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Análise de uso e ocupação do solo nas margens dos açudes Recreio e Penedo em Caicó/RN

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Academic year: 2021

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(1)UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE ENSINO SUPERIOR DO SERIDÓ – CAMPUS DE CAICÓ DEPARTAMENTO DE GEOGRAFIA. ANÁLISE DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS MARGENS DOS AÇUDES RECREIO E PENEDO EM CAICÓ/RN. Orquídea Costa de Araújo. Caicó – RN 2013.

(2) Orquídea Costa de Araújo. ANÁLISE DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS MARGENS DOS AÇUDES RECREIO E PENEDO EM CAICÓ/RN FAMILIAR SUSTENTÁVEL. A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTERNATIVA PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVEL A BIOTECNOLOGIA VEGETAL COMO ALTER PARA A COTONICULTURA FAMILIAR SUSTENTÁVELAAA. Monografia apresentada ao Curso de Geografia da UFRN-CERES, como parte dos requisitos necessários para a obtenção do título de Bacharel em Geografia.. Orientador: Prof. Dr. Renato de Medeiros Rocha. Caicó – RN 2013.

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(4) Catalogação da Publicação na fonte. Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino Superior do Seridó. Biblioteca Setorial Maria Lúcia Bezerra da Costa – Caicó.. Araújo, Orquídea Costa de. Análise de uso e ocupação do solo nas margens dos açudes Recreio e Penedo em Caicó/RN / Orquídea Costa de Araújo. – Caicó, 2013. 52 f.. Orientador (a): Prof. Dr. Renato de Medeiros Rocha. Monografia (Bacharel em Geografia) – Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Centro de Ensino superior do Seridó – Campus Caicó. Departamento de Geografia. Curso de Geografia.. 1. Águas urbanas – Monografia. 2. Açudes – Caicó/RN – Monografia. 3. Ocupação do solo – Monografia. 4. Impactos ambientais – Monografia I. Rocha, Renato de Medeiros. II. Título.. UFRN/CERES/BS CAICÓ. CDU : 627.81(813.2). Orquídea Costa de Araújo. A monografia Análise de uso e ocupação do solo nas margens dos açudes Recreio e Penedo em Caicó/RN, apresentada por Orquídea Costa de Araújo, foi _______________________como requisito para obtenção do Grau de Bacharel em Geografia.. Aprovada em:____/____/____. BANCA EXAMINADORA:.

(5) _______________________________________________ Prof. Dr. Renato de Medeiros Rocha Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DGC-CERES-UFRN) Presidente. ______________________________________________ Profª. Msc. Silvana Barbosa de Azevedo Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DGC-CERES-UFRN). _______________________________________________ Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa Universidade Federal do Rio Grande do Norte (DGC-CERES-UFRN). Dedicatória.

(6) A Deus, a toda minha família e amigos sempre presentes DEDICO. Agradecimentos. Ao meu orientador Prof. Dr. Renato de Medeiros Rocha, que teve toda a paciência necessária para me atender sempre que solicitava e, sobretudo dedicação, pois me orientou e acreditou em meus projetos desde o dia em que pus os pés em seu laboratório. Agradeçoo por compartilhar experiências, conhecimentos e conselhos desde o início da minha Graduação, que, sem esses pequenos detalhes teria sido mais difícil a caminhada. O meu muito obrigada por sempre ter conseguido me passar esperanças quando muitas vezes eu parecia não ter mais. Obrigada por ter depositado em mim confiança, por também não me deixar desistir perante aos obstáculos enfrentados durante a caminhada, inclusive nestes semestres de monografia. Hoje sei muito bem que os seus sermões de mais ou menos 1h acompanhados de ensinamentos foram de suma importância para o início da minha maturidade acadêmica. Transformar agradecimentos em palavras não é uma tarefa fácil,.

(7) mas espero que o retorno que eu possa lhe dar seja o de o senhor observar o início de meu voo. Ao Laboratório de Ecologia do Semiárido (LABESA), coordenado pelo Prof. Renato de Medeiros Rocha e Prof. Dr. Diógenes Félix da Silva Costa, por terem contribuído com a minha formação. Boa parte do que aprendi nesta graduação foi adquirido em meus 4 anos de estágio no laboratório. E aos meus colegas do LABESA que conheci entre os anos de 2010 a 2013, com muitos destes formei laços fortes de amizades, a vocês que foram maravilhosas companhias de estágio, diversão e estudos, em especial a Igsson, Tânia, Dionísio, Geraldo e a Jânio, que tanto me ensinou nestes 4 anos. À Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e a PROGRAD/ PROPESQ/PROEX – Ações Acadêmicas Integradas, pela aprovação do projeto de ações associadas “Cuidando das áreas úmidas da cidade de Caicó/RN” em 2012, a qual fui bolsista renumera neste período no LABESA. À Prefeitura Municipal de Caicó por dois anos de estágio pelo Instituto Euvaldo Lodi (IEL). Um ano na Escola Municipal Severina Brito, em 2011, onde pude adquirir experiências em sala de aula, mesmo não sendo a minha formação. Também por conhecer alunos, professores e pais que foram generosos e acolhedores comigo. E ao outro estágio na Secretaria Municipal do Meio Ambiente de Caicó em 2013, que foi possível, mesmo em pouco tempo e com dificuldades, fazer algo que foi aprendido na graduação. As contribuições dadas pelas pessoas e lugares destes dois momentos citados foram essenciais nesta graduação. Aos meus pais Edivaneide Costa de Araújo e Gilvamar Costa de Araújo e a minha irmã Avohanne Isabelle Costa de Araújo, que me deram forças e estiveram comigo em todos os momentos, que mesmo com todas as dificuldades, me incentivaram na minha formação. Sem eles eu não estaria onde estou, ou sequer ao menos seria o exemplo de filha e família que sou para vocês. Um dos mandamentos de Deus é “Honrar Pai e Mãe”, eu o sigo muito bem; é com esse respeito que é por vocês, família, que não deixo de tentar, pois essa luta tanto é minha quanto de vocês. Aos meus familiares paternos e maternos que também me ajudaram sempre no que era necessário. A minha avó materna Antônia (in memorian), que sempre foi carinhosa e dedicada..

(8) A todos os meus colegas de curso, que com todos os estresses, trabalhos, provas, seminários, nós tínhamos sempre quando necessário, as brincadeiras nas horas vagas para descontrair. Essa graduação foi maravilhosa com a presença de cada um de vocês; Luciene, Abraão, Christian, Bruno, Emmanuel, Nelrivan, Adriano, Nelson, Heloísa, Daniela, Gisleyd, Rafael, Everton, Jeane, Sidney e Daiane; em especial aos meus amigos e também colegas da Geografia, Armando, Aylanna, Osmar, Adilson, Luzia, Renata, Geórgia, Ricárcia e Carliana, por fazerem desses quatro anos mais suaves e alegres. A todos os docentes do Departamento de Geografia (DGC) que contribuíram com a minha formação. Mesmo eu não sendo a aluna das melhores notas, mas fui a aluna que se esforçou para manter-se de pé (...). Aos meus amigos(as) Izabel, Thiago, Nilton e Eva, mesmo eu me encontrando distante algumas vezes, vocês sempre estiveram torcendo por mim, ajudando e estando em vários momentos. Vocês são os irmãos de coração que Deus me presenteou. A José Marcus Guedes, obrigada por não me deixar fraquejar e por insistir que eu iria conseguir, sem dúvida você conseguiu fazer com que eu enxergasse a força que eu possuo. Agradeço-o pelo apoio e palavras que me deu em meus momentos de angústia, como também por estar a cada dia, nos mais alegres aos tristes. Você provou, contribuindo claramente que a História se dá muito bem com a Geografia, dentro dos limites, afinal, foi quem me deu mais suporte tecnológico para essa monografia ser concluída. Agradeço por enxergar e me entender como quase ninguém conseguia e por saber o quanto a Coruja e o símbolo da Paz tem significados importantes para mim, o quão sou ligado materialmente e simbolicamente a eles e por estes serem e terem sido fundamentais na minha tranquilidade no decorrer desta pesquisa. Aos que não foram citados, que sabem que contribuíram e estiveram comigo, que me viram crescer e me ajudaram. Aos que ao ler, saberão que estão sendo citados aqui, que me desejaram toda a sorte do mundo, a todos que rezaram por mim, que me apoiaram e torceram seriamente, sem maldade e sem nada a pedir em troca. Por fim, agradeço a Deus por mais uma missão confiada a mim na qual foi cumprida. Agradeço pela fé que tenho, pelas minhas preces concedidas, pela força e paz dada, fé e alegria que tenho em mim e que também encontro nos grupos Acolhimento Jovens de Hélder Câmara, desde 2008 e na Equipe de Jovens de Nossa Senhora (EJNS) da.

(9) Catedral de Sant’Ana (2013). “Somos fortes se todos somos um e se estamos juntos... Não é fácil e nunca há de ser, mas estamos juntos, Maria olha por nós”..

(10) "No sertão, vale mais deixar à família um bom açude do que rico e bello palácio." Phelippe Guerra (1903).

(11) FIGURA 01 – Imagem parcial do Açude Recreio em Caicó/RN ............................. 21 FIGURA 02 – Imagem parcial do Açude Penedo em Caicó ................................... 22 FIGURA 03 – Mapa de Localização do Açude Recreio .......................................... 30 FIGURA 04 – Mapa de Localização do Açude Penedo .......................................... 31 FIGURA 05 – Mapa de Uso e Ocupação do solo nas margens do Açude Recreio ................................................................................................................... 34 FIGURA 06 – Mapa de Uso e Ocupação do solo nas margens do Açude Penedo ................................................................................................................... 35 FIGURA 07 – Área urbanizada nas margens do Açude Recreio ............................ 36 FIGURA 08 – Área urbanizada nas margens do Açude Penedo ............................ 37 FIGURA 09 – Lançamentos de esgotos in natura no Açude Recreio ..................... 38 FIGURA 10 – Lançamentos de esgotos in natura no Açude Penedo ..................... 39 FIGURA 11 – Retirada do solo da parede do Açude Penedo para uso não identificado ....................................................................................................... 40 FIGURA 12 – Animais bovinos soltos nas margens do Açude Recreio .................. 41 RESUMO ANÁLISE DE USO E OCUPAÇÃO DO SOLO NAS MARGENS DOS AÇUDES RECREIO E PENEDO EM CAICÓ/RN Os Açudes no semiárido brasileiro, mas especificamente na região do Seridó, são elementos essenciais para o homem sertanejo; estes sabem muito bem a importância e a falta que este recurso faz em sua região. Devido ao avanço do meio urbano sobre os corpos d‟águas e suas Áreas de Preservação Permanente (APP), essas ações vêm implicando cada vez na degradação desses reservatórios, causando impactos ambientais e socioambientais. Foi com base na importância e conservação dessas águas urbanas, que o objetivo do trabalho foi realizar a análise dos usos e ocupações dos Açudes Recreio e Penedo na cidade de Caicó/RN, dois reservatórios artificiais bastante antigos na região. A produção do material cartográfico foi realizada em ambiente de Sistema de Informação Geográfica (SIG), com o auxílio do software ARCGIS 10.2, envolvendo o processamento digital das imagens e a produção de mapas temáticos com as diferentes classes de usos e ocupação do solo. Os resultados foram apresentados em mapas temáticos mostrando a condição dos açudes. Através da análise dos mapas, foi possível identificar os usos e ocupação nas margens dos açudes, com predominância das áreas com solo exposto, vegetação rala e zona urbana. Foi observado que há uma falta de organização por parte do poder público do município, que não visa projetos que gerencie o uso do solo e que há.

(12) uma falta de planejamento para as construções que ocorrem irregularmente nas margens dos açudes, principalmente no Açude Recreio. Nesse sentido, foram indicadas várias estratégias diferenciadas para a reabilitação dos açudes, como recuperação das áreas degradadas, campanhas de educação ambiental para a população ribeirinha e conservação das áreas menos afetadas. Portanto, este trabalho poderá vir a contribuir como uma ferramenta prática de consulta para a tomada de decisões em políticas de gestão pública, a fim de minimizar os processos de degradação nos reservatórios analisados.. Palavras-chave: Águas urbanas. Açudes. Seridó. Ocupação do solo. SIG. Impactos ambientais.. ABSTRACT ANALYSIS OF LAND USE AND OCCUPANCY AT THE MARGINS RECREIO AND PENEDO DAMS IN CAICÓ / RN. Dams in the Brazilian semiarid region, but specifically Seridó region, are essential elements for man backcountry; they know very well the importance and the lack that this feature does in his area. Due to the advancement of the urban environment on the bodies of water and their Permanent Preservation Areas (APP), these actions come increasingly implicating the degradation of these reservoirs, causing environmental and social impacts. Based on the importance and conservation of these urban waters, the aim of this study was to analyze the use and occupation of Recreio and Penedo Dams in Caicó / RN, two very ancient artificial reservoirs in the region. The production of cartographic material was carried out in a Geographic Information System (GIS) with the aid of the software ArcGIS 10.2, involving digital image processing and the production of thematic maps with the different classes of uses and land use. The results were presented in thematic maps showing the condition of the dams. Through the analysis of the maps, it was possible to identify the uses and occupation on the edges of reservoirs, predominantly in areas with bare soil, sparse vegetation and urban area. It was observed that there is a lack of organization by the government of the municipality, with no projects that manage land use and that there is a lack of planning for buildings that occur irregularly along margins of the dams, especially in Dams Recreio. Accordingly, it was identified a number of different strategies for the rehabilitation of dams, such as the recovery of degraded areas, environmental education.

(13) campaigns for the local population and conservation areas less affected. Therefore, this work may contribute as a practical tool to query the decisionmaking in public management policies in order to minimize the degradation processes in the reservoirs analyzed.. Keywords: Urban water. Dams. Dams Penedo. Dams Recreio. SIG. Environmental impacts.. 1. INTRODUÇÃO ..................................................................................................................13 2. REFERENCIAL TEÓRICO .............................................................................................15 2.1 Águas urbanas .........................................................................................................15 2.2 Reservatórios artificias............................................................................................17 2.3 Água no semiárido nordestino ...............................................................................17 2.4 Açude na região do Seridó.....................................................................................19 2.5 Açude Recreio e Penedo........................................................................................20 2.6 Área de Preservação Permanente........................................................................22 2.7 Ocupação do solo ....................................................................................................23 2.8 Impactos ambientais ...............................................................................................25 2.9 Sistemas de Informações Geográficas (SIG)......................................................26 2.10 Recuperação/Reabilitação ...................................................................................27 3. PROBLEMA DA PESQUISA..........................................................................................28 4. HIPÓTESE .........................................................................................................................28 5. OBJETIVOS .....................................................................................................................28.

(14) 5.1 Objetivo geral............................................................................................................28 5.2 Objetivos específicos ..............................................................................................28 6. MATERIAL E MÉTODOS ...............................................................................................28 6.1 Área de estudo .........................................................................................................29 6.2 Procedimentos metodológicos...............................................................................31 7. RESULTADOS..................................................................................................................32 8. DISCUSSÃO......................................................................................................................41 9. CONCLUSÃO....................................................................................................................43 10. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ...........................................................................44.

(15) 1. INTRODUÇÃO As águas urbanas são de grande importância paisagística e, sobretudo, para o uso humano. Segundo Rebouças (2006), ao pensar em águas urbanas, o que se tem em mente é que essas servem, em primeiro lugar, para o abastecimento da população. No entanto devem-se considerar vários outros aspectos, como está estabelecido na resolução n° 357 de 2005 do CONAMA (Conselho Nacional de Meio Ambiente), que classifica essas águas para diversos usos múltiplos, como recreação, esporte, lazer, irrigação de hortaliças, dessedentação animal, abastecimento populacional, harmonia paisagística e proteção de comunidades aquáticas. Na Região do Seridó, segundo Molle (1994), os açudes urbanos são de grande valor simbólico e essas águas sempre foram utilizadas pelo homem sertanejo para diminuir os efeitos que a seca causava/causa desde os tempos da civilização. “Tradicionalmente, os açudes do Nordeste brasileiro foram construídos visando principalmente o abastecimento das populações e dos rebanhos” (MOLLE, 1992, p. 13).. A história do açude no Nordeste é tão antiga como a história de sua colonização pelos portugueses. Na realidade, o próprio nome – açude – derivado da palavra árabe as-sadd (barragem) comprova origem ainda mais remota, se nos debruçarmos sobre a história do homem e de suas técnicas (MOLLE, 1994, p.14).. Neste sentido, Molle (op. cit.) destaca que a região do Seridó (RN) se sobressaiu desde muito cedo com um crescimento espetacular de açudagem, apresentando um dos pólos de maior e mais antiga concentração de açudes. Devido ao crescimento populacional e o avanço da urbanização sobre o meio natural, de maneira desordenada e por falta de um planejamento e de infraestrutura adequada, esses açudes vem sendo constantemente degradados, assim como as suas APPs. Este problema acarreta diversos impactos progressivos para os corpos d‟água. Dessa forma Tucci (2005), Rebouças (2006) e Tucci (2008) destacam que fatores decorrentes da ocupação urbana implicam na qualidade ambiental dos corpos d‟água, como: esgotos domésticos e industriais lançados in natura, estes provocam alterações na qualidade dessas águas, impondo em risco esses açudes e os demais recursos hídricos, 13.

(16) causando a eutrofização devido ao aumento da concentração de nutrientes, assim como propicia o desenvolvimento de doenças de veiculação hídrica, acúmulo de lixos, inundações nas áreas urbanas, erosão e sedimentação dos recursos hídricos, degradação da APP e das matas ciliares, emissão de odores, desaparecimento de espécies da fauna e da flora, etc. É bastante visível o cenário de degradação e ocupação nas margens dos reservatórios e rios da cidade de Caicó/RN, onde se encontram desde descartes de esgotos in natura em suas águas até aterramentos para loteamentos. Segundo Faria (1980), o Seridó é a região mais açudada do mundo. O açude “nas condições de clima do Nordeste, e na plenitude de suas funções intrínsecas é aguada, para alimentação do homem e dos rebanhos; é campo de pesca, é centro de produção agrícola nas vazantes, é reservatórios de acumulação de água para irrigação sistemática” (MOLLE, 1994, p. 91). O seridoense sabe a importância dos açudes para a sua sobrevivência e sabe que é um grande fator de harmonia paisagística e de amenização de temperaturas altas da região. Levando em consideração a importância dessas águas urbanas, este trabalho tem como objetivo principal analisar o uso e ocupação do solo nas margens dos Açudes urbanos Recreio e Penedo no ano 2012, em Caicó/RN. Este trabalho terá o auxílio do software ARCGIS 10.2, envolvendo o processamento digital das imagens e a produção de mapas temáticos, com isso haverá a identificação de quais são os impactos decorrentes desta ocupação ao longo dos anos. A conservação de açudes urbanos nos dias de hoje, implica cada vez mais na necessidade de planejamento e gestão nas zonas de entorno e Áreas de Preservação Permanente – APP, que de acordo com o Código Florestal Brasileiro, Lei Federal n° 12.651 (2012), são áreas protegidas por lei, com a função de conservar os recursos hídricos, a paisagem, a biodiversidade, o bem estar da população, etc. Este trabalho poderá vir a contribuir como uma ferramenta prática de consulta para a tomada de decisões em políticas de gestão pública, a fim de minimizar os processos de degradação dos açudes que serão analisados, assim como a elaboração de atividades que tenham um retorno para a sociedade. 14.

(17) Esta pesquisa também servirá de acervo bibliográfico sobre os açudes urbanas da região do Seridó, e posteriormente de outras regiões, visto que trabalhos sobre os açudes da região são quase inexistentes, portanto fundamental de base ao conhecimento do processo dessas ocupações e a pressão e/ou impactos causados por estas. Espera-se que as visualizações das causas da morte destes reservatórios sejam percebidas por parte da população e do poder público.. 2. REFERENCIAL TEÓRICO 2.1 Águas urbanas Um dos grandes desafios da contemporaneidade é a conservação de águas urbanas, que cada dia mais requer um planejamento e gestão em suas margens. Segundo Rebouças (2006), ao pensar em águas urbanas o que vem em mente a princípio é o abastecimento da população, mas há vários outros aspectos relevantes no que diz respeito á água no meio urbano. Para Tucci (2005) as águas urbanas são as fontes de abastecimento humano, animal e industrial, como também “englobam o sistema de abastecimento de água e esgotos sanitários, a drenagem urbana, a gestão dos sólidos totais”, etc. (TUCCI, 2008, p.100). Por sua vez, Rebouças (2006), destaca que as águas urbanas são fontes de abastecimento da população e suas necessidades, que deve possuir qualidade e quantidade adequada para o uso humano. Ainda enfatiza que o uso mais digno da água pelo ser humano é o uso doméstico. Como disposto na resolução CONAMA nº 357, a classificação das águas doces deve atender as demandas dos diversos usos múltiplos, como recreação, esporte, lazer, irrigação de hortaliças, dessedentação animal, abastecimento populacional, harmonia paisagística, proteção de comunidades aquáticas, etc. “O uso doméstico refere-se ao uso da água para finalidades nobres como para alimentação, para beber, para higiene e também lavagem de matéria-prima, alimentação de processos, sistemas de refrigeração, resfriamento de caldeiras etc” (PHILIPPI Jr, 2005, p.189). Ainda com relação ao uso da água, Philippi Jr (op. cit.) esclarece que, “durante seu 15.

(18) uso, a água sofre novas transformações, em função do tipo de uso, que alteram sua qualidade, resultando na água residuárias”. “O desenvolvimento. urbano à medida que aumenta envolve duas atividades. conflitantes, aumento da demanda de água com qualidade e a degradação dos mananciais urbanos por contaminação dos resíduos urbanos e industriais” (REBOUÇAS, 2006, p.14). É visível que as águas urbanas vêm sendo contaminadas diariamente com esgotos domésticos lançados in natura, deposição de lixos nas proximidades, etc. A falta de saneamento ou o mau tratamento desses resíduos são problemas cada vez mais frequentes nas cidades do Brasil. Para Philippi Jr. (2005), as principais fontes de águas residuárias de áreas urbanas compreendem:. esgotos domésticos,. esgotos industriais,. como. também esgotos. provenientes de empreendimentos como hospitais, shoppings centers e aeroportos. “Os efluentes domésticos contêm aproximadamente 99,9% de água e 0,1% de sólidos” (PHILIPPI, 2005, p.195). “[...] Com o crescimento das cidades, principalmente nas últimas décadas, há dificuldade nas áreas urbanas em atender a demanda de infraestrutura, principalmente de esgotamento sanitário” (TUCCI, 2005, p. 377). Sem um devido tratamento, essas águas retornam para a natureza, se misturando com a água “tratada” e consequentemente será usada novamente por outras pessoas em um próximo lugar. Tucci (op cit.) ainda ressalta que a contaminação das bacias hidrográficas são questão também devido ao processo acelerado da urbanização e a deficiência da infraestrutura de esgotamento sanitário. Revela também que o despejo sem tratamento dos esgotos sanitários nos rios, contamina-os. Estas ações são consequências. “da falta de. investimentos nos sistemas de esgotamento sanitário e estações de tratamento e, mesmo quando existem, apresentam baixa eficiência” (TUCCI, 2005, p.381). “A inexistência de um sistema de esgotamento sanitário em torno do açude resulta no lançamento de esgotos domésticos nas águas, com a presença de produtos como detergente, sabão, água sanitária, amaciante” (SANTOS, 2009, p.27), e além dessa contribuição, no Brasil não se gerencia os seus recursos hídricos de maneira adequada.. 16.

(19) 2.2 Reservatórios artificiais Açudes, barreiros, reservatórios, represas artificiais, geralmente são construídos para armazenar água em um determinado período em regiões mais secas. Os açudes foram e estão sendo “construídos em todos os continentes e têm sido utilizados para múltiplas finalidades ao longo da história da humanidade. Produção de alimentos (pesca e piscicultura), abastecimento de água, recreação, água para irrigação, turismo” (TUNDISI, 2008, p.2), esses são uns dos principais usos que foram desenvolvidos ao longo do tempo. Em grande parte das regiões do Brasil há um número significativo de disponibilidade hídrica, no entanto distribuído de forma desigual. Essa também seria uma das justificativas do aumento de construções de reservatórios no país. Conforme Esteves (1988), no Brasil, os açudes são formados principalmente pelo represamento de rios para atender objetivos como: abastecimento de águas, regularização de cursos, obtenção de energia elétrica, irrigação e recreação, etc. Ainda segundo o autor, os lagos artificiais brasileiros recebem diferentes denominações, como: represas, reservatórios, açudes, barreiros, etc., que nada mais são que sinônimos, uma vez que estes ecossistemas têm a mesma origem e finalidade. “Reservatórios artificiais têm um amplo espectro de interações com as bacias hidrográficas, interações estas de natureza ecológica, econômica e social. Um reservatório, como sistema complexo, consiste de muitos componentes e subsistemas que interagem e variam no espaço e no tempo” (TUNDISI, 2008, p.319). O estudo desses reservatórios artificiais é de ampla importância, que pode servir para estabelecer o planejamento e gestão desses ecossistemas que não os agridam e que também minimizem os problemas já existentes.. 2.3 Água no semiárido nordestino Quando se pensa em água no Semiárido nordestino, “a problemática referente à escassez e irregularidade dos recursos hídricos se evidencia e se contextualiza como um sério assunto. a ser debatido e tratado, em todos os campos da sociedade”. (PEREIRANETO, 2011, p. 2), pois a falta de água nessas regiões é bastante evidente e 17.

(20) sentida pela população dessas regiões. A criação do Departamento Nacional de Obras Contra as SECAS – DNOCS – em 1990, àquela época sob a denominação de Inspetoria de Obras contra as Secas, foi o marco inicial na implantação da infraestrutura hídrica hoje existente no Semiárido Brasileiro (VIEIRA, 2006). Deve-se a existência de alguns açudes no semiárido, a cooperação do DNOCS. “As secas de 1825-1827-1830 marcam a arrancada do açudamento do Nordeste semi-árido” (MOLLE, 1992, p. 14). “O Departamento Nacional de Obras Contra as Secas tem construído ao longo de seus 60 anos de vida 253 açudes públicos, com capacidade de armazenamento equivalente a 11.050.303.000 metros cúbicos” (GUERRA, 1978, p.35). Segundo o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos (2012), a disponibilidade de água no Nordeste corresponde 40% em açudes e barragens construídas. Essa porcentagem também se dá pelo fato do clima do semiárido ser caracterizado por um regime chuva resumido entre os meses de fevereiro à maio. Por esses fatores de baixos índices pluviométricos, na grande maioria é a causa do crescimento da açudagem no nordeste, como também da enorme demanda pela água. “No Nordeste é denominado comumente de „açude‟ qualquer reservatório feito pelo homem, compreendendo o conjunto de barragem ou „parede‟, isto é, um dique de terra ou de concreto que intercepta um curso de água, e o lago por ele formado‟‟ (GUERRA, 1978, p.33). Ainda segundo o autor, como os rios não são perenes, esses açudes só recebem água no período chuvoso da região. A água é um dos mais importantes recursos naturais do planeta, de grande necessidade à manutenção da vida e das atividades humanas como abastecimento, irrigação, lazer, aquicultura, geração de energia, entre outros. No semiárido, sobretudo na região do Seridó, a construção de reservatórios foi um sistema de engenharia desenvolvida pelos homens, para diminuir os problemas que a seca traz para as regiões. O Seridó é a região mais açudada. São amplos os benefícios que os açudes trazem para regiões como essa (SOUZA, 1989; MOLLE, 1992; MOLLE, 1994; et. al). Mesmo alguns autores tratando que os açudes no Nordeste não são aproveitados o suficiente, outros autores sabem da importância, valor e uso que os açudes representam em meio a essas regiões. “No sertão nordestino a água passa a ter valor tanto político como financeiro, e nasce daí um tipo de luta de classe, a luta dos que controlam a água e dos que 18.

(21) querem ter acesso a ela” (SANTOS, 2009, p.39). É aí que se iniciam os conflitos pelos usos da água. “[...] Os açudes destas regiões secas se destacam como ecossistemas de relevância fundamental na manutenção de comunidades vegetais e animais, especialmente agregados humanos, tanto por serem considerados elos fundamentais no ciclo da água, como por serem um reflexo evidente das condições ambientais da região, tais como, tipo de solo, bacia de drenagem, influência antrópica e variações climáticas (BARBOSA, 2006, p. 82).. 2.4 Açudes na região do Seridó A região do Seridó no século XVIII foi marcada pela construção de reservatórios de pequeno e médio porte, que tinham como objetivo amenizar os problemas que a seca causava, servindo para o abastecimento da população, assim como para a dessedentação animal, irrigações e produção de algodão (MACÊDO, 1998; SILVA, 2008). Desde o início do século XVIII, os açudes são elementos essenciais na paisagem da região Seridó, tanto nas áreas urbanas como em rurais. “Para garantir o atendimento das demandas de água nos períodos de seca, aproveitando-se a água excedente dos meses úmidos” (FONTES, et. al, p. 4, 2003), se fazia necessário a construção destes reservatórios na região”. Sendo assim, represavam e represam essas águas em reservatórios, açudes, barragens para garantir água em períodos que não ocorrem chuvas. O açude constitui para o nordestino um elemento de grande valor simbólico, é considerado o seu maior patrimônio (SOUZA, 1989; MOLLE, 1994). No Nordeste, a construção de açudes foi uma técnica trazida pelos portugueses, [...] onde a construção destes sempre foi um meio empregado pelo sertanejo para neutralizar os efeitos das secas, desde os primeiros tempos da colonização (MOLLE, 1994). Segundo Eloy de Souza (1989), sempre foi de tanta precisão à construção de açudes, que o sertanejo os construía com fins próprios, não esperava pelas obras do governo para construir o açude para a sua sobrevivência. [...] “A água, sobretudo no sertão, é pão e alegria, dignidade, conforto e independência” (SOUZA, 1989, p. 74). Após o rebaixamento das águas agricultores ainda aproveitam a vazante para o cultivo. O sertanejo, sem dúvida, sabe de fato fazer uso dos açudes. 19.

(22) “Já existem casos isolados de açudes construídos exclusivamente para o uso em irrigação bem como diversos exemplos de mudanças quanto a possibilidade de associar varias aproveitamentos dos açudes” (MOLLE, 1992, p. 14), não somente para a irrigação, como também para o abastecimento e para a dessedentação animal. “No decorrer da colonização do sertão, posteriormente, o pequeno açude apareceu como umas das soluções ao problema do abastecimento e difundiu-se paulatinamente” (MOLLE, 1992, p. 14). “O município de Caicó é o que tem maior número de açudes particulares. No recenseamento municipal de 1929 foram registrados 600 reservatórios pequenos e médios” (SOUZA, 1989, p. 72). “A região do Seridó (RN) destacou-se, desde cedo, pelo crescimento espetacular de sua açudagem” (MOLLE, 1994, p.31). “Trata-se de uma região adusta do Rio Grande do Norte, aquela em que as estiagens são mais prolongadas e na qual a proporção de terras agrícolas representa uma percentagem mínima” (SOUZA, 1989, p. 73). Devido aos fatores da seca, esse é um dos motivos que levam a construção acelerada de açudes no semiárido nordestino. “O crescimento espontâneo e contínuo da pequena açudagem, registrado ao longo dos tempos” (MOLLE, 1992, p. 13), marca a importância do seu papel essencial na vida do homem. As regiões do Seridó (RN) sem as construções dos açudes seriam inviáveis, mas grande parte do Nordeste oferece condições favoráveis à construção de açudes. As construções desses açudes na região do Seridó marcam historicamente a vida dos sertanejos, que utiliza os açudes para diversos fins (MOLLE, 1992).. 2.5 Açudes Recreio e Penedo Construído em 1842, sendo o primeiro açude construído no município, o Açude Recreio (FIG. 01) localiza-se entre os bairros Vila do Príncipe e Recreio, na zona Norte da cidade de Caicó/RN. Este açude foi construído por um dos Merêncios (família de pretos conhecida na região). O açude na época de sua construção e por muitos anos seguintes foi de efetiva utilidade para a população que morava em suas proximidades, principalmente nos tempos em que a seca castigava a região (FARIA, 1978; SOUZA,. 20.

(23) 1989; MOLLE, 1994). Hoje, o Açude Recreio é considerado Patrimônio Histórico da cidade de Caicó, embora não tenha sido encontrado na Prefeitura Municipal um documento certificando tal decisão.. Figura 01 – Imagem parcial do Açude Recreio em Caicó/RN. Fonte: Acervo pessoal (2012).. O Açude Penedo (FIG. 02) faz parte da antiga Fazenda Penedo, que pertencia a Joaquim Apolinar Pereira de Britto (1816-1880) e depois repassada por seus herdeiros (Coronel Celso Dantas) até 1947, quando foi vendido ao Sr. Evaristo de Medeiros. O açude está localizado hoje no bairro Penedo, que segundo Faria (2010), é conhecida como “Penedo dos ricos”, onde mora, com algumas exceções, professores universitários, médicos e bancários da cidade. Segundo Araújo (2012), os terrenos do senhor José Evaristo de Medeiros foram loteados e vendidos pelos seus herdeiros e assim a antiga fazenda Penedo deu origem ao bairro Penedo.. 21.

(24) Figura 02 – Imagem parcial do Açude Penedo em Caicó/RN. Fonte: Acervo pessoal (2012).. De acordo com Faria (2010), os açudes Recreio e Penedo, até os anos de 1970 estavam situados na zona de transição entre o urbano e o rural. O Açude Recreio e Penedo são reservatórios artificiais urbanos de Caicó, que já foram de grande serventia para o abastecimento de água dos moradores e proprietários das terras, assim como era utilizado para a sedentação animal e para irrigação. No decorrer dos anos, o crescimento populacional e a crescente urbanização causou pressões antrópicas sobre estes açudes, contribuindo para a deterioração da sua qualidade ambiental. Hoje, mesmo estes açudes não estarem sendo utilizados para o consumo humano, ambos foram e continuam sendo de grande importância histórica e paisagística para a cidade de Caicó. Ambos os açudes foram os primeiros a serem construídos na região, onde foi de vasta serventia para a população em épocas que a seca castigava a região.. 2.6 Área de Preservação Permanente De acordo com Francisco (2006), as Áreas de Preservação Permanente (APP) são áreas definidas e protegidas pelo Código Florestal e estão localizadas em faixas marginais 22.

(25) de cursos d‟água, tanques, barragens, açudes e ao redor de nascentes. Possui uma “função ambiental de preservar os recursos hídricos, a paisagem, a estabilidade geológica, a biodiversidade, o fluxo da fauna e flora, proteger o solo e assegurar o bemestar das populações humanas” (BRASIL, 2001 apud FRANCISCO, 2006, p.1). Por lei é estabelecido que dentro das APPs devem ser mantidos todo a vegetação natural, não devem ser modificadas, pois essas áreas foram estabelecidas com o objetivo de manter essa composição natural, sem alterações por ações antrópicas (COSTA et al, 1996). Para os reservatórios em áreas urbanas que não tem a função de abastecimento, a Área de Preservação Permanente é de no mínimo 30m em projeção horizontal. Ainda no que diz respeito às APP, o Código Florestal (Lei n° 12.651/2012), inclui as matas ciliares na categoria de Áreas de Preservação Permanente – APP. Assim, “toda a vegetação natural (arbórea ou não) presente ao longo das margens dos rios e ao redor de nascentes e de reservatórios, por lei, deve ser preservada” (MARTINS, 2007, p.36). As Áreas de Preservação Permanente de áreas urbanas devem ser cada vez mais preservadas no que diz respeito a sua importância paisagística, cultural, turística, ecológica. Mesmo sendo protegidas por lei, as margens dos reservatórios tanto artificiais como naturais não escapam do uso e ocupação do solo pela área urbana. Quando as APP são preservadas, essas fornecem um papel fundamental no equilíbrio da paisagem do entorno e para a sociedade. No entanto, em açudes, que hoje estão sobre pressão de áreas urbanas, essas áreas são infringidas, seja pelas construções de residências, fábricas, ou uso inadequado dos solos e desmatamento. Parte da responsabilidade para proteger e intervir irregularidades parte do poder do município.. 2.7 Ocupação do solo A ação degradadora do homem vem se intensificando a cada ano; os mananciais estão sendo alterados, pouca atenção se dá às práticas conservacionistas e as condições ambientais são desfavoráveis (VIEIRA, 2006). Segundo Guerra (1978), as agressões aos recursos naturais não são de hoje, datam do século XVII. Com essas agressões, vários ecossistemas são diariamente impactados, dentre estes, os rios.. 23.

(26) “O crescimento urbano apresenta constantemente diferentes conflitos entre a esfera social e o meio ambiente então caracterizado, na maioria das vezes, pela ausência da gestão ambiental e do planejamento urbano” (PEREIRA-NETO, 2011, p. 2). Diante desses processos de ocupação do solo, crescimento urbano, populacional, com a falta da infraestrutura e planejamento é crescente a degradação ambiental e agressões constantes aos corpos hídricos. O que era rural foi sendo modificando com o passar dos anos, tornando-se urbano, isso fez com que a proximidade da área urbana sobre os recursos naturais e até mesmo os artificiais fossem cada vez mais ocupado. A maneira como ocorreu a ocupação do solo no Brasil foi de maneira desordenada, sem haver uma estimativa dos prováveis impactos sobre os recursos hídricos. Com isso, “a ocupação desordenada do solo em bacias hidrográficas, com rápidas mudanças decorrentes das políticas e dos incentivos governamentais, agrava seus desequilíbrios” (CUNHA, 2011, p. 360). O solo desde o aparecimento do ser humano tem sido ocupado pela área urbana, por instalações industriais, atividades de agricultura, etc. principalmente nas proximidades de rios, reservatórios, lagos. [...] “Uma simples observação do que vem ocorrendo ao longo dos últimos anos permite perceber que cada uma dessas ocupações e desses usos pode provocar, e assim tem acontecido, distúrbios ambientais e óbices por vezes irreversíveis” (CUNHA, 2011, p. 499). De acordo com Rebouças (2006), o Brasil apresentou ao longo das últimas décadas um crescimento significativo da população urbana, cujos efeitos desse processo fazem-se sentir sobre o meio natural, acarretam diversos impactos ambientais. O impacto ambiental, segundo Sánchez (2008), é uma alteração no meio ambiente provocado por ações humanas que a abrangência pode ser desde impactos locais a regional/global. Ocupações irregulares próximos aos corpos d‟água é um problema grave que as cidades têm apresentado nas ultimas décadas. Esses problemas sociais no Brasil interferem diretamente no meio ambiente; isso se dá pela falta de uma orientação espacial, de um plano diretor adequado, de planejamento e gestão na cidade. Devido a estas irregularidades, o que antes era rural hoje já não é mais, formando assim zonas urbanizadas. Essas zonas decorrem do desenvolvimento das cidades 24.

(27) brasileiras sob a inexistência de planejamento urbano e só são consideradas consolidadas se tiverem no mínimo dois itens de infraestrutura implantada, abastecimento de água, distribuição de energia e coleta de lixo e esgotamento sanitário. Infelizmente, por falta de uma fiscalização adequada, essas ocupações trazem também sérios problemas para os recursos hídricos, desde o despejo de esgotos diretamente sem tratamento nas águas, a retirada da cobertura vegetal dos corpos d‟água; são problemas que tanto podem produzir riscos à saúde da população, como também a deterioração da paisagem. A “deterioração da qualidade da água por falta de tratamento dos efluentes tem criado potenciais riscos ao abastecimento da população em vários cenários” (TUCCI, 2008, p.99).. 2.8 Impactos ambientais O conceito de impacto ambiental foi trabalhado por diversos autores, dentre eles Philippi Jr. (2005) e Sánchez (2008), como também disposto na resolução CONAMA 001/86. Para estes, impacto ambiental se refere à alterações ambientais geradas pelo empreendimento sobre os componentes biótico e abiótico, como também sociais, culturais, econômicos, que não se resumem somente as alterações físicas ou químicas relacionadas ao ambiente. Segundo Philippi Jr. (2005), alterações provocadas pelo homem são mais conhecidas como efeitos ambientais, no entanto outros autores trabalham com o significado de impacto. “Portanto, define-se impacto ambiental como qualquer alteração significativa no meio ambiente, em um ou mais de seus componentes, provocada por uma ação humana” (PHILIPPI, 2005, p.701). Já no que diz respeito à Resolução CONAMA nº 001, de 23 de janeiro de 1986:. “Considera-se impacto ambiental qualquer alteração das propriedades físicas, químicas e biológicas do meio ambiente, causada por qualquer forma de matéria ou energia resultante das atividades humanas que, direta ou indiretamente, afetam: I – a saúde, a segurança e o bem estar da população; II – as atividades sociais e econômicas; III – a biota; IV – as condições estéticas e sanitárias; V – a qualidade dos recursos ambientais”.. 25.

(28) O crescimento das cidades sobre os recursos naturais e a falta de planejamento tem causado impactos ambientais negativos, entre os recursos existentes, quando se trata dos recursos hídricos, estes são os que mais sofrem impactos negativos por esse crescimento populacional com deficiência na infraestrutura. As ações humanas desfavoráveis traz consequência aos recursos naturais e esses impactos ambientais podem variar de escala local, regional até a nível global.. 2.9 Sistemas de Informações Geográficas (SIG) “A ideia de espaço geográfico e de como este é construído, organizado e estruturado traduz-se na preocupação do geógrafo enquanto pesquisador. [...] Apesar de esquecida por muitos geógrafos, umas das ferramentas mais associadas à figura desses profissionais, sem dúvida, é o mapa” (FITZ, 2008, p.19). Sem dúvida o SIG é um dos instrumentos que é utilizado em trabalhos de geógrafos, para gestão e preservação ambiental, possível de “analisar, planejar e monitorar ações de forma mais coerente e eficaz com um considerável ganho de tempo” (ROCHA, 2000 apud SILVEIRA, 2010, p. 3). Pode auxiliar “na análise integrada por meio da manipulação de informação espacial sobre temáticas variada, desempenhando um papel assistencial na compreensão integrada da paisagem” (PEREIRA, p. 15, 2013). É importante para “uma melhor compreensão dos fatores atuantes na paisagem, resultando na geração de mapas temáticos” (SILVEIRA, 2010, p. 3). O SIG também pode ajudar em trabalhos de campos e de diversas outras áreas da natureza, são instrumentos que indicam respostas para várias questões de planejamento urbano ou regional, assim como de mudanças que ocorrem no meio ambiente e que auxiliam no planejamento e gestão dos mesmos (SILVEIRA, 2010). Não são apenas instrumentos para a produção de mapas, mas também para a análise do ambiente, e neste contexto, o SIG será uma ferramenta auxiliar e fundamental para a análise da ocupação dos solos dos Açudes urbanos Recreio e Penedo e possíveis auxílios para a tomada de decisão em gestão. “[...] Em geral, os produtos gerados por um SIG vinculam-se ao espaço físico, podendo, entretanto, trabalhar fenômenos climáticos, humanos, sociais e econômicos, entre outros” (FITZ, 2008, p. 25). Ainda segundo o autor, a partir de trabalhos elaborados 26.

(29) em SIG pode-se conhecer melhor uma região, possibilitando o fornecimento de subsídios para uma gestão.. “[...] Num município qualquer, pode-se extrair, como exemplo, as seguintes aplicações em termos de planejamento urbano: mapeamento atualizado do município; zoneamentos diversos (ambiental, socioeconômico, turístico etc.); monitoramento de áreas de risco e de proteção ambiental; estruturação de redes de energia, água e esgoto; adequação tarifária de impostos; estudos e modelagens de expansão urbana; controle de ocupações e construções irregulares; estabelecimento e/ou adequação de modais de transportes etc” (FITZ, 2008, p.26).. “Tanto na elaboração, execução, acompanhamento e na apresentação, os SIG oferecem recursos que nos permite realizar análises para tomada de decisões mais eficientes” (ROCHA, 2000 apud SILVEIRA, 2010, p. 3), como também serve em aplicação para uma análise de ocupação em pequenos açudes.. 2.10 Recuperação/Reabilitação Há vários termos usados para manejo de áreas degradadas, que vão desde recuperação, reabilitação, restauração, regeneração, recomposição e revegetação, “cujos métodos estendem-se ao manejo e conservação de solos degradados, áreas afetadas [...], áreas abandonadas, recursos hídricos e outros” (LIMA, 1994 apud MOREIRA, 2010, p. 10). Há diferenças entre recuperação e reabilitação ambiental. A recuperação ambiental designa a aplicação de técnicas de manejo visando tornar um ambiente degradado apto para outro uso produtivo ou o uso anterior antes da perturbação, é oferecer ao ambiente uma nova paisagem (SÁNCHEZ, 2008; IBAMA, 1990; MOREIRA, 2010). Já a reabilitação é uma maneira de dar nova vida ao ambiente, fazer uso novamente, de reparar, induzir o local a condições mais estáveis e com mais alternativas, uma forma de tornar área com uma nova utilidade, diferente da condição de origem, para estar apta um novo uso (IBAMA 1990; MARTINS, 2007; SÁNCHEZ, 2008).. 27.

(30) “O ambiente afetado pela ação humana pode, em certa medida, ser recuperado mediante ações voltadas para essa finalidade” (SÁNCHEZ, 2008, p. 41), como também se pode passar pelo processo de reabilitação. Em ambos os casos, depende do estado do ambiente, as condições em que se encontra e a necessidade do mesmo. 3. PROBLEMA DA PESQUISA Como se encontra as margens dos açudes urbanos Recreio e Penedo na cidade de Caicó-RN?. 4. HIPÓTESE 1). As margens dos açudes Recreio e Penedo se encontra com ocupações. que ocorrem de forma desordenada sem um devido planejamento; 2) paisagem.. Essa ocupação acarretou aos reservatórios alterações em sua. 5. OBJETIVOS 5.1 Objetivo geral Analisar o uso e ocupação do solo nas margens dos açudes urbanos Recreio e Penedo.. 5.2 Objetivos específicos 1. Realizar o mapeamento do uso e ocupação do solo nas margens dos açudes; 2. Analisar a ocupação do solo nessas margens; 3. Identificar os principais efeitos e impactos produzidos por essa ocupação; 4. Propor estratégias de recuperação/reabilitação nas margens dos açudes.. 6. MATERIAL E METÓDOS. 28.

(31) 6.1 Área de estudo O presente estudo tem como áreas para análise os açudes urbanos Recreio (FIG. 02) e Penedo (FIG. 03) que estão localizados na cidade de Caicó, ambos os reservatórios são artificiais. A cidade de Caicó/RN se situa na mesorregião Central Potiguar e na microrregião Seridó Ocidental do Rio Grande do Norte (6°27'37.56"S de latitude e 37° 5'54.51"O de longitude) tendo uma população de 62.709 mil habitantes, uma área de unidade territorial de 1.228, 583 (Km²) e densidade demográfica de 51,0 (hab/Km²) de acordo com o censo do IBGE (2010). O clima da região, de acordo com a classificação de Köppen, é do tipo Bwsh: semiárido quente, com precipitação pluviométrica entre 400mm a 800mm anual. Em Caicó as chuvas ocorrem a partir dos meses Fevereiro/Março a Junho. Uma estação acentuadamente seca, apresentando um dos climas mais quentes e secos do Nordeste brasileiro, com temperatura média anual de 27,4ºC (VARELA-FREIRA, 2002). O Açude Recreio (6° 26' 56.49" S de latitude e 37° 5' 58.93" W de longitude) está localizado entre os bairros Vila do Príncipe (fundado em 1983) e Recreio (fundado em 1989) (FARIA, 2011), que segundo Lamartine (1978) e Eloy de Souza (1989) este açude foi o primeiro a ser construído no município de Caicó, no ano de 1842. E o Açude Penedo (6° 27' 45.80" S de latitude e 37° 5' 14.04" W de longitude) está localizado no Bairro de mesmo nome, que pertence a antiga Fazenda Penedo. Ambos os açudes já foram de grande uso da população a um tempo atrás.. 29.

(32) Figura 03 – Mapa de localização do Açude Recreio. Fonte: Acervo pessoal.. 30.

(33) Figura 04 – Mapa de localização do Açude Penedo. Fonte: Acervo pessoal. 6.2 Procedimentos metodológicos A primeira etapa consistiu na aquisição de referências para o desenvolvimento do estudo com temas referentes a açudagem no semiárido, dando ênfase ao Seridó (RN), assim 31.

(34) como temas de uso e ocupação do solo, impactos ambientais e gestão dos recursos hídricos. Foram consultadas dissertação, livros, teses e artigos científicos. que sirvam de. embasamento e comparação para a pesquisa. Com relação as imagens utilizadas, foram obtidas do WebSIG Google Earth do ano de 2012, com resolução espacial de 41 cm. Para atingir a precisão desejada, as imagens foram georreferenciadas na grade de coordenadas UTM (Universal Transversa de Mercartor), iniciando-se pelas cartas topográficas (em formato digital) da SUDENE (SB24Z-B-I, Caicó), em escala de 1:2.000, a partir do Datum Córrego Alegre. Logo em seguida, após se concluir este processo, o Datum das cartas foi modificado para SIRGAS 2000 (esferóide/geocêntrico), zona 24S. Para a classificação das classes de uso e ocupação foi realizada com o auxílio do software ArcGIS v. 10.2., onde foi feita a classificação não supervisionada para a análise do uso e ocupação do solo nas imagens selecionadas, no qual o resultado final foi os mapas de pixels classificados representados por cores. Para a delimitação da APP dos açudes, foi plotada uma projeção horizontal de 30m, de acordo com o Código Florestal (Lei n° 4771/65), para os açudes urbanos que não estejam sendo utilizados para abastecimento da população. A fase de campo se constitui em visitas aos Açudes Recreio e Penedo para confirmar as classes de uso e ocupação que foram identificadas no mapeamento. E para a etapa de identificação dos impactos nos açudes será feita a partir do método Check-list descrito por Sanchéz (2006) que consiste na identificação e listagem de consequências (impactos ambientais) que determinada ação está ocasionando. A partir da visualização dos impactos foram indicadas as proposta de estratégias de recuperação/reabilitação nas margens dos açudes de acordo com cada classe de uso e ocupação dos açudes. Por ultimo foi feito o registro fotográfico dos reservatórios e dos principais impactos ambientais vistos.. 7. RESULTADOS Por meio desta pesquisa foi possível visualizar espacialmente os tipos de uso e ocupação que está ocorrendo nas margens dos Açudes Recreio e Penedo. A partir da medição do perímetro do nível máximo da água dos açudes em questão, foi plotado um 32.

(35) buffer 1 de 30 metros, seguido da sua correção geométrica do polígono a partir da margem, que segundo a Lei Federal n° 12.651 (2012), deve haver área com largura mínima de 30m, em projeção horizontal, na APP dos reservatórios artificiais da área urbana, que não sejam utilizados para abastecimento nem para a geração de energia. O Açude Recreio possui 5,3 hectares em APP e o Açude Penedo possui 3,5 hectares. A delimitação da APP serviu de parâmetro fixo para as demarcações das classes de uso e ocupação do solo nas margens dos açudes, identificando-se vários tipos de ocupação no ano de 2012 nas margens dos açudes, que foram: corpo d‟água, caatinga rala, solo exposto e área urbanizada no Açude Recreio (FIG. 05) e corpo d‟água, caatinga rala, solo exposto, área urbanizada e caatinga densa no Açude Penedo (FIG. 06). De acordo com a análise da cobertura do solo, foi observado que a predominância nas margens do Açude Recreio foi o solo exposto, com 28% e no Açude Penedo foi a Caatinga rala com 30%. O presente trabalhou evidenciou que o Açude Penedo, em termos de vegetação, se encontra mais preservado que o Açude Recreio, que apresentou somente 16% de caatinga rala, onde no Açude Penedo apresentou um total de 36% de vegetação, tanto caatinga rala como densa. Ainda com relação as classes de uso e ocupação do solo, foi identificado e constatado em campo o uso do solo dentro da APP do açude Recreio para práticas de atividades temporárias, que foi o plantio de capim, que correspondeu a 2%. Através da classificação não supervisionada foi possível também visualizar e constatar em campo a presença de macrófitas aquáticas emersas e flutuantes no açude Penedo correspondendo a 11%. Na tabela 01 são apresentados os valores descritos das classes de uso e ocupação do solo dos açudes.. 1 A ferramenta Buffer serve como função estatística, criando polígonos em uma distância específica e equidistante ao redor das feições selecionadas. Disponível em: http://webhelp. esri.com/arcgisdesktop/9.2/index.cfm?TopicName=buffer_(analysis). Acesso em 03/05/12. 33.

(36) Figura 05 – Mapa de Uso e Ocupação do solo nas margens do Açude Recreio. Fonte: Acervo pessoal. 34.

(37) Figura 06 – Mapa de Uso e Ocupação do solo nas margens do Açude Penedo. Fonte: Acervo pessoal. Ambos os açudes apresentaram solo exposto, no entanto, a situação do Açude Recreio foi de 28% enquanto no Penedo foi 19%.. 35.

(38) Tabela 01 – Valores das classes de cobertura do solo no entorno dos Açudes Pendo e Recreio em 2012. Classes do Açude Penedo Corpo d‟água Caatinga rala Área urbanizada Macrófitas aquáticas Solo exposto Caatinga densa Total. 2012 ÁREA ÁREA (ha) (% ) 2,16 30 2,18 30 0,01 0,1 0,84 11 1,41 19 0,46 6 7,06 100. Classes do Açude Recreio Corpo d‟água Caatinga rala Área urbanizada Capim Solo exposto Total. 2012 ÁREA ÁREA (ha) (% ) 3,69 45 1,33 16 0,59 7 0,23 2 2,36 28 8,2. 100. Grande parte da área urbana que margeia os açudes Recreio e Penedo não possui um sistema de captação e tratamento dos efluentes domésticos, isso foi constatado devido ao lançamento de esgotos in natura diretamente nos açudes. A falta de infraestrutura de saneamento básico faz com que os efluentes domésticos dos bairros sejam despejados sem tratamento em ambos os açudes. A ocupação por áreas urbanas nas margens do Açude Recreio (FIG. 07) e no Açude Penedo (FIG. 08) tem provocado, nos últimos anos, alguns impactos ambientais.. Figura 07 – Área urbanizada nas margens do Açude Recreio. Fonte: Acervo pessoal (2012).. 36.

(39) Figura 08 – Área urbanizada nas margens do Açude Penedo. Fonte: Acervo pessoal (2012).. A partir das análises de classe de uso e ocupação foram identificados alguns impactos nos açudes. Na tabela 02 são apresentados as ações geradores de impactos e os impactos identificados em campo.. Tabela 02 – Chek-list dos impactos identificados nos Açudes Recreio e Penedo CHEK-LIST DE IDENTIFICAÇÃO DE IMPACTOS Acúmulo de lixo Ocupação das margens por áreas Lançamento de esgotos urbanas Redução da vegetação Descarte de esgotos urbanos in natura no corpo d‟água Contaminação do corpo hídrico Acúmulo de lixo e entrada de Presença de lixos junto ás margens contaminantes na água Contaminação do corpo hídrico; aumento de nutrientes. Plantações de capim. 37.

(40) Com base na check-list feita para a identificação dos impactos, foi visto que fatores como a ocupação urbana nas margens dos açudes Recreio e Penedo vem ocasionando problemas aos mesmos. Tucci (2005), Rebouças (2006) e Tucci (2008) destacam que fatores decorrentes destas ocupações ocorrem por vezes, como por exemplo, o acúmulo de lixos, supressão da vegetação, lançamentos de esgotos domésticos in natura nos corpos d‟águas (FIG. 09 e FIG. 10), que provocam a contaminação da água do açude causando a eutrofização, a mortandade de peixes e odores para a população. Após a confirmação das classes em campo e a identificação da situação atual dos açudes e seus impactos, foi proposta uma reabilitação para ambos os açudes. A percepção de acordo com a situação de cada açude teve o objetivo de delimitar unidades de planejamento, a partir das diferentes abordagens a serem implantadas na gestão das classes de uso do solo, observando as características ambientais de cada tipo de ocupação.. Figura 09 – Lançamentos de esgotos in natura no Açude Recreio. Fonte: Acervo pessoal (2012).. 38.

(41) Figura 10 – Lançamentos de esgotos in natura no Açude Penedo. Fonte: Acervo pessoal. Em termos de planejamento, e com vistas em auxiliar na gestão das margens dos açudes, foram delimitadas nas áreas ocupadas pela caatinga rala e caatinga densa, áreas que apresentam menos impactos por ações antrópicas, apenas poderão ser ocupadas para atividades de pesquisa científica e educacionais. São áreas que apresentam um menor nível de impacto gerado pelas ações humanas em relação às demais, sendo prioritária para a realização de atividades que visem a sensibilização e educação ambiental, além da regulamentação dos serviços públicos de coleta de lixo, saneamento básico e controle de zoonoses. Nas áreas ocupadas pela zona urbana, que devido a alguns impactos ambientais e ocupação irregular, apresentam maior susceptibilidade a inundação sazonal e maior potencial poluidor (ex.: lixo domiciliar e esgotos), são áreas que é evidenciada pressão antrópica, são indicadas que sejam realizada nestas áreas realizadas atividades de sensibilização e educação ambiental com a população. E nas áreas de caatinga rala, solo exposto e áreas usadas para o plantio de capim, as quais foram alteradas pela ação humana, por apresentam risco de assoreamento ou erosão 39.

(42) em função da ausência da cobertura vegetal. Essas áreas necessitam de uma intervenção direta e imediata, com o objetivo de minimizar os impactos ambientais nos açudes, com técnicas voltadas para a recuperação das áreas, evitar o uso de agrotóxicos e plantio de capim. A remoção de areia (FIG.11), o uso do solo para o plantio de agriculturas temporárias (FIG.12), para alimentação de gados e acúmulo de lixos nas margens dos açudes foram visualizados nos Açudes Recreio e Penedo.. Figura 11 – Retirada do solo da parede do Açude Penedo para uso não identificado. Fonte: Renato de Medeiros Rocha (2012).. 40.

(43) Figura 12 – Animais bovinos soltos nas margens do Açude Recreio. Fonte: Acervo pessoal. 8. DISCUSSÃO O processo de ocupação nas margens dos Açudes Recreio e Penedo ocorrem conforme Filho (2012) descreve com relação ao Açude Bodocongó (Campina Grande-PB), em sua análise de uso e ocupação. O autor descreve que as ocupações ocorrem “sem uma infraestrutura adequada, ocasionando uma superpopulação no local, e consequentemente danos, tanto a saúde dos moradores como também do açude” (FILHO, 2012, p.72). “É comum, no Brasil, em função dos altos índices demográficos liado às desigualdades sociais e à baixa distribuição de renda, as cidades apresentarem crescimento desordenado [...] sem a mínima infra-estrutura básica” (CARVALHO et al, 2009, p. 302). De acordo com Soares (2006) e Silva (2011), é bastante comum e visível a intervenção humana nesses espaços ambientais como reservatórios, rios, corpos d‟águas em gerais. Essa realidade é parecida com a da zona urbana que margeia o Açude Recreio, no entanto, no Açude Penedo, segundo Faria (2010), o bairro Penedo, o qual o Açude Penedo está localizado, é um dos bairros mais nobres da cidade, juntamente com o. 41.

Referências

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