José, casado com Sônia, pelo regime da comunhão parcial de bens, amealhou todo o seu patrimônio onerosamente na constância do casamento.
José era muito amigo de Renato. Renato pediu a seu melhor amigo, José, que fosse seu fiador, em Contrato de Locação, já que o locador André estava exigindo a garantia para a conclusão do negócio. José concordou em ser fiador de Renato no Contrato de Locação, firmado entre locador e locatário. Assim em 21.03.2016, José assinou o Contrato de Locação na condição de fiador. Ao assinar o Contrato, José declarou expressamente que era casado com Sônia, contudo, não comunicou Sônia acerca da fiança prestada. André por sua vez, em momento algum exigiu a outorga de Sônia, na fiança prestada.
O casamento de José e Sônia passava por uma grave crise, motivo pelo qual ambos decidiram se divorciar. Em 05.08.2019, transitou em julgado. Após o Divórcio Sônia foi surpreendida pela informação de que seu ex-marido, era fiador em Contrato de Locação, ainda vigente, firmado entre Renato e André. Preocupada com a situação, em 04.08.2020, Sônia propôs Ação de Anulação de Fiança em face de André, Renato e José.
O juiz da 13ª Vara Cível da Comarca de São Paulo – SP julgou totalmente improcedente a demanda de Sônia, sob a fundamentação de que Sônia era parte ilegítima para a propositura da Ação, sendo legitimado para tanto, apenas seu ex-marido; ainda, sob a fundamentação de que o direito de Sônia em anular a Fiança prestada por seu ex-marido havia sido alcançado pela decadência, uma vez que o Contrato havia sido assinado em 21.03.2016; e por fim, aduziu que a outorga uxória só é exigida quando os cônjuges são casados pelo regime da comunhão universal.
Inconformada, Sônia opôs Embargos de Declaração com a finalidade de sanar as contradições na Sentença, contudo, o M.M. Juiz manteve sua decisão, negando provimento aos Embargos.
A decisão dos Embargos de Declaração foi disponibilizada no Diário da Justiça Eletrônico em uma terça-feira, dia 02 de março de 20XX. Desse modo, como advogado (a) de Sônia, elabore a peça processual cabível no caso, tempestivamente, a fim de defender os interesses de sua cliente, datando a peça com o último dia de prazo, indicando os seus requisitos e fundamentos nos termos da legislação vigente.
Obs: a peça deve abranger todos os fundamentos de Direito que possam ser utilizados para dar respaldo à pretensão. A simples menção ou transcrição do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito Simulado – Peça
Quesito avaliado Valores Possíveis Atendimento
ao Quesito PEÇA DE INTERPOSIÇÃO
01. Indicação da competência: 13ª Vara Cível da Comarca de São Paulo
– SP (endereçada ao juiz prolator da sentença) (0,20). (0,20) 0,0/0,20 02. Indicação correta das partes: Sônia (apelante) e qualificação (0,10)
e André, Renato e José (apelados) e qualificações (0,30). (0,40) 0,0/0,10/0,30/0,40 03. Nome da peça: Apelação (0,10), art. 1.009 e seguintes do CPC
(0,10). (0,20) 0,0/0,10/0,20
04. Requerimentos: Requerer a intimação do Apelado para apresentar suas contrarrazões no prazo de 15 dias, nos termos do art. 1010, §1º, do CPC) (0,10) e na sequência a remessa dos autos para o Tribunal de Justiça de Minas Gerais (0,10), independentemente de juízo de admissibilidade, nos termos do §3º, art. 1.010, do CPC (0,10). (0,30)
0,0/0,10/ 0,20/0,30
05. Fechamento: Local/Data e Advogado/OAB... (0,10). (0,10) 0,0/0,10 RAZÕES DE APELAÇÃO
06. Informações: Indicação das partes (apelante e apelados) (0,10); indicação do Tribunal de Origem (13ª Vara Cível da Comarca de São Paulo – SP) e número do processo (0,10); e saudações ao colegiado (0,10). (0,30)
0,0/0,10/ 0,20/0,30
07. Breve Histórico Processual: Relação jurídica mantida entre as partes (O ex-marido da Apelante, figura como fiador em Contrato de Fiança firmado entre os Apelados. A garantia foi prestada sem autorização da Apelante, que apenas tomou ciência da garantia prestada após o Divórcio, que transitou em julgado em data de 05.08.2019, motivo pelo qual propôs Ação pretendendo a anulação da fiança (0,10); causa (o magistrado julgou ao final, totalmente procedentes os pedidos da apelante (0,10); e consequência (a reforma da sentença (0,10)). (0,40)
0,0/0,10/0,20/0,30/0,40
08. Do Cabimento e da Tempestividade: Indicar a presença da sentença e por isso cabível apelação (art. 203, §1º, 487, I, e 1.009 do CPC (0,30); indicar a legitimidade (art. 996, do CPC) (0,10); indicar a tempestividade (art. 1.003, § 5º, CPC) (0,10); e comprovar o recolhimento do preparo (art. 1.007, CPC (0,10). (0,60)
0,0/0,10/0,20/ 0,30/0,40/
09. Razões Recursais: A fiança foi prestada pelo então cônjuge da Apelante, através de Contrato que não contou com a autorização desta (0,10). Com exceção no regime da separação absoluta, o art. 1.647, do CC (0,10) exige a outorga uxória, ou seja, a autorização da mulher, para que o outro cônjuge preste fiança (0,10). (0,30)
0,0/0,10/ 0,20/0,30
10. Razões Recursais: A Apelante é parte legítima para a propositura da ação, uma vez que a Ação Anulatória do negócio jurídico firmado sem a outorga conjugal será proposta somente pelo cônjuge que deveria dar a autorização, ou pelos herdeiros do garantidor, não podendo, portanto, ser proposta pelo cônjuge que prestou a garantia (0,15), conforme inteligência do art. 1.650, do CC (0,15). (0,30)
0,0/0,15/0,30
11. Razões Recursais: A falta de outorga uxória, torna anulável o ato praticado (0,10), nos termos da segunda parte, do art. 1.649, do CC (0,10). Neste sentido, o STJ, através da Súmula 332 (0,20), firmou entendimento de que “A fiança prestada sem autorização de um dos cônjuges implica a ineficácia total da garantia” (0,10). (0,50)
0,0/0,10/0,20 0,30/0,40/0,50
12. Razões Recursais: Com efeito, o Divórcio da apelante e de seu cônjuge transitou em julgado em data de 05.08.2019, momento a partir do qual, terminou a sociedade conjugal do casal (0,10), nos termos do art. 1.571, do CC (0,10). O prazo para a apelante pleitear a anulação da fiança prestada sem autorização, é de dois anos, contados da data do término da sociedade conjugal, que no caso em questão deve ser contado do divórcio, motivo pelo qual, a Apelante não decaiu de seu direito de pleitear a invalidade do negócio jurídico (0,10). (0,30)
0,0/0,10/ 0,20/0,30
Requerimentos
13. Requerimento: Requerer o recebimento do recurso nos seus efeitos devolutivo e suspensivo (art. 1.012 e 1.013, do CPC) (0,20). (0,20)
0,0/0,20
14. Requerimento: Requerer que o recurso seja conhecido (0,10) e, quando do seu julgamento, lhe seja dado integral provimento (0,10) para reformar a sentença a fim de julgar procedente o pedido para reformar a sentença a fim declarar a anulabilidade da fiança prestada, com a consequente desconstituição do negócio jurídico (0,10). (0,30)
0,0/0,10/ 0,20/0,30
15. Requerimento: Requerer a intimação dos Apelados para resposta
ao recurso no prazo de 15 dias (art. 1010, §1º, do CPC). (0,10) 0,0/0,10 16. Requerimento: Requerer a redistribuição dos honorários fixados
em primeiro grau e arbitramento dos honorários de sucumbência recursal (art. 85, § 11, do CPC) (0,10). (0,10)
17. Requerimento: Requerer a juntada da guia de recolhimento das
custas de preparo (0,10). (0,10) 0,0/0,10
18. Encerramento da Peça: Local/24/03/20xx (indicar a data correta) (0,20) e Advogado/OAB... (0,10). (0,30)
0,0/0,10/ 0,20/0,30
Questão 01
Draco conheceu Luna em uma festa do colégio e se apaixonaram. Decidiram então se casar pelo regime da comunhão parcial de bens e fixar domicílio em Montes Claros-MG. Da referida união, advieram dois filhos, a saber: Hermione e Fredy. Hermione, teve dois filhos; Fredy por sua vez, também teve um filho. A família foi surpreendida com a notícia de Draco sobre um câncer que lhe acometia. Diante do estado avançado da doença Draco veio a falecer deixando seus herdeiros. Seu patrimônio é avaliado em R$ 1.000.000,00, desse montante apenas a casa do casal foi adquirida onerosamente durante o curso do casamento, avaliada em R$ 300.000,00. Desde logo aberta a sucessão, Hermione decide, por meio de escritura pública, renunciar a herança do pai.
Diante do caso ilustrado, responda:
A) Como será a sucessão de cada um dos herdeiros de Draco sobre seus bens? Fundamente e justifique sua resposta. (Valor: 0,65)
B) Qual é a competência para ajuizamento do inventário judicial? Justifique sua resposta. (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
(Valor: 1,25)
Gabarito Simulado – Questão 01
Quesito avaliado Valores
Possíveis
Atendimento ao Quesito A) Luna, sua esposa, possui meação sobre o imóvel avaliado em R$ 300.000,00,
portanto só irá herdar seus bens particulares avaliados em R$ 700.000,00, conforme art. 1.829, CC (0,20). Hermione, diante da renúncia expressa, será tida como inexistente e sua quota parte será transferida aos demais herdeiros, de modo que seus filhos não poderão representá-la na sucessão, conforme
0,0/0,20/0,25/ 0,40/0,65
previsão no art. 1.811 (0,25). Dessa forma a divisão de bens seguirá a seguinte proporção: Sobre o imóvel Fredy receberá 100% da meação que corresponderia a Draco. Sobre os demais bens avaliados em R$ 700.000,00, a divisão irá obedecer a seguinte proporção 50% para Luna e 50% para Fredy, já redistribuída a quota parte de Hermione (0,20). (0,65)
B) A competência será no último domicílio do autor da Herança (0,20), isto é, Montes Claros -MG (0,10), nos termos do artigo 48, caput, do CPC (0,30) (0,60).
0,0/0,10/0,20/ 0,30/ 0,50/0,60
Questão 02
Em 22/04/20xx, Victoca propôs ação de execução de título extrajudicial em face da sociedade empresária VVB Negócios Imobiliários, com base em nota promissória vencida e não paga. Nesta ação recebida e processada pela 1ª Vara Cível da Comarca de São Paulo-SP a exequente requereu a citação da executada para efetuar o pagamento em 3 (três) dias. Ato contínuo, não houve o pagamento do débito, bem como não foram encontrados bens penhoráveis pertencentes à sociedade empresária, sendo ainda caracterizado pelas pesquisas de bens que houve desvio da finalidade social da empresa.
Com base no caso hipotético, responda as assertivas abaixo:
A) Poderá o juiz decretar de ofício a desconsideração da personalidade jurídica em face da empresa VVB Negócios Imobiliários? Justifique. (Valor: 0,65)
B) Na hipótese de instauração do incidente de desconsideração da personalidade jurídica, será suspensa a Ação de Execução de Título Extrajudicial? (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
Gabarito Simulado - Questão 02
Quesito avaliado Valores Possíveis Atendimento
ao Quesito A) Não (0,10), a instauração se dá mediante requerimento da parte
interessada ou do Ministério Público, nos casos em que lhe couber intervir no processo (0,20). Tal requerimento deverá demonstrar o preenchimento dos pressupostos legais específicos para a desconsideração da personalidade jurídica (0,20), nos termos do artigo 50, do CC (0,15). (0,65)
0,0/0,10/0,15/ 0,25/0,35/0,40/ 0,45/0,50/0,55/
0,60/0,65 B) Sim (0,10). A instauração do incidente de desconsideração da
personalidade jurídica suspenderá o processo em trâmite (0,30), conforme previsto no parágrafo 3º do artigo 134, do CPC (0,20). (0,60)
0,0/0,10/0,20/ 0,30/0,60
Questão 03
Fábio, enfermeiro, é proprietário de uma minivan. Em 25 de janeiro, feriado em São Paulo, Fábio estava de folga e sua vizinha, Isabela, o procurou para propor que a levasse até uma praia em Santos/SP, informalmente, oferecendo-se para pagar R$ 100,00 (cem reais), tendo em vista que o carro da Isabela estava no mecânico naquela ocasião.
A princípio, Fábio se recusou, alegando que apenas utiliza sua minivan de forma particular e que não realiza esse tipo de transporte. Contudo, após insistência por parte de Isabela, aceitou a proposta de forma excepcional, e assim acordaram.
Durante o percurso, já em Santos/SP, na Avenida Ana Costa, Fábio foi surpreendido por um ônibus da empresa Viagem Leve LTDA. desgovernado vindo em sua direção na contramão.
A fim de evitar uma batida frontal, Fábio faz uma abrupta manobra à direita, colidindo bruscamente com um veículo BMW que estava estacionado no canteiro da orla. O veículo atingido é propriedade da turista Giselle, que mora em Belém do Pará/PA.
Com o impacto, Isabela, uma das passageiras da van bateu com a cabeça na no banco da frente, causando lesões que lhe custou R$ 5.000,00 (cinco mil reais) em tratamento médico-hospitalar.
Giselle e Isabela pretendem mover ações autônomas contra Fábio, reivindicando as indenizações cabíveis.
A) Na ação movida por Isabela, Fábio deverá indenizá-la pelos danos suportados mesmo sua conduta sendo motivada por terceiro? Caso ele seja condenado, poderá reaver os valores despendidos? (Valor: 0,65)
B) Qual será o foro competente para a propositura da ação de Giselle? Caso Fábio seja condenado, poderá reaver os valores pagos à Giselle? (Valor: 0,60)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
(Valor: 1,25)
Gabarito Simulado – Questão 03
Quesito avaliado Valores Possíveis Atendimento
ao Quesito A) Sim (0,10). Na ação proposta por Isabela, Fábio não poderá alegar a
excludente de responsabilidade por culpa de terceiros (0,25), conforme artigo 735, CC (0,10). Fábio poderá propor em face da empresa de ônibus ação regressiva (0,10) com base no mesmo artigo 735, CC (0,10). (0,65)
0,0/0,10/0,20/0,25/ 0,30/0,40/0,45/0,50/
0,55/0,60/0,65 B) O Foro competente para Giselle propor a ação é concorrente (0,20),
poderá ser o de Belém do Pará/PA, do seu domicílio (0,10), ou o foro de Santos/SP, local do acidente (0,10) nos termos do artigo 53, V, CPC (0,10). Fabio poderá mover ação de regresso contra a empresa Viagem Leve LTDA. (0,10) com base no artigo 930, CC (0,10). (0,60)
0,0/0,10/0,20/0,30/ 0,40/0,50/0,60
Questão 04
Por 3 (três) meses, a professora Andrea, recebeu exemplares semanais de uma revista local, sem qualquer solicitação prévia. No final do 4° mês, a professora recebe um boleto com a cobrança da anuidade da revista. Em contato com o SAC da editora, Andrea formalizou através de um e-mail, que não tinha interesse nos exemplares enviados, bem como informando que nunca havia solicitado as revistas. A editora respondeu, o e-mail, informando que cancelaria o boleto da anuidade, mas cobrando as 12 (doze) edições recebidas.
A) O envio dos exemplares pode ser considerada prática abusiva? (Valor: 0,60)
B) Andrea é obrigada a pagar pelas 12 (doze) edições? (Valor: 0,65)
Obs.: o(a) examinando(a) deve fundamentar suas respostas. A mera citação do dispositivo legal não confere pontuação.
(Valor: 1,25)
Gabarito Simulado – Questão 04
Quesito avaliado Valores Possíveis Atendimento
ao Quesito a) Sim (0,10), nos termos do inciso III, do art. 39, do CDC (0,25), é vedado
ao fornecedor de produtos ou serviços, dentre outras práticas abusivas enviar ou entregar ao consumidor, sem solicitação prévia, qualquer produto, ou fornecer qualquer serviço (0,25). (0,60)
0,0/0,10/0,25/ 0,35/0,60 b) Não (0,15), Andrea não é obrigada a pagar pelas edições, pois o
parágrafo único do art. 39 do CDC (0,25), determina que os serviços prestados e os produtos remetidos ou entregues ao consumidor, na hipótese prevista no inciso III, ou seja, sem solicitação prévia, equiparam-se às amostras grátis, inexistindo obrigação de pagamento (0,25). (0,65)
0,0/0,15/0,25/ 0,40/0,65