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O fazer pedagógico no cotidiano da escola: relato de experiências do estágio supervisionado III – anos iniciais do ensino fundamental I

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE EDUCAÇÃO

CURSO DE PEDAGOGIA

O FAZER PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DA ESCOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL I

SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN 2018

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RENATA GOMES MARQUES DA SILVA SOUZA

O FAZER PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DA ESCOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL I

Artigo apresentado à disciplina Trabalho de Conclusão de Curso da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de graduado em Pedagogia.

Profº Orientador: Espª. Luiz Antonio da Silva dos Santos

SÃO GONÇALO DO AMARANTE-RN 2018

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O FAZER PEDAGÓGICO NO COTIDIANO DA ESCOLA: RELATO DE EXPERIÊNCIAS DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO III – ANOS INICIAIS DO

ENSINO FUNDAMENTAL I

1Renata Gomes Marques da Silva Souza 2 Luiz Antônio da Silva dos Santos RESUMO

Este trabalho reflete sobre experiências compartilhadas durante o Estágio Supervisionado III – Anos Iniciais do Ensino Fundamental I, do Curso de Pedagogia à Distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. O presente artigo tem como objetivo central verificar a importância do Estágio Supervisionado na construção dos saberes docentes e as suas contribuições na construção da identidade dos docentes. Trata-se de um estudo baseado em uma pesquisa bibliográfica e na observação participante por meio da regência a partir de um projeto de intervenção denominado “Redescobrindo o mundo da leitura e da escrita através dos gêneros textuais” aplicado em uma turma do 5º ano C do Centro Infantil Estrela do Mar, localizado na cidade de Extremoz/RN. Para a construção desta pesquisa, identificamos como principais interlocutores os seguintes autores: Pimenta (1999); Tardif (2002); Freire (2001) e Nóvoa (1991), entre outros. As vivências no referido Estágio e as análises bibliográficas contribuíram para verificar que o Estágio Supervisionado oportuniza a construção de saberes essenciais à constituição da identidade docente, tendo em vista a possibilidade de articular teoria e empiria no cotidiano da escola.

Palavras – Chave: Estágio Supervisionado. Identidade Docente. Saberes docentes

1 INTRODUÇÃO

A inspiração maior para ser professora é acreditar que a educação é uma ferramenta importante para provocar mudanças na sociedade. Como seres inacabados que somos, esta profissão nos possibilita trocar entre docentes e discentes, afetos, conhecimentos, possibilidades e conquistas. Trazemos o desejo de ser professora, não por que vejo essa profissão como vocação/sacerdócio, mas como oportunidade de aprender e construir múltiplos conhecimentos e para sermos responsivos as mudanças do mundo.

Aprendemos com a educação popular, na qual temos uma pequena experiência, atuando como educadora popular em uma organização não governamental, que o conhecimento é construído e não imposto, é aprender a partir do conhecimento do sujeito e ensinar a partir do

1 Graduanda do Curso de Pedagogia pela UFRN - renatinhamarques_23@yahoo.com.br

2 Orientador mestrando em ensino (UERN/UFERSA/IFRN), Especialista em Língua Portuguesa e Matemática numa abordagem transdisciplinar e Graduado em Pedagogia – luizantonioantos@hotmail.com

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repertório do cotidiano dele. Nesse sentido, precisamos formar cidadãos e cidadãs críticos e conscientes do seu papel na sociedade. Que o professor, não é o detentor do saber, mas, sim, o mediador do processo dialógico dos novos conhecimentos produzidos pelo educador e os educandos conjuntamente.

Nessa perspectiva, ao entrar no curso de pedagogia percebemos que os estágios supervisionados permitiam ao professor em formação conhecer o campo de sua atuação profissional. É por meio deles que temos contato com a prática que nos possibilita vivenciar com os diversos atores o ser professor. Foi a partir dessas experiências formativas e vivências dialógicas que decidimos escrever este artigo, que buscou pesquisar sobre a importância do estágio para a formação de professores e as suas contribuições para a construção da identidade docente, a partir do que foi vivenciado no Estágio Supervisionado III – Anos Iniciais do Ensino Fundamental I.

O estágio curricular supervisionado é uma exigência legal para a formação de docentes no curso de pedagogia e tem como objetivo central inserir o professor em formação no contexto e na dinâmica da escola, bem como, contribuir para a formação da identidade profissional. O estágio supervisionado se propõe articular o conhecimento construído durante a vida acadêmica com o contexto da prática em sala de aula.

Como preparação para a docência, o estágio intenciona nos conduzir a uma prática planejada de investigação da realidade no âmbito escolar, tentando oportunizar a apropriação do contexto vivido no cotidiano escolar, favorecendo a análise crítica dos aspectos observados e vivenciados, na busca por compreender e obter respostas aos fenômenos verificados. Trata-se de um exercício de compreensão acerca da complexidade das práticas institucionais e das ações praticadas pelos profissionais (PIMENTA; LIMA, 2008).

De acordo com Tardif (2002), é de fundamental importância que o aluno em formação vivencie o seu trabalho, para ele a experiência do trabalho parece ser a fonte privilegiada do saber-ensinar. Assim, o estágio supervisionado constitui uma das etapas mais importantes na vida acadêmica dos alunos em licenciaturas.

Ainda segundo este autor, é por meio do exercício do trabalho que o conhecimento e as manifestações do saber-fazer e do saber-ser vão constituindo a identidade do professor, a construção de sua autonomia, e por meio da reflexão sobre a prática pedagógica constroem seus saberes docentes.

De acordo com as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, licenciatura, resolução CNE/CP Nº 1, de 15 de Maio de 2006 o estágio supervisionado passa a ter 300 (trezentas) horas distribuídos ao longo do curso de pedagogia em Educação Infantil e

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nos anos iniciais do Ensino Fundamental, contemplando também outras áreas específicas, se for o caso, conforme o projeto pedagógico da instituição (BRASIL, 2006). O estágio supervisionado é uma exigência da LDB – Lei de diretrizes e bases da Educação nacional nº 9394/96 nos cursos de formação de professores, reivindicando um processo de observação, de pesquisa, de planejamento, de execução e de avaliação de diferentes atividades pedagógicas, ou seja, uma aproximação da teoria com a empiria da sala de aula.

É no contexto do estágio supervisionado que se deu o nosso interesse pelo objeto dessa pesquisa, relatar e problematizar a experiência e a vivência na disciplina Estágio Supervisionado III – Anos Iniciais do Ensino Fundamental, do Curso de Pedagogia à distância da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, no Centro Infantil Estrela do Mar, localizado na cidade de Extremoz/RN em uma turma do 5º ano “C” do ensino fundamental I.

As observações e regência ocorreram durante quatro meses, sendo doze dias destinados exclusivamente a regência. Assumimos a regência nesta turma que nos acolheu e nos reconheceu como professora. Durante este período, vivenciamos a realidade do contexto escolar, refletimos sobre o papel do professor e partilhamos conhecimentos. Nesse contexto, aprendemos na escola que o olhar e o escutar de forma crítica e reflexiva nos propiciam novas reelaborações. “Um olhar que escuta, ouve e aprende a ver o outro, a realidade cria e busca a sintonia do outro, do grupo e de outras pessoas” (PIMENTA; LIMA, 2008, p.104).

No contexto dessas discussões, Alarcão (2005) destaca que o professor deve ser um prático e um teórico da sua profissão. Para a autora, “a reflexão sobre o seu ensino é o primeiro passo para quebrar o ato de rotina, possibilitar a análise de opções múltiplas para cada situação e reforça a sua autonomia face ao pensamento dominante de uma dada realidade” (ALARCÃO, p. 82-83).

Partindo dessa compreensão, podemos afirmar que a ação-reflexão-ação deve fazer parte da profissão do pedagogo, para que a sua práxis2 promova transformação no ambiente escolar. Assim, o estágio se configura como uma possibilidade de fazer relações entre teoria e empiria, de conhecer a realidade da profissão, e refletir sobre a sua identidade enquanto

2Práxis: No sentido mais simples, práxis é ação, em contrate direto com teoria. É mais sobre o que fazemos do

que sobre o que pensamos. Poderíamos, por exemplo, ter ideias sobre o que causa a desigualdade e a pobreza (teoria), mas se implementamos ou não essas teorias em um esforço para eliminar a pobreza é uma questão de práxis. Karl Marx utilizou o termo para referir-se a toda ação intencional, ao processo criativo através do qual pessoas trabalham, produzem bens e agem umas sobre as outras e sobre o mundo. É a práxis, argumentava Marx, que está no amago da existência humana, e o que pensamos é importante apenas na medida em que molda e dá objetivo à ação. Dicionário de sociologia: Guia prático da linguagem sociológica. Front Cover. Allan G. Johnson. Zahar, May 1, 1997 - Social Science – 314p.

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professor e conhecer os saberes docentes do ser professor. A formação do professor, numa perspectiva crítico-reflexiva também é ressaltada por Antônio Nóvoa, para ele

[...] a formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autônomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada. Estar em formação implica um investimento pessoal, um trabalho livre e criativo sobre os percursos e os projectos próprios, com vistas à construção de uma identidade, que é também uma identidade profissional (1991, p. 25).

Essa identidade profissional é referendada pelas experiências vivenciadas através do estágio supervisionado. É fundamentado no estágio, que o aluno tem contato com a sua profissão e com profissionais, é através das trocas dialógicas que a prática se entrelaça com a teoria enriquecendo a formação da docente.

Durante o estágio supervisionado, fomos levados a fazer alguns questionamentos que nortearam a presente pesquisa e nos fez refletir sobre o papel do estágio na formação de professores. A tônica central desses questionamentos foi traduzida pela pergunta: Como o estágio supervisionado pode contribuir para a efetiva formação do professor?

Assim, este trabalho visa buscar subsídios para reflexão e respostas a esse questionamento. E tem como objetivos verificar a importância do Estágio Supervisionado na construção dos saberes docentes e as suas contribuições na construção da identidade dos docentes em formação e refletir sobre experiências vivenciadas durante o Estágio Supervisionado no Ensino Fundamental I.

A metodologia utilizada na pesquisa é de caráter qualitativo e teve como fontes de verificação consultas e revisões bibliográficas e observação participante por meio da regência. Acreditamos que a pesquisa trará elementos que irão colaborar para o entendimento da importância do Estágio Supervisionado na formação do professor.

2 REFLEXÕES SOBRE ESTÁGIO SUPERVISIONADO COMO DINÂMICA DE CONSTRUÇÃO DOS SABERES DOCENTES

O Estágio Supervisionado assume uma dinâmica no processo de formação dos docentes. É através dessa aproximação com a realidade da sala de aula e da escola, que os saberes docentes são vivenciados e aprendidos pelo docente em formação. O Estágio possibilita uma reflexão teórica sobre a prática, pois a prática sem as lentas teóricas se torna cega, permite ao professor em formação familiarizar-se ao ambiente de trabalho, assimilando progressivamente os saberes necessários à realização de suas atividades docentes (TARDIF, 2002). É possível

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depreender que é através da formação do profissional da educação, mediante ações orientadas em situações diárias no ambiente escolar, que os saberes docentes são assimilados, por intermédio dos arcabouços teóricos e da prática do estágio é possível desenvolver novos saberes e novas propostas.

A docência assume um importante papel na formação de professores, além dos saberes específicos, este processo de formação busca favorecer a formação de professores criativos, reflexivos, propositivos, críticos, capazes de lidar com o novo, mediadores do processo de ensino-aprendizagem e capazes de criar estratégias para superar possíveis desafios que possam surgir.

É na licenciatura, na formação inicial que os alunos deverão desenvolver conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como prática lhes coloca no cotidiano. (PIMENTA, 1999).

Esses saberes fazeres são construídos ao longo da formação, todavia o aluno ao chegar na formação inicial já tem saberes sobre o que é um professor. Os saberes advindos da sua experiência enquanto aluno, permite que identifique os bons e maus professores, aqueles que influenciaram positivamente e negativamente em sua vida e os que efetivamente colaboraram na sua construção enquanto ser humano. Também refletem sobre o ser professor quando tem contato com os meios de comunicação de massa e por meio de outros espaços da sociedade.

Conforme Pimenta (1999), os saberes docentes apresentam três categorias que compõem os saberes para docência, são eles: os saberes da experiência, os saberes do conhecimento e os saberes pedagógicos. Esses saberes são fundamentais para o exercício da docência e são reelaborados e construídos pelos professores a partir de suas experiências práticas vivenciadas nos contextos escolares.

Os saberes da experiência dos alunos advêm dos conhecimentos construídos durante a vida escolar e os saberes da experiência produzidos pelos professores no trabalho pedagógico cotidiano. Nesse sentido, enfatizamos a importância dos cursos de formação inicial em colaborar no processo de passagem dos alunos enquanto seu olhar sobre o professor e ao se perceber como professor. Para isso a vivência da prática deve permear a formação do professor em formação.

Para Tardif (2002), os saberes da experiência são fundamentais para a ação docente, aprendizados que ocorrem durante a ação da prática docente no contexto da escola, na sala de aula. Estes saberes são caracterizados por este autor como aqueles “adquiridos e necessários no

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âmbito da prática da profissão docente e que não provêm das instituições de formação nem dos currículos” (TARDIF, 2002, p.48).

Por isso, torna-se primordial que os professores em formação, vivenciem no espaço da escola as trocas dialógicas com seus pares e reflitam sobre a própria prática, a partir disso, poderá intervir e provocar mudanças na educação. Depreendemos que os saberes da experiência devem ser complementados pelos saberes do conhecimento e os saberes pedagógicos.

Os saberes do conhecimento não podem ser confundidos com o acúmulo de informações e nem se reduz o isso. Nesse contexto, é importante destacar que ter o domínio sobre os conhecimentos específicos não são garantias de que o aluno poderá ensinar bem. Todavia, se faz necessário compreender que “conhecer significa estar consciente do poder do conhecimento para a produção de vida material, social e existencial da humanidade” (PIMENTA,1999, p.22).

A escola enquanto instituição social tem como finalidade educativa favorecer a aprendizagem dos conhecimentos acumulados pela humanidade e valorizados pela sociedade em um dado momento histórico, e de ampliar as possibilidades de convivência social. Um dos desafios da escola hoje, na sociedade da informação, é formar indivíduos para a cidadania global, isto é, indivíduos críticos, pensantes, reflexivos e atuantes na sociedade.

Nesse contexto, precisamos compreender que a escola é responsável pela mediação entre a sociedade da informação e os alunos, produzindo, por meio da cultura, a humanização dos indivíduos. E que os saberes do conhecimento vão muito além de acúmulo de informações, é preciso analisar, contextualizar, refletir e dar sentido para a prática social.

Pimenta (1999) alega que para ensinar não bastam a experiência e os conhecimentos específicos, os saberes pedagógicos complementam o conjunto de saberes que constituirá a identidade do professor. É por meio desse saber que o futuro professor poderá relacionar teoria e empiria, refletir sobre o fazer pedagógico, a partir do seu próprio experiência formativa.

Nesta perspectiva, entende-se que o Estágio Supervisionado precisar ser compreendido e analisado, num processo de ação reflexiva e crítica na formação do docente e este deverá lhe dar condições de conhecer e experimentar a realidade escolar para compreender a carreira docente. Segundo Alarcão (2011) as concepções do professor reflexivo compreendem que a prática docente deve ser acompanhada de uma reflexão do seu fazer e do seu ser. Partindo desta compreensão, é fundamental uma formação superior que possibilite aos futuros professores uma análise constante da sua prática e da “ação-reflexão-ação”.

A reflexão sobre a ação e durante a ação, possibilita a ressignificação, reelaboração e reconstrução de novas compreensões deste conhecimento que será utilizado quando a situação

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cotidiana escolar exigir. Esta reflexão na ação profissional constitui os princípios fundamentais do professor reflexivo de acordo com Pimenta (2002).

Portanto, conhecer a partir da prática e refletir sobre ela, pode ser estimulado e realizado por intermédio do Estágio Supervisionado. O professor em formação deve considerar que o conhecimento não ocorre apenas na prática como também não só da teoria, mas na vinculação de ambos os saberes mediante o ato de aprender no exercício da profissão, visando uma ação transformadora.

2.1 AS CONTRIBUIÇÕES DO ESTÁGIO SUPERVISIONADO NA CONSTRUÇÃO DA IDENTIDADE DOS DOCENTES EM FORMAÇÃO

Revisitando, mesmo que brevemente a nossa história da educação, verificamos que no Brasil, são os Padres Jesuítas da Companhia de Jesus, os primeiros educadores da nossa história e que contribui inicialmente para construir a figura do que é ser professor. Estes educadores tinham como um dos seus objetivos catequizar os índios, ou seja, ensinar a sua cultura, e, consequentemente, imprimir a sua crença. Após a expulsão dos jesuítas, algumas pessoas passaram a ensinar arcando com os custos e também elegendo o que estudar. No século XIX, com a instituição dos cargos públicos as províncias passam a arcar com o pagamento dos salários dos professores. Limitando o número de professores contratados e remunerando com baixos salários os primeiros docentes. (VICENTINI E LUGLI, 2009)

O significado do que é ser professor começa a ser desenhado a partir da instituição da Escola Normal, local que formava os professores para a educação primária. Estes eram contratados pelas famílias para ensinarem aos seus filhos. Nesse período a memorização era o método privilegiado e o castigo físico servia para correção.

Nos dias de hoje a profissão docente é regulamentada e o significado do ser professor ainda está em construção, pois a medida que a sociedade se desenvolve esta profissão acompanha as exigências dos novos paradigmas. Espera-se ainda que o professor seja mediador do conhecimento, seja reflexivo e que a sua prática promova aprendizagens e cause impacto positivo na vida de seus estudantes.

Com tantas exigências, se faz necessário a formação inicial desse profissional, bem como, a formação continuada. É fato que o ser humano está em processo de construção durante toda a vida, e a nossa incompletude, nos pede, sim, uma formação ao longo da vida, ainda mais quando vivemos na sociedade da informação.

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O Estágio Supervisionado se propõe a contribuir na construção da identidade do futuro profissional. O professor precisa, antes de tudo, ser um ator reflexivo, ou seja, apropriar-se de teorias, refletir sobre sua prática pedagógica e a partir desse exercício de reflexão-ação, formular caminhos que favoreçam o processo de ensino-aprendizagem de seus educandos. Nessa linha teórica, Pimenta, ao tratar sobre a identidade do professor, defende que

Uma identidade profissional se constrói, pois, a partir da significação social da profissão, da revisão das tradições. Mas também da reafirmação de práticas consagradas culturalmente e que permanecem significativas. Práticas que resistem a inovações porque prenhes de saberes válidos às necessidades da realidade. Do confronto entre as teorias e as práticas, da análise sistemática das práticas à luz das teorias existentes, da construção de novas teorias. Constrói-se, também, pelo significado que cada professor, enquanto ator e autor, confere à atividade docente em seu cotidiano a partir de seus valores, de seu modo de situar-se no mundo, de sua história de vida, de suas representações, de seus saberes, de suas angústias e anseios, do sentido que tem em sua vida o ser professor. Assim como a partir de sua rede de relações com outros professores, nas escolas, nos sindicatos em outros agrupamentos. (PIMENTA,1999, p.19).

A formação do professor, nessa perspectiva, não se constrói por acumulação de conhecimento, esta vai sendo construído com base na significação social da profissão, no processo histórico do ser professor e a partir das representações que os docentes fazem de si. Esses fatores se entrecruzam e são adquiridos por meio da formação escolar, formação inicial, experiências diversas, processos de formação continuada, influências sociais, entre outros.

Para Barreiro e Gebran (2006, p. 20), “[...] O estágio é o lócus onde a identidade profissional é gerada, construída e refletida; volta-se para o desenvolvimento de uma ação vivenciada, reflexiva e crítica, devendo ser planejada gradativa e sistematicamente”. Ou seja, é através da prática no espaço escolar, que o aluno em formação aprende a refletir sobre a sua prática, a planejar, a conviver, a construir conhecimento, a mediar o ensino-aprendizagem.

O estágio supervisionado propicia a pesquisa, por isso, é importante compreendê-la como uma ação cotidiana e necessária para interpretar a realidade criticamente e reconstruí-la. Freire (2001, p. 32) afirma que “não há ensino sem pesquisa e pesquisa sem ensino”. Isto é, ensino e pesquisa são interdependentes e devem fazer parte da rotina do professor.

Segundo Imbernon (2011, p. 55), “Uma formação deve propor um processo que dote o professor de conhecimentos, habilidades e atitudes para criar profissionais reflexivos ou investigadores.” E essa formação deve viabilizar a inserção do docente no espaço da escola, pois é nela que os saberes pedagógicos são vivenciados.

Dessa maneira, o estágio assume um papel de grande relevância, não podendo ser concebido como uma ação desvinculada da formação. Deve ser compreendida como uma ação

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orientada em saberes teóricos impressos na prática no espaço da escola. Veiga (2008) afirma que na formação de professores, se faz necessário compreender a importância do papel da docência, propiciando uma profundidade científico-pedagógico que os capacite a enfrentar questões fundamentais da escola como instituição social, uma prática social que implica as ideias de formação reflexão e crítica. Pimenta e Lima acrescentam que

A identidade do professor é construída ao longo de sua trajetória como profissional do magistério. No entanto, é no processo de sua formação que são consolidadas as opções e intenções da profissão que o curso se propõe a legitimar. (PIMENTA; LIMA, 2008, p.62)

Com isso, é basilar considerar a formação inicial do professor como uma fase de construção, descoberta e vivência de experiências que serão determinantes na construção da sua identidade docente.

Nessa perspectiva, Pimenta e Lima (2008) sinalizam que a identidade é uma construção efetivada pela própria pessoa no decorrer de sua existência. São resultantes de nossas próprias escolhas, orientações e auto definições, mas ressaltam que não as construímos sozinhos, ao contrário, somos influenciados pelo contexto sócio histórico ao qual estamos situados. Portanto, o Estágio Supervisionado, da vivência no espaço da escola, na prática educacional favorecem a construção da identidade do ser professor.

2.3 REFLEXÕES SOBRE EXPERIÊNCIAS VIVENCIADAS DURANTE O ESTÁGIO SUPERVISIONADO III.

Ao entrar no curso de pedagogia ficamos ansiosos para o momento do estágio, pois é nele que buscaremos aplicar os conhecimentos teóricos adquiridos durante a formação. É o estágio uma etapa fundamental para construir o ser professor. Para Andrade, o Estágio

É portanto, uma importante parte integradora do currículo, a parte em que o licenciando vai assumir pela primeira vez a sua identidade profissional e sentir na pele o compromisso com o aluno, com sua família, com sua comunidade com a instituição escolar, que representa sua inclusão civilizatória, com a produção conjunta de significados em sala de aula, com a democracia, com o sentido de profissionalismo que implique competência - fazer bem o que lhe compete”. (ANDRADE, 2005, p.02)

É neste espaço, por meio do diálogo, da pesquisa, da ação-reflexão que o conhecimento vai se construindo. Momento no qual os profisionais formam a sua identidade, aprendem que o diálogo é a base para o sucesso de uma boa aula, além disso, cabe a cada um que encontra-se no estágio, investigar, estudar, planejar, criar, ser dinâmico e afetuoso para que as aulas sejam de fato um acontecimento para cada sujeito envolvido.

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O nosso estágio foi realizado no Centro Infantil Estrela do Mar que fica localizado na Rua Almirante Ernesto de Melo Junior, S/N, Conjunto Estrela do Mar, Extremoz – RN em uma turma do 5º ano “C” (A turma contava com 27 alunos, sendo um com deficiência física e intelectual) do turno matutino e contou com a colaboração da professora da turma. Ao conversar com os alunos e observar as aulas da professora, foi possível verificar que os alunos apresentavam dificuldades na leitura, na escrita e na matemática.

A partir do diagnóstico realizado na turma, foi elaborado um projeto de intervenção para ser executado durante o período da regência. Investigar a realidade, fundamentados no diagnóstico, nos permitiu entender a melhor forma de trabalhar com os alunos. Por isso, diagnosticar a realidade é fundamental antes da elaboração de qualquer atividade. E nesse processo que encontraremos os elementos necessários para que o professor tenha um ponto de partida e subsídios para produzir um projeto de intervenção que atenda às necessidades da escola e dos estudantes. Ainda na perspectiva do diagnóstico, Libâneo ressalta que

O diagnóstico consiste no levantamento de dados e informações para se ter uma visão de conjunto das necessidades e problemas da escola e facilitar a escolha de alternativas de solução. O diagnóstico alimenta o Projeto Pedagógico-curricular. Possibilita o conhecimento das características, expectativas e necessidades da escola e da comunidade, que afetam o processo de ensino e aprendizagem. De fato, o diagnóstico apresenta um papel fundamental na definição de diretrizes e metas para a organização pedagógica e administrativa da escola. (LIBÂNEO, 2003, p. 250)

Podemos depreender que o diagnóstico é uma forma do estagiário conhecer a dinâmica escolar, verificar as dificuldades dos alunos no processo de ensino-aprendizagem e com isso verificar elementos para embasar a construção de possíveis projetos de intervenção e as aulas que serão ministradas.

Foi a partir do diagnóstico realizado na turma que o projeto de intervenção: “Redescobrindo o mundo da leitura e da escrita por meio dos gêneros textuais” foi elaborado. Verificamos a partir da sondagem a dificuldade da turma em relação a apropriação da leitura e escrita.

A regência ocorreu durante doze dias, nos quais assumimos o papel de professora nessa turma que nos acolheu e nos reconheceu como mestre. O presente projeto teve como objetivo principal contribuir para a melhoria do ensino e aprendizagem tanto na leitura como na escrita, oportunizando ao aluno o desenvolvimento nas produções textuais, bem como, trabalhar as diversidades de textos em situações concretas e reais de comunicação.

Nesta perspectiva, utilizamos os gêneros: narrativa, texto científico, carta, bilhete, contos, dentre outros, que foram trabalhados dentro de duas temáticas: “A Páscoa” e o

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“Respeito as diferenças”. A partir deste projeto, os alunos tiveram a possibilidade de aperfeiçoar a sua comunicação e o aprendizado da leitura, que refletiu positivamente na leitura e na escrita. Para efetivarmos nossas aulas, realizamos o planejamento de todas as aulas. Este é uma ferramenta necessária, e faz parte da vida do professor. É ele que dará o norte para o professor direcionar suas aulas e também avaliar se de fato os objetivos estão sendo alcançados. Por essa razão, a construção do planejamento de ensino é um elemento indispensável no âmbito do trabalho docente, uma vez que permite maior clareza pedagógica, segurança e sistematização em torno dos processos de ensino e de aprendizagem.

O planejamento faz parte da vida de qualquer indivíduo, em todos os momentos, seja para tomar decisões ou definir posicionamentos. O trabalho do professor na escola requer planejamento para atingir os objetivos propostos. O planejamento deve retratar a prática pedagógica da escola e do professor, mas não de forma mecânica, engessada, burocrática ou repetitiva. No tocante ao planejamento, Freire defende que

[...] todo planejamento educacional, para qualquer sociedade, tem de responder às marcas e aos valores dessa sociedade. Só assim, é que pode funcionar o processo educativo, ora como força estabilizadora, ora como fator de mudança. Às vezes, preservando determinadas formas de cultura. Outras, interferindo no processo histórico instrumental. (FREIRE, 1986, p. 23). Ensinar nessa perspectiva é promover a libertação do indivíduo para que este se torne autônomo e protagonista de sua própria aprendizagem. Por isso, o planejamento é fundamental, para permitir que o aluno participe dos processos de ensino e de aprendizagem e que este consiga perceber que o conhecimento é algo que precisa ser reelaborado.

O planejamento das aulas, contou com a colaboração da professora titular da turma. O processo também nos permitiu observar fragilidades no planejamento das aulas, tendo em vista a falta de aporte pedagógico e de horários reservados na escola para esta atividade. Durante o estágio, recorremos ao horário do intervalo das aulas para pensar em estratégias e atividade a serem realizadas com os alunos.

Destacamos que é por meio do planejamento que o professor organizar a sua prática, podendo rever as metodologias, os conteúdos, as práticas pedagógicas, refletir sobre elas e se necessário modificar para atingir os objetivos propostos. Para Nóvoa (1995, p. 25) “A formação deve estimular uma perspectiva crítico-reflexiva, que forneça aos professores os meios de um pensamento autónomo e que facilite as dinâmicas de autoformação participada”.

Durante as aulas, os alunos foram protagonistas do processo de ensino-aprendizagem. Colaboraram no planejamento das atividades e executaram da melhor forma possível. Tardif (2010, p. 13) destaca que ensinar "é saber agir com outros seres humanos que sabem que lhes

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ensino; é saber que ensino a outros seres humanos que sabem que sou professor". Para esse autor, a profissão docente é uma ação relacional sobre o outro, o aluno. Ainda nessa perspectiva, Pimenta contribui afirmando que

Para além da finalidade de conferir a habilitação legal ao exercício profissional docência, do curso de formação espera que forme o professor. Ou colabore para sua formação. Melhor seria que colabore para o exercício da atividade docente, uma vez que professorar não é atividade burocrática, a qual se adquire conhecimentos e habilidades técnico-mecânicas. Dada à natureza do trabalho docente, que é ensinar como contribuição ao processo de humanização dos alunos historicamente situados, espera-se da licenciatura que desenvolva nos alunos conhecimentos e habilidades, atitudes e valores que lhes possibilitem permanentemente irem construindo seus saberes-fazeres docentes a partir das necessidades e desafios que o ensino como a prática social lhes coloca no cotidiano. (PIMENTA, 1999, p. 17-18).

Dessa maneira, o estágio possibilita o contato direto com os saberes docentes e com a dinâmica da sala de aula. Os desafios diários, a construção do conhecimento, o entendimento da rotina da sala de aula e a diversidade que existe na escola pode ser vivenciada e sentida durante o estágio supervisionado.

Um fato que nos chamou atenção e reforça a ideia de que o conhecimento ainda é visto como algo fragmentado, foi ao estudarmos a “história da páscoa”, englobamos conhecimentos históricos, geográficos, religiosos e matemáticos. E os alunos, perguntavam se esse assunto era de português. Por entendermos que essa prática favorece a aprendizagem, tivemos a preocupação de trabalhar os conteúdos de forma integrada, de forma que as disciplinas dialogassem entre si.

A temática “Respeito às Diferenças” abordada no projeto surgiu a partir da observação em relação as relações entre os alunos. Os apelidos pejorativos como “gordo”, “feioso”, “nego véi” nos chamou atenção, e decidimos trabalhar as diferenças com o intuito dos alunos compreenderam as diversidades e respeitarem as diferenças.

Trabalhamos textos históricos que traziam a diversidade do povo brasileiro, as diferenças regionais, como costumes, os sotaques. Os alunos também tiveram a oportunidade de conhecer como as características biológicas, a partir do DNA, de cada indivíduo são formadas. Os alunos foram muito participativos, se engajaram nas leituras coletivas, produziram textos e mostraram-se abertos para as reflexões no tocante à etnia.

É fundamental que o aluno aprenda a ler e a escrever no contexto das práticas sociais da leitura e da escrita, de modo que estes se tornem, ao mesmo tempo, alfabetizados e letrados. Segundo Soares (1998, p. 47) “isso significa levar o aluno a se apropriar do código escrito e,

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ao mesmo tempo, viabilizar o seu acesso aos materiais escritos presentes na sociedade, criando inclusive situações que tornem necessárias e significativas práticas de leitura e de escrita”.

Durante os dias de regência, verificamos que na escola pública existem muitas dificuldades, em relação a infraestrutura, material de trabalhado, recursos humanos entre outros. Essas fragilidades interferem diretamente no processo de ensino-aprendizagem, exigindo de nós, futuros pedagogos, professores, maior envolvimento na resolução dos desafios diários. Além disso, a desvalorização da profissão reflete diretamente na autoestima do professor, que muitas vezes não se reconhece como agente de transformação da realidade.

Considerando que a práxis se expressa no trabalho pedagógico como ação, reflexão e transformação do sujeito que dele participa, a sobrecarga de trabalho, a diversificação de tarefas do professor, as dificuldades de formação continuada e de estudos entre os pares, a não priorização dos planejamentos coletivos e dos entraves à valorização da carreira docente, reflete no trabalho docente.

O professor Nóvoa (2008, p. 231), defende que para superar essa fragilidade e necessário que “se caminhe para a promoção de espaços entre pares, de trocas de partilhas como possibilidade de potencializar os princípios do coletivo e cultura profissional dos professores”. Essa alternativa deve se unir a outras formas de buscar o fortalecimento do professor na sociedade, com a consequente valorização profissional, melhores condições de trabalho e reconhecimento da sociedade para a importância dessa profissão.

3 PERCURSO METODOLÓGICO

A pesquisa desenvolvida neste trabalho é de cunho qualitativo, pois visa, por meio da inserção no espaço da escola, a partir da disciplina do Estágio Supervisionado III, a construção de conhecimentos acerca da prática docente e a contribuição para o ensino-aprendizagem da turma do 5º ano “C” do ensino Fundamental I.

A pesquisa qualitativa no campo da educação oferece subsídios não observados na pesquisa quantitativa. Para Gamboa (1996, p.115), é a pesquisa de cunho qualitativo que envolve as complexidades da educação, pois permite “a intersubjetividade e a manifestação dos sujeitos incluídos na pesquisa, tais como entrevistas abertas, histórias de vida, discursos, opiniões e depoimentos.” Deste modo, é na pesquisa qualitativa que tentamos verificar a importância do estágio supervisionado na formação da identidade docente no espaço escolar.

Baseados nessa premissa metodológica, o aluno em formação tem a oportunidade de fazer parte do espaço da escola, na pesquisa ele é partícipe do processo como pessoa, aprendiz,

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profissional, construtor, como alguém que reflete, pensa, decide, intervém e se angustia. Sobre isso Ghedin e Franco acrescentam ser nesse contexto que

Surgem questões relativas à identidade, à emancipação, à autonomia. À medida que os personagens falam, que se expressam, exprimem sentimentos, olham para si e querem perceber-se, vão surgindo ao pesquisador as questões de papéis sociais, de identidade, da busca do espaço existencial, bem como as do querer ser [...] (GHEDIN e FRANCO, 2011, p.64)

Para realização desta pesquisa adotamos os seguintes procedimentos metodológicos: revisão bibliográfica e a observação participante. Para a revisão bibliográfica dialogamos com os seguintes autores: Pimenta (1999); Tardif (2002); Freire (2001) e Nóvoa (1991) dentre outros. As revisões bibliográficas se deram durante todo o processo da pesquisa, e nos embasou nas análises feitas diante da problemática pesquisada. De acordo com Lakatos e Marcone a finalidade da pesquisa bibliográfica

[...] é colocar o pesquisador em contato direto com tudo o que foi escrito, dito ou filmado sobre determinado assunto, inclusive conferências seguidas de debates que tenham sido transcritos por alguma forma, querem publicadas, quer gravadas”. (LAKATOS E MARCONE, 2003. p. 183)

Dessa forma, a revisão bibliográfica é imprescindível para a pesquisa, e não pode ser confundida com a repetição do que já foi dito ou escrito sobre certo assunto. A revisão de literatura dará subsídios para a investigação de um tema, sob novo enfoque ou abordagem, chegando a conclusões inovadoras.

Na intenção de enriquecer a nossa pesquisa também utilizamos como estratégia metodológica a observação participante. Adentramos ao espaço da escola e durante alguns dias observarmos e vivenciamos a rotina da escola e o ser professor.

A observação participante, segundo Lakatos e Marcone (2003), consiste na participação real do pesquisador com a comunidade ou grupo. Enquanto estagiária fomos incorporada ao espaço da sala de aula e fiz parte dela, a partir do planejamento, da atuação junto a professora titular e na execução do projeto de intervenção.

Nessa perspectiva, Mann (1970, p. 96) destaca que a observação participante é uma "tentativa de colocar o observador e o observado do mesmo lado, tomando-se o observador um membro do grupo de molde a vivenciar o que eles vivenciam e trabalhar dentro do sistema de referência deles". Assim, na observação participante o pesquisador vivencia pessoalmente o fato de sua análise para melhor entendê-lo, participa nas relações sociais e procura entender as ações no contexto da situação observada.

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Fundamentado nessa metodologia, procuramos entender a importância do estágio supervisionado na formação inicial de um futuro docente, a partir de uma experiência real e concreta. Procuramos destacar também a importância do estágio supervisionado na construção dos saberes docentes e na formação da identidade do professor.

4 REFLEXÕES DOS RESULTADOS

Durante o estágio supervisionado, a partir da observação e intervenção, verificamos ser esse o espaço no qual o professor em formação aprende a profissão docente. A vivência no contexto da escola, no espaço da sala de aula, as impressões, o contato com os alunos foi de grande importância para consolidar a nossa identidade enquanto professora.

A concepção do professor como pesquisador, aquele que no contexto escolar consegue aliar a sua prática com a teoria, foi percebida na nossa vivência na escola. O ser professor precisa ter a pesquisa como parte da sua profissão, da sua prática docente. Pimenta e Lima afirmam que

A pesquisa no estágio como método de formação de futuros professores, se traduz, de um lado, na mobilização de pesquisas que permitam a ampliação e análise dos contextos onde os estágios se realizam; por outro lado, e em especial, se traduz na possibilidade de os estagiários desenvolverem postura e habilidades de pesquisador a partir das situações de estágio [...]. (PIMENTA, 2008, p.46).

Orientados por essa premissa teórica, entendemos que o estágio como pesquisa possibilita ao docente em formação, o conhecimento sobre os saberes da profissão. Saberes docentes antes vistos na teoria e no estágio da prática. Saberes que uma vez aprendidos refletirão na atuação do futuro professor.

O estágio supervisionado possibilitou o entendimento de que a reflexão deve fazer parte da vida do professor. Freire (2001, p. 39) afirma que “é pensando criticamente a prática de hoje ou de ontem que se pode melhorar a próxima prática”. É pensar sobre a prática, refletir criticamente e modificá-la para que ocorra transformação.

De acordo com Libâneo a “reflexividade é uma característica dos seres racionais conscientes; todos os seres humanos são reflexivos, todos pensamos sobre o que fazemos” (LIBÂNEO, 2010, p. 55). Nesse sentido, a reflexão sobre a prática e durante a prática, possibilita ao professor ressignificar e dar sentido a sua práxis.

Nessa perspectiva, a pesquisa permeada pelo estágio supervisionado, nos permitiu verificar a importância desse processo para a formação do professor. Por intermédio do estágio conhecemos o espaço da escola, a rotina da sala de aula, os saberes pedagógicos a importância

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da teoria e da prática para o trabalho docente. O estágio supervisionado contribui para a formação da identidade docente e abre possibilidades tanto para o estudante em formação como para a escola que o recebe, pois a partir do diálogo e da troca de saberes, novos saberes são construídos e ressignificados.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Tendo a compreensão de que o ensino e sociedade caminham juntos, nos faz entender qual concepção de educação, de homem, de sociedade que queremos construir. Uma sociedade mais justa e democrática, com seres humanos, mais solidários, autônomos e participantes das decisões da sociedade.

Com esse entendimento, a pesquisa realizada apontou ser o estágio supervisionado o momento no qual o professor em formação aprende a importância do planejar, organizar os objetivos, os conteúdos, os procedimentos empreendidos na relação professor-aluno, que vai além de ensinar conteúdos, pois contribui para a transformação da realidade social nas quais os alunos advindos de escolas públicas vivenciam.

A vivência no contexto da escola, a partir do estágio supervisionado, foi de suma importância na nossa formação, pois nos possibilitou contextualizar os conteúdos estudados em nosso curso, favorecendo, uma análise crítico-reflexiva, acerca do estudado em sala de aula. Vislumbramos que através do profissionalismo e das relações de afetividade do professor para com seus alunos, há possibilidade de haver melhorias significativas na qualidade do ensino e consequentemente na qualidade da educação.

O Estágio Supervisionado insere o aluno no espaço de trabalho e o faz vivenciar na prática o saber e o fazer docente. A partir dessa experiência entendemos e acreditamos que o processo de ensino e aprendizagem, se dá a partir da interação entre educador e educandos. Se dá também a partir do comprometimento político que o professor tem com a educação. Até por que não existe educação que seja politicamente neutra. Ser professor é assumir um posicionamento político, é conviver com as mudanças diárias, é saber lhe dar com o novo, é ter consciência de que a sua profissão exige uma formação continuada, ao longo da vida.

A cada aula ministrada, a cada encontro, percebíamos que era fundamental ir ajustando o planejamento, fazendo as adequações necessárias, inclusive divido a falta de material na escola para se trabalhar, como papel oficio, piloto, cola e etc. A vivência que o estágio nos proporcionou, nos faz entender a importância da formação continuada para a vida profissional do professor. E deve ser no processo da ação-reflexão-ação que a nossa atuação em sala de aula

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deve ser balizada, tendo em vista que a nossa práxis deve transformar realidades.

Entender a dinâmica da escola nos permite estabelecer uma relação entre a situação real encontrada e os estudos teóricos, o que oportuniza uma melhor compreensão por parte do aluno que está em processo de formação. Os desafios são postos todos os dias nesse universo que é a escola, seja de infra estrutura, seja de desvalorização da carreira do professor, porém, cabe a cada um de nós superá-los, buscando alternativas para ultrapassá-los.

Concluímos o estágio com muitas expectativas de provocar mudanças, mais também com muitos questionamentos, como por exemplo: Por que nós professores nos submetemos a aceitar trabalhar em condições tão precárias? Por que a comunidade não cobra os seus direitos, já que se paga impostos altíssimos? Como buscar a valorização dessa profissão que é tão fundamental na sociedade? Como desmistificar a ideia de que ser professor é sacerdócio e se trabalha apenas por amor?

São questões que deverão ser respondidas, ou não, ao longo do tempo, e como seres inacabado e inconclusos que somos, esperamos encontrar respostas e contribuir para que a educação pública desse país seja de fato equitativa, de qualidade e democrática.

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