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Determinação da temperatura de transição vítrea (T g ) de três tipos de polietileno por análise dinâmico-mecânica (DMA)

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Academic year: 2021

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Determinação da temperatura de transição vítrea (Tg) de três tipos de

polietileno por análise dinâmico-mecânica (DMA)

L. F. C. P.Lima, H. F. R.Ferreto, A.Yoshiga, H.Otaguro, D.F.Parra, A. B.Lugão Instituto de Pesquisas Energéticas e Nucleares –IPEN/CNEN-SP

Caixa Postal 11049, CEP 05422-970, São Paulo

lfilipe@ipen.br

RESUMO

A análise dinâmico-mecânica (DMA) foi utilizada para a determinação da temperatura de transição vítrea (Tg) dos polietilenos, de alta densidade (PEAD), de baixa densidade (PEBD) e linear de baixa densidade (PELBD). Foram obtidas as curvas do módulo de armazenamento e da tangente de delta (tan

δ

) em função da temperatura, no intervalo de -60oC a 50oC a uma velocidade de 2o/min, às frequências de 1, 2 e 5Hz, com amplitude de deformação de 60 micra. A Tg foi considerada como sendo o valor da temperatura correspondente ao máximo da curva da tan

δ

, eliminando-se o fundo, considerado como uma função exponencial crescente da temperatura. Este procedimento baseou-se no modelo que associa o movimento de segmentos das cadeias poliméricas ao de cordas vibrantes, sendo a tan

δ

a função que representa a absorção/dissipação de energia, devida a esses movimentos, na região de baixa frequência. Foi realizada uma análise que permitiu associar a contribuição das partes amorfa e cristalina destes polímeros para o módulo de armazenamento e para a tan

δ

. As Tg’s para os três tipos de polietileno, PEAD, PEBD e PELBD, foram: (-23±1)oC,(-14±1)oC e (-28±1)oC, respectivamente.

(2)

INTRODUÇÃO

O polietileno (PE), junto com o polipropileno (PP), são responsáveis por cerca de 50% do consumo de resinas termoplásticas (polímeros) no Brasil(1). A utilização do

PE será tão mais intensa quanto melhor forem conhecidas suas propriedades. Um conhecimento das propriedades termodinâmicas e, especialmente, de sua dependência com a temperatura, é importante para a economia de produção e para a qualidade e desempenho dos produtos. Dados relevantes incluem, entre outros, calor específico, condutividade térmica, volume específico, compressibilidade. A Tg, embora não seja uma propriedade termodinâmica, é um parâmetro importante pois é a temperatura de transição entre dois estados, o vítreo e o viscoso, com propriedades diferentes. Infelizmente, no caso do PE, esta transição não é bem definida o que dificulta a determinação da Tg utilizando calorimetria exploratória diferencial (DSC) ou análise dinâmico-mecânica (DMA), técnicas normalmente utilizadas para esta finalidade. No caso da DMA, considera-se a Tg como a

temperatura correspondente ao máximo da curva da tanδ(2). Apesar disso,

supondo-se que o movimento das cadeias poliméricas sob a ação da tensão cíclica supondo-seja semelhante ao de uma corda vibrante, como já foi admitido para o movimento de discordâncias em metais(3)(4)(5), basta subtrair, da curva da tanδ em função da

temperatura obtida por DMA, o fundo exponencial crescente, para evidenciar o pico. O objetivo deste trabalho é determinar a Tg de três tipos de PE, a partir das curvas

da tangente de delta em função da temperatura, com a subtração do fundo, suposto exponencial.

PARTE EXPERIMENTAL

Preparação de corpos de prova

Utilizaram-se três tipos de PE, um de alta densidade (PEAD), outro de baixa densidade (PEBD) e, um terceiro, linear de baixa densidade (PELBD), na forma de grãos esféricos, fornecidos pela Braskem. Os corpos de prova (CP) foram obtidos por termo-prensagem numa prensa Hidralmac. Os grãos foram colocados num molde de aço e termoformados a 190ºC. Inicialmente dez minutos sem pressão, seguido de cinco minutos sob pressão de 8MPa, com resfriamento em água à temperatura ambiente. As dimensões dos CP foram 50x8x2mm3.

(3)

Índice de fluidez

Os índices de fluidez foram medidos em um plastômero Ceast, à temperatura de 190oC, com carga de 2,16kg para os polietilenos de baixa densidade e linear de baixa densidade e de 5,00kg, para o de alta densidade, conforme Norma ASTM D1238.

Ensaio mecânico

Os CP’s foram ensaiados num DMA 242 da Netzsch(6) utilizando o porta-amostra para flexão em três pontos, segundo a Norma ASTM D4065. O intervalo de temperatura avaliado foi de -60ºC a 50ºC, com velocidade de aquecimento de 2º/min. As freqüências foram de 1, 2 e 5Hz e a amplitude de medida de 60µm, ou aproximadamente, 2x10-5 de deformação.

RESULTADOS E DISCUSSÃO

Os índices de fluidez (IF) dos três polietilenos, PEAD, PEBD e PELBD, foram 1,76, 0,33 e 0,69g/10min, respectivamente.

Na Figura 1 (a, b e c), estão apresentadas as curvas da tanδ em função da temperatura às freqüências de 1, 2 e 5Hz, para os três polietilenos, PEAD, PEBD e PELBD, respectivamente. Observa-se nestas curvas que os picos, na região de transição, são mal definidos.

-60 -40 -20 0 20 40 60 0,05 0,10 0,15 0,20 (a) PEAD F=1Hz F=2Hz F=5Hz T an δ Temperatura (oC)

(4)

-60 -40 -20 0 20 40 60 0,05 0,10 0,15 0,20 0,25 (b) PEBD F=1Hz F=2Hz F=5Hz T an δ Temperatura (oC) -60 -40 -20 0 20 40 60 0,05 0,10 0,15 0,20 (c) F=1Hz F=2Hz F=5Hz PELBD T an δ Temperatura (o C)

Figura 1. Tanδ em função da temperatura para os três polietilenos: a)PEAD, b)PEBD e, c) PELBD.

Na Figura 2, para exemplificar o processo de eliminação do fundo, foram colocadas três curvas, uma experimental, já apresentada na Figura 1a, obtida com o PEAD à freqüência de 1Hz, a curva que representa o fundo exponencial e, uma terceira, que é a diferença entre as anteriores.

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-60 -40 -20 0 20 0,00 0,05 0,10 0,15 PEAD (1Hz) Fundo exponencial Após subtração do fundo

Polietileno T an δ - fun do e xp. Ta n δ Temperatura (oC) 0,00 0,05 0,10 0,15

Figura 2. Tanδ, fundo exponencial e tanδ−fundo exponencial, em função da temperatura para o PEAD, à freqüência de 1Hz.

Nas Figuras de 3 a 5, estão apresentadas as curvas obtidas após subtração do fundo, para os polietilenos, PEAD, PEBD e PELBD, respectivamente.

-60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 0,000 0,005 0,010 0,015 PEAD F=1Hz F=2Hz F=5Hz Tan δ -fu ndo e xp. Temperatura (oC)

Figura 3. Tanδ−fundo exponencial em função da temperatura para o PEAD, às freqüências de 1, 2 e 5Hz.

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-50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025 F=1Hz F=2Hz F=5Hz PEBD Ta n δ f und o e xp. Temperatura (oC)

Figura 4. Tanδ−fundo exponencial em função da temperatura para o PEBD, às freqüências de 1, 2 e 5Hz. -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 PELBD F=1Hz F=2Hz F=5Hz Ta n δ -F un doe xp . Temperatura (oC)

Figura 5. Tanδ−fundo exponencial em função da temperatura para o PELBD, às freqüências de 1, 2 e 5Hz.

Nas Figuras de 6 a 8, estão apresentados os gráficos do logaritmo neperiano da freqüência (ln F) em função do inverso da temperatura do pico (1/Tp). Estes gráficos

(7)

3,93 3,94 3,95 3,96 3,97 3,98 3,99 4,00 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 ± ± Ea=(266 9)kJ/mol PEAD Polietileno Ln F (1/Tp)X1000 (K-1)

Figura 6. Ln f em função do inverso da temperatura do pico para o PEAD.

3,845 3,850 3,855 3,860 3,865 3,870 3,875 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 ± ± Ea=(668 53)kJ/mol PEBD Polietileno Ln F (1/Tp)X1000 (K-1) Pontos experimentais Ajuste linear

Figura 7. Ln f em função do inverso da temperatura do pico para o PEBD.

foram obtidos utilizando os valores da temperatura correspondentes ao máximo de

cada curva, apresentada nas Figuras de 3 a 5, considerados como temperatura do

Pico, (Tp) ou Tg. Em cada figura, a partir da inclinação da reta, que representa o

ajuste linear dos três pontos, foi calculada a energia de ativação (Ea). A maior Ea

(8)

Figura 8. Ln f em função do inverso da temperatura do pico para o PELBD.

a sua movimentação. Já as amostras de PEAD e PELBD apresentaram Ea cerca de

três vezes menor. Estes dados estão de acordo com o IF, menor para o PEBD.

Na Figura 9 estão apresentadas as curvas do módulo de elasticidade (módulo de armazenamento) em função da temperatura, à freqüência de 1Hz, para os três tipos de polietileno. Observa-se que, na região correspondente ao estado vítreo, o

-60 -40 -20 0 20 40 60 0 500 1000 1500 2000 2500 3000 PEAD PEBD PELBD E( MP a) Temperatura (oC) Polietileno F=1Hz

Figura 9. Módulo de armazenamento em função da temperatura para os três tipos de polietileno, à freqüência de 1Hz. 3,99 4,00 4,01 4,02 4,03 4,04 4,05 4,06 4,07 4,08 4,09 4,10 -0,5 0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 ± Ea=(191 1)kJ/mol Linear de baixa densidade

Polietileno Pontos experimentais Ajuste linear Ln F (1/Tp)X1000 (K-1)

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maior módulo é o do PEBD, devido, principalmente, à contribuição da fase amorfa. Já a temperaturas superiores à Tg, é a fase cristalina que mais contribui para o

módulo, como pode ser notado na curva correspondente ao PEAD.

NaFigura 10 estão apresentadas as curvas da tanδ em função da temperatura para os três polímeros. A altura dos picos está de acordo com a contribuição das cadeias constituintes da fase amorfa, maior para o PEBD e menor para o de maior cristalinidade, ou seja, o PEAD. Ainda nessa figura pode-se notar que a curva referente ao PEBD é mais larga devido à maior dispersidade de massa molecular deste polímero(7). -60 -50 -40 -30 -20 -10 0 10 20 30 40 0,000 0,005 0,010 0,015 0,020 0,025

T

g F=1Hz PEAD=-22,7oC PEBD=-14,5oC PELBD=-27,9oC Ta n δ f undo e xp. Temperatura (oC) Polietileno

Figura 10. Tanδ-fundo exponencial em função da temperatura para os três tipos de polietileno, à freqüência de 1Hz.

Na tabela 1 estão apresentados o IF, a Ea, a Tg e a massa molecular média, para os

Tabela 1. IF, Ea, Tg e massa molecular média para os três tipos de polietileno.

Polietileno IF (g/10min) Ea (kJ/mol) Tg (oC) massa molecular média(7) PEAD 1,76 266 ± 9 -23 ± 1 150.000 PELBD 0,69 191 ± 1 -28 ± 1 200.000 PEBD 0,33 668 ± 53 -14 ± 1 500.000

(10)

três tipos de polietileno. Pode-se observar que o IF decresce com o aumento da massa molecular, evidenciando a menor fluidez para o polímero com maior tamanho de cadeia. A Tg, aumenta com a Ea, o que demonstra a maior dificuldade em

movimentar as cadeias poliméricas, principalmente as ramificadas, como é o caso do PEBD.

No modelo da corda vibrante associado à relaxação dos segmentos das linhas de discordâncias em metais, Koehler(3) supôs a existência de pontos de ancoragem nas extremidades desses segmentos, que seriam partículas de impurezas. No caso de polímeros semicristalinos, como é o caso do polietileno, os pontos de ancoragem estariam localizados nos cristalitos, que atuam como pontos de reticulação, e, também, no emaranhamento das cadeias na fase amorfa, pois a tensão aplicada no ensaio do DMA é muito pequena.

CONCLUSÃO

A subtração de um fundo exponencial das curvas da tanδ em função da

temperatura, baseada no modelo da corda vibrante para a relaxação das cadeias poliméricas, evidencia os picos e permite uma melhor definição da Tg. Esta

temperatura, para os três tipos de polietileno, variou de -28 a -14oC, à frequência de 1Hz. Os valores obtidos para os polietilenos, PEAD, PEBD e PELBD, foram

(-22 ± 1)oC, (-14 ± 1)oC e (-28 ± 1)oC, respectivamente.

AGRADECIMENTOS

À FAPESP (95/5630-2) e IPEN/CNEN pelo apoio a este trabalho.

REFERÊNCIAS

1. http://www.siresp.org.br/produtos/produtos.php acesso em: 22 de setembro 2006 2. HAINES, P.J. Thermal methods of analysis. Glasgow: Blackie Academic & Professional, 1995, p.144.

3. KOEHLER, J.S. Imperfections in nearly perfect crystals. New York: John Wiley and Sons, Incorporation, 1952, p.197.

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5. GRANATO, A.; LUCKE, K. Application of dislocation theory to internal friction phenomena at high frequencies. Journal of Applied Physics. Rhode Island, US, v.27, n.7, p.789-805, 1956.

6. NETZSCH – Dynamic Mechanical Analyser, DMA 242, Instruction Manual, 1998. 7. SCHRAMM, G. A practical approach to rheology and rheometry. Karlsruhe, Gebrueder Haake GmbH, 1998, p.134.

GLASS TRANSITION TEMPERATURE DETERMINATION OF THREE TYPES OF POLYETHYLENE BY DYNAMIC MECHANICAL ANALYSIS

ABSTRACT

The glass transition temperature of three polyethylenes, the low density, the high density and the linear low density polyethylene, was determined by means of dynamic mechanical analysis (DMA). Storage modulus and tanδ curves were obtained as a function of the temperature (from -60oC to 50oC), with a heating rate of 2o/minat frequencies of 1, 2 and 5Hz, and measurement amplitude of 60µm. The glass transition temperature has been considered as the temperature of the maximum of the tanδ curve after background subtraction. The background was assumed an increasing exponential function of the temperature. This procedure was based on the analogy between the vibration under an alternating stress of a polymeric chain segment pinned down by crystallites in the amorphous phase and the forced damped vibration of a string. The tanδ is the function that represents the energy absorption/dissipation due to this relaxation in the low frequency range. It was made an analysis that allows to associate the contribution of the amorphous and crystalline phases of these polymers to the storage modulus and tanδ. The glass transition temperatures obtained for the three polyethylenes, HDPE, LDPE and LLDPE were: (-23±1)oC, (-14±1)oC and (-28±1)oC, respectively.

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