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Rescisão indireta do contrato de trabalho falta grave do empregador

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Academic year: 2021

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          Rescisão indireta do contrato de trabalho falta grave do  empregador         

Art. 483 ­ O empregado poderá considerar rescindido o contrato e pleitear a

       

devida indenização quando: 

a) forem exigidos serviços superiores às suas forças, defesos por lei,

       

contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato;  

b) for tratado pelo empregador ou por seus superiores hierárquicos com rigor

       

excessivo;  

        c) correr perigo manifesto de mal considerável;  

        d) não cumprir o empregador as obrigações do contrato; 

e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra ele ou pessoas de sua

       

família, ato lesivo da honra e boa fama;  

f) o empregador ou seus prepostos ofenderem­no fisicamente, salvo em caso

       

de legítima defesa, própria ou de outrem; 

g) o empregador reduzir o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de

       

forma a afetar sensivelmente a importância dos salários. 

§ 1º ­ O empregado poderá suspender a prestação dos serviços ou rescindir o

       

contrato, quando tiver de desempenhar obrigações legais, incompatíveis com a        continuação do serviço. 

§ 2º ­ No caso de morte do empregador constituído em empresa individual, é

       

facultado ao empregado rescindir o contrato de trabalho. 

§ 3º ­ Nas hipóteses das letras "d" e "g", poderá o empregado pleitear a

       

rescisão de seu contrato de trabalho e o pagamento das respectivas indenizações,        permanecendo ou não no serviço até final decisão do processo. (Incluído pela Lei        nº 4.825, de 5.11.1965). 

     

Usualmente se diz, tanto na doutrina como na

       

jurisprudência, tratar­se de despedida indireta. Todavia para        exame da chamada despedida indireta, deve­se estudar os atos        faltosos do empregador e, depois denominá­los como atos        faltosos (Dorval de Lacerda). E ­ afirma este autor ­ não      1       existe despedida indireta. Esta é figura criada e admitida       

1 Lacerda, Dorval de, ​         in A falta grave no Direito do Trabalho          , 1960, 2ª edição, Edições Trabalhistas S.A., Rio               

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pelos simpatizantes do patronato, com o fim de colocá­lo na        situação privilegiada de não cometer atos faltosos, como os        comete o empregador, mas simplesmente na de despedir        indiretamente. 

 

Trata­se de ​faculdade do empregado (​poderá o

         

empregado considerar rescindido o contrato​        ). A parte que        viola o contrato é quem o rescinde, operando­se ​de​ ​jure​

 

O empregado não é obrigado a anular o ato de transferência se ele        traz, ínsito, a intenção de despedir. É faculdade, é poder, que não exclui o pleito da        despedida indireta. (Proc. TRT. 5ª Reg. RO 2.451/86 ­ Ac. 3ª T 1.384/86, 2­12­86        ­ Relator Juiz Washington da Trindade,publicado na Revista LTr. vol. 51, nº 4,        abril de 1987, pág. 475)​. 

   

A gravidade e a atualidade da falta também

       

são requisitos para que a rescisão esteja caracterizada        (W.D.Giglio). 2

 

Não é possível, porém, fixar critérios

       

apriorísticos que auxiliem o Juiz do feito, na apuração da        gravidade da falta. Muito depende das circunstâncias que        envolvem a prática faltosa, e só o exame de cada caso        concreto poderá definir se há, ou não, motivo suficiente para        a rescisão. Sirva de orientação muito genérica, contudo, a        recomendação de BARTOLOTTO: " só haverá ato faltoso bastante        para justificar a rescisão, quando se verificar uma violação        de tal modo grave, que impeça a continuação, mesmo        provisória, da relação de trabalho ("Diritto del Lavoro",        pág. 400, apud Dorval de Lacerda. ... 

   

WAGNER D. GIGLIO ("Justa causa", Editora LTr. 4ª edição,        1993, págs. 310 e seguintes):           

Apesar de alguns julgados em sentido contrário,        parecem­nos necessários os requisitos da gravidade e        atualidade do ato faltoso do empregador, pelas mesmas razões       

2G​iglio, Wagner D., ​in Justa causa, Editora LTr. 4ª edição, 1993, págs. 310 e seguintes. 

(3)

que fundamentam a exigência desses requisitos no ato faltoso        do empregado. 

 

Na verdade infrações veniais não justificam a        rescisão do contrato. E mesmo sendo de teor tal que possa ser        considerada grave, a infração praticada pelo empregador não        autorizará a rescisão por iniciativa do empregado se o        contrato de trabalho sobreviveu algum tempo sem anormalidade:        presume­se que o empregado renunciou a seu direito de romper        o contrato.        ...  Gravidade   

Para  justificar  a  rescisão  contratual  por  iniciativa do empregado, o ato faltoso praticado pelo        empregador deve ser grave, a ponto de tornar insuportável a        manutenção do vínculo empregatício. Isso é tanto mais verdade        quando se sabe que o emprego, regra generalíssima, é o único        meio de subsistência do empregado; para se dispor a perdê­lo,        deve o trabalhador se encontrar diante de uma situação sem        alternativa. ( ...)  

 

Não  é  possível,  porém,  fixar  critérios  apriorísticos que auxiliem o Juiz do feito, na apuração da        gravidade da falta. Muito depende das circunstâncias que        envolvem a prática faltosa, e só o exame de cada caso        concreto poderá definir se há, ou não, motivo suficiente para        a rescisão. Sirva de orientação muito genérica, contudo, a        recomendação de BARTOLOTTO: " só haverá ato faltoso bastante        para justificar a rescisão, quando se verificar uma violação        de tal modo grave, que impeça a continuação, mesmo        provisória, da relação de trabalho ("Diritto del Lavoro",        pág. 400, apud Dorval de Lacerda. ...  

 

Rompido o contrato por iniciativa do empregado, não        há como reconstituí­lo, nem mesmo em se tratando de estável,        pois é ao empregador que a lei proíbe a rescisão sem prévia        consulta ao Judiciário: o empregado é livre de rescindir, por        ato de vontade seu. De resto, é processualmente inviável        determinar­se, ou mesmo facultar­se a reintegração, quando o        pedido foi de indenização, posto que só a hipótese inversa é        prevista em lei: o art. 496 da CLT autoriza o juiz a       

(4)

converter a reintegração em pagamento de indenização, e não a        conversão deste pagamento naquela medida.    ­­­­­­            ​

WAGNER D. GIGLIO ("Justa causa", Editora LTr. 4ª

        edição, 1993, págs. 310 e seguintes):         

Apesar de alguns julgados em sentido contrário,        parecem­nos necessários os requisitos da gravidade e        atualidade do ato faltoso do empregador, pelas mesmas razões        que fundamental a exigência desses requisitos no ato faltoso        do empregado. 

 

Na verdade infrações veniais não justificam a        rescisão do contrato. E mesmo sendo de teor tal que possa ser        considerada grave, a infração praticada pelo empregador não        autorizará a rescisão por iniciativa do empregado se o        contrato de trabalho sobreviveu algum tempo sem anormalidade:        presume­se que o empregado renunciou a seu direito de romper        o contrato.      ...  Gravidade   

Para  justificar  a  rescisão  contratual  por  iniciativa do empregado, o ato faltoso praticado pelo        empregador deve ser grave, a ponto de tornar insuportável a        manutenção do vínculo empregatício. Isso é tanto mais verdade        quando se sabe que o emprego, regra generalíssima, é o único        meio de subsistência do empregado; para se dispor a perdê­lo,        deve o trabalhador se encontrar diante de uma situação sem        alternativa. ( ...)  

 

Não  é  possível,  porém,  fixar  critérios  apriorísticos que auxiliem o Juiz do feito, na apuração da        gravidade da falta. Muito depende das circunstâncias que       

(5)

envolvem a prática faltosa, e só o exame de cada caso        concreto poderá definir se há, ou não, motivo suficiente para        a rescisão. Sirva de orientação muito genérica, contudo, a        recomendação de BARTOLOTTO: " só haverá ato faltoso bastante        para justificar a rescisão, quando se verificar uma violação        de tal modo grave, que impeça a continuação, mesmo        provisória, da relação de trabalho ("Diritto del Lavoro",        pág. 400, apud Dorval de Lacerda. ...  

 

Rompido o contrato por iniciativa do empregado, não        há como reconstituí­lo, nem mesmo em se tratando de estável,        pois é ao empregador que a lei proíbe a rescisão sem prévia        consulta ao Judiciário: o empregado é livre de rescindir, por        ato de vontade seu. De resto, é processualmente inviável        determinar­se, ou mesmo facultar­se a reintegração, quando o        pedido foi de indenização, posto que só a hipótese inversa é        prevista em lei: o art. 496 da CLT autoriza o juiz a        converter a reintegração em pagamento de indenização, e não a        conversão deste pagamento naquela medida.        Rescisão indireta do contrato de trabalho       

As hipóteses que constam do rol do art. 483, da

       

CLT., em as quais o empregado poderá considerar rescindido o        contrato de trabalho e pleitear a devida indenização,        consistem no que a jurisprudência passou a denominar como       

despedida indireta. ​A expressão restou consagrada.   

Pressupõem a existência de comportamento malicioso

       

do empregador, que força ou obriga o trabalhador a tomar a        iniciativa da rescisão do contrato. Portanto, tem por motivo        a justa causa do empregador, que autoriza o empregado a dar        por rescindido o contrato de trabalho sem perda dos direitos        da dispensa. 

 

A doutrina também aceitou a denominação, apesar da

       

impropriedade desses termos (e, pior ainda, a denominação de       

dispensa indireta​  ), porque quando o empregado decide resolver        (rescindir) o contrato, o ajuste já estava resolvido        (rescindido) pelo ex­empregador.  

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A despedida indireta não repele, usualmente, por

       

sua natureza, o pronunciamento prévio do juiz. Tal não ocorre        quando a iniciativa da rescisão é do empregador. Neste caso,        o ato é considerado a máxima penalidade.   

 

Os requisitos da gravidade e atualidade do ato

       

faltoso do empregador também devem estar presentes. O motivo        ­ assim como acontece na justa causa, adotada pelo        ex­empregador ­    deve ser sério e inquestionável, de modo a        tornar impossível a continuidade do contrato de trabalho. A        gravidade deve ser avaliada abstratamente, mas com atenção ao        fato ocorrente, em cada caso. 

 

O interesse social milita, sempre, pela continuidade

       

do vínculo. E o juiz deve atender, também, numa interpretação        sistemática, a aplicação do referido interesse. Assim, se há        possibilidade de sanar o ato, sem outras conseqüências, há a        manutenção. 

 

Não é possível, porém, fixar critérios apriorísticos

       

que auxiliem o Juiz do feito, na apuração da gravidade da        falta. Muito depende das circunstâncias que envolvem a        prática faltosa, e só o exame de cada caso concreto poderá        definir se há, ou não, motivo suficiente para a rescisão.        Sirva de orientação muito genérica, contudo, a recomendação        de BARTOLOTTO: " só haverá ato faltoso bastante para        justificar a rescisão, quando se verificar uma violação de        tal modo grave, que impeça a continuação, mesmo provisória,        da relação de trabalho ("Diritto del Lavoro", pág. 400, apud        Dorval de Lacerda)­ ​MARANHÃO​, GIGLIO). 

 

Por ser oportuno diga­se, de passagem, que a falta

       

de clareza do legislador quanto à terminologia relativa às       

formas de extinção dos contratos de trabalho, ensejou à          doutrina (Délio Maranhão) estabelecer que o modo de extinção        normal do contrato é a sua ​       execução​. O que ocorre quando          atinge o termo ou alcança os fins. Há ​       dissolução quando    ocorre a ​   resilição (por iniciativa das partes); a ​       resolução  (inexecução faltosa ou implemento de condição resolutiva);       

revogação (própria dos contratos a título gratuita e,        excepcionalmente, oneroso, como o mandato); ​         rescisão (no caso      de nulidade) e ​      força maior​  . Utilizo, indiferentemente,      rescisão ou resolução. 

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São sete as hipóteses (tipos) mencionadas pelo

       

legislador (art. 483, e alíneas): a) exigência de serviços        superiores às forças do empregado, defesos por lei,        contrários aos bons costumes, ou alheios ao contrato; b)        tratamento,  pelo  empregador,  ou  pelos  superiores  hierárquicos, com rigor excessivo; c) correr perigo de mal        considerável; d) não cumprir o empregador as obrigações do        contrato; e) praticar o empregador ou seus prepostos, contra        o empregado ou pessoa de sua família, ato lesivo de honra e        de boa fama; f) o empregador ou seus prepostos ofenderem o        empregado fisicamente, salvo em caso de legitima defesa,        própria ou de outrem, e, finalmente, g) o empregador reduzir        o seu trabalho, sendo este por peça ou tarefa, de forma a        afetar sensivelmente a importância dos salários.  

 

A causa (ou motivo) que ocorre com maior

       

frequência nos tribunais, para que o empregado considere        rescindido o ajuste é a do ​       não cumprimento pelo empregador        das obrigações contratuais (art. 483, alínea “d”, da CLT).          Sobressai o não pagamento, ou o atraso na quitação, do        salário. 

 

O injustificado e não eventual atraso, por

       

dois meses, do pagamento dos salários enseja a referida justa        causa (Processo: RR ­ 13000­94.2007.5.06.0401). Para alguns,        bastam trinta dias, em face da natureza alimentar e da        proporcionalidade  (já  que  trinta  dias  de  ausência  injustificada enseja ao empregador considerar a rescisão). 

 

A irregularidade no recolhimento dos

       

depósitos ao FGTS ou da contribuição previdenciária,        igualmente, ensejam a rescisão ((RR­42500­02.2004.5.15.0066).  

 

Ato lesivo da honra e da boa fama do empregado

                     

(​alínea “e”) praticado pelo empregador tornou­se também        motivo  de  rescisão  não  raro  nos  tribunais.  Exemplificativamente: empregada que foi vítima de assédio        sexual ocorrido numa das filiais da empresa, por parte do        gerente. Ao denunciar o fato, foi dispensada. Consta, do        processo, os depoimentos registrados nos autos, segundo os        quais sendo o gerente detentor de mando inerente ao próprio        cargo, utilizava­o de forma a subjugar e coagir suas        funcionárias à prática de favores sexuais, com recompensas        pelas tolerâncias e punições às resistências. Ele importunava       

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costumeiramente suas subordinadas, chamando­as para sair,        elogiando­as com adjetivos como “bonitas”, “gostosas”,        declarando que não se importava com o fato de serem casadas,        e lhes fazia promessas de melhoria dentro da empresa.        Processo: AIRR­51300­48.2009.5.17.0014. 

 

Há distinção entre os conceitos de honra e de boa

       

fama. Honra é sentimento subjetivo de dignidade, de decoro        (conforme a tipificação penal do crime de injúria). Boa fama        é a reputação, conceito social, correlato à difamação. Na        atualidade, a jurisprudência é torrencial, em face dos        pedidos com assento no art. 5º, inciso X, da Constituição        Federal. 

 

Sobre a ​   exigência de serviços superiores às forças do              trabalhador, constata­se que, essencialmente, está ligado ao        poder diretivo do empregador. O excesso atenta, em tese,        contra a integridade física e psíquica. Há, evidentemente,        variação entre a capacidade dos empregados. Por isso que a        avaliação é de ser considerada em cada caso e mediante a        prova dos autos. Basta a ordem (ainda que não cumprida) para        a caracterização. 

 

A esta falta conecta­se, de alguma forma, aquela        relativa ao r​    igor excessivo​  . A exigência de serviços          superiores é gênero da espécie ​         rigor excessivo​  . Excesso de      rigor, pois.  

 

Os ​ serviços proibidos por lei​      , tampouco, hão de ser          cumpridos para caracterizar a falta patronal. Subsiste a        justa causa, claro, se forem realizados. Nesta previsão,        inserem­se, entre outros, aqueles exigidos do menor (trabalho        noturno, perigoso, insalubre, prejudicial à formação); da        mulher (força muscular superior a vinte quilos). E “lei”,        aqui, afigura­se estar no sentido genérico, tanto a lei        trabalhista, com a civil e penal. 

 

Sobre os bons costumes​, verifica­se que a ​Jornada

                 

de Direito Civil do Conselho da Justiça Federal estabeleceu o                    enunciado de nº 413, quanto à interpretação do disposto no        art. 187 do Código Civil: “Os bons costumes previstos no art.        187 do CC possuem natureza subjetiva, destinada ao controle        da moralidade social de determinada época, e objetiva, para        permitir a sindicância da violação dos negócios jurídicos em        questões não abrangidas pela função social e pela boa­fé       

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objetiva”.  É  inteiramente  aplicável,  na  disposição  trabalhista. 

 

Segundo o princípio da boa­fé objetiva, que se aplica        a todos os contratos, inclusive trabalhistas, previsto nos        arts. 113, 187 e 422 do Código Civil, as partes devem agir em        conformidade com parâmetros razoáveis de boa­fé, tratando o        contratante como parceiro e buscando relação de cooperação.  

 

Os  negócios  jurídicos  devem  ser  interpretados  conforme a boa­fé e os usos do lugar de sua celebração. Art.        113. 

Também comete ato ilícito o titular de um direito        que, ao exercê­lo, excede manifestamente os limites impostos        pelo seu fim econômico ou social, pela boa­fé ou pelos bons        costumes. Art. 187/CC. 

 

E – importantíssimo, já que está no último artigo        mencionado – os contratantes são obrigados a guardar, assim        na conclusão do contrato, como em sua execução, os princípios        de probidade e boa­fé.  

 

Tais dispositivos do Código Civil, estão considerados        no art. 8º, parágrafo único da CLT, como aplicáveis, já que o        referido parágrafo assim dispõe, pela convergência com os        princípios fundamentais do Direito do Trabalho. 

 

Em face da função social do contrato, as partes        possuem deveres anexos às obrigações principais. TST­RR        931/2003­006­07­00.9 (LTr 70/508). 

 

Barbosa Moreira inclui os “bons costumes” entre os

       

conceitos jurídicos indeterminados. Ressalta a premente        necessidade de motivação do pronunciamento judicial para        concretizar tal conceito, em face das opções valorativas do        julgador.A exigência da motivação judicial visa se evitar o        arbítrio praticado pela magistratura, que é a pior forma de        ditadura. 

 

A ​ ofensa física ao empregado, ​       dentro ou fora do        recinto de trabalho, é a que resulta do recurso às vias de        fato, como empurrões, tapas, pontapés, socos, brigas, etc.        Portanto, é seriíssima a lesão também à confiança recíproca,        indispensável à continuidade da execução do contrato de        trabalho. 

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A ​ redução do trabalho (que inclui, também, a não          atribuição de trabalho) resulta do flagrante descumprimento        do contrato. É obrigação do empregador posto que da atividade        do trabalhador é que há o direito ao salário, de natureza        alimentar, essencial à sobrevivência. 

   

Usualmente, as faltas elencadas pelo

       

legislador, em ​   numerus clausus​  , pode resultar em violação do        art. 5º, inciso X, da Constituição Federal. São invioláveis a        intimidade, a vida privada, a honra e a imagem das pessoas,        assegurado o direito a indenização pelo dano material ou        moral decorrente de sua violação. A Carta assegura ainda        (art. 7º, inciso XXVII) a indenização quando o empregador        incorrer em dolo ou culpa, na hipótese de acidente do        trabalho. E o art. 927, parágrafo único, do Código Civil fixa        a obrigação de reparar o dano, independentemente de culpa,        quando a atividade normalmente exercida pelo empregador        implicar, por sua natureza, riscos para o direito de outrem.  

 

Assim, a Constituição Federal de 1988, incluiu

       

as hipóteses legais – que anteriormente fundamentavam apenas        a  rescisão  contratual  –  como ensejadoras também de        indenização por dano, material ou moral. 

   

O legislador estabeleceu ainda o direito ao

       

aviso prévio, na chamada rescisão indireta. Restou superada a        discussão anteriormente travada. 

 

O fato de o empregado utilizar a opção que lhe

       

defere o legislador, art. 483/3º, de continuar o cumprimento        do contrato, até decisão judicial final, não contradiz com a        impossibilidade  de  prosseguimento.  Prevaleceu,  para  o  legislador,  o  valor  humanitário:  a  necessidade  de  subsistência do empregado. 

 

Há, ainda, questionamento a propósito da

       

falência, quando decretada. Parte considerável da doutrina        considera que se trata de risco, pelo qual é definido o        empregador. Portanto, caberá ao empregado considerar o        prosseguimento do contrato, ou não (neste último caso, a        despedida indireta). 

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Está superada a discussão sobre cabimento de

       

aviso prévio. (art. 487, 4º, acrescentado pela Lei n. 10.218,        de 11.04.01).        Referências bibliográficas:   

GIGLIO, Wagner. ​Justa causa​.​ São Paulo. Editora LTr., 1993.   

LAMARCA, Antonio. ​Contrato Individual de Trabalho​. São Paulo. Editora Revista dos  Tribunais. 1969. 

 

NASCIMENTO, Amauri Mascaro. ​Comentários às Leis Trabalhistas​. Vol. 1. São Paulo.  Editora LTr. 1992. 

 

MARANHÃO​, Délio. ​Instituições do Direito do Trabalho.​ Vol. I. São Paulo. Livraria  Freitas Bastos S.A. 1971. 

   

MOREIRA, ​ José Carlos Barbosa.​     Temas de Direito Processual. A          Motivação das Decisões Judiciais como Garantia Inerente ao                Estado de Direito.​ São Paulo. Ed. Saraiva, 1980, pp. 87 e 88.   

 

MOURA, Marcelo António de O. A. De​      . Os efeitos da falência nas relações              materiais e processuais do trabalho. In: ​           Revista LTr. 70­11/1318, v​      ol. 70, n. 11,        Novembro de 2006. 

   

Referências normativas:   

Constituição Federal, art. 5º, inciso X; art 7º, inciso        XXVII. CLT. Arts. 483 e alineas; 487, § 4º; Código Civil,        art. 187; art. 927, parágrafo único.      Casuística:         

A violação das condições de contrato ­ como no caso,        não oferecer transporte adequado para mudança de local de        trabalho nem pagar o preço do transporte, nos termos do       

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enunciado 29 de Súmula do E. TST. ­, é fundamento para o        rompimento contratual, na forma do art. 483 da CLT. 

O empregado não é obrigado a anular o ato de        transferência se ele traz, ínsito, a intenção de despedir. É        faculdade, é poder, que não exclui o pleito da despedida        indireta. (Proc. TRT. 5ª Reg. RO 2.451/86 ­ Ac. 3ª T        1.384/86,  2­12­86  ­  Relator  Juiz  Washington  da  Trindade,publicado na Revista LTr. vol. 51, nº 4, abril de        1987, pág. 475). 

 

ART. 483, "d", CLT – É caracterizado o não

       

cumprimento, pelo empregador, das obrigações do contrato,        quando este não deposita os valores devidos ao empregado,        pelo FGTS, cabendo os títulos ditos indenizatórios. (TRT 2ª        R. – RO 02940415425 – 6ª T. – Rel. Juiz Carlos Francisco        Berardo – DOESP 17.01.1996). 

 

Falência. Aviso Prévio. A falência do empregador        implicou a cessação do contrato de trabalho. Os riscos do        empreendimento devem ficar a cargo do empregador (art. 2º da        CLT), não podendo ser transferidos para o empregado. Havendo        cessação do pacto laboral pela falência da empresa, é devido        o aviso prévio.      TRT/SP, lª Turma, RO 20000144228, Rel.        Sérgio Pinto Martins, j. 25.6.2001. 

 

Indenização de 40% do FGTS. Falência. Houve a        rescisão do contraio de trabalho com a falência. Há,        portanto, dispensa, nos termos do parágrafo 1° do art.      da  Lei n. 8.036/90. Falência não e motivo justo para rescisão do        contrato de trabalho, nem constitui força maior. Assim, é        devida a indenização de 40% do FGTS, que é risco do negócio,        devendo ser paga pelo empregador. TRT/SP, 1ª Turma, RO        20000144180, Rel. Sérgio Pinto Martins, j. 25.6.2001. 

   

   

Referências

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