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A INSERÇÃO DA MULHER NO GRAFFITI

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Academic year: 2021

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A INSERÇÃO DA

MULHER NO GRAFFITI

CULTURA, ARTE E POLÍTICA

Considerado um ato subversivo nos anos 80, atualmente o

graffiti vem se posicionando no âmbito das artes visuais. Uma

arte contemporânea que está além dos meios urbanos, está em evidência. O graffiti deixa de ser visto como um ato de vandalismo para ser apreciado como arte que manifesta a insatisfação com o poder público e denuncia de forma concreta as mazelas de uma sociedade em desigualdade de classe, gênero e raça. É uma arte efêmera que chega para democratizar a arte. Nesse cenário, as mulheres grafiteiras vêm chamando a atenção e desafiando padrões de uma sociedade de herança machista.

Em uma conjuntura predominantemente

masculina, mulheres grafiteiras desafiam os

estigmas e vão às ruas para colorir muros.

Tag: Assinatura do nome.

Toy: Não respeita outros escritores. Bomb: Graffiti ilegal feito em portas, muros, geralmente à noite. Bomber: Aquele que faz Bombs pela cidade.

Throw-up :Vomitar, estilo simples de letra.

Cap: Bico do spray, pode ser Fat (traço grosso para coberturas) ou Skinny (contornos ou detalhes). Marker: Marcadores usados para fazer tags.

Vocabulário

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As mulheres vêm se destacando

em suas ações. Trazem à tona

suas ideologias e posicionamento

de gênero, buscando uma

posição igualitária.

1

As mulheres que estão em voga neste movimento, questionam o espectador com seus personagens normalmente de

representação feminina, com bonecas, personagens de desenhos animados, construindo um diálogo da voz da mulher para o mundo. Há diversas artistas respeitadas e conhecidas no mundo inteiro por suas obras de traços mais delicados, cores, mensagens contra

preconceito entre gêneros ou classe.

Das mulheres que se destacam com suas obras no contexto urbano mundial estão: a grafiteira Kashink, moradora de Paris; a francesa Miss Van, hoje moradora de Barcelona; 2

Rojas, artista que vive em São Francisco; Lady Pink, a diva precursora do graffiti feminino nascida no

Equador e criada em Nova York, foi a única mulher grafiteira do cenário por muito tempo; a polonesa Olek e a japonesa Lady Aiko, também residentes de Nova York; Hassani, uma das primeiras artistas mulheres do Afeganistão; Mizrahi e Toofly, que juntas fundaram o Younity, um fórum de artistas que lutam por mais espaço e reconhecimento. No Brasil, a pioneira foi a paulista Nina Pandolfo, que se considera uma agente de intervenção. O

movimento das mulheres no Brasil cresceu muito desde então, conquistando espaço e respeito. Panmela Castro, início como

Anarkia Boladona.

O livro Graffiti Woman,

fez uma avaliação de

125 grafiteiras do mundo.

Dentre elas, estão 8

brasileiras.

Piecebook: Livro de sketches (rascunhos) do escritor.

Insides: Bombardear, encher de tags os trens ou ônibus por dentro. Piece: Graffiti bem pintado e com um fundo.

Top-to-bottom: Trem que é pintado de cima até embaixo. End-to-end: Trem que é pintado de uma lado até o outro. Whole Car: Fusão do Top-to-bottom com o End-to-end, quando o trem é pintado por completo.

Crew: Equipe/grupo de amigos que pintam juntos.

Wildstyle: Estilo agressivo de letras entrelaçadas e complicado de ler.

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" Feminismo clama

por igualdade, pelo

fim da dominação

de um gênero sobre

outro. Feminismo

não é o contrário de

machismo.

Machismo é um

sistema de

dominação.

Feminismo é uma

luta por direitos

iguais"

- Geledés, texto de

Clara Averbuck

1

Para se manterem mais fortes neste movimento muitas das grafiteiras se organizam em grupo - CREW, assim podem agir de forma mais reforçada. A união faz com que essas mulheres criem coragem para desbravar as ruas e espalhar sua voz. Sair para pintar em grupo é a maneira que

encontram para furar o bloqueio dos homens.

Na capital Paulista, a Crew Noturnas, formada em 2006 pelas artistas Tikka, Zeila e Suzue, aproximaram outras seguidoras deste movimento, como Kel, Miss, Pan, Prila e Yá. Muitas usam apelidos curtos para se distinguir em sua identidade com arte urbana. Com apoio de famílias elas se sentem orgulhosas de suas atitudes perante os riscos que correm nas ruas.

No Rio de Janeiro se destacam algumas outras, como a TPM Crew, que, desde 2002, liderada por Marcela Zaroni, aborda a presença da mulher nas artes e outras questões. Um outro movimento forte no Rio de Janeiro é a Rede NAMI, idealizada pela grafiteira Panmela Castro, conhecida mundialmente por lutar contra a violência doméstica e conscientizar mulheres sobre seus direitos. Em Belo Horizonte, desde de 2005 A Crew As minas de Mina, traz para a capital mineira sua irreverência em colorir os muros não só da capital, mas também de cidades

Os coletivos de

mulheres no graffiti

“Até padrão de qualidade

se coloca em cima do

graffiti feito pela gente”

- Gabi Bruce, Flores Crew

Panmela Castro, Rio de Janeiro

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A capital pernambucana é a cidade nordestina com mais mulheres ativas na arte do graffiti.

2

vizinhas. Formada por quatro integrantes, Krol, Viber, Musa e Nica, buscam fazer das suas

manifestações projetos que possam agregar mais mulheres ao movimento. Na região nordeste, onde a questão machista é bem forte, esse movimento também ganha força. Em Salvador, a Crew Toque Feminino, liderada por Mônica, que desde 2005 marca os muros da capital. Na cena pernambucana, a Flores Crew é um coletivo independente formado em 2004, que busca contribuir para uma sociedade menos desigual, tendo como

precursora Gabi Bruce. Há também a 33 Crew ; Várias Queixas Crew, e o coletivo Borboletas de Passagens, que se reúnem com único objetivo de dissipar o machismo existente na cultura nordestina. A capital pernambucana é a cidade nordestina com mais

mulheres ativas nesta arte. Na cena gaúcha, a Crew Meygas, de Porto Alegre, se

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destaca pela singularidade cada integrante. Dentre elas, Nina Moraes, inserida neste nicho desde 2006, se destaca em seus

personagens, onde a

maioria são bonecas tendo a sutileza como diferencial. Essas grafiteiras estão simbolizando e

resignificando seu lugar na sociedade, cada uma traz sua mensagem, sempre com o questionamento sobre o posicionamento de gênero. São mulheres que desafiam a estética e a linguagem das ruas,

transformando a opinião de muitos que ainda não tiveram a sensibilidade de ver que elas estão a todo vapor nas ruas, desafiando preconceitos, trazendo um novo cenário para o graffiti. Nos últimos 15 anos, a presença das mulheres no graffiti se tornou mais significativa no Brasil. Elas vem se tornando cada vez mais independentes em suas ações.

Recifusion colore mais uma vez o Recife com

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1

Desde do fim da década de 80, o graffiti já não está tão enquadrado no papel de transgressor, da poluição visual, quando os maiores ícones desta arte urbana são consagrados em galerias conceituadas de arte. O fato de pessoas antes marginalizadas serem agora reconhecidas como artistas seria a forma mais legítima de democratização da arte.

Hoje galerias específicas desta arte vem ganhando campo, um exemplo é a GAU - Em Lisboa Galeria ArtUrbana que publica semestralmente exemplares possibilitando visibilidade aos grafiteiros em voga na capital portuguesa.

Com toda essa

efervescência nas artes urbanas, o poder público brasileiro vem dando espaço para estes artistas, como a exposição à céu

2

aberto em São Paulo próxima ao MAC e o túnel da Conceição em Porto Alegre, que reuniram diversos grafiteiros e suas obras. Muitos eventos pontuais de graffiti e arte urbana também vem ocorrendo pelo Brasil nos últimos anos. Na cidade de São Paulo foi instituído o dia do graffiti, 27 de março. Em algumas capitais pelo mundo o graffiti foi

reconhecido como

patrimônio cultural. O graffiti não só se solidificou como linguagem visual urbana, como também ganhou status de arte e patamar de solução para o cinza

predominante do concreto das construções.

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Alguns, porém, acreditam que o graffiti não deveria ir para galerias ou ser

comercializado,

acreditando que assim perderia a sua originalidade de arte urbana e passaria a ser uma mercadoria sem propósito em sua essência. Deixaria de ser uma arte efêmera no meio urbano. O graffiti brasileiro vem conquistando espaço, não só nas avenidas, mas também nas telas de cinema, como com o documentário "Cidades

Cinzas", de 2013, projeto

independente que tem como objetivo apresentar o descaso do poder público perante as obras exibidas nas avenidas paulistas.

É verdade que é

predominantemente

masculino, mas cada

vez mais aparecem

meninas fazendo

intervenções nas ruas

do mundo todo e

com trabalhos muito

expressivos.

- Nina Moraes

O graffiti e sua

dimensão

mercadológica

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Nina Moraes Ou “as mulheres..” Ou uma citação dela 1

A conclusão desta pesquisa aponta com clareza a importância da militância feminina no graffiti que vem se posicionando ao longo dos anos pelo mundo. Afirmando-se como uma postura na sociedade de direitos igualitários, o graffiti possui abrangência em ações culturais, políticas e artísticas.

2

Nos últimos 15 anos as mulheres vem conquistando espaço no graffiti,

evidenciando suas

atenções, utilizando as ruas como suporte de acesso para transmitir suas

mensagens e fortalecer o movimento. Elas estão em evidência, em formato de crew ou solas, tornando o graffiti uma comunhão com a transformação social, e pronunciando a igualdade de gênero.

Tata Maria, produtora cultural

(21) 98871-4777

tata.taceli@gmail.com Linkedin

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Colaboradoras

Mag Magrela Nina Moraes Pat Bado

Considerações

Finais

Projeto de Graduação em Ciência Sociais - Ênfase em Política e Produção Cultural Por Alessandra Taceli (Táta Maria)

Capa vertical: Panmela Castro Capa horizontal: Mag MAgrela

Nina Moraes, Porto Alegre

“Sempre me desafiei. Assim quebrei várias barrerias internas e externas. Sempre

questionei todas as informações e regras que vinham até mim, vi que a maioria

não cabia na minha vida, no meu jeito de pensar e ser. Nunca me vi como um

ser frágil e inferior . Acho que é muito pessoal. Você só precisa ter vontade de

fazer as coisas.”

Referências

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