O
F.M.I.
E
SUA
ATUAÇAO
NA
ECONOMIA
BRASILEIRA:
UMA
ABORDAGEM DO
ÚLTIMO
ACORDO
(1998)
E SEUS
POSSÍVEIS
A
CUSTOS
SOCIAIS
i
'
Monografia
submetida ao departamento deCiências
Econômicas
para obtenção de cargahorária na disciplina
CNM-5420
-
Monografia] Por: -Sara CristinaGama
`
Orientador: Nildo D. Ouriques
Área
de pesquisa:Economia
Intemacional evEconomia
BrasileiraPalavras-chaves: 1- Política Monetária '
2-
Dependência
3- Custos SociaisJ _
UNIVERSIDADE
FEDERAL DE SANTA CATARINA
A A
CURSO DE
GRADUAÇÃO
EM
CIENCIAS
ECONOMICAS
A
Banca
Examinadora
resolveu atribuir a nota¡
O
aaluna Sara Cristina
Gama
nadisciplina
CNM
5420
-
Monografia, pela apresentação deste trabalho. _Banca
Examinadora: 'Prof. Nildo D. Ouriques
Presidente
Prof.
Wagner
ArienteMembro
Prof.
Lauro
Matteiem
todas as circunstânciasficou
aomeu
lado,me
incentivando nos
momentos
mais dificeis.Aos
meus
pais que possibilitaramminha formação
estudantil.
A
todos os professores que mediante a todas as dificuldades enfrentadas poruma
universidade pública, conseguiram contribuir para
a
minha
formação acadêmica e intelectual.E
finalmente
aDeus
queme
dá forças e esperança1
SUMÁRIO
cA1›ÍTULo
1/
1.o
PROBLEMAJ
... ... __ ... ... ... _. ó _ ¡ . _ 1 z '_ ¿ " / 1.1_Introdução_...×J' ... ..I....: ... .Í ... ... .... ... .... ..'r..Ê ... 1.2. Objetivos ... .. 8 1.2.1. Objetivo geral..._Í...f ... ._ 8 1.2.2. Objetivos específicos .... ... _. 8 1.3. Metodologia .... .... Í... ... _. 9CAPÍTULO
2 ' ' 1 1 z , Y _2.
BREVE
HISTÓRICO
Do
FUNDO
MONETÁRIO
1NTERNAc1oNAL
(F.M_I.) 1o2.1. Século
XIX.
Um
século de paz ... ..`__Í ....__'..:.Í.`.'.'.._. 10
. _/
2.2. Tratado
da
paz.As
origensdo
Fundo.`...._.;..__...__š.Í ... _. ... ... ..14 2.3. BrettonWoods:
surgeuma
nova
organização mundial ... ._ 172.3.1.
Funções
iniciaisdo
F.M.I....R.z._....i.-z ... ... ..~Í182.3.2.
Campos
de atividades, políticas financeiras (modalidades), serviços, fontesde recursos e
tomadas
de decisões ... _. 19cA1>ÍTULo
3 _ ` _ ~. › ` (__( _ ‹ V N3.
EvoLUÇÃo
Do
FUNDQ
MONETÁRIQ
... ._243.1.
Comportamento
teórico da instituição..J\ .... ... ... ..243.2.
O
F.M_I. naAmérica
Latina nos anos 80...' ... ... __29r»"
. \- _ *.`3.3.0
consenso de Washington>.¿_._`..__¿..._._._.._..' ... .... . `
_
3.4. Crises
do
Fundo
Monetário ... ... _.36\ Í . ` _ _' 4/ /J \"` '_ A ` . \ / (`\›
4.
o
BMSIL
E
o
FMI
... ... ..4s4.1.'
Breve
históricoeconômico do
Brasil ... ... ..454.2.
Acordos
entre Brasileo
Fundo
Monetário ... .. 534.3.
OPlano
Real ... ..; ... ... ..564.4.
A
última intervençãodo
Fundo
-
1998 ... .. 584.5.
Os
custos sociais ... ...66
4.6. Políticas alternativas ... ..73CAPÍTULO
5
5.coNcLUsÃo
... ..s2 6.REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..84 ¬ \ n»
Lp
CAPÍTULO
1o PROBLEMA
1.1
-
Introdução
__ Para que haja
um
entendimento da presençae da importância
do
F.M.I.na
economia
brasileira é preciso voltarno tempo
e abranger aeconomia na
esfera internacional.Tudo
iabem
atéo
século dezenove, que foi consideradoo
último período depaz, havia equilíbrio de poder
(hegemonia
inglesa),o
padrão monetário erao
ouro(organizou a
economia
intemacional),um
mercado
auto regulável (quenão
deixavaninguém
insatisfeito) eum
estado liberal (que só observava o suposto equilíbrio).A
partirdo
momento
que
esteesquema
érompido
a organização socialdo
séculodezenove
é abalada afetando o equilíbrio existente entre as principais potências,dando
início aosgrandes conflitos
que vão
seaprofimdar no
século vinte.Com
orompimento do
equilíbrio existente,no
finalda
primeira guerramundial, notou-se a necessidade de
um
novo mecanismo
/ organismoque
controlasse eorientasse
o
sistemaeconômico
internacional, por este motivo muitos_países envolvidosdireta
ou
indiretamenteno
conflito reuniram-se para traçaremum
planoque
restaurasseo
equilíbrio anterior. Esse plano foi conhecidocomo
o
tratado da paz (que não conseguia resolver todos os problemas existentes).Após
aSegunda
GuerraMundial
os problemas e desequilíbrios continuavam.Para tentar resolve-los formalizou-se
(com
fortes influênciasdo
tratado da paz) oFundo
Monetário Intemacional (F .M.I.) tendo
como
objetivo restauraro
equilíbrio daseconomias
dos países envolvidos na guerra.
O
F.M.I. partedo
principio que os desequilíbrios nos países existe por causa dademanda
intema elevada, causando desequilíbrio no balanço depagamentos
pela necessidade de importar e de captar empréstimos.Por
esses motivos as politicasrecomendadas
peloFundo
sao basicamente monetárias (não considerando as diferen as existentes entre as economias 7além
disso estas estão vinculadas a corrente depensamento econômico
liberal,ou
seja, liberdade financeira,redução
da intervençãodo
estado na
economia
e flexibilidadeno mercado
de trabalho.Como
a maior parte dos países envolvido na guerraeram
desenvolvidos, porentão
o
Fundo começa
a atuar nos países subdesenvolvidoscomo
osda América
Latina,África e Ásia. Inicialmente a instituição tinha os
mesmos
objetivos e utilizava osmesmos
critérios aplicados aos países da Europa,
mas
a partirdo
momento
queo
F.M.I. se articulaao
capital financeiro (privado) para dar continuidade a suas funções prestamistas suaforma
de atuação
muda, o
capital privado passa a manipular, determinar e, conseqüentemente,influenciar as políticas
do
Fundo, logo os países que recorreram a eleforam
os maisprejudicados.
As
políticas destinadas aos paísescomo
osda América
Latina tornaram-se mais rígidas e mais controladas,mas
a essência continuava amesma:
controlar a inflação eo
déficitna
balança depagamentos
(não considerando as conseqüências causadas pelaadoção
de tais políticas).O
Brasil ao longo dostempos
recorreu aoFundo
Monetário quatorze vezes,em
doze
não utilizou a totalidade dos recursos eem
seis acordoso
dinheironem
foi tocado, os acordos foram iniciadosem
1958 eo
último foiem
1998.A
maioria dos acordosforam
“stand-by”, considerada a
forma
maiscomum
de financiamento da Instituição,onde
osrecursos são limitados e
com
prazos depagamentos
entre doze e vinte e quatro meses.Na
maioria das vezes, o Brasil utilizou os empréstimos principalmente para rolagem
da
dívidaextema
e para alguns projetos de investimentos.Um
outro tipo de acordo foi utilizadoem
1983
onde
os empréstimos sãodo
tipo “ExtendFund
Facility” (E..F.F.), trata-se deuma
linha de crédito ampliada cujos prazos depagamentos
e limites de crédito são maiores.Nessa
modalidade os recursos monetários são oriundos de distintas fontes pois trata-se deuma
grande quantia.Em
1983o
foi disponibilizado ao Brasil por insistênciado
governo João Figueiredo.
Quando
um
país recorre ao F.M.I.nonnalmente
é porque eletem
problemasno
Balanço de
pagamentos o que
torna este paíssem
atratividades e incapaz detomar no
mercado
intemacional de capitais empréstimos suficientes para financiaro
déficitno
seubalanço,
quando
oFundo
intervémnuma
economia
elerecomenda
políticas para ajustar esse déficitno
balanço depagamento
pois só assim ele garanteo
zelo pelo patrimônio daorganização (tranqüilizando
também
os paísesmembros),
porquêcom
as contasem
diao
país auxiliado conseguirá amortizar sua-dívidacom
o
F.M.I. `Para que o
Governo
de Fernando Henrique 'Cardoso pudesse manter seu plano de estabilidadeeconômica
iniciadoem
1994, ele precisava deum
gigantescofluxo
decapitais dentro
do
país (reservas cambiais), para isso teriaque
existirconfiança
e atratividade para esses investimentos, caso contrário aeconomia
se tornaria vulnerável efoi isso que aconteceu, então ea saída encontrada pela equipe
econômica
de F.H.C. foi8
recorrer ao
Fundo
em
1998 para assegurarum
financiamento capaz de mantero
plano deestabilidade,
mas
aomesmo
tempo o
país sujeitou-se às regras impostas pela organização(ajuste fiscal, política monetária flexível,
pagamento
da dívidaextema
e intema, reformaestrutural,
nenhuma
restrição a saída de capitais, entre outras).O
que
pretende-se abordar nesta pesquisa é a existência de custos sociaisdecorrentes desta última intervenção, porquê
dependendo do
resultado poder-se-á concluirque
estamos apenasaumentando o
grau de dependência paracom
os paises centrais,em
especial os EstadosUnidos
e poder-se-á refletir na possibilidade de adoção de outraspolíticas para a
economia
brasileira,que
possibilitem conseqüênciasmenos
traumáticas.1.2
-
Objetivos
1.2.1
-
Objetivo geral.
Com
baseno
referencial bibliográfico disponível, procurar identificaro
objetivo da formação
do
Fundo
Monetário Intemacional, sua estruturação (organismos ehierarquias), trajetória ao longo de sua existência e sua atuação principalmente
no
Brasil.1.2.2
-
Objetivos específicos0
Conhecer
o funcionamentodo
F.M.I. desde sua formação e sua atuação nos últimostempos
(crises e mudanças).0
Apontar
os periodosda
atuaçãodo
F.M.I.no
Brasil ealgumas
características dosacordos firmados.
0 Descrever
o
último acordo firmado entreo
Fundo
Monetário e aeconomia
brasileira(no governo de
Fernando
HenriqueCardoso -
1998)0 Verificar a existência de custo-social decorrente das políticas adotadas pelo Brasil (e
apoiadas pelo
Fundo) no
último acordo.1.3
-
Metodologia
A
pesquisa que será realizadapode
ser caracterizadacomo
básica, cujo resultado não será utilizado imediatamente,podendo
talvez auxiliar pesquisas futuras.Os
dados utilizados serão secundários, isto é, fornecidos por outros pesquisadores,
além
dissosão dados objetivos que
descrevem
apenas e somente a realidade.Com
o
objetivo de estudaro
F.M.I. (funcionamento, política e trajetória), serãofeitas consultas
em
bibliografias especializadas etambém
nas publicações da instituição.Como
parte das referênciasque
serão utilizadas são publicações defasadas, os dadosque
nelas estão inseridos serão atualizados por publicações de jomais, revistas e endereços
eletrônicos.
A
Para apresentar os períodos
que
oFundo
Monetário intervémno
Brasil e ostipos de acordos firmados, será feita
uma
buscaem
publicações relacionadascom
o
assunto(revistas, jomais e artigos).
Finalmente, para analisar
o
ultimo acordo firmado entre o F.M.I. eo
Brasilem
1998 serão utilizados recursos,
como:
livros, revistas, jomais e relatórios publicados apartir desta data, para verificar a essência
do
acordo, os reflexos eem
especial a existênciade custos sociais, essetúltimo será identificado através de variáveis afins (desemprego, renda
média
etc.).CAPÍTULO
2
BREVE
HISTÓRICO
DO
FUNDO MONETÁRIO
INTERNACIONAL
(F.M.I.)
Este capítulo
tem
como
objetivo apontar as características iniciaisque dão
origem ao F.M.I.; para tanto é preciso voltar ao período
que
antecede à PrimeiraGuerra
Mundial, pois é a partir deste espaço detempo que
surge a necessidadede
uma
instituiçao /organismo
que
exerça, segundoBaer
e Licktensztejn (1987, 37),“Função
de protagonistaeregulador
do
sistema monetário intemacional”. Pois muitos países envolvidos direta(conflito bélico)
ou
indiretamente (apoioeconômico
e/ou político) nas guerrasdo
séculoXX
passam
a enfrentar problemaseconômicos
(resultandono
desequilíbrio de suas contasno
balanço depagamento)
que precisaram ser senados.Nas
duas Guerras nãoforam
disputados apenas territórios, existiutambém
uma
disputa (entre as principais potências) pelo padrão monetário, porque
quem
o deterrninavatrazia para si grande poder e forte influência sobre
o
sistema Financeiro Internacional.2.1
-
Século
XIX:
um
século
de paz
.
O
séculoXIX
pode
ser consideradoum
período de paz porque os principaismecanismos
(econômicos e políticos) quecompõem
as relações intemacionaisestavam
em
“equilíbrio”.Como
descreve Polayni (1980, 23), “a civilizaçãodo
séculodezenove
sefrrmava
em
quatro instituições.A
primeira era O sistema de equilíbrio de poder que,durante
um
século, impediu a ocorrência de qualquer guerra prolongada e devastadoraentre as grandes potências.
A
segunda erao
padrão intemacionaldo
ouro que simbolizavauma
organização única naeconomia
mundial.A
terceira era Omercado
auto-regulável,que
produziuum
bem-estar materialsem
precedentes.A
quarta era O estado liberal” “entre si elasdetenninavam
oscontomos
característicosda
história de nossa civilização”.O
padrão-ouro é conseqüênciado
forte sistema de equilíbrio” de poder daInglaterra, este poder é conquistado pela exploração
do
sistema colonialque
forneceinsumos e matérias-primas para o crescente e promissor parque industrial Inglês, por sua
para
com
os demais).Toda
essa prosperidade fortalece o setor bancário Inglês e possibilitaa determinação
do
padrão-ouro (adotado pela Legislação bancária Inglesaem
1821)que
significouum
conjunto de regras para a criação e circulaçãodo
dinheiro.A
nível dospaíses significou emitir dinheiro e convertê-lo, se preciso fosse
em
ouro e a nível internacional foi determinadoque
as transações seriam pagascom
o
metal adotado,bem
como
ocâmbio
entremoedas
nacionais se daria na proporçãodo
seu conteúdo (ouro), isto significava que os países precisavam ter estoques deste metal, aquelesque
não tinham (amaior parte deles) e precisavam importar recorriam a empréstimos extemos.
Na
época a Inglaterra tinhaum
forte sistema bancárioque além de conceder
empréstimos fmanciava atividades manufatureiras, mineiras e de infra-estrutura.Londres
era o centro bancário e financeiro mais importante
do
mundo
com
filiais e sucursaisem
muitos países, o que
tomou
a Inglaterra reguladora da liquidez edo movimento
de capitais atravésdo
controledo
padrão monetário.A
Inglaterra conseguiu manter este forte poderaté 1913. V
Segundo Baer
e Licktensztejn (1987), apesardo
ouro ter sidoo
padrão-monetário, na prática (por se escasso) ele não cumpria as funções monetárias -
moeda
efetiva
no
comércio e instrumento geraldo
sistema de crédito-
por isso esse papel foi atribuído a libra esterlina(moeda
Inglesa)que
passou a ser unidade de medida,meio de
troca e de
resewa
mundial (até 1931,quando
éabandonado
pela Inglaterra).Com
a Primeira Guerra Mundial, aeconomia
Inglesa perdeo
controle comercial, industrial e financeiro para as economias dos E.U.A.,Alemanha
e França e suahegemonia
é abalada pela instabilidade generalizada das economias.Os
E.U.A. tornam-seuma
grande potênciacom
um
grandemercado
financeiro(Nova York)
canalizadordo
movimento
de ouro e de capitais financeiros. Apesar de setomar
uma
grande potência, os E.U.A. nãofinanciavam
países deficitários (não queria abrir sua economia),o
cenário erade especulação e desequilíbrios monetários
que
estimulam a grande crise de 1929.Como
uma
crise tãoprofimda
foi desencadeada,em
1931 o padrão-ouro Inglês é abandonado,então foram formadas áreas comerciais e monetárias (para proteção de muitos países).
Em
1934 os E.U.A.
passam
a converter suamoeda
em
ouro paracom
os bancos centrais e autoridades monetárias eem
1944
com
a criaçãodo
F.M.I. foi adotadoum
novo
padrão-monetário tornando este país a principal potência mundial.
O
estado liberal éuma
conseqüência da auto-regulaçãodo
mercado.A
partir de1830 o
liberalismoganha
força eo
pressuposto “Laissez Faire” passa a ser imposto pelo12
competitivo, padrão-ouro automático e comércio internacional livre (este último foi
constantemente controlado por estados / potências e suas organizações).
Mas
toda essaliberdade declina a partir dos anos 1870/1880 tendo
como
causas o fortalecimentodo
nacionalismo e socialismo,que
foiuma
ação de classes pois aeconomia
demercado
com
sua auto-regulação afetou os interesses
da
sociedade e não apenas interesseseconômicos
e os primeiros concentravamuma
parcela maior de pessoas surgindo assimum
movimento
contrário a este tipo de economia.
Apesar
de todo esforço contrário, aeconomia
liberalizada semanteve
por maistempo
pois foi protagonizada pela classe comercial e liderada pela classe dos banqueiros.Segundo
Polayni (1980), oemprego
e os vencimentosdependiam
da lucratividade dos negócios,mas
a lucratividade dos negóciosdependiam
doscâmbios
estáveis e de condições sólidas de crédito eambos
estavam sob os cuidados dosbanqueiros.
O
controle dosmercados
serompe
quando
aeconomia
doméstica apresentaredução
da
produção,do
emprego
e dos rendimentos;quando
a nível de políticas internasocorre tensoes de classes e
quando
na política intemacional é acentuado a rivalidade imperialista.A
fragilidadedo mercado
auto-regulável foi ampliadacom
a ascensãodo
socialismo abalando
o
liberalismoque
nãopode
fazer a reforma capitalista pois elerompia
com
o sistema de propriedades (atingiriacamadas
sociais poderosas).Como
nos mostra Polayni (1980, 243), “a civilizaçãodo
séculodezenove
foidestruída pela autoregulação
do
mercado”. (As Guerras apenas apressaram essa destruição)esse tipo de
economia
tevecomo
baseo
auto-interesse=
lucro oque
significa dizerque
existiauma
“liberdade” / “liberalismo” controlado. __
Para Polayni (1980, 246), “o
fim
da
sociedade demercado
não significa, deforma
alguma, a ausência de mercados. Estes continuam, de várias maneiras, a garantir aliberdade
do
consumidor, a indicar amudança
dademanda,
a influenciar a renda dosprodutores e a servir
como
instrumento de contabilização,embora
deixe de ser, totalmente,um
órgão de auto-regulação econômica”.A
A
economia
demercado
tevecomo
carro chefeo mercado
auto-regulávelapoiado pelo estado liberal e pelo padrão ouro e teve
como
motorista a Grã-Bretanha.Depois
dela obteve-se “liberdade” interna e “cooperação” efetiva entre blocos de paísesque
atualmente estão subordinados à mundializaçãodo
capital.Polayni afirma
que
(1980,250), “aeconomia
liberalencaminhou
os nossos ideaisnuma
falsa direção;embora
parecessepróxima
a atingir expectativas intrinsecamente utópicas.Não
existeuma
sociedadesem
o poder e a compulsão,nem
um
mundo
em
que
a força não tenha qualquer função.Era
uma
ilusão admitiruma
sociedade que fossemodelada
apenas pelo desejodo
homem
e a vontadedo
homem”.
No
século dezenove havia paz porque existia equilíbrioeconômico
e políticodeterminados pela Grã-Bretanha, na época era a única potência mundial,
como
foimostrado anteriormente, ela se fortaleceu pela exploração das colônias, passou a
manufaturar os produtos explorados e consequentemente
dominar
o comércio mundial.Como
não
havia países forteso
suficiente para concorrercom
a Inglaterra, não foi tarefadificil
tomar o
século dezenove equilibrado (de paz), pois este país tinha controleinternacional: político,
econômico
e social. -Mas
como
a Inglaterra só se preocupoucom
a industrialização,com
o
passardo
tempo
outros países crescem e fortalecem suaseconomias
através de atuaçãoem
outrosmercados,
como
o financeiro, o que reduz ahegemonia
Inglesa eaumenta
a participação deoutros países (como: E.U.A., França e Alemanha), no\cenário intemacional.
O
século vinte é iniciadocom
muita instabilidade mundial, os conflitos tornam-se constante até resultarem
em
guerras.No
pós-guerra busca-se alternativas para restauraro suposto equilíbrio
do
século anterior, na primeira guerra-
atravésdo
tratado da paz e na segunda guerra-
pela conferência de BrettonWoods
- que cria organismos para essefim.
Nas
duas ocasiões as idéiaseram
boas (restauraro
equilíbrio mundial),mas
o caminho
escolhido foi equivocado, queriam repetir as políticasdo
século dezenove, sendoum
século diferente
do
outro,ou
seja, osmecanismos
de equilíbrionão
eram
mais osmesmos.
No
período anterior só haviauma
potênciaem
destaque-
a Grã-Bretanha eno
períodoseguinte
haviam
mais potências querendoo
controledo
comércio mundial tornandoimpossível sustentar e manter os
mecanismos que
equilibraramo
século da paz,como
descreveu Polayni anteriormente.
O
equilíbrio de poder foi abalado pela concorrência entre as potências, o “padrão-ouro” continuou até virar “padrão-dólar”,o mercado
auto-regulável deixa de existir porque
não
existiaum
controle natural e sim individual(interesses capitalistas)
o
que prejudicouo
desenvolvimentoeconômico
de muitos países eo estado liberal foi mantido pois é interessante tirar muitas responsabilidades
que
recaíamsobre
o
estado, passando este último apenas a orientar e controlar as variáveismacroeconômicas
(inflação, taxa de juros,câmbio
etc).Foi impossível restaurar
o
equilíbriodo
século dezenove pois as condiçõespolíticas e
econômicas
são diferentes nos dois períodos, cadaum
tem
características diferentes é por issoque
todoo
esforço feito pelosmecanismos
/ organismos criadosnão
14
2.2
-
Tratado da
paz:
as
origens
do
Fundo
Com
a Primeira GuerraMundial
muitos paísesda Europa ficaram
arruinados (noscampos
políticos,econômicos
e sociais), pois a organizaçãoda
Europa
era baseadana
extração de carvão, produção de ferro, transportes marítimos e importações de alimentos e
matérias-primas,
com
a Guerra essa organização foi interrompida.Keynes
(1978),em uma
de suas obras, descreve aforma
pela qual os paísesenvolvidos na Guerra se organizam através de
uma
conferência (sediadaem
Parisno ano
de 1918) para traçarem
um
planoque
restaurasse a organização européia ,Esse plano foiposteriormente conhecido
como
o
Tratado da Paz. Neste evento,Keynes chefiou
a delegação inglesa (apesarda
indiferençada
Inglaterra sobre o assunto) ecomo
não
concordou
com
muitos pontosdo
tratado ele apontou outrosmeios
para chegar-se a paz.Ele estava preocupado
com
questões práticas,com
a políticade
conjuntura, enão apenas
com
penalizações.Keynes
estudou sob a ótica das teses marginalistas emostrou
posteriormenteque
estaseram
inconsistentes, poisnão
existiaum
equilíbrioautomático na
economia
(economia de mercado),onde
omercado
criava ademanda
e tudoaconteceria naturalmente. Para Keynes, é a
demanda
efetivaque
sustentao mercado
econseqüentemente,
o
nível de emprego, a renda, oconsumo
eum
maior nívelde
investimento.
A
solução segundoKeynes
para atingir a paz estava ligada principalmente aonível de investimentos, pois
com
um
nível elevado ele acreditava que poderia se atingiro
equilibrioeconômico
e conseqüentemente a paz entre os povos. Para ele,o
estado eraquem
deveria possibilitar esse nível de investimentos e incentivar aeconomia
paramanter
a
demanda
efetiva, o estado deveria regular as taxas de juros (mantendo abaixo das expectativas de lucro), incrementaro
consumo
(através de gastos públicos) e expandir osinvestimentos (por
meio
de empréstimosque
absorvessem recursos ociosos).A
preocupação de
Keynes
estava na restauração daseconomias
e das sociedades abaladas pela guerra.j
Segundo
Keynes,na
conferência, os Franceses (vencedoresda
Guerra porque receberam apoio
da
Inglaterra e das Américas) tinhamcomo
objetivo primordial arruinaraeconomia
daAlemanha
(derrotada na Guerra) eo
representante dos EstadosUnidos da
América, presidente Wilson, estava preocupado apenascom
suaimagem
política,não
resultado foi
um
tratadocom
incompatibilidadesde
políticas, muitas questões consideradasfimdamentais
porKeynes
nãoforam
sequermencionadas no
tratado.Decorridos seis
meses
o tratado foi concluído, a preocupação de muitosrepresentantes da conferência (incluindo
Keynes)
estava na aceitação por parte daAlemanha
em
concordarcom
os pontosdo
tratado(mas
ela o aceitaem
23 de outubrode
1918), pois recaía sobre ela e seus aliados
uma
penalização exagerada.Como
afirma
Keynes
(1978, 101),“Alemanha
darácompensación
por todo eldaño
causado a lapoblacion civil de los aliados y a su propriedad
com
sus agressiones por tierra, pormar
y
por aire”.
Como
poderiaum
pais derrotado pela Guerra esem
recursos financeiros cumpriressas penalizações? `
As
questões mais importantes na concepção deKeynes
foram:-
Remoção
de barreiraseconômicas
e igualdade comercial entre os países envolvidosno
conflitocom
o
intuito de estimular as relações comerciais e reduzir desigualdades / favorecimentos para determinados paísesque
tinham barreirasou
vantagens comerciais;
~
- Eliminar excessos de armamentos, deixando os suficientes para questoes de
segurança nacional. Essa
medida
buscava eliminar a possibilidade denovos
conflitos bélicos; -
- Liberdade de navegaçao marítima para todos os países
que pudessem
se relacionar através dos marescom
outras nações;-
Desocupação
das terras invadidas paraque
a organização das sociedades fossereestabelecida;
- Livre acordo
em
relação as colônias,não
obrigando as colônias a sesubmeterem
àdeterminados países
na forma
pela qual se faziam;~
-
Formacao
da liga das nações para evitar desequilíbrios políticos e sanar possíveisdesentendimentos;
-
Comprometimento
daAlemanha
no pagamento
das indenizações fixadas(Keynes
as considerou abusivas e impagáveis), seja
em
espécie (ferro, carvão e produtosindustrializados)
ou
em
dinheiro.Todas
essasmedidas visavam
a retomada, decrescimento
do
conjunto de países envolvidos na Guerra etambém buscavam
reduzir a possibilidade deum
novo
conflito.Como
já se previa a incapacidade depagamento
das indenizações, foi criada16
Segundo
Keynes
(1978, 183), “este cuerpo esum
organismo tan notable,y
puede, si funciona, ejercer tan amplia influencia sobre la vida de Europa”.As
funções desta comissão, segundoKeynes
(1978), eram:- determinar os valores das indenizações a serem pagas pela
Alemanha
e prazos depagamentos;
- especificar meios de
pagamentos
(espécie),- controlar direitos e interesses das empresas públicas alemãs
em
territórioscontrolados por esta nação na Primeira Guerra;
- detenninar montantes de recursos monetários
que
perrnaneceriamna
Alemanha;
- detenninarsoma
anual a serpaga
pelaAlemanha;
- cuidar para que a
Alemanha
reconstituísse as propriedades destruídas;- receber,. administrar e distribuir
o
dinheiro / títulos da dívidaalemã
para os credores; e- informar se a
Alemanha
cumpria suas obrigações, senão
forçá-la, usar osmesmos
métodos
para os demais devedores.'
Os
alemães estavam dispostos a pagar 5 milhões de libras e não 15 milhões(como
almejaram os franceses)em
indenizações, haviaum
grande interesse por parteda
comissãode
reparação e por parte daAlemanha
em
resolver essa questão,mas
nem
todos concordavam. Apesar das devidas negociaçõesKeynes
disseque
aEuropa
não serecuperaria pois existiram apenas
pagamentos
de indenizações e não reformaseconômicas
e sociais eficientes oque
deixou amargem
da
sociedade milhões de pessoasque não
conseguiam
sequer suprir suas necessidades básicas.Como
o
tratadonão
resolveu os problemas causados pela Guerra,Keynes
(1978) propõe algumas mudanças:
- revisar
o
tratado: poiso
considera impraticável por causado volume
financeiroque
aAlemanha
teria que desembolsar e sugeriu que os votosda
comissão deveriam sermais distribuídos,
ou
seja, aumentaro
número
de paísesno
processo decisivo;- acordo das dívidas entre aliados: anular as dívidas adquiridas para a guerra,
mas
com
isso os credores(em
especial os E.U.A.) teriamque
abrirmão
de quantias consideráveis(em
nome
da paz), poisnum
futuro próximo a incapacidade depagamento
trarianovos
conflitos;- empréstimos intemacionais:
mesmo
fazendo acordos, aEuropa
continuavacom
sérios problemas: suas importações
superavam
as exportações (desequilíbriosno
elevada) e o
câmbio
estava desfavorável.Por
esses motivosKeynes
foi favorável aempréstimos externos, que se originariam
em
grande parte dos E.U.A., recaindo sobre este emprestador a supervisão e controledo
montante de crédito; e- relação da
Europa
Centralcom
a Rússia: paraKeynes
a Rússia deveria ser vigiada e controlada pois esta poderia se aliarcom
aAlemanha
e causarnovos
conflitos.Pode-se verificar na seqüência deste trabalho que algumas das propostas de
Keynes
para reformularo
tratado e algumas propostasdo
próprio tratado serão utilizadas e difundidas pelo F.M.I.2.3
-
Bretton
Woods:
surge
uma
nova
organização
mundial
O
F.M.I. iniciou oficialmenteem
27
dedezembro
de 1945,mas
foi criadoem
uma
conferência realizadano
período de 1 a22
de julho de 1944em
BrettonWoods
(New
Hampshire
-
E.U.A.) e suas atividades financeirasforam
iniciadasno
dia 1março
de 1947.O
objetivo da conferência foi, segundo Paulo Sandroni (1944, 68), “planejar a estabilidadeda
economia
intemacional e dasmoedas
nacionais prejudicadas pelaSegunda
Guerra Mundial”.Um
dos resultados deste encontro foi a criaçãodo
Fundo
Monetário Intemacional (F.M.I.).O
objetivo da criação desta organizaçãoconforme
descreve Paulo Sandroni era (1994, 141-142),“promover
a cooperação monetáriano
mundo
capitalista, coordenar asparidades monetárias evitar desvalorizações concorrenciais e levantar
fimdo
entre os diversos paísesmembros,
para auxiliar osque
encontrem dificuldades nospagamentos
internacionais”.Na
conferência estiveram presentes, representantes de44
países,mas
asmaiores influências na formação e na direção
do
F.M.1. vieramsegundo Baer
e Lichtensztejn (1987)do
imperialismo Inglês representado por JohnMaynard Keynes
(acessor
do
Ministroda
Fazenda) e dos emergentes EstadosUnidos da América
representado por
Hany
D.White
(técnicodo
departamentodo
tesouro nacional).Keynes
tinhaum
plano mais ambicioso e mais caro (25 bilhões de dólares), seu objetivo era estabilizar os balanços depagamentos
das economias européias, evitando assim a recessãoeconômica. Já
White
tinhaum
plano mais conservador e mais barato (5 bilhões de dólares) ecomo
objetivo queria firmar o poder financeiro NorteAmericano
e prestar assistência à18
reconstrução européia. Bretton
Woods
tevecomo
resultado a vitória deHarry
D. \Vhite,ou
melhor, dos Estados Unidos. '
Keynes
propõena
conferênciao abandono do
padrão-ouro, porque essemecanismo
excluía a participação de muitos paísesno
comércio internacional epropõe
aestabilização intemacional das
moedas
para equilibrar aseconomias
e evitar desigualdadespor
meio
de concorrências.A
influência deKeynes
na formaçãodo
Fundo
pode
serobservada nas funções
que
a organização pretendia exercer,como:
a estabilidade dos câmbios, os controles das taxas de juros, livre comércio e a expansaoeconômica
dos paísesatravés de investimentos
que
restaurem aseconomias
e seus respectivos balançosde
pagamentos. Pode-se observar ao longo da históriado
Fundo
que essas funçõesnão
resultam
no que
a organização prega, pois desde o início as políticasnão
se integraram.Na
verdade a grande questãoem
disputa era a definição eo
controledo
padrãomonetário, então o ouro
permaneceu
como
instrumentode
reserva internacional,mas
como
era escasso, foi estabelecidoque
asmoedas
nacionais (oficiais) passariam a ter firnçoes de meios depagamentos no
comércio intemacional desdeque pudessem
ser convertidasem
ouro e na-época
o
único país que poderia de fato aplicar esta regra era o E.U.A., possuíagrandes reservas de ouro, e tinha
um
forte e promissor comércio exterior.Segundo Baer
e Lichtensztejn (1987), o dólar passou a seruma
divisa chave emoeda
de reserva obrigatóriano
sistema financeiro mundial,formando
entãoo
conhecido padrão monetário ouro-dólar(que é
rompido no
ano de 1971). ›2.3.1
-
Funções
iniciaisdo
F.M.I.Quando
o
F.M.I. éformado
suas funções, segundoBaer
e Lichtensztejn (1987,37-38) são:
“- promover
a
cooperação monetária internacional através deuma
instituição permanente que proporcione
um
mecanismo de consulta ,e colaboraçãoem
matéria de problemas monetários;- facilitar a expansão e o crescimento equilibrado do comércio
internacional e
com
isso contribuir para promover e manter altos os níveis de ocupação e de rendimentos reais e para desenvolver os recursos produtivos de todos os paises associadoscomo
objetivos primordiais de_ política econômica;
-promover a estabilidade do câmbio, assegurar que as relações cambiais
entre os seus
membros
sejam ordenados e evitar as depreciaçõescom
fins
- ajudar a estabelecer
um
sistema multilateral de pagamentopara
asoperações
em
conta corrente efetuadas entre os países e eliminar asrestrições cambiais que dificultam 0 crescimento do comércio mundial;
- inspirar confiança aos países-membros ao colocar à sua disposição os
recursos do
Fundo
em
condições que os protejam, dando-lhes assim oportunidade de corrigir os desajustes de suas balanças de pagamentossem
recorrera
medidas que destruama
prosperidade nacional e internacional;- de acordo
com
o item anterior, reduzir a duração e a intensidade dodesequilíbrio das balanças de pagamentos nacionais ".
Apesar
dessas funções, os três pontos principais queo
Fundo
deveria assumir,eram
segundoBaer
e Lichtensztejn (1987, 38), “O
estabelecimento deum
padrão ouro- dólar, a aplicação deum
código de políticas emecanismos
de ajustes das balançasde
pagamento
e a criação deum
Fundo
Financeiro de apoio a esses processos de ajustes”.2.3.2
-
Campos
de
atividades, políticas financeiras (modalidades), serviços, fontesde
recursos e
tomadas
de
decisõesOs
campos
de atividadesdo
Fundo
monetário são basicamente trêssegundo
oF.M.I. (2000): supervisão, assistência financeira e assistência técnica.
O
primeiro éum
processo
onde o
Fundo
avalia as políticas cambiais dos paísesmembros,
éuma
forma da
organização supervisionar a situação
econômica
geral dosmembros,
bem como
suasrespectivas políticas econômicas.
O
Fundo
executa esta atividade através de: consultas anuais bilateraiscom
cada paísmembro
para verificar as perspectivaseconômicas
destes ecompará-las
com
as mundiais; acordos de caráter precatórios, supervisão reforçada esupervisão de programas, estes últimos oferecem para
o
paísmembro
um
segmento
diretopor parte
do
Fundo
quando não
se utiliza os recursos da instituição.O
segundocampo
éaAssistência Financeira, inclui crédito e empréstimos disponibilizados pelo
Fundo
aospaíses
membros
com
problemasno
balanço depagamentos
condicionados a políticasde
ajustes e reformas.O
terceirocampo
é a Assistência Técnicaque
é prestada por técnicosdo
F.M.I. aos países filiados_
em
diversas áreas: nas políticas fiscais e monetárias (elaboração ecolocação prática), desenvolvimento institucional das relações políticas
do Fundo
paracom
o país
membro
e trabalhandocom
outros organismos financeiros intemacionaiscom
ointuito de garantir esse último
campo
de assistência.`
As
modalidades para uso dos recursosdo
Fundo
segundo publicaçõesdo
F.M.I. (2000), são:20
A
-
Parcelasde Reservas
-
O
paísmembro
tem
uma
posição de parcelas de reservas atéo
ponto
em
que
sua cota supere ovolume
de suamoeda
em
poderdo
F.M.I., excluindo-se oscréditos a ele já concedido.
Quando
for necessário sacar para cobriro
balanço depagamentos pode
ser feito a qualquermomento.
B
-
Parcelade
Crédito-
São
linhas definanciamento
ordináriasque
são disponibilizadasaos
membros
em
parcelas de25%
da cota. Saques superiores a esse percentual sãoescalonadas de acordo
com
o desempenho do
país ajudado,ou
seja, se ele demonstraresforços
na
recuperação de seu balanço de pagamentos.C
-
AssistênciaEmergencial
-
Traduz-seem
saquesque atendam
necessidadesdo
balanço depagamentos
em
decorrência de catástrofes naturais repentinas e imprevisíveis eem
situações caracterizadascomo
pós-conflito.Pode
ser usada para compras,mas
o
paísmembro
deve estar colaborandocom
o Fundo; eD
-
Redução da
Divida
edo
Serviçoda
Dívida
-
É
uma
partede
um
crédito parao
paismembro
sob linhas definanciamento
ordináriapodendo
ser reservada para financiar operações de reduçãodo volume
principal da dívida edo
serviço da dívida.A
quantia édeterminada de acordo
com
cada caso e a disponibilidadedepende do andamento do
programa
de ajuste.Os
tipos de serviços / acordos concedidos pela instituição se dividemem
trêsagrupamentos: ordinários, concessionários e especiais. São] as famosas linhas de financiamento.
Os
serviços ordinários são:A
-
Acordos “Stand-by”
ou
Direitode Giro
~
Disponibilizados para oferecer assistênciade curto prazo ao balanço de
pagamentos
para déficits de natureza temporáriaou
cíclica,são acordos de 12 a 18 meses.
Os
saques são submetidos aum
escalonamento trimestral,com
sua liberalização condicionada aocumprimento
de metas dedesempenho
e àconclusão de revisões periódicas de programas.
As
recompras sedão
num
prazo de 3 anosa 5 anos,
ou
seja, sópodem
reutilizar esse serviço depoisdo
prazo determinado acima; eB
-
ServiçoAmpliado do
Fundo
(S.A.F.)-
Oferecidos pelo fundo para ajudarprogramas
demédio
prazo que geralmentedemandam
três anos, esse serviço destina-se à superaçãode dificuldades de balanço de
pagamentos
originadas por problemasmacro econômicos
eestruturais,
como
o anterior são estipuladas metas e sópodem
ser reutilizadas depois.dequatro anos a dez anos.
A
-
ServiçoReforçado de
Ajuste Estrutural (S.R.A.E.)-
Foi criadoem
1987,ampliado
e renovadoem
1994.Tem
por objetivo ajudar países-membros de baixa rendacom
problemas constantesno
balanço de pagamentos, os saquesdo
S.R.A.E. são empréstimos enão compras
demoedas
de outros países-membros.São
liberados para respaldarprogramas
de três anos eenvolvem
uma
taxa anual de juros de0,5%
com
período de carência de cinco anos emeio
eum
vencimento de dez anos.São
avaliadas metas trimestrais e critérios dedesempenho
semestrais. Atualmente estão habilitados para fazer uso deste serviço oitenta países de baixa renda.Os
serviços de financiamentos especiais são:B-
Serviçospara
Transformação
Sistemática (S.T.S.)-
Em
vigor de abrilde
1993 aabril de 1995, este serviço foi criado para proporcionar assistência financeira às
economias
em
transiçãoque
passassem por graves situações de continuidadeem
seus acordoscomerciais e de pagamentos.
A
reutilização deste serviço serianum
prazo de quatro a dezanos; -
C
- Serviçosde Financiamento
Compensatório
e Contingencial (S.F.C.C.)-
Oferece Assistência Financeira aosmembros
quepassam
por quedas temporárias de exportaçõesou
financiamento
compensatório para excessos de custoscom
importações de cereais,servem
também
para sanar dificuldades relacionadas a fatoresextemos
imprevistosque
podem
afetar os acordos efetuados
com
o
Fundo
Monetário.A
recompra
pode
ser feitanum
prazocompreendido
entre três a cinco anos;D
- Serviçode
Complementação
de Reserva
(S.C.R.)-
Fornece assistência financeirapara dificuldades excepcionais de balanço de
pagamentos
causadas poruma
grandenecessidade de
financiamento
a curto. prazo decorrentes deuma
perda de confiançado
mercado
(fuga de capitais).O
pagamento
ao fundopode
ser feito deum
ano aum
ano emeio podendo
ser prorrogado (mediante autorização dos diretoresdo
F.M.I.) paraum
prazo de dois a dois anos e meio;eE
-Linha
de
CréditoContingente
(L.C.C.)-
Tem
como
objetivo evitar a propagação deuma
crise, países nesta condiçãopodem
recorrertambém
ao S.C.R. Foi criado para países-membros
preocupadoscom
a vulnerabilidade de seumercado
em
decorrência deum
súbitocontágio
(uma onda
de incertezasque
se propaga entre países subdesenvolvidos). Será concedido financiamento de curto prazo, se necessário, para ajudar os países “contagiados” por essa perda de confiança nos mercados.As
necessidades sedao
por circunstânciasque
estão forado
controledo país-membro
e serão,em
geral, resultado de perturbações22
adversas nos
mercados
internacionais de capitais causadas peloque
ocorreem
outrospaíses.
Os
prazos derecompra
são osmesmos
da S.R.C. APara
que
o F.M.I. possa liberar os recursos / financiamentos, são determinadoscritérios
que
sãonormas
ecompromissos
políticos eeconômicos
assumidos pelotomador
de recursos, este último emite aoFundo
as famosas “cartas de intenção”,onde
estãopreviamente determinados:
o
período decumprimento
dos objetivos, os valoresque
serãoutilizados e as
mudanças
(políticas / econômicas) que serão executadas.Em
relação as fontes de recursos, as principaissegundo Baer
e Lichtensztejn(1987) são: `
- quotas dos países
membros
(nos primeiros 25 anos de existênciado
Fundo,25%
das quotas
eram
ouro e75%
em
moedas
dos países-membros);- empréstimos governamentais de países centrais e exportadores de petróleo; - empréstimos de instituições financeiras (privadas), e
-
venda
dos estoques de ouro (mais utilizadano
início da vida da organização).Atualmente
o
valor total das quotasdo
Fundo
são: 212.000 milhões de D.E.G. (Direito Especial de Giro)o que
representaum
valoraproximado
de 300.000 milhões dedólares, esse valor foi atingido por
um
aumento
de quotas de45%
feitoem
22
de janeiro de1995.
Um
D.E.G. equivale a 1.344 dólar aproximadamente.Q
O
Fundo
Monetáriotem
atualmente 182 países-membros que escolhem enomeiam
representantes para os diversos cargos da organização.As
principais decisões sãodeterminadas por
um
conjunto demembros, que
são:-
uma
junta de governadores,onde
cada paísmembros tem
um
governador (geralmente éo ministro da
economia/ finanças ou
o presidentedo
Banco
Central);- por diretores executivos, os cinco países
com
maiornúmero
de quotas (Alemanha,EUA,
França, Grã-Bretanha e Japão)possuem
cadaum
o seu diretor executivo eexistem mais dezesseis diretores
que
representam os demaismembros, além
deste elenco existeum
diretor geral quetem
mais poder que todos os demais (Horst Köhler).Os
diretores sereúnem
constantemente para resolver diversos assuntos da instituição;- pelo staff técnico,
ou
seja,um
corpo técnico divididoem
quatro setores:0 departamento por área/regional
que
elabora eacompanha
a política básicado
fundo,0 departamentos funcionais e de serviços especiais, trabalha
com
a parte de pesquisa,câmbio
e relações comerciais,0 departamento de serviço de apoio.
Além
desse elenco existem dois comitês: interino e provisional, criadosem
1975
com
o
objetivo de projetar e propor reformasno
sistema monetário internacional,fiuncionam
como uma
assessoria. Outra importante fonte de decisõesdo
Fundo
são os grupos formados por instituições financeiras,como
o
G7
(Grupo
dos sete países mais industrializados) e oG1
(Estados Unidos)que
possuem
grande poder monetário econseqüentemente político.
A
organizaçãotem
2.700 funcionários distribuídosem
110 países.O
poder de voto é bastante concentrado, os paisescom
maiornúmero
de quotassão os mais poderosos. Para que não
ocorram
“injustiças” na distribuição das quotas, a cada cinco anos elas são revisadas(mas
podem
ser feitas revisões extrasquando
forconstatado
uma
desatualização), desdeo
iníciodo
F.M.I. foram realizadas 11 revisões em:1951, 1956, 1959, 1970, 1976, 1978, 1982, 1987,
1992
e 1997).Os
E.U.A. desde acomposição do
Fundo
possuem
grandenúmero
de quotas,sofreram oscilações,
mas
ainda são muitas. Independente disso, ele possuium
poderexcepcional de voto nas decisões, porque recebe apoio de muitos outros países.
O
controledos Estados
Unidos
sobre esta instituição até hoje é muito grande,o
cargo de diretorsempre
foiocupado
porum
Europeu
(escolhido pelosmembros -
com
aval dos E.U.A.) eavice direção por
um
Americano.O
último diretor foinomeado
em
1°. demaio
de 2000.Senhor
Horst Köhler, Polonês,mas
cidadãoAlemão.
Antes deleo
Fundo
teve outros sete diretores:Fueron
Camille Gutt (Bélgica, 1946-51), IvanRooth
(Suécia, 1951-56), Per Jacobsson (Suécia, 1956-63), Pierre-Paul Schweitzer (França, 1963-73), H. Johannes Witteveen (Países Baixos, 1973-78), Jacques de Larosiére (França, 1978-87) e MichelCondessus
( 1987-00) que saiuem
14 de fevereiro de 2000.Apesar
de seruma
forte e importante organização,o
F.M.I. segundo muitosautores, deverá sofrer
mudanças
pois as finalidades para qual ele foi criado não se realizamCAPÍTULO
3
EVOLUÇÃO DO
FUNDO MONETÁRIO
Este capítulo
tem
por objetivo apontar as transformações que ocorreramno
Fundo
Monetário, desde sua atuação naAmérica
Latina nos anos80
até Omomento
decrise nos anos 90.
3.1
-
Comportamento
teórico
da
instituição
Nos
postulados que constituem OFundo
há
uma
perspectiva teórica: livrecirculação de mercadorias e de capitais entre os países.. Essa perspectiva
ganha
força nadécada de cinqüenta,
quando O
F.M.I. ajuda países subdesenvolvidos através deprogramas
de estabilização. Esses programasseguem
uma
posição monetarista, paraO
Fundo
O
problema do
balanço depagamentos
e da inflação são decorrentes deum
excesso dedemanda
que
por sua vez é resultado de políticas cambiais, monetária~creditícia, fiscais esalariais indevidas, esse ponto de vista opõe-se ao pressuposto reformista
da
Cepal(comissão de estudos para a
América
Latina), que apontacomo
causa desses desequilíbrios(inflação e déficit
no
balanço de pagamentos), a estrutura produtiva carentecom
necessidade de reformas.Até
a década de oitenta, os diagnósticos e receitasdo
Fundo
eram
ortodoxospois não
mudaram
desde a formação da organização e conseqüentemente se tornaramdefasados. Para amenizar essa
defasagem surgem
elementosnovos no modelo
Fundomonetarista:
H
-
O
F.M.I.abandona O
princípio das paridadesfixas O que
alteraum
dos postulados deBretton
Woods;'e
E
-
- Introduz
no
enfoque monetário a necessidade de ajuste estrutural para adequar ospaíses assistidos ao
mercado
internacional aberto.Segundo Baer
e Lichtensztejn (1987, 71-72),“A trajetória seguida pelo pensamento e estratégias do
FMI
se dáem
I
-
os principios mais gerais que se desprendem desde sua constituiçãoorgânica
em
BrettonWoods
e que impregnam todas as suas posiçõesacerca
da
economia internacional e desequilíbrios externos dos paises;2
-
quando defendem que a estabilidade se dá vencendo a inflação, o déficit no balanço de pagamentos e através de soluções de problemas de âmbito nacional e quantitativos de politicas econômicas de curto prazo;3
- Por fim,
a adaptaçãoa
partir dos anos setenta de seu modeloconvencional de estabilização, onde há
uma
visão internacional, qualitativa e de longo prazo nas políticas de ajustesA
abordagem
monetária é usada pelo F.M.I.na
políticaeconômica
de paísescom
problemasno
balanço de pagamentos. Essaabordagem
surgiuna
décadade
50,mas
foi popularizada
somente
uma
década depois.A
essência deste enfoque é derivadade
algumas
identidades básicasda
contabilidade nacional: _1
~
O
dispêndio agregado dos moradoresde
um
paíspode
ser vistona
equaçãoabaixo:
`
DA
=
C
+
I+
G
Onde: _
DA
=
dispêndio agregado (demanda)C
=
consumo
I
=
investimentosG
=
gastosdo
govemo
2
-
Parte dademanda
agregada é usadaem
consumo
de produtos internos eo
restanteem
bens e serviços importados:DN=DA-M=C+I+G-M
Onde:DN
=
demanda
nacionalM
=
importações3
-
Porém,
como
ocorrem
importações,acontecem
exportações de bens eserviços
o que
representam dispêndios de não-residentesno
país.A
soma
dos dispêndiosem
produto nacional dos residentescom
os dosnão
residentes resultano
P.N.B.:PNB=DN+X-C+I+G+
(X-M)-DA+(X-M)
Onde:
X
=
exportações26
'
4
-
A
soma
do
dispêndio agregadocom
as exportações líquidasde
bens eserviços (saldo
em
conta correntedo
balanço de pagamentos)define
o produto nacionalbruto.
i
PNB
-
DA
=
X
-
M
De
acordocom
essa última fórmula pode-se concluirque
a ocorrência dedéficit na conta de transação corrente
do
balanço depagamentos
surgecom
a existência de excesso dedemanda
agregadaem
relação ao produto nacional bruto. Esse déficitpode
serfinanciado através de investimentos estrangeiros
no
país, pela elevação da dívida externaou da
redução das reservas intemacionais,mas
somente quando
ocorre reduçãopermanente
das reservas intemacionais e' que surge os problemas
no
balanço depagamentos
(casotípico de países
em
desenvolvimento,como
o Brasil).5
-
Um
paísque
financia seu déficitem
conta correnteno
balanço depagamentos
através das reservas intemacionais,tem
esta característica:X
-
M
=
ARI
Onde:ARI
=
variação das reservas internacionais6
-
Juntando-se a fórmula 3com
a 5 chegam-se:ARI=(S-l)+(T-G)
Onde: I=
investimentos S=
poupança
privadaT
=
receitado
govemo
G
=
gastosdo
govemo
Então, ao reduzirem-se as reservas intemacionais constata-se
que
o
setorprivado investiu mais
do que
poupou,ou
ogovemo
gastou maisdo que
arrecadou,ou
ainda
ambos
os casos.Segundo
Ferreira da Silva e Horta (1984, 27):A
redução' das reservas internacionais, corresponde idêntica redução, apenas queem
moeda
nacional, da base monetária: asoperações
com
divisas geram operaçõesem
moedas nacional entre oBanco Central e os residentes no país. Essa contração da base monetária
(conjunto das moedas
em
circulação no país mais depósitosà
vista) elevaas taxas de juros, desistimulando investimentos e consumo privado, logo,
reduzindo o dispêndio agregado, até reequilibrar 0 balanço de
Assim, sempre que surgisse
um
déficit de balanço de pagamentos, devidoa qualquer choque externo (elevação dos preços do petróleo ou das taxas internacionais de juros,
por
exemplo) ou interno (umamá
safra agrícolaque reduzisse as exportações ou exigisse maiores importações,
por
exemplo), desencadear-se-iaum
mecanismo de ajuste automatico que, viado dispêndio agregado, reestabeleceria o equilíbrio do balanço de pagamento.
Se esse ajuste automatico não ocorreu e o desequilíbrio externo deixou de ser apenas
um
fenômeno temporário, adquirindo características dedesajuste permanente, significa que o governo compensou
a
reduçãoda
base monetária gerada pela queda das reservas internacionais
com
elevação do crédito doméstico, fazendocom
que a base monetáriaretornasse aos seus níveis iniciais ”.
Qualquer
programa
de estabilização orientado pelo F.M.I. é recessivo aoenfatizar a redução
do
dispêndio agregadocomo
amedida
chave para o ajuste.Segundo o
F.M.I., quatro frentesdevem
ser atacadas para queuma
economia
possa ser estabilizadano
curto prazo:Esfera
cambial-
o câmbio
não deve ser sobrevalorizado para não ocorrer especulação financeira (variam as divisas) e paranão
aumentardemasiadamente
as importações (oque
limita o crescimento das exportações).O
Fundo
propunha
a unificaçãodo
sistemade
câmbios
e eliminação debarreiras que afetam o sistema multilateral de pagamentos. Esferamonetária
- creditícia~
o
estado deve ampliaro
crédito para corrigir os seusdesequilíbrios e a política creditícia estimula
um
grande endividamento privado(inflação decorrente de excesso de
demanda)
utilizando taxas de juros diferentes. ParaÓ
F.M.I. deve haver tetosou níveismáximos
para a expansãodo
crédito, especialmente para o setor público.Esfera fiscal
-
o fundo questiona o crescimento inadequado dos gastos públicos e dasreceitas públicas, essa desproporção faz aumentar
o
crédito e amassa
monetária.Segundo
ele, os fatores que mais afetam o livre funcionamento dosmercados
de bens eserviços públicos são os que atrapalham
o
orçamento fiscal.Por
isso,o
Fundo
recomenda
um
déficit fiscalque
não ultrapasse2%
a3%
do
PIB.Esfera salarial
-
parao
F.M.I.o aumento
desajustado dos salários provocaaumento
desordenado da demanda. Para
não
ocorrer esse desajuste deveria-se tomarcomo
basea
meta
futura da inflação (nível de preços) enão
os indices precedentesou
então defasar os saláriosconforme
uma
indexação plena relativa à evolução dos preços.Em
suma, parao
Fundo
o
equilíbriono
balanço depagamentos
e a inflaçãocontrolada são vitais para assegurar