Engenharia
de Produção
Ê' 4 . '›r' *- ^'_ v ~ U.l.'\\¿ "~‹:?'7/¿Ç
ESTUDO
DOS
PRINCIPAIS
FATORES
DE
ANOMIA
SOCIAL
EM
CRIANÇAS
E
ADOLESCENTES DA
CIDADE
DE
VARGINHA
-MG
vÃN|A
MAR|A
T|BúRcio
sAi_GAoo
MmD|ER|
Dissertação apresentada
ao
Programa
de Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção da
Universidade Federalde Santa
Catarina
como
requisito parcial paraobtenção
do
títulode
Mestreem
Engenharia
de
Produção. V
Florianópolis
VÂNIA
MARIA
TIBÚRCIO
SALGADO
MITIDIERI
ESTUDO
DOS
PRINCIPAIS
FATORES
DE
ANOMIA
SOCIAL
EM
CRIANÇAS
E
ADOLESCENTES
DA
CIDADE
DE
VARGINHA
-MG
Esta Dissertação
foijulgada
adequada
e aprovada
para a
obtenção
'
h
'de Produção
com
área
de
do
titulode Mestre
em
Engen
ana
concentração
em
Mídia
e
Conhecimento no Programa de
Pos-
Graduação
em
Engenharia
de
Produção
da
Universidade Federal
de
Santa
Catarina.
Florianópolis,
04
de
junho
de
9 -1?Y
Prof.
Ricardo
da
arcia,Ph.D.
Coord
ador
› -Curso
BANCA
EXAMINADORA
./
"""//›'
'/;'If'7n-¬f!,'4--Ê/¿
9
,S,
G
',':¡l(4'=1¡ Ê'71"
' 'Profa. Edis a a Lapolli,Dr'='.
Ptrfilí
Maria Bencciveni Franzoni, Dra.Orientadora
-YÀ
.[_
A
I _ I A ¡ AProf-
~isco
A. o, Dr. Prof.José
L , Mestre37%
EQ
:-Aos
meus
pais,Paulo
e
Grace,
pela
sólida
formação
moral, pelo
exemplo de
família
e
pelas
orientações
sempre
oportunas.
Ao meu
marido
Sebastião
David
Mitidieri
emeu
filhoLuis Otávio,
pelas
horas
incontáveis
de separação
imposta,
para a
elaboração deste
trabalho.A
todas
as
crianças
e
adolescentes,
com
os
quais
convivicuja
lembrança
me
impede de
fraquejar,diante
das
dificuldades
Agradecimentos
À
Deus,
pelo
dom
supremo
da
vida
perfeita.À
Faculdade
de
Direitode
Varginha e
sua
Mantenedora,
pelo apoio.
À
professora
Édis
Mafra
Lapolli,pela
disponibilidade
e
orientações
preciosas.
Ao
Conselho
Tutelar
dos
Direitosda
Criança
e
do
Adolescente
de
Varginha.
Àminha
tiaGláucia
Regina
Teixeira
Tibúrcio,que
tão
pacientemente
me
ajudou
na
revisão
deste
trabalho
A
todos
os
que
diretaou
indiretamente
Quando, seu moço, nasceu
meu
rebentoNão
era omomento
dele rebentarJá foi
nascendo
com
carade
fome
E eu não
tinhanem
nome
para lhe dar.Como
fui levandonem
sei explicarFui
assim
levando e ele ame
levarE
elena sua
meninice eleum
diame
disseQue
chegava
lá.Olha
aí, olha aí, olha aí, aímeu
guri,E
ele chega,chega suado
e velozdo
batente
E
trazsempre
um
presente, práme
encabular.Tanta
correntede
ouro,seu moço,
Que
hajapescoço
prá enfiar.Me
trouxeuma
bolsa jácom
tudo dentro,Chave, caderneta, terço
e
patuá,Um
lenço euma
penca de
documentos
Prá
eu
finalmenteme
identificar.Olha
aí, olha aí, olha aí,é
omeu
guri.E
ele chega,chega no morro
com
o carregamento:pulseira, cimento, relógio, pneu, gravador.
Rezo
até elechegar
cáno
altoEssa
onda
de
assaltos estáum
horror!Eu
consolo ele e eleme
consola,Boto ele
no
colo prá eleme
ninar.De
repente, olho pro ladoE
odanado
já foi trabalhar.Olha
aí, olha aí, ai omeu
guri.E
ele chega,chega
estampado,
Manchete, retrato
com
venda
nos
olhos,Legenda
e iniciais.Eu
não entendo essa
gente,seu
moço
Fazendo
alvoroço demais.O
gurino
mato,acho
que
tá rindo,Acho que
está lindode
papo
pro ar.Desde
ocomeço
eu
não
disse,seu
moço?
Ele disse
que
chegava
lá.Olha
aí, olha aí, olha aí, aí omeu
guri,Olha
aí, olha aí, olha aí, é omeu
guri. ”Sumário
Dedicatória ... ..lii
Agradecimentos
... _ _ lvEpígrafe ... ._
V
Sumário
... ._ ViLista
de
Gráficos ... ..Vii|Resumo
... ._X
Abstract ... ..Xi 1INTRODUÇÃO
... ._ O1 1.1Origem do
trabalho ... ..01 1.2 Objetivosdo
Trabalho ... ._O3
1.2.1 Objetivo Geral ... ._O3
1.2.2 Objetivos Específicos ... ._O3
1.3 Justificativa
e
importânciado
trabalho ... ._04
1.4 Estrutura
do
trabalho ... ..O62
FUNDAMENTAÇÃO
TEÓRICA
... ..O72.1
Considerações
iniciais ... ..O72.2
Os
valores morais e sociais ... ._O8
2.2.1 Sociedade, valor e direito ... ._ 10 2.2.2 Padrões,
modelos
enormas
... ._ 11 2.2.3O
costume
... ..122.2.4
As
instituições sociais ... ._ 132.2.4.1
A
família ... ..132.2.4.2
A
instituição educacional ... ._ 152.3
O
desenvolvimento afetivoe
o julgamentomoral-
A
Teoriade Jean
Piaget ... ..16
2.3.1
O
desenvolvimento moralna
criança ... ._ 182.4
A
anomia
social-
A
Teoriade Durkheim
... _. 192.5
A
anomia
social-A
perspectivade Merton
... _. 212.6
A
criança e o adolescente ... ._23
2.6.1
A
criança e o adolescentena
cidadede
Varginha ... ._23
2.6.2O
Estatutoda
Criança edo
Adolescente ... ..232.6.3
A
criança,o
adolescentee o
ato infracional ... ._25
2.6.4O
Conselho
Tutelardos
Direitosda
Criança edo
Adolescente ... ._27
2.6.4.1
O
Conselho
Tutelarna
cidadede
Varginha ... ..283
DESENVOLVIMENTO
E
APLICAÇÃO
DO
MODELO
PROPOSTO
... ._32
3.1
Considerações
iniciais ... _ .323.2
Amostra
... _ _32
3.3 instrumento ... ._
33
3.4
Modelo
desenvolvido ... ._33
3.5
Procedimentos
... ..344
APRESENTAÇÃO
E
DISCUSSÃO
DOS
RESULTADOS
... ..35
4.1
Considerações
iniciais ... ..354.2 Resultados e discussões ... _.
35
4.2.1
Resumo
das
variáveis descritasno
questionário ... ..35
3
cONcLusõES
E
RECOMENDAÇÕES
PARA
FUTUROS
TRABALHOS
.55
5.1
Conclusões
... ..55
5.2
Recomendações
para futuros trabalhos ... ..6O4
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..62Lista
de
Gráficos
Gráfico I
- Sexo
... __36
Gráfico 2-
Idade ... __36
Gráfico3-
Estado
civildos
pais ... ..37
Gráfico4-
Número
de
filhos ... __37
Gráfico5-
Escolaridadeda
mãe
... ._38
Gráfico6-
Escolaridadedo
pai ... _.38
Gráfico 7-
Moradia
... _.39
Gráfico8-
Com
quem
moram
... _.39
Gráfico 9- Renda
familiar ... _.40
Gráfico 10-
Educação
recebida ... ._40
Gráfico 11-
Prisãona
família ... _. 41 Gráfico 12-
Assunto
predileto ... __ 41 Gráfico 13-
Práticade
esportes ... __42
Gráfico
14-
Uso
de
drogas ... __42
Gráfico 15
-
A
práticade sexo
... _.43
Gráfico
16-
O
crime mais grave ... _.44
Gráfico
17-
A
violência ... ._44
Gráfico 18-
Furto ... ._45
Gráfico 19-
Agressividade ... ._45
Gráfico20
- Roubo
... _.46
Gráfico21-
Honestidade
... _.46
Gráfico22
-
Esperteza ... __47
Gráfico23
-
Mentira ... _.47
Gráfico24
-
Poder
... ._48
Gráfico25
-
Autoridade ... ._48
Gráfico26
-
Liderança ... __49
Gráfico27
-
Segurança
... ._49
Gráfico28
-
Ambição
... ._50
Gráfico29
-
Etica ... __50
Gráfico30
-
Obediência ... _. 51 Gráfico 31-
Solidão ... _. 51 Gráfico32
-
Autoridade paterna ______________________________________________________________________ ._52
Gráfico33
-
Cumplicidade ... __52
Gráfico34
-
Revide
________________________________________________________________________________________ _.53
Gráfico35
-
Insegurança ... __53
Gráfico36
-
Justiça _________________________________________________________________________________________ ..54
Tabela
1:Atendimentos
do Conselho
Tutelar/Ano
2000
Tabela
2:Tipos
de
atendimento
... ..Tabela
3:Tipos
de
encaminhamentos
e
resoluções
... _.Resumo
MlTlDlERl,
Vânia
Maria Tibúrcio Salgado.Estudo
dos
principais fatoresde
anomia
socialem
crianças
eadolescentes
da
cidade
de
Varginha
- MG.
Florianópolis, 2000.
89
f. Dissertação (Mestradoem
Engenharia de Produção)
-
Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção,UFSC,2000.
Em
qualquer sociedadedo mundo,
pormais
eficienteque sejam
assuas
normas
de conduta
ebem
estruturadas e aparelhadas assuas
instituiçõesjurídicas, encontra-se o
comportamento
anõmico. Este trabalho pretendedescrever e analisar os principais fatores
de anomia
so_c_i_a_lem
crianças eadolescentes
da
cidadede
Varginha- MG,
atravésde
levantamentode
dados
em
Órgãos
específicosde
atendimentoao
menor,baseando-se
em
legislaçãoespecial e principalmente, através
de
pesquisacom
crianças e adolescentes, verificando os indicativosde
iminentecomportamento
anõmico.O
trabalho constata que,apesar da
situação econômico-financeirada
família varginhenseestar
mais
equilibrada, a autoridade familiar disciplinadora e transmissorade
valores sociais, encontra-se ausente. Verifica-se
também,
que
a tolerânciaquanto
àsações anõmicas
e atépequenos
atos infracionais,tem
aumentado
no meio
infanto-juvenil, a pontode
se tornar normalidade.As
relaçõesfamiliares
mudaram.
A
criaçaodos
filhos deixoude
ser a únicapreocupação
do
aisue
sdedicam
ais à id rofssi n I àÓ
ri re Iiza "om
pefopqualqpercfia-se o refgrencial autorigaãeefaníililiáf, Êundaameçiëal
aprendizado
das
normas
de
convivência social.A
escola porsua
vez, vê-se'O
äe
2.
OO
impotente
ao
se depararcom
oscomportamentos anômicos
que
vão
sedifundindo. Muitos, destes
comportamentos
anömicos,encontram
apoio edisseminam-se no grupo de
amigos.Palavras
-Chave:
Anomia
social,comportamento
anômico,menor
infrator,ABSTRACT
MlTlDlERl,
Vânia
Maria Tibúrcio Salgado.Estudo
dos
principais fatoresde
anomia
socialem
crianças
eadolescentes
da
cidade
de
Varginha
-
MG.
Florianópolis, 2000.
89
f. Dissertação (Mestradoem
Engenharia de
Produção)-
Programa
de
Pós-Graduação
em
Engenharia
de
Produção,UFSC,2000.
ln
any
society of the world, formore
efficient than are theirnorms
ofconduct
and
well structured its juridical institutions,we
found theanomie
behavior. This search intends to describe
and
analyse, themain
factors of socialanomie
in the childrenand
adolescents in Varginha- MG,
throught risingof data in specific
departaments
ofatendance
to the smallest, basingon
specialIegislation
and
mainly, through research with childrenand
adolescents, to verifythe indicative of imminent
anomies
behavior.The
search verifies that, in splte ofthe economic-financial situation of the families from Varginha
had
improved, thedisciplinariam affective entails
and
transmitters of social values loosened. lt isalso verified that the tolerance with relation-ship to the
anomies
actionsand
small infradig acts, they
have
been
increasing in the infanto-juvenileenvironment, to the point of to
become
normality.The
family relationshipschanged.
The
chiIdren's education stopped being the parent's only concern,that they are
devoted
more
professional lifeand
theown
use, reason forwhich
gets lost the referencial of family authority, fundamental to the learning of the
norms
of social coexistence.The
school, for its time,seems
impotentwhen
coming
across with theanomies
behaviors that are apreadingwhen
findingsupport in the friends group.
1.1
Origem do
trabalhoO
serhumano
pode
ser definidocomo
um
ser extraordinário. Extraordinárioporque
não
existe outro iguala
ele, é único.O
serhumano
não
se
apresentade
forma
pronta,porém
se faz continuamente.Devido
a estas características, eleé
um
serque
necessita ser educado.Na
educação
do
serhumano
tem-seque
levarem
contaduas
caracteristicas fundamentais: a singularidade e
a
pluralidade.A
singularidademostra
que
ele éum
indivíduo e a pluralidadeque
éum
ser social. Portanto, aeducação
do
serhumano
necessita superara
tensãodo
individual frenteao
coletivo.
O
indivíduo para viverem
sociedade não
desfrutade
plena liberdade.As
limitações impostas a
cada
um
estão para atenderao
bem
estardo
grupo.Dessa
forma,cada
entedo
corpo social, entrega partede sua
liberdade,pretendendo
que
a coletividade coexistaharmoniosamente.
Para
tal, oshomens
criamdeterminadas
regrasque
devem
ser respeitadaspor todos.
Porém,
algunsmembros
não
cedem
àvontade
do
grupo
e
agem
em
desconformidade
com
as
normas
por ele definidas.São
aqueles caracterizadosEm
qualquersociedade
do
mundo,
pormais
eficientesque
sejam
assuas
normas
de conduta
ebem
estruturadas e aparelhadas assuas
instituiçõesjurídicas,
encontramos
ocomportamento
anômico.O
conceitode
anomia
tem
aambição de
traduzir,de
maneira
precisa,a
noção
vaga
de
desregramento
social, porém,seu conteúdo
varia bastantede
um
autor para outro(Boudon e
Bourricaud, 1993).A
palavraanomia
tem
origemgrega
e é asoma
do
g
- prefixode
negação,que
significa ausência, falta, privação, inexistência; enomos
-que
significa leiou
norma de
conduta. Etimologicamente, portanto,anomia
significa faltade
leiou
ausênciade
norma
de
conduta. Foicom
esse
entendimentoque
Durkheim
(1999)
usou a
palavra,em
seu
famoso
estudo sobre a divisãodo
trabalhosocial,
num
esforçode
explicar certosfenômenos que
ocorrem
em
sociedade
(Cavalieri Filho, 1995).
As
crianças eos
adolescentessão pessoas
em
formação, cuja estruturafísica e psíquica,
bem
como
a personalidade,não
atingiramsua
plenitude,apresentando, muitas vezes,
comportamento
anômico,chegando
atémesmo
adelinqüir.
O
presente trabalho pretende estudaros
principais fatoresde
anomia
em
crianças
e
adolescentesna
cidadede Varginha
- MG,
oferecendo subsídiospara a tarefa
de
redirecionar e reeducaro
anômico,bem
como
as formas
de se
evitar este tipo
de comportamento.
Para
tantopode
ser estabelecidocomo
problema
de
pesquisa:“Quais
são
os principais fatoresde
anomia
socialem
criançase
1.2 Objetivos
do
trabalhoAnte
a crescenteonda de
violênciaque
se presencianos
dias atuais, misterse
faz observarseus
fatores e tratarde
buscar soluçõesque
realmenteataquem
suas
raízes.Sabe-se
que
toda a situação socialnasce
ordinariamenteno
individual, eassim, conclui-se
que
a violênciaque
assola omundo, nasce
dentrode
cada
indivíduo.
Frente a estas considerações, é importante analisar os matizes desta
situação
de
crise individual e social, oque
será feito partindodos
desajustamentos
nascidosna
infância ena
juventude.1.2.1 Objetivo geral
A
presente propostade
trabalhotem
como
objetivo geral descrevere
analisar os principais fatores
de anomia
socialem
criançase
adolescentesda
cidade
de
Varginha- MG.
1.2.2
Objetivos
específicosEm
termos
de
objetivos específicos pretende:- identificar o perfil
do
menor
anômico da
cidadede
Varginha-
MG;
determinar a origem, a natureza e as característicasdo
-
conhecer
e analisaros Órgãos
específicosde
atendimentoao
menor
na
cidadede
Varginha;- levantar junto
aos órgãos competentes
informaçõese
documentos
sobre onúmero
de
menores
anômicos
e ospossíveis fatores;
- analisar legislação, jurisprudência
e
doutrina especificas;- identificar, por
amostragem, os
principais sintomasde
anomia
em
crianças e adolescentes varginhenses;- apresentar estratégias possíveis para minimizar este sério
problema
social.1.3 Justificativa
e Importância
do
trabalhoEm
todo o país,aumenta,
assustadoramente, a participaçãode
menores
de
18
anos na
criminalidade. Ocorrências policiaisenvolvendo
menores
vêm
sendo
cada vez mais
freqüentes.A
cidadede
Varginha possuiaproximadamente 120
mil habitantes.É
uma
cidade
de médio
porte,que
também
já apresentaproblemas
de
comportamento
anômico
infantil e juvenil,com
causas
diversas.Muitas
vezes
encontra-senas
escolas,de
todosos
níveis sócio-econômicos,
crianças e adolescentesque apresentam
desviosde
conduta.Observa-se também,
que
as crianças e os adolescentesrepresentam a
parcela
mais
expostaàs
violaçõesde
direitos pela família, peloEstado
e
pelasuas
leiscomplementares.
Os
maus-tratos, oabuso
e
a exploração sexual, aexploração
do
trabalho infantil, asadoções
irregulares, o tráfico internacional eos
desaparecimentos, a fome, o extermínio, a tortura e as prisões arbitrárias,infelizmente ainda
compõem
o cenário poronde
desfilamnossas
criançase
adolescentes.
Contrapondo-se
a este quadro, parcelascada vez mais
significativasda
sociedade, mobilizam-se para enfrentá-lo, coibi-lo e modificá-lo.
As
criançase
adolescentesem
conflitocom
asnormas
sociais e jurídicasnão
encontram
eco
para a defesados seus
direitos pois, porestarem
em
desvio
ou
pela condiçãode
terem praticadoum
ato infracional,são
desqualificados
enquanto
crianças e adolescentes.A
segurança
é entendidacomo
a fórmulamágica de
proteger a sociedadeda
violência produzida por desajustados sociais,que
precisam ser afastadosdo
convívio social, recuperados e reintegrados.
É
difícil, para osenso
comum,
juntar a idéia
de
segurança
e cidadania.Reconhecer
no
agressor,um
cidadão,parece
serum
exercício difícil; admitirque
o desajustadoé
uma
criança a serajudada, é
quase
impossível.Neste
contextode
indefiniçöescrescem
os preconceitos e alastram-seexplicações simplistas, ficando a sociedade exposta a
um
amontoado
de
informações
desencontradas
e desconexas.Com
a perspectivade
dotar a sociedadede
subsídios concretos,que
permitam conhecer
as raízes destes problemas, apresenta-se este trabalho,que
busca conhecer os
principais fatoresdo comportamento
anômico
em
realista e contribuindo para
que
se aItere,_na essência, a situaçãode
indignidade vivida pelas crianças e adolescentes anômicos,uma
vez
que
aprópria sociedade
sequer os reconhece
como
sujeitosdos mais
elementaresdireitos.
1.4 Estrutura
do
trabalhoO
trabalho será estruturadoem
seis capítulos:O
capítulo 1 apresenta a introduçãoao
trabalho,descrevendo sua
origem,seus
objetivos esua
importância.No
capítulo2 tem-se
afundamentação
teórica necessária para oentendimento
e desenvolvimento deste trabalho.O
desenvolvimentoe
aplicaçãodo modelo
proposto,são apresentados no
capítulo 3.
No
capítulo seguinte,o
de
número
4, édedicado
àapresentação
ediscussão
dos
resultados, e ainda,são
analisados alguns fatoresde anomia
social.
O
capítulo 5 apresenta as conclusõesdo
trabalho desenvolvido,bem
como
recomendações
para futuros trabalhos.2.1
Considerações
IniciaisOs modos
sociaisdos
indivíduossão
culturais, portantonão
lhepodem
serproporcionados pela
herança
biológica e sim pela tradição social.A
esse processo
que
consisteem
adaptaro
indivíduoao seu
grupo,denominou-se
socialização.A
socialização implica antecipadamente,uma
determinada
estruturaque
deve
ser passada,em
uma
ação
constanteao
indivíduo,devendo
haverparticipação, generalização, aceitação por parte
da
sociedade,de
toda a idéia,teoria, valor
ou
qualquerelemento
cultural pertencente à esta estrutura.É
oprocesso
pelo qual desenvolve-se a personalidade, internalizando a culturado
grupo
(Santos, 1994).Para
que
cada
um
de nós
secomporte
dentrodos cânones
estabelecidospela convivência
é
que, acada
passo,do
berçoao
túmulo, asociedade
estános
socializando.O
indivíduo está se socializandoquando
participada
vidaem
sociedade,aprende suas
normas,seus
valorese
costumes.Quanto
mais
adequada
asua
socialização,
mais
sociável elepoderá
se tornar (Oliveira, 2000) .Da
admoestação
materna
às penitenciárias,do
castigo escolaraos
tribunais,
da
penitència religiosaao
escárnio popular, asociedade
nos
cercade
Não
obstanteesse
tenaz esforço socializadorda
sociedade,nem
todosos
indivíduos se socializam inteira
ou
suficientemente,como também
o
composto
originado
da
combinação
das
diversas naturezas biopsíquicasdos
indivíduoscom
o
ingrediente socialque
a socialização lhes ajunta à personalidade é algovário, e a sociedade
há de
estar prevenida,quando
o comportamento
anti-social ocorrer
em
seu
seio.2.2
Os
Valores
morais
e sociaisToda
culturae
cada
sociedade instituiuma
moral, isto é, valoresconcernentes
ao
bem
eao
mal,ao
permitido eao
proibido, e àconduta
correta,válidos para todos
os seus
membros.
Culturas e sociedades fortementeshierarquizadas, e
com
diferençasde
castasou
de
classes muito profundas,podem
atémesmo
possuir várias morais,cada
uma
delas referidaaos seus
valores (Chauí, 1995).
Valorar é
uma
experiênciafundamentalmente
humana
que
se encontrano
centro
de
toda escolhade
vida. Atribuirum
valora alguma
coisa énão
ficarindiferente a ela.
Os
valores resultamdas
experiências vividas pelohomem
ao
se relacionarcom
o
mundo
ecom
outroshomens,
significandoque
os
valoresvariam
conforme os espaços
históricos e geográficos (Aranha
e Martins,1995).
Segundo
Chauí
(1995, p. 347),“A
vontade
objetiva, impessoal, coletiva, social, pública, cria asmeio de
mores, isto é,dos costumes
edos
valoresde
uma
sociedade,numa
época
determinada.A
moralidade éuma
totalidadeformada
pelasinstituições (família, religião, artes, técnicas, ciências, relações
de
trabalho, organização política, etc.)
que
obedecem,
todasaos
mesmos
valores eaos
mesmos
costumes,educando
os indivíduos parainteriorizarem a
vontade
objetivade sua
sociedadee
de sua
cultura.”A
referênciaaos
valores é constante entre os sociólogos clássicos.Para
Durkheim
eWeber
(apudBoudon
e Bourricaud, 1993),a
unidadesocial é
assegurada
pelos valores introjetadosnos
indivíduose
finalmente partilhadose
assimilados por eles.Segundo
Mannheim
(1972), existem alguns fatoresque
perturbamo
processo
de
valoração,na
sociedademoderna.
O
primeiroprovém
do
simplesfato
do
crescimento rápido e descontroladoda
sociedade,passando
o individuode
uma
etapaem
que
os contatos restritosaos
chamados
grupos
primários(família, vizinhança), para os grupos
de
contato socialmais
amplo.Segundo
o ensinamento
de
Scheler (1944), os valoressão
absolutos,são
maneiras
de
sentirque
não
dependem
da
sensibilidade eda
vida,e
podem
serclassificados
numa
escala crescentede
perfeição: úteis (utilidade), vitais(nobreza, saúde, força); espirituais (conhecimento, arte, direito); religiosos (sagrado).
De
acordo
com
Souza
(1980, p. 11), “nossamente
é
povoada
de
valoresque não
são
arbitrariamente subjetivos, porque, se o fossem,cada
um
teria osseus
próprios e, entretanto,há
valorescomuns
a todos oshomens”.
O
homem
assume
atitudes diferentes, diantedos
valores: atitude avalorativa,quando
asensibilidade
aos
valores; supravaiorativa,quando
a posição éde
transcendência,
de superação dos
valores; e a última atitude, referencial,quando
a atitudeé
motivada pelos valores.2.2.1
Sociedade, Valor
e DireitoPara
Souza
(1980), o valoré
inerente a qualquer norma.A
regra jurídicadirige-se a
determinados
fins e sótem
sentidoquando
estessão
considerados.Os
fins almejados pelo direitosão
diversos:a
ordem,a
harmonia, apaz
social,a justiça.
A
elescorrespondem
outros tantos valores jurídicos.As normas
jurídicas se
pautam
por eles,meios
que
são, para realizá-los.O
direito julgacomportamento.
E
nenhum
julgamento pode, logicamente,existir
sem
a idéiade
um
valor.O
direito,ao
fazersua
apreciaçãoda
conduta,discrimina
o
lícitodo
ilícito, por este motivo importa-lhe a estimaçãode
valores(Souza, 1980).
Piaget (apud Souza, 1980),
do
pontode
vista psicogenético,preocupou-se
em
demonstrar
a heteronomia, tantoda
norma
moral,como
da
norma
jurídica,uma
vez
que
ambas,
em
suas
origens,pressupõem
a autoridade,passando a
primeira, gradualmente,
da
heteronomia para aautonomia
relativa,alcançando
uma
interiorização espiritualizadae
autônoma
deste conjuntoque
seráincessantemente trabalhado, até alcançar a autonomia.
Na
origemde
ambas
as normas, encontra-seuma
autoridade:na
moral,a
autoridade
dos
paisou do
educador;enquanto no
direito, ados mais
antigos.Porém,
segundo
Gusmão
(1997, p. 67), “O
dever moralnão
é exigível porninguém, reduzindo-se a dever
de
consciência;enquanto
o dever jurídicodeve
ser
observado sob
pena de
sofrero
devedor, os efeitosda sanção
organizada”.Segundo
omesmo
autor ,“o direito
é
carregadode
sentido,de
significação, cristalizadosnos
costumes,
nas
leis enas
sentenças.A
norma
dá
sentido acondutas
(lícitas
ou
ilícitas)e
ela própriaé
carregadade
sentido,que deve
sero
objeto
da
interpretação, seja o sentidodado
por valores, sejao da
vontade do
legisladorou
odo
correspondente às reaisnecessidades
sociais
ou
ainda àvontade
históricada sociedade
civil”(Gusmão,
1997,p.31).
~
2.2.2
Padroes,
modelos
enormas
A
históriado
homem
poderia sintetizar-seno
esforço contínuo pelabusca de
padrões
que, estigmatizadosem
modelos,possam
emergirem
norma, poisdesde
os agrupamentos mais
primitivos até oEstado-Nação contemporâneo,
observamos
apreocupação
em
evitar ocaos
e estabeleceruma
forma
de
ordem
em
que
sepossa
viver (Castro, 1985).Segundo
o
mesmo
autor, ohomem
busca
uma
forma
de
estruturanormativa.
As normas
estabelecem-se
em
funçãode
uma
estrutura vigenteou
do
processode
estruturaçãoou
reestruturaçãodo
grupo social.O
modelo
define ocomportamento
idealem
dada
configuração.Os
padrões
estabelecidos
conforme
omodelo
orientam ocomportamento
em
direçãoao
orientado
de
acordo
com
ospadrões
esancionado
quando
desviado
(Castro,1985).
De
acordo
com
Gusmão
(1997, p. 30),“a
sociedade
pode
ser reduzida aum
complexo de
normas,podendo
porisso ser considerada
como
ordem
social estabelecida pornormas
sociais.
Esse
tipode
organização é necessárioem
virtudeda
liberdadeque
caracterizao
homem,
que pode
inobservaros padrões
de
conduta
estabelecidos pelas normas. Eis
a
razão porque
as
normas
sociaissão
acompanhadas
de
sanções, destinando-sea
exercero
controle social.”2.2.3
O
costume
Para
Cavalieri Filho (1996),costume é
a repetição constantee
uniformede
determinados
atos, indicandoum
comportamento
idênticodos
membros
de
uma
comunidade, e a
coletividade sócomeça
a
terum
comportamento
constante
e
uniformequando
estáconvencida
de que
esse
comportamento
éadequado
às
suas necessidades
jurídicas.O
costume
é
uma
necessidade
social.
O
costume
pode
ser definidocomo
a regrade
conduta
usualmente
respeitada
em um
meio
social, por serconsiderada
juridicamente obrigatóriaou
juridicamente necessária
(Gusmão,
1997).O
costume tem
,segundo
Gusmão
(1997),vantagens
edesvantagens.
Corresponde melhor
à realidade sociale
ao
sentimentode
justiçada
coletividade. Modifica-se
com
amudança
do
contexto social,atendendo-o mais
transformações sociais
do que
a
lei.Porém, não estando
contidoem um
texto,é
de
conhecimento
dificil,dependendo de
prova .O
costume
manifesta-sena
sociedadede
duas
maneiras: àmedida que
vão
caindo
em
desuso
asnormas
ineficazes, asociedade
vai elaborando outrasnormas de
comportamento
destinadas a substitui-las, e,havendo
uma
lacunano ordenamento
jurídico,um
fato aindanão devidamente
disciplinado,a
sociedade
criauma
regra, criando assim, o direito (Cavalieri Filho, 1996).2.2.4
As
instituiçoes sociaisinstituição social
são
modos
de
pensar, sentir e agir.São
idéias,padrões
de
conduta relacionadoscom
a satisfaçãode
necessidades
fundamentaisdo
grupo. instituição
é forma de
cultura persistente, cujas origens seencontram
no costume
ena
tradiçãoou
em
planosde
propósito determinado. (Santos,1995).
Segundo
Charon
(1999), instituiçõessão
tiposde padrões
de
ação
em
sociedade. Elas
são padrões
desenvolvidos para assegurar a continuidadeda
sociedade.
Para
Oliveira (2000,p.161),“desde o nascimento,
o
serhumano
começa
aaprender as
regrase
procedimentos
que
deverá
seguirna
vidaem
sociedade.À
medida que
cresce, a
pessoa percebe
que,em
todos osgrupos
de que
participa,existem regras importantes,
padrões
que
asociedade
considerafundamentais.
Essas
regras estabelecidas pelos antepassados,receberam
modificações atravésdo
tempo.Ao
conjuntode
regrase
pela
sociedade
eque
têm grande
valor social dá-se onome
de
instituições sociais" ,Entre as principais instituições sociais tem-se a instituição familial e a
instituição educativa.
2.2.4.1
A
famíliaA
famíliaé
responsável pela transmissãodos
valores epadrões
culturaisda
sociedadeuma
vez
que, possui a função educacional,podendo-se
dizerque
a família é a primeira agênciade
socializaçãodo
indivíduo (Oliveira,2000).
De
acordo
com
Lakatos (1987, p. 185),“a família,
em
geral, é considerada ofundamento
básico e universaldas
sociedades, por se encontraremem
todosos
agrupamentos
humanos
_ Se, originariamente, a família foium
fenômeno
biológicode
conservação e
produção, transformou-seem
fenômeno
social."Entre as funções básicas e fundamentais
da
família está a funçãoeducacional.
Como
agente
educador, a família possui a função específicade
ser socializadora,
na medida
em
que
transmite aherança
cultural e social,durante os primeiros
anos de
vida: linguagem, usos, costumes, valores,crenças,
em um
processo
de
endoculturaçáo,preparando
a criança parao
seu
ingressona
sociedade. (Lakatos, 1987)Para
Gomide
(1990), a família enfraqueceuenormemente
em
nossa
Segundo
Zagury
(1999), as crianças e os jovens estãosendo
malorientados.
Os
paisnão estabelecem
limites para os filhos,que
crescem
superprotegidos.Sem
haver aprendidoque
existem limites, os adolescentesse
sentem
livres para fazer oque
bem
entender.O
engano
mais
freqüentedos
pais é acreditarque
amelhor
formade
fazero
filho feliz é deixa-lo agircomo
bem
entender.Os
pais estãocom
dificuldades paracompreender que
autoridade é fundamental e
os
filhos precisamde alguém
que
os
oriente até afase adulta,
com
padrões
de comportamento
que
sirvamde
referência.Sobre
a família disciplinadora e transmissorade
valores, Pelt (1996, p. 14)afirma que,
“Os
tempos mudaram,
mas
não
as relaçõeshumanas
que
constituemas raízes
da formação
do
caráter.Os
filhos ainda precisamdos
pais,porque as
relações afetivasque
mantêm
com
elesdesde
onascimento
permitem
que
adquiram padrões
que
os tornarão seres normais.As
crianças precisam
de
direção, disciplina, apoioe
ânimo
para crescere
amadurecer
como
adultoautônomo.
No
entanto muitos paiseducam
seus
filhosaos
tropeções, deixando-osabandonados
aos
própriosrecursos.”
2.2.4.2
A
instituição educacionalCarvalho (1979) diz
que
educar
é,necessariamente
ajustar oseducandos
aos padrões
culturais.Conhecer
ospadrões
e valores vigentesno
gruposocial
que
se pretende trabalharcomo
educador é de
fundamentalimportância,
porque
é
a partir delesque
sepode
educar
para omeio
onde
se vive.Considerando
a educação,uma
das
atividades básicasde
todasas
sociedades
humanas,
Oliveira (2000, p.212) afirma que,“os objetivos
da
educação
é a transmissãoda
cultura, aadaptação dos
indivíduos
à
sociedade, o desenvolvimentode
suas
potencialidades,desenvolvendo assim
a própriasociedade
.A
criançapassa
desde
cedo
pelo processode
socialização,na medida
em
que
aprende as
regras
de
comportamento
do
grupo
em
que
nasceu.Embora
outrasinstituições sociais,
como
a familia, a Igreja e osMeios de
comunicaçao de massa,
exerçam
grande
influência,na
educação
dos
indivíduos, a escola é a instituição especificamente organizada para
transmitir seletivamente
às
crianças aherança
culturalda
sociedade.”Como
se vê, existeuma
preocupação na
transmissãode
padrões e
valores sociais,
buscando
aadaptação da
criançana
sociedade.Segundo
Gomide
(1990), oprocesso
educativoao
qualas
criançassão
submetidas,
favorecem ou
dificultam aadaptação
da
criançaao meio
social e,dentre as técnicas educativas
mais
correlacionadascom
o comportamento
desviante estão a disciplina relaxada e a punição inconsistente.
Para
Gomide
(1990, p. 59), “a escola formalnão
está aparelhada parao
atendimento
de
crianças pobres,com
déficitsde
repertório,sejam
elesde
ordem
comportamental ou
de
ordem
emocional".2.3
O
Desenvolvimento
Afetivo eo Julgamento
Moral
-
A
Teoria
de Jean
Piaget
A
formação
da
consciênciae dos
sentimentos moraisé
um
dos
resultadosAnalisando a
gênese
do
dever, Goulart (1994) considerouque
o sentimentode
obrigação está subordinado aduas
condições: a primeiraé
a intervençãode
instruções
dadas
do
exterior (não mentir,não
agredir) e asegunda
éa
aceitação
dessas
instruções, oque
pressupõe
a existênciade
um
sentimentosui generis
da
partede
quem
recebe as instruções, paraa
pessoa
que
as
dá.Ele define este sentimento
como
respeito,composto de
afeiçãoe
temor.A
afeição, sozinha,
não
bastaria para impor a obrigação,e
o temor, sozinho, provocariauma
submissão
materialou
interessada.O
respeitoque
gera osentimento
de
obrigação é, nesta perspectiva, unilateral,porque
ligaum
inferior(criança) a
um
superior (o pai) e por isto é distintodo
“respeito”, mútuo,fundado na
reciprocidadeda
estima.A
criançanão
respeita o paicomo
representanteda
leiou
do
grupo
social,mas como
indivíduo superior, fontedas coações
edas
leis.Neste
sentido, aanálise
da
psicologiada
criança seopõe
àsdo
sociólogoDurkheim
(1982),que
vê
o respeitocomo
sentimentoque
não
se liga auma
pessoa
como
tal,mas
auma
pessoa
como
encarnação ou
representaçãoda
lei moral .Este respeito unilateral,
embora
seja a fontedo
sentimentode
dever, gerana
criançapequena
uma
moralde
obediência essencialmente caracterizada pela heteronomia,que
depois se atenua,dando
lugar àautonomia
própriado
respeito mútuo.Segundo
Piaget (1968), as reações afetivas, própriasdo
julgamento moral,antes
de
sete e oitoanos são
caracterizadas pela heteronomia (hétero =de
instruções está ligado à
presença
materialde
quem
as
deu;em
sua
ausência, alei perde a
ação
esua
violação provocaapenas
um
mal-estarmomentãneo.
Aos
poucos,contudo
estepoder
se tornaduradouro
e produz-seuma
espécie
de
assimilação sistemáticaque
os psicanalistasdenominaram
identificação
com
aimagem
dos
paisou
com
aimagem
de
autoridade (Goulart,1994).
A
heteronomia
conduz
auma
estrutura pré-operatóriaque tem
características próprias
dos
mecanismos
cognitivos relacionais edos
processos
de
socialização:o
realismo moral (Piaget, 1980).Segundo
o realismo moral, as obrigaçõese
valoressão determinados
pelalei
ou
pelas instruçõesem
simesmas,
independentemente
do
contextodas
intenções e relações (Piaget, 1980).
Segundo
Goulart (1994),o
produto essencialdo
respeitomútuo
eda
reciprocidade é o sentimento
de
justiça. Por voltados
sete, oito anos, a justiçasobreleva-se à própria obediência e torna-se
norma
central, equivalente,no
terreno afetivo, às
normas de
coerênciano
terrenodas operações
cognitivas, aponto de,
no
nívelda cooperação e do
respeito mútuo, haverum
paralelismoentre as
operações e
a estruturaçãodos
valores morais.A
afetividade, a princípio centrada noscomplexos
familiais, ampliasua
escala
na
medida
em
que
se multiplicam as relações sociais.Os
sentimentosmorais, ligados
no
início, auma
autoridade sagrada,evoluem no
sentidode
um
respeitomútuo
e de
uma
reciprocidade.As
trocas sociaisque
englobam
as
reações
precedentesporque
são
todas,ao
mesmo
tempo, individuaise
passa
de
um
estadode não
coordenação ou
indiferenciação, relativa entre oponto
de
vista próprio e odos
outros, aum
estadode coordenação nas ações
einformações (Goulart, 1994).
2.3.1
O
Desenvolvimento
moral
na
criançaDe
acordo
com
Piaget (1980),a
descriçãodo
desenvolvimento moralda
criança revela a
passagem
de
uma
fasede
anomia,uma
etapa pré-moral, parauma
fasede
heteronomia, a qual se faz seguirde
semi-autonomia
e flnalmente,autonomia.
Goulart (1994) afirma que,
na
etapaheterõnoma
do
desenvolvimento moralda
criança, as trocas sociaiscom
o adulto,têm grande
importância.É
atravésda
conversa (e, portanto exercitando a funçãode
representação)que
a criançaentra
em
contatocom
oque
é permitido e oque é
proibido.Adequado
lembrarque
Freud (apud, Goulart, 1994, p.135) realçouda
mesma
forma,a
faseda formação do
ego,“como
etapa para estruturaçãodo
superego,
podendo-se
interpretar a referência piagetiana à etapade
heteronomia
como
subestrutura para o desenvolvimentoda autonomia
.2.4
A
anomia
social -a
teoriade
Durkheim
Segundo Boudon
e Bourricaud (1993), o conceitode
anomia,tem
aambição de
traduzir,de maneira
precisa, anoção vaga de desregramento
divisão
do
trabalho social (1977) eem
O
suicídio (1982), asduas
obrasde
Durkheim,
em
que
anoção
é utilizada,o
termonão
tem
omesmo
significado.Em
A
divisãodo
trabalho social (1977),Durkheim
associa anoção
de anomia
sobretudo
aos malogros
do
sistemade
divisãodo
trabalhoque
caracterizam associedades
que, depois dele, serão qualificadasde
“industriais”.Boudon
e Bourricaud (1993)comentam
que,em
O
suicídio ( 1982), anoção
de
anomia assume
significadoum
pouco
diferentee
talvezmais
preciso, pelosimples fato
de
que, desta vez, está imersanum
conjuntode
duas
dicotomiasconceituais.
A
primeira dicotomiaopõe
os conceitosde egoísmo
e
altruísmo.A
noção de
egoísmo
empregada
porDurkheim
inclui,em
certa medida, anoção
vulgar
de
individualismo: oegoísmo
é tantomais acentuado
numa
sociedade,quanto mais os
indivíduostendem
a pautarseu
comportamento
por referênciase
não baseado
em
valores enormas
coletivas,mas
aseu
livre arbítrio:“Quanto mais
seenfraqueçam
osgrupos
sociais aque
ele pertence,menos
eledependerá
deles ecada vez
mais, por conseguinte,dependerá
apenas
de
simesmo
para reconhecercomo
regrasde
conduta tão-somente
asque
secalquem nos seus
interessesparticulares. Se, pois,
concordamos
em
chamar de egoísmo
a esta situaçãoem
que
oego
individual se afirmacom
excesso
diantedo
eu
social
e
em
detrimento deste último,poderemos
designarde
egoístao
tipo particular
de
suicídioque
resultade
uma
lndividuaçãodescomedida”
(Durkheim, 2000, p. 162).
A
segunda
dicotomiaopõe
os
conceitosde
anomia
e “fataIismo”.Há
anomia
quando
as ações dos
indivíduosnão
são mais
reguladas pornormas
claras ecoercitivas.
Há
fatalismoquando
as
normas
limitamao
extremo, aautonomia
egoísmo
eo
altruísmo, aanomia
e o fatalismo variamem
importânciade
acordo
com
as sociedades, as culturas e as situações (Durkheim, 1999).Por
trásda
tipologia egoísmo/altruísmo, anomia/fatalismo, localiza-seuma
intuição fundamentalde Durkheim
(1999): ade
que
acomplexificação
dos
sistemas sociais ocasiona
uma
individualização crescentedos
membros
da
sociedade
e, por isso, efeitos crescentesde
desregramento:"Quando
o
indivíduo, absorvido porsua
tarefa, se isolaem
sua
atividadeespecial, já
não
percebe
os colaboradoresque
trabalham aseu
ladoe na
mesma
obra,nem
sequer
tem
idéiadessa
obracomum”
(Durkheim,1999,p.227).
Nota-se,
também,
uma
tomada
de
posição ideológica.Durkheim
ansiava,a
conclusão
de
Da
divisãodo
trabalho social (1999)o
demonstra, poruma
sociedade
em
que
os
indivíduosfossem
guiados porum
sistemade
valorese
normas, isto é, por
uma
moral:“Moral (...) é tudo o
que é
fontede
solidariedade, tudoo
que
forçao
acontar
com
seu
próximo, a regularseus movimentos
com
base
em
outra coisaque
não os
impulsosde seu
egoísmo, e a moralidade é tantomais
sólida
quanto mais
numerosos
e fortessão
estes laços” (Durkheim,1999,pp.431)
Segundo
Sabadell (2000), omesmo
autor, sugeriuuma
moralque
encorajasse
e
convidasse os indivíduos a se satisfazeremcom
sua
posiçãono
sistema
de
divisãodo
trabalho:noção
de anomia
evoca,no
fundo,o
apego de
Durkheim
ao
modelo
simplificador e discutívelque
assimilasociedade
e2.5
A
anomia
social:a
perpesctivade Merton
Em
Merton
(1970),como
em
Durkheim
(1999), a perspectiva émais
microssociológica
que
macrossociológica.Em
toda sociedade,observam-se
valores
mais
ou
menos
partilhados porseus membros.
Os
valores,que
podem
ser interiorizados
em
graus variáveis,são
ofundamento dos
objetivosque
osindivíduos
estabelecem
para simesmos.
Para
atingi-los,os
indivíduosdispõem
de
meios
que
também
são, porsua
vez, determinados pornormas
sociais.Alguns desses meios
são
lícitos, outros, ilícitos.Segundo Boudon
e Bourricaud(1993, p.27):
“Em
toda sociedade, os indivíduosgozam
de
certa autonomia,que
lheslhes permite adotar atitudes
que
contrastamcom
os fins eos
meios
socialmente valorizados.
Combinando
a atitudes possíveis,obtêm-se
quatro
modos
de adaptação
básicos: o conformista,que
se limitaaos
objetivos e
meios
positivamente valorizados; o inovador,que
atinge osobjetivos positivamente valorizados, através
de meios
negativamentevalorizados (o
sucesso
socialdo
criminoso);o
ritualistaque
respeitaescrupulosamente
osmeios
socialmente valorizados,mas
é
indiferenteem
relaçãoaos
fins; enfim, ocomportamento de
retração característicodo
indivíduoque
se distanciados
fins edos meios
positivamentevalorizados.
Essa
tipologia ensejounumerosas
discussões e exegeses.Ela traz
uma
dificuldade: fins emeios não
podem
ser definidosem
si,como
mostra o próprioexemplo do
sucesso,que pode
serum
fimou
um
meio”Merton
(1970),em
sua
apresentação, sugere distinçõesque conduzem
auma
tipologia muitomais
complexa,que
ultrapassa os quatro tiposAssim,
os
indivíduospodem
querer perseguirfins
socialmente valorizadospor
meios
lícitos,mas
não
podem
recorrer aesses
meios.Nesse
caso,há
anomia
num
primeiro sentido: a estrutura social encorajauma
faixada
população
à inovação,que pode
tomar
aforma do
desvio individualou
da
revolta coletiva
ou
à retração, o crime.Também
aí,pode
haveranomia
em
um
segundo
sentido:quando
os meios
lícitosnão são
acessíveis, osmembros
da
sociedade
podem
ser levados à contestar os finse
os meios.Estendendo
a análisede Merton
(1970),que só
se interessa explicitamentepor
esse
tipode
caso,pode-se
falarem
anomia
num
outro sentido ainda,quando
há
dúvidae
incerteza quantoaos fins
socialmente valorizados.Evidentemente,
as
variáveis utilizadas porMerton
(1970) permitiriam aindamuitas outras definições
da
noção de
anomia. Esta análise basta para mostrarque, se a tipologia
de
Merton
(1970) forneceum bom
mecanismo
heurístico,também
contribui para dispersar anoção de anomia
numa
multiplicidadede
significações possiveis
(Boudon e
Bourricaud, 1993).2.6
A
criança eo
adolescente
A
Lei n° 8069,de
13de
julhode
1990, o Estatutoda
Criançae
do
Adolescente,
em
seu
art. 2°, estabeleceque
criança é apessoa
até 12 (doze)anos de
idade incompletos, e adolescente aquela entre 12 (doze) e 18 (dezoito)2.6.1
A
criança eo
adolescente
da
cidade
de
Varginha
A
cidadede
Varginha, possuiaproximadamente,
de
acordo
com
oCenso
Escolar/ 2000,
25.549
(vinte e cinco mil, quinhentos e quarenta e nove) criançase
adolescentes entre 7 (sete) a 17 (dezessete)anos
,sendo que
9.716(nove mil e setecentos
e
dezesseis)possuem
7 (sete) a 11 (onze)anos
; 9.376(nove mil
e
trezentose
setentae
seis)possuem
de
11 (onze) a14
(quatorze)anos
e (seis mile
quatrocentose
cinqüentae
sete)possuem
14 (quatorze) a 17anos.
2.6.2
O
Estatutoda
Criança
edo
Adolescente
Em
1990, foi criada a Lei n° 8069,de
13de
julho, o Estatutoda
Criançae
do
Adolescente.
Sua
publicaçãono
Diário Oficialda União
sedeu
em
16 de
julhode
1990, ficandoem
vacacio legis por noventa dias.A
Leisomente
começou
avigorar
em
14de
outubrodo
mesmo
ano.Em
vigor, surgiramproblemas
para asua
aplicação,como
écomum
a todasas leis, esta
em
especial,porque
exige a integraçãodos
TrêsPoderes
que
atuam
em
cada
cidade,assim
como
da comunidade.
Segundo
Carvalho (1997, p. 3 e 4):“Todo o
teor estatutáriodemonstra a necessidade
de
uma
integraçãototal
do Estado
com
acomunidade,
do
municípiocom
sua
população,para
que
asquestões
relativas à infância e à juventudesejam
bem
solucionadas;