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Migração de idosos para Minas Gerais: detecção de cluster migratórios para os imigrantes interestaduais de data-fixa, no ano de 2010

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MIGRAÇÃO DE IDOSOS PARA MINAS GERAIS: DETECÇÃO DE CLUSTER MIGRATÓRIOS PARA OS IMIGRANTES INTERESTADUAIS DE DATA-FIXA, NO

ANO DE 2010 RESUMO

O objetivo deste artigo é detectar clusters migratórios dos idosos imigrantes para Minas Gerais que, em 2005, declararam residir e outros Estados do Brasil. Para isso, foram utilizados os dados do Censo Demográfico de 2010 e o método Two-Step Cluster para agrupar a amostra a partir das características semelhantes dos imigrantes. Os idosos foram agrupados em quatro tipologias (Aposentados, Trabalhadores, Trabalhadores aposentados, Nem trabalhadores e nem aposentados) e, a partir dos critérios de avaliação de Akaike, as variáveis que compuseram cada cluster foram selecionadas. Os resultados mostraram que os imigrantes idosos para Minas Gerais são muito heterogêneos, até mesmo dentro das próprias categorias criadas, e que a aposentadoria é um fator importante para a compreensão desses fluxos para o Estado. As motivações para o movimento e o significado do projeto migratório variam conforme os atributos individuais dos migrantes e a mudança de residência, em muitos casos, torna-se uma estratégia de sobrevivência para os idosos.

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INTRODUÇÃO

Os trabalhos empíricos têm demostrado que há um comportamento padrão dos migrantes idosos em relação as adversidades/êxitos vivenciados na velhice, dependendo do sexo, idade e status marital deles. Além disso, a aposentadoria, teoricamente alcançada na terceira fase do ciclo de vida das pessoas, ao desvincular o indivíduo do seu local de trabalho, o deixa livre para residir onde desejar, seja numa localidade com amenidades ambientais, seja perto de parentes e amigos ou até mesmo retornar para o lugar onde nasceu (WALTERS, 2000).

Warners (1983) realizou uma pesquisa em quatro distritos da Inglaterra e País de Gales sobre migração interna e envelhecimento e verificou que 70% dos entrevistados migraram em torno dos 60 anos de idade, com os homens tendendo a migrar mais entre os 65 e 69 anos e as mulheres entre 60 e 64 anos de idade. Para o autor, a moda etária da propensão a migrar estava estreitamente relacionada à idade da aposentadoria e à manutenção do idosos no mercado de trabalho, ou seja, estava sujeita às mudanças institucionais e econômicas das regiões de origem e destino. Rogers (1988) também identificou algumas regularidades relacionadas à idade, sexo, distância e status marital para explicar a migração de aposentados em países desenvolvidos. O autor observou um padrão diferente nas curvas de homens e mulheres migrantes, por grupos de idade, e um duplo cruzamento entre elas ao longo do ciclo de vida, provavelmente devido ao casamento (diferentes idades entre homens e mulheres) e ao status de viuvez. No que se refere à distância da migração, Rogers (1988) destacou a conexão entre migração de longa distância de aposentados e a confortável situação socioeconômica deles, ou seja, uma migração voluntária em busca de ambientes amenos e qualidade de vida. Em contraste, migração de curta distância estaria frequentemente associada a eventos estressantes, como a perda do cônjuge, início de limitações ocasionadas por doenças ou, simplesmente, por diminuição do nível de renda. O status marital, por sua vez, também seria uma característica seletiva da migração de pessoas aposentadas. Indivíduos com idades mais avançadas, que se encontram casados, provavelmente contam com assistência de familiares e, por isso, apresentaram menor propensão a migrar, conforme observado em países como Bélgica, Grã-Bretanha, Holanda, Itália e Japão. Por outro lado, indivíduos viúvos, divorciados e solteiros, tenderiam a morar sozinhos e,

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portanto, estariam mais isolados da sociedade, estando mais propensos a migrar em busca de assistência de amigos, parentes ou apoio institucional (Rogers, 1988). Reforçando as pesquisas previas sobre migração de idosos, Newbold (1996), com base nos dados censitários americanos de 1990, verificou a relação entre as taxas de migração de idosos, não naturais do estado onde foram recenseados em 1990, para o estado de nascimento (migração de retorno) ou para outros estados americanos, e alguns atributos pessoais, como sexo, status marital, raça e escolaridade, e aspectos locais como distância do deslocamento e amenidades ambientais do destino. Por meio de uma análise exploratória das taxas de migração, o autor concluiu que idosos entre 65 e 69 anos tinham maior probabilidade de migrar do que idosos maios velhos, assim como os homens entre 65 e 69 anos, em relação às mulheres. Por outro lado, para mulheres com 70 anos e mais de idade, a probabilidade de migrar era maior que a dos homens, neste mesmo grupo etário. Quanto ao status marital, idosos casados mostraram-se menos propensos a migrar que idosos solteiros, divorciados, separados ou viúvos, devido à existência de rede de contatos e suporte dos casais que os fariam se sentir mais seguros no local de residência. Idosos com maior grau de escolaridade também se mostraram mais dispostos a migrar do que aqueles com escolaridade baixa, haja vista que a educação fornece ferramentas para conhecer e processar informações do local de destino. Já a raça mostrou-se relevante para a análise. Indivíduos brancos apresentaram maior propensão a migrar do que indivíduos negros, assim como os não hispânicos em relação aos hispânicos. No que se refere à idade e as amenidades, os dados revelaram que as características do ambiente exerciam maior poder de atração sobre os idosos entre 65 e 69 anos, assim como a oferta de assistência médica sobre os idosos com 75 ou mais anos de idade.

A migração de idosos no Brasil não foge muito dos padrões apontado pela literatura internacional (CAMPOS, 2010). O autor realizou uma comparação entre os idosos migrantes e aqueles que permaneceram em São Paulo e constatou que em 1991, cerca de 68,0% do total de idosos migrantes de São Paulo para Minas Gerais eram aposentados e 11,6% eram ativos economicamente. Entre os homens idosos, aproximadamente 87,0% eram aposentados, e entre as mulheres, 51,4%. Em 2000, em torno de 70,0% dos imigrantes idosos se declararam aposentados (79,4% dos homens e 61,4% das mulheres). Entre os imigrantes de 1995/2000, em torno de 7,0% declararam possuir algum tipo de deficiência. Entre os homens idosos, esse

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percentual foi de 7,2% e entre as mulheres, de 6,5%, não havendo grandes diferenças entre os idosos migrantes e os idosos não migrantes. Discrepâncias entre idosos migrantes e aqueles que não migraram também não foram observadas pelo autor, em relação ao status de viuvez e à renda per capita do domicílio. No entanto, diferenças significativas apareceram quando da comparação da contribuição da renda do idoso para a renda do domicílio de onde viviam: em 1991, os idosos migrantes contribuíam com 49,3% da renda domiciliar (67,4% da contribuição era masculina e 32,2%, feminina); em 2000, a contribuição foi de 54,9% (68,3% para os homens e 41,9% para as mulheres)

Campos (2010) identificou dois perfis puros para os imigrantes idosos de 1986/1991. O primeiro deles era formado por mulheres, com 75 anos ou mais de idade, viúvas, economicamente inativas, não aposentadas, residentes em domicílios com renda per capita entre 2 e 10 salários mínimos, migraram para domicílios de não migrantes, contribuíam com menos de um quarto da renda domiciliar, não eram responsáveis pelo domicílio e migraram, supostamente, em busca de reunião familiar e suporte (grupo nomeado de mulheres em busca de reunião familiar e suporte). O segundo perfil era composto por homens, não viúvos, ativos economicamente, aposentados, residentes em domicílios cuja renda domiciliar per capita era superior a 10 salários mínimos, migraram sozinhos ou com cônjuge, contribuíam com, pelo menos, metade da renda domiciliar e eram responsáveis pelo domicílio. O autor denominou este grupo de trabalhadores homens com boa situação econômica.

Para a década de 1990, foram criados três perfis puros e três mistos, fato que comprova o crescente volume e heterogeneidade dos imigrantes. O primeiro perfil, mulheres em busca de reunião familiar e suporte, como o próprio nome diz, era de mulheres, com mais de 70 anos de idade, viúvas, deficientes, que residiam em domicílios com rendimento per capita de 0,5 a 1 ou de 5,1 a 10 salários mínimos, viviam em domicílios onde havia não migrantes, contribuíam entre 25,0% e 50,0% da renda domiciliar e eram mães, sogras, irmãs ou outro parente do responsável. O perfil dois, denominado de trabalhadores homens com boa situação econômica, era aquele constituído por homens, com idade entre 60 e 69 anos, não viúvos, ativos economicamente e aposentados, viviam em domicílios cujo rendimento per capita era maior que 10 salários mínimos, migraram sozinhos ou somente com o cônjuge, eram responsáveis pelo domicílio e contribuíam com grande parte da renda domiciliar. O

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perfil três era de mulheres, entre 60 e 64 anos de idade, não viúvas e não aposentadas. Elas residiam em domicílios sem rendimento ou com renda per capita entre 0 e 0,5 salários mínimos ou entre 2 e 5 salários mínimos, migraram somente com o cônjuge e contribuíam com até ¼ da renda do domicílio. O autor denominou este grupo de idosas acompanhantes, relativamente mais jovens.

Diante das conclusões de Campos (2010), o objetivo deste artigo é detectar clusters migratórios dos idosos imigrantes para Minas Gerais que, em 2005, declararam residir em outros Estados do Brasil, não somente São Paulo. Para isso, foram utilizados os dados do Censo Demográfico brasileiro de 2010 e o método Two-Step Cluster para agrupar a amostra a partir das características semelhantes dos imigrantes. Como o conjunto de imigrantes interestaduais era muito heterogêneo, os idosos tiveram que ser tipificados em quatro grupos, de acordo com a situação deles no mercado de

trabalho (Aposentados, Trabalhadores, Trabalhadores aposentados, Nem

trabalhadores e nem aposentados). A partir do teste de Akaike, as variáveis que compuseram cada cluster foram selecionadas (

O artigo apresenta-se organizado da seguinte forma: na segunda seção é realizada uma breve descrição da metodologia do trabalho, das bases de dados utilizadas e das tipologias dos imigrantes. Na quarta seção são apresentados os resultados e discussão e na quinta, alguns comentários finais.

METODOLOGIA

Os dados utilizados neste estudo foram provenientes do Censo Demográfico de 2010 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Os imigrantes interestaduais de data-fixa são aquelas pessoas que declararam residir em outra Unidade da Federação, há exatos cinco anos anteriores à data de referência do Censo. Se o Estado de residência, em 1995, não era Minas Gerais, e em 2010, o indivíduo foi recenseado no Estado, ele é considerado um imigrante de data-fixa interestadual. As pessoas consideradas idosas foram aquelas com 60 anos ou mais de idade, conforme definido pelo Artigo 1˚ do Estatuto do Idoso. Há na literatura discussão sobre o conceito de pessoa idosa, inclusive sobre o limite inferior de 60 anos. Apesar da relevância dos argumentos, tal discussão não faz parte do escopo deste trabalho. Para a seleção das variáveis que compuseram os clusters, foi utilizada a técnica Two Step Cluster, que trabalha com conjunto grande de dados e variáveis qualitativas e

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quantitativas, simultaneamente (COSTA, 2017). A técnica utiliza um algoritmo estruturado em duas etapas: i) agrupamento dos casos em vários pequenos subgrupos; e ii) reagrupamento dos subgrupos, criados na etapa de anterior, gerando os clusters propriamente ditos. Como o número desejado de agrupamentos não foi definido a priori, a análise Two Step Cluster encontrou, automaticamente, o número de clusters apropriado. A técnica permite o agrupamento de similares dentro de um mesmo grupo

Inicialmente, partiu-se de uma seleção exploratória dos atributos dos idosos para a criação dos cluster. Nesta etapa, todos os idosos imigrantes interestaduais de data-fixa formaram um único grupo e 15 características individuais (sexo, idade, situação de domicílio, Unidade da Federação de origem do imigrante, mesorregião mineira de destino, Território de Desenvolvimento mineiro de destino, relação de convivência com o responsável pelo domicílio, renda familiar per capita em salários mínimos, nível de escolaridade, estado civil, presença de alguma deficiência, se aposentado, se economicamente ativo, se beneficiário de algum programa social de transferência, se beneficiário do programa bolsa família e/ou do programa de erradicação da pobreza) foram selecionadas. Diferentes simulações foram realizadas, retirando e acrescentando características dos imigrantes, conforme apontado pela literatura (MINGOTI, 2005). Como a qualidade dos cluster, medida pelo critério de Akaike, não foi satisfatória, devido à heterogeneidade dos integrantes da amostra, optou-se pela criação de quatro tipologias para os idosos, com base na situação deles em relação ao mercado de trabalho. As quatro tipologias foram: 1) indivíduos com 60 anos ou mais de idade, que não trabalhavam e estavam aposentados, denominados por Aposentados; 2) indivíduos com 60 anos ou mais de idade, que trabalhavam e estavam aposentados – Aposentados trabalhadores 3) indivíduos com 60 anos ou mais de idade, que trabalhavam e não estavam aposentados – Trabalhadores; e 4) pessoas com mais de 60 anos que não estavam trabalhando e não estavam aposentadas - Nem aposentados e nem trabalhadores. Definidas as quatro tipologias, foram gerados os clusters para cada uma delas.

RESULTADOS

O total de imigrantes de Minas Gerais que declararam outras Unidades da Federação como residência, cinco anos antes do Censo de 2010, foi de 376.519 pessoas. Desse total 52,1% eram homens, 56,4% eram provenientes dos estados do Sudeste e 24,2%

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oriundos dos estados do Nordeste. Destaque para São Paulo (38,6%), Rio de Janeiro (12,0%) e Bahia (10,1%). Cerca de 70,0% dos imigrantes de data-fixa de 2010 não eram retornados do estado e 75,2% encontravam-se em idade ativa, ou seja, entre 15 e 59 anos de idade.

Os idosos, pessoas com 60 anos ou mais de idade, representavam 6,6% do total de imigrantes de data-fixa do Estado. Metade era homem e 37,4% tinham entre 60 e 64 anos. Verifica-se pela razão de sexo que o número de homens era superior ao de mulheres nos três primeiros grupos etários e que nos dois últimos grupos, as mulheres predominaram sobre os homens (Tabela 1).

Tabela 1. Imigrantes idosos interestaduais de data-fixa para Minas Gerais, por sexo, grupos de idade e razão de sexo – 2005/2010

Grupos de Homens Mulheres Total

Razão de sexo

Idade N. Abs. % N. Abs. % N. Abs. %

De 60 até 64 anos 4.765 19,2 4.518 18,2 9.283 37,4 1,05 De 65 até 69 anos 3.210 12,9 2.806 11,3 6.016 24,3 1,14 De 70 até 74 anos 2.033 8,2 1.926 7,8 3.959 16,0 1,06 De 75 até 79 anos 1.172 4,7 1.549 6,2 2.721 11,0 0,76 80 e mais 1.244 5,0 1.574 6,3 2.818 11,4 0,79 Total idosos 12.424 50,1 12.373 49,9 24.797 100,0 1,00

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

Pela Tabela 2 observa-se que 66,3% dos imigrantes idosos de data-fixa pertenciam ao grupo Aposentados. A maioria das pessoas desse grupo eram mulheres (34,5%) e grande parte dos imigrantes Aposentados se concentrou até os 69 anos de idade. No caso das mulheres, a concentração ocorreu entre 60 e 64 anos e, para os homens, entre 65 e 69 anos. O segundo maior grupo foi daqueles Nem trabalhadores e nem aposentados, que respondeu por 17,6%. Se a pessoa está sem trabalho, está livre para buscar emprego em destinos que ofereçam mais atrativos do que a região de origem. As mulheres também eram a maioria neste grupo (22,3%) e grande parte delas tinha entre 60 e 64 anos, tal e qual a maior parte dos homens. Os outros dois grupos Aposentados trabalhadores e Trabalhadores participaram, cada um, com 8,0% do total de idosos. Diferentemente dos dois grupos supracitados, a maioria de seus integrantes eram homens. No caso do grupo Aposentados trabalhadores, os imigrantes idosos se concentraram nos dois primeiros grupos etários e no que se refere aos Trabalhadores, no primeiro grupo etário, com percentuais muito baixos para os demais grupos de idade.

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8 Tabela 2. Percentual de imigrantes idosos interestaduais de data-fixa para Minas

Gerais, por características individuais, por sexo e grupos de idade – 2005/2010

Sexo Em relação ao Grupos de idade

total de idosos 60-64 anos 65-69 anos 70-74 anos 75-79 anos 80 e mais

Aposentados Homens 31,8 8,5 9,1 6,1 4,0 4,1 Mulheres 34,5 9,5 8,3 6,0 5,3 5,4 Ambos os sexos 66,3 18,0 17,4 12,2 9,3 9,5 Aposentados trabalhadores Homens 10,9 4,3 3,7 1,9 0,8 0,3 Mulheres 5,0 2,3 1,7 0,8 0,2 0,1 Ambos os sexos 8,0 3,3 2,7 1,4 0,5 0,2 Trabalhadores Homens 6,3 5,1 0,9 0,3 0,0 0,1 Mulheres 1,6 1,3 0,2 0,2 0,1 0,0 Ambos os sexos 8,0 6,3 1,0 0,4 0,1 0,1

Nem aposentados e nem trabalhadores

Homens 12,9 7,0 2,3 1,7 0,6 1,3

Mulheres 22,3 12,6 3,9 2,4 1,6 1,9

Ambos os sexos 17,6 9,8 3,1 2,0 1,1 1,6

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

Para o primeiro grupo de idosos, denominados por Aposentados, já que não trabalhavam na semana de referência da pesquisa e estavam aposentados (16.451 pessoas), foram criados automaticamente 10 aglomerados (Gráfico 1). Esse número elevado de cluster deve-se à heterogeneidade desse grupo. Pelo Gráfico 1 verifica-se que 29,6% dos idosos desse grupo pertenciam ao cluster 7, seguidos pelo cluster 6 (17,8%) e pelo cluster 5 (12,2%).

Gráfico 1. Percentual dos participantes dos clusters gerados para os Aposentados, 2010

Fonte: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

Pela Tabela 3, constata-se que o cluster 7 era aquele formado por cerca de 60,0% dos homens analisados e não havia mulheres. A idade média do grupo era de 70 anos e todos residiam na zona urbana. Todos os membros desse cluster eram responsáveis

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5 Cluster 6 Cluster 7 Cluster 8 Cluster 9 Cluster 10 8,2% 7,8% 3,6% 3,9% 12,2% 17,8% 29,6% 6,5% 4,8% 5,6%

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pelo domicílio, não possuíam deficiência mental ou intelectual permanente, não possuíam rendimento de Programa Social Bolsa Família ou Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e nem de outros programas sociais ou de transferência de renda. Em geral, idosos aposentados que gozam de boa saúde e condições financeiras, migraram em busca de qualidade de vida (WALTERS, 2000). Apesar da renda não ter entrado na análise, o fato dos idosos desse cluster estarem somente aposentados, não possuírem deficiência mental/intelectual e não serem beneficiários de programas sociais, permite inferir que migraram a procura de amenidades e lazer. Diferentemente do cluster 7, o cluster 6 era formado exclusivamente por mulheres, cerca de 37,0% do total de mulheres do grupo de Aposentados. A idade média delas era de 70,1 anos e todas residiam na área urbana. As mulheres desse aglomerado eram responsáveis pelo domicílio, e não tinham deficiência mental ou intelectual permanente. Assim como os homens do cluster 7, nenhuma delas possuía rendimento de Programa Social Bolsa Família ou Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e não participava de outros programas sociais ou de transferência de renda. Tais atributos indicam que eram mulheres com autonomia financeira que migraram voluntariamente para localidades mais atrativas. O cluster 5 englobava somente mulheres (24,9%), com idade média de 76 anos. Todas as mulheres desse grupo pertenciam à categoria demais membros do domicílio e residiam na zona urbana. Provavelmente imigraram para Minas Gerais em busca de cuidados médicos e de saúde por parte de familiares, haja vista a idade avançada delas e por não serem responsáveis ou cônjuges dos responsáveis pelo domicílio. Em consonância com os membros dos cluster 6 e 7, essas mulheres também não possuíam deficiência mental ou intelectual permanente e não recebiam rendimento de Programa Social Bolsa Família ou Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) e nem de outros programas sociais ou de transferência de renda. Chama atenção o cluster 4, onde todos os membros (homens e mulheres residentes em áreas urbanas e rurais) possuíam deficiência mental ou intelectual permanente. No caso do cluster 3, todos os idosos eram filhos e enteados do responsável pelo domicílio, tanto homens quanto mulheres, e todos residiam em área urbana. Destaque para os cluster 2 e 8, onde todos os membros residiam na zona rural.

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10 Tabela 3. Percentual dos participantes por cluster dos aposentados, por idade média, situação de domicílio, sexo, existência de

deficiência metal/intelectual permanente, rendimento de programa social bolsa-família ou programa de erradicação do trabalho infantil, rendimento mensal habitual de outros programas sociais ou de transferências e relação de convivência, 2010

Variáveis Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5 Cluster 6 Cluster 7 Cluster 8 Cluster 9 Cluster 10 Idade em anos completos Idade média 69,3 71,5 72,7 74,8 76,0 70,1 70,0 68,1 70,9 74,8

Situação de domicílio Urbano 9,6% 0,0% 4,2% 3,9% 14,3% 20,9% 34,8% 0,0% 5,7% 6,6% Rural 0,0% 52,3% 0,0% 3,9% 0,0% 0,0% 0,0% 43,8% 0,0% 0,0% Sexo Homens 0,0% 3,2% 2,9% 3,0% 0,0% 0,0% 57,9% 12,7% 9,5% 11,0%

Mulheres 16,8% 12,6% 4,3% 4,9% 24,9% 36,4% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Deficiência mental/intelectual permanente

Sim 0,0% 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Não 8,5% 8,1% 3,7% 0,0% 12,7% 18,5% 30,8% 6,8% 5,0% 5,8% Tinha rendimento mensal habitual de programa social

bolsa-família ou programa de erradicação do trabalho infantil (PETI)

Não 8,2% 7,8% 3,3% 3,8% 12,2% 17,9% 29,7% 6,5% 4,9% 5,6% Sim 0,0% 0,0% 66,7% 22,2% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 11,1% Rendimento mensal habitual de outros programas sociais

ou de transferências Não 8,3% 7,8% 2,7% 3,9% 12,3% 18,0% 29,9% 6,6% 4,9% 5,7% Sim 0,0% 4,8% 85,7% 9,5% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Relação de convivência Responsável 0,0% 2,9% 1,5% 1,8% 0,0% 31,0% 51,5% 11,3% 0,0% 0,0% Cônjuge 48,4% 18,4% 1,2% 3,5% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 28,5% 0,0% Filhos e enteados 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Individual em domicílio coletivo 0,0% 2,3% 79,5% 18,2% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% Demais membros 0,0% 12,9% 0,4% 8,4% 53,5% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 24,7%

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Para o segundo grupo, denominado de Aposentados trabalhadores (1.981 indivíduos), foram gerados quatro aglomerados. O Gráfico 2 mostra a distribuição dos idosos desse grupo, por cluster.

Gráfico 2. Percentual dos participantes dos clusters gerados para os

Aposentados trabalhadores, 2010

Fonte dos dados básicos: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

O cluster 3 englobou cerca de 41,0% dos aposentados trabalhadores, o cluster 4 aproximadamente 23,0% e o cluster 1, em torno de 21,0% (Gráfico 2). Os dados da Tabela 4 mostram que o cluster 3 era formado por homens (54,7% do total de homens do grupo), todos residentes na zona urbana e responsáveis pelo domicílio. Os membros desse grupo tinham idade média de 67,8 anos e ninguém recebia benefícios de outros programas sociais ou de transferência de renda e nem do Programa Social Bolsa Família ou Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI). As características dos integrantes desse cluster são semelhantes aos atributos do cluster 7, do grupo de Aposentados. Provavelmente, os membros do cluster 3 dos Aposentados trabalhadores, bem como do cluster 7 dos Aposentados, migraram para Minas Gerais porque se desvencilharam do local de trabalho, graças à aposentadoria e, supostamente, por necessidade de incrementarem a renda do domicílio, ainda trabalhavam. Pelas características dos integrantes, é possível inferir que a migração não foi motivada por trabalho e sim por outros fatores. O cluster 4 era o mais heterogêneo, composto por 25,2% do total de homens e 15,6% do total de mulheres. Foi o único aglomerado com membros de ambos os sexos e todos residindo na área rural. Provavelmente empregados em atividades agropecuárias, embora possam também residir na zona rural e trabalhar no setor urbano. Do total dos

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% 45,0%

Custer 1 Custer 2 Custer 3 Custer 4

20,7%

15,2%

41,3%

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aposentados trabalhadores que recebia benefício do Programa Social Bolsa-Família ou Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI), cerca de 1/3 pertenciam ao cluster 4, assim como 50,0% do total das pessoas que recebiam benefícios de outros programas sociais ou de transferência de renda. Aproximadamente 26,0% dos responsáveis pelo domicílio encontravam-se neste aglomerado, bem como 19,2% do total de cônjuges e 12,5% do total de outros membros do domicílio. O cluster 1, por sua vez, continha todos os indivíduos que não possuíam relação com o responsável pelo domicílio e 84,4% do total de mulheres do grupo aposentados trabalhadores. Em torno de 67,0% das pessoas que recebiam renda de Programa Social Bolsa-Família ou Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI) estavam neste cluster, assim como metade dos indivíduos beneficiários de outros programas sociais ou de transferência de renda (Tabela 4). Ambos os clusters (1 e 4) sugerem uma migração impulsionada pela procura de lugares mais baratos para se viver, com custo de vida baixo, haja vista o elevado percentual de idosos beneficiários de programas sociais.

Tabela 4. Percentual dos participantes, por cluster dos Aposentados

trabalhadores, por características selecionadas, 2010

Variáveis Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Idade em anos completos Idade média 68,3 70,0 67,8 67,8

Situação de domicílio Urbano 26,8% 19,7% 53,5% 0,0% Rural 0,0% 0,0% 0,0% 100,0%

Sexo Homens 0,0% 20,1% 54,7% 25,2%

Mulheres 84,4% 0,0% 0,0% 15,6%

Deficiência mental/intelectual permanente Sim 0,0% 100,0% 0,0% 0,0% Não 20,8% 14,8% 41,5% 23,0% Tinha rendimento mensal habitual de

Programa Social Bolsa-Família ou Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (Peti)

Sim 66,7% 0,0% 0,0% 33,3% Não 19,9% 15,5% 42,0% 22,7% Rendimento mensal habitual de outros

programas sociais ou de transferências

Sim 50,0% 0,0% 0,0% 50,0% Não 20,3% 15,4% 41,8% 22,5% Relação de convivência Responsável 16,5% 0,8% 57,1% 25,6% Cônjuge 15,4% 65,4% 0,0% 19,2% Individual em domicílio coletivo 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% Demais membros 45,8% 41,7% 0,0% 12,5% Fonte dos dados básicos: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

O terceiro grupo foi denominado de Trabalhadores. Seu total foi o mesmo do grupo anterior e ambos representaram, cada um, somente 8,0% dos idosos migrantes. Pelo fato de estarem economicamente ativos, os idosos dos dois grupos, teoricamente, não têm a liberdade de migrarem, tal e qual os

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aposentados, fato que pode explicar a pequena participação relativa no total de imigrantes idosos.

Foram gerados, automaticamente, sete clusters e o cluster 6 (35,4%) reuniu o maior número de pessoas com as características do grupo, em seguida veio o cluster 4, com 15,2% do total de indivíduos (Gráfico 3).

Gráfico 3. Percentual dos participantes dos clusters gerados para os

Trabalhadores, 2010

Fonte dos dados básicos: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

Em relação aos dois grupos supracitados, o grupo de trabalhadores possuía os idosos mais jovens, com as idades médias variando entre 61,5 e 67,4 anos. O conjunto de variáveis que cooperou para a boa qualidade dos clusters também foi diferente. Para o grupo de trabalhadores, as variáveis “situação de domicílio”, “deficiência mental/intelectual permanente”, “rendimento mensal habitual de Programa Social Bolsa-Família ou Programa de Erradicação do Trabalho Infantil (PETI)” e “rendimento mensal habitual de outros programas sociais ou de transferências” não entraram na análise, ao passo que “nascimento no município onde foi recenseado em 2010” e “contribuinte de instituto de previdência oficial em algum trabalho que tinha na semana de 25 a 31 de julho de 2010” foram relevantes para a formação dos clusters (Tabela 5).

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% 30,0% 35,0% 40,0% Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5 Cluster 6 Cluster 7 9,1% 7,6% 11,1% 15,2% 10,6% 35,4% 11,1%

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14 Tabela 5. Percentual dos participantes por cluster dos Trabalhadores, por

características selecionadas, 2010 Variáveis Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5 Cluster 6 Cluster 7 Idade em anos completos Idade média 67,4 65,3 61,5 63,7 62,6 62,3 63,4

Sexo Homens 3,3% 7,2% 7,8% 15,7% 5,9% 45,8% 14,4% Mulheres 28,9% 8,9% 22,2% 13,3% 26,7% 0,0% 0,0% Nascimento no município

onde foi recenseado em 2010

Sim 0,0% 0,0% 26,8% 73,2% 0,0% 0,0% 0,0% Não 11,5% 9,6% 7,0% 0,0% 13,4% 44,6% 14,0% Contribuinte de instituto de

previdência oficial em algum trabalho que tinha na semana de 25 a 31 de julho de 2010 Sim 0,0% 6,4% 46,8% 0,0% 0,0% 0,0% 46,8% Não 11,9% 7,9% 0,0% 19,9% 13,9% 46,4% 0,0% Relação de convivência Responsável 13,1% 0,0% 7,3% 12,4% 0,0% 51,1% 16,1% Cônjuge 0,0% 0,0% 26,2% 23,8% 50,0% 0,0% 0,0% Filhos e enteados 0,0% 0,0% 0,0% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% Demais membros 0,0% 83,3% 5,6% 11,1% 0,0% 0,0% 0,0% Fonte dos dados básicos: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

O cluster 6 era formado exclusivamente por homens (46,0% do total deles), todos responsáveis pelo domicílio e nenhum natural do município onde foram recenseados em 2010. A idade média dos componentes do aglomerado era de 62,3 anos e não eram contribuintes da previdência social no trabalho que exerciam, fato preocupante na medida em que se não contribuíam para a previdência, não teriam chance de se aposentar no futuro. O cluster 4 era formado por homens e mulheres e todos os seus integrantes eram filhos ou enteados do responsável pelo domicílio. A idade média desse aglomerado era de 63,7 anos e todos os seus partícipes eram naturais do município. Em consonância com o cluster de número 6, nenhum de seus integrantes contribuía para a previdência. Provavelmente entre os idosos Trabalhadores dos aglomerados 4 e 6 predominavam os por conta própria ou empregados sem carteira de trabalho. Composto por homens e mulheres, o cluster 3 era o mais jovem entre os aglomerados, com média de 61,5 anos. Nele estavam naturais e não naturais do município e todos os seus integrantes contribuíam para a previdência social. Responsáveis pelo domicílio, cônjuges dos responsáveis e demais membros faziam parte do cluster 3.

Por fim, o quarto e último grupo de idosos, constituído por pessoas que não trabalhavam e não estavam aposentadas, nomeado aqui por Nem aposentados e nem trabalhadores (4.370 pessoas). Caracteriza-se pelo segundo maior grupo e, assim como para o grupo de aposentados, foram gerados 10 clusters

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automaticamente. O Gráfico 4 apresenta a distribuição percentual desse grupo, por cluster e a Tabela 6 as características dos membros de cada aglomerado. Os maiores clusters foram o de número 4 (24,6%), de número 1 (19,8%) e de número 9 (17,1%).

Gráfico 4. Percentual dos participantes dos clusters gerados para os Nem

aposentados e nem trabalhadores, 2010

Fonte dos dados básicos: IBGE, Censo Demográfico de 2010.

O conjunto de variáveis que compôs os cluster dos Nem aposentados e Nem trabalhadores e contribuiu para sua alta qualidade foi diferente dos conjuntos dos outros grupos de idosos. A própria característica do grupo forneceu elementos para isso: ausência de vínculo empregatício e sem aposentadoria.

O cluster 4 era composto somente por mulheres (37,2% do total delas), com idade média de 62,8 anos, todas residentes na zona urbana e nenhuma delas natural do Estado. Todas as mulheres do cluster 4 procuraram emprego na semana de referência do Censo e nenhuma delas possuía deficiência mental/intelectual permanente. O cluster 1 também era formado por mulheres (29,9% do total delas), que moravam na área urbana e, diferentemente do aglomerado 4, todas eram naturais de Minas Gerais. Elas também não tinham deficiência mental/intelectual permanente e tomaram alguma providência para conseguir trabalho no período de 02 a 31 de julho de 2010.

0,0% 5,0% 10,0% 15,0% 20,0% 25,0% Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5 Cluster 6 Cluster 7 Cluster 8 Cluster 9 Cluster 10 19,8% 3,6% 3,4% 24,6% 7,2% 9,6% 3,4% 3,6% 17,1% 7,7%

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16 Tabela 6. Percentual dos participantes por cluster dos nem aposentados e nem trabalhadores, por características selecionadas, 2010

Variáveis Cluster 1 Cluster 2 Cluster 3 Cluster 4 Cluster 5 Cluster 6 Cluster 7 Cluster 8 Cluster 9 Cluster 10

Idade em anos completos Idade média 67,3 70,5 64,2 62,8 78,8 66,6 64,0 67,7 67,2 66,7

Situação de domicílio Urbano 23,8% 3,8% 4,1% 29,7% 8,7% 0,0% 0,0% 0,0% 20,6% 9,3% Rural 0,0% 2,8% 0,0% 0,0% 0,0% 56,3% 19,7% 21,1% 0,0% 0,0% Sexo Homens 0,0% 5,7% 7,1% 0,0% 0,0% 0,0% 3,5% 10,6% 50,4% 22,7% Mulheres 29,9% 2,6% 1,5% 37,2% 10,9% 14,6% 3,3% 0,0% 0,0% 0,0%

Nascimento no estado onde foi recenseado

Sim 58,6% 5,0% 3,6% 0,0% 0,0% 0,0% 10,0% 0,0% 0,0% 22,9%

Não 0,0% 2,9% 3,3% 37,1% 10,9% 14,5% 0,0% 5,5% 25,8% 0,0%

Deficiência mental/intelectual permanente

Sim 0,0% 100,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

Não 20,5% 0,0% 3,5% 25,5% 7,5% 10,0% 3,5% 3,8% 17,8% 8,0%

Se tomou alguma providência para conseguir trabalho no período de 02 a 31

de julho de 2010

Sim 20,5% 3,5% 0,0% 25,5% 7,5% 10,0% 3,5% 3,8% 17,8% 8,0%

Não 0,0% 6,7% 93,3% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0% 0,0%

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O terceiro maior cluster foi o de número 9 e era constituído somente por homens (50,4% do total deles), residentes na zona urbana e retornados de Minas Gerais. Todos os seus integrantes procuraram emprego na semana de referência do Censo e nenhum deles detinha algum tipo deficiência mental/intelectual.

Como apontado pela literatura, as variáveis sexo e idade contribuíram para a alta qualidade dos cluster dos quatro grupos de idosos, confirmando a relevância delas para a migração. Além disso, os dados relevam que em todos os grupos as mulheres eram mais velhas (idade média de 69,36 anos) do que os homens (idade média de 68,37 anos). Diferentemente dos estudos sobre envelhecimento e migração, o status marital dos imigrantes não foi relevante para a formação dos clusters, provavelmente por causa de possível correlação dele com a variável “relação de convivência com o responsável pelo domicílio”, presente nos grupos de Aposentados, Aposentados trabalhadores e Trabalhadores.

DISCUSSÃO

O objetivo deste artigo foi detectar clusters migratórios dos imigrantes idosos para Minas Gerais, a partir dos dados do Censo Demográfico de 2010, com foco nas características dos imigrantes.

A participação dos idosos na migração interestadual para Minas Geais aumentou 17,8%, se comparados os períodos de 1995/2000 e 2005/2010, passando de 5,6%, do total dos imigrantes, para 6,6%, respectivamente. São Paulo continuou como principal origem dos imigrantes do Estado. Cerca de 37,4% dos imigrantes idosos de data-fixa para Minas Gerais tinham entre 60 e 64 anos de idade e o volume de homens era superior ao de mulheres, entre as idades de 60 e 74 anos. Os idosos foram agrupados em quatro categorias para a geração dos clusters. Entre os idosos, os Aposentados foram a maioria, representado 66,3%, seguidos pelos indivíduos Nem aposentados e nem trabalhadores (17,6%) e pelos grupos de Aposentados trabalhadores e Trabalhadores, ambos com 8,0%. O grupo Aposentados, até mesmo pela magnitude dele, era o mais heterogêneo, com grande parte dos seus membros idosos em torno de 70 anos, que provavelmente imigraram para Minas Gerais em busca de qualidade de vida.

De fato, como apontado pela literatura, a aposentadoria é uma das principais motivações para a migração de idosos, uma vez que ela desvincula a residência

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dos indivíduos das localidades onde existe emprego (WARNERS, 1983). Conforme destaca (Wajnman, Oliveira e Oliveira, 2004), a extensão da aposentadoria urbana a um maior número de idosos e a ampliação de cobertura da aposentadoria rural, a partir de 1988, contribuíram para a generalização da aposentadoria e, consequentemente, para um maior número de idosos nesta situação.

Grande parte dos Aposentados trabalhadores também era homens, com idade média 67,8 anos, residentes na zona urbana e responsáveis pelo domicílio. Os membros desse grupo tinham idade média de 67,8 anos e, devido à semelhança com os atributos da maioria dos idosos da categoria Aposentados, infere-se que imigraram para Minas Gerais porque se aposentaram, ou seja, não possuíam mais vínculo com o local de trabalho, mas, por necessidade de incrementarem a renda do domicílio, permaneceram no mercado de trabalho. Provavelmente imigraram para o Estado motivados por outros fatores que não o trabalho. Os idosos da categoria Trabalhadores eram os mais jovens, entre o total de idosos imigrantes. Pela própria característica do grupo, as variáveis que compuseram o cluster e contribuíram para sua boa qualidade foram diferentes das variáveis dos dois aglomerados supracitados. O principal cluster dessa categoria era formado por homens, responsáveis pelo domicílio, não retornados e não contribuintes da previdência social. Provavelmente eram trabalhadores com baixa escolaridade, por conta própria ou empregados sem carteira de trabalho que, devido à necessidade de auferir renda trabalhavam em qualquer tipo de atividade. A migração desse grupo deve ter sido motivada pela procura de emprego e localidades mais baratas para se viver. Segundo Wajnman, Oliveira e Oliveira (2004), idosos entre 60 e 69 anos, analfabetos, ou com o primário incompleto possuem elevado nível de participação no mercado de trabalho, igualmente os idosos mais velhos, com alta escolaridade. No primeiro caso, isso se deve à necessidade do idoso de conseguir uma renda que atenda às suas necessidades, o que faz com que ele aceite qualquer tipo de atividade, ao passo que, no segundo caso, a escolaridade é fator fundamental para a manutenção da atividade econômica, uma vez que compensa o declínio das capacidades físicas e cognitivas ligadas ao trabalho.

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Assim como para o cluster dos Trabalhadores, o conjunto de variáveis que compôs os cluster dos Nem aposentados e Nem trabalhadores e contribuiu para sua alta qualidade foi diferente das variáveis dos Aposentados e Aposentados Trabalhadores. A ausência de vínculo com trabalho, no local de origem, os deixou livres para residir onde desejassem ou onde pudessem conseguir trabalho. Tal afirmação é confirmada pela caraterística dos membros desse cluster: a maioria mulheres, até 70 anos de idade, residentes na área urbana, sem deficiência mental/intelectual permanente e que tomaram alguma providência para conseguir trabalho na semana de referência do Censo. A migração de grande parte desse grupo deve ter sido motivada pela necessidade de co-residência com parentes com situação financeira mais favorável, ou seja, migração por necessidade.

Em resumo, verificou-se que os imigrantes idosos para Minas Gerais são muito heterogêneos, até mesmo dentro das próprias categorias criadas neste trabalho, e que a aposentadoria, conforme apontado pela literatura especializada, também é um fator importante para a compreensão desses fluxos para o Estado. As motivações para o movimento, bem como o significado do projeto migratório variam conforme as características individuais dos idosos que, em muitos casos, se deslocaram para Minas Gerais como uma estratégia necessária de vida. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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