:

[...] Eu queria terminar o curso técnico de ACS. Isto iria me ajudar na profissão. Eu iria atender melhor a comunidade. Só ofereceram até a etapa II... (ACS 54)

Silva, Cazola, Cheade, & Pícoli, (2012) defendem que, para melhor desempenharem suas atribuições, os ACS precisam receber capacitações e treinamentos que os auxiliem a desenvolver suas competências e habilidades técnicas. Entretanto, nem sempre os programas formais são cumpridos na íntegra, resultando em formações frágeis, incompletas e, por vezes, inexistentes. Assim, a formação técnica em saúde para esses trabalhadores se faz necessária para que os mesmos não sejam apenas instrumentalizados com conhecimentos fragmentados e descontextualizados, como vem ocorrendo na maioria dos municípios brasileiros.

O nível de importância atribuído aos cursos introdutório e técnico pelos participantes deste estudo evidencia a necessidade deles para a instrumentalizar a atuação do ACS em campo, facilitando a

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ampliação de conhecimentos, o olhar integral sobre a saúde da população, além da resolubilidade das ações a serem implementadas na ESF.

3.2 Trabalho do ACS diante da Política Nacional da Atenção Básica reformulada

No que se refere a Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) reformulada (Brasil, 2017), que prevê um novo modelo de formação dos ACS, com uma proposta de atuação que preconiza novas atribuições para além do que hoje está previsto para o fazer desse profissional, observou-se que a maioria dos participantes deste estudo (64,5%) não concorda com essa proposta, como mostram os relatos a seguir:

[...] O serviço de ambulatório da unidade de saúde tem essa função [fazer curativos, verificar pressão arterial e glicemia]. O ACS tem várias outras atribuições e metas a cumprir. (ACS 42)

[...] A população, de um modo geral, não vai querer mais ir ao posto de saúde para realizar suas consultas, pois as pessoas são um pouco acomodadas. E ainda, material para curativo é algo fácil de contaminação. (ACS 65)

[...] São muitos formulários para preencher e isso atrapalha a visita, ficando menos tempo para as orientações. O meu salário não paga nem o que eu já faço. Imagine mais atribuições. Valorização já! Não sou escrava! (ACS 93).

[...] Porque o trabalho do ACS perderá a qualidade no atendimento [com essas novas atribuições]. A sobrecarga e o desgaste do profissional serão grandes. O ACS perderá sua identidade, principalmente nas áreas com grande número de pacientes hipertensos e diabéticos. (ACS 144).

A PNAB reformulada prevê que tanto os Agentes Comunitários de Saúde (ACS) como os Agentes de Combate a Endemias (ACE) passem a ser qualificados como técnicos de enfermagem em todo o Brasil (Brasil, 2017). Isto prevê a inclusão de novas atribuições à prática desses profissionais, que, segundo os participantes deste estudo, trazem impactos negativos para a qualidade dos serviços prestados à comunidade e ao fluxo de trabalho do ACS.

Outrossim, os participantes relatam que muitas das novas atribuições podem e devem ser realizadas por outras categorias profissionais e serviços, visto que se consideram mal remunerados e sobrecarregados com o que precisam cumprir na sua rotina diária no território sob sua responsabilidade (Simões, 2009). Este é um fato a ser avaliado cuidadosamente pelos gestores de saúde para que possam conscientizar os ACS sobre suas atribuições, dimensionando o alcance das suas ações e motivando-os a uma boa execução do trabalho.

Um percentual de 16,5% de ACS concorda parcialmente com as atividades propostas pela PNAB reformulada, visualizando aspectos positivos da proposta e reforçando alguns dos pontos mencionados por aqueles que não concordam com a mudança, conforme expressam a seguir:

[...] Acho realmente interessante, mas precisa-se de um treinamento e uma organização na forma das visitas. Acredito que, quando iniciarmos esses procedimentos nas casas [da comunidade], as pessoas irão nas casas dos ACS a qualquer horário [pois os ACS geralmente residem na localidade em que trabalham], sobrecarregando a gente; mas nós [os ACS] não podemos dispensá-los [as pessoas que procuram os ACS]. Isso é muito polêmico para mim. (ACS 09)

[...] Se faz necessária essa reformulação [PNAB], mas precisa ser regulamentada e padronizada a implementação e os tipos de atividades. E, ainda, ter recursos necessários para a realização desta atividade, visto que a demanda de insumos aumentará. (ACS 36)

[...] A reforma é interessante, mas, em algumas situações, teremos que ter opiniões de outros profissionais, como o enfermeiro ou o médico. (ACS 128)

[...] Acho interessante [a proposta da formação prevista pela PNAB reformulada], mas, no meu caso, não me sinto bem [fazendo algumas atividades de técnico de enfermagem]. Quando vejo uma agulha ou sangue, passo mal. (ACS 190)

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Alguns relatos corroboram com a literatura, especialmente no tocante à multiplicidade de atribuições e ao ritmo intenso de trabalho do ACS. Segundo Souza & Freitas, (2011), no contexto do território, pode haver uma sobrecarga de trabalho extra não reconhecido, pois, pela proximidade com a comunidade, o ACS é procurado em horários não convencionais, como durante a noite, domingos e feriados. O tempo dedicado à comunidade nessas situações não é computado como carga horária de trabalho, mas pesa sobre o trabalhador, que acaba estendendo sua atividade laboral para além dos limites estabelecidos, comprometendo o seu horário de descanso e a sua vida pessoal.

O grupo sob investigação, apesar de demonstrar muita proximidade com a população assistida, reivindica melhores condições e trabalho e uma pausa real de descanso semanal, especialmente aqueles que atuam e residem nas AVISA mais populosas. O fato de residirem na comunidade faz com que os moradores confundam os papéis dos ACS, não distinguindo, muitas vezes, o morador do profissional.

Os agentes de saúde que concordam com as atividades propostas pela PNAB reformulada (Brasil, 2017) representaram 19% dos participantes do estudo, expressando as seguintes justificativas:

[...] Será uma forma de tornar o trabalho mais dinâmico e motivador. A área ainda agradecerá esta atuação do ACS, valorizando-o ainda mais como profissional. (ACS 33)

[...] Porque poderíamos informar na nossa visita os valores da pressão e da glicemia, em vez de darmos a informação do dia da consulta no posto. E ajudaríamos na detecção precoce de picos hipertensivo e glicêmico. (ACS 67)

[...] Porque praticamente já faço isso [os novos procedimentos a serem realizados a partir da PNAB reformulada] a pedido das famílias, mas deixo claro que tenho formação técnica de enfermagem. Só acho que deveríamos ganhar para tanto. (ACS_66).

[...] Porque irá trazer mais benefícios para a comunidade que é muito carente [de serviços de saúde]. (ACS_133).

Observou-se que os ACS que concordam com as novas atribuições previstas, têm algum tipo de formação que os habilite a fazê-lo e vislumbram melhorias da qualidade de atenção prestada à população, com melhores índices de resolubilidade a partir das suas ações.

3.3 Interesse na educação continuada

A necessidade de capacitação com maior frequência foi amplamente registrada pelos participantes como sugestão de melhoria para o processo de formação da categoria, uma vez que os problemas mais evidentes registrados nos relatos versam sobre a falta de sistematização de treinamentos periódicos e que contemplem todos os agentes comunitários de saúde. Os relatos a seguir expressam alguns dos posicionamentos dos ACS:

[...] Seria muito importante participar de atualizações periódicas, principalmente, sobre vacinas que é um assunto que está sempre mudando. (ACS 128)

[...] Tem acontecido algumas capacitações somente para um número reduzido de ACS, sendo que todos precisam do mesmo aprendizado para atuar nas suas respectivas áreas. (ACS 134).

Bornstein & David, (2014) chamam a atenção para a elaboração e a execução dos processos formativos que se fundamentam em referenciais biomédicos e que não contemplam a totalidade dos ACS de determinadas regiões. Isto contradiz a proposta de reorientação do modelo de atenção, em que as ações de saúde dirigidas às populações devem estar fundamentadas na promoção, na proteção da saúde e na prevenção de agravos, de maneira integral, de forma que impacte nos

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determinantes e condicionantes de saúde das coletividades (Brasil, 2011b). Para isso, verificar a realidade da comunidade do território e atender às necessidades dos ACS, em termos de formação, pode ser uma estratégia que ajude a redirecionar o planejamento e a implementação dos processos de educação continuada dessa categoria profissional.

Dentre os ACS, 95,5% demonstram interesse na participação em processos de educação continuada, o que mostra a percepção dos profissionais quanto a necessidade de atualização constante. A dinamicidade da atuação na área da saúde, as diversas atribuições da categoria, a necessidade de um conhecimento abrangente para atender aos diferentes grupos populacionais e faixas etárias, dentre outras questões, levam os ACS a perceberem a importância dessa formação, o que é expresso pelas seguintes falas:

[...] Se participássemos de processos de educação permanente, teríamos mais facilidade de atuar, principalmente com famílias que são resistentes à visita do ACS. (ACS 06)

[...] Acho muito importante esse processo de educação permanente porque nós sempre temos algo a aprender e a população só tem a ganhar com isso. (ACS 08)

[...] na área da saúde, as informações estão sempre sendo atualizadas e, nós, ACS, vamos ficando com os conhecimentos atrasados. Sendo assim, seria muito bem vindas as atualizações em todas as áreas. (ACS 137)

[...] Quanto mais o profissional estiver capacitado, melhor ele fará o seu trabalho, de forma segura, qualificada e objetiva. (ACS 167).

Theisen (2004) corrobora com os posicionamentos dos participantes, ao afirmar que a vida laboral dos ACS exige muita responsabilidade, uma vez que levam informações para a comunidade. Para isso, estes profissionais precisam estar atualizados, pois, caso as orientações fornecidas à população não sejam adequadas, os ACS podem perder o respeito e o prestígio no território sob sua responsabilidade. Dessa forma, compreende-se a importância atribuída por eles à educação continuada, pois estes profissionais precisam ter contato com ferramentas de ensino-aprendizagem que os possibilitem aliar o conhecimento popular, trazido da comunidade, com o conhecimento técnico‑científico, o que é indispensável para a apropriação de práticas de promoção à saúde. Dessa forma, mesmo com muitos avanços, a formação dos ACS permanece um grande desafio. A previsão é de que essa formação deve ser gradual e permanente e realizada pelos estados e municípios em parceria com as Escolas Técnicas do SUS. Essa formação deve considerar o contexto de trabalho dos ACS, observando as demandas locais. A responsabilidade dessa formação é do gestor e não deve estar vinculada, especificamente, a um profissional, devendo haver co-responsabilização de todos os profissionais da Equipe de Saúde da Família no acompanhamento e na reorientação das ações, apesar de, historicamente, o enfermeiro ter assumido um papel central nessa formação (Brasil, 2016).

De acordo com Melo, Quintão, & Carmo, (2015), a formação continuada é uma alternativa o processo de ressignificação de vínculos entre a comunidade e os ACS, o que possibilita, além da atualização e melhoria do conhecimento, a implementação de estratégias de comunicação que facilitam a aproximação desses atores.

Extrapolando as temáticas apresentadas, os ACS ainda evidenciaram em suas falas algumas sugestões para a melhoria do seu processo de formação, tais como: ampliação das oportunidades de capacitação; disponibilização das capacitações para todos os ACS; direcionamento das temáticas das capacitações para as dificuldades da categoria; estabelecimento de um cronograma anual de capacitações; incentivos a conclusão do curso técnico para todos os ACS; apresentação dos equipamentos disponíveis na rede de saúde do município para os ACS; e aumento da parceria dos ACS com a gestão municipal.

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4 Conclusão

A realização deste estudo com abordagem qualitativa possibilitou verificar as percepções dos agentes comunitários de saúde sobre o seu processo de formação para atuar no território junto à comunidade no município de Maracanaú, Ceará. Os relatos dos participantes levaram à identificação dos seguintes aspectos: estratégias de formação que estão sendo utilizadas pela gestão municipal e as que são mais acessíveis aos ACS; fragilidades na formação; interesses da categoria em termos de aprimoramento do processo formativo; bem como as sugestões para a melhoria da formação. O conhecimento desses fatores auxilia os gestores da rede municipal de saúde do município em foco no acompanhamento e no planejamento de melhorias nos processos de formação para a melhoria da qualidade da assistência prestada à população.

Em relação ao conhecimento dos ACS sobre o processo de formação, os achados expressam que a maioria conhece e realizou o Curso Introdutório, ao ingressar na profissão, assim como o Curso Técnico para ACS. No entanto, observa-se a descontinuidade da realização do Curso Técnico no município em estudo, o que compromete o aprofundamento teórico e prático dos conteúdos que precisam ser abordados com esses profissionais. Evidenciou-se que os participantes reconhecem a importância do processo de formação para o exercício profissional, mostrando-se interessados na educação continuada e na conclusão das três etapas do Curso Técnico para o ACS, o que foi, ainda, reforçado por relatos.

Outro ponto que chama a atenção nesta pesquisa diz respeito ao fato da maioria dos ACS não concordar com a nova proposta de atuação prevista pela Política Nacional da Atenção Básica (PNAB) reformulada. Para os participantes, muitas das atribuições previstas nessa política irão distorcer o trabalho da respectiva categoria profissional e gerar ainda mais sobrecarga. Assim, as principais justificativas para essa não concordância devem ser avaliadas pelos gestores para a mediação de conflitos e a definição sobre a possibilidade de incorporação de novas funções para esses profissionais.

As sugestões dos ACS para a melhoria do processo de formação alinham-se aos dados obtidos no estudo e devem ser consideradas pelos gestores municipais para que possam conhecer o problema em discussão sob a ótica de quem o vivencia. Esse tipo de visão somente foi possível por meio da realização de uma pesquisa qualitativa, que permitiu aos pesquisadores adentrar em profundidade no contexto dos ACS e captar suas percepções sobre o assunto em pauta.

A oferta de capacitações para esses profissionais, abordando, principalmente, as áreas de maior carência de conhecimento, foi sugerida como forma de melhoria do processo de formação e atualização dos conhecimentos que atendam às necessidades requeridas para a atuação no território.

Diante do amplo contexto de atuação dos ACS, precisam ser adotadas formas mais abrangentes, continuadas e organizadas de formação, albergando propostas educativas críticas e capazes de referenciar‑se na realidade das práticas e nas transformações políticas, tecnológicas e científicas relacionadas à saúde. Isto pode vir a assegurar o domínio de conhecimento e habilidades específicas para o desempenho das funções desses profissionais, diante da sua grande importância para a atenção básica no contexto brasileiro.

Referências

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Barros, D. F., Barbieri, A. R., Ivo, M. L., & da Silva, M. G. (2010). O contexto da formação dos agentes comunitários de saúde no Brasil. Texto & Contexto - Enfermagem, 19(1), 78-84.

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Referências

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