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FEC: características, aplicações e sua importância para os sistemas DWDM

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V SRST –SEMINÁRIO DE REDES E SISTEMAS DE TELECOMUNICAÇÕES

INSTITUTO NACIONAL DE TELECOMUNICAÇÕES –INATEL ISSN2358-1913

SETEMBRO DE 2016

Abstract—This paper covers a brief overview about FEC and the motivations for applying it in DWDM systems with a short approach on the OTN standard. Complementary, an analysis about the variables needed to take in account when projecting DWDM systems is presented and how FEC is relevant in such cenarios.

Index Terms— FEC, OTN, DWDM projects.

Resumo—Este artigo apresenta um quadro resumido do FEC e as motivações para seu uso em sistemas DWDM, com uma breve descrição do padrão OTN. De modo complementar, é realizada uma análise sobre as variáveis que devem ser consideradas quando são projetados sistemas DWDM, bem como a relevância do FEC para estes cenários.

Palavras chave—FEC, OTN, projetos de DWDM.

I. INTRODUÇÃO

Os sistemas DWDM (Dense Wavelength Division

Multiplexing) [1][3][6], são sistemas reconhecidos pela alta

capacidade de transmissão de dados e já consolidados como principal tecnologia para transmissão a longas distâncias [1]. Dentre seus diversos usos, os dois principais são: transmissão de dados em backbones de redes de telecomunicações e cabos submarinos [3].

Tal capacidade elevada deve-se ao meio de propagação do sinal (a fibra óptica) e ao elemento condutor (a luz). Graças às características físicas intrínsecas da luz, como a imunidade a ruídos eletromagnéticos e latência baixa, é possível que altas taxas de transmissão de bits trafeguem em distâncias (spans) da ordem de centenas de quilômetros conseguindo, deste modo, um fator kbps/km de grandezas impossíveis de serem atingidas em outros meios com as tecnologias disponíveis atualmente [1][2].

Uma vez que não existe meio perfeito, a fibra, como todo material, apresenta alguns “pontos fracos”, dentre eles a dispersão (cromática, modal e por modo de polarização PMD (Polarization Mode Dispersion) efeitos não-lineares, e atenuação do sinal, embora bastante baixa, que podem ter

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do Certificado de Pós-Graduação em Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações. Orientador: Prof. André Luís da Rocha Abbade. Trabalho aprovado em 09/2016.

como consequência erros na interpretação deste pelo receptor [1][3].

A evolução tecnológica da indústria eletroeletrônica nas últimas décadas permitiu o desenvolvimento e fabricação de componentes opto eletrônicos cada vez mais robustos, que proporcionaram melhorias significativas na transmissão de sinais a grandes distâncias [3].

Logo, percebeu-se a necessidade em se desenvolver técnicas paralelas para contornar os problemas impostos. Com a evolução dos processadores, aliada ao desenvolvimento de meios computacionais permitiu que componentes DWDM atuais sejam capazes de transmitir os sinais e ainda corrigirem erros através do FEC (Forward Error Correction).

Neste artigo, desenvolve-se um breve estudo sobre este importante componente de sistemas ópticos, objetivando demonstrar as motivações, eficiência e aplicações deste nos sistemas DWDM, de modo que possa servir de tutorial base tanto para estudantes quanto para profissionais da área de Telecom e afins.

II. RECOMENDAÇÕES ITU-TG.709 E G.872

O ITU-T (International Telecommunication Union -

Telecommunication Standardization Sector) é o braço de

telecomunicações dentro da ITU (International

Telecommunication Union) e assim como nos demais setores,

é o responsável pelas diretrizes das telecomunicações em âmbito internacional.

O ITU-T é quem determina o padrão OTN (Optical

Transport Network) sendo este o padrão corrente adotado

pelos fabricantes de equipamentos de DWDM do mundo todo. O padrão G.872, é o responsável pela arquitetura de redes de transporte óptica, e tem sua origem no ano de 1999; a versão corrente (edição 3.0) é de outubro de 2012. Já o padrão G.709 dita as normas de “interfaces para a rede de transporte óptica” e sua origem remonta ao ano de 2001, sendo a versão corrente a edição 4.2, também de outubro de 2012 [4].

Nas próximas seções, o padrão OTN definido pelo ITU-T é descrito de forma resumida visando o trailer FEC do quadro OTU.

FEC: características, aplicações e sua

importância para os sistemas DWDM

(2)

III. OTN:REDE ÓPTICA DE TRANSPORTE

Assim como os modelos OSI (Open Systems Interconnection) e TCP/IP (Transmission Control Protocol/Internet Protocol), a OTN, definida pelo ITU-T,

baseia-se no conceito de níveis hierárquicos, sendo esta composta de três camadas de rede: OCH (Optical Channel), OMS (Optical Multiplex Section) e OTS (Optical

Transmission Section).

O sinal original, ilustrado na Figura 1 e indicado como cliente, é formatado adicionando-se um cabeçalho (overhead), formando o quadro OPU (2) (Optical Payload Unit).

Fig. 1. Estrutura em camadas padrão OTN [5].

Este, por sua vez, passa a ser considerado como um quadro único (payload) para que possa, então, ser processado pela camada imediatamente inferior ODU (Optical Data Unit), a qual adiciona seu cabeçalho de controle, formando o quadro ODU (3). Por fim, o quadro ODU é então mapeado com um cabeçalho OTU (Optical Transport Unit) e do trailer FEC, formando o quadro OTU (4). O FEC é foco do presente artigo e será melhor desenvolvido nos tópicos seguintes.

IV. O CÓDIGO REED-SOLOMON

O FEC (Forward Error Correction) trata de um código algorítmico-matemático, o qual é capaz de realizar correções de dados em tempo real, melhorando a robustez do sistema.

Como descrito na seção anterior, é definido na camada “mais baixa” do ITU-T; o código adotado pelo padrão é o de

Reed Solomon RS(255,239) [4]; a OTN utiliza algoritmo com

entrelaçamento de 16 bytes, o qual permite um ganho bastante significativo na relação sinal-ruído da ordem de 6,2 dB [1][4].

Os códigos Reed-Solomon são definidos na forma RS(n,k), onde n refere-se ao número total de símbolos por palavra-código, e k ao número de símbolos de informação [4][9]. Em suma, os parâmetros do G.709 são apresentados na Tabela 1 [4]:

TABELAI

PARÂMETROS DO ALGORITMO REED-SOLOMON ADOTADOS PELO PADRÃO G.709 [4].

s Tamanho do símbolo 8 bits n Símbolos por palavra-código 255 bytes k Símbolos de informação por

cada palavra-código

239 bytes

V. GANHO EM CÓDIGO

Ganho em código, em essência, é a menor probabilidade de que ocorram erros na informação decodificada graças à atuação do FEC. Trata-se, portanto, de uma comparação entre o nível de erros de um receptor com e sem atuação do código corretor.

O método utilizado para se mensurar este parâmetro é a correlação de, dado um determinado nível de SNR (Signal

Noise Rate) na entrada de um sistema qual o nível de BER (Bit Error Rate), ou seja, a taxa de erro de bits resultante [4][6][9].

A SNR pode ser determinada de uma das três formas: como fator de qualidade (fator “Q”), como Eb/No (relação entre energia de bit e nível de ruído), ou via OSNR (relação de sinal-ruído óptico), apresentadas a seguir.

A. Método de fator “Q”

É o método estatístico denominado como “fator de qualidade” na determinação em ganho de código, sendo este o método aplicado em maior escala. Representa a correlação entre a BER e o nível de voltagem onde a BER possa ser determinada com precisão. Na prática, a técnica aplicada ao se medir este parâmetro é pelo “método do diagrama de olho”, bastante difundido em telecomunicações, de um modo geral [6][9].

Fig. 2. Representação do “diagrama do olho” para um dado fluxo de bits. [6]

Conforme ilustra a Figura 2, o diagrama de olho é observado no osciloscópio através da coleta de amostras variáveis do tipo pseudoaleatórias, realizada por um receptor óptico. O sinal óptico é então plotado no eixo vertical, enquanto a taxa de sinalização óptica corresponde a varredura na horizontal, gerando um diagrama de formato de olho similar ao ilustrado na Figura 3.

A análise é feita observando-se o formato do olho, onde quanto mais fechado, maior a distorção do sinal devido ao ruído e/ou interferência inter-simbólica.

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Fig. 3. Representação do “fator Q” baseado no diagrama do olho [6].

Observando-se a Figura 3, nota-se que quanto mais afastados os pontos indicados pelas setas, melhor a recuperação de dados sob os efeitos de ruído.

A equação matemática que o define é dada por [4]

Q =(µ1−µO)/(σ1+σ0), (1) onde

µ

1 = valor médio de nível “1” (ON),

σ

1 = desvio-padrão de nível de ruído do estado “1” (ON),

µ

0 = valor médio de nível “0” (OFF) e

σ

0 = desvio-padrão de nível de ruído no estado “0” (OFF).

De forma sintática, a Equação (1) descreve a relação entre o sinal de pico a pico e o ruído, ilustrada na Figura 3. Ela está diretamente ligada ao fator de decisão de um receptor, mediante o sinal elétrico presente na recepção, ou seja, impacta diretamente na conversão de um sinal elétrico em “bit” de informação.

Fig. 4. Visualização do sinal no domínio do tempo (à esq.) e respectiva função densidade de probabilidade (probabilidade de identificação de bit) [1].

É comprovado que um sistema que opere com BER de 10-15 possui um fator Q de 18 dB sem a utilização de FEC, enquanto que com o código RS(255,239), adotado pelo ITU-T, o valor é reduzido para 11,8 dB, ou seja, apresenta um ganho de código em torno de 6,2 dB [4][6].

Isto pode ser visto no gráfico da Figura 5, o qual faz uma comparação dos métodos In Band, Out Band e sem overhead entre a BER (eixo vertical) e o fator Q (eixo horizontal).

Fig. 5. Comparativo da BER através do método de fator Q entre os métodos de código In Band (vermelho), Out Band (preto) e sem Overhead (cinza) [4].

Comparativamente nota-se que, fazendo uma correlação entre a linha de plotagem do código do tipo “In” (representada na cor preta), tomando-se como referência a taxa de erros (BER, à esquerda) de 10-15 nota-se que o “fator Q” é de 18 dB. Seguindo à esquerda, mantendo a mesma linha de referência horizontal, é possível verificar que a linha correspondente ao código do tipo “Out Band”, representado pela linha de cor vermelha, corresponde à um ‘fator Q” próximo dos 11,8 dB, reforçando a informação de ganho em código apresentada anteriormente.

B. Método de Eb/N0

Eb é definida como a energia do sinal multiplicada pelo

tempo de duração do bit, ou seja, a energia do bit, enquanto que N0 é a energia espectral do ruído [4][6][9]. Logo, a relação Eb/N0 corresponde ao produto entre a SNR e a razão da largura de banda sobre a taxa de bits dada por

Eb/N0 = SNR * (largura de banda/taxa de bits). (2) O gráfico da Figura 6 apresenta esta correlação, onde adotando novamente o parâmetro de BER igual a 10-15, observa-se que a linha mais à direita, correspondente aos bits não-corrigidos, coincide com o valor de Eb/N0 de 15; em contrapartida, a linha mais à esquerda, com uso do FEC, apresenta um valor em torno de 8,8 dB O ganho em código de 6,2 dB. Isto coincide com o demonstrado no tópico anterior, que é a diferença entre estes dois parâmetros, e está mostrado no eixo horizontal.

Também observa-se que, quanto menor a BER maior o ganho em código, comparando as diferenças de ganho de 6,2 e 5,86 dB para BER de 10-15 e 10-13, respectivamente. Ou seja, há um limite para a taxa de erros que o código é capaz de corrigir.

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Fig. 6. Comparativo entre a não utilização do FEC (apontado como “Uncorrected”; “não corrigido”) e com a utilização do FEC (G.709): ganho em torno de 6.2 dB. [4]

C. Método de OSNR

Neste método, toma-se como referência uma determinada BER e relaciona esta a valores de OSNR, medidos com o uso de FEC. O gráfico da Figura 7 [6] apresenta o resultado de medições teóricas e práticas de sistemas reais, comparando as diversas técnicas de FEC.

Fig. 7. Comparativo entre os diferentes métodos de correção de erro [6]

Pode-se notar que, tomando como exemplo a referência de BER 10-15, que seria resultado de uma transmissão sem nenhum tipo de código corretor (Unencoded na Figura 7), o FEC In Band do SDH, descrito na sessão seguinte, apresenta um ganho de 4 dB, enquanto que o FEC standard do ITU-T

RS(255,239), 6,2 dB – em concordância com os resultados

demonstrados anteriormente. Já o FEC de segunda geração, ou

EFEC (Enhanced FEC), alcançou resultados em torno 9,5 dB

na prática (measured) chegando a níveis próximos de 10 dB, em simulações computacionais (theoretical).

VI. CÓDIGOSCORRETORESDEERRO

De modo simplificado, os códigos corretores de erro podem ser classificados em dois tipos: In Band e Out Band, os quais são definidos nos parágrafos seguintes.

A. Códigos corretores de erro: “In Band”

Os códigos In Band são códigos em que bits de redundância são inseridos em octetos livres presentes no cabeçalho do quadro. Pelo fato do código de correção ser aplicado diretamente no quadro, o mesmo permite que não haja perda na eficiência do protocolo. São normalmente utilizados pelos padrões SONET (Synchronous Optical Network) e SDH, sendo que, neste último, os bytes são alocados no bloco SOH (Section Overhead) do quadro daquele protocolo [4][8].

Considerando que há um número limitado de octetos livres no cabeçalho dos quadros destes protocolos e que em taxas de transmissão baixas praticamente inexistem e dada a necessidade do código de correção em ocupar octetos livres no cabeçalho (overhead), é tecnicamente impossível a aplicação deste tipo de código em todas as taxas de transmissão.

Somado a isto, tal código utiliza o método BCH-3 [8] o qual, apesar de apresentar desempenho razoável, não é suficientemente robusto contra efeitos de PMD.

Esses fatores, aliados à substituição das tecnologias SONET e SDH por outras mais recentes – principalmente o DWDM -, contribuíram para que os códigos In Band se tornassem obsoletos.

B. Códigos corretores de erro: “Out Band”

Oposto aos códigos In Band, os códigos Out Band apresentam uma abordagem de quadro de comprimento fixo em tamanho de bits, denominada “digital wrapper”, algo como, “empacotador digital”.

A G.709 do ITU-T define que este “empacotador” esteja posicionado entre a fonte de dados e o transceiver responsável pelo envio dos bits [8]. Deste modo, o quadro advindo de uma interface SONET/SDH é processado pelo bloco para que possa ser transmitido de forma transparente.

A Figura 7 ilustra de forma gráfica este conceito.

Fig. 8. Digital Wrapper: “empacotador digital” alocado entre os blocos de transmissão/recepção e o framer [8].

A adaptação do bloco ocorre através do código de Reed

Solomon - RS(255,239), mais especificamente, o qual trabalha

na ordem de símbolos (ao invés de bits).

O código referencia os símbolos/blocos como palavras-código e, uma vez que atua com blocos e não bits, torna-se bastante eficaz contra erros de “rajada” (burst). Estes tipos de

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erros são devidos principalmente aos efeitos não-lineares e à interferência inter-simbólica [1][3]. Portanto, estão dentre os tipos mais comuns nas telecomunicações, tanto de um modo geral quanto, principalmente, nas comunicações ópticas.

VII. ESTRUTURAS DOS QUADROS (FRAMES) DO PADRÃO OTN O quadro OTN possui comprimento total de 255 octetos, sendo um octeto, o primeiro, para controle e agrupamento de quadros e os últimos 16 octetos utilizados como redundância [4][9]. Logo, o payload, ou seja, a carga “útil resultante da palavra-código abrange 238 octetos (daí a nomenclatura

RS(255,239) do ITU-T: 255 octetos totais, sendo 239 de

informação acrescentados de mais outros 16 de redundância). A estrutura do quadro, palavra-código, definido pelo padrão OTN é ilustrada na Figura 8.

Fig. 9. Estrutura do quadro OTN com respectivo overhead (representado “em verde”) e redundância em FEC (“magenta”). [8]

Deste modo, a informação recebida pela fonte é encapsulada em palavras-código com o formato relacionado acima e, uma vez que vão sendo geradas, são empilhadas em sequência de 16 linhas, formando um quadro, conforme ilustrado na Figura 9 [8].

Fig. 10. Estrutura do quadro OTN com “empilhamento” de linhas. [8]

Como cada uma das 16 sub-linhas, palavras-código, é processada e tratada de forma independente por 16 codificadores/decodificadores FEC, eventos em rajada não acarretam sobrecarga para um único decodificador [8][9].

Uma vez construído este bloco, o processo de encapsulamento realiza ainda uma última formatação, agrupando 4 destes blocos em sequência antes que estes sejam transmitidos para a etapa seguinte; trata-se de um rearranjo dos octetos, o qual a ITU-T caracteriza com o termo interleaving

[4][8][9]. Como resultado do interleaving, cada uma das colunas é justaposta na horizontal em processo análogo ao realizado em matrizes na matemática.

A Figura 11 ilustra o esquema de como este entrelaçamento é realizado, resultando na configuração do bloco apresentado na Figura 12, sendo este o bloco transmitido pelo sistema DWDM de fato.

Fig. 11. Entrelaçamento de dados (interleaving) [9].

Fig. 12. Estrutura completa do quadro OTN. [8]

A configuração faz com que os dados (octetos – bits, em última instância) sejam redistribuídos pelo quadro de modo que os erros, caso ocorram, também o sejam fazendo com que eventuais erros ocorram da maneira mais uniforme possível.

A natureza do código Reed-Solomon, somada ao entrelaçamento de dados do padrão OTN, e ao processamento paralelo do FEC faz com que, deste modo, a correção de erros seja realizada de modo bastante eficaz, sendo esta a maior vantagem do código e sua comprovada robustez.

VIII. VARIÁVEIS CONSIDERADAS EM PROJETOS DWDM A relação de sinal-ruído óptico (OSNR) é determinada pela correlação entre ambos os parâmetros; ou seja, de modo simplificado, trata-se da razão matemática entre o nível do sinal e o nível do ruído (ambos na escala de decibel, dB) [1][3]. Logo, quanto maior seu valor, “melhor” para a operação do sistema. O parâmetro define a “sensibilidade” mínima do componente e é informado pelo fabricante do equipamento; os módulos “transponder 100 G” do fabricante PadTec, por exemplo, operam na faixa de 12 dB [10].

Tal OSNR pode ser aferida em todos os estágios que compõem o sistema DWDM, porém é dedicada uma atenção especial na recepção, pois é nesta fase em que a relação é determinante para a distinção dos níveis necessários para determinar-se o bit de informação é “zero” ou “um” – Método de fator “Q”; “gráfico do olho” (seção IV.A deste artigo) –, incidindo diretamente na BER do sistema.

(6)

degradação no decorrer do percurso – devido à atenuação provocada pela fibra, conforme descrito anteriormente, e que em contrapartida o ruído tende a aumentar, é natural que a condição ideal seja difícil de ser alcançada na maioria dos casos; soma-se a isto possíveis efeitos não-lineares intrínsecos. Uma forma de se minimizar o impacto dos efeitos não-lineares, utilizada na prática, é a aplicação de amplificadores

Raman, os quais permitem um ganho extra em distância sem

que seja comprometida a OSNR de forma grave. Em alguns casos, são utilizados dois amplificadores deste tipo, sendo um na transmissão o outro na recepção, onde são obtidas distâncias ainda maiores. Outra possibilidade para uso deste tipo de configuração com dois “Ramans” seria nas situações onde tráfego de DWDM seja sobre fibras em condições precárias de conservação, onde o parâmetro de atenuação pode estar muito acima do esperado. Há de se observar, no entanto, que a instalação de Ramans requer todo um cuidado e gastos adicionais com cordões especiais (fibras de alta potência).

Do ponto de vista estratégico, operadoras tendem a elaborar projetos onde o span entre os sites seja o mais distante possível e que, preferencialmente, não sejam utilizados estágios de regeneração, pois estes implicam em maior custo de projeto e operacional.

É de conhecimento geral que grandes distâncias, somadas aos drawbacks característicos das fibras, implicam em piora na qualidade da relação sinal-ruído (OSNR) [1][3][6]. Portanto, para que o sinal seja transmitido do emissor ao receptor com sucesso, torna-se mandatório aplicar potências altas na transmissão a fim de garantir uma potência adequada no receptor visando a melhor OSNR possível. No entanto, há de se observar que potências altas podem incitar efeitos não-lineares e estes, por sua vez, comprometem a BER. Há ainda outro agravante ainda mais preocupante: fibras em condições inadequadas de operação; ou seja, com fatores de atenuação maiores que os recomendados.

Todas estas variáveis devem ser consideradas quando da implementação do sistema, pois podem colaborar positiva ou negativamente na BER, de modo que o FEC deva ser mais ou menos atuante (a depender das condições de SNR).

Na próxima seção, são apresentados alguns tópicos [11] onde o uso do FEC ajuda a contornar algumas dessas inconveniências, auxiliando na otimização do projeto.

IX. CENÁRIOS INDICADOS PARA A UTILIZAÇÃO DE

TRANSPONDERS COM FEC

A. Redução de trechos com regeneração

Operadoras de backbone tendem a elaborar projetos onde o

span entre os sites seja o mais distante possível sem utilizar

estágios de regeneração. A decisão pode tanto ser comercial, estratégica ou devida a dificuldades impostas pela geografia.

Uma vez que distâncias maiores implicam em piora na relação sinal-ruído (OSNR), o FEC atua nestes casos, compensando o déficit de sinal na recepção.

B. Trechos com longas distâncias

Para que sejam atingidas longas distâncias, torna-se mandatório potências altas na transmissão, uma vez que o percurso atenua o sinal transmitido, a fim de garantir uma potência adequada no receptor, objetivando a melhor OSNR possível. Entretanto, deve-se ficar atento ao fato de que potências altas podem incitar efeitos não-lineares e estes, por sua vez, comprometem a BER. Assim como no caso anterior, pode se cogitar o uso de transponders com FEC, uma vez que, como já descrito, são mais robustos e podem atuar em caso de eventuais erros de blocos provocados por oscilações ou por algum outro motivo.

C. Expansão no número de canais do sistema

Uma vez que um sistema DWDM é alinhado, ou seja, a potência na recepção do site é distribuída proporcionalmente entre os canais (transponders) de forma ponderada, não é desejável que ocorram mudanças no projeto proposto inicialmente.

Entretanto, pode ocorrer de, devido à uma demanda imprevista e/ou emergencial, a necessidade de incluir um ou mais canais em determinado site.

Uma das alternativas, nestes casos, é a inserção de

transponders com FEC exigindo uma readequação nas

potências visando distribuir a SNR da melhor forma, de modo a privilegiar os níveis dos canais que não tenham o recurso, preterindo os demais (com FEC), uma vez que, com a correção por código pode-se trabalhar em condições mais precárias.

Em casos extremos, a substituição de todos os canais por outros com FEC pode também ser uma alternativa, evitando-se assim, custos com substituição de amplificadores, inserção de

Raman, etc. Tal atividade exigiria realinhamento total (ou

parcial) da rota, acarretando em maiores custos operacionais devido ao número de intervenções , as quais, consequentemente, implicam em interrupções programadas dos serviços.

D. Mitigação dos efeitos produzidos por efeitos não-lineares

Efeitos não-lineares estão dentre as maiores causas de penalização de OSNR. Deste modo, sistemas em que a OSNR seja crítica por conta de tais efeito, ou em casos onde possa vir a ocorrer, a utilização de transponders com o FEC é uma alternativa viável, dada a robustez característica daquela tecnologia já descrita neste artigo.

E. Robustez às degradações no meio de transmissão

Em casos onde as características indesejadas da fibra em condições urbanas sejam conhecidas, ou onde exija-se maior garantia de disponibilidade, a utilização de transponders com FEC é recomendada, pois a robustez destes garante que em situações adversas a transmissão não seja comprometida. Nestes casos, tende-se a alinhar o sistema de modo que os

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níveis de FEC estejam próximos de zero, garantindo assim uma margem de segurança.

Com isto, caso o sistema venha a sofrer degradações, o FEC assume o controle da situação e através de monitoramento intensivo do sistema é possível identificar a falha, dando uma margem segura para análise e atuação em tempo hábil, sem que seja comprometida a qualidade do serviço. Uma vez com acesso remoto, correções pontuais podem ser realizadas, evitando-se assim, o deslocamento de técnicos em campo.

X. CONCLUSÃO

Ao longo das últimas décadas, a tecnologia DWDM vem proporcionando o avanço nas telecomunicações fixas e móveis, graças à sua confiabilidade e extensa banda.

Tais avanços foram permitidos graças às padronizações do modelo OTN, definidas pelo ITU-T, e o desenvolvimento de componentes ópticos e eletrônicos, bem como de meios computacionais. A convergência desses fatores, propiciou que novas implementações pudessem ser desenvolvidas e aplicadas com êxito e, dentro deste contexto, o FEC foi uma das que mais contribuíram.

O método confere maior confiabilidade e robustez às redes de telecomunicações ópticas, permitindo que mesmo em situações adversas, o sinal possa ser entregue de forma satisfatória.

Dada a complexidade e extensão do tema, procurou-se neste artigo abordá-lo de forma sintática com uma pequena discussão prática.

REFERÊNCIAS

[1] G. P. Agrawal, Fiber-Optic Communication Systems, Third Edition, New York, NY: John WIlei & Sons, 2002.

[2] M. H. Yoshida, Evolução das Comunicações Ópticas: Tecnologia WDM, Santa Rita do Sapucaí: Inatel, 2011.

[3] R. Ramaswami et al., Optical Networks: A Practical Perspective,

Third Edition, Burlington, MA: Elsevier, 2010.

[4] ITU-T, Optical Transport Network (OTN) Tutorial, 2012. Disponível:

https://www.itu.int/ITU-T/studygroups/com15/otn/OTNtutorial.pdf. [5] (pôster técnico) JDSU, OTN – Transporting Ethernet and

SONET/SDH, 2012.

Disponível:

http://www.viavisolutions.com/sites/default/files/technical-library-items/otn-po-lab-tm-ae.pdf.

[6] Fujitsu Network Communications Inc., DWDM Prerequisite Training, 15 nov 2002. Disponível:

http://www.fujitsu.com/downloads/TEL/fnc/pdfservices/dwdm-prerequisite.pdf.

[7] Fujitsu Network Communications Inc., Soft-Decision FEC Benefits for

100G, 2012. Disponível: https://www.fujitsu.com/us/Images/Soft-Decision-FEC-Benefits-or-100G-wp.pdf.

[8] P. M. Henderson, Forward Error Correction in Optical Networks, 27 mar 2001. [Online]. Disponível:

http://www.michael-henderson.us/Papers/Optical_FEC.pdf.

[9] A. H. Salvador, Implementação em VHDL de uma Arquitetura Paralela de um Código de Reed-Solomon Aplicado a Redes, 28 mai 2015. Disponível:

http://www.bibliotecadigital.unicamp.br/document/?code=000952678. [Acesso em 14 jul 2016].

[10] (datasheet) LightPad i6400G Line Cards

100G, Datasheet DST100G0815V1PT, Padtec S/A. Disponível:

http://www.padtec.com.br/wp

content/uploads/2015/07/DST100G0815V1PT.pdf

[11] V. Cavalcante, Rede de Transporte – OTN - Optical Transport Network, Santa Rita do Sapucaí: Inatel, 2014.

Alexandre Mota de Oliveira Santos nasceu em Limeira, SP, em 14 de

julho de 1981. Possui o título de Tecnólogo em Telecomunicações pelo CESET (Unicamp), concluído no ano de 2008. Desde então, vem atuando no segmento de Telecomunicações, onde teve passagem por empresas no desde provedores de Internet via Rádio, a fábrica de softwares e NOC em empresas de Campinas e região. De 2011 a 2015 atuou como analista de operações no NOC da empresa Padtec com foco em DWDM onde atualmente atua no ramo de configuração de redes IP prestando serviços à Embratel. Atualmente se prepara para assumir posição junto ao time de redes ópticas submarinas da Padtec, tecnologia que oferece desafios e bastante promissora nos próximos anos.

André Luis da Rocha Abbade. Mestre em Telecomunicações pelo

Inatel em 2008. Em 1990 e 2002, obteve respectivamente os títulos de Engenheiro Eletricista e Especialista em Engenharia de Redes e Sistemas de Telecomunicações pelo Inatel. Em 2012 concluiu o curso de Pós-Graduação em Gestão Empresarial pela FGV. De 1990 a 1994 atuou como engenheiro nas empresas: NEC do Brasil; Siret; e Arcos. Atuou como engenheiro da Telemig/Telemar/Oi no período de 1994 a 2001, ocupando diversos cargos nas áreas de engenharia de provisionamento de redes até 1998 e de operação e manutenção de rede de acesso e de transporte até 2001. É Prof. no Inatel desde 1999, tendo ministrado as disciplinas “Técnicas de Atendimento a Terminais”, “Comunicações Ópticas”, “Empreendedorismo e Inovação”; “Engenharia Econômica” e “Matemática Financeira”. Atualmente ocupa também os cargos de: Coordenador do Curso Superior de Tecnologia em Gestão de Telecomunicações e Gerente de Educação Continuada no Inatel Competence Center. Sócio fundador da empresa V2Tech Soluções de Monitoramento e Rastreamento Veicular. Principais áreas de atuação: Comunicações Ópticas e Empreendedorismo.

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