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SEGUNDA- FEIRA
2015
LITERATURA
PROF. RÔMULOLeia o texto a seguir para correta resolução da questão. Texto I
I
Não chores, meu filho; Não chores, que a vida É luta renhida:
Viver é lutar. A vida é combate, Que os fracos abate, Que os fortes, os bravos Só pode exaltar.
QUESTÃO
1
(RER) A leitura precisa do texto aponta que a função predominante da linguagem é a
A metalinguística, pois o locutor usa o texto para
refletir sobre finalidade.
B emotiva, pois verifica-se o propósito indisfarçável
de apresentação dos sentimentos do eu- lírico.
C apelativa, pois marcas linguísticas como verbo
no modo imperativo , bem como a comunicação centrada no receptor , atestam o propósito persuasivo.
D referencial, pois a preocupação central é transmitir
denotativamente uma lição ao filho, configurando assim o propósito informativo.
E poética , pois verificamos um trabalho especial com
a mensagem , que se revela , no ritmo , na presença das rimas e no uso de figuras de linguagem. Leia o texto abaixo.
Texto I
O negócio
Grande sorriso do canino de ouro, o velho Abílio propõe às donas que se abastecem de pão e banana: — Como é o negócio? De cada três dá certo com uma. Ela sorri, não responde ou é uma promessa a recusa: — Deus me livre, não! Hoje não ... Abílio interpelou a velha: — Como é o negócio? Ela concordou e, o que foi melhor, a filha também aceitou o trato. Com a dona Julietinha foi
olhinho baixo. Abílio espreitou o cometa partir. Manhã cedinho saltou a cerca. Sinal combinado, duas batidas na porta da cozinha. A dona saiu para o quintal, cuidadosa de não acordar os filhos. Ele trazia a capa de viagem, estendida na grama orvalhada. O vizinho espionou os dois, aprendeu o sinal. Decidiu imitar a proeza. No crepúsculo, pum-pum, duas pancadas fortes na porta. O marido em viagem, mas não era dia do Abílio. Desconfiada, a moça surgiu à janela e o vizinho repetiu: — Como é o negócio? Diante da recusa, ele ameaçou: — Então você quer o velho e não quer o moço? Olhe que eu conto!
TREVISAN, D. Mistérios de Curitiba. Rio de Janeiro: Record, 1979 (fragmento).
QUESTÃO
2
(ENEM) Quanto à abordagem do tema e aos recursos expressivos, essa crônica tem um caráter
A filosófico, pois reflete sobre as mazelas sofridas
pelos vizinhos.
B lírico, pois relata com nostalgia o relacionamento
da vizinhança.
C irônico, pois apresenta com malícia a convivência
entre vizinhos.
D crítico, pois deprecia o que acontece nas relações
de vizinhança.
E didático, pois expõe uma conduta a ser evitada na
relação entre vizinhos. Textos para a próxima questão. Texto I
Ultimamente ando de novo intrigado com o enigma de Capitu. Teria ela traído mesmo o marido, ou tudo não passou de imaginação dele, como narrador? Reli mais uma vez o romance e não cheguei a nenhuma conclusão. Um mistério que o autor deixou para a posteridade.
(Fernando Sabino, O bom ladrão)
Texto II
Tinha-me lembrado a definição que José Dias dera deles, “olhos de cigana oblíqua e dissimulada”. Eu não sabia o que era oblíqua, mas dissimulada sabia, e queria ver se se podiam chamar assim. Capitu deixou-se fitar e examinar. Só me perguntava o que era, se nunca os vira; eu nada achei extraordinário; a cor e a doçura eram minhas conhecidas. A demora da contemplação creio que lhe deu outra idéia do meu intento; imaginou que era um pretexto para mirá-los mais de perto, com os meus olhos longos, constantes, enfiados neles, e a isto atribuo que entrassem a ficar crescidos, crescidos e sombrios, com tal expressão que...
Retórica dos namorados, dá-me uma comparação exata e poética para dizer o que foram aqueles olhos
quebra da dignidade do estilo, o que eles foram e me fizeram. Olhos de ressaca? Vá, de ressaca. É o que me dá ideia daquela feição nova. Traziam não sei que fluido misterioso e enérgico, uma força que arrastava para dentro, como a vaga que se retira da praia, nos dias de ressaca.
(Machado de Assis, Dom Casmurro)
QUESTÃO
3
No texto de Sabino (I), o narrador questiona a traição de Capitu. Lendo o texto de Machado (II), pode-se entender que esse questionamento decorre de:
A os fatos serem narrados pela visão de uma
personagem, no caso, o narrador em primeira pessoa, que fornece ao leitor o perfil psicológico de Capitu.
B a personagem ser vista por José Dias como oblíqua
e dissimulada, o que gerou mal-estar no apaixonado de Capitu, deixando de vê-la como uma mulher de encantos.
C a apresentação da personagem Capitu ser feita no
romance de maneira muito objetiva, sem expressão dos sentimentos que a vinculavam ao homem que a amava.
D os aspectos psicológicos de Capitu serem
apresentados apenas pelos comentários de José Dias, o que lhe torna a caracterização muito subjetiva.
E o amado de Capitu não conseguir enxergar nela
características mais precisas e menos misteriosas, o que o faz descrevê-la de forma bastante idealizada. Leia atentamente o texto abaixo.
Texto I
Vou-me embora pra Pasárgada Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada Vou-me embora pra Pasárgada Aqui não sou feliz
Lá a existência é uma aventura De tal modo incosenqüente Que Joana a Louca de Espanha Rainha e falsa demente Vem a ser contraparente Da nora que nunca tive E como farei ginástica Andarei de bicicleta Montarei um burro brabo Subirei no pau-de-sebo Tomarei banhos de mar! E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’agua Pra me contar as histórias Que no tempo de seu menino Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra Pasárgada Em Pasárgada tem tudo É outra civilização Tem um processo seguro De impedir a concepção Tem telefone automático Tem alcalóide à vontade Tem prostitutas bonitas Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste Mas triste de não de não ter jeito Quando de noite me der
Vontade de me matar – Lá sou amigo do rei – Terei a mulher que eu quero Na cama que escolherei Vou-me embora pra Pasárgada
(Manuel Bandeira)
QUESTÃO
4
Do poema como um todo é incorreto afirmar que:
A a palavra Pasárgada refere-se ao nome de uma
famosa cidade fundada pelo rei Ciro, na Pérsia.
B a metáfora dominante no poema é a busca da
felicidade, materializada em Pasárgada, espécie de terra prometida.
C o texto é elaborado em redondilha maior e isso lhe
dá a marca de poesia popular.
D dialoga com a Canção do Exílio, de Gonçalves Dias,
por força do advérbio de lugar que designa dois espaços diferentes.
E constitui-se de versos brancos e de métrica irregular,
caracterizadores da poética modernista. Leia o texto abaixo.
Texto I Camelôs
Abençoado seja o camelô dos brinquedos de tostão: O que vende balõezinhos de cor
O macaquinho que trepa no coqueiro O cachorrinho que bate com o rabo Os homenzinhos que jogam boxe
A perereca verde que de repente dá um pulo que engraçado
E as canetinhas-tinteiro que jamais escreverão coisa alguma.
Alegria das calçadas Uns falam
pelos cotovelos:
– “O cavalheiro chega em casa e diz: Meu filho, vai buscar um pedaço de banana para eu ascender o charuto. Naturalmente o menino pensará: Papai está malu...” Outros, coitados, têm a língua atada.
Todos porém sabem mexer nos cordéis como o tino ingênuo de demiurgos de inutilidades.
E ensinam no tumulto das ruas os mitos heroicos da meninice...
E dão aos homens que passam preocupados ou tristes uma lição de infância.
BANDEIRA, M. Estrela da vida inteira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 2007.
QUESTÃO
5
(ENEM) Umas das diretrizes do Modernismo foi a percepção de elementos do cotidiano como matéria de inspiração poética. O poema de Manuel Bandeira exemplifica essa tendência e alcança expressividade porque.
A realiza um inventário dos elementos lúdicos
tradicionais da criança brasileira.
B promove uma reflexão sobre a realidade de pobreza
dos centros urbanos.
C traduz em linguagem lírica o mosaico de elementos
de significação corriqueira.
D introduz a interlocução como mecanismo de
construção de uma poética nova.
E constata a condição melancólica dos homens
distantes da simplicidade infantil. Leia o texto abaixo.
Texto I
Olá! Negro
Os netos de teus mulatos e de teus cafuzos
e a quarta e a quinta gerações de teu sangue sofredor tentarão apagar a tua cor!
E as gerações dessas gerações quando apagarem a tua tatuagem execranda,
não apagarão de suas almas, a tua alma, negro! Pai-João, Mãe-negra, Fulo, Zumbi,
negro-fujão, negro cativo, negro rebelde negro cabinda, negro congo, negro ioruba, negro que foste para o algodão de USA para os canaviais do Brasil,
para o tronco, para o colar de ferro, para a canga de todos os senhores do mundo;
eu melhor compreendo agora os teus blues nesta hora triste da raça branca, negro! Olá, Negro! Olá, Negro!
A raça que te enforca, enforca-se de tédio, negro!
LIMA, J. Obras completas. Rio de Janeiro: Aguilar, 1958
QUESTÃO
6
(ENEM) O conflito de gerações e de grupos étnicos reproduz, na visão do eu lírico, um contexto social assinalado por
A modernização dos modos de produção e
consequente enriquecimento dos brancos.
B preservação da memória ancestral e resistência
negra a apatia cultural dos brancos.
C superação dos costumes antigos por meio da
incorporação de valores dos colonizados.
D nivelamento social de descendentes de escravos e
de senhores pela condição de pobreza.
E antagonismo entre grupos de trabalhadores e
lacunas de hereditariedade. Leia o texto abaixo.
Texto I
Logia e mitologia Meu coração
de mil e novecentos e setenta e dois já não palpita fagueiro
sabe que há morcegos de pesadas olheiras que há cabras malignas que há
cardumes de hienas infiltradas no vão da unha na alma um porco belicoso de radar e que sangra e ri
e que sangra e ri
a vida anoitece provisória centuriões sentinelas do Oiapoque ao Chuí.
CACASO. Lero-lero. Rio de Janeiro: 7Letras; São Paulo: Cosac &Naify, 2002.
QUESTÃO
7
(ENEM) O título do poema explora a expressividade de termos que representam o conflito do momento histórico vivido pelo poeta na década de 1970. Nesse contexto, é correto afirmar que
A o poeta utiliza uma série de metáforas zoológicas
com significado impreciso.
B “morcegos”, “cabras” e “hienas” metaforizam as
vítimas do regime militar vigente.
C o “porco”, animal difícil de domesticar, representa
os movimentos de resistência.
D o poeta caracteriza o momento de opressão através
de alegorias de forte poder de impacto.
E “centuriões” e “sentinelas” simbolizam os agentes
Leia o texto abaixo. Texto I
A EDUCAÇÃO PELA PEDRA
“Uma educação pela pedra: por lições; para aprender da pedra, frequentá-la; captar sua voz inenfática, impessoal (pela de dicção ela começa as aulas). A lição de moral, sua resistência fria ao que flui e a fluir, a ser maleada; a de poética, sua carnadura concreta; a de economia, seu adensar-se compacta: lições da pedra (de fora para dentro, cartilha muda), para quem soletrá-la”.
QUESTÃO
8
(R&R) Considerando a leitura do poema acima, encontramos uma correspondência quanto à proposta de produção poética defendida, na seguinte opção
A Tupy or not tupy, that is the question. […]
Só me interessa o que não é meu. Lei do homem. Lei do antropófago.
(Manifesto Antropofágico)
D
B
(Augusto de Campos)
E Catar feijão se limita com escrever:
joga-se os grãos na água do alguidar e as palavras na folha de papel; e depois, joga-se fora o que boiar. Certo, toda palavra boiará no papel, água congelada, por chumbo seu verbo: pois para catar esse feijão, soprar nele, e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
(João Cabral de Melo Neto)
C Amor
Humor
Leia o texto a seguir.
Garota De Ipanema Olha que coisa mais linda
Mais cheia de graça É ela menina
Que vem e que passa
No doce balanço, a caminho do mar Moça do corpo dourado
Do sol de Ipanema
O seu balançado é mais que um poema É a coisa mais linda que eu já vi passar Ah, porque estou tão sozinho
Ah, porque tudo é tão triste Ah, a beleza que existe A beleza que não é só minha Que também passa sozinha Ah, se ela soubesse
Que quando ela passa
O mundo inteirinho se enche de graça E fica mais lindo
Por causa do amor
( Tom Jobim)
QUESTÃO
9
(RER) A composição acima é um hino da MPB ( Música popular brasileira ), seu autor é contemporâneo , mas acabou nessa grande obra revisitando o estilo Romântico. São traços estilísticos do Romantismo presentes no texto
A lirismo exacerbado, platonismo amoroso e cor local.
B lirismo exacerbado , contemporaneidade e melancolia .
C lirismo comedido, platonismo amoroso e adjetivação abundante.
D lirismo comedido, espontaneidade formal e adjetivação abundante.
E sentimentalismo exacerbado, impessoalidade e linguagem simples.
Leia o texto abaixo. Texto I
O correr da vida embrulha tudo. A vida é assim: esquenta e esfria, aperta e daí afrouxa, sossega e depois desinquieta. O que ela quer da gente é coragem.
ROSA. J. G. Grande sertão: veredas. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986.
QUESTÃO
10
(ENEM) No romance Grande sertão: veredas, o protagonista Riobaldo narra sua trajetória de jagunço. A leitura do trecho permite identificar que o desabafo de Riobaldo se aproxima de um(a)
A diário, por trazer lembranças pessoais.
B fábula, por apresentar uma lição de moral.
C notícia, por informar sobre um acontecimento.
D aforismo, por expor uma máxima em poucas palavras.