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A transferência e o compartilhamento do conhecimento em uma empresa incubada*

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Academic year: 2021

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R A P R i o d e J a n e i r o 3 7 ( 6 ) : 1 1 9 7 - 1 2 0 7 , N o v . / D e z . 2 0 0 3

Adelaide Maria Coelho Baêta**

Rita Magna de Almeida Reis Lobo de

Vasconce-los***

SU M Á R I O : 1. Introdução; 2. Transferência do conhecimento; 3. A rede de

relações e os tipos de transferência do conhecimento; 4. Considerações finais. SU M M A R Y : 1. Introduction; 2. Knowledge transfer; 3. The relationship

net-work and the kinds of knowledge transfer; 4. Final remarks.

PA L A V R A S - C H A V E: transferência do conhecimento; compartilhamento do

conhecimento; rede estratégica; inovação; incubadora de base tecnológica. KE Y W O R D S: knowledge transfer; knowledge sharing; strategic network;

innovation; technological incubator.

Novas estratégias empresariais surgem para garantir a necessária transferência de conhecimentos tecnológicos visando inovação. Na sociedade do conheci-mento, vantagens competitivas necessitam ser permanentemente reinventa-das ou renovareinventa-das, e as empresas considerareinventa-das mais inovadoras são as que investem em tecnologia e que demonstram maior competência para adquirir, criar e administrar novos conhecimentos, incorporando-os aos seus produtos, serviços e sistemas. As incubadoras de empresas de base tecnológica (IEBTs) vêm responder a esta necessidade de novas formas organizacionais para ala-vancar a inovação tecnológica e, conseqüentemente, promover a aproximação dos setores universidade-empresa. Este artigo analisa como ocorre a

transfer-* Artigo recebido em jun. e aceito em nov. 2003.

** Coordenadora do mestrado profissional em administração da Fundação Pedro Leopoldo, doutora em engenharia de produção/gestão da inovação tecnológica e organização industrial — Coppe/UFRJ. E-mail: adelaide@task.com.br.

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ência do conhecimento em uma microempresa residente em uma incubadora, na construção de uma rede estratégica para o processo de inovação.

Transferring and sharing knowledge in an incubated company

New management strategies arise to assure the necessary transfer of innova-tion-oriented technological knowledge. The direct consequence of the abil-ity to innovate is the power to compete for the international market through exports. The incubators of technology-based companies came to fulfill the need for new organizational forms to impel technological innovation and consequently to promote a closer contact between companies and universi-ties, which are traditionally apart. This article analyzes the process of knowledge transfer in an incubated company while building a strategic net-work for innovation.

1. Introdução

A virada do milênio tem se revelado um período de intensas mudanças. Segun-do Lastres (1999), surgem constantemente novos produtos, processos, in-sumos e, para ganhar competitividade, as empresas devem antecipar as tendências futuras, criar novos produtos e modificar o processo produtivo, torn-ando-o mais eficiente e eficaz.

As empresas não podem esperar que seus produtos e práticas, que fiz-eram sucesso no passado, continuem mantendo-as viáveis no presente e menos ainda no futuro. As intensas pressões de preço não deixam espaço para a produção ineficiente. O ciclo de desenvolvimento dos produtos e sua in-trodução no mercado duram cada vez menos tempo.

Diversos autores têm afirmado que o conhecimento, a inovação, a aprendizagem organizacional e o talento humano têm sido cada vez mais dest-acados como diferenciais competitivos entre as empresas e que, para garantir a competitividade e a sobrevivência em um mercado exigente e globalizado, as empresas necessitam de constantes inovações na tecnologia de produção e nos modelos de gestão (Davenport e Prusak, 1998; Lastres, 1999; Lemos, 1999; Cassiolato, 1999; Terra, 2000).

Assim, as atividades baseadas no conhecimento e voltadas para o desen-volvimento de produtos e processos estão se tornando as principais funções in-ternas da empresa e aquelas com maior potencial de obtenção de vantagem competitiva sustentável.

Nesse sentido, Maldonado (1999) destaca que tem havido um acirra-mento da concorrência entre os agentes econômicos e que o conheciacirra-mento científico e tecnológico vem ocupando um papel central nas suas estratégias competitivas.

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Nonaka e Takeuchi (1997) propõem uma nova teoria da criação do conhecimento para explicar a inovação. Segundo eles, a chave para essa com-preensão está na conversão do conhecimento tácito, que é o conhecimento pessoal e difícil de ser transmitido, em explícito, que é o conhecimento for-mal e passível de ser transmitido.

Considerando-se a importância do conhecimento para a inovação e competitividade, as empresas e as universidades, setores tradicionalmente separados, passam a compreender que a cooperação é o caminho para a cri-ação do conhecimento e para a inovcri-ação.

Uma das maneiras de interação entre o setor de pesquisa e o empresari-al é o fenômeno da incubação de empresas de base tecnológica (IEBT) — que teve origem nos EUA em meados dos anos 1960 e espalhou-se por diversos países — como incubadoras de negócios. As incubadoras brasileiras surgiram na década de 1980 (Morais, 1997).

No Brasil, a abertura da economia, a partir de 1992, criou oportuni-dades para as micro e pequenas empresas atuarem no mercado internacion-al, principalmente no campo das inovações tecnológicas. As IEBTs têm sido elemento relevante para estimular a inovação constante exigida pelas novas regras do mercado competitivo.

A empresa objeto deste artigo, a Katal, é uma das diversas empresas residentes na IEBT da Fundação Biominas desde junho de 1997, e é um caso bem-sucedido de empresa de base tecnológica pelas características inovado-ras de seu produto, pelo preço e pelo reconhecimento da comunidade científi-ca. Seus produtos são desenvolvidos com tecnologia própria, sendo a única no país na produção de reagentes líquidos estáveis. A empresa produz kits de diagnóstico de bioquímica clínica (colesterol, glicose, uréia etc.) e imunolo-gia (teste de antígeno prostático específico, PSA, total). Até o ano de 2002, já registrara 21 produtos no Ministério da Saúde. O empreendedor é um médi-co e pesquisador, médi-com doutorado em bioquímica.

Este artigo tem como suposições que a parceria com diversos agentes de inovação, como universidades, empresas e agências governamentais, fa-vorece significativamente a gestão e transferência do conhecimento entre as empresas incubadas e a universidade e permite que estas se relacionem inten-samente com os vários agentes de inovação.

O objetivo do artigo foi identificar como ocorre a transferência de con-hecimento entre os agentes de inovação em uma empresa incubada e anal-isar o processo de aprendizagem organizacional.

O método de pesquisa adotado foi estudo de caso por ser uma estraté-gia que permite investigar e aprofundar o estudo de um fenômeno contem-porâneo dentro do seu contexto real e compreender fenômenos sociais complexos (Roesch, 1999; Yin, 2001).

Esta pesquisa constou de duas etapas. Em um primeiro momento, utili-zaram-se entrevistas seguindo um roteiro preestabelecido de questões com os

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sócios da empresa incubada e a gerente da incubadora; em um segundo mo-mento, foram entrevistados funcionários da empresa e feita análise de docu-mentos e observação direta do desempenho do trabalho na empresa.

2. Transferência do conhecimento

Por muito tempo a transferência de tecnologia acontecia apenas entre algu-mas organizações dos países desenvolvidos para as organizações dos países considerados mais atrasados. Entretanto, nas últimas décadas, o processo de transferência de tecnologia é entendido como resultado do fluxo de conheci-mento entre universidades e empresas. Essa aproximação entre os setores de pesquisa e de produção coloca em destaque o importante papel do conheci-mento para o processo de inovação tecnológica.

Nesse sentido, Baêta (1999) aponta para um novo conceito de transfer-ência de tecnologia, entendida como transfertransfer-ência de conhecimentos e infor-mações tecnocientíficas entre as instituições de pesquisa e o setor produtivo. As IEBTs são criadas para promover o desenvolvimento regional impulsionan-do a criação de micro e pequenas empresas por meio da aproximação e trans-ferência de conhecimento entre os setores de pesquisa e empresarial.

Nonaka e Takeuchi (1997) conceituam a transferência de conhecimen-to como o aconhecimen-to de compartilhar o conhecimenconhecimen-to pessoal com as outras pessoas, ou seja, converter o conhecimento tácito em conhecimento explícito. Eles en-fatizam a necessidade de se alavancar a base de conhecimento tácito de um in-divíduo e fazer uso da socialização para transferir esse conhecimento para toda a organização.

Esses autores argumentam que um indivíduo pode adquirir conheci-mento tácito diretamente de outros por meio da observação, imitação e práti-ca, e que a linguagem figurada como metáforas, simbolismos, conceitos, imagens e modelos são algumas formas eficientes de se expressar o conheci-mento tácito.

Nesse contexto, Lastres (1999) chama a atenção para a necessidade de as empresas investirem em processos que estimulem a aprendizagem, a ca-pacitação e a acumulação constante do conhecimento para incrementar seus processos de inovação.

Fleury e Oliveira Júnior (2001) propõem que, ao se assumir o pres-suposto de que o sucesso da empresa está baseado em sua capacidade de cri-ar e transferir conhecimento de modo mais eficaz que seus competidores, o ponto de partida para se fazer um trabalho que alcance um resultado superi-or ao dos competidsuperi-ores é entender os mecanismos pelos quais o conhecimen-to pode ser criado e compartilhado.

No entanto, o conhecimento não é facilmente compartilhado e Lemos (1999) afirma que, apesar de muitas pessoas considerarem que a globalização

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e as tecnologias de informação permitem a fácil transferência de to, o que se constata na prática é que apenas informações e alguns conhecimen-tos podem ser facilmente transferíveis. Alguns elemenconhecimen-tos do conhecimento, implícitos nas práticas de pesquisa, desenvolvimento e produção, são mais difí-ceis de serem transferidos pelo fato de estarem enraizados em pessoas, organi-zações e locais específicos.

Lemos (1999) chama a atenção para o fato de que o aprendizado intera-tivo é o melhor modo de indivíduos e empresas enfrentarem as mudanças, in-tensificarem a geração de inovações e se capacitarem para uma inserção mais positiva no mercado. É por isso que o processo de codificação do conhecimen-to vem sendo intensificado para que possa ser armazenado, memorizado, transacionado e transferido, além de poder ser reutilizado e comercializado in-definidamente, a custos baixos.

No entanto, o conhecimento codificado não é suficiente para que um in-divíduo, uma empresa ou um país se adapte às condições técnicas e de ev-olução do mercado. É crucial que esses agentes mantenham interação social com os outros, pois o conhecimento tácito, que é vital para a inovação, só é compartilhado por meio das relações entre as pessoas. Apenas quem detém esse tipo de conhecimento pode ser capaz de gerar inovações em produtos, processos e formas organizacionais. Assim, o não-compartilhamento desses conhecimentos torna-se um dos limites mais importantes à geração de ino-vação para as empresas e países (Nonaka e Takeuchi, 1997; Lastres, 1999; Lemos, 1999).

Nesse sentido, Vasconcelos (2001) ressalta que, pelo fato de o conheci-mento ser basicamente tácito, é necessário um ambiente favorável à sua cri-ação e transmissão. Assim, as organizações precisam desenvolver instrumentos que favoreçam o compartilhamento do conhecimento e criar mecanismos de conversão do conhecimento tácito em explícito para promov-er inovação e desenvolvimento de novos produtos.

Tal afirmação corrobora a de Davenport e Prusak (1998) ao estabe-lecerem que uma organização consegue transferir conhecimento quando tem funcionários perspicazes e permite que eles conversem entre si.

Nonaka e Takeuchi (1997) ressaltam que é imprescindível desenvolver estratégias para que aconteça a transferência espontânea e não-estruturada do conhecimento, e que a estrutura organizacional e de recursos humanos deve ser voltada para a transferência do conhecimento. Para que isso ocorra, Davenport e Prusak (1998) afirmam que a confiança é fator fundamental.

Fleury e Oliveira Júnior (2001) ressaltam que é o desenvolvimento de um código comum compartilhado pelas empresas que facilita a transferência do conhecimento. A empresa codifica o conhecimento e incrementa sua trans-ferência entre os funcionários.

Sabe-se que o conhecimento pode ser desenvolvido internamente ou ser coletado externamente, por exemplo, ao se contratar pessoas que detêm o

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conhecimento; e ainda pode ser desenvolvido por meio de relações de parce-rias ou alianças estratégicas com empresas, universidades ou outras institu-ições externas. No entanto, é relevante destacar que o desenvolvimento de estratégias para incentivar a troca de conhecimento entre as pessoas é partic-ularmente necessária em organizações que priorizam a criação, o desenvolvi-mento e a transferência do conhecidesenvolvi-mento.

Segundo alguns autores, a transferência do conhecimento organiza-cional ocorre mediante o uso de algumas técnicas ou modalidades de trans-ferência de tecnologia (Davenport e Prusak, 1998; Stewart, 1998; Baêta, 1999; Fleury e Fleury, 2000; Terra, 2001), destacando-se entre elas:

t contatos pessoais;

t documentos, tecnologias eletrônicas, bancos de dados; t treinamentos, videoconferência, equipes multidisciplinares; t workshops, intranet, web;

t reuniões face a face, reuniões não organizadas, narrativas; t rodízio de executivos;

t conversas pessoais, conversas informais, jantares em grupo; t viagens promovidas pela empresa;

t contratação de consultores universitários e estagiários para as empresas; t feira do conhecimento com tempo para conversas entre os participantes; t vídeos para que os funcionários registrem suas histórias e suas experiências; t armazenagem do conhecimento explícito em banco de dados;

t rede interna de entrevista de informação (saber o que as pessoas sabem

fazer);

t aprendizagem interativa: a interação entre os vários agentes de inovação; t troca de informações com colegas e ex-colegas da universidade;

t repositórios do conhecimento explícito e estruturado, como a internet.

Os métodos de transferência do conhecimento devem ser compatíveis com a cultura organizacional. Para Davenport e Prusak (1998:110), as reuniões face a face são os mais importantes canais de transferência de tecnologia nas empresas. Eles estão convictos de que, apesar da importância das ferramentas tecnológicas da informação, os principais determinantes de sucesso da

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transfer-ência do conhecimento são os valores, as normas e os comportamentos que constituem a cultura da empresa.

Davenport e Prusak (1998), citando Alan Weber, afirmam que “na nova economia, conversar é a mais importante forma de trabalho. É a maneira pela qual os trabalhadores do conhecimento descobrem aquilo que sabem, compar-tilham esse conhecimento com seus colegas e, nesse processo, criam conheci-mento novo para a organização”.

Assim, os gerentes precisam reconhecer que a disponibilidade de tem-po para estudar, aprender, pensar e conversar é um dos melhores indica-dores para a empresa que tem o conhecimento como sua principal estratégia. E, para que possa ocorrer o processo de compartilhamento, as pessoas pre-cisam ter tempo e possibilidade de se encontrar.

3. A rede de relações e os tipos de transferência do conhecimento A incubadora propicia às empresas residentes a criação de uma rede de re-lações que favorece a troca de conhecimentos e informações, com o objetivo de apoiar o processo de inovação e o acesso ao mercado. É intenso o fluxo de informações e conhecimentos que se estabelece dentro da incubadora entre as empresas incubadas e os diferentes agentes de inovação: universidades, outras empresas do setor, agências de fomento, Sebrae, ONGs e outros. A própria relação que a empresa estabelece com a incubadora permite a ampli-ação de contatos e aprendizagem gerencial e tecnológica.

Incubadora-empresa

A pesquisa permitiu constatar que a incubadora Biominas oferece aos em-presários cursos de atualização e reciclagem, congressos acadêmicos, feiras e seminários, além de conseguir ajuda financeira para viabilizar a participação dos empresários em congressos ou em cursos no exterior. Quando necessário, a Biominas contrata consultores para prestarem serviço às empresas incuba-das, com o objetivo de capacitar os empreendedores e favorecer a aprendiza-gem organizacional.

A gerente da Biominas exerce o papel de elo de ligação entre os vários parceiros e procura criar procedimentos, políticas e estratégias que facilitem a transferência do conhecimento, o intercâmbio constante e a integração entre os pesquisadores e as empresas residentes. Isso é feito por meio de reuniões, cur-sos, seminários, boletim informativo, e-mail, formulários, questionários e outros.

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O conhecimento tecnológico do pesquisador é levado da universidade para a empresa, pois ele ainda é da equipe de pesquisa da UFMG e está freqüente-mente em contato com os pesquisadores da universidade, compartilhando ex-periências e conhecimentos. Se ele necessita de alguma pesquisa básica para sua empresa, ela pode ser feita nos laboratórios da UFMG. A Katal utiliza laboratórios, bibliotecas e centros de P&D da universidade.

Em contrapartida, quando os pesquisadores da universidade precisam de algum conhecimento tecnológico da Katal, o pesquisador faz palestras e ministra cursos de interpretação de resultados de exames para alunos e médi-cos da universidade.

Entre as modalidades de transferência do conhecimento mais freqüen-temente utilizadas pela Katal e a universidade estão, predominanfreqüen-temente, os contatos pessoais, de maneira informal, por meio de conversas programadas ou não, encontros fortuitos, telefonemas etc.

Empresa-empresa: Katal e empresas incubadas

O relacionamento da Katal com as demais empresas incubadas é de cordiali-dade, cooperação e boa convivência. Porém, o intercâmbio de conhecimento não inclui, necessariamente, compartilhamento de conhecimento tecnológi-co, estando mais freqüentemente ligado à troca de conhecimentos em termos de administração, sendo que isso ocorre também informalmente, nos cursos, na copa, nos intervalos.

Intra-empresa

A gestão e transferência do conhecimento na Katal ocorrem de acordo com a proposta de Terra (2000), de forma ágil, simples e constante, e são feitas por treinamento informal, pelo processo learning by doing (aprender fazendo), ou seja, observando, prestando atenção, fazendo junto com outra pessoa, imitan-do e perguntanimitan-do.

Sempre que possível, o conhecimento tácito é transformado em explíci-to. Existe na Katal uma central de informações com instruções e procedimen-tos. A empresa possui o programa procedimento operacional padrão (POP) com explicações de cada procedimento, a fim de simplificar e aperfeiçoar o processo de desenvolvimento, produção e distribuição. Há também o treina-mento formal no qual os instrutores são tanto o pesquisador quanto a ger-ente de produção ou os especialistas contratados para tal.

Apesar de os funcionários terem acesso aos dados, às informações e ao conhecimento de todos os processos de fabricação dos produtos, eles não sabem qual é a matéria-prima usada. O conhecimento tecnológico é de

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pro-priedade exclusiva do pesquisador e foi adquirido após anos de trabalho de pesquisa no seu próprio laboratório, bem como nos laboratórios de bioquími-ca da universidade.

Fatores que favorecem a transferência do conhecimento

Um dos fatores que possibilitam a transferência do conhecimento intra-organ-izacional é o clima da empresa que é de alegria, companheirismo, descontração e colaboração, o que facilita e promove a troca informal de experiências entre os funcionários. A espontaneidade é uma característica do relacionamento entre eles. Outro fator que facilita o processo de compartilhamento é o estabelecimen-to de uma linguagem comum para se estruturar o conhecimenestabelecimen-to organizacional como o POP da Katal.

Quanto à transferência do conhecimento interorganizacional, constata-se que um dos fatores facilitadores é o fato de o empreendedor ser da equipe de pesquisa da universidade, possibilitando o acesso ao seu fluxo de conhecimento. Outro fator é a existência de uma linguagem comum entre universi-dade e empresa, pois os parceiros são, de ambas as partes, pesquisadores de determinada área de conhecimento e, portanto, utilizam o mesmo código de comunicação.

Um terceiro fator que favorece a transferência do conhecimento é a em-presa ser residente em uma incubadora, pois, além de desfrutar de um am-biente físico adequado, ter apoio e estrutura necessários, oferecer palestras, cursos, congressos e feiras, a incubadora facilita significativamente o acesso das empresas aos demais agentes de inovação (universidade, empresas, agên-cias de fomento, entre outros) com a rede de relações e comunicação que a empresa constrói dentro da incubadora (ver figura).

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Rede de relações entre a empresa incubada e os demais agentes de inovação

4. Considerações finais

Na Incubadora de Empresas de Base Tecnológica Biominas o ambiente é de in-tensa cooperação entre empresas, a incubadora e entre as próprias empresas residentes. Porém, esta cooperação não inclui, necessariamente, compartilha-mento de conhecicompartilha-mento tecnológico, e os pesquisadores raramente trocam idéias sobre seus produtos ou suas pesquisas. A cooperação está mais freqüen-temente ligada à troca de conhecimentos em termos administrativos, à comer-cialização de produtos e à convivência das empresas na incubadora.

Os pesquisadores-empresários relacionam-se informal e intensamente com a comunidade acadêmica, já que são ex-professores universitários e al-guns foram ou ainda são pesquisadores da universidade.

Assim, a conclusão mais importante foi a de que existe transferência do conhecimento tecnológico e científico entre universidade-empresa-universi-dade, via pesquisador-empreendedor, mas que, ainda hoje, a maior parte des-sa transferência ocorre de maneira informal. O fluxo de informação e conhecimento é intenso, mas não é sistematizado nem documentado. Não fo-ram identificados mecanismos para codificar o conhecimento e o compartil-hamento entre os parceiros.

Quanto aos fatores que facilitam a transferência do conhecimento in-tra-organizacional, um deles é o clima da empresa que é de alegria, compan-heirismo, descontração e colaboração entre os funcionários.

Incubadora Universidade Sebrae A empresa Katal Outras empresas Empresas Agências de fomento incubadas

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No que diz respeito à transferência do conhecimento interorganizacion-al, as principais condições facilitadoras, fundamentais e imprescindíveis são: a empresa ser residente em uma incubadora, a existência de uma linguagem comum entre os parceiros (universidade-empresa) e o empreendedor ser da equipe de pesquisa da universidade.

Finalizando, vale ressaltar que a informalidade no processo de transfer-ência do conhecimento é um fator que favorece em termos de rapidez no in-tercâmbio, mas também dificulta para pesquisadores que não têm uma inserção na universidade, em um centro de pesquisa ou que se encontram fora da universidade, pois não têm parâmetros que orientem sua busca de conhecimento na universidade.

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