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O perfil do intercambista na atualidade e suas motivações de viagem - um estudo de caso em Natal/RN

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

DEPARTAMENTO DE TURISMO CURSO DE TURISMO

LÍDIA KAROLINE CRUZ DA SILVA

O PERFIL DO INTERCAMBISTA NA ATUALIDADE E SUAS MOTIVAÇÕES DE VIAGEM - UM ESTUDO DE CASO EM NATAL/RN

NATAL/RN 2019

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LÍDIA KAROLINE CRUZ DA SILVA

O PERFIL DO INTERCAMBISTA NA ATUALIDADE E SUAS MOTIVAÇÕES DE VIAGEM - UM ESTUDO DE CASO EM NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade: Artigo Científico (X) Monografia ou ( ) Projeto Intervenção ( ) apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo. Orientador(a): Mozart Fazito Rezende Filho, Dr.

NATAL/RN 2019

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Lídia Karoline Cruz da Silva

O PERFIL DO INTERCAMBISTA NA ATUALIDADE E SUAS MOTIVAÇÕES DE VIAGEM - UM ESTUDO DE CASO EM NATAL/RN

Trabalho de Conclusão de Curso na modalidade: Artigo (X) Monografia ( ) Projeto Intervenção ( ) apresentado à Coordenação do Curso de Graduação em Turismo da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Turismo.

Natal/RN, ___ de ______________de ________.

_____________________________________________________________ Mozart Fazito Rezende Filho, Prof. Dr. – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN)

Presidente da Banca Examinadora

_____________________________________________________________ Gislainy Laíse da Silva, Msc. – Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(UFRN)

Membro da Banca Examinadora

_____________________________________________________________ Barbara Nascimento Rodrigues, Msc. – Universidade Federal de Pernambuco

(UFPE)

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1 O PERFIL DO INTERCAMBISTA NA ATUALIDADE E SUAS MOTIVAÇÕES DE

VIAGEM - UM ESTUDO DE CASO EM NATAL/RN

Lídia Karoline Cruz da Silva1; Mozart Fazito Rezende Filho2.

RESUMO: Este trabalho tem como tema o turismo de intercâmbio, que vem experienciando um aumento na sua demanda nos últimos anos, e sua relação com a crise econômica brasileira e a desigualdade. Tem-se como pergunta problema: como explicar o aumento na demanda pelo turismo de intercâmbio em meio à crise generalizada que o país enfrenta? O objetivo geral é compreender as razões do aumento na demanda por turismo de intercâmbio em Natal/RN durante a crise econômica atual, através dos objetivos específicos: a) descrever o perfil socioeconômico do turista de intercâmbio que parte de Natal; e b) identificar as motivações que levam essas pessoas a realizarem seus intercâmbios. A metodologia utilizada foi qualitativa, através da realização de entrevistas semiestruturadas com quatro funcionários de agências de intercâmbio localizadas em Natal Os resultados apontam que o perfil do intercambista natalense é composto majoritariamente por pessoas de classe alta, que não foram tão atingidas pela crise econômica, e por jovens de classe mais baixa que desejam migrar para o exterior e fugir da situação que o país enfrenta.

Palavras chave: Turismo de Intercâmbio; Turismo e Desenvolvimento; Desenvolvimento Desigual.

ABSTRACT: The theme of this paper is educational tourism, which has been experiencing an increase in its demand in recent years, and its relationship with the Brazilian economic crisis and inequality. The research problem is: how to explain the increase in demand for educational tourism in the midst of the widespread crisis the country is facing? The general objective is to understand the reasons for the increased demand for educational tourism in Natal/RN during the current economic crisis, through the specific objectives: a) to describe the socioeconomic profile of the educational tourist leaving Natal; and b) identify the motivations that lead these people to make their trips. The methodology used was qualitative, through semi-structured interviews with 4 employees of educational tourism agencies located in Natal. The results show that the profile of the Natal educational tourist is mostly composed of upper class people, who were not so affected by the economic crisis, and by lower-class young people who want to migrate abroad and escape the situation the country is facing.

Key Word: Educational Tourism; Tourism and Development; Uneven Development

1 Estudante do Curso de Graduação em Turismo da UFRN/Campus Natal. Email: lídia.karoline 2011@gmail.com

2 Bacharel em Turismo pela União de Negócios e Administração (UNA), especialista em Turismo e Desenvolvimento Sustentável pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), mestre em Planejamento e Gestão do Desenvolvimento Regional e Urbano pela Universidade de Dortmund, doutor em Geografia, Planejamento e Política Ambiental pela Universidade Nacional da Irlanda e pós-doutorado pelo Programa de Pós-graduação em Geografia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Professor do Departamento de Turismo da UFRN/Campus Natal. Email: mozart.fazito@gmail.com

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2 1. INTRODUÇÃO

Este trabalho tem como tema o turismo de intercâmbio, ou seja, a movimentação turística gerada por atividades e programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional (BRASIL, 2006). Esse segmento do turismo vem crescendo nos últimos anos, tanto em número de viajantes quanto nos valores movimentados pelo setor, que ultrapassam 1 bilhão de dólares. Segundo dados da BELTA3 (Associação Brasileira de Agências de Intercâmbio) o número de brasileiros que realizaram intercâmbio no ano de 2018 foi de 365 mil, o que representa um aumento de 20,86% em comparação com os 302 mil embarques do ano anterior. A agência realiza pesquisas anuais com mais de 5 mil agências filiadas e este número segue em constante crescimento desde 2015, ano em que a pesquisa começou a ser aplicada.

Esse crescimento no segmento é surpreendente em virtude da crise política e econômica que o Brasil vem enfrentando nos últimos anos, mais especificamente desde 2013. De acordo com dados do Banco Mundial4, a variação do PIB (Produto Interno Bruto) brasileiro vem ficando abaixo ou próxima de 1% nos últimos anos, e em 2015 e 2016 essa variação foi negativa, oscilando entre -3,5 e -3,3, respectivamente. A taxa média anual de desemprego, calculada pelo IBGE5 (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) mostra que o nível de desemprego no Brasil já ultrapassa os 12%, atingindo, no último trimestre (encerrado em março de 2019), 13,4 milhões de pessoas.

No Rio Grande do Norte o cenário é parecido. Apenas no primeiro semestre de 2019 foram fechados 5515 postos formais de trabalho, de acordo com o Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged)6. No Gráfico 1, apresentado a seguir, os dados de PIB e desemprego citados anteriormente são apresentados de forma detalhada, desde 2014 até 2018.

3 Belta. <http://www.belta.org.br/associacao-brasileira-de-agencias-de-intercambio-belta-revela-pesquisa-anual-com-cerca-de-5-mil-estudantes-e-500-agencias/>. Acesso em 10 nov. 2019

4 Banco Mundial.

<https://data.worldbank.org/indicator/NY.GDP.MKTP.KD.ZG?locations=BR&most_recent_year_desc=f alse>. Acesso em 15 jun. 19.

5 ADVFN. <https://br.advfn.com/indicadores/pnad>. Acesso em 15 jun. 19.

6 Tribuna do Norte. <http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/rn-encerra-semestre-com-saldo-negativo-de-empregos/454982>. Acesso em 26 jul. 19.

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3 Gráfico 1 – Variação anual do PIB e taxa média anual de desemprego no Brasil

Fonte: Banco Mundial/IBGE

A população abaixo da linha da extrema pobreza no país, aqueles que vivem com até R$145 por mês, chegou ao patamar mais alto em 2018, alcançando 13,5 milhões de brasileiros, segundo dados do IBGE7, sendo que mais da metade dessas pessoas vivem no Nordeste. Já no primeiro mês do atual governo, foram cortados 381 mil beneficiários do Bolsa Família8. De acordo com o Índice de Gini, que mede a desigualdade de renda, dando notas de 0 a 1 aos países — quanto menor, menos desigual — vem ocorrendo um aumento na desigualdade de renda da população. O índice revela que o Brasil é o 9° país mais desigual do mundo. Com essa posição, o Brasil fica atrás de países africanos como Quênia e Congo, e de vizinhos latino-americanos como Chile e Panamá. A publicação mais recente deste índice mostra que entre 2016 e 2017 a redução da desigualdade de renda no Brasil foi interrompida pela primeira vez nos últimos 15 anos, um reflexo direto da situação econômica atual do país. Segundo dados do IBGE, no RN os 10% mais ricos ganham 46 vezes mais que

7 G1. <https://g1.globo.com/economia/noticia/2019/11/06/crise-levou-45-milhoes-a-mais-a-extrema-pobreza-e-fez-desigualdade-atingir-nivel-recorde-no-brasil-diz-ibge.ghtml>. Acesso em 07 nov. 19. 8 UOL. < https://noticias.uol.com.br/politica/ultimas-noticias/2019/01/27/cortes-bolsa-familia-primeiro-mes-governo-bolsonaro.htm>. Acesso em 18 jun. 19

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4 os 10% mais pobres. Enquanto os 10% mais pobres tiveram um decréscimo de 7,7% no rendimento médio mensal entre 2017 e 2018, os 10% mais ricos viram seu rendimento aumentar em 18,2% no mesmo período9.

A crise que aflige o Brasil não é apenas econômica, mas também política. Nos últimos quatro anos o país passou por três presidências, com ideologias políticas e planos de governo bastante divergentes, o que contribui para a instabilidade. A presidente Dilma Rousseff, vencedora das eleições de 2014, foi alvo de um impeachment apenas dois anos depois de iniciar seu segundo mandato, enquanto escândalos de corrupção já colocaram dois ex-presidentes na cadeia, além de vários políticos e empresários que foram ou estão sendo investigados por ações ilícitas. Grande parcela dessas investigações faz parte da Operação Lava Jato, conduzida pela Polícia Federal do Brasil, que está em andamento há 5 anos e já realizou mais de mil mandados de busca e apreensão, de prisão temporária, de prisão preventiva e de condução coercitiva. A operação visa apurar um esquema de lavagem de dinheiro que movimentou bilhões de reais em propina, o que aprofunda ainda mais a crise, já que atinge as principais empresas do país. Entretanto, as recentes reportagens publicadas pelo jornal The Intercept Brasil10 põem em dúvida a legalidade e a imparcialidade das ações da Operação Lava-jato, demonstrando que existe um viés político e ideológico na sua condução.

Esse cenário demonstra o nível da crise que se instalou no Brasil, e cujo resultado mais importante está na economia do país. Diante da queda do PIB e das altas taxas de desemprego, a economia brasileira se desacelerou. Segundo o DIEESE11 (Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos) o poder de compra do salário mínimo recuou três anos, voltando ao patamar de 2015.

De acordo com o jornal O Estado de São Paulo12, o setor de serviços, que representa 70% do PIB brasileiro, vem perdendo força mês após mês. Acontecimentos como esses nos fazem questionar a razão do crescimento no segmento do turismo de intercâmbio, considerado um item supérfluo e de baixa necessidade. Uma possível explicação seria a mudança do perfil do intercambista, sendo este atualmente um membro da classe alta, que

9 Tribuna do Norte. <http://www.tribunadonorte.com.br/noticia/no-rn-10-mais-ricos-ganham-46-vezes-mais-que-os-10-mais-pobres/462153>. Acesso em 07 nov. 2019.

10 The Intercept Brasil. < https://theintercept.com/series/mensagens-lava-jato/>. Acesso em 15 jun. 2019. 11 O Globo. https://oglobo.globo.com/economia/poder-de-compra-do-salario-minimo-recua-tres-anos-diz-dieese-22283337>. Acesso em 18 jun. 2019.

12 Estadão. <https://opiniao.estadao.com.br/noticias/editorial-economico,desaceleracao-de-servicos-evidencia-a-estagnacao,70002877845>. Acesso em 18 jun. 2019.

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5 não vem sendo tão afetada pela crise quanto a classe média ou baixa. Corroborando esta hipótese, de acordo com o IBGE13, o rendimento médio mensal per capita domiciliar em 2017 foi de R$ 6.629 para a parcela que representa os 10% dos brasileiros mais ricos, já entre a parcela dos 40% mais pobres, o rendimento médio foi de apenas R$ 376.

Esses acontecimentos recentes, porém, ainda não foram explorados em pesquisas acadêmicas. Parte dos autores se dedicaram a investigar as motivações e contribuições da experiência de intercâmbio para os viajantes no mercado de trabalho, como foi o caso de Santos et al. (2014), Tomazzoni e Oliveira (2013), Tamião e Cavenaghi (2013), Milan (2007), Bett (2012), Monteiro (2012), Gois (2013) e Silva (2014). Outros dão ênfase à mobilidade acadêmica internacional, ou seja, o intercâmbio realizado por alunos do ensino superior, tal como Stallivieri (2017), Dalmolin et al. (2013), Silva (2016), Nascimento (2018), Dutra e Azevedo (2016), Della Volpi e Köhler (2017) Tomio et al (2015), Pavan et al (2016), Marques (2018). Indo além da mobilidade acadêmica, Nogueira (2013) aborda os intercâmbios realizados por escolas de ensino fundamental e médio de alto padrão. Existem ainda autores que pesquisaram sobre as empresas que comercializam pacotes de intercâmbio, seu trabalho de marketing e qualidade do serviço oferecido, entre eles Victer (2009), Machado (2010), Dreher et al (2008) e Tiellet (2008). Em sua conclusão, Lussari, Goveia e Menezes (2013) sugerem pesquisas sobre a razão do aumento da demanda de intercâmbios. Este trabalho de pesquisa busca responder a essa agenda e também contribuir para a diversificação geográfica dos estudos de caso na área, já que a maioria dessas publicações se limitam às regiões sul e sudeste do Brasil, não representando a realidade em outras partes do país.

Assim, o problema para o qual esta pesquisa busca contribuir, diz respeito ao fato do turismo ser considerado uma necessidade secundária, ou seja, uma necessidade a ser satisfeita após a realização das necessidades básicas, como alimentação, moradia, vestuário etc. (LAGE; MILONE, 2009). E, diante do cenário econômico exposto acima, era de se esperar que o produto turístico tivesse uma redução em sua demanda, principalmente em viagens internacionais, como é o caso das viagens de intercâmbio, devido, por exemplo, à desvalorização da moeda brasileira14. Porém, como demonstram os dados da BELTA citados no início do texto, essa demanda vem aumentando nos últimos anos, e nenhum dos estudos

13 G1. < https://g1.globo.com/economia/noticia/2018/12/05/no-brasil-10-mais-ricos-ganham-cerca-de-176-vezes-mais-que-os-40-mais-pobres-aponta-ibge.ghtml>. Acesso em 15 jun. 2019.

14 Folha de São Paulo. <https://www1.folha.uol.com.br/mercado/2019/08/dolar-a-r-4-surpreende-consumidor-e-desenha-cenario-menos-otimista.shtml>. Acesso em 11 set. 2019

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6 citados no parágrafo anterior explicam este aumento. Sendo assim, como explicar o aumento na demanda pelo turismo de intercâmbio em meio à crise generalizada que o país enfrenta? Eis a pergunta que se tentará responder ao longo deste estudo.

Para responder a essa pergunta, este trabalho tem como objetivo geral compreender as razões do aumento na demanda por turismo de intercâmbio em Natal durante a crise econômica atual. Os objetivos específicos deste trabalho são:

a) Descrever o perfil socioeconômico do turista de intercâmbio que parte de Natal; b) Identificar as motivações que levam essas pessoas a realizarem seus intercâmbios.

Este texto está estruturado em cinco partes: esta introdução, o referencial teórico, que explorará os temas turismo de intercâmbio, desenvolvimento desigual e crise, a metodologia, a apresentação e discussão dos resultados e as considerações finais.

2. REFERENCIAL TEÓRICO

2.1 Turismo e Intercâmbio

Definir turismo é uma tarefa difícil, pois a área conta com contribuições de diversas disciplinas, que abordam o assunto de maneiras distintas. Comecemos, portanto, por uma definição mais formal, aceita pela Organização Mundial do Turismo, dada por De La Torre (1992, p.19 apud Barretto 2006, p. 12), que define turismo como “a soma de relações e serviços resultantes de um câmbio de residência temporário e voluntário motivado por razões alheias a negócios ou profissionais.”

Definições generalistas como essa sofrem críticas por priorizarem aspectos econômicos e terem foco apenas no turista, e não nas comunidades receptoras ou no meio ambiente explorado pela atividade. Tribe (1997, p. 641) propõe uma definição mais ampla do turismo como a soma dos fenômenos e relações decorrentes da interação nas regiões emissoras e receptoras, de turistas, empresas fornecedores, governos, comunidades e ambientes. Será esta a definição adotada no decorrer do trabalho, por ser mais central em relação ao problema de pesquisa.

A expansão do fluxo turístico na contemporaneidade despertou a necessidade de estudos para melhor compreender o fenômeno. A busca do desenvolvimento de uma epistemologia própria do turismo contou com a contribuição de diversos autores e, segundo Panosso Netto (2011), pode ser dividida em três fases. A primeira fase, chamada pré-paradigmática, representa as primeiras tentativas de análise teórica do turismo e se caracteriza por não ter conseguido formar um paradigma aceito pela comunidade acadêmica. Alguns

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7 autores desta fase são Luiz Fuster, A. J. Burkart, Walter Hunziker e S. Medilk. A segunda fase, chamada pelo autor de fase paradigma do sistema de turismo, teve contribuição de autores como Neil Leiper, Mário Beni, Roberto Boullón e Alberto Sessa. O conceito de sistemas teve como pioneiro o biólogo Ludwig Von Bertalanffy e tinha como objetivo ampliar as possibilidades de incorporação de elementos ao objeto de estudo, para aumentar as possibilidades de compreensão de fenômenos complexos. A terceira fase, intitulada Novas Abordagens, tenta explanar as lacunas deixadas pela visão sistêmica, apresentando formas inovadoras de análise do turismo, que possam superar o paradigma vigente. Essa fase conta com autores como Jafar Jafari, Keith Hollinshead e John Tribe. Esta pesquisa se aproxima mais desta última fase, por buscar analisar o turismo de forma inovadora.

Como foi dito anteriormente, o turismo é visto por muitos dos seus planejadores como apenas mais uma atividade econômica geradora de lucros, como um produto a ser vendido. Para facilitar a comercialização deste “produto turístico”, foi criado o conceito de segmentação turística. Segundo Marty (1971 apud LAGE, 1992, p. 62),

a segmentação pode ser definida não só como uma técnica estatística que pode tornar possível a divisão da população em grupos homogêneos, como também uma política de marketing que consiste em dividir o mercado em partes ou segmentos homogêneos, tendo em cada qual seus próprios canais de distribuição, motivações diferentes etc.

De acordo com Mowforth e Munt (2009, p.22) a segmentação de mercado é uma tendência do pós-fordismo, que muitos autores defendem como o regime econômico no qual vivemos atualmente. Enquanto no fordismo, sistema de produção dominante no século XX, a produção e consumo ocorriam de forma massificada, no atual pós-fordismo os gostos do consumidor mudam rapidamente e existe a tendência da segmentação de produtos e serviços para atender a estas novas preferências.

Lage (1992) frisa que a segmentação de mercado no turismo não é uma noção acadêmica, mas sim uma estratégia que busca encontrar, através de recursos de marketing, uma maior otimização do setor. Essa otimização se dá tanto pelo lado das empresas turísticas, na tentativa de maximizar seus lucros, quanto pelo lado dos turistas, na tentativa de maximizar sua satisfação.

Dias (2005) apresenta algumas vantagens da segmentação de mercado: uma melhor compreensão das necessidades do cliente, reduzindo esforços de desenvolvimento de novos produtos ou serviços; facilitação da escolha do melhor canal de comunicação e linguagem

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8 mais eficiente para atingir determinado público; possibilidade de um melhor posicionamento do produto/serviço no mercado; maior conhecimento do potencial de compra do mercado; otimização do processo de planejamento de marketing, com base em informações mais precisas e confiáveis.

O Ministério do Turismo enxerga na tendência da segmentação uma oportunidade de valorizar a diversidade e as particularidades do Brasil. Por isso, apresenta a segmentação como estratégia para estruturação e comercialização de destinos e roteiros turísticos brasileiros. Para o Ministério do Turismo, a segmentação é entendida como uma forma de organizar o turismo para fins de planejamento, gestão e mercado. Os segmentos turísticos podem ser estabelecidos a partir dos elementos de identidade da oferta e também das características e variáveis da demanda (BRASIL, 2006). No Plano Nacional de Turismo 2018 - 2022, vigente atualmente, a segmentação turística consta como uma das estratégias de atuação. Lê-se: “Monitorar o ordenamento e a estruturação dos segmentos e o desempenho das atividades econômicas orientadas ao turismo.” (BRASIL, 2018, p. 94)

De acordo com o Ministério do Turismo, em Segmentação do Turismo: Marcos

Conceituais (2006) os segmentos de turismo ofertados pelo Brasil são: Turismo Social,

Ecoturismo, Turismo Cultural, Turismo de Estudos e Intercâmbio, Turismo de Esportes, Turismo de Pesca, Turismo Náutico, Turismo de Aventura, Turismo de Sol e Praia, Turismo de Negócios e Eventos, Turismo Rural e Turismo de Saúde. Nesse mesmo manual, o Turismo de Estudos e Intercâmbio é definido como “movimentação turística gerada por atividades e programas de aprendizagem e vivências para fins de qualificação, ampliação de conhecimento e de desenvolvimento pessoal e profissional” (BRASIL, 2006, p. 19).

Apesar de só receber reconhecimento governamental em 2006, através do documento citado acima, a prática do intercâmbio já era realizada no país anteriormente. No Brasil, a atividade foi primeiro adotada por colégios de grande renome e consistia “na organização de viagens culturais mediante o acompanhamento de professores especializados da própria instituição de ensino, com programa de aulas e visitas a pontos históricos ou de interesse para o desenvolvimento educacional dos estudantes” (BENI, 2002, p. 473). Atualmente, a maioria dos intercambistas brasileiros realiza suas viagens através de agências especializadas, onde são comercializados pacotes incluindo cursos de idiomas no país selecionado e é possível escolher a duração da viagem em um mês, três meses, seis meses, etc.

Porém, como sua própria definição atesta, a segmentação é uma ferramenta de marketing, utilizada pelo Ministério do Turismo com a finalidade de maximizar os lucros da atividade turística. Se trocarmos as lentes pelas quais observamos o turismo, deixando de

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9 lado por um momento a visão economicista da atividade e priorizando os encontros e interações sociais que ela permite, fica nítido como o turismo de estudos e intercâmbio é um dos que mais contribuem para o enriquecimento pessoal dos seus participantes. Como Fazito et al (2017, p. 14) afirma “entre os possíveis usos mais enriquecedores do turismo, certamente está o seu encontro com a educação, construção de consciência e emancipação, que podem, de fato, contribuir para a civilização, em vez do crescimento econômico”. Para tanto, o autor defende que o turismo deve ser visto como um fenômeno do ócio, e não do negócio. Um fenômeno do lazer, da celebração do tempo livre e do prazer.

Marcellino (2004) apresenta o lazer com uma dupla relação para a vivência privilegiada da educação, que ele qualifica como educação pelo e para o lazer, ou seja, o lazer como veículo de educação e a educação para que as pessoas saibam viver o lazer.

Antes de partir para o próximo tópico do referencial teórico, que tratará da crise e do desenvolvimento desigual, é importante demonstrar a relação existente entre o tema seguinte e o turismo de intercâmbio. Este segmento do turismo obrigatoriamente tem como destino um país estrangeiro, sendo estes países majoritariamente de primeiro mundo15, com moedas mais valorizadas que a brasileira, como o dólar e o euro. Outro fator a se destacar é a duração média dessas viagens, que tendem a ser mais longas do que as de outros segmentos do turismo, o que também contribui para o encarecimento da experiência do intercâmbio. Segundo a agência Egali16, pacotes de quatro semanas para países como Canadá, Estados Unidos, Alemanha e Itália não saem por menos de R$5.000 reais, sem incluir nesse valor o custo das passagens aéreas e do visto. Esses dados demonstram a inacessibilidade das viagens de intercâmbio para grande parte da população brasileira, principalmente em meio à situação econômica que o país enfrenta atualmente, o que desfavorece estas pessoas no mercado de trabalho e os priva de uma experiência tão enriquecedora que é o contato com outras culturas. No tópico seguinte deste trabalho, os diferentes conceitos de desenvolvimento serão abordados mais a fundo, assim como será feita uma explicação mais elaborada sobre a situação econômica do país ao longo dos anos.

2.2 Desenvolvimento desigual e crise

15 UOL. <https://www.uol.com.br/viagem/noticias/2019/09/05/conheca-os-destinos-para-intercambio-mais-procurados-pelos-brasileiros.htm>. Acesso em 07 nov. 2019.

16 Egali Intercâmbio. <https://www.egali.com.br/blog/quanto-custa-um-intercambio>. Acesso em 07 nov. 2019.

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10 Neste item será apresentado o conceito de crise econômica, assim como a evolução do conceito de desenvolvimento no Brasil e no mundo ao longo do tempo e sua aplicação na política econômica nacional. O tópico será encerrado com a apresentação de uma proposta de desenvolvimento que não envolve indicadores econômicos.

Harvey (2011, p. 45) define crise como “condição em que os excedentes de produção e reinvestimentos estão bloqueados”. Mas, para que esta definição faça algum sentido, é preciso antes entender o funcionamento da economia capitalista. Segundo o autor, o capitalista entra no processo de produção de um bem com o investimento inicial nos meios de produção (maquinário e matéria-prima, por exemplo) e paga pela força de trabalho de funcionários. O bem produzido neste processo será comercializado visando um certo lucro que, com o passar do tempo se acumulará para ser investido novamente no processo de produção. Esse investimento pode ser feito no atual negócio do capitalista ou em novas oportunidades de negócio, sendo que o importante é manter a circulação do capital. Se o empresário não reinvestir na expansão e seu concorrente o fizer, ele pode se ver “expulso do mercado” e ir à falência, são as chamadas “leis coercitivas da concorrência”.

O quadro descrito acima diz respeito ao contexto inicial da economia capitalista, que ganhou força no século XVIII com a Revolução Industrial iniciada na Europa. Porém, com o passar do tempo, o aumento da produtividade do trabalho passou também a diminuir a taxa de lucro dos capitalistas. De acordo com Faé e Flores (2012, p. 421), “as soluções para esse problema do ponto de vista do capitalista foram encontradas, na época, na exploração de colônias”. Com isso, era possível baratear o preço das matérias-primas e os níveis de salário e, assim, aumentar os lucros. Então, entre os séculos XIX e XX, as principais potências europeias “dividiram” os territórios dos continentes africano e asiático entre eles, fazendo deles parte de seus impérios ou zonas de influência, onde o capital acumulado anteriormente poderia ser investido com uma margem maior de lucro, em virtude da exploração dos recursos naturais desses territórios e do trabalho a custo baixo dessas populações.

Em paralelo à evolução do capitalismo, surgia também o conceito de

desenvolvimento. Cowen e Shenton (2005) traz a trajetória desse conceito pelas lentes de

vários estudiosos e escolas de pensamento, desde os saint-simonianos e o positivismo de Comte, passando pelos iluministas escoceses e o liberalismo de Adam Smith, até J. S. Mills e suas tentativas de desenvolvimento da Índia, enquanto funcionário da Companhia Britânica das Índias Orientais.

Ainda de acordo com Harvey (2011, p. 18), as crises financeiras “geralmente levam a reconfigurações, novos modelos de desenvolvimento, novos campos de investimento e

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11 novas formas de poder de classe”. Behring (2009) elabora uma linha do tempo detalhada quanto às crises e os novos modelos econômicos delas resultantes. Segundo a autora, a Grande Crise de 1929 levou a uma desconfiança quanto ao princípio da mão invisível do liberalismo, que pregava sua autorregulação. Surge então o keynesianismo, que sugeria uma intervenção mais profunda do estado na economia, com altos tributos aos empresários, que seriam revertidos em políticas sociais favorecendo os mais pobres. Esse sistema foi eficiente até os anos 1960, quando as taxas de desemprego começaram a aumentar, assim como as dívidas públicas e privadas, culminando na crise de 1973, em decorrência da alta nos preços do petróleo. É no fim dos anos 1970 que as ideias liberais são reinventadas, sob a forma do neoliberalismo, que levou ao fim a ideia do estado de bem-estar social (welfare state) e da forte intervenção estatal na economia, pregando a criação de mercados onde antes não existia, como por exemplo a privatização de empresas estatais (HARVEY, 2005).

O cenário descrito acima se refere ao contexto da economia capitalista nos países desenvolvidos, com destaque para os Estados Unidos e Europa Ocidental. O Brasil e toda a América Latina, como países subdesenvolvidos, sofriam as consequências das decisões econômicas tomadas pelas grandes potências. Peláez (1968) comenta sobre a situação econômica brasileira após a Grande Depressão de 1929, onde o café, principal item de exportação do país se vê desvalorizado no mercado internacional. Tentando reverter a situação, o governo toma medidas protecionistas semelhantes às do keynesianismo e controla a oferta de café, comprando o excedente de produção, estocando-o e posteriormente incinerando-o, diminuindo assim a oferta do produto e equilibrando o mercado. Isso levou a uma recuperação da economia agrícola, então dominante no país, gerando lucros excedentes que puderam ser investidos na industrialização nacional. Essa industrialização tinha como intenção a substituição das importações, ou seja, a produção nacional de bens que antes eram importados. A maioria destes bens eram destinados ao consumo de uma minoria rica da população brasileira, minoria esta que desejava acompanhar os hábitos de compra dos países desenvolvidos (FURTADO, 1974). Novaes (2008) discorre sobre a situação econômica brasileira a partir da década de 1950, quando o capital internacional se recupera da crise de 1929 e passa a investir na crescente indústria brasileira com o apoio do governo JK. Em virtude desses empréstimos internacionais, a dívida externa e a inflação culminam na crise da década de 1960, que contribuiria para criar um ambiente para o Golpe Militar de 1964. Os militares não realizaram grandes mudanças no sistema econômico vigente, mantendo um ambiente favorável aos investimentos internacionais, levando ao chamado “milagre econômico”, com alto crescimento econômico chegando a 10% ao ano.

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12 Tabela 1 - Comparação entre números do PIB e dívida externa durante o milagre

econômico Ano Crescimento do PIB

(%)

Dívida Externa (em bilhões de dólares)

1967 4,9 3,4 1968 11,4 4,0 1969 9,7 4,6 1970 8,7 6,2 1971 11,2 8,2 1972 12,0 11,4 1973 13,9 14,8 1974 9,0 20,0 1975 5,2 25,1

Fonte: Banco Mundial/Ipeadata

O preço a ser pago por este “milagre” seria alto, pois ainda segundo Novaes (2008) a década de 1980 foi marcada por altas taxas de inflação e recessão econômica, em razão do endividamento externo promovido pelos militares, como mostrado na Tabela 1 logo acima. Com a redemocratização do país em meados da década de 1980, a solução encontrada para a recuperação da economia, proposta pelas grandes potências através do Consenso de Washington, foi a aplicação da política neoliberal no país. Neste Consenso, proposto por funcionários do governo dos EUA, Fundo Monetário Internacional - FMI, Banco Mundial e Banco Interamericano de Desenvolvimento - BID, para a recuperação das economias latino americanas, foi recomendada a abertura econômica dos países, desregulamentação dos mercados, implementação de práticas não-intervencionistas, bem como abdicar de todo o projeto de cunho nacional-desenvolvimentista. Estas seriam as condições para a renegociação da dívida externa desses países. Os governos da década de 1990, Collor e FHC, implantaram políticas como a flexibilização das leis trabalhistas, o enxugamento do Estado via privatizações, demissões voluntárias, etc, como condições para inserção do país na economia globalizada. A implantação do modelo neoliberal no país entra em desacordo com a Constituição promulgada em 1988 (a chamada “Constituição cidadã”) que pregava a conquista de direitos sociais para a população.

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13 Com a passagem para o século XXI, houve certa mudança na conjuntura político-econômica do país. O Partido dos Trabalhadores (PT) chegou ao poder e aplicou o modelo econômico chamado neodesenvolvimentista, com o qual as classes mais baixas tiveram alguns ganhos. Para os trabalhadores urbanos houve aumentos reais no salário mínimo, construção de moradias a preço acessível (pelo programa Minha Casa, Minha Vida) e ampliação da política de distribuição de renda, em que cidadãos abaixo da linha da pobreza recebiam um auxílio financeiro através do programa Bolsa Família. Os trabalhadores rurais também tiveram algumas reivindicações atendidas, como o financiamento à agricultura familiar, que cresceu se comparado com o que havia antes, e com programas de compras governamentais da produção camponesa. Mas o setor que mais ganhou com o neodesenvolvimentismo foram as elites econômicas do país, pois a política protecionista adotada favorecia o consumo interno de produtos produzidos por empresas nacionais ou instaladas no Brasil, além de oferecer incentivos às exportações de produtos agrícolas e recursos naturais (BOITO JR e BERRINGER, 2013).

Não é objetivo deste trabalho explicar as razões para a crise que enfrentamos atualmente. O que se pode dizer é que a crise econômica levou a uma crise política que culminou no impeachment da presidente Dilma Rousseff em 2016 e, desde então, governos de vertentes mais neoliberais, como o de seu sucessor Michel Temer e do atual presidente Jair Bolsonaro, vêm implantando legislações visando a recuperação econômica. Entretanto, apesar da implementação de políticas de austeridade, gerando grande sofrimento da população, principalmente os mais pobres, ainda não há sinais de recuperação.

Como ficou claro nos parágrafos anteriores, o atual modelo econômico dominante, que põe a circulação contínua do capital e consequente crescimento econômico como prioridade, não resulta necessariamente na melhoria da qualidade de vida das populações. Segundo Mowforth e Munt (2009), a adoção desse modelo desenvolvimentista leva ao desenvolvimento desigual, onde os países de Primeiro Mundo mantêm altos padrões de vida para suas populações, em detrimento da exploração de países de Terceiro Mundo e seus habitantes, que não conseguem satisfazer muitas das suas necessidades básicas como alimentação e moradia digna. Essa desigualdade também se reflete no turismo. Países subdesenvolvidos como o Brasil facilitam a entrada de turistas, como aconteceu recentemente com a isenção de vistos para “países estratégicos”17, enquanto países

17 UOL. <https://noticias.uol.com.br/internacional/ultimas-noticias/2019/10/30/isencao-visto-bolsonaro-brasil.htm>. Acesso em 07 nov. 2019.

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14 desenvolvidos como os Estados Unidos ou a Europa como um todo dificultam a entrada em suas fronteiras, principalmente para pessoas de origem latina, africana ou árabe.

Uma outra visão de desenvolvimento foi proposta pelo economista liberal e ganhador do Prêmio Nobel de Economia Amartya Sen em Desenvolvimento como Liberdade, visão essa que que não se limita aos índices de crescimento econômico como medida de sucesso. Segundo Robeyns (2003) a Abordagem das Capacidades de Sen é um enquadramento através do qual se pode pensar o desenvolvimento, tendo o indivíduo como centro e a liberdade como principal objetivo. De acordo com Mowforth e Munt (2009), Sen argumenta que baixa renda, violência, difícil acesso à saúde e educação são sintomas do subdesenvolvimento, mas que a causa destes problemas é a falta de liberdade.

Sendo assim, o papel do Estado seria oferecer as oportunidades para que os indivíduos alcancem suas aspirações, mas a decisão de fazê-lo ficaria a cargo do indivíduo. Ou seja, de acordo com a Abordagem das Capacidades, todos os cidadãos deveriam ter a capacidade de se alimentar, mas poderiam escolher fazer greves de fome, todos teriam a capacidade de praticar religiões minoritárias - como as de matriz afro no caso do Brasil - sem sofrerem intolerância, todos teriam a liberdade para se relacionar com pessoas do gênero pelo qual se atraem sem sofrer preconceito, e assim por diante.

A seguir, será apresentada a metodologia utilizada para a realização deste trabalho, descrevendo a abordagem utilizada, os métodos de coleta e análise de dados, em relação aos objetivos propostos.

3. METODOLOGIA

De acordo com natureza do problema de pesquisa abordado aqui, e dos objetivos propostos, a abordagem mais adequada é majoritariamente qualitativa, pois foca no caráter subjetivo do objeto analisado e suas particularidades. Segundo Marconi e Lakatos (2007, p. 269) “a metodologia qualitativa preocupa-se em analisar e interpretar aspectos mais profundos, descrevendo a complexidade do comportamento humano.”

Como estratégia para responder à pergunta de pesquisa, empregou-se aqui a metodologia de estudo de caso, que de acordo com Yin (1981, p. 59) podem ser usados quando uma investigação empírica deve examinar “(a) um fenômeno contemporâneo em seu contexto da vida real, especialmente quando (b) as fronteiras entre fenômeno e contexto não são claramente evidentes.”

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15 O estudo limita-se à cidade de Natal, capital do estado do Rio Grande do Norte, localizado no litoral do nordeste brasileiro. No último censo, realizado em 2010, a população da cidade chegou a 803.739 pessoas, e estímasse que tenha alcançado 884.122 pessoas em 2019. O salário médio mensal dos trabalhadores formais [2017] em Natal é de 3,0 salários mínimos, porém 35,7 % da população ganha até meio salário mínimo como rendimento nominal (2010), indicando alto grau de concentração de renda na cidade. Segundo o atual prefeito da cidade18, Álvaro Dias “mais de 50% do PIB de Natal é oriundo do Turismo e das mais de 50 atividades econômicas ligadas ao setor19, demonstrando a importância dessa atividade econômica na cidade.”

Apesar de ser majoritariamente um destino receptor de visitantes, Natal também emite turistas para o resto do Brasil e do mundo, daí a existência de numerosas agências de turismo na cidade, que comercializam pacotes para os mais diversos destinos. Entre essas agências, existe em Natal por volta de 5 agências especializadas no comércio de intercâmbio, isto é, viagens com fins educacionais em países estrangeiros, que serão o foco deste trabalho. Chegou-se a esse número através de pesquisas no Google Maps20, que apresentou as agências especializadas em intercâmbio dentro do território da cidade de Natal.

A amostragem desta pesquisa buscou atores qualificados em relação ao problema de pesquisa. Assim, como não há dados secundários disponíveis de perfil socioeconômico e motivação dos intercambistas, a fonte de dados desta pesquisa foram trabalhadores de agências de intercâmbios da cidade de Natal/RN. Ao todo foram entrevistados quatro trabalhadores, dois deles exercem o cargo de consultor de vendas há alguns meses e os outros dois representam agências de intercâmbio em Natal há alguns anos. Foi feito contato com todas as cinco agências de intercâmbio da cidade, entretanto somente esses quatro indivíduos responderam aos contatos da pesquisadora. A escolha desses entrevistados se deu com base em sua experiência no mercado de intercâmbio e pelo contato direto que eles possuem com intercambistas que viajaram através dessas agências, realizando entrevistas com cada um dos clientes antes das viagens para conhece-los melhor e sugerir o pacote de viagem mais adequado. O Quadro 1 a seguir, elaborada pela autora, dá detalhes sobre as entrevistas

18 IBGE Cidades. <https://cidades.ibge.gov.br/brasil/rn/natal/panorama>. Acesso em 12 set. 2019. 19 G1. <https://g1.globo.com/rn/rio-grande-do-norte/especial-publicitario/prefeitura-do-natal/natal-a-nossa-cidade/noticia/2019/04/16/acoes-impulsionam-turismo-em-natal.ghtml>. Acesso em 12 set. 2019. 20 Google Maps. <http://tiny.cc/mapsgoo>. Acesso em: 07 nov. 2019

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16 realizadas e seus respondentes, e será usada no tópico seguinte, referente aos Resultados e Discussões, para referenciar cada fala a seu respectivo autor.

Quadro 1 - Amostragem

Agências Função Sexo Data da

Entrevista 1 Representante da agência Masculino 08/10/2019 2 Representante da agência Masculino 09/10/2019 3 Consultor de vendas Feminino 14/10/2019 4 Consultor de vendas Feminino 14/10/2019

A técnica de coleta de dados empregada para levantar as informações junto às agências de intercâmbio foi um conjunto de entrevistas semiestruturadas, que combinam perguntas abertas e fechadas, onde o entrevistado tem a chance de discorrer sobre o assunto proposto. O pesquisador deve seguir um roteiro de questões definidas previamente, mas buscando manter um ambiente semelhante ao de uma conversa informal (BONI E QUARESMA, 2005). A primeira fase da entrevista tinha intenção de caracterizar o entrevistado, enquanto a segunda etapa buscava formar um perfil dos clientes da agência e identificar as principais motivações que levaram os intercambistas a viajar. Já a terceira e última etapa do roteiro tinha a intenção de compreender suas opiniões sobre a relação entre as variáveis, ou seja, como eles explicariam o aumento nas viagens de intercâmbio em meio à situação econômica que o país enfrenta. As entrevistas foram realizadas durante a primeira quinzena do mês de outubro de 2019 e tiveram uma duração média de 30 minutos.

A análise dos dados colhidos foi feita de acordo com os objetivos, buscando formar o perfil dos clientes das agências e identificar suas motivações de viagem.

4. RESULTADOS E DISCUSSÃO

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17 Este tópico visa atender ao primeiro objetivo específico, que pretende estabelecer um perfil aproximado dos intercambistas natalenses, seguindo o roteiro de entrevista disponível no apêndice deste trabalho, apresentando as respostas a cada item e estabelecendo relações entre estas respostas.

Respondendo à primeira pergunta, quanto à faixa etária dos viajantes desse segmento, foram encontrados dois públicos prioritários. Um deles é o de adolescentes e jovens que desejam fazer um curso de férias ou um semestre do seu ensino médio no exterior. Outro é o de adultos ou idosos que aproveitam as férias dos seus empregos realizando cursos de idiomas e que, segundo o entrevistado da Agência 2 (como mostrado na Tabela 1 do tópico

metodologia), tendem a repetir essas viagens anualmente, conhecendo assim vários países e

culturas através do turismo de intercâmbio.

Quanto ao sexo dos participantes, existe quase que um equilíbrio entre a demanda feminina e masculina. Porém, vale ressaltar que os respondentes das Agências 2 e 3 apontaram uma maior abertura das mulheres a essa experiência desafiadora que é viver por conta própria no exterior. Foi citada também uma porcentagem maior de desistências dos homens em meio ao programa, demonstrando que se requer um maior cuidado das agências lidando com o público masculino.

Se tratando da ocupação dos viajantes desse segmento, foi dito que o público jovem citado mais acima tende a ser estudante, contando majoritariamente com o financiamento dos pais para a aquisição do intercâmbio. Já o público adulto, de acordo com os respondentes das Agências 2, 3 e 4, geralmente é composto por funcionários públicos, utilizando assim os benefícios desses cargos para a realização da viagem, tais como a licença prêmio de 3 meses e a estabilidade financeira. Foi citado, inclusive, que muitos professores da UFRN realizam essas viagens. Existe ainda o grupo da terceira idade, que tende a ser aposentado e fazer estes intercâmbios com frequência anual.

No item “nível de escolaridade”, foi respondido por todos entrevistados que os adultos e idosos majoritariamente possuem formação superior, enquanto os adolescentes, obviamente, tendem a estar concluindo sua formação do ensino fundamental ou médio. Quanto à classe social, esta tende a ser média alta ou alta, em virtude das exigências que o segmento de intercâmbio possui, como determinada quantia de dinheiro em sua conta bancária como critério para obtenção do visto. É importante citar que pessoas de classe baixa ou média baixa também participam de intercâmbios, mas para este público é necessário um longo período de planejamento e economia para a realização dessas viagens, como explicaram os respondentes das Agências 1 e 4.

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18 A demanda por certos destinos varia de acordo com a faixa etária e classe social dos viajantes. Os adolescentes e jovens, de acordo com o entrevistado da Agência 2, geralmente procuram mais programas de intercâmbio na América do Norte, principalmente no Canadá, pelas facilidades que esse país oferece aos viajantes e maior abertura cultural a estrangeiros. Já o público adulto e idoso tem mais interesse em conhecer a Europa, em virtude da sua cultura e história. Na Europa, o país com maior demanda é a Irlanda, principalmente para os viajantes com menor poder aquisitivo, como afirmou a entrevistada da Agência 4, pois este país permite que se trabalhe com o visto de estudante. Porém, foi citado pelo entrevistado da Agência 2 que a experiência de imersão cultural na Irlanda pode ser comprometida, em virtude do grande número de brasileiros presentes no país, pois os brasileiros quando se encontram convivem entre si e deixam de praticar o inglês com os nativos. Nas palavras do respondente “não adianta chegar na Irlanda e só se acompanhar de brasileiros, ir a restaurantes brasileiros”, pois assim o viajante se acomodaria e não alcançaria o objetivo de aprender inglês.

O tempo de permanência também tem relação com a faixa etária, pois os jovens tendem a contratar um semestre do ensino médio ou da faculdade em países estrangeiros, enquanto os adultos contratam programas mais curtos, se limitando às férias do trabalho, variando entre 1 a 3 meses.

A compra deste pacote se dá quase que totalmente nas lojas físicas, pois as viagens de intercâmbio custam bem mais que as viagens de outros segmentos do turismo, o que gera certo receio dos clientes em realizar a compra online. Porém, atualmente, com as facilidades da internet, esses clientes tendem a pesquisar bastante antes de comparecerem às lojas, e geralmente já chegam lá sabendo o destino que querem conhecer. Também foi citado pela funcionária da Agência 3 o hábito desses clientes visitarem diversas agências antes de fechar negócio, comparando orçamentos e custos-benefícios de cada pacote antes de realizarem a compra.

As respostas apresentadas acima respondem em parte ao problema de pesquisa, que visa compreender as razões do aumento de demanda por intercâmbios em meio à crise econômica que vivenciamos. A partir dessas respostas é possível afirmar que o público do segmento do turismo de intercâmbio é majoritariamente composto por pessoas pertencentes à classe alta que, como foi demonstrado na introdução deste trabalho, não vem sendo tão atingida pela crise atual pois, com o aumento da desigualdade apontado pelo de Índice de Gini e da concentração de renda indicada pelo IBGE, as classes mais altas vêem seus rendimentos mensais aumentarem, enquanto os dos mais pobres diminuem.

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19 As reflexões feitas acima acerca do poder aquisitivo dos praticantes de intercâmbio vão de acordo com o que Furtado (1974) aponta como parte da política nacional desenvolvimentista, onde certos bens eram produzidos visando atender às demandas dos 10% mais ricos entre a população brasileira. O que acontece no segmento do turismo de intercâmbio é semelhante, pois somente uma minoria com maior poder aquisitivo tem acesso a essa prática, retratando a desigualdade no acesso ao turismo, como revelam Mowforth e Munt (2009).

4.2 Identificação das motivações e objetivos dos viajantes

Neste tópico serão discutidas as motivações e objetivos desses viajantes que adquirem pacotes de intercâmbio, como pretendido no segundo objetivo específico, fazendo sempre relação com as respostas descritas no tópico acima, que diz respeito ao perfil do intercambista da cidade de Natal.

As motivações e objetivos dos clientes desse segmento turístico tendem a variar de acordo com sua faixa etária, classe social ou ocupação. Assim sendo, os viajantes de classe alta e que ocupam cargos públicos, raramente realizam intercâmbio com o objetivo de migrar para o país visitado, em virtude da condição de vida que eles possuem no Brasil, como afirmaram os respondentes das agências 2 e 3. Para este grupo, que possui uma vida estável aqui, a motivação gira em torno da vivência de outra cultura e o aprendizado ou aprimoramento de idiomas. Outra razão citada na entrevista realizada na Agência 2 seria a saúde mental desses indivíduos que vem sendo afetada pelos males da atualidade, causando doenças como depressão e transtorno de ansiedade. Esses viajantes de maior poder aquisitivo buscam, portanto, escapar por certo período da rotina em que vivem, o que contribui para uma melhora nas doenças citadas acima. Segundo este mesmo entrevistado, uma de suas clientes realizou a viagem de intercâmbio por recomendação médica de seu psiquiatra, que também é cliente da mesma agência e vivenciou a experiência de intercâmbio em primeira mão.

Já se tratando dos clientes de classes sociais mais baixas, as motivações e objetivos são geralmente a formação profissional e a fuga da situação econômica que o Brasil enfrenta, ou seja, a migração para o país visitado. Com a aquisição de novos conhecimentos, esse viajante pode agregar à sua formação e aumentar sua empregabilidade aqui no Brasil, em meio a altas taxas de desemprego. Quanto aos que almejam a emigração, eles tendem a estar economizando há bastante tempo para a realização dessa viagem, tendo como objetivo primordial a fuga de males como a violência, precariedade da saúde pública e simplesmente

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20 a busca por uma vida digna que o Brasil não consegue prover aos seus cidadãos de classes mais baixas. A entrevistada da Agência 4 explicou que, em razão da crise econômica brasileira vir perdurando por alguns anos esses indivíduos tiveram tempo para economizar para a realização dessa viagem, o que pode explicar um aumento crescente de embarque nos últimos anos. Como afirmou o entrevistado da Agência 2 no tópico anterior, quanto aos viajantes com destino à Irlanda, essa motivação de emigração tende a se distanciar do potencial mais rico do turismo de intercâmbio, voltado à educação e exposição a novas culturas, como defendido por Fazito et al (2017) mais detalhadamente no referencial teórico deste trabalho.

Foi apontado pelo entrevistado da Agência 1 que, após as eleições presidenciais de 2018, a procura por intercâmbios aumentou bastante “dos dois lados, tanto os que apoiavam a eleição de Bolsonaro quantos os que apoiavam o PT.”. Estes viajantes majoritariamente embarcaram com destino à Irlanda, pelas facilitadas já citadas anteriormente, e têm como objetivo a emigração.

Com as respostas dadas ao segundo objetivo específico do trabalho é possível concluir que os motivos que levaram ao aumento do número de embarques de intercambistas em meio à crise, como apontado pela BELTA, tem relação com a desigualdade de renda no Brasil, que permite que as classes mais altas concentrem cada vez mais riqueza e se tornem os principais clientes desse segmento. Tem relação também com a fuga que jovens de classe mais baixa do nosso país, buscando trabalho e uma vida mais digna no exterior.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS

Neste trabalho buscou-se estabelecer uma relação entre o aumento das viagens de intercâmbio no Brasil e a situação econômica e política que o país enfrenta. Para isso, foram apresentados conceitos-chave do turismo e da economia como a segmentação da oferta, o uso do turismo como ferramenta para educação, a definição de crise econômica e abordagens do desenvolvimento. Na pesquisa de campo, foram realizadas entrevistas semiestruturadas com funcionários de agências de intercâmbio, buscando, através das suas percepções, formar um perfil do intercambista natalense e suas motivações, respondendo assim aos objetivos propostos e, com isso, contribuindo para responder ao problema de pesquisa.

Os resultados da pesquisa apontam para certos grupos que se destacam na demanda por intercâmbio, como os jovens que desejam estudar na América do Norte por certo período, os adultos, que são geralmente funcionários públicos, ou os aposentados, que preferem cursos

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21 de idiomas na Europa e buscam fugir da rotina, muitas vezes para melhoria em quadros de depressão ou ansiedade, sendo estes grupos (jovens, adultos e aposentados) de classe média alta e alta; e a pequena mas considerável parcela desses clientes que compõem a classe média baixa ou a baixa, que têm como destino preferido a Irlanda e desejam para lá imigrar, fugindo dos males que afligem o Brasil atualmente. Diante desses resultados é possível responder à pergunta problema que guiou este trabalho, ou seja uma explicação da razão para o aumento da demanda por intercâmbios apesar da crise que o país enfrenta. Conclui-se que esta demanda aumentou justamente por causa da crise, pois ela vem sendo tão duradoura que não se vê perspectiva de melhora, e os viajantes desejam fugir, seja temporariamente ou definitivamente, dessa situação que o Brasil vivencia.

Esta pesquisa busca contribuir para a literatura de turismo, com o estudo de caso de um assunto pouco pesquisado pela academia: a relação entre crise e fluxo de turistas de intercâmbio, e pode também subsidiar a elaboração de políticas públicas que visem o enriquecimento das experiências dos turistas brasileiros no exterior e a diminuição das desigualdades de renda, bem como subsidiar planos empresariais e formação de produtos no segmento de turismo de intercâmbio.

A pesquisa enfrentou alguns fatores -limitadores, como o tempo curto para sua conclusão e a disponibilidade dos funcionários da agência para participarem da entrevista, que remete à necessidade de trabalhos posteriores em que os próprios intercambistas sejam contatados para uma pesquisa mais ampla e quantitativa. Pode-se também explorar exclusivamente o projeto Ciência Sem Fronteiras, que não fez parte do público alvo desta pesquisa em razão de suas viagens não serem contabilizadas nos números da BELTA.

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(30)

27 APÊNDICE

Roteiro de Entrevista - Perfil do Intercambista Natalense Nome da Agência:_____________________________ Data:____/____/_______

1 Nome do entrevistado, cargo e tempo na empresa?

2 Formação do Perfil do Cliente:

a) Faixa etária: [ ]16 a 24 anos [ ]25 a 39 anos [ ]40 a 59 anos [ ]60 anos ou mais

b) Sexo: [ ] masculino [ ] feminino

c) Ocupação: [ ]estudante [ ]empregado [ ]desempregado [ ]aposentado [ ]empresário/autônomo

d) Escolaridade: [ ]fundamental [ ]médio [ ]superior [ ]pós-graduação e) Classe social: [ ] baixa [ ] média baixa [ ] média alta [ ] alta

f) Destino mais procurado: [ ] EUA [ ] Canadá [ ] Irlanda [ ] Austrália/NZ [ ] UK [ ] América do Sul/latina [ ] Europa [ ] Ásia [ ] África [ ] outro ____________

g) Tempo de permanência: [ ] até 1 mês [ ] de 1 a 3 meses [ ] de 3 a 6 meses [ ] de 6 meses a 1 ano [ ] mais de 1 ano

h) Motivo da viagem: [ ]formação profissional [ ]aprender/aprimorar idioma [ ] vivenciar outra cultura [ ] pretende morar fora do Brasil [ ] outro __________________

i) Como os clientes compram o pacote: [ ] na loja [ ] via internet [ ] por telefone [ ] outro __________

3 Em sua percepção, por que houve um aumento na procura por intercâmbios em meio à crise que o Brasil enfrenta?

Referências

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