UNIVERSIDADE
FEDERAL
DE
sANTA CATARINA
CENTRO
DE
CIÊNCIAS
HUMANAS
DEPARTAMENTO
DE GEOCIÊNCIAS
CURsO
DE
Pós-GRADUAÇÃO
EM
GEOGRAFIA
AGRICULTURA
FAMILIAR
E
A
QUESTÃO DA
sUsTENTADILIDADEz
O
EXEMPLO
DA
PRODUÇÃO AGROECOLÓGICA No
MUNICÍPIO
DE
PRAIA
GRANDE
(sc)
«Josane
Moreira de Costa
Orientadora: Prof. Dra.
Walquíria
Krüger
Corrêa
Dissertação
de
Mestrado
elaborada juntoao
Curso
de
Pós-Graduação
em
Geografia.Área
de Concentração:
Utilização eConservação
de Recursos
NaturaisRenováveis
Criciúma
-
SC
2000
Ao
final deuma
tese, sempretemos
várias pessoas à agradecer,que
deuma
forma
ou
de outra, nos auxiliaram para
que
ela pudesse se concretizar.A
estas pessoas e outras que porventura tenha esquecido de mencionar, osmeus
mais sinceros agradecimentos.À
Secretaria deEducação
e Desportosdo
Estado de Santa Catarina, pela licençaconcedida' para fazer o Mestrado,
sem
o
afastamento das salas de aula, seria praticamente impossível concluir este trabalho.À
Prof
Maria
Dolores Buss,que
orientou o primeiro anodo
curso, direcionou porvárias vezes o
caminho
a ser seguido e auxiliou a vencer a difícil barreirada
insegurança pessoal presenteno
iníciodo
trabalho.Aos
extencionistasda
EPAGRI
de
Praia Grande,Maria
Bernadete Perius e RogérioDal
Pont, assimcomo
a Sflvio (maridode
Bemadete), pelas informações eo tempo
dedicadosàs entrevistas.
Aos
agricultores de Praia Grande, que cordialmente nos acolheram, dispondo de seutempo
e dedicação para as entrevistas.Ao
prefeito de Praia Grande,que
gentilmente nos recebeu para a entrevista.Aos
colegasdo
curso deMestrado
em
Geografia que
deuma
forma
ou
de outra,foram
importantes nesta
caminhada onde
dividem-se conhecimentos, solidariedade e força, nosmomentos
dedesânimo que sempre
acompanham
um
trabalho desta natureza.À
Maria
Zélia, colega de trabalho e conselheira nas dificuldades diárias, eque deu
aIII
À
Amélia,minha
secretária nos afazeres domésticos e nos cuidadoscom
o
meu
filho,sem
este auxílio e dedicação nas tarefas eharmonia
do
lar, seria impossível conciliar estas atividadescom
o
trabalho acadêmico.À
Prof' WalquíriaKrüger
Corrêa, orientadorano
último ano. Ela muitome
ensinou não só nas leituras e nas discussõesdo
texto elaborado,mas
também
a ter a paciencia necessária para concluirum
trabalhoque
muitas vezes parece interminável.À
minha
irmã Janine, companheiraem
quase todos osmomentos
desta caminhada,no
material bibliográfico,no
apoio moral muitas vezes necessário, nas idas à Praia Grande, nas discussõesdo
trabalho e servindo muitas vezes de “babá” demeu
filho nosmomentos
em
que
não
pude
estarcom
ele para trabalharna
dissertação.Aos meus
pais Janet e Arildo, que sempre estiveram presentes,mesmo
à distânciadurante este trabalho. Obrigada por tudo que
me
ensinastes ao longoda
vida eque
me
possibilitaram ser a pessoa de hoje e poder realizar este trabalho. Obrigada
também
pelo apoio moral, principalmente nosmomentos
de crise.Ao
meu
marido Antônio e aomeu
filho Henrique, estes dois anos de trabalhosignificaram muitos
momentos
de ausência, principalmenteem
relação à Henriqueque
tem
apenas 3 anos,
mas
o
amor
e carinho deambos
demonstraram que o
esforço vale à pena.À
Antônio
um
agradecimento especial por segurar todas as “barras” durante este período, sendo companheiro nas idas à Praia Grande, nas discussões técnicas sobre agricultura, nos afazeresPraia
Grande
(SC)".
2Josane
Moreira
de
Costa
Dissertação
submetida ao Curso de
Mestrado
em
Geografia,
área de concentração
em
Utilização
eConservação de Recursos
Naturais,
do
Departamento de
Geociências
do
Centro
de
Filosofia
eCiências
Humanas
da
Universidade
Federal de
Santa
Catarina,
em
cumprimento aos
requisitos
necessários
à
obtenção
do
grau
acadêmico de Mestre
em
Geografia.
irei
Prof.
Dr
uiz
F
emando
Sclštg
Coordenador do
Proama
dePós-Graduação
em
GeografiaAPROVADA
PELA
COMISSÃO
EXAMINADORA
EM:
20/10/2000*l£;§›Êiw{`
WA
Dra
WalqüíriaKrüger
Corrêa (Presidente-Orientadora-UFSC)§//izzri
tá
Dr
ClécioAzevedo da
Silva(Membro-UFSC)
M
Sc.Maria
DoloresBuss
(Membro-UFSC)
SUMÁRIO
AGRADECIMENTOS
... ..IISUMÁRIO
... ..IvLISTA
DE
FIGURAS
... ..vILISTA
DE TABELAS
... ..vIIRESUMO
....IX
ABSTRACT
... ..xINTRODUÇÃO
... .. 1Capítulo
1:AGRICULTURA
FAMILIAR
E
AGROECOLOGIA
-
ALGUMAS
"
CONSIDERAÇÕES
... ..5 1.l.A
agriculturae
O
desenvolvimento
sustentável ... ..5 1.2.A
modernização
tecnológica
da
agriculturano
Brasil ... ..10
1.3.
A
agroecologia
na produção
familiare
O
papel
das
ONGS
... ..13 -»>Capítulo
2:MUNICÍPIO
DE
PRAIA
GRANDE: ASPECTOS
GEOGRÁFICOS
E
TRANSFORMAÇÕES
SÓCIO-ESPACIAIS
... ... ..222.1.
Os
aspectos
geográficos:
uma
breve
caracterização
... ..222.2.
As
mudanças
na
economia
locale
a mobilidade
espacialda
população...252.3.
A
modemização
da
agriculturae as
transformações
no
espaço
agrário .... ..272.3.1.
A
estrutura fundiária ... ..272.3.3.
Indicadores tecnológicos
da modernização
agrícola
... ..30Capítulo
3:O PRODUTOR
FAMILIAR
EM
PRAIA
GRANDE
E
A
BUSCA
'DE
UM
MODELO
ALTERNATIVO
DE
PRODUÇÃO
_A
AGROECOLOGIA
... ..343.1.
O
porque
da
mudança
e
a formação
da
ACEVAM
... ..343.2.
Perfil sócio-econômico
do
produtor
... ..443.3.
A
significado
da
agroecologia
... ..46‹ ~ ~ ~
Capítulo
4:AGROECOLOGIA:
ORGANIZAÇAO
DA
PRODUÇAO
FAMI-
LIAR
E
OS
LIMITES
AO
DESENVOLVIMENTO
SUSTENTÁ-
VEL
EM
PRAIA
GRANDE
... .._51 4.1.A
agroecologia e a
organizáção
do
espaço
... ..5l 4.2.O
trabalho
familiar ... .z..554.3.
As
práticasagroecológicas
e`omeio
ambiente
... ..574.3.1.
As
práticaspara
preservar
o
solo..`. ... .., ... .._....57/
4.3.2.As
práticaspara
controlar aspragas
... .I.62 4.4.O
produtor
agroecológico
e as
políticaspúblicas
... ..634.5.
A
comercialização
da produção
agroecológica
... ..65CONSIDERAÇÕES
FINAIS
... ..72REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
... ..75LISTA
DE
FIGURAS
FIGURA
1LocALIzAÇÃo GEOGRÁFICA
Do
MUNICÍPIO
DE
PRAIA
GRANDE
... ..23~ ~
FIGURA
2
LOCALIZAÇAO
E IDENTIFICAÇAO
DAS
PROPRIEDADES
FAMILIARES
AGROECOLÓGICAS
NO
MUNICÍPIO
DE
PRAIA
GRANDE
... ..4OLISTA
DE
TABELAS
TABELA
1COMPARAÇÃO
ENTRE
As
TÉCNICAS
DA
REVOLUÇÃO
VERDE
E
DA
AGROECOLOGIA
... ..1óTABELA
2
EVOLUÇÃO
DA
POPULAÇÃO RURAL
E
URBANA
EM
PRAIA
GRANDE
... ..2óTABELA
3
PRAIA
GRANDEz
EVOLUÇÃO
DA
POPULAÇÃO
ECONOMI-
CAMENTE
ATIVA
... ..2óTABELA
4
DISTRIBUIÇÃO
DO
NUMERO
E
ÁREA
DOS
ESTABELECI-
MENTOS
RURAIS
POR
CATEGORIAS
DIMENSIONAIS
(%)
-
PRAIA
GRANDE;
1970
-
1995/9ó
... ..2sTABELA
5PRAIA
GRANDE:
CONDIÇÃO
DO
PRODUTOR RURAL
(%)
SEGUNDO
A
PROPRIEDADE
DA
TERRA:
1970
-
1995
... ..29~
TABELA
6
PRAIA
GRANDE: UTILIZAÇAO
DAS
TERRAS
(%)
1970
-
1995
... ..30TABELA
7
PRINCIPAIS
INDICADORES
DA
MODERNIZAÇÃO
TECNOÂ
LÓGICA
NA
AGRICULTURA
DO
MUNICÍPIO
DE
PRAIA
VIII
TABELA
8
RENDA MENSAL
DOS
PRODUTORES AGROECOLÓGICOS
DE
PRAIA
GRANDE
-
1999
... ._TABELA
9
PRAIA
GRANDE:
PRINCIPAIS
CULTIVOS
AGROECOLÓ-
GICOS
... ..45
RESUMO
Nos
últimos20
anos acentuou-se a preocupaçãocom
a preservaçãodo meio
ambientee
com
a qualidade de vidano
planeta. Desta preocupação surgiuo
conceito de desenvolvimento sustentável; apesar das imprecisões, tal conceito expressa a idéia deque
ocrescimento
econômico
deve atender as necessidades presentes e futurasda
populaçãosem
causar danos para o ambiente e para a sociedade.A
agricultura incorporouo
termosustentável.
A
agricultura familiar imersanuma
crise sócio-econômica e ambiental decorrenteda
modemização
tecnológica,tomou-se
alvodo
desenvolvimento sustentável e a agroecologia surgiucomo
principal alternativa,com
adeptosem
vários locaisno
território brasileiro.No
município de Praia Grande, localizado
no
extremo sul de Santa Catarina, encontra-se aACEVAM
(Associação dos Colonos Ecologistasdo
Valedo
Mampituba) que
desenvolveum
trabalho agroecológico
com
o apoio dos extensionistasda
EPAGRI.
Esta pesquisa tevecomo
objetivo analisar a organizaçãoda
agricultura familiarno
município de Praia Grande,focalizando
em
especial a agroecologiacomo
modelo
altemativo de produção, associando aoconceito de desenvolvimento sustentável.
As
infomiações sobreo
trabalho agroecológico etambém
sobre a situação social eeconômica
dos integrantesdo
Grupo,foram
obtidas atravésde entrevistas individuais
com
os produtores agroecológicos ecom
os técnicosda
EPAGRI,
que
participam deste trabalho. Constatou-seque
um
número
reduzido de produtores adotou aagroecologia e entre eles se
formou
a consciência da importância de preservar os recursosnaturais.
Das
técnicas e procedimentos utilizadosnem
todos são condizentescom
ospressupostos
da
agroecologia.Além
disso, os produtores familiares associadosda
ACEVAM
estão enfrentando sérios problemas
com
relação a organizaçãoda
produção ecom
o mercado:falta planejamento e organização.
A
produção agroecológica não é sustentávelno
plano econômico, cultural, ambiental e social,o que
poderácomprometer o
filturo e amanutenção
da
associação. Nesta perspectiva, o Estado e asONGs
devem
se envolver mais,ou
seja,acompanhar, orientar e apoiar
com
diversosmecanismos
as iniciativas e asdemandas
locaispara
que
o desenvolvimento sustentável (desejável) possa ser alcançado.Caso
contrário, aX
ABSTRACT
In the late twenty years, researches emphasize the
concem
with environmentpreservation
and
with life quality in the planet.From
this concern, the conceptof
sustaineddevelopment appears, in spite
of
imprecisions, such concept declares the ideafrom
that theeconomical development
must
attend the presentand
the future necessitiesof
people withoutcause
damage
to the enviromnentand
to the society (community). Agriculture incorporatesthe expressions sustained.
Domestic
agriculture inna
enviromnentaland
scial-economic crisis that resultfrom
the technology development, itbecame
the targetof
the sustaineddevelopment and the agroecology appears as the
main
alternative, with adepts around theBrazylian tenitory (country). In Praia
Grande
town, in the Southof
Santa Catarina, hasACEVAM
(The Ecologycal Settlers Associationfrom Mampituba°s
Valley) that developsna
agriecologycalwork
with helpof
theEPAGRI”s
technicians.The
objectof
this research istoanalyze the organization
of
the domestic agriculture in PraiaGrande
town, to focus in special the agriecology asan
altemativemodel of
production, associating to the conceptof
sustaineddevelopment.
The
informations about the agriecologywork
and
also about the socialand
economic
situationof
the group°s integrants,were
obtainedthrow
individual interviews withthe agriecologycal producers ande with
EPAGRI°s
teclmicians,who
take part in this work.We
testified that afew
groupof
agriecologycal adopts the agriecology andamong
them
emerges
the conscientiousness the importance to preserve the natural resources.From
the technicsand
proceeding used not all are suitable with the presupposedof
agriecology. Moreover, the associated domestic producersof
ACEVAM
are facing serious problemsregarding to the organization
of
the productionand
to the market: shortness plamiing andorganization.
The
agriecologycal production is not supported in the economic, cultural, socialenviromnental plan, and it
may
implicate the future and the maintenanceof
the association. In thisway,
the Stateof
Santa Catarinaand
theONGS
muste
bemore
envolved, in other words,to attend, to guide
and
to support with several devices the initiativeand
the discussionof
thesetllers in order to the sustained development can be reached. If not, the social exclusion will continue.
if
l
Nas
últimas décadas, a sociedade mundial,em
graus diversos,começou
a sepreocupar
com
o desenvolvimento sustentável. Esta questãoganhou
forçaquando
sefirmou
aconsciência
que
o nível de poluição e degradação ambiental eraprovocado
pelas atividadeseconômicas desenvolvidas pelo
homem.
A
partir daí os estudiososcomeçaram
a discutir várias formas de desenvolvimentosustentável associando indicadores econômicos, ambiental, social (saúde e educação) e
como
alcançá-lo
em
diversas atividades.Como
a atividade agrícola está intimamente relacionadacom
omeio
ambiente, os efeitos negativosda
agricultura sobre este se tornaramcomuns
e osetor agropecuário,
também
incorporou o termo sustentável. Entende-se por agricultura sustentávelum
conjunto de técnicas produtivas consideradas “naturais”,ou
seja, queprejudique o
menos
possível o ambiente para que este possa se reciclar e as gerações futurastambém
possam
utilizá-lo.Dentro
do que
se esperada
agricultura sustentável pode-se incluir as técnicasagroecológicas.
A
agroecologia consisteem
produzir através demétodos
tradicionais,sem
autilização de produtos químicos e
sem
que ocorrauma
intensa mecanização, cujas práticasagridem diretamente a natiueza.
A
Nesta pesquisa
procuramos
focalizar as práticas agroecológicas associadas ao desenvolvimento sustentável.Estudar este assunto toma-se importante e oportuno
em
vista das preocupaçõesem
tomo
da
preservação ambiental.O
progresso e a tecnologia incutiuno
homem
a idéia deque
o mais
importante éo
“lucro financeiro”, independente dequem
ou
o que será prejudicado, neste sentido, várias atividades antrópicas passaram a agredir a natureza.É
importantelembrar que o ser
humano
depende direta e indiretamenteda
natureza para viver, incluindo aalimentação e moradia.
Se
a natureza não for preservada, as próximas gerações estarãocondenadas a enfrentar problemas vitais e
sem
soluçõesem
face das alterações ambientaisno
planeta.
Para contornar o problema,
tem
sido procurado formas alternativas de atividadesque
visem o
desenvolvimentoeconômico
e que, aomesmo
tempo, nãodestmam
o
ambiente.É
importante conhecer e entendercomo
sedesenvolvem
as atividades alternativas(como
éo
casoda
agroecologia)bem
como
os limitesque
impedem
o fortalecimentoda
agricultura familiar eda
agroecologiaem
particular.Na
questão alimentar e ambiental, a agroecologia2
talvez represente
uma
alternativa substitutivada
agricultura convencional(também
conhecidacomo
agricultura química)promovendo a
sustentabilidade.As
práticas agroecológicas,além
de não utilizar
insumos
químicos, expressamuma
maneira diferente de ver a vida.É
importante lembrarque
as práticas agroecológicas não garantem, necessariamente,o
desenvolvimento sustentável de
quem
a exerce. Tal desenvolvimento inclui vários indicadores: financeiro,o
ambiental, saúde, educação e lazer os quais ainda enfrentam muitasrestrições para se concretizar.
A
escolhado
município de PraiaGrande
como
área de investigação empírica, ocorreu após conhecer os produtores ecológicosem
feiras realizadasno
município de Criciúma.A
forma
como
eles se identificavamcom
a atividade, apesar das dificuldadesque
enfrentavam, despertou nossa atenção.A
curiosidade de conhecer este trabalho nos guiou e' osquestionamentos
começaram
a surgir:O
que os levou a optar pela agroecologia?Como
se iniciou este trabalho?Como
a agroecologia é explorada pelos produtores e quais os reflexosna
organização sócio-espacial?Qual
éo
significadoda
agroecologia? Quais as práticas e oslimites?
A
agroecologia desenvolvidaem
PraiaGrande pode
ser consideradauma
atividade sustentável?Toma-se
importante estudar a agroecologia por seruma
temáticanova
eque
exigeuma
mudança
de pensamento
e de atitude. PraiaGrande
éum
municípioonde
aeconomia
épredominantemente agricola e
onde o
processo de modernização, assimcomo também
ocorreuem
outros municípios, trouxecomo
conseqüência a exclusão social eeconômica
para os agricultores familiaresque
não tinham condições financeiras para participar deste processo. Estas famíliasque
persistiramna
agricultura tiveramque
procuraruma
maneira alternativaadotando a agroecologia. Por ser Praia
Grande
um
municípiopequeno
consideramosimportante estudar
como
se desenvolve o seu trabalho agroecológico, e a influência destena
comunidade.
Embora
existam muitos latifundiáriosno
Brasil, a diversidade de produção mercantil é garantida pelos produtores familiares, destacando-se particularmente Santa Catarina,onde
aagricultura familiar é predominante.
A
Após
um
longo período de descrédito, nas últimas décadas a agricultura familiarpassou a ser considerada
como
uma
atividade importante para aeconomia do
país.Também
,éimportante lembrar
que
a agroecologia requer a utilização de técnicas tradicionaisem
substituição aosinsumos
químicos, cujas práticas gerahnenteforam
utilizadas por familiaresmais antigos e são conhecimentos transmitidos através das gerações.
Daí
a importância demenores, tornam-se mais condizentes
com
a realidadedo
produtor familiar e aconscientização é mais fácil de ser conseguida, a princípio por
um
número
menor
de pessoas.A
preocupação central deste trabalho é analisar a organizaçãoda
agricultura familiarno
município de Praia Grande, focalizandoem
especial a agroecologiacomo
modelo
altemativo de produção, associando ao conceito de desenvolvimento sustentável. Este objetivo geral foi desdobradoem
específicos taiscomo:
mostrar as transfonnações sócio- espaciais ocorridasno
município de PraiaGrande
nas últimas décadas; identificar os fatoresque
levaram os agricultores familiares a buscarna
agroecologiauma
alternativa de produção,associando
com
a realidade nacional; resgatar o processo de constituiçãoda
ACEVAM(Associação
dosColonos
Ecologistasdo
Valedo Mampituba);
elaborarum
perfil sócio-econômicodo
produtor; mostraro
significadoda nova
altemativa; analisar aorganização
da
produção agroecológica e os limites ao desenvolvimento sustentável.Para responder os questionamentos e alcançar os objetivos propostos, adotou-se os
seguintes procedimentos metodológicos: primeiramente foi efetuado levantamento
bibliográfico pertinente ao
tema
(agroecologia e desenvolvimento sustentável) e a área depesquisa.
Nesta
mesma
etapaforam
coletadas informações secundáriasno
IBGE,
Censos
Demográficos
( 1970/1991) e Agropecuários ( 1970/1996), Anuário Estatístico (1995), SínteseAnual da
Agricultura de Santa Catarina (1997),PIDSE -
Programa
Integrado de Desenvolvimento Sócio-Econômico (1990) de Praia Grande. Estas fontesfomeceram
dados
sobre: evolução
da
população rural e urbana, evoluçãoda
populaçãoeconomicamente
ativa, estrutura fundiária, condiçãodo
produtor, usoda
terra e indicadoresde
modernizaçãotecnológica
na
agricultura. `A
segunda fase consistiuno
trabalho decampo
para colher informações sobre aatividade agroecológica
no
município de Praia Grande. Nesta etapa foram realizadas entrevistascom
os produtores agroecológicos ecom
os técnicosda
EPAGRI
que
os assessoram àquelas práticas, as quaisforam
gravadas e posteriormente transcritas.As
entrevistascom
os técnicosda
EPAGRI,
Maria
Bemadete
Perius e RogérioDal
Pont
foram
feitasem
duas etapas: a primeira foiem
outubro de 1999 para obter informaçõessobre a formação
do
grupo eda
ACEVAM
e qual foio
trabalho desenvolvido pelo grupo desdeo
seu início;a
segunda etapa foiem
julho de2000
para esclarecer dúvidasque
surgiramno
decorrerda
redaçãodo
trabalho.Das
oito farníliasque
trabalhamcom
agroecologiano
município, seteforam
entrevistadas individuahnenteno
período de janeiro e fevereiro de 2000.As
pergimtassemi-\ \
4
estruturadas versaram sobre: a)
o
porqueda
mudança
para a agroecologia; b) o processoda
constituiçãoda
ACEVAM
(Associação dos Colonos Ecologistasdo
Valedo
Mampituba); c)o
perfil
do
produtor; d) o significadoda
agroecologia; d) organização sócio-espacial; e) técnicasempregadas; Í) comercialização da produção.
O
trabalho foi dividoem
quatro capítulos.O
primeiro apresentaum
panorama
teóricoconceitual sobre agricultura familiar e agroecologia, relacionando desenvolvimento
sustentável aos efeitos
da
modernização tecnológica na produção familiar.O
segundo mostra as transformações sócio-espaciaisno
município de Praia Grande.Ressalta os fatores naturais, base para o desenvolvimento das atividades econômicas, a mobilidade espacial
da
população provocada pelasmudanças da economia
nacionalque
serefletiram
no
local. Neste contexto insere-se as transformaçõesque
se processaramno
espaçoagrário analisando a estrutura ftmdiária, o uso
da
terra e os indicadoresda
modemização
tecnológicana
agricultura.O
terceiro analisa os motivosque
levaramuma
parcela dos agricultores familiaresda
PraiaGrande
a se inserirna
agroecologia.Mostra
também
o
processo históricoda
constituiçãoda
ACEVAM,
o
perfil sócio-econômico dos associados e o significadoda
agroecologia.O
quarto capítulo retrata e analisa a organização espacialda
produção agroecológica.Explicita as técnicas usadas para proteger
o meio
ambiente e combater as pragas,comparando
com
oque
se espera deuma
produção ecológica.Também
focaliza adimensão do
apoio público aosegmento
e as dificuldadesda
comercialização.1.1.
A
agricultura eo
desenvolvimento sustentávelNas
últimas décadas a relaçãohomem/meio
ambiente setomou
alvo de preocupação mundial e istotem
dado origem
a debates, discussões e pesquisas.A
relaçãodo
homem com
o meio
ambiente é considerada crítica porDREW
(1994:3-4), “na
medida
em
que
asmudanças
por
ele realizadas talvez se tornem irreversíveis, senão
trouxerem consigo imprevisíveis alterações de
fundo Segundo Drew,
a atividade agrícolacausa grande impacto
no
ambiente, pois quanto mais complexas setornam
as formas dedesenvolver a agricultura, maior serão as alterações nos ecossistemas.
O
uso de agrotóxicosna
agricultura familiar reduzo
trabalho e éuma
maneiracômoda
que
o agricultor encontra para se ver livre das pragas e obteruma
produtividade maior.Como
o
principal objetivo é a produção, pois disso depende a sua subsistência, a visão dos danos causados aomeio
ambiente pelos agrotóxicos não ébem
nítidaou
é relegada a segundo plano.MARGULIS
(1991 :80), discutindo a relação entre aeconomia
eo meio
ambiente,exemplificando as situações vivenciadas pelo agricultor e pelo industrial, ressalta:
(...) se o agricultor ou o industrial não tem motivação
em
destruir o ambiente, igualmente não tem motivaçãoem
preservá-lo. Só haveriauma
instânciaem
que isso aconteceria: quando eles próprios fossem'
afetados pelos impactos negativos que suas atividades causam ao ambiente. Este é
um
aspecto fundamental da economia ambiental.A
maior parte dos problemas ambientais decorre justamente da apropriação deum
bem público.Na
falta deum
mercadoem
que oagricultor tenha que pagar pela poluição hídrica que causa, ele se sente
no direito de se apropriar do recurso (o rio, no caso) e polui-lo.
Em
trabalho anteriorMOREIRA
(1993), já assinalavaque
o problemada
poluição ambientalcomeçou
a se delinear a partirdo
momento
em
que
se constatou a presença deresíduos químicos
no
ar,água
e solo. Estescomo
conseqüênciado
grande desenvolvimentoindustrial e tecnológico alcançado pelo
homem. Os
resíduos,em
contatocom
os seres vivos,6
A
utilização de agrotóxicosno combate
às pragas provoca problemasno meio
ambiente e afeta a saúde dos produtores e consumidores.
A
falta de informações e o baixo grau de consciência dos agric_ultores~limitam a adoção de práticas agrícolas altemativas.Muito
pouco
se fazem
termos de controle natural das pragas, sendo omesmo
efetuadocom
defensivos químicos,amplamente
utilizados por representarmenos
trabalho e maior rapidez.O
uso de insumos químicos (fertilizantes e defensivos), associados aoemprego
de máquinas pesadas e a prática de monoculturas, ao longodo
tempo, alteram os nutrientesdo
solo e
enfiaquecem
geneticamente os cultivos.Em
relação à diversidade genética,HOBBELINK
(l990:24) comenta:“Em
termos gerais, a diversidade genéticaem uma
plantação, significauma
adaptação a diferentes meios e condições de crescimento das plantas.A
capacidade deuma
variedade determinada, para enfrentar a seca ou amá
qualidade do solo, para resistir auma
praga de insetos, proporcionaruma
produção ricaem
proteínas ou, simplesmente, produzir alimentos de melhor sabor, são aspectos que se transmitem de
modo
natural graças à variedade de genes.”O
homem,
com
suas atividades econômicas, altera de maneira muito rápidao
territórioe, consequentemente,
também
a paisagem. Entende-se por territórioum
espaço definido e delimitado por relações sociais de poder. Ai paisagem .faz partedo
território e elapode
sertransformada (ou não) e controlada pelo
homem.
RODRIGUES
(1993:80) colocaque
avelocidade das
mudanças
afetam o conceito de “renovabilídade” dos recursos naturais:“alguns recursos
que
até recentementeeram
considerados “renováveis”como
a
água,o
ar,vegetação e
mesmo
os solos, sofremum
processo irreversível de esgotamento, poluição,destruição, tornando-se hoje recursos “não renováveis”
Com
o desenvolvimentodo
capitalismo, a produção setoma
um
fator importante e,na
agricultura
não
poderia ser diferente.Em
nome
deuma
maior produção já não se respeita maisas melhores estações
do
ano para determinado plantioou
se o tipo de solo é o maisapropriado, pois
com
a tecnologia cada vez mais sofisticada,o
processo de produçãopode
ser alterado.GONÇALVES
(l993:34) dizque
não é maiso
espaço vivido capaz de detemiinaro
agravantes só serão detectadas ao longo
do
tempo. Nesta perspectiva, segundo aindaGONÇALVES
(p.12), é a partirda
questão ambientalque
0 qualificativo de sustentávelcomeça
a ser associado ao de desenvolvimento.Para
KITAMURA
(1994:32) sustentabilidadepode
ser definidacomo
a “capacidade deum
ecossistema demanter
constante o seu estadono
tempo,ou
seja,o
volume, as taxas de.mudanças
e osfluxos
ínvariáveisou
flutuantesem
tomo
deuma
média”.EHLERS
(1996) dizque a
expressão desenvolvimento sustentável traduz a esperançade
um
desenvolvimentoque
concilie, por muito tempo,o
crescimentoeconômico
e a conservação dos recursos naturais._
A
preocupaçãocom
os problemas ambientais está associada ao desenvolvimento econômico.Em
vista disto, a Assembléia Geralda
ONU
criouem
1983, aComissão Mundial
sobreMeio
Ambiente
e Desenvolvimento, presidida porGro
Harlem
Brundtland, primeira- ministrada
Noruega,como
um
organismo independente.O
relatório resultante dos estudos desta Comissão,também
conhecidocomo
“Relatório Brundtland”, tinhacomo
missão “...reexaminar os principais problemas
do meio
ambiente edo
desenvolvimentoem
âmbitoplanetário e forrnular propostas realistas para solucioná-los,
bem como
assegurarque
o
progressohumano
será sustentável atravésdo
desenvolvimento,sem
arruinar os recursos paraas futuras gerações” (Nosso Futuro
Comum,
1991).Nos
termosdo
relatório,o
desenvolvimento sustentável visa atender às necessidadesatuais e futuras das gerações,
embora
haja o risco deque
o crescimentoeconômico
prejudiqueo meio
ambiente.Os
planejadoresdevem
buscar o desenvolvimentoda
economia,afetando
o
menos
possível0 meio
ambiente.Existem várias críticas (embora não se tenha aqui a pretensão de discuti-las) quanto a
quem
serve reahnente a concepção genérica de desenvolvimento sustentável. Sobre esta ~questao,
EHLERS
(1996) coloca a sua opinião. Para ele, apesar das sugestõesdo
relatóriode
_
que
o desenvolvimento sustentável deverá atender às necessidades das gerações futuras, não sesabe
que
necessidades são estas: “serão aquelasque
sustentam padrõesmínimos
de subsistênciada humanidade ou que
sustentem os atuais níveis deconsumo
das sociedadesindustrializadas?”.
Pode-se dizer
que
as preocupaçõescom
a “agricultura sustentável” decorreda
insatisfação
do
padrão convencional de agricultura, conhecidocomo
“Revolução Verde”. Estemodelo de
desenvolvimentoda
agricultura impôsum
pacote tecnológicoque
setomou
mais' «f
8
variedades geneticamente melhoradas de alto rendimento, expansão dos sistemas de irrigação e
uma
intensa mecanização das ações produtivas.COSTA
(1993) coloca que a alteraçãoda
base produtiva agrícola (que veio a gerar omovimento da
Revolução Verde)começa
a ganhardestaque
no
século passado inicialmente nos Estados Unidos,onde
ocorreu a disseminação das tecnologias mecânicas,com
equipamentosque
anteseram movidos
a tração animal eque
passaram a ser
movidos
por equipamentos a vapor e motores de combustão. Talmodelo
diflmdiu-se
na
agricultura européia e japonesa.A
RevoluçãoVerde
aconteceunuma
épocaem
que o desenvolvimentoeconômico
acelerado requeria produtividade, não se levandoem
conta os prejuízosque
amédio
e longo prazopoderiam
ser 'causados aomeio
ambiente.Como
fatores que possibilitaramo
sucessoda
Revolução
Verde
em
nosso país, pode-se apontar o discurso ideológico dos EstadosUnidos
em
que oaumento da
produtividade iria sanar o problemada fome no mundo.
Difundir novastecnologias para aumentar a produtividade agrícola nos países
em
desenvolvimento se tornavamuito importante, pois estes passaram a suprir os países desenvolvidos
com
matérias-primasou
produtos primários, e sendo consumidores dos produtos industrializadosque
formavam
o
pacote tecnológico. Importante salientar
que
para os agricultores nãohouve
escolha:ou
adotavam
anova
forma de produzirou
ficavam
numa
situação marginalno
mercado.ALTIERI
(1998) ressaltaque
vários problemas e impassescomeçaram
graduahnente a ganhar forma, indicando crescentes dificuldades demanutenção
deste padrão produtivo, principalmentecom
o aparecimento de limites relacionados a sustentabilidadeeconômica
eambiental.
O
autor continua salientando a crise energética dos anos70
e sua intensarepercussão
na economia
mundial.Além
disso,o
intenso uso de recursos naturais e energéticosdemandados
pelomodelo da
Revolução Verde, passou a encontrarum
grandenúmero
de críticos, fazendocom
que fossem apresentadas propostas alternativas deorganização tecnológica dos sistemas produtivos agrícolas.
Dentro destas propostas alternativas,
SACHS
(l994:23) relembraque
0 enfoque de ecodesenvolvimento “postulaa
busca de soluções socialmente desejáveis,economicamente
viáveis e ecológicamente sustentáveisMas
o próprio autortambém
salientaque
isto é mais fácil de ser ditodo
que executado.A
atividade agrícola incorporou0
termo desenvolvimento sustentável.EHLERS
(1996) diz
que
a expressão desenvolvimento sustentável traduz a esperança deum
desenvolvimentoque
concilie, por muito tempo, o crescimentoeconômico
e a conservação dosnão agrida o ambiente e que
mantenha
as características dos agroecossistemasl por longosperíodos,
combinando
práticas convencionais e alternativas e,com
isso, sendo consideradauma
“evolução”do
atualmodelo
de produção agrícola.EHLERS
(p.l39) ainda alerta: não sepode
esperarque
a agricultura sustentável virá deum
conjuntobem
definido de práticas,como
foi ochamado
pacote tecnológicoda
RevoluçãoVerde
pois, “sea
integraçãocom
o
ambientee
com
a
sociedade são pressupostos básicos dessa proposta, deve-se levarem
contaque
cada
agroecossistema
tem
diferentes características ambientais e sociais, exigindo, portanto, soluções específicas ”.I
*
Já, segundo a visão de
PASCHOAL
(1995), a agricultura convencional nãopode
ser1
um
modelo
de agricultura sustentável e que esta sópode
estar relacionada.com
o
uso racionaldos recursos naturais.
ALTIERI
(1998) nos diz que a noção de agricultura sustentável,embora
ainda muito indeterminada e imprecisa, incorpora a preocupação de incluir a elevação
da
produtividade dos sistemas agrícolas, compatibilizando,como
resultado,um
padrão de produção agrícolaque
integre equilibradamente objetivos sociais, econômicos e ambientais.É
importante esclarecer que, de acordocom
os dicionários de língua portuguesa,~fl
significa aquiloque
é consagrado pelo tempo, aquiloque
é tradição logo,toma-
se incorreto utilizar
o
termo agricultura convencionalcomo
sinônimo de agricultura praticadana
Revolução Verde,embora na
literatura especializada estes dois termos são encontradoscomo
sinônimos.O
termo correto para a agricultura desenvolvida pela RevoluçãoVerde
é agricultura tecnológicaou
agriculturamoderna
assentadana
tecnologia e quimificação.KITAMURA
(1994) coloca algumas propostas formuladas por vários autores quetem
como
objetivo auxiliar a levar à práticada
sustentabilidadena
agricultura: a) a necessidade deum
ordenamento territorial,onde
se possa pelosmenos
distinguir as terras impróprias para aagricultura, as terras de uso restrito e as terras indicadas
sem
restrições; b) a necessidade deuma
política fundiária e de uso das terras; c) ciência e tecnologia voltadas à sustentabilidade,onde
sedá
ênfase, principahnente, à integraçãoda
experiência empírica ao conhecimentocientífico; d)
um
programa
de rendas e de recuperação ambiental.Na
operacionalizaçãodo
conceito de agricultura sustentável,surgem
tipos deagricultura alternativa, cujas práticas agrícolas para
EHLERS
(1996),podem
ser divididasem
'
Agroecossistemas são relações ecológicas que ocorrem
em
um
sistema agrícola, sendo que este possui elementos como plantas, solos, nutrientes, luz solar, mnidade e outros elementos coexistentes; (o termo requer que a agricultura seja vista comoum
ecossistema e que as práticas agrícolas e pesquisa não se preocupem com altos níveis de produtividade deuma
mercadoriaem
particular, mas com a otimização do sistema comoum
10
quatro grandes vertentes: a biodinâmica, a orgânica, a biológica e a natural. Estas vertentes
apresentam variantes
ou
denominações taiscomo:
permancultura, agricultura ecológica, agricultura ecologicamente apropriada, agricultura regenerativa ou, ainda, agroecologiaz.Independente
da
nomenclatura3 a busca de se fazer urna agricultura alternativa .emsubstituição as práticas convencionais, não ocorrerá espontaneamente.
Nos
termos deEHLERS
(l996:l39)com
quem
nós concordamos, asmudanças
dependem
, principalrnente,“da pressão social
por
uma
agricultura mais “limpa”. Isto é,que
conserve os recursosnaturais e
produza
alimentosmais
saudáveis, emais
“justa”,que
permitao
acessomais
democrático
ao
usoda
terra euma
distribuição mais igualitária de seus rendimentos”.EHLERS
ainda salientaque
a influência dosmovimentos
organizadosda
sociedade civil (entre eles, asONGS)
tem
pressionado as esferas governamentais,o que
poderá levar à adoção de políticas públicas e de legislaçõesque
acelerem o processo de transição ao idealda
sustentabilidade.1.2.
A
modernização
tecnológicada
agriculturano
BrasilO
padrão tecnológicoda
Revolução Verde,amplamente
apoiado pelo Estado, intensificou-seno
Brasil a partirda
década de 70,com
a disponibilidade deum
pacotetecnológico “milagroso”-
o modelo
agrícola modernizante,também chamado
de
padrãoagrário
moderno
ou
padrão convencional. Para muitos agricultores brasileiros, a aplicação desta tecnologiaaumentou
a produção e, conseqüentemente, o rendimento .BONILLA
(1992)
comenta que
paralelamente aoaumento
de produtividade,têm
sido denunciados muitos impactos negativos e algunsmerecem
ser destacados: compactaçãodo
solo; redução sensívelda
flora microbianado
solo; absorção desequilibrada de nutrientes, resultandoem
alimentos desnaturados; perdaou
redução acentuadado
potencial produtivodo
solo; poluição alimentar e das águas.Ainda
como
agravantes, o uso indiscriminado de defensivos agrícolas acentua osdesequilíbrios biológicos, induzindo
o
surgimento de pragas resistentes.Os
efeitos negativos2
A
agroecologia, a princípio foi tida como
uma
disciplina científica que estuda os agroecossistemas.A
partirdos anos 80, o termo passou a ser empregado nos
EUA
e na América Latina, para designaruma
práticaagrícola propriamente.
3
Em
determinados momentosdeste trabalho, os termos agricultura ecológica e agricultura orgânica são
utilizados como sinônimos para agroecologia.
Na
verdade, os termos acima correspondem melhor à realidade estudada no município, pois o que se faz é a não utilização de insumos químicos nas plantações e o controle de pragas por métodos naturais e defensivos biológicos.Mas
vamos referirmos a ela como experiênciaem
agroecologia por dois motivos: porque é desta forma que são conhecidas no local, e porque seus integrantes temda
modernização tecnológicatambém
compromete
a saúde dos trabalhadores rurais eda
população
que consome
os a1imentos4.COSTA
(1993:54 e 55) dizque
no
Brasil eem
outros paísesdo
TerceiroMundo
o
modelo
agroquírnico passa a ter expressãoem
decorrênciado
fim
da
II Guerra Mundial,“quando
ocomplexo
petroquímico emecânico
fica
ocioso epassa
a
demandar
novosmercados
para
suaprodução
industrial”.No
processo, de acordocom
GONÇALVES
(1995), o Brasil se transformouno
quartomaior consumidor
de
agrotóxicosdo
mundo.
A
entrada de agrotóxicosno
Brasil ocorreuno
contextoda
internalizaçãoda economia
e ela foi facilitada pelo
govemo
com
o intuito de buscar nas empresas de produtos químicos,uma
via para a industrializaçãodo
país. Sobre esta questão,AMSTALDEN
(1993) colocaque
durante a década de 70, lançou-seo
Plano Nacional de Defensivos Agrícolas(PNDA),
destinado apromover
a fabricação de agrotóxicosno
país e aumentaro
seuconsumo
no
território nacional.
A
idéia básicado
plano era fortalecer aeconomia
industrial (através de novas fábricas) e aumentar a produção rural, pois acreditava-se que os agrotóxicos tinham estepoder.
COSTA
(1993) salientaque
a proposta explícitada
RevoluçãoVerde
era a superaçãodo
problemada fome no
hemisfério sul,mas
0 objetivo subjacente era ampliar omercado
consumidor dos instunos produzidos pelocomplexo
petroquímico e mecânico transnacional.No
Brasil a RevoluçãoVerde
foium
fator irnportante para aumentar a desigualdadesocial
no meio
agrícola, cujos reflexostambém
alcançaram o urbano.Os
agricultoresque
tinham mais recursos, principahnente terra e capital, inseriram-se
no
novo
padrão tecnológico.A
modernização não foihomogênea
e sim seletiva, privilegiou regiões, produtos e categoriasde produtores. Neste contexto, a maior parte dos produtores foi marginalizada
ou
excluída.Assim, aqueles
que
não tinham condições financeiras para adquirir as novas tecnologias,tiveram muitas vezes de abandonar suas terras e tentar
uma
nova
vida,nem
sempre
com
sucesso.Os
problemas sócio-ambientais que surgiramcom
a Revolução Verde,em
todoo
mundo, foram
os principais responsáveis pelo surgimento dosmovimentos
de contestação a4 As
resultantes da modernização tecnológica da agricultura são objeto de muitos estudos. Neste sentido,
destaca-se o trabalho de
AMSTALDEN,
Luís P. Os custos sócio ambientais da modemização agrícola12
este tipo de produção agrícola.
Nos
paísesdo
TerceiroMtmdo,
além
das agravantesambientais,
também
há
problemas econômico-financeiros e sociais.No
Brasil,como
principais defensoresda
agricultura alternativa destacam-se: o Dr. José Lutzenberger,da
AssociaçãoGaúcha
de Proteção aoAmbiente
Natural - Agapan, o Prof.Pinheiro
Machado, da
Universidade Federal de Porto Alegre, o casal Artur (já falecido) eAna
Primavesi,
da
Universidade Federal de Santa Maria, e o Prof. Adilson D. Paschoal,da
Universidadede
São
Paulo.Segundo
EHLERS
(1996), as obras destes estudiosos adquiriramgrande importância para a divulgação e desenvolvimento deste
novo
tipo de agricultura. Entreestas obras pode-se citar o Manifesto ecológico brasileira'
fim do
futuro?, lançadoem
1976 por Lutzenberger eque
éuma
crítica severa aos problemas ecológicos causados peloindustrialismo, incluindo a agricultura moderna.
EHLERS
continua dizendoque
o fato deLutzenberger ter trabalhado durante quinze anos
no
setor agroquímicodeu
mais credibilidade às suas ponderações,uma
vez que conhecia de perto o alvo de suas críticas. Lutzenbergertambém
propunha
urna agricultura mais “ecológica” e suas idéias influenciaram muitosprofissionais, pesquisadores, produtores e até
mesmo
a opinião públicaem
geral. ..Após
analisar diferentes correntesda
agricultura altemativa,BONILLA
(1992)identificou os consensos e definiu a agricultura ecológica
como
um
conjunto de técnicas,processos e sistemas
que buscam
gerar alimentos de alta qualidade biológica, respeitando anatureza, trabalhando
com
ela e não contra ela. Nesta perspectiva, as técnicasdevem
mobilizarharmoniosamente os recursos
da
natureza utilizando-os de maneira a não causar grandes impactos ambientais e, para isso,também
deve-se evitaro
uso de agrotóxicosque poluem o
ambiente e os alimentos produzidos.
A
agricultura orgânica (quetambém
pode
receber adenominação
de agroecologia),pode
ser definidacomo
um
método que
visao
equilíbrio ecológico,uma
significativa,produção
econômica
em
qualquer escala,que
tenha elevada eficiência quanto à utilização dosrecursos naturais de produção e
que
seja socialmentebem
estruturada, eque
resultemem
alimentos saudáveis e de elevado valor nutritivo.Sob
adenominação
alimentos orgânicosPASCHOAL
(1994) inclui todos os produtos alimentícios (inclusive ervas medicinais)produzidos através de técnicas orgânicas e sob
normas da
agricultura orgânica, sendoprocessados, manufaturados, embalados, estocados e transportados sob critérios específicos,
de
modo
a preservar omáximo
de seus valores nutricionais e biológicos, não sendo pemiitidoo uso de aditivos artificiais,
nem
de agrotóxicos sintéticos e de fertilizantes minerais solúveis.existência de
um
Selo Oficial de Garantia, fornecido pelas associações de agricultura orgânica, e deum
sistema eficiente de certificação de agricultores e de firmas,acompanhado
de assessoramento técnico e controle fiscalizador, envolvendo todos os setores,do
produtor ao industrial e ao comerciante. Importante frisarque
geralmenteem
agricultura familiar,a
produção, industrialização e comercialização são feitas pelos
componentes da
própria família.O
Brasil apresenta,como uma
das ações mais concretasno
sentidoda
proteçãodo
meio
ambiente já realizadas, oPrograma
deManejo
e Conservaçãodo
Solo eda
Água
(popularmente conhecido
como
Programa
de Microbacias) eque
busca o desenvolvimentorural sustentável.
Seguindo
o exemplo
deste e de outros programas,TAGLIARI
(1997) colocaque
agricultores (geralmente familiares) isolados,
ou fonnando
gruposou
associaçõescomeçam
apraticar
uma
agriculturamenos
agressora aomeio
ambiente utilizandopoucos
insumosindustriais e,
também,
manejando os recursos naturais existentes nas suas propriedades. Elesestão conseguindo vantagens tais
como
produzir alimentos mais saudáveis evem
conquistando espaçono
mercado,além da
diminuiçãodo êxodo
rural.1.3.
A
Agroecologiana produção
familiar e o papeldas
ONGS
Como
já citado, o. conceito de agroecologia ainda não sefirmou
e, a prova disso, é aquantidade de definições
que
existe parao
termo. `WEID
(1997, p.O8), Diretor-Executivo de Assessoria e Serviços a Projetosem
Agricultura Alternativa(AS-PTA),
considera a agroecologiacomo uma
ciênciaem
criação,“que
procura
utilizar os conhecimentos das ciências naturaispara
entender osmecanismos
de funcionamento dos ecossistemas, aplicando-os nos sistemas agrícolas
Ainda
segimdoWEID,
a agroecologia teriacomo
objetivo “atuar nos ecossistemas, demodo
a
obter os produtos desejados pela sociedade eda
forma
maispróxima
possível de sua lógicade
funcionamento
ALTIERI
(1998) colocaque
a agroecologiatem
sido difundida naAmérica
Latina, eno
Brasilem
especial,como
sendoum
padrão técnico-agronômico capaz de orientar as diferentes estratégias de desenvolvimento rural sustentável, avaliando as potencialidades dossistemas agrícolas através de
uma
perspectiva social,econômica
e ecológica.Pode-se dizer que a produção sustentável
em
um
agroecossistema se originado
D'
14
e, para
que
isto seja alcançado,empregam-se
técnicas altemativas.Em
alguns casos, agricultores que trabalhamcom
as técnicas alternativaspodem
terque
aplicar medidas maisdrásticas para controlar pragas específicas
ou
deficiênciasdo
solo, utilizando inseticidasbotânicos e fertilizantes alternativos.
A
agroecologia engloba orientações para não provocar danosno meio
ambiente.ALTIERI
ainda salienta,que
restaurar a saúde ecológica não é o único objetivoda
agroecologia e que a sustentabilidade (que é a idéia centralda
agroecologia) só é possívelcom
a preservação
da
diversidade cultural que nutre as agriculturas locais. Neste ponto, o conhecimentodo
agricultor familiar sobre os ecossistemas setoma
muito valioso, poispode
resultar
em
estratégias produtivas de usoda
terra que criam, dentro de alguns limites, a auto-suficiência alimentar das comunidades
em
determinadas regiões.O
autor ainda colocaque
épossível obter,
na
agricultura tradicional, infom1ações importantesque
podem
ser utilizadasno
desenvolvimento de estratégias agrícolas apropriadas para grupos especificos de agricultorese agroecossistemas regionais.
Mas
alertaque
a transferência de conhecimentos deve ocorrer rapidamente, poiscom
a velocidade das transfomraçõesna
atividadehumana,
a riqueza daspráticas tradicionais poderá ser perdida.
É
oportuno salientarque
as expressões agricultura tradicionalou
sistema agrícola tradicional, incorporam as experiências acumuladas dos agricultores interagindocom
omeio
ambiente
sem
a utilização de insumos químicos. Utilizando a autoconfiança criativa,o
conhecimento
acumulado
e os recursos locais disponíveis, os agricultores tradicionaisdesenvolviam sistemas agrícolas sustentáveis, nos moldes que se entende hoje
como
agroecologia.Um
aspecto importantíssimo destes sistemas agrícolas erao
grau de diversidadede cultivos e criações, geralmente
na
fomra de policultura.Os
agricultores tradicionaispreservavam, desta maneira, não somente a biodiversidade das áreas cultivadas,
mas
também
naquelas
sem
cultivo.Não
sepode
esquecer que a grande diversidade de espéciesdesenvolvendo-se simultaneamente
em
policultivos, ajudana
prevenção através de urna variedade demecanismos
biológicos.BONILLA
(1992) coloca alguns aspectos básicosda
agroecologia: diversificaçãoda
produção através, por exemplo, de rotações, que perrnitem gerar
um
ciclo produtivo contínuo; melhoriada
capacidade produtivado
solo decorrentedo
uso de técnicas capazes de emiquecê- lo, frmdamentadasem
matéria orgânica e flora microbianacomo
também
a estrutura e porosidadedo
solo; conservaçãodo meio
ambiente, de forma compatívelcom
as necessidadesaproveitando resíduos
da
produção diversificadacomo
fertilizantes e agrotóxicos; melhoria dosaspectos nutricionais dos produtos, resultado
da
utilização de adubos naturais insolúveis (poeira de rocha, fosfato naturais, etc) e adubos orgânicos.Algumas
OrganizaçõesNão
Govemamentais
-ONGs
envolvidasem
programas dedesenvolvimentoz rural (o
que
serácomentado
posterionnente), desenvolveram experiênciasbem-sucedidas
na
geração e transferência de tecnologias para a agricultura familiar.ALTIERI
(1998) coloca que o ponto principal
do
sucesso destas experiências é o desenvolvimento denovos
métodos
agrícolas baseadosem
princípios agroecológicos e que seassemelham
muito ao processo de produção “camponês”5. Nestesnovos
métodos, as atividades são desenvolvidassegundo o sistema tradicional de produção que, pelo fator cultural,
tem
atitude de respeitocom
a natureza (vegetação, animais e solo), utilizando-se destes elementos de maneiraharmônica.
O
autor continua frisando que as técnicasda
produção agroecológica diferenciam-sedos
que
foram
difundidoscom
a RevoluçãoVerde
não apenas porque reforçam oemprego
detecnologias de baixo uso de insumos,
mas também
pelos critérios socioeconômicos.A
tabela 1possibilita visualizar comparativamente, as tecnologias
empregadas
a partirda
RevoluçãoVerde
e asda
agroecologia.Observa-se
na
tabela que as característicasforam
agrupadasem
cinco grupos.O
primeiro,
que
sintetiza as técnicas, mostraque
a agroecologia é abrangente quanto aos tiposde cultivo e a áreas cultivadas, possui grande dependências
com
os recursos naturais renováveis.Se comparadas
às técnicasda
Revolução Verde, as práticas agroecológicas não oferecem riscos à saúdenem
aomeio
ambiente.Quanto
ao aspecto econômico, observa-se queas primeiras são mais dispendiosas de capital
do que
as segundas,mas
oretomo
também
émaior.
A
produção agroecológica exige mais mão-de-obra, os gastos e a produtividade sãomenores
e ela requerum
período maior para dar resultadoseconômicos
satisfatórios.Outro ponto importante se relaciona às instituições 'que
apoiam
as técnicas.As
da
Revolução
Verde
tem
como
sustentáculo de apoio as empresas semipúblicas e privadas e, aspráticas agroecológicas o
recebem
principahnente dasONGS
que
desenvolvemum
trabalho deapoio a grupos de agricultores (cooperativas, associações) e que, na maioria, não estão
comprometidas
com
interesses econômicos.~ ^ss
5 Nao
existe consenso entre os pesquisadores se no Brasil existiu “campones nos mesmos moldes da
agricultura européia. Neste sentido, na resente pes uisa, optou-se elo termo a icultura familiar ou rodu ão
_ _ _ _ P Q P
81' P Ç
l6
Por
último, quanto às características socioculturais, as técnicas agroecológicasexigem
conhecimento e participação de
um
número
muito maior de pessoascom
formações diferentese que trabalhem juntas
num
contexto de interdisciplinariedade. Tabela .lComparação entre as técnicas da Revolução Verde e da agroecologia
Características Revolução Verde V Agroecologia
Técnicas
Cultivos afetados Trigo, milho arroz, etc. Todos os cultivos.
Áreas afetadas
Na
sua maioria, áreas planas eirrigáveis.
Todas as áreas, especialmente as marginais (dependentes da chuva, encostas declivosas).
Insumos predominantes
Agroquímicos, maquinários;
alta dependência de insumos extemos e combustível fóssil.
Fixação de nitrogênio, controle biológico de pragas,
corretivos orgânicos, grande dependência nos
recursos locais renováveis. Sistema de cultivo
dominante
Monocultivos geneticamente uniformes.
Policultivos geneticamente heterogêneos.
Ambientais
Impactos e riscos
saúde
à Médios e altos (poluição química, erosão, salinização, resistência a agrotóxicos, etc).
Riscos à saúde na aplicação dos agrotóxicos e nos seus resíduos no alimento.
Nenhum.
Cultivos deslocados
Na
maioria, variedadestradicionais e raças locais.
Nenhum.
Econômicas
Custos das _pesquisas
Relativamente altos. Relativamente baixos.
Necessidades financeiras
Altas. Todos os insumos
devem ser adquiridos no
mercado.
Baixas.
A
maioria dos insumos está disponível nolocal.
Retomo financeiro Alto. Resultados rápidos. Alta produtividade da mão-de-obra.
Médio. Precisa de
um
determinado período para obter resultados mais significativos. Baixa a médiaprodutividade da mão-de-obra. Institucionais
Desenvolvimento tecnológico
Setor semipúblico, empresas privadas.
Na
maioria, públicas; grande envolvimento de ONGs.Socioculturais Capacitações necessárias _pesqu1sa
à
Cultivo convencional e outras
disciplinas de ciências
agrícolas. .
Ecologia e especializações multidisciplinares.
Participação Baixa ( na maioria, métodos de cima para baixo).
Utilizados para determinar os obstáculos à adoção das
tecnologias.
Alta. Socialmente ativadora, induz ao envolvimento da comunidade.
Integração cultural Muito baixa. Alta. Uso extensivo de conhecimento tradicional e
formas locais de organização. Fonte: ALTIERI, 1998 (p. 34 e 35).