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2. INTRODUÇÃO DOS RECURSOS DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NA SALA DE AULA BETA DE UMA ESCOLA ESPECIAL

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2. INTRODUÇÃO DOS RECURSOS DA COMUNICAÇÃO ALTERNATIVA NA SALA DE AULA BETA DE UMA ESCOLA ESPECIAL

2.1. INTERESSE , INTERAÇÃO SOCIAL E FORMAS COMUNICATIVAS DE ALUNOS ESPECIAIS EM SALA DE AULA 12.

Danielle Abranches Brito , Leila Regina d´Oliveira de Paula Nunes , Silvia Regina Simeão Sant’Anna; Cláudia Miharu Togashi

(Universidade do Estado do Rio de Janeiro)

Resumo:

Este trabalho originou-se dos projetos de pesquisa “Dando Voz Através de

Imagens: Comunicação Alternativa para Pessoas com Deficiência” financiado pela

FAPERJ e “Promovendo a inclusão comunicativa de alunos não oralizados com

paralisia cerebral e deficiência múltipla” financiado pelo CNPq cujo principal objetivo

é analisar os processos comunicativos de alunos em uma escola especial do estado do Rio de Janeiro e a partir destas observações introduzir gradualmente os recursos da Comunicação Alternativa, para o favorecimento da comunicação e da interação em sala de aula. O estudo, iniciado em junho de 2007, está sendo conduzido em uma turma composta por sete jovens com paralisia cerebral, sendo dois oralizados, cinco com comprometimento grave na oralização. A coleta dos dados se dá através de sessões videografadas das atividades pedagógicas desenvolvidas em sala de aula além das filmagens das reuniões da equipe de pesquisa que conta com a presença da professora da turma. Dentre as diferentes variáveis investigadas, este artigo trata especificamente de dois comportamentos dos alunos - demonstra interesse na atividade e interage com o

colega. A partir das análises feitas pôde-se observar que com a introdução dos recursos

da Comunicação Alternativa, os alunos aumentaram a freqüência de interação com os colegas de turma, já que o uso dos cartões pictográficos ampliou a possibilidade de resposta e de participação dos alunos não oralizados, aumentando igualmente o interesse nas atividades pedagógicas propostas pela professora.

1

Pesquisa financiada pela Faperj, proc. E 26110235/2007, e pelo CNPq, proc. 473360/2007.1.

2 Abranches-Brito, Daniele, Nunes, L. R., Santanna,, S. R. , Togashi, C. (2009).Interesse , interação social

e formas comunicativas de alunos especiais em sala de aula In Anais em CD ROM do III Congresso Brasileiro de Comunicação Alternativa - ISAAC Brasil. S. Paulo: Marilia: Associação Brasileira de Pesquisadores em Educação Especial.

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Introdução

A Comunicação Alternativa e Ampliada (CAA), desde a sua implementação noBrasil, tem sido utilizada por diversas áreas de conhecimento e profissionais como uma das modalidades de tecnologia assistiva capaz de favorecer a comunicação face-a-face de indivíduos não falantes. Tais indivíduos tornam-se incapazes de se comunicar através da fala devido a fatores psicológicos, neurológicos, emocionais, físicos e/ou cognitivos (Nunes, 2003) e a partir do uso de recursos da CAA que substituem, ampliam ou suplementam a fala conseguem ter voz e vez nos diversos ambientes sociais.

Assim como os profissionais da saúde (fisioterapeutas, fonoaudiólogos, terapeutas ocupacionais, etc.) fazem uso dos recursos da comunicação alternativa para se comunicar com seus pacientes, observa-se também que os profissionais da Educação têm trabalhado com meios alternativos para promover a comunicação de alunos não falantes em sala de aula, seja em classes regulares ou especiais, a fim de estabelecer vínculos sociais e pedagógicos com esses.

Pesquisas recentes apontam para diversos benefícios gerados a partir da inserção da comunicação alternativa no ambiente escolar, tanto para os próprios alunos quanto para a professora. Nunes, Brito, Togashi, Brando e Danelon (2008) analisaram o processo comunicativo de cinco alunos com paralisia cerebral e deficiência intelectual com seus pares em sala de aula antes e depois da introdução dos recursos de Comunicação Alternativa e Ampliada de baixo custo e verificaram os efeitos desses recursos na interação na interação social em sala de aula. Os dados mostraram que todos os participantes empregaram pranchas contendo pictogramas para elaborar mensagens com diversas funções comunicativas como saudação, comando, descrição de eventos, formulação e resposta a perguntas e interpretação de historias contadas. As interações professor-aluno e aluno-aluno exibiram um incremento na freqüência após o uso da CAA

Deliberato e Silva (2007) discutiram a introdução da comunicação alternativa a partir de contos e recontos de histórias em ambiente escolar com alunos com paralisia cerebral não falantes. Como resultados, concluíram que os alunos obtiveram maior capacidade expressiva (gestos, expressões faciais, ilustrações dos livros) de contar as histórias, maior interesse na participação das histórias e na identificação de personagens e locais da trama (interpretação) dos contos lidos.

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Um estudo de caso realizado com um sujeito do sexo masculino de 13 anos, estudante de uma classe especial do Ensino Fundamental e que apresentava o diagnóstico de paralisia cerebral, com grave comprometimento motor e facilidade de se expressar com o rosto e com o olhar foi descrito por Silva, Baldrigh e Lamônica (2007). Com esta investigação, os pesquisadores pretenderam introduzir o uso da Comunicação Alternativa nas atividades escolares a fim de instrumentalizá-lo, favorecendo seu potencial comunicativo a partir de pranchas de comunicação produzidas com símbolos do sistema PCS3 Esta pesquisa foi bem sucedida, visto que o aluno em questão passou a participar das atividades propostas dentro de sala de aula, respondendo às perguntas e também interagindo com diferentes interlocutores em diferentes contextos.

O efeito da introdução de sistemas de CAA de baixo custo em uma escola especial foi o objetivo dos estudos de Oliveira e Nunes (2003) e Alencar (2000) citados por Nunes e Nunes (2007). Inicialmente, os alunos com deficiência mental usavam gestos e vocalizações para se comunicar e poucos articulavam palavras. O emprego do sistema de CAA em variadas atividades escolares parece ter auxiliado os alunos a se tornarem mais atentos, a se engajar mais freqüentemente em interações com seus pares e a aumentar a freqüência de respostas vocais e verbais. Suas professoras tornaram-se mais atentas ao desempenho deles e mais responsivas às suas necessidades.

Dentre outros, estes estudos acima mencionados podem ilustrar Clara mente os efeitos do uso dos recursos de comunicação alternativa no ambiente escolar e os benefícios destes para o desenvolvimento social e desempenho pedagógico dos alunos não falantes. É de suma importância garantir o interesse dos alunos nas atividades que estão sendo conduzidas em sala de aula, pois, dependendo da estratégia adotada pelo professor na sua prática cotidiana, a aula pode torna-se desinteressante e pouco interativa. Além disso, uma boa dinâmica em sala de aula promove a interação social e estimula a comunicação dos alunos, sobretudo dos não falantes.

O presente artigo tem como objetivo analisar os efeitos do uso de recursos da comunicação alternativa no interesse dos alunos, falantes e não falantes, nas atividades pedagógicas e na interação social em sala de aula.

Método

3 Picture Communication Symbols - Sistema de símbolos utilizados para construção de pranchas de

comunicação, criada em 1981 nos EUA. É um sistema que envolve 3000 figuras icônicas, acompanhadas de vocábulo escrito. Provavelmente é o sistema mais usado no mundo. (Nunes, 2003).

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Participantes: No ano de 2007 participaram cinco alunos, com paralisia cerebral associada à deficiência intelectual, sendo dois falantes (Hugo e Lucia) e três não falantes (Laura, Joana e Sabrina). Em 2008, mais dois alunos não-falantes (Vitor e Manoela) ingressaram na turma. A idade desses sete alunos variou entre 09 e 27 anos. A professora da turma e sete assistentes de pesquisa também participaram.

Locais: Sala de aula de uma escola especial municipal do Rio de Janeiro, onde foram conduzidas filmagens das sessões de observação da prática docente e das interações sociais dos alunos. As reuniões semanais da equipe de pesquisa ocorriam na Oficina Vivencial do Instituto Helena Antipoff (Secretaria Municipal de Educação do Rio de Janeiro).

Materiais: Para coletar dados deste estudo foram utilizados. Para trabalhar com os alunos foram confeccionados diversos tipos de materiais de comunicação alternativa como pranchas de diferentes formatos, cartões, letras, figuras e palavras móveis.

Procedimentos Gerais: O projeto de pesquisa foi submetido e aprovado pela Comissão de Ética em Pesquisa - COEP - da UERJ (processo COEP 026/2007). Ele foi igualmente submetido à direção do Instituto Helena Antipoff da Secretaria Municipal de Educação (SME), à diretora da escola especial participante, à professora da turma, bem como aos alunos e seus pais. Todos assinaram o termo de consentimento.

Procedimentos específicos: Foram conduzidas 23 sessões de observação, ao longo de onze meses, de uma a duas vezes por semana,com a duração variando de 18 a 97 minutos. O estudo foi dividido em duas fases: linha de base e tratamento. A linha de

base foi composta por 5 sessões. Embora a professora soubesse do objetivo do estudo,

os efeitos da introdução dos recursos da comunicação alternativa em sala de aula , não foi dada a ela qualquer instrução sobre sua pratica pedagógica e/ou material didático. O

tratamento, iniciado a partir da 6ª sessão de observação em sala de aula, e que consistiu

da introdução dos recursos de comunicação alternativa, foi conduzido através de uma variedade de atividades, todas elas planejadas durante as reuniões semanais da equipe de pesquisa a saber: a) leitura de textos sobre comunicação alternativa (CA); b) oferta de software Boardmaker para confecção de pictogramas; c) oferta de caixas de comunicação contendo pictogramas para os alunos; d) oferta de sugestões de pranchas de comunicação e de softwares para comunicação escrita; e) demonstração da utilização das pranchas para estabelecer conversação com os alunos. No entanto, o elemento– chave desse conjunto de procedimentos foi a observação e análise de trechos de sessões videogravadas da professora desenvolvendo atividades pedagógicas e interagindo com

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os alunos, conduzidas em sessões semanais de discussão com a professora e toda a equipe de pesquisa. Nessas ocasiões, a professora era convidada a expressar sua opinião sobre seu próprio desempenho e o desempenho dos alunos e a ouvir os comentários dos demais participantes.

Para registrar os dados das sessões foi utilizado um protocolo de registro de intervalo de 3 minutos nos quais eram computadas as ocorrências de determinadas categorias comportamentais das interações em sala de aula. As variáveis relativas ao comportamento dos alunos foram: aluno interage com o colega, demonstra interesse na

atividade e formas de comunicação empregadas. Um registro de evento por intervalo,

contudo, foi usado para coletar dados sobre as formas comunicativas. Assim, em cada intervalo de 3 minutos eram computados a frequencia total de cada forma comunicativa emitidas por cada participante e não apenas a ocorrência ou não ocorrência da resposta.

Interage com o colega significava o aluno emitir um comportamento

comunicativo claramente dirigido a outro aluno e produzir um efeito sobre o mesmo sob a forma de uma resposta verbal ou não verbal.

Demonstra interesse na atividade ocorria quando o aluno dirigia o olhar atento

para a professora, ou para outro colega e executava as tarefas solicitadas.

Formas comunicativas. Referiam-se à topografia das respostas comunicativas, ou

seja, ao tipo de comportamento específico usado tanto pelo sujeito como por seus interlocutores para se comunicar. Elas foram categorizadas em :

a)Verbal refere-se ao uso de palavra (s) articulada (s) como forma de iniciar a

interação ou em resposta à iniciativa.

b) Vocal refere-se à emissão de sons vocálicos significativos usados para iniciar ou responder a interação.

c) Gestual inclui movimentos manuais, corporais e expressões faciais. Mais

especificamente refere-se ao uso de gestos convencionais, considerando-se os movimentos de cabeça, usados para afirmar ou negar; os movimentos de membros superiores usados para apontar, negar, sinais socialmente convencionados, como polegar para cima indicando OK. Estão incluídas também, as expressões faciais como piscar olhos , sorrir, expressão de zanga , levantar sobrancelhas, assim como os movimentos corporais: mudança na postura, extensão do corpo, jogar corpo para trás para iniciar ou responder a interação

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d) Gráfica envolve o uso de figuras, pictogramas e desenhos dispostos ou não

em pranchas de comunicação de alta e baixa tecnologia para fins comunicativos .

e) Escrita se refere à comunicação através de letras, sílabas, palavras ou sentenças

escritas empregados para comunicação

f) Mista inclui o uso de duas ou mais modalidades acima descritas empregadas simultaneamente para fins comunicativos.

Cálculo de fidedignidade. Foram selecionadas aleatoriamente 25 % do total das sessões, ou seja 5 sessões, para proceder ao cálculo do índice de acordo entre os protocolos de categorização de dois assistentes. O índice foi calculado pelo taxa de freqüência, ou seja, pela comparação das freqüências totais dos dois observadores em cada variável estudada. Assim, dividiu-se a freqüência menor pela freqüência maior e multiplicou-se o resultado por 100 (KAZDIN, 1982). A taxa de acordos do comportamento interesse na atividade foi 190/202 = 94%. A taxa de acordos do comportamento interage com o colega foi 97 % (37/38) e a das formas comunicativas foi 85% (339/397).

Resultados

A percentagem de ocorrência de interações entre os alunos em intervalos de 3 minutos está exibida nas Figuras 1, 2 e 3 nas fases de linha de base e tratamento .

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Fig. 1. Percentagem de ocorrência de interações do aluno Hugo com os colegas 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 PERCENTAG EM DE OC OR RÊNCI AS SESSÕES CONSECUTIVAS

HUGO INTERAGE COM COLEGA

Linha de base Tratamento

0 5 10 15 20 25 30 35 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 P E RC E NT A G E M DE O CORR Ê NC IA S SESSÕES CONSECUTIVAS LAURA INTERAGE COM COLEGA

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Figura 3. Percentagem de ocorrência de interações da aluna Sabrina com os colegas

Figura 4. Percentagem de ocorrência de interações do aluno Vitor com os colegas

Os dados permitem concluir que Hugo, Laura e Sabrina aumentaram a freqüência de suas interações com os colegas depois que os recursos da comunicação alternativa

0 5 10 15 20 25 30 35 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 PER C EN T A G EM D E O C O R R ÊN C IA S SESSÕES CONSECUTIVAS

SABRINA INTERAGE COM COLEGA

Linha de base Tratamento

0 5 10 15 20 25 30 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 P ER C EN T A G EM D E O C O R R ÊN C IA S SESSÕES CONSECUTIVAS

VITOR INTERAGE COM COLEGA

Tratamento

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foram inseridos em sala. O alunos Vitor só começou a participar do estudo a quando a fase de tratamento já estava em andamento. Ele exibiu igualmente tendência crescente nas interações com colegas.

Para ilustrar os dados acima mencionados transcrevemos um trecho de uma das sessões da fase de tratamento, realizada em 11 de março de 2008

A professora realizava a seguinte atividade com seus alunos: Ela colocava para tocar no rádio de refrão em refrão a letra da música “Bicicleta” de Toquinho, e em seguida colocava no plano inclinado cartões pictográficos que completavam o refrão que havia acabado de ser tocado. Cada aluna escolhia o cartão que achava que completava o refrão corretamente. Quando chegava a vez de cada aluno individualmente escolher o cartão que considerava ser o correto, o aluno Hugo alertava seus colegas.

Professora: (vira o plano inclinado para Samira).

Hugo: Agora a Sabrina a vai procurar heim! Vai lá Sasa].

Em outro momento da atividade:

Professora: (vira o plano inclinado para Vtor) Hugo: Vai lá Vitor!

Em outro momento da atividade a aluna Joana acerta pega no

plano inclinado a palavra correta.

Professora: Isso Joana!

Hugo: Aê Joana, acertou heim Joana!!

Professora:(pega o cartão da mão de Joana) Agora deixa eu mostrar para as suas amigas aqui (vira o plano inclinado para

Laura e embaralha os cartões)].

Hugo: Ah vai lá agora é a vez da Laura heim! Laura e Manoela

Em outro momento da atividade:

Professora: Olha pra cá Manoela (mostra o cartão para os demais alunos)

H ugo: Olha pra lá, Manoela, Manoela, Manoela!

Percebemos que mesmo sem a professora pedir este aluno sente a necessidade de

interagir com seus colegas de classe, incentivando-os e elogiando-os.

Em 31 de março de 2008:

A professora trabalhava com os alunos a interpretação da música “Aquarela”de Toquinho. A escrita da letra da música e das perguntas envolviam pictogramas. As perguntas tinham 3 opções de respostas que os alunos marcavam com um “ X” feito de material emborrachado.

Professora: Aqui Vitor o que que nós fizemos na folha de papel? Um lápis?Corremos com a folha? Ou desenhamos um sol? Aonde é que tá a resposta certa?

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Vitor: Pega o “X” e dirige a mão para uma das três opções postas na pasta.

Hugo: Olha só Vitor, não é aí não, você colou errado!

Vitor: Tira o “X” da resposta anterior e o coloca em uma resposta diferente da primeira

Hugo: Cadê o sol? Aqui olha! (apontando para o desenho do sol na pasta de exercício que é a resposta correta)

Vitor: Aponta para a mesma resposta que Hugo está apontando e olha para Hugo como se quisesse confirmar a resposta

Hugo: Isso aí!

Professora: Então o que que ele tem que fazer Hugo? Tem que colocar o “X” aonde?

Hugo: Aqui olha! ( apontando para a resposta) Cola aqui!

Vitor: Tira o “X” da resposta anterior e cola na resposta que o colega o ajudou a encontrar.

Observe-se que quando Hugo percebeu que o colega não estava conseguindo encontrar a resposta correta, imediatamente decidiu ajudá-lo, sem nenhuma interferência da professora, ou seja, a iniciativa partiu do próprio aluno.

Ainda no dia 31/03/08 na realização da mesma atividade outra aluna percebe que o colega não está conseguindo realizar a tarefa necessária para a realização da atividade e espontaneamente decide ajudá-lo

Laura:(estica o braço em direção à pasta de Vitor para mostrar algo, porém como Hugo está no meio dos dois reclama).

Hugo: Ô Laura!

Professora: Ela está mostrando pro mostrando pro Vitor que ele ainda não virou a folha e que ele tem que virar a folha.

A percentagem de ocorrência de intervalos de 3 minutos nos quais os alunos mostravam-se interessados nas atividades propostas pela professora está apresentada na Figuras 4, 5, 6 e 7.

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Figura 4. Percentagem de ocorrência de intervalos de 3 minutos nos quais o aluno Hugo mostrava-se interessado nas atividades propostas em sala.

Figura 5. Percentagem de ocorrência de intervalos de 3 minutos nos quais a aluna Sabrina mostrava-se interessada nas atividades propostas em sala.

0 20 40 60 80 100 120 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 P E R C E N T A GEM D E OC OR R Ê N C IA S SESSÕES CONSECUTIVAS INTERESSE DE HUGO

Linha de base Tratamento

0 20 40 60 80 100 120 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 P E RC E NT A G E M DE O CORR Ê NC IA S SESSÕES CONSECUTIVAS INTERESSE DE SABRINA

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Figura 6. Percentagem de ocorrência de intervalos de 3 minutos nos quais a aluna Laura mostrava-se interessada nas atividades propostas em sala.

Podemos afirmar que durante a fase de tratamento os alunos vem demonstrando um aumento no interesse nas atividades propostas pela professora. É importante ressaltar que Vitor só ingressou na turma após o inicia da fase de tratamento.

Para ilustrar os dados acima mencionados transcrevemos um trecho de uma das sessões da fase de tratamento, realizada em 18 de março de 2008.

Nessa sessão a professora explicava aos alunos sobre a doença Dengue”.

Professora: A Dengue é uma doença que é transmitida por um mosquito.

Sabrina: Emite vocalizações e levanta o braço. “ chama a atenção da professora”

Professora: Você conhece o mosquito?

Sabrina: Balança a cabeça negativamente “não” Professora: Sabe o nome dele?

Sabrina: Balança a cabeça negativamente “não”

Professora: Aedes aegypti, é o nome dele (após emitir esta frase a professora continua explicando o conteúdo aos demais alunos) A professora continua e aluna solicita de novo sua atenção. Sabrina: Emite vocalizações e levanta o braço “chama novamente atenção da professora”

Professora: Você quer falar alguma coisa sobre o mosquito?

0 20 40 60 80 100 120 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15 16 17 18 19 20 21 22 P E R C E N T A G E M D E O C O R R Ê N C IA S SESSÕES CONSECUTIVAS INTERESSE DE LAURA Linha de base Tratamento

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Sabrina: Balança a cabeça positivamente “sim” Professora: Na sua casa teve o mosquito? Sabrina: Balança a cabeça positivamente “sim”

Professora: Aahh olha só a Sabrina tá dizendo que na casa dela teve o mosquito da

dengue. Mordeu alguém na sua casa?

Sabrina: Balança a cabeça positivamente “sim”

Professora: Mordeu?! E quem é que foi mordido? Seu pai? Sabrina: Balança a cabeça negativamente “não”

Professora: Seu tio?

Sabrina: Balança a cabeça positivamente “sim”

Em uma atividade do dia 27 de março de 2008 a professora trabalhava com os Alunos a interpretação da música “Bicicleta” de Toquinho. Ela preparou uma pasta de exercício onde em cada folha havia uma pergunta sobre a letra da música escrita com pictogramas, esta pergunta disponibilizava trens opções de resposta e os alunos marcavam a considerada correta com um “X”, um objeto feito de material emborrachado. A professora faz uma pergunta direcionada para o aluno Vitor:

Professora: Não é comida. O que é uma bicicleta? Bicicleta não é o que... Comida (neste momento lê e aponta os pictogramas na pasta de Hugo) bicicleta é uma roupa? Esse daqui é um casaco e uma calça comprida (lê e aponta os pictogramas na pasta de Sabrina).Olha aqui Vítor(aponta para o pictograma na pasta do aluno)

Sabrina: (Olhando para a professora, emite vocalizações, os sons dessa vocalização se assemelham a som de não). Professora: Não né Sabrina!

Sabrina:(sorri, concordando com a professora).

Mesmo a pergunta sendo para outro colega, a vontade de participar da atividade é tão grande que a aluna responde rapidamente a pergunta mesmo não sendo direcionada para ela.

No dia 31 de março de 2008 a professora está realizando uma atividade semelhante a do dia 27 de março, porém agora, ela trabalha com a música “Aquarela” também de Toquinho. A professora pergunta para os alunos:

Professora: Então vamos lá, o que é que nós fizemos na folha de

papel? A gente fez um lápis, a gente correu ou a gente fez o desenho de um sol...

Laura:(Laura rapidamente aponta para um pictograma e olha para professora) SOL

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Percebemos que a professora nem tinha terminado de formular a pergunta e a aluna já atenta, rapidamente deu sua resposta.

Nas figuras 7, 8, 9, 12, 11 ,12 e 13 está apresentada a freqüência estimada para sessões de 30 minutos das formas comunicativas empregadas pelos participantes do estudo envolvendo linha de base e tratamento.

Fig. 7. Freqüência total estimada para sessões de 30 minutos das formas comunicativas empregadas por Hugo

0 20 40 60 80 100 120 140 160 180 174 11 9 6 1 1 2 F R EQ U EN C IA EST IM A D A T O T A L FORMAS COMUNICATIVAS

HUGO FORMAS COMUNICATIVAS (TOTAL)

99 13 6 6 4 2 0 10 20 30 40 50 60 70 80 90 100 FR EQ U EN C IA EST IMA D A T O TA L

GESTUAL GRÁFICA VOCAL GESTUAL +

GRÁFICA

GESTUAL +VOCAL

ESCRITA

FORMAS COMUNICATIVAS

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Fig. 8. Freqüência total estimada para sessões de 30 minutos das formas comunicativas empregadas por Laura

Fig. 9. Freqüência total estimada para sessões de 30 minutos das formas comunicativas empregadas por Sabrina.

Fig.10. Freqüência total estimada para sessões de 30 minutos das formas comunicativas

0 20 40 60 80 100 120

GESTUAL VOCAL GRÁFICA GESTUAL +VOCAL GESTUAL + GRÁFICA ESCRITA GRAFICA + VOCAL 110 36 29 16 9 2 1 F R EQ U EN C IA EST IM A D A T O T A L FORMAS COMUNICATIVAS

SABRINA FORMAS COMUNICATIVAS (TOTAL)

0 5 10 15 20 25

GESTUAL GESTUAL +VOCAL VOCAL GRÁFICA GESTUAL +

GRÁFICA 22 11 9 2 2 F R E Q U E N C IA T O T A L FORMAS COMUNICATIVAS

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empregadas por Joana

Fig.11. Freqüência total estimada para sessões de 30 minutos das formas comunicativas empregadas por Lucia

Fig.12. Freqüência total estimada para sessões de 30 minutos das formas comunicativas empregadas por Vitor

0 2 4 6 8 10 12 14 16 18

VERBAL GESTUAL VOCALGESTUAL + VOCAL GESTUAL +VERBAL GESTUAL + GRÁFICAESCRITA 17 15 4 2 2 1 1 F R EQ U EN C IA EST IM A D A T O T A L FORMAS COMUNICATIVAS

LUCIA FORMAS COMUNICATIVAS (TOTAL)

0 5 10 15 20 25 30

GESTUAL GRÁFICA ESCRITA

29 4 2 F R EQ U EN C IA EST IMA D A T O T A L FORMAS COMUNICATIVAS

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Fig.13. Freqüência total estimada para sessões de 30 minutos das formas comunicativas empregadas por Manoela.

A comunicação gestual, que envolve tanto gestos manuais como expressões faciais e movimentos corporais, acompanhada ou não de outra modalidade, foi a mais frequentemente empregada pelos alunos não oralizados, como Sabrina, Joana, Laura, Vitor e Manoela. Ela esteve presente também entre os alunos capazes de falar como Hugo e Lucia. É importante mencionar que a comunicação gráfica, ou seja, com o uso de pictogramas, figuras ou desenhos inseridos ou não em pranchas de comunicação, foi usada pelos alunos não falantes, sobretudo por Sabrina e Laura, e mesmo por alunos oralizados como Hugo.

Discussão

Os dados revelam que no início os alunos quase não se comunicavam entre si, o que significa que a professora possuía uma maior centralidade. Com o passar das sessões e a introdução da comunicação alternativa os alunos passaram a interagir mais entre si, apresentando iniciativa cada vez mais freqüente para se comunicar já que passam a perceber que podem ser compreendidos.

Das analises feitas a partir dos dados sobre “Interesse na atividade” podemos notar que a maioria dos alunos manteve certa regularidade o que revela participação e interesse dos alunos nas tarefas propostas pela professora.

0 5 10 15 20 25 30

GESTUAL VOCAL GESTUAL + GRÁFICA

27 4 1 FR E Q U E N C IA TOTA L FORMAS COMUNICATIVAS

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Os alunos não oralizados recorreram predominantemente ao uso de gestos manuais, expressões faciais e movimentos corporais para se comunicar. Contudo, merece destaque o crescente uso da comunicação gráfica, seja isoladamente ou acompanhada por gestos, pelos alunos não falantes e até mesmo pelos oralizados. Desta forma, o emprego de pranchas contendo pictogramas por todos os alunos, até pela própria professora e pelos assistentes de pesquisa tornaria essa forma de comunicação mais horizontalizada, inclusiva e possivelmente aceita por todos, como defendem von Tetzchner e Grove (2003), ao propor o conceito de inclusão comunicativa.

Como uma análise geral da pesquisa que vêm sendo realizada nessa turma desde 2007, pode-se observar que a introdução de uma comunicação alternativa e adaptação dos trabalhos pedagógicos realizados pela professora e pelos alunos, apesar de ser tarefa demorada tendo apoio de profissionais de diversas áreas, proporciona a esses jovens uma oportunidade de não só se comunicar, mas também em se sentirem autônomos com maior capacidade de se fazer entender sem a presença constante de um mediador.

Referências Bibliográficas

Deliberato, D. & Silva, A.(2007). Habilidades expressivas de alunos não falantes no reconto de historias. Em Em L. R. Nunes, M. Pelosi & M. R. Gomes (Orgs), Um

retrato da comunicação alternativa no Brasil: Relatos de pesquisas e experiências,

volume 1 (pp.66-76).Rio de Janeiro: Quatro Pontos/FINEP

Nunes, L. R. (2003). Linguagem e comunicação alternativa: uma introdução. Em L. R.Nunes (Org). Favorecendo o desenvolvimento da comunicação em crianças e

jovens com necessidade educacionais especiais (pp. 1-13). Rio de Janeiro: Dunya

Nunes, L. R. & Nunes, D. R. (2007). Um breve histórico da pesquisa em comunicaçãoalternativa na UERJ. Em L. R. Nunes, M. Pelosi & M. R. Gomes (Orgs),

Um retrato da comunicação alternativa no Brasil: Relatos de pesquisas e experiências,

Referências

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