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Medicamentos controlados e emagrecimento: uma reflexão sobre o seu uso associado à padrões estéticos

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1 UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE

Curso de graduação em Farmácia

Melissa Natália Farache Medeiros

MEDICAMENTOS CONTROLADOS E EMAGRECIMENTO: UMA REFLEXÃO SOBRE O SEU USO ASSOCIADO À PADRÕES ESTÉTICOS

NATAL/RN 2020

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2 Melissa Natália Farache Medeiros

MEDICAMENTOS CONTROLADOS E EMAGRECIMENTO: UMA REFLEXÃO SOBRE O SEU USO ASSOCIADO À PADRÕES ESTÉTICOS

NATAL/RN 2020

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

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3 Ficha catalográfica elaborada pelo Sistema de Bibliotecas (SISBI/UFRN), com

dados fornecidos pela autora. Medeiros, Melissa Natalia Farache.

MEDICAMENTOS CONTROLADOS E EMAGRECIMENTO: UMA REFLEXÃO SOBRE O SEU USO ASSOCIADO À PADRÕES ESTÉTICOS / Melissa Natalia Farache Medeiros. - Natal, 2020. 30f.: il.

Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, TCC (Graduação - Farmácia).

Orientador: Deyse de Souza Dantas.

1. Medicamentos da portaria 344/98. 2. Perda de peso. 3. Padrões estéticos. I. Dantas, Deyse de Souza. II. Título.

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4 Melissa Natália Farache Medeiros

MEDICAMENTOS CONTROLADOS E EMAGRECIMENTO: UMA REFLEXÃO SOBRE O SEU USO ASSOCIADO À PADRÕES ESTÉTICOS

Presidente: Profa. Deyse de Souza Dantas, Dra. - Orientadora, UFRN

Membro: Emanuelly Bernardes de Oliveira da Silva

Membro: José Queiroz Silva

Natal, 23 de junho de 2020

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao curso de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para obtenção do título de Bacharel em Farmácia.

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A minha família, Pelo incentivo e amor.

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AGRADECIMENTOS

A todos que contribuíram para a realização deste trabalho, fica expressa aqui minha gratidão, especialmente ao meu marido Thennyson, minha mãe e meu irmão, Mariza e José, minha orientadora Deyse, aos professores do curso de Graduação em Farmácia da UFRN e aos meus amigos, Aninha, Sarah, Arlan e Mike, os quais pretendo levar para o resto da vida.

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7 “Um líquido é um estado de matéria sem formato específico. Muda facilmente e se molda ao recipiente que o contém. O corpo humano é 70% água.” (Beto Chacon).

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RESUMO

Contempla aspectos relativos ao uso de medicamentos controlados para fins de emagrecimento, especificamente a Sibutramina, o Cloridrato de Fluoxetina, o Topiramato, e o Dimesilato de lisdexanfetamina, levando em consideração a influência da mídia na busca de um padrão estético magro, bem como o uso irracional desses medicamentos, demonstrando os potenciais riscos e benefícios associados à prescrições dos mesmos. Este estudo é uma revisão literária narrativa realizada em três bases de dados (Scielo, Google Acadêmico e Medline) conduzido através das palavras-chave: “Medicamentos da portaria 344/98”, “perda de peso” e “padrões estéticos” e selecionados por meio de análise crítica dos conteúdos relacionados a Portaria 344/98 e propriedades anorexígenas dos medicamentos acima citados. Conclui-se, portanto, que é de fundamental importância a atuação do farmacêutico na orientação aos pacientes sobre o uso adequado desses medicamentos, estabelecendo uma importante ferramenta no cuidado ao usuário, tendo em vista o potencial de dependência gerada por essas substâncias, reduzindo assim, os riscos associados a farmacoterapia.

Palavras-chave: Medicamentos da portaria 344/98. Perda de peso. Padrões estéticos.

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ABSTRACT

It includes aspects related to the use of controlled drugs for weight loss purposes, specifically Sibutramine, Fluoxetine Hydrochloride, Topiramate and Lysdexamphetamine Dimesylate, taking into account the influence of the media in the search for a lean aesthetic pattern, as well as the use of these drugs, demonstrating the potential risks and benefits associated with prescribing them. This study is a narrative literary review conducted in three databases (Scielo, Google Scholar and Medline) conducted through the keywords “medicines of ordinancy 344/98”, “weight loss” and “aesthetic standards” and selected through critical analysis contents related to Ordinance 344/98 and anorexigenic properties of the drugs mentioned above. It is concluded, therfore, that the role of pharmacist in guiding patients on the proper use of these drugs is of fundamental importance, establishing na important tool in user care, in view of the potential for dependence generated by these substances, thus reducing, the risks associated with pharmacotherapy.

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10 SUMÁRIO 1. INTRODUÇÃO 11 2. MATERIAISE MÉTODOS 15 3. RESULTADOS E DISCUSSÃO 17 4. CONCLUSÃO 26 5. REFERÊNCIAS 27

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1. INTRODUÇÃO

Devido às mudanças alimentares e estilo de vida, a prevalência da obesidade aumentou em cerca de três vezes em todo o mundo, desde 1980. (FERREIRA; SZWARCWALD; DAMACENA, 2019). Essa é a doença mais comum e crônica na sociedade moderna e induz anormalidades metabólicas que colaboram para o desenvolvimento da diabetes mellitus e doenças cardiovasculares, as quais necessitam de tratamento a longo prazo e estão associadas a alto risco de morbidade e mortalidade (BERNARDES; PAIVA, 2015).

A prevalência desta doença nos últimos anos se manteve estável. Desde 2015, a taxa da obesidade no Brasil ficou em 18,9%. No entanto, dados avaliados pela Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por inquérito telefônico trouxe dados referentes ao crescimento de 67% na taxa da obesidade entre 2006 a 2018 (SAÚDE, 2019).

A causa da obesidade está relacionada com diversos fatores, seja ele ambiental, cultural e/ou genético, não se podendo separar com clareza essas condições (PEREIRA DOS SANTOS; DA SILVA; RIBEIRO MODESTO, 2019). Dentre as variáveis ambientais, a que mais tem influência no estilo de vida dos indivíduos é a mídia, estimulando a realização de determinadas atitudes pela sociedade contemporânea (DUTRA; SOUZA; PEIXOTO, 2015).

Somado à esta problemática, a construção cultural do corpo da sociedade atual desenvolveu a intensificação das pressões sociais em busca da magreza extrema (AMARAL, 2015).

Este fato tornou a dedicação de tempo e dinheiro para cuidar do corpo uma atitude bem vista, enquanto que o inverso pode sugerir falta de cuidados (PEREIRA DOS SANTOS; DA SILVA; RIBEIRO MODESTO, 2019).

O mundo hoje vive um processo de globalização da beleza, onde as formas são padronizadas, no qual a “beleza magra” é sinônimo de “sucesso”, “felicidade” e “poder”. Os principais meios de comunicação apresentam modelos corporais pertinentes com o capitalismo, nos quais é preciso se

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12 adaptar ao mesmo como uma fôrma. (COSTA; MELNIK, 2016; DUTRA; SOUZA; PEIXOTO, 2015).

Existe também uma considerável debilidade psicológica relacionada ao indivíduo obeso, contribuindo para o aparecimento de quadros de depressão, redução da autoestima e das perspectivas de relacionamento social (COSTA; MELNIK, 2016).

Nesse contexto, o tratamento farmacológico com a finalidade de emagrecimento passou a ser uma alternativa bastante recorrida no meio médico. O tratamento da obesidade é de suma importância e deve ter como foco principal melhorar o bem-estar e a saúde metabólica do indivíduo (SILVA; RODRIGUES; BONELLI, 2019).

No entanto, a prevalência de prescrições inadequadas para essa finalidade se tornou comum, o que de fato é preocupante, pois sabe-se que o uso indiscriminado de medicamentos controlados pode trazer prejuízos a saúde do usuário(SHEEHAN et al., 2014).

Medicamentos úteis no tratamento da obesidade devem possuir algumas características imprescindíveis para o sucesso da sua finalidade terapêutica. Dentre essas características, pode-se citar: demonstrar potencial para reduzir o peso corporal e conduzir a melhoria das comorbidades causadas pelo aumento do peso; possuir efeitos colaterais toleráveis e/ou transitórios; não apresentar propriedades de dependência; possuir eficácia e segurança mantidas em longo prazo e ter um custo razoável(AMARAL, 2015; COSTA; MELNIK, 2016).

É importante destacar que estes medicamentos não devem ser utilizados para fins unicamente estéticos, e quando usado, e deve estar associado a dieta e exercícios físicos (LUCAS, 2019).

Alguns medicamentos usados para tratamento de emagrecimento a longo prazo já foram aprovadas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), como a Sibutramina (nomenclatura comercial de referência, Reductil®), por exemplo. Outros fármacos estão sendo utilizados de forma off

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13 Topiramato (Topamax®), e o Dimesilato de lisdexanfetamina (Venvanse ®)

(ANVISA, 2010).

Essas substâncias constam na Portaria SVS/MS nº 344, de 12 de maio de 1998 que compreende os riscos associados ao uso inadequado desses fármacos, os quais estão relacionados principalmente a dependência física ou psíquica (BRASIL, 1998).

Na tabela 1, estão listados os medicamentos utilizados para fins de emagrecimento, bem como o seu mecanismo de ação que pode estar relacionado com a perda de peso e os seus efeitos colaterais (BERNARDES; PAIVA, 2015)

Nessa perspectiva, a incorporação de ações de monitoramento e avaliação do tratamento farmacológico é uma necessidade nos serviços que constituem a assistência em saúde (SILVA; RODRIGUES; BONELLI, 2019).

Assim, é de fundamental importância a atuação do farmacêutico na orientação ao paciente, sobre o uso adequado do medicamento a fim de reduzir possíveis riscos associados à terapia farmacológica, tendo em vista que o uso dessas substâncias pode causar dependência por atuar diretamente no sistema nervoso central bem como interagir com outros medicamentos causando reações adversas potenciais (ANDRADE et al., 2019).

Essa função educativa constitui uma importante ferramenta no cuidado ao usuário, estabelecendo uma relação multidisciplinar com os profissionais da medicina (COSTA; MELNIK, 2016; SHEEHAN et al., 2014).

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Tabela 1 - Mecanismo de ação e efeitos colaterais de drogas utilizadas para fins de emagrecimento

Drogas supressoras de apetite

Mecanismo de ação que pode causar o emagrecimento Efeitos colaterais Sibutramina Supressão da recaptação de serotonina e norepinefrina. Aumento dos batimentos cardíacos e da pressão arterial, nervosismo, insônia, rinite, faringite, cefaleia,

boca seca e

constipação.

Fluoxetina Inibidor da recaptação

de serotonina.

Agitação, nervosismo, ansiedade, constipação.

Topiramato Estímulo da enzima

lipase e quebra dos triglicérides. Perda de memória, alteração de humor, redução da concentração. Dimesilato de lisdexanfetamina Bloqueio da recaptação de dopamina e aumento na liberação de dopamina e noradrenalina. Perda de apetite, insônia, agitação, irritabilidade.

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2. MATERIAIS E MÉTODOS

Para a elaboração desta revisão de literatura, foram pesquisados artigos científicos e a legislação referente à substâncias e medicamentos sujeitos a controle especial, disponíveis no site do Ministério da Saúde, da ANVISA e nas revistas pertinentes a área, com produções que utilizaram abordagem qualitativa em estudos na temática do emagrecimento com uso de medicamentos controlados da Portaria 344/98 e padrões estéticos.

A busca foi realizada no período de outubro a dezembro de 2019 nas seguintes bases de dados: Scielo, Google Acadêmico e Medline, utilizando como argumento de pesquisa as expressões: “Medicamentos da portaria 344/98”, “perda de peso” e “padrões estéticos”, a fim de se obter uma busca mais refinada (fluxograma 1).

Critérios de inclusão: artigos de pesquisas completos, revisões e

monografias, nas línguas portuguesa, inglesa e espanhola, publicados em periódicos científicos no período de 2015 a 2019.

Critérios de exclusão: editoriais, resenhas, relatos de experiências,

reflexões teóricas e resumos publicados em anais de eventos. Foram excluídos os artigos que não possuíssem relação direta com o tema. Também foram excluídos os artigos cuja descrição metodológica trazia informações insuficientes para o leitor entender o processo de pesquisa.

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3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

Ao total da busca, 24 artigos foram selecionados segundo os critérios estabelecidos, dentre esses, 15 foram lidos totalmente e os outros 6 foram lidos apenas o título e os resumos.

A ocorrência de doenças relacionadas à obesidade traduz em um cenário alarmante no mundo atual e de acordo com os dados da Organização Mundial da saúde, 25% dos indivíduos portadores dessa patogenia morrem por suas consequências diretas ou indiretas (SHEEHAN et al., 2014).

A Vigilância de Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico do Ministério da Saúde (VIGITEL), implantado em 2006 em todas as capitais dos estados brasileiros e no Distrito Federal, tem como objetivo principal monitorar a frequência e a distribuição de fatores de risco e proteção para doenças crônicas não transmissíveis por inquérito telefônico, além de descrever a evolução anual desses indicadores em nosso meio (BRASIL, 2019).

Dentre as doenças avaliadas pela VIGITEL incluem-se diabetes, obesidade, câncer, doenças respiratórias crônicas e cardiovasculares. Em sua última pesquisa, divulgada em julho de 2019, foi demonstrado um aumento de 67% na taxa de obesidade no Brasil entre o período de 2006 (11,8%) e 2018 (19,8%), como mostrado no gráfico 1 (BRASIL, 2019; DANIEL E SHUMER, NATALIE J NOKOFF, 2017)

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Gráfico 1 - Crescimento na taxa de obesidade na população com 18 ou mais anos de idade no Brasil – período 2006-2018.

Fonte: Adaptado Secretaria de Vigilância em Saúde - MS (2019).

Aliado a esse contexto, os padrões estéticos e o estereótipo de beleza do corpo magro fez com que o consumo de medicamentos anorexígenos bem como o uso off label de fármacos para essa finalidade se elevasse de forma indiscriminada desde o início da década de 90 (COSTA; MELNIK, 2016; DUTRA; SOUZA; PEIXOTO, 2015; SHEEHAN et al., 2014)

Denomina-se uso off label quando um medicamento é utilizado para uma indicação diferente daquela presente na bula. A inexistência de evidências científicas suficientes para autorização pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) pelo qual o medicamento está sendo utilizado faz com que os médicos redobrem sua atenção ao prescreverem fórmulas designadas para finalidades distintas do que é nomeado pelo órgão regulatório do país (ANVISA, 2010).

A percepção clínica dos profissionais da medicina sobre os efeitos colaterais de medicamentos controlados no que tange à questão do emagrecimento, resultou no aumento de prescrições nas receitas da Portaria 344/98 de substâncias que auxiliam na perda de peso, mesmo não tendo essa indicação aprovada pela ANVISA (ANVISA, 2010; BRASIL, 1998).

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19 Dados da Organização das Nações Unidas demonstram que a população brasileira é uma das maiores consumidoras de drogas inibidoras de apetite, ficando em terceiro lugar, perdendo apenas para Argentina e Estados Unidos (OPAS/OMS, 2019).

Já existe hoje no Brasil medicamentos regulamentados da classe dos moderadores de apetite, e dentre eles o mais comum é a Sibutramina (Figura 1), que deve ser comprado apenas com a presença da receita médica, especificamente o receituário azul numerado (BRASIL, 1998).

Figura 1 - Estrutura química da sibutramina.

Fonte: Adaptado istock.com.br

O problema é que na maioria das vezes, os prescritores deixam a desejar com relação a orientações sobre a procura de um profissional nutricionista e educador físico, tendo como consequência a recuperação de todo o peso perdido no período após tratamento farmacológico (SILVA; RODRIGUES; BONELLI, 2019; ZANELLA; AGUIAR; STORPIRTIS, 2015)

Algumas experiências clínicas com a sibutramina foram realizadas, e em um desses estudos, houve a evolução da perda de peso nos pacientes avaliados em comparação com o grupo placebo. Seus efeitos relacionados à redução do peso, do colesterol total, triglicérides, LDL e Hb A1c em pacientes obesos (Fluxograma 2) favoreceram o uso desse fármaco para o tratamento da obesidade e consequentemente para o emagrecimento (FRANCO; COMINATO; DAMIANI, 2014).

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20 A Sibutramina exerce sua ação inibindo a receptação de serotonina e norepinefrina, consequentemente reduzindo a ingestão de alimentos e aumentando a termogênese (AMARAL, 2015).

Pelo fato de afetar o sistema nervoso central, é contraindicada em algumas situações especiais. Dentre seus efeitos adversos, destaca-se: boca seca, aumento do apetite, insônia, obstipação, anorexia, cefaleia, sudorese, ansiedade, tontura, elevação da pressão e irritabilidade (ANDRADE et al., 2019).

Fluxograma 2 - Efeitos da sibutramina.

Fonte: Adaptado Franco, Cominato e Damiani (2014).

O consumo desse medicamento é predominante na população feminina (DE JESUS SANTOS et al., 2019). O fato preocupante é que alguns dados demonstram que determinadas usuárias afirmaram ter adquirido o medicamento sem a prescrição médica, e de acordo com a Portaria nº 344/98 – SMS/MS, 12 de Maio de 1998, que legisla sobre aspectos de prescrição e venda de medicamentos de controle especial, decreta que os fármacos anorexígenos sejam vendidos apenas sobre prescrição médica em receituário especial, Notificação de Receita “B” (Azul) para preparação em farmácias magistrais ou retenção de receita para comercialização em drogarias (OPAS, 2019; BRASIL, 1998).

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21 Esse incidente aponta para um cenário alarmante, tornando necessária a adoção de medidas imediatas no controle e fiscalização por parte dos órgãos responsáveis, impedindo que os comerciantes donos de farmácias não infrinjam as leis, os quais não dão a devida importância aos prejuízos que o uso irracional dos medicamentos pode trazer as usuárias (COSTA; MELNIK, 2016; OPAS, 2019).

Seu uso deve ser evitado em casos de problemas cardíacos e doenças mentais. Além disso, sua administração deve ser delicadamente avaliada em pacientes hipertensos, o protocolo normal de monitoramento é de: a cada duas semanas nos primeiros três meses, a cada quatro semanas nos próximos três meses, e pelo menos a cada três meses após esse período, demonstrado no fluxograma 3 (BARGA; ANSANELLO; NETTO, 2016; FRANCO; COMINATO; DAMIANI, 2014).

Fluxograma 3 - Protocolo de monitoramento de pacientes hipertensos usuários de sibutramina.

Fonte: Adaptado de Barga, Ansanello e Neto (2016).

Outra classe de medicamento vem sendo usada de forma cada vez mais comum, que são os antidepressivos inibidores da receptação de serotonina (ISRS), como por exemplo o Cloridrato de Fluoxetina (Figura 2). No Brasil, essa

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22 droga ainda não foi aprovada pela ANVISA para o uso na perda de peso (ANVISA, 2010; ARAÚJO et al., 2019).

Figura 2 - Estrutura química da Fluoxetina.

Fonte: Adaptado istockphoto.com

A fluoxetina é uma substância que demonstra eficiência no tratamento dos sintomas de depressão. Sua ação se baseia na inibição potente e seletiva da receptação de serotonina (5HT), intensificando a neurotransmissão serotoninérgica (Figura 3) (PINHEIRO et al., 2019). Esse fator tem como consequência a redução do consumo alimentar, o que leva a perda de peso (BARGA; ANSANELLO; NETTO, 2016).

A ação da serotonina nos núcleos hipotalâmicos mediais está relacionada à redução do apetite e à preferência por alimentos proteicos. Baixos níveis desta substância promove a fome e a escolha de alimentos ricos em carboidratos. Por esse fator, ela tem sido denominada como agente anorexígeno (LUCAS, 2019).

O alto potencial de perda de peso em pacientes obesos, com o uso desse medicamento, já é demonstrado nas comprovações clínicas, entretanto não há evidências da manutenção do peso a longo prazo, tendo aparecido efeito rebote e recuperação de todo o percentual de gordura perdido no período do uso da fluoxetina (AMARAL, 2015).

Seus principais efeitos colaterais estão relacionados ao aumento da agitação, nervosismo, ansiedade e sintomas gastrintestinais como obstipação. Indivíduos com comprometimento hepático devem avaliar o risco-benefício do

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23 uso deste medicamento, pois podem apresentar depuração reduzida da fluoxetina (ARAÚJO et al., 2019; BERNARDES; PAIVA, 2015; PATHAN; MENE; BAIRAGI, 2017).

Figura 3 - Mecanismo de ação da Fluoxetina.

Fonte: Adaptado UptoDate

O topiramato (figura 4), é um fármaco com propriedades anticonvulsivantes e tem sido utilizada na perda de peso. Foi avaliada uma melhora dos sintomas nos quadros de transtorno de compulsão alimentar em pacientes obesos. No entanto, a alta incidência de efeitos colaterais pouco tolerados pelos pacientes, como por exemplo: alterações de memória, humor e redução da concentração, demonstrou a inconveniência do seu uso para fins de emagrecimento (SHAPIRO, M. et al., 2016).

Seu mecanismo como agente redutor de peso em indivíduos ainda é desconhecido, porém em animais foi demonstrado um aumento na termogênese e na oxidação de gorduras através do estimulo da lipase no tecido adiposo.

Este medicamento como agente antiobesidade está associada a uma substancial perda de peso. Embora os efeitos colaterais desagradáveis sejam uma limitação do seu uso, o tratamento com topiramato não foi associado a eventos prejudiciais graves, fazendo dele uma ferramenta terapêutica adjuvante útil no tratamento da obesidade, principalmente em pacientes com distúrbios convulsivos (KAZEROONI; LIM, 2016).

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Figura 4 - Estrutura química do Topiramato.

Fonte: Adaptado istock.com.br

O Dimesilato de lisdexanfetamina (LDX) (figura 5), é um pró-fármaco estimulante de ação prolongada utilizado principalmente para sintomas do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH). Seus efeitos colaterais estão relacionados principalmente a perda de apetite e insônia (COGHILL et al., 2014).

Por ser um medicamento da classe das anfetaminas, é comum que haja perda de apetite, no entanto, a ANVISA ainda não regulamentou esse fármaco para fins de emagrecimento devido à falta de estudos e comprovações científicas suficientes que comprovem segurança e eficácia no tratamento da obesidade. Além disso, devido aos seus intensos efeitos estimulantes, pode causar abuso e dependência pelo usuário (GUERDJIKOVA et al., 2016).

No entanto, o Venvanse® vem sendo frequentemente prescrito como

substituto dos inibidores tradicionais do apetite, sem que os pacientes tenham conhecimento pleno de seus efeitos e riscos, como por exemplo: (1) eventos relacionados ao infarto do miocárdio e (2) acidente vascular cerebral (WARD; CITROME, 2018).

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Figura 5 - Estrutura química do Dimesilato de lisdexanfetamina.

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4. CONCLUSÃO

É possível observar que as mídias sociais estão cada vez mais interferindo no modo de vida da sociedade no geral, principalmente no âmbito estético, levando as pessoas à tomarem medidas que muitas vezes não são as ideais para atingir o padrão de beleza magro, como o consumo irracional de medicamentos considerados anorexígenos. Esse grupo social muitas vezes não tem a orientação correta sobre o uso dos mesmos, acarretando em riscos de curto e longo prazo.

A partir disso, é notória a necessidade de atualização do farmacêutico nessas questões, para assim passar a orientação correta aos usuários, os quais podem ter impasses associados à dependência química e física, diminuindo a probabilidade desses problemas ocorrerem.

É imprescindível também a atuação multidisciplinar dos profissionais da medicina, nutrição, educadores físicos e farmacêuticos na indicação de uma dieta correta associada aos exercícios físicos, sendo essas análises feitas de forma individualizada, contribuindo para a qualidade de vida de cada paciente.

Além disso, é preciso que haja maior fiscalização dos órgãos nacionais nos estabelecimentos que infringem as leis e realizam a venda de medicamentos controlados sem a retenção da receita, bem como a proibição das vendas online destes fármacos, determinando penalidades e multas mais severas para quem os fazem.

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5. REFERÊNCIAS

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