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Desigualdade Também no Adoecimento: Mulheres como o alvo preferencial das síndromes do trabalho

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Desigualdade Também no Adoecimento: Mulheres como o alvo

preferencial das síndromes do trabalho

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Euda Kaliani Gomes Teixeira Rocha

Palavras-chave: Trabalho, Gênero, Saúde, Síndromes do Trabalho, Adoecimento no Trabalho

Resumo

Os processos que somam a ameaça do desemprego e da pobreza à exigência esgarçante do sujeito no trabalho, têm criado novas formas de síndromes e sintomas em todo o mundo. Exemplo delas são o Burnout (esgotamento físico e psíquico); as LER (Lesões por Esforço Repetitivo); o Karoshi – no Brasil, “Birôla” – (morte súbita por excesso de trabalho); o Estresse (Síndrome Geral de Adaptação); entre outros sintomas isolados ou em conjunto que formam as etiologias das doenças do trabalho. Neste contexto, uma população se sobressai nas estatísticas de adoecimento: as mulheres. As mulheres também protagonizam o fenômeno da “feminização da pobreza”. Na evolução do mercado de trabalho latino-americano nos anos 1990, uma das características mais evidentes é o aumento da taxa de participação das mulheres, de 39% em 1990 a 45% em 1998 (RDH, 2002). Na América Latina, os países com a taxa mais alta de participação feminina são países nos quais existe elevada pobreza e informalidade, como o Paraguai e o Peru. Essa alta participação se dá principalmente no setor informal. Pretendo dar visibilidade à saúde e ao adoecimento das mulheres no e pelo trabalho, que no Brasil apresenta um montante de 75% das pessoas adoecidas pelo trabalho (Nusat). Explicações reducionistas, biologicistas, e individualistas apontam aspectos como “fragilidade”, “processos cognitivos diferenciados”, “neuroses” etc., como as causas desse maior adoecimento. Entendemos o fenômeno através da Divisão Sexual do Trabalho e Relações Sociais de Sexo, que dentre outros elementos, aponta a transversalização das questões de gênero no mundo do trabalho, fazendo com que existam hierarquias e diferentes escalas de valor quando se trata de “trabalho de homens” e “trabalho de mulheres”.

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu - MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

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Desigualdade também no adoecimento: Mulheres como o alvo preferencial

das síndromes do trabalho

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Euda Kaliani Gomes Teixeira Rocha

Introdução

No presente artigo, buscamos dar visibilidade ao adoecimento das mulheres e sua inserção precária no mundo do trabalho. Após mencionarmos algumas síndromes que estão hoje no rol das doenças do trabalho, fazemos uma breve exposição da configuração atual do mundo trabalho e da situação sócio-econômica tanto brasileira como latino-americana. A partir de tal cenário apresentamos a situação da mulher que, ao mesmo tempo em que conquista espaço no mercado de trabalho, se destaca nas estatísticas de adoecimento no trabalho.

De um modo geral, entendemos ‘doença do trabalho’ como “toda patologia na qual o trabalho seja o principal responsável ou tenha um papel preponderante no seu aparecimento, ainda que exista alguma disfunção patológica prévia do indivíduo” (Merlo, 2006:106). Evidentemente tal definição é insuficiente para alcançar a complexidade do campo da saúde no trabalho. Há um grande espectro dos prejuízos que ocorrem no exercício do trabalho, que vão desde quedas, torções, cortes ou queimaduras, à amputações de membros, síndromes que têm sua gênese no trabalho e que possuem uma complexa etiologia. Alguns desses prejuízos podem simplesmente adoecer a pessoa, ou deixá-la marcada ou incapacitada pelo resto da vida, assim como pode levar à morte. Tudo isso causado no e pelo exercício do trabalho.

Em termos de legislação brasileira, a nosologia médica das doenças do trabalho, encontra-se bem detalhada no “Manual de Doenças Relacionadas ao Trabalho: Manual de procedimentos para os serviços de saúde”, elaborado pelo Ministério da Saúde do Brasil (2001). Neste documento, encontram-se catalogadas, com listas de sintomas e procedimentos, as seguintes doenças: doenças infecciosas e parasitárias; neoplasias; doenças do sangue e dos órgãos hematopoéticos; doenças endócrinas, doenças nutricionais e metabólicas; doenças mentais e do comportamento; doenças do sistema nervoso, dos olhos e dos ouvidos; doenças dos sistemas circulatório, respiratório e digestivo; doenças do sistema osteomuscular e do tecido conjuntivo; e doenças do sistema gênito-urinário.

Apesar do Manual acima descrito ser de suma importância para profissionais que trabalham com o tema, as informações brasileiras sobre a morbimortalidade em saúde do trabalhador apresentam alguns problemas com os quais nos deparamos ao pesquisar sobre o assunto: os dados são limitados, fragmentados e heterogêneos; os dados oficiais não retratam a realidade de quando e como adoecem trabalhadores e trabalhadoras; há uma subnotificação do registro de acidentes e adoecimento. Contudo, é possível realizarmos estudos que apontem não apenas para as necessidades, mas também para a realidade brasileira no que diz respeito ao adoecimento no e pelo trabalho.

Trabalho apresentado no XVI Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu - MG – Brasil, de 29 de setembro a 03 de outubro de 2008.

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As Síndromes Sintomas: A Reestruturação Produtiva na Gênese de

Doenças do Trabalho

É fato, hoje, o reconhecimento das mudanças para pior, trazidas pela reestruturação produtiva, a abertura econômica e os modelos produtivos influenciados pelo Japão. Este fato não ocorre apenas no Brasil, mas no mundo inteiro. A diferença que vemos, entre países em desenvolvimento como o Brasil e outros, é o quão nefasto é para a classe trabalhadora, a cópia e reprodução nas culturas latinas, de modelos como o toyotismo, e mais nefasto ainda é o modelo “híbrido” numa combinação de taylorismo, fordismo e toyotismo numa mesma realidade de produção.

Detalharemos-nos sobre este ponto mais adiante, após caracterizarmos as síndromes que, junto com a reestruturação produtiva e flexibilização dos direitos trabalhistas têm levado inúmeras pessoas ao adoecimento, à morte e a outros prejuízos não apenas no aspecto físico, mas também em outros âmbitos, como o familiar, o subjetivo, e das relações sociais como uma todo.

A Síndrome Geral de Adaptação ou ‘Estresse’

A palavra “estresse” tornou-se comum no vocabulário do cotidiano, principalmente na vida urbana, como sinônimo de ‘nervosismo’ ou ‘irritação’. Frases como “Hoje eu estou estressada” ou “Esta situação me deixa estressada”, são frases que estão no repertório comum da vida diária, e que demonstram como a tensão torna-se cada vez mais comum na vida em sociedade. Porém, longe desse significado, o Estresse é uma síndrome, possui etiologia própria e se desenvolve em fases.

A principal característica do Estresse é que ao mesmo tempo em que é, de fato, uma síndrome, também é, um elemento inerente a toda doença. Seu acometimento produz modificações na estrutura e na composição química do corpo.

É difícil de ser observada e se manifesta na Síndrome Geral de Adaptação (SGA2) (Selye, 1956):

1ª - Fase de Alerta ou Alarme: caracteriza-se por manifestações agudas, com liberação de adrenalina e corticóides (reação de luta e fuga) – mobilização diante de um perigo externo; 2ª - Fase de Resistência: organismo usa suas forças para manter sua resposta – sensação de desgaste;

3ª - Fase de Exaustão: organismo não reage mais e pode chegar ao óbito.

Os efeitos do Estresse podem se manifestar nas áreas somática ou cognitiva, trata-se de uma luta do corpo para restaurar sua homeostase global interna. Para isso, utiliza energia rapidamente mobilizável (crescimento e reprodução, por exemplo) para impedir processos

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inflamatórios e aumentar o limiar de sensibilidade à dor (Filgueiras & Hippert, 2002). Como exemplos de sintomas físicos, tem-se: fadiga, dores de cabeça, náusea, insônia, dores no corpo, palpitações, alterações gastro-intestinais etc.; e, como sintomas emocionais é possível relatar diminuição de concentração e memória, ansiedade, nervosismo, depressão, medo, irritabilidade, impaciência etc.

Selye ainda divide o Estresse em “eustresse” e “distresse” (1974). O primeiro seria o “estresse bom”, o necessário para melhorar o desempenho nas atividades diárias; o segundo seria o “estresse ruim”, a exacerbação ou insuficiência do primeiro, que desregularia as funções globais do organismo.

Há atualmente uma vasta discussão em torno do que seja o Estresse, com uma também vasta lista de conceitos nem sempre unânimes. Isto demonstra – assim como as outras síndromes que mencionaremos adiante – o quão recente é o surgimento e o estudo das mesmas3. Diante da intenção no presente trabalho, não aprofundaremos tal discussão, nos centraremos no interesse em situar – no que tende ao consenso teórico – o que de fato tem sido considerado como Estresse, seus sintomas e possibilidades de tratamento ou abrandamento dos sintomas. Desse modo, optamos por nos orientar pelo descrito por Selye (1956 e 1974), que, de certo modo, tem sido a referência comum entre os diversos autores.

O tratamento do Estresse é um tema controverso, uma vez que inevitavelmente recai sob a responsabilidade do indivíduo e se relaciona diretamente com as estratégias de copping. Ou seja, a forma como cada pessoa lida com as situações da vida diária, principalmente com as situações no trabalho. Efetivamente não se fala de formas eficazes de tratamento para o Estresse, mas como cada indivíduo pode mudar as “atitudes” e “percepções” para fugir dele. As orientações giram em torno de mudanças no estilo de vida: mais lazer, alimentação saudável, descanso suficiente, prática de exercícios regulares, relaxamento, meditação etc. E ainda a reavaliação das próprias crenças, bom humor perante as situações, evitar o ambiente e situações estressoras, mudar as reações ao estresse etc.

Não se propõe um olhar mais crítico sobre as estruturas que são responsáveis pelo adoecimento de grande parte da população. De certa forma, fecha-se os olhos para um problema muito maior, que lida diretamente com a forma de organização do trabalho que corrompe os limites físicos, mentais e cognitivos dos seres humanos. Evidentemente, que situações penosas de trabalho, sejam elas quais forem – no escritório ou no chão de fábrica – não podem de maneira nenhuma ser remediadas com as ditas “estratégias de copping”.

De fato, o mundo do trabalho tem “esgarçado” de tal forma as pessoas, que a própria estrutura psicofísica das pessoas vem produzindo novas formas de reação às agressões ambientais de cerceamento, fadiga, cansaço, exaustão, privação de sono e todo tipo de sobrecarga. Essas novas formas de reação têm apontado para o limite da capacidade do próprio organismo, que, já não suportando a exigência diária, sucumbe ao adoecimento ou à falência.

A Síndrome de Burnout

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Se o Estresse é um risco real no nosso cotidiano no trabalho, outra síndrome, absolutamente nova, tem preocupado classes profissionais e estudiosos do assunto. A Burnout, como tem sido chamada, tem transformado profissões como o ensino, a enfermagem e a medicina, em profissões de risco. Estranho pensar assim visto que são profissões de ajuda e cuidado., porém é exatamente aí onde se encontra o perigo: cuidar hoje em dia, nas condições sociais e de trabalho atuais, é um risco à saúde. Esta realidade absolutamente controversa é uma das conseqüências do modelo produtivo que o mundo globalizado tem optado por seguir e aprofundar.

Podemos traduzir o termo Burnout, como as seguintes expressões em português: “sem fogo”, “apagar lentamente” “deixar de funcionar por falta de energia”. Porém, não é a simples ausência de energia ou “fogo”, e sim, sua exaustão. “Usou tanto que ‘pifou’”, este é o sentido original do termo.

Esse termo foi cunhado por Maslach (1997), estudiosa que tem sido a referência para as pesquisas realizadas sobre o tema. A Burnout tem acometido profissionais envolvidos com qualquer tipo de cuidado em uma relação de atenção direta, contínua e altamente emocional (Maslach & Jackson, 1986; Leiter & Maslach, 1997 e 2000, Maslach, 1993 e 1997; Maslach & Leiter, 2001; Vanderberghe & Huberman, 1999). As profissões mais vulneráveis são geralmente as que envolvem serviços, tratamento ou educação (Maslach & Leiter, 1999), porém, outras profissões estão sendo investigadas (Borges & Argolo, 2006; Vieira et. al., 2006; Trigo et al. 2007; Silveira; Vasconcellos & Cruz, 2005; Carlotto, 2002; Carlotto & Câmara, 2007).

Em termos de caracterização da Síndrome de Burnout, tem sido mais aceita a perspectiva das três dimensões (Maslach, 1993):

1. Exaustão emocional - falta ou carência de energia e entusiasmo, sentimento de esgotamento de recursos emocionais para lidar com a situação estressora;

2. Despersonalização - percepção de deterioração da competência em resolver os problemas e da satisfação com as realizações no trabalho. Relação com clientes, colegas e organização como se fossem objetos;

3. Baixa realização pessoal no trabalho - tendência a se auto-avaliar de forma negativa. Sentimentos de infelicidade e insatisfação com o trabalho. Ceticismo, cinismo e insensibilidade em relação às outras pessoas, principalmente os usuários dos serviços prestados pelo profissional.

Embora a Burnout, como outras etiologias, quando recém descobertas, seja alvo de discussões muitas vezes divergentes e controversas, Maslach, Schaufeli e Leiter (2001) a pon ta m cinc o elementos comuns entre elas:

1. Sintomas de exaustão mental e emocional, fadiga e depressão; 2. Presença de mais sintomas mentais e comportamentais que físicos; 3. Os sintomas são, definitivamente, relacionados ao trabalho;

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psicopatológico;

5. As atitudes e comportamentos negativos diminuem a efetividade e o desempenho no trabalho.

Podemos exemplificar alguns sintomas do Burnout em diferentes níveis:

ƒ Afetivo: humor depressivo, ansiedade, sentimento de impotência, baixa auto-estima, irritação, hostilidade.

ƒ Cognitivo: dificuldade de concentração, perda de memória, sintomas sensório-motores (“tiques”, agitação etc.).

ƒ Físico: resfriados freqüentes, problemas gastro-intestinais, cefaléias, insônia, tremores, falta de ar, fadiga.

ƒ Atitudinal: desumanização, insensibilidade, indiferença, cinismo.

ƒ Comportamental: abuso de drogas, hiperatividade, emoções sem controle, acidentes, negligência, baixa produtividade etc.

ƒ Social: problemas com clientes, colegas, superiores e subordinados, isolamento.

A síndrome é compreendida como um processo dinâmico, que se estabelece gradualmente, sendo por conseqüência possível identifica-la em níveis distintos. Há divergências sobre a exclusividade da síndrome em profissionais cuidadores. Outras profissões como policiais, bancários e administrativos estão sendo investigadas.

Tal qual o Estresse, a Síndrome de Burnout resulta de um choque entre os limites das capacidades orgânicas e mentais do indivíduo, com a organização que o trabalho toma na atualidade. Neste confronto, o indivíduo está sempre em desvantagem, ainda mais quanto as “soluções” indicadas passam pelas atitudes e ações do indivíduo numa luta solitária contra os diversos sintomas e à organização do trabalho.

As Lesões por Esforço Repetitivo ou ‘LER’

As Lesões por Esforço repetitivo (LER), são, juntamente com a surdez ocupacional, as dermatoses e as intoxicações, as patologias do trabalho que mais têm se agravado em todo o mundo (Araújo, 2001; Pinheiro et al, 2002). É uma síndrome que apareceu inicialmente no Japão, na década de 1950; e ‘explodiu’, na década de 1970 na Austrália. Posteriormente, nas décadas de 1980 e 1990, apareceu em forma epidêmica no resto do mundo, mais marcadamente nos Estados Unidos e na Suécia (Araújo, 2001).

É bem conhecida a descrição, já em 1700, realizada pelo médico italiano Bernardino Ramazzini – considerado o pai da medicina do trabalho – na obra De Morbis Artificum Diatriba sobre as afecções que acometia os escribas e notários da época:

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A necessária posição da mão para fazer correr a pena sobre o papel ocasiona não leve dano que se comunica a todo o braço, devido à constante tensão tônica dos músculos e tendões, e com o andar do tempo diminui o vigor da mão (Ramazzini apud Araújo, op. cit.).

Esta característica relacionada aos escrivãos não se diferencia do locus profissional onde eclodiu a “síndrome cervicobraquial” (como foi denominada as LER, no início): os digitadores. Porém, o avanço tecnológico exigiu, com a evolução da automação, postura estática e esforço físico leve e repetido, principalmente pelas mãos e dedos.

Hoje, com os diversos estudos, nas também diversas áreas, chega-se há alguns consensos no que se refere à etiologia e causas da doença. Mas, o principal avanço, a nosso ver – e uma das descobertas mais importantes no que tange as LER –, é o reconhecimento dos fatores ditos “psicossociais” no surgimento ou agravamento da doença.

Os fatores psicossociais envolvem variáveis relativas ao indivíduo, ao ambiente de trabalho e ao ambiente social: como exemplos, a personalidade, o nível de autonomia, apoio de colegas, e fatores culturais. A interação dessas características afetam diretamente a saúde, e muitas vezes é o fator decisivo entre o adoecimento ou não por LER.

Este ponto de vista, que já caminha para um consenso teórico traz uma nova luz ao entendimento das LER. Para citar exemplos, temos como variáveis psicossociais: a idade, o gênero, nível sócio econômico, alta concentração na tarefa, insatisfação no trabalho, instabilidade, rotatividade da tarefa, horas-extras, intensidade de trabalho, pressões pro produtividade, hostilidade de cliente, ganho salarial etc.; e variáveis físicas: postura estática não neutra, falta de apoio para os membros superiores, espaço insuficiente para as pernas, movimentos repetitivos, mobiliário inadequado, pressão mecânica sobre determinados segmentos do corpo, excesso de calor ou frio, pouca iluminação etc.

Com o desenvolver das pesquisas, percebeu-se que é possível encontrar situações em que uma pessoa que trabalha com as condições físicas bem adaptadas em temperatura, ruídos, mobiliário etc., pode desenvolver LER; enquanto que outra, com essas mesmas condições não adaptadas, não desenvolve. A explicação para este fenômeno, está nos fatores psicossociais. Ao que parece, um ambiente de relações sociais saudáveis, sem muita pressão, estabilidade, proteção social, satisfação na tarefa etc., têm sido catalisadores mais importantes na determinação da doença do que as próprias condições físicas.

Isso talvez explique o porquê de outras categorias profissionais, como por exemplo, auxiliares de limpeza, que não lidam com computadores, teclados, ou qualquer outro artefato tecnológico, apresentarem adoecimento em grande escala.

Os sintomas das LER são variados, se relacionam com a fadiga e inflamação de músculos, tendões, nervos, fácias, ligamentos, sinóvias, de forma isolada ou associada, com ou sem a degeneração de tecidos. A dor é o principal sintoma, que por sua vez é invisível, não pode ser vista nem tocada. Além da dor, outros sintomas são dormências, formigamento, diminuição da sensibilidade, sensação de peso e fadiga, tendinites, tenossinovites, sinovites, epicondilites, a síndrome do túnel de carpo, síndrome tensional do pescoço, dores irradiadas, edemas, entre outros tipos de inflamação (Mendes, 2003, Pinheiro et al., 2002; Araújo, 2001; MS, 2001).

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Esses sintomas a deixam com um perfil difícil de diagnosticar a partir de exames, já que apenas no último estágio da inflamação é que é possível detectar seus sinais. Esta característica resulta num ceticismo em torno da doença e um considerável volume de pessoas que só consegue comprovar a doença quando a parte do corpo afetada está incapacitada, ou seja, quando já é tarde demais para ser tratada.

Os estágios das LER, assim se definem (MPAS, 1997):

Estágio I: sensação de peso e desconforto no membro afetado. Dor espontânea ou localizada, às vezes como pontadas que aparecem em caráter ocasional durante a jornada de trabalho, e não interferem na produtividade. Não há uma irradiação nítida e melhora com o repouso. Não existem sinais clínicos. A dor pode se manifestar durante o exame clínico, quando comprimida a massa muscular envolvida. Prognóstico bom.

Estágio II: a dor é mais persistente e mais intensa e aparece durante a jornada de trabalho de modo intermitente, sendo tolerável. Ocorre redução na produtividade nos períodos de exacerbação. Torna-se mais localizada e pode estar acompanhada de Torna-sensações de formigamento e calor, além de leves distúrbios na sensibilidade.

Estágio III: a dor torna-se mais persistente, é mais forte e tem irradiação mais definida. O repouso, em geral, só atenua a intensidade da dor, mas nem sempre a faz desaparecer por completo. Há freqüentes paroxismos dolorosos, mesmo fora do trabalho, especialmente à noite. Torna-se freqüente a perda de força muscular e parestesias. Há sensível queda da produtividade ou impossibilidade de executar a função. Os trabalhos domésticos são limitados ao mínimo e, muitas vezes, não são executados sinais clínicos presentes. O edema é freqüente e recorrente.

Estágio IV: a dor é forte, contínua, por vezes insuportável levando o trabalhador a intenso sofrimento. Os movimentos acentuam consideravelmente a dor, que, em geral, se estende a todo o membro afetado. Os paroxismos de dor ocorrem mesmo quando o membro está imobilizado. A perda de força e a perda de controle dos movimentos é uma constante. O edema é persistente e podem aparecer deformidades. As atrofias, especialmente de dedos, são comuns e atribuídas ao desuso. A capacidade de trabalho é anulada e a invalidez se caracteriza pela impossibilidade de um trabalho produtivo regular. Os atos da vida diária são, também, altamente prejudicados. Neste estágio são comuns as alterações psicológicas com quadros de depressão, ansiedade e angústia.

Vários recursos são utilizados no tratamento das LER/DORT: antiinflamatórios, analgésicos, fisioterapia, acupuntura, exercícios de relaxamento, imobilização do membro afetado,

tratamentos associados à psicoterapia, cirurgia, entre outros. O problema principal dos

tratamentos é que só são iniciados quando a inflamação já se encontra em sua forma crônica e irreversível.

O fato é que as LER tem precocemente retirado pessoas em plena idade produtiva do mundo do trabalho, além de deixá-las invalidadas também para diversas outras atividades do cotidiano.

As Relações Sociais de Sexo Transversalizando o Mundo do Trabalho

Nos últimos anos, de acordo com Antunes (1998), as transformações no processo produtivo foram intensificadas através do avanço tecnológico, da constituição das formas de

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acumulação flexível e dos modelos alternativos ao taylorismo, destacando-se principalmente o toyotismo. Este último apresenta características diferenciadas em seu processo de produção, tais como produção variada e heterogênea vinculada à demanda; trabalho operário em equipe com multivariedade de funções; e o princípio do just in time, que se caracteriza pelo melhor aproveitamento possível do tempo.

As formas produtivas flexibilizadas e desregulamentadas, das quais são exemplos a chamada acumulação flexível e o modelo japonês ou toyotismo, vêm crescentemente substituindo ou alterando o padrão produtivo taylorista e fordista.

Nas últimas décadas, principalmente depois de meados de 70, o mundo do trabalho vivenciou uma situação fortemente crítica, talvez a maior desde o nascimento da classe trabalhadora. Esta situação a afetou tanto em sua materialidade, em sua forma de ser, quanto em sua esfera propriamente subjetiva, política, ideológica, dos valores e do ideário que pautam suas ações e práticas concretas (Antunes, 1998).

Dentre as transformações mais diretas no mundo do trabalho, algumas são fundamentais (Idem, ibdem):

ƒ Crescente redução do proletariado fabril estável, flexibilização e desconcentração do espaço físico produtivo;

ƒ Incremento do novo proletariado, do subproletariado fabril e de serviços, o que mundialmente vem sendo chamado de trabalho precarizado;

ƒ Aumento do trabalho feminino, atingindo 40% da força de trabalho nos países avançados. Força de trabalho preferida pelo capital para o trabalho precarizado e desregulamentado4;

ƒ Incremento dos assalariados médios e de serviços;

ƒ Exclusão dos jovens e pessoas de meia idade do mercado de trabalho nos países centrais;

ƒ Inclusão “precoce e criminosa” de crianças no mercado de trabalho, em especial nos países de industrialização intermediária e subordinada.

ƒ Expansão do trabalho social combinado, em que trabalhadores de diversas partes do mundo participam do processo de produção e de serviços.

Busnelo (2000) afirma que a Terceira Revolução Industrial5 e o neoliberalismo nas políticas econômicas são os responsáveis pela ampliação do processo de reestruturação produtiva. Processo este que utiliza a “máxima redução dos custos, da ociosidade dos fatores produtivos e dos riscos da instabilidade dos mercados” como meios para conseguir a maior flexibilização possível do uso do capital e do trabalho.

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Grifos nossos 5

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Nos novos moldes de produção, é possível substituir uma massa de trabalhadores por um pequeno núcleo responsável pela programação e gerenciamento da demanda. Isto significa um inevitável aumento das taxas de desemprego, como também a necessidade de garantia da flexibilização dos direitos trabalhistas de modo ao uso mais livre da força de trabalho.

Adequar o uso da força de trabalho ao processo de reestruturação produtiva significa desregulamentar o padrão de relações de trabalho que existia anteriormente e que se fundava no conjunto de direitos organizados com base no Estado. Nas relações de trabalho, a flexibilização se materializa na desregulamentação dos direitos trabalhistas, oferecendo às empresas ajustar o uso da força de trabalho às variações da produção (Busnelo, 2000).

Alguns sintomas desta desregulação podem ser nitidamente visíveis: terceirizações e quarteirizações, os salários condicionados à produtividade; tempo de trabalho utilizado de acordo com a demanda, levando inevitavelmente ao aumento da jornada de trabalho sem o adicional das horas extras; negociações entre empresa e trabalhadores baseadas na máxima redução dos custos da empresa.

Para Druck (2002), a flexibilização e a precarização do trabalho são processos mundiais, mas que apresentam peculiaridades nacionais e regionais, e que só podem ser compreendidos enquanto fenômenos indissociáveis. A flexibilização aparece como sendo o sustentáculo dos novos padrões de gestão e do Estado.

Druck afirma que a terceirização pode ser entendida como a principal forma política de gestão e organização do trabalho imposta pela reestruturação produtiva, pois expande e concretiza os contratos flexíveis, erguidos na lógica do discurso empresarial.

A desregulamentação, flexibilização, terceirização, downsizing, empresa enxuta, e tudo que se tem atualmente no mundo empresarial, indica uma lógica de sociedade em que há a prevalência do capital sobre a força humana de trabalho, sendo esta considerada somente na medida em que é imprescindível para a reprodução deste mesmo capital.

Na evolução do mercado de trabalho latino-americano nos anos 1990, uma das características mais evidentes é o aumento da taxa de participação das mulheres, de 39% em 1990 a 45% em 1998. O que explica este movimento, segundo Abramo (2002), são três fenômenos: 1) a diminuição do número de filhos por mulher em idade fértil (processo de transição demográfica); 2) o acesso das mulheres à educação; 3) as crises econômicas que impulsionam as mulheres a entrar no mercado de trabalho.

Nos Relatórios sobre o Desenvolvimento Humano no Brasil e no Mundo (PNUD, 1996-2004), é visível o fenômeno da feminização da pobreza, marcada principalmente pela disparidade salarial e a vulnerabilidade das mulheres chefes de família (correspondente a 58% das famílias com rendimento mensal de até meio salário-mínimo).

Na América Latina, os países com a taxa mais alta de participação feminina são países nos quais existe elevada pobreza e informalidade, como o Paraguai e o Peru. Essa alta participação se dá no setor informal. Para a autora a contribuição das mulheres aos rendimentos familiares é cada vez mais importante para que uma parcela significativa da população latino-americana consiga garantir a sua sobrevivência, superar a pobreza e melhorar as suas condições de vida. Entre 25% e 35% das famílias latino-americanas são atualmente chefiadas por mulheres (no Brasil é de 25%, segundo IBGE). O que significa que, em aproximadamente ¼ das famílias são as únicas provedoras (Abramo, 2002, p. 23).

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Segundo Abramo, em 25% das famílias urbanas da América Latina a renda da mulher é o que define se a família encontra-se na extrema miséria, na pobreza ou fora dela.

Esta questão de desenvolvimento humano e de adoecimento no trabalho é por muitos autores colocadas como controversa. Candido (1994), por exemplo, acredita que apontar uma predileção por sexo das doenças do trabalho é uma forma infeliz de analisar a situação, uma vez que podemos recair na evidência das características individuais, mascarando o problema real, que é a organização do trabalho.

Não acreditamos nisso, mas na análise mais ampla do fenômeno, que considere as mulheres como sujeito social e não o indivíduo humano biologicamente frágil. Ressaltar as mulheres no alvo das doenças do trabalho na atualidade, é descortinar uma precarização social que está inscrita e integra as formas de desigualdade entre homens e mulheres que perpassam por todas as relações da sociedade, seja no espaço privado da casa ou no espaço público do trabalho produtivo.

As condições em que homens e mulheres vivem não são devido à biologia, e sim, às construções que se desenvolvem no âmbito social (Kergoat, 2003):

Homens e mulheres não são uma coleção – ou duas coleções – de indivíduos biologicamente distintos. Eles formam dois grupos sociais que estão engajados em uma relação social específica: as relações sociais de sexo. Estas, como todas as relações sociais, têm uma base material, no caso o trabalho, e se exprimem através da divisão social do trabalho entre os sexos, chamada, de maneira concisa, divisão sexual o trabalho.

À divisão social do trabalho decorrente das relações sociais de sexo dá-se a nomeação de divisão sexual do trabalho, forma esta que se adapta em tempo e espaço. A principal característica é a esfera produtiva destinada prioritariamente aos homens; enquanto que às mulheres se destina a esfera reprodutiva. Também aos homens se destinam as esferas da vida social que agregam valor, tais como a política, a religião, as forças militares etc. (Kergoat, 2003).

Os dois princípios que dão ordem a essa forma de divisão social do trabalho são: 1) o princípio de separação; e 2) o princípio de hierarquização. O primeiro se caracteriza pela separação entre “trabalho de homens” e “trabalho de mulheres”. O segundo diz respeito à noção de que o trabalho do homem tem mais valor do que o trabalho da mulher (op. cit.). Neste sentido cabe fazer duas ressalvas. A primeira é que não estamos aqui nos referindo à noção de “papéis sociais” sexuados, e sim de relações que se constroem na dinâmica em sociedade. E a segunda se refere ao fato de que sob a perspectiva das relações sociais de sexo, podemos refletir e propor em termos de “invariações e variações”, de “deslocamentos e rupturas”, e também em termos da emergência de “novas configurações que tendem a questionar a existência mesma desta divisão” (Kergoat, 2003, p. 56).

Segundo Kergoat (2003), as relações sociais de sexo possui as seguintes dimensões: ƒ A relação entre os grupos é antagônica;

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ƒ As diferenças constatadas entre as praticas dos homens e das

mulheres são construções sociais, e não provenientes de uma causalidade biológica;

ƒ Essa construção social tem uma base material e não é

unicamente ideológica – é conectada à divisão do trabalho concreto;

ƒ Essas relações sociais se baseiam antes de tudo em uma relação

hierárquica entre os sexos, trata-se de uma relação de poder, de dominação (p. 58/59).

É importante que possamos discutir sobre a questão das relações que, sob a perspectiva de Hirata (2002), significa contradição, antagonismo, luta pelo poder, recusa de considerar que os sistemas determinantes (capitalismo, sistema patriarcal) sejam totalmente determinantes. O cenário atual do mundo do trabalho, com todas as transformações que vêm ocorrendo em termos de produtividade, também é um lugar fundamental para as análises sobre a divisão sexual do trabalho e sua relação com a tecnologia e a qualificação. Sobre este debate Hirata (2002) faz uma aprofundada análise de alguns principais pontos que nos são fundamentais para entendermos as transformações anteriormente mencionadas e as implicações que estas vêm trazendo em termos de relações sociais de sexo e divisão sexual da técnica.

Desse ponto de vista, a divisão sexual do trabalho profissional é estruturada pelas “relações sociais homens-mulheres” fora do trabalho, havendo um conseqüente “controle masculino dos instrumentos de produção”. Neste sentido, as mulheres passam a ser colocadas em ocupações mais simples e sem ferramentas, isto independe do setor econômico ou do grau de modernização tecnológico (Hirata, 2002).

Há um discurso dominante que – considerados incoerentes pela autora – oscila entre a permissão e o impedimento, ou seja, “os trabalho leves” são atribuídos às mulheres, porém não em todos os aspectos, pois a execução eletrônica, por exemplo, fica a cargo das mulheres, enquanto que o trabalho com os equipamentos informatizados fica sob a responsabilidade dos homens. O que se mostra é que há uma incoerência marcada pelo não-reconhecimento da qualificação feminina6– nem a importância do trabalho doméstico – que coloca na equação das atribuições do trabalho, as mulheres de um lado da igualdade e do outro a execução rotineira.

É importante ressaltar que essa análise a respeito da divisão sexual do trabalho e tecnologia traz importantes elementos sobre a relação dos homens e das mulheres com a técnica. Disso também se percebe que o número de empregos femininos vêm sendo suprimido por conta da automação, o que acentua o caráter fragmentado das tarefas industriais femininas. Desse modo, o trabalho precarizado passa a ser uma possibilidade concreta para as mulheres.

Hirata nos revela o lado “perverso” da automação para as mulheres, quando a essas se destinam os trabalhos de “tapar buracos” do processo de automação. Ou seja, “a automação

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Tese sustentada por Daniéle Kergoat a partir das pesquisa no setor secundário; Ferreira de Macêdo (1993) demostra em sua tese de doutorado, o não reconhecimento da qualificação técnica das operarias têxteis de Rio Tinto/PB.

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acentua o caráter fragmentado das tarefas industriais femininas (...) elimina-as dos postos de direção ou de supervisão das máquinas que as mudanças tecnológicas necessariamente multiplicam e, finalmente, aproxima a natureza do trabalho efetuado nas oficinas e nos escritórios” (Hirata, 2002, p. 227).

Neste sentido, podemos falar em qualificação já que “por definição”, as operárias não têm sido reconhecidas como qualificadas.7 Em geral temos os empregos não-qualificados sendo feminilizados, resultando na “crença” da desqualificação como uma qualidade tipicamente feminina.

Com a evolução da divisão sexual do trabalho, temos uma forte polarização das qualificações masculinas e femininas. Por exemplo, uma oficina tradicionalmente feminina, com o processo de automação tem mais riscos de perder mão-de-obra feminina do que masculina. Nessas indústrias há uma desqualificação específica, em que o trabalho feminino concentra-se nos postos de trabalho desqualificados pela automação ou difíceis ou dispendiosos para concentra-se automatizar.

Uma importante crítica de Hirata aos estudos que utilizam a noção de flexibilidade ou de especialização flexível, é que grande parte de tais estudos foi construída ignorando qualquer abordagem em termos de relações construídas social, cultural e historicamente entre homens e mulheres. Para a autora, “a construção teórica da especialização flexível baseia-se no trabalhador homem como figura universal” (op. cit. p. 229).

Sobre as conseqüências sociais das novas tecnologias, Hirata (2002) aponta para dois importantes aspectos relacionados à flexibilidade: o primeiro diz respeito à flexibilidade do trabalho, e o outro à flexibilidade da mão-de-obra (que se relaciona com o primeiro). Segundo a mesma, a grande maioria dos estudos sobre o tema das tecnologias, sobre o trabalho e emprego não abordam a questão sob esta ótica. Além disto, a autora reforça a importância de entendermos as novas tecnologias, e a flexibilidade do trabalho e da mão-de-obra, sob o ângulo das discussões de gênero.

As Mulheres no Alvo do Adoecimento pelo Trabalho

Analisamos a gravidade do adoecimento pelo trabalho no Brasil a partir do prisma de gênero e como resultante de todo o contexto social que apresentamos acima. Percebemos que do montante de pessoas adoecidas registradas no extinto Núcleo de Referência à Saúde do Trabalhador, da Previdência Social (NUSAT, 2007), 75% é composto por mulheres.

No relatório da OIT “Segurança em Cifras” (2005), entre as causas das incapacidades no trabalho, com problemas de músculos e coluna, as mais atingidas são as mulheres. Os trabalhos pesados, de grande esforço físico, como o cultivo e a colheita, têm provocado nascimentos prematuros e partos de crianças que nascem mortas. Couto (1995) informa o número de 67% de mulheres para 33% de homens que apresentam adoecimento por LER, que por sua vez atingem as mulheres em faixa etária de maior produtividade (Alves, 1995): dos 20 a 40 anos de idade, representando 80,72% dos casos confirmados.

Em pesquisa realizada no Distrito Federal, num grupo de mil trabalhadores adoecidos no trabalho, existem seis mulheres para cada quatro homens. Comparado com a distribuição da

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população ativa daquele Estado, o percentual de acidentes e doenças relacionadas ao trabalho é bem maior no sexo feminino. Os principais tipos de doenças e acidentes foram LER, ferimentos do punho e da mão, entorse do tornozelo e do pé, fratura do pé e fratura do antebraço; e as profissões de maior risco: servente, carteira, professora, enfermeira, telefonista e bancária, nesta ordem (Correio Brasiliense, 2003).

Pesquisa da Universidade Federal do Rio de Janeiro também indica as LER como a maior causa de doença nas trabalhadoras brasileiras, seguida das doenças mentais, problemas cardiovasculares e assédio sexual (UFRJ, 2008). É oportuno mencionar dois estudos realizados em centros de referências do trabalhador, um junto ao Ambulatório de Doenças Profissionais do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Genais (ADP – UFMG) (Reisa et. al., 2000); e outro junto ao Ambulatório de Doenças do Trabalho do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (ADT – HCPA) (Merlo et al., 2001).

Ambos os estudos investigaram diretamente as pessoas atendidas nos respectivos Centros e trazem informações interessantes. Em Minas Gerais, os diagnósticos de LER representavam 68% do total, e no Rio Grande do Sul, 70% – no quarto estágio da doença, o mais avançado8. Destes totais, nos dois estudos, cerca de 70% das pessoas adoecidas eram do sexo feminino e a faixa etária abaixo dos 40 anos de idade. Dentre as ocupações, se destacam as prestadoras de serviço, dentre elas, auxiliar de escritório, faxineiras, digitadores, cozinheiras e caixas de banco.

Para termos uma idéia da importância desses dados, podemos compará-los, no caso de Minas Gerais, com os dados da década de 1980, que a grande maioria de pessoas atendidas era do sexo masculino. Em uma década a diferença cresceu para o dobro de mulheres em relação aos homens. Porém, há um detalhe importante a ser ressaltado: no grupo das “não-LER” a proporção homem/mulher é 1:3; nos grupos de LER a proporção é de três mulheres para cada homem. Se considerar apenas as pessoas diagnosticadas por LER, a proporção sobe para 4,5:1. Ou seja, há uma relação direta ente o número de mulheres e o número de portadores de LER.

No Rio Grande do Sul, as características são absolutamente próximas: 80% do sexo feminino, 52% na faixa etária entre 36 e 46 anos. As profissões mais acometidas: calçadistas, faxineiras, cozinheiras e costureiras. Os resultados das duas pesquisas são típicos do que vem sendo indicado nas estatísticas, de um modo geral.

Em relação às patologias, a síndrome do túnel de carpo é a que aparece em maior quantidade (acima de 50%), seguida de outras inflamações principalmente nos membros superiores. Embora seja enorme o espectro das doenças classificadas como relacionadas ao trabalho, no Brasil e no mundo, o grande número de adoecimento tem se dado por Lesão por Esforço Repetitivo9 (LER). Apesar de sabermos da fragilidade das estatísticas nacionais referentes às

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O quarto estágio se caracteriza pela exacerbação da dor e edema, dificuldade de dormir devido à dor, pela limitação dos movimentos, por força muscular diminuída, atrofia e/ou deformidades, impossibilitando a realização de tarefas domésticas e de trabalho.

9 Utilizamos a sigla “LER” ao invés de “LER/DORT” ou “DORT – (Distúrbios Osteomusculares Relacionados ao Trabalho” (tradução literal de “WRMD - Work Related Muskuloskeletal Disorders), como posicionamento em discordância da necessidade da mudança da sigla durante a elaboração da Norma Técnica NT/98 – OS n° 606. Lembremos também das

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doenças do trabalho – por conta da subnotificação e pelo fato de referenciarem apenas os trabalhadores inseridos formalmente no mercado – os dados da Previdência Social e dos ‘centros de referência ao atendimento à saúde do trabalhador’ indicam um montante de cerca de 70% de pessoa atendidas acometidas por LER.

Explicações reducionistas, biologicistas, e individualistas apontam aspectos como “fragilidade”, “processos cognitivos diferenciados”, “neuroses” etc., como as causas desse maior adoecimento.

Um exemplo encontra-se na “percepção de risco” mencionada por Tróccoli (no prelo, apud Pinheiro, Tróccoli & Paz, 2002):” Os indivíduos fazem inferências sobre a exposição a riscos baseados no que leram, observaram ou ouviram falar a respeito do evento em questão. Os seus julgamentos baseiam-se em regras inferenciais gerais ou heurísticas, que são mecanismos habituais de processamento de informação, alguns dos quais particularmente vulneráveis à disponibilidade de recuperação na memória . dessa forma, registros recentes da mídia, comuns em casos de aumento da prevalência de qualquer doença, encontram-se mais disponíveis e estão mais acessíveis para serem usados em inferências, podendo inflacionar a percepção de risco do sujeito”.

Ainda encontramos justificativas como “neuroticismo e atenção autofocalizada como mediadoras potenciais” (Williams e Wiebe, 2000); “estratégia de copping diferenciada das dos homens, resultando num maior relato por parte das mulheres” (idem); “há diferenças de interpretação somática entre homens e mulheres” (ibdem); “as mulheres fazem um esforço para se mostrarem tão competitivas quanto os homens” (Correio Brasiliense, 2003), entre outros.

Entendemos o fenômeno do maior adoecimento de mulheres por conta do trabalho, através da das questões de gênero que transversalizam o mundo do trabalho, fazendo com que existam hierarquias e diferentes escalas de valor quando se trata de “trabalho de homens” e “trabalho de mulheres”. Sendo assim, o fenômeno do adoecimento de mulheres no (e pelo) trabalho se dá através das diferenças de exigências e atribuição para mulheres e homens, formas de incorporação ao mercado de trabalho, múltipla jornada etc.

A maior participação das mulheres no mercado de trabalho deve-se principalmente a dois fatores: movimento social de mulheres em todo o mundo, que impulsiona sua emancipação na sociedade; e à preferência do capital flexibilizado e precarizado pela força de trabalho feminina.

Todos os aspectos mencionados até aqui demonstram uma nova estrutura da desigualdade: as mulheres como a força de trabalho para as atividades monótonas, repetitivas e minuciosas; pelos setores definidos pela desregulação, desproteção, instabilidade e precarização.

A atenção particular que merece ser mencionada é o aumento da vulnerabilidade feminina no mercado de trabalho, vulnerabilidade esta que tem se desencadeado e servido como alavanca para o agravamento das desigualdades sócio-econômicas. É necessário que consideremos os fenômenos, sejam eles locais ou mundiais, como definidos em tempo e espaço, e além de tudo, transpassado pelas características dos contextos social, econômico, político e cultural. siglas LTC (Lesões por Traumas Cumulativos), CTD (Cumulative Trauma Disorders), OCD (Occupational Cervicobrachial Disorder), RSI (Repetitive Strain Injuries), e Amert (Afecções Músculo-Esqueléticas Relacionadas ao Trabalho).

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Algumas questões, quando envolvem as mulheres, tendem a ser vistas a partir do estereótipo universal da condição feminina: da passividade, do mundo privado, da delicadeza, do sentimental, da fragilidade. Nosso dever está exatamente em criticar esse modelo e negar estatutos permanentes sobre a condição das mulheres, dos seres humanos, da vida. Temos o dever de assumir a transitoriedade dos conceitos, reinventar métodos, dissolver idéias viciadas em preconceitos e, sobretudo, negar as dimensões naturalizadas e biologizadas sobre a vida das mulheres.

Neste artigo, buscamos realçar e dar um outro sentido aos debates sobre o adoecimento das mulheres no mundo do trabalho, buscamos entender o problema por uma via que escape do reducionismo biológico e da imposição de uma condição inferiorizada, fragilizada ou secundária dada culturalmente às mulheres.

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