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O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E OS REFLEXOS DO NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS.

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O NOVO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL E OS REFLEXOS DO NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS.

Lucas Phelipe Rocha Silva1 Beatriz Esperandio2 Emanuela Cristina Andrade Lacerda3

RESUMO: O presente artigo científico apresenta os negócios jurídicos

processuais como técnica de flexibilização procedimental, apresentada pelo Novo Código de Processo Civil. Diversos foram os enunciados do fórum permanente de processualistas civis, dentre eles está o 132 na qual menciona que: “Além dos defeitos processuais, os vícios da vontade e os vícios sociais podem dar ensejo à invalidação dos negócios jurídicos atípicos do art. 190”4. A Escola Nacional de Aperfeiçoamento da Magistratura em seu enunciado 38 trata que: “Somente partes absolutamente capazes podem celebrar convenção pré-processual atípica”. Desta forma, este trabalho tem como objetivo expor as novidades trazidas nos artigos 190 e 191 do atual Código no que diz respeito a teoria dos negócios jurídicos. Com relação à metodologia empregada, adotou-se o método indutivo de pesquisa, o qual parte da análiadotou-se de casos específicos para se chegar à conclusão do tema.

Palavras-Chave: Negócios Jurídicos Processuais, Flexibilização, Calendarização.

1 Lucas Phelipe Rocha Silva. Universidade do vale do Itajaí. Acadêmico do 9º período da graduação em Direito. Itajaí/Santa Catarina. E-mail: lucas.odireito@gmail.com

2 Beatriz Esperandio. Universidade do Vale do Itajaí. Acadêmica do 9º período da graduação em Direito. Itajaí/Santa Catarina. E-mail: esperandiobeatriz@gmail.com

3 Emanuela Cristina Andrade Lacerda, Professora e Advogada, possui graduação em Direito pela Univali, Mestrado e Doutorado em Ciência Jurídica pelo Programa de Mestrado e Doutorado da Univali e possui Doctorado en Derecho pela Universidade de Alicante na Espanha. E-mail: emanuelaandrade@univali.br Fone para contato: (47) 9950 4950.

4 Fernandes, Fernanda Sell De Souto Goulart. Novo Código de Processo Civil Lei 13.105/15 / Fernanda Sell de Souto Goulart Fernandes, Emanuela Cristina Andrade Lacerda, Geovana da Conceição, Marisa Schmitt Siqueira Mendes e Tatiane Heloisa Martins Cavalcanti. 1ª ed. Florianópolis: Empório do Direito, 2016.

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ABSTRACT: The present scientific article presents the procedural legal

business as a technique of procedural flexibility, presented by the New Code of Civil Procedure. Several were the statements of the permanent forum of civil proceduralists, among which is 132 in which he mentions that: "In addition to procedural defects, vices of will and social vices may give rise to the invalidation of the atypical legal business of art. 190 ". The National School for the Improvement of Magistracy in its statement 38 states that: "Only absolutely capable parties can enter into an atypical pre-procedural convention." In this way, this work aims to expose the innovations brought in Articles 190 and 191 of the current Code with regard to legal business theory. Regarding the methodology used, the inductive method of research was adopted, which starts from the analysis of specific cases to reach the conclusion of the topic.

KEY WORDS: Legal Business Procedures, Flexibilization, Scheduling.

1. INTRODUÇÃO

Ao longo da história do direito nota-se a interferência do Estado através de técnicas disciplinadas pelo direito processual civil tanto de menor quanto de maior amplitude, essas mudanças, que se tornaram de suma importância para o andamento processual.

Nesse sentido, as convenções processuais tratadas pelo Novo Código de Processo Civil, principalmente as cláusulas gerais previstas nos artigos 190 e 191, afastaram o poder estatal pleno dos negócios jurídicos. Neste contexto as partes ficam possibilitadas de interferirem, como forma de contribuir para o bom andamento processual.

Afirma Leonardo Carneiro da Cunha, que “a efetiva participação dos sujeitos processuais é à medida que consagra o princípio democrático inspirador da Constituição Federal de 1988 cujos fundamentos são vetores hermenêuticos para a aplicação das normas jurídicas5”.

5 CUNHA, Leonardo Carneiro da. Negócios Jurídicos Processuais no processo civil brasileiro. In Cabral, Antônio do Passo: NOGUEIRA, Pedro Henrique (Coord.). Negócios Processuais. Juspodivim, 2015. p. 45

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1 – NEGÓCIOS JURÍDICOS PROCESSUAIS

O Código de Processo Civil de 2015 adotou a teoria dos negócios jurídicos processuais, conferindo uma certa flexibilização procedimental ao processo, respeitando os princípios constitucionais, garantindo uma maior efetividade ao direito material em discursão.

Diversos foram os posicionamentos contrários ao negócio jurídico processual, na qual se argumentava que a nova teoria afrontava a segurança jurídica e o devido processo legal. Diante das diversas posições Leonardo Grego esclarece que com a implantação desse sistema, as partes, “como destinatárias das prestações jurisdicional, tem também interesse em influir na atividade-meio e, em certas circunstâncias, estão mais habilitadas do que o próprio julgador a adotar decisões sobre os seus rumos e a ditar providências em harmonia com os objetivos publiscísticos do processo, consistente em assegurar a paz social e a própria manutenção da ordem pública”.6

A finalidade principal é justamente a do princípio da cooperação que define o modo como o processo civil deve se estruturar no direito brasileiro. O art. 6º do referido código consagrou expressamente: “Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva”.

Esse modelo caracteriza-se pelo redimensionamento do princípio do contraditório, com a inclusão do órgão jurisdicional no rol dos sujeitos do diálogo processual, e não mais como um mero espectador do duelo das partes7. O contraditório é valorizado como instrumento indispensável ao aprimoramento da decisão judicial, e não apenas como uma regra formal que deve ser observada para que a decisão seja válida8.

6 GRECO, Leonardo. Os atos de disposição processual – primeiras reflexões. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, out.-dez. 2007, p.7.

7 OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. “Garantia do Contraditório”. Garantias Constitucionais do Processo Civil. São Paulo: RT, 1990, P.139-140.

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O modelo cooperativo é fundamental, ou pode-se falar, de suma importância para uma democracia. Dierle José Coelho Nunes, que trata do modelo comparticipativo de processo como técnica de construção de um processo civil democrático em conformidade com a Constituição, afirma que “a comunidade de trabalho deve ser revista em perspectiva policêntrica e comparticipativa, afastando qualquer protagonismo e se estruturando a partir do modelo constitucional de processo9”.

É possível perceber que através do princípio da cooperação as partes deixam de agir no processo como forma de assegurar unicamente os seus interesses e passam a contribuir de forma colaborativa para que os interesses do seu adversário, ou menciona-se, da outra parte possa ter colaboração no processo. Com isso a discussão do processo não fica na responsabilidade absoluta do juiz, as partes também participam desse processo, respeitando os limites estabelecidos pela legislação.

No entanto, não há paridade no momento da decisão; as partes não decidem com o juiz; trata-se de função que lhe é exclusiva. Pode-se dizer que a decisão judicial é fruto da atividade processual em cooperação, é resultado das discussões travadas ao longo de todo o arco do procedimento; a atividade cognitiva é compartilhada, mas a decisão é manifestação do poder, que é exclusivo do órgão jurisdicional, e não do pode ser minimizado. Neste momento, revela-se a necessária assimetria entre as posições das partes e a do órgão jurisdicional: a decisão jurisdicional é essencialmente um ato de poder10.

A lei limita a validade dos negócios processuais, pois restringindo-a às causas que versem sobre direitos que admitem autocomposição. O negócio processual pode ser celebrado no curso do processo, mas pode também ser realizado em caráter pré-processual.

9 NUNES, Dierle José Coelho. Processo Jurisdicional democrático. Curitiba: Juruá, 2008, p. 215.

10 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr. – 17. Ed. – Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

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Estabelece a lei que os negócios processuais celebrados pelas partes podem versar sobre “seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais”. Tem as partes, então, autorização da lei para dispor sobre suas próprias posições processuais, não podendo o negócio alcançar as posições processuais do juiz.

Assim, por exemplo, é lícito celebrar negócio processual que retire das partes a faculdade de recorrer (pacto de não recorrer), mas não é lícito às partes proibir o juiz de controlar de ofício o valor dado à causa nos casos em que este seja estabelecido por um critério prefixado em lei (art.292)11.

Essa técnica facilidade a relação das partes no processo, tornando-o mais dinâmico e garantindo uma maior agilidade, ou concordância para melhor desenvolve-lo. No entanto os poderes decisórios das partes têm as suas limitações não podendo alcançar as devidas posições e decisões estabelecidas pelo juiz.

Para caracterizar a relação processual, Bulow elaborou sua teoria, que posteriormente, foram desenvolvidas pelos teóricos do direito, sobretudo para determinar quais os sujeitos interligados por essa relação. Surgiram então três teorias processuais para caracterizar a relação processual.

A teoria linear da relação processual foi definida por Kohler, para quem havia uma relação jurídica no processo, distinta da relação de direito material que se pretendia fazer valer em juízo, mas que interligava apenas autor e réu, não alcançando o juiz12.

Nessa teoria o juiz é afastado da relação entre as partes, ficando nesse caso como uma figura que apenas regulamento aquilo que será formalizado entre as partes. Tornando-o estranho à relação processual estabelecida entre as partes. Diante do conceito moderno e publicístico do

11 CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro / Alexandre Freitas Câmara. São Paulo: Atlas, 2015.

12 ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo / José Eduardo Carreira Alvim. 17. Ed. – Rio de janeiro: Forense, 2015.

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direito de ação, não se pode admitir como correta essa teoria, sendo assim não mais em uso pelos doutrinadores.

A teoria angular da relação processual foi sustentada por Hellwig, afirmando que a relação jurídica no processo interliga apenas os sujeitos parciais ao juiz. Para essa teoria, quando se dirige ao juiz, forma-se uma relação entre autor e juiz, mas, quando o juiz manda citar o réu, nasce a relação entre juiz e réu, completando-se a relação jurídica que então se angulariza. Para Hellwig, a relação que se forma no processo liga apenas autor e juiz e juiz e réu, não havendo nenhuma relação entre autor e réu13. Essa teoria mereceu a adesão dos processualistas mineiros, como Amilcar de Castro e Celso Agrícola Barbi.

Diferentemente da teoria linear, nesta o juiz se torna um mediador entre as partes, não havendo mais uma relação em que o juiz não participa. A relação então passar a ser diretamente com juiz, para que o mesmo passe as informações para a outra parte, afastando a possibilidade de uma relação inter partes diretamente. Com isso os deveres e os direitos deixam de ser exercidos somente entre as partes, mas também entre estas e o juiz.

A teoria triangular da relação processual foi exposta por Bulow e seguida também por Wach, sustentando que a relação jurídica que se forma no processo alcança todos os sujeitos processuais, reciprocamente considerados: autor e juiz; juiz e réu e autor e réu. Essa relação se forma, inicialmente, entre autor e juiz, quando aquele se dirige a este, pedindo-lhe a tutela jurisdicional para o seu direito, numa perspectiva linear, vindo, posteriormente, com a citação do réu para responder ao pedido, a se angularizar, e ato contínuo, se triangulariza, ficando todos os sujeitos do processo vinculados por essa relação jurídica14.

Os vínculos das partes deixam de ser estabelecidos entre si, passando a se relacionar também com o juiz, impulsionando o processo para uma possível composição final do processo. Por isso a teoria de Hellwig, hoje é

13 ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo / José Eduardo Carreira Alvim. 17. Ed. – Rio de janeiro: Forense, 2015.

14 ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo / José Eduardo Carreira Alvim. 17. Ed. – Rio de janeiro: Forense, 2015.

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a considerada mais aceita pelos modernos processualistas, segundo a qual a relação processual tema a forma angular, ficando os direitos e deveres processuais de cada parte voltados para o juiz.

2 – FLEXIBILIZAÇÃO DOS ATOS DOS NEGÓCIOS PROCESSUAIS

Como inovação do Código de Processo Civil, e objeto de estudo deste trabalho o artigo 190 do respectivo código menciona que:

Art. 190 versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.

Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.

Esse artigo afirma expressamente que as partes podem celebrar negócio processual para ajustar o procedimento. Embora o caput do artigo 190 do Código de Processo Civil mencione apenas os negócios processuais atípicos celebrados pelas partes, não há razão alguma para não se permitir negociação processual atípica que inclua o órgão jurisdicional Seja porque há exemplos de negócios processuais plurilaterais típicos envolvendo o juiz, o que significa que não é estranha ao sistema essa figura; seja porque não há qualquer prejuízo (ao contrário, a participação do juiz significa fiscalização imediata da validade do negócio), seja porque pode negociar sem a interferência do juiz é mais do que poder negociar com a participação do juiz15.

Diante dessas regras se, no curso ou depois de extinta a relação jurídica, houver necessidade de ir a juízo, as partes, que nesse caso são os contratantes da relação processual, esses irão se submetera procedimento, que deverá ser processado na forma e nos moldes já pactuados

15 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr. – 17. Ed. – Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

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anteriormente. É expressiva a inovação, que flexibiliza a natureza desse procedimento, que até então era de inteira responsabilidade e obrigação do juízo. Nesse momento lembra-se do processo arbitral.

A lei de Arbitragem, aprovada em 23 de setembro de 1996, traz todas as normas para o procedimento arbitral. E tem por principal característica a liberdade que as partes tem em pactuarem acordos, inclusive através de prévia clausula de arbitragem, a respeito do procedimento ao qual estarão sujeitas em litigio a ser submetido à arbitragem.

Assim, é possível inserir uma cláusula negocial processual num outro contrato qualquer, já regulando eventual processo futuro que diga respeito àquela negociação. O parágrafo único do artigo 190, aliás, expressamente menciona a possibilidade de negócio processual inserido em contrato de adesão. Um bom exemplo de negócio processual inserido em outro negócio (de adesão ou não) é o pacto de mediação obrigatória: as partes decidem que, antes de ir ao judiciário, devem submeter-se a uma câmara de mediação16.

É de suma importância mencionar que o caput do referido artigo exige que as partes sejam plenamente capazes para que possam celebrar os negócios processuais. Sendo que é requisito de validade a capacidade processual.

Exige-se a capacidade processual negocial,17 que pressupõe capacidade processual, mas não se limita a ela, pois a vulnerabilidade é caso de incapacidade processual negocial, que a princípio não atinge a capacidade

16 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr. – 17. Ed. – Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

17 GRECO, Leonardo. “Os atos de disposição processual – primeiras reflexões”, cit., p. 13. Diogo Rezende de Almeida vai nessa linha, com uma sutil diferença: para ele, nos negócios celebrados antes do processo, a capacidade exigida é a do direito material (ALMEIDA, Diogo Assumpção Rezende. Das Convenções Processuais no Processo Civil,). Para este Curso, porque visa a produzir efeitos em um processo, ainda que futuro, a capacidade exigida é a processual. Uma pessoa casada não pode regular uma futura ação real imobiliária sem a participação do seu cônjuge, por exemplo: embora materialmente capaz, ela sofre restrição em sua capacidade processual (art. 73, CPC; art. 1.647, Código Civil).

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processual geral – um consumidor é processualmente capaz, embora possa ser um incapaz processual negocial.18

Nesses casos incapazes não podem celebrar negócios processuais sozinhos. Mas se estiver devidamente representado, não há qualquer impedimento para que o incapaz celebre um negócio processual. De fato, não há sentido 19em impedir negócio processual celebrado pelo espólio (incapaz processual) ou por um menor, sobretudo quando se sabe que, extrajudicialmente, suprida a incapacidade pela representação, há para esses sujeitos mínimas limitações para negociação.

Nota-se que no parágrafo único do artigo 190, diz respeito a hipótese de incapacidade processual negocial, que justamente menciona a incapacidade pela situação de vulnerabilidade. Essa mesma regra também é analisada em relação do empregado e empregado nas relações de trabalho, disciplinados pelo direito do trabalho. Como também em relação ao consumidor, no que diz respeito ao direito do consumidor, considerando esse último como parte vulnerável na relação de consumo, ou contratação de serviços específicos, em que o mesmo não possui conhecimentos em relação a tal atividade. São assim considerados, sempre que houver um desiquilíbrio entres os sujeitos na relação jurídica, onde busca uma igualdade subjetiva entre as partes.

Um indício de vulnerabilidade é o fato de a parte não estar acompanhada de assessoramento técnico-jurídico. Esse fato não autoriza, por si, que se presuma a vulnerabilidade da parte, mas indiscutivelmente é uma pista para ela20.

Assim, como já mencionado anteriormente, nada impede, em tese, a celebração de negócios processuais no contexto do processo

18 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr. – 17. Ed. – Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

19 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr. – 17. Ed. – Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

20Enunciado n. 18 do Fórum Permanente de Processualistas Civis: “Há indício de vulnerabilidade quando a parte celebra acordo de procedimento sem assistência técnica-jurídica”.

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consumerista ou trabalhista. Caberá ao órgão jurisdicional, tais situações, verificar se a negociação foi feita em condições de igualdade; se não, recusará eficácia ao negócio. Note que o parágrafo único do artigo 190 concretiza as disposições do artigo 7º e do artigo 139, I, CPC, que impõem ao juiz o dever de zelar pela igualdade das partes21.

3 – CALENDARIZAÇÃO PARA A PRÁTICA DE ATOS PROCESSUAIS

O novo Código de Processo Civil de 2015 em seu artigo 191 traz outra novidade processual. O referido artigo menciona que:

Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar

calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso.

§1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.

§2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.

No direito francês, por exemplo, o Code de Procédure Civile prevê que, nos casos de instrução realizada perante o “juge de mise em état” (uma espécie de juiz designado para a realização de atos instrutórios), o juiz deve fixar o tempo necessário à investigação, em atenção à natureza, urgência e complexidade do caso. Permite o mesmo artigo que, depois de obter o acordo entre os advogados das partes, o juiz defina um calendário em que sejam previstas as datas de encerramento dos debates, e, até, de prolação da decisão. Os prazos fixados no calendário podem ser prorrogados, se presentes motivos graves devidamente justificados (artigo 764, terceira e quinta alíneas)22.

21 DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito processual civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr. – 17. Ed. – Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

22 MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado [livro eletrônico]: com remissões e notas comparativas ao CPC/1973 / José Miguel Garcia Medina. – 1. Ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

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No direito brasileiro o calendário cumpre significativo papel na implementação do princípio de duração razoável do processo e de emprego de meios que acelerem sua conclusão (CF, art. 5º, LXXVIII). Uma vez fixado, vinculará a todos os sujeitos processuais. Somente se admitirá a modificação dos prazos nele previstos em casos excepcionais, devidamente justificados (§ 1º). Por fim, em medida de economia processual evidente, a lei dispensa a intimação das partes para os atos processuais e para a audiência, cujas datas tenham sido designadas no calendário (§ 2º)23.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Verificou-se com a presente pesquisa que o novo instituto desenvolvido pelo novo código de processo civil, busca envolver as partes no processo com uma maior interação, visando melhor celeridade no processo, ficando evidente a valorização da autonomia da vontade das partes em matéria processual.

Para que seja aplicado de forma coerente, deve haver uma aceitação do novo instituto, assim como uma eficaz aplicação por parte dos magistrados e de todos os outros operadores do Direito, que devem recepcionar uma nova flexibilização do Processo Civil.

Com a junção de todos esses fatores, será possível o sucesso dessas inovações, levando o Processo Civil a trilhar novos caminhos.

REFERÊNCIAS DAS FONTES CITADAS

ALVIM, José Eduardo Carreira. Teoria geral do processo / José Eduardo Carreira Alvim. – 17. Ed. – Rio de janeiro: Forense, 2015.

CÂMARA, Alexandre Freitas. O novo processo civil brasileiro / Alexandre Freitas Câmara. – São Paulo: Atlas, 2015.

23 THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Processo Civil – Teoria geral d direito processual civil, processo de conhecimento e procedimento comum – vol. I / Humberto Theodoro Júnior. 56. Ed. Ver., atual. E ampl. – Rio de Janeiro: Forense, 2015.

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CUNHA, Leonardo Carneiro da. Negócios Jurídicos Processuais no

processo civil brasileiro. In Cabral, Antônio do Passo: NOGUEIRA, Pedro

Henrique (Coord.). Negócios Processuais. Juspodivim, 2015.

DIDIER JR, Fredie. Curso de direito processual civil: introdução ao direito

processual civil, parte geral e processo de conhecimento / Fredie Didier Jr.

– 17. Ed. – Salvador: Ed. Jus Podivm, 2015.

Fernandes, Fernanda Sell De Souto Goulart. Novo Código de Processo Civil

Lei 13.105/15 / Fernanda Sell de Souto Goulart Fernandes, Emanuela Cristina

Andrade Lacerda, Geovana da Conceição, Marisa Schmitt Siqueira Mendes e Tatiane Heloisa Martins Cavalcanti. 1ª ed. Florianópolis: Empório do Direito, 2016.

GRECO, Leonardo. “Os atos de disposição processual – primeiras

reflexões” Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, out.-dez.

2007, p.7.

ALMEIDA, Diogo Assumpção Rezende. Das Convenções Processuais no

Processo Civil. cit., p. 120-121.

GRECO, Leonardo. Os atos de disposição processual – primeiras

reflexões. Revista Eletrônica de Direito Processual, Rio de Janeiro, out.-dez.

2007, p.7.

MEDINA, José Miguel Garcia. Novo Código de Processo Civil Comentado [livro eletrônico]: com remissões e notas comparativas ao CPC/1973 / José Miguel Garcia Medina. – 1. Ed. – São Paulo: Editora Revista dos Tribunais, 2015.

MITIDIERO, Daniel. Colaboração no processo civil. Colaboração no processo civil, cit., p. 89-90.

NUNES, Dierle José Coelho. Processo Jurisdicional democrático. Curitiba: Juruá, 2008, p. 215.

OLIVEIRA, Carlos Alberto Alvaro de. Garantia do Contraditório. Garantias Constitucionais do Processo Civil. São Paulo: RT, 1990.

THEODORO JÚNIOR, Humberto. Curso de Processo Civil – Teoria geral do

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comum – vol. I / Humberto Theodoro Júnior. 56. Ed. Ver., atual. E ampl. – Rio

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