• Nenhum resultado encontrado

PROGRAMA SESI ATLETA DO FUTURO: UMA ANÁLISE DO ROMPIMENTO DA PARCERIA ENTRE O SESI E A PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAPONGAS.

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "PROGRAMA SESI ATLETA DO FUTURO: UMA ANÁLISE DO ROMPIMENTO DA PARCERIA ENTRE O SESI E A PREFEITURA MUNICIPAL DE ARAPONGAS."

Copied!
5
0
0

Texto

(1)

PROGRAMA SESI ATLETA DO FUTURO: UMA ANÁLISE DO ROMPIMENTO DA PARCERIA ENTRE O SESI E A PREFEITURA MUNICIPAL DE

ARAPONGAS.

Ricardo Gonçalves Ricardo João Sonoda Nunes. Carlos Roberto Morel UFPR ricardo.arapongas@uol.com.br Resumo: Uma parte do cenário esportivo tem seguido uma tendência para a formação de cidadãos. Diminuindo o foco do aspecto competitivo, oportunizando maior participação e inclusão no processo socioeducativo, além de proporcionar amplo acesso aos bens da cultura corporal. Por esse viés surgi o Projeto SESI Atleta do Futuro com a finalidade estimular a prática esportiva à comunidade industriaria, em caráter permanente e de forma sistematizada, vislumbrando a criação de uma cultura esportiva. Em 2005 o SESI – Serviço Social da Indústria realiza uma parceria com a Prefeitura Municipal de Arapongas para a realização do projeto na cidade, seguindo tal tendência de não formar atletas e sim cidadão com uma cultura esportiva. Porém no ano seguinte quando os alunos inscritos nesse projeto são convidados a representarem o município nos Jogos da Juventude, e se destacarem no cenário regional, a prefeitura acaba rompendo algumas das principais regras firmadas anteriormente o que acarreta o rompimento da parceria. Procuramos abordar tal acontecimento através das cadeias de interdependências e os modelos de jogo de Norbert Elias. Concluímos que há uma quebra de acordo, onde os interesses até determinado ponto se assemelhavam, porém entraram em conflito quando à possibilidade de aumentar o potencial de poder do município no âmbito estadual.

Palavras-chave: Rompimento, interdependências, potencial de poder.

Abstract: A Part of the sportive setting has followed a tendency for the citizens’ education. By diminishing the competitive focus aspect, giving more opportunities for participation and also inclusion in the social educational process, besides supplying ample access for the properties of the corporal culture. Through that obliquity we have the SESI Athlete of de Future Program with the objective of stimulating the sportive practice to the industrial community in a permanent and systematized way, catching a glimpse of a sportive culture. In 2005, SESI – Social Service of the Industry – holds a partnership with Arapongas Municipal City Hall for the achievement of the project in town following such tendency of not graduating athletes, but citizens with a sportive culture. However, in the following year when the enrolled students in this project are invited to stand for the town in the “Youth Games” and stand out in the regional setting, the City Hall Breaks up some of the main rules established before, what results in the breaking up of de partnership. We try to talk about such happening through the chains of independencies and Nobert Elias’ game standards. We’re concluded that there’s a breaking for the agreement, where all the interests until a certain point were alike, however, came into conflicts when there was the possibility of growing the potential of power in town in the state circuit.

(2)

O esporte tem se mostrado um fenômeno universalmente crescente e economicamente em expansão. Aspectos como esses motivam pesquisas, de maneira tal que atualmente tem se tornado bastante comum o desenvolvimento de modelos de análises voltados à compreensão das especificidades do esporte moderno, distinguindo-o dos jogos e das formas ancestrais de competição física que estes esportes assumiram (Sonoda Nunes, 2006).

O mundo esportivo passou a procurar novos conhecimentos e caminhos, de modo que o esporte, cada vez mais ampliado e abrangente no seu conceito, pudesse atender às necessidades de participação e de educação não-formal. Desta Forma o Programa SESI Atleta do Futuro, que desde 1991 atende crianças e jovens no estado de São Paulo, passou por uma remodelação metodológica, contanto para isso com a parceria científica dos acadêmicos da Universidade Estadual Paulista – UNESP, campus de Rio Claro. Essa remodelação objetivou diminuir o foco no aspecto competitivo, oportunizando maior participação e inclusão no processo socioeducativo, além de proporcionar amplo acesso aos bens da cultura corporal (Serviço Social da Indústria “A”, 2006).

O Programa SESI Atleta do Futuro foi incorporado pelo SESI Paraná em 2005 e passou a ter status de projeto.

A Partir e então, projeto SESI Atleta do Futuro, tem por finalidade estimular a prática esportiva à comunidade industriaria, em caráter permanente e de forma sistematizada, vislumbrando a criação de uma cultura esportiva (Serviço Social da Indústria “B”, 2007).

Com foco voltado às ações do Serviço Social da Indústria, estamos certos que reflexões como essas são de extrema importância no meio industrial, que por conseqüência ultrapassa os “muros” da empresa, contagiando associações/grêmios dos funcionários, familiares e a própria comunidade (idem).

Segundo o Serviço Social da Indústria “A” 2006, o programa visa o desenvolvimento pessoal e social de crianças e adolescentes por meio do esporte. Assim sendo, oferece na época adequada, a iniciação motora, pré-desportiva e esportiva, com orientação eficiente e segura dos profissionais da área de Educação Física; proporciona autonomia esportiva como um bem cultural; oferece, nos finais de semana, os Centros de Lazer e Esporte do SESI-SP como um ambiente favorável, com eventos socioesportivos; oportuniza o envolvimento dos familiares dos alunos do programa nas atividades, de forma a promover o fortalecimento do “núcleo Familiar”.

No início de 2005 o SESI de Arapongas, situada no norte do estado do Paraná, inicia as negociações com a Prefeitura Local para implantar o Projeto SESI Atleta do Futuro. Em 24 de junho de 2005 acontece o lançamento do projeto juntamente com a inauguração da iluminação do estádio de futebol.

Uma parceria entre a Prefeitura de Arapongas, através do Departamento Municipal de Esportes e o Serviço Social da Indústria (SESI), está beneficiando cerca de 150 meninos em idades que variam entre 12 e 16 anos com o Projeto “Atleta do Futuro”, de caráter sócio-educativo e esportivo (Tribuna do Norte, 24/05/2006).

Em maio de 2006 o Projeto atleta do Futuro contava com 76 alunos no nível de aprendizagem Esporte III (16 e 17 anos). Devido à parceria com a Prefeitura Municipal de Arapongas, estes alunos foram convidados a representarem o município na Fase Regional Norte do Paraná dos 20º Jogos da Juventude do Paraná (JOJUPs), de 26 de maio à 3 de junho na cidade de Manoel Ribas.

Dentre os 76 alunos participantes do projeto, foram escolhidos 20, formando a seleção de Arapongas na modalidade Futebol. Está escolha foi realizada pelo professor do projeto avaliando a técnica dos alunos, e apesar do Regulamento oficial da competição

(3)

permitir que dois atletas sejam convidados de outra cidade do estado, a coordenação do Projeto optou por levam apenas alunos inscritos no projeto.

Antes de dos Jogos a equipe se preparou técnica e taticamente, contudo houve uma preocupação com a formação educacional destes alunos como publicado no informativo interno do Sistema FIEP, Nosso Sistema: “Antes de viajarem foi realizada uma palestra sobre os valores esportivos e do dia a dia com a Assistente Social da Unidade de Arapongas onde colocou os alunos em reflexão, e os mesmos levantaram alguns valores como: educação, humildade, autocontrole, respeito, disciplina compreensão, paciência, honestidade e bom humor”.

Está seleção viajou para Manoel Ribas juntamente com atletas de outras modalidades, possibilitando assim um intercâmbio cultural.

Em Manoel Ribas, os alunos do Projeto conquistaram o primeiro lugar na competição e assim a vaga para a Fase Final da Competição.

Com a classificação para a fase final veio a euforia, e o que era um projeto educacional que a Prefeitura havia se proposto a realizar nesta parceria passa ser uma vitrine, fazendo com que Arapongas se destaque no cenário estadual. Essa ideia pode não ser de um responsável ou professor do projeto, pois a teia de interdependência que havia sido formada poderia fazer o projeto tomar vários rumos diferentes.

Assim explica Elias: “Devido às funções especializadas específicas, todos os grupos e indivíduos se tornam cada vez mais funcionalmente dependentes de um número cada vez maior de pessoas. As cadeias de interdependência alargam-se e tornam-se mais diferenciadas; tornam-se consequentemente mais opacas e mais incontroláveis, por parte de qualquer grupo singular ou por parte de qualquer indivíduo” (Elias, N. Introdução à sociologia, 1980).

Ao compararmos a Ficha de Inscrição da Fase Regional, com as Súmulas (Pois a ficha de inscrição da Fase Final não foi entregue ao SESI e não tivemos acesso a ela) e a relação de alunos inscritos neste nível de aprendizagem percebemos que no primeiro documento constam os 20 atletas inscritos no projeto e já no segundo vemos que apenas 18 alunos estão inscritos de um total de 22 atletas, sendo assim 4 convidados de outras cidades conforme art. 41 Parágrafo Segundo do Regulamento Oficial da competição – “Na divisão B, para a Fase Regional, os municípios participantes poderão utilizar 02 atletas convidados do Estado do Paraná. Para a Fase Final (além dos previstos na Fase Regional), mais 02 atletas que participaram da Fase Regional de sua região esportiva, sendo permitida a substituição dos atletas convidados que disputaram a Fase Regional”.

Percebemos que houve uma quebra de regras, pois havia um acordo da prefeitura com a metodologia do projeto que salientamos anteriormente, por parte da Prefeitura de Arapongas, pois além de acrescentarem 4 atletas convidados, o que não aconteceu na Fase Regional, ainda retiraram 2 alunos que disputaram a Fase anterior. Sem considerar o impacto sobre estes alunos, procuramos analisar este fato através das cadeias de interdependências e os modelos de jogo de Elias.

Encontramos grande proximidade com o primeiro modelo onde Norbert Elias citado por Marchi Jr. chama de “primária e sem regras”. Ele representa uma situação básica, a qual encontramos sempre que os indivíduos relacionam-se uns com os outros. É um elemento constitutivo normal de todas as relações humanas e, invariavelmente, associa-se à provas de mensuração de forcas, fato que nas sociedades primitivas condicionava os confrontos à sobrevivência.

A título de exemplo, Elias (1999) nos diz que quando duas tribos rivais partem à caça de alimentos que garantam a sobrevivência de seus membros, os concorrentes desempenham uma função recíproca, pois as ações de um grupo não podem ser explicadas isoladamente, já que se baseiam nas ações que outro grupo poderá realizar (como as

(4)

estratégias de ataque). Então, os rivais desempenham uma função recíproca, também chamada de interdependência funcional. Disso deriva o entendimento de que a interdependência dos indivíduos devido à sua hostilidade não é menor do que a interdependência de um grupo de amigos, aliados.

Este parágrafo fica esclarecido quando analisado o texto do jornal Tribuna do Norte de 24 de maio d 2006:

“Conforme o gerente de Esportes da prefeitura, o projeto vem apresentando excelentes resultados em Arapongas e revelando alguns talentos mirins para o futebol...”

Assim ao final deste ano o SESI rompe a parceria com a Prefeitura Municipal através de uma carta explicando as diferença dos conceitos das duas instituições:

Após reunião nacional com os Gestores do Projeto em Piracicaba – SP em dezembro passado e, de acordo com alguns fatos ocorridos durante a parceria, entendemos que as visões norteadoras entre o SESI e Prefeitura não se assemelham por completo; deste modo pretendemos encerrar esta parceria para este ano (Serviço Social da Indústria “C”)

Dessa maneira relacionamos este fato com a teoria de jogos de Nobert Elias, pois nesta cadeia de interdependência se revela a quebra de um acordo, onde os interesses até determinado ponto se assemelhavam, porém entraram em conflito quando a possibilidade de aumentar o potencial de poder do município no cenário estadual, ou seja quando a equipe se classifica para a fase final dos Jogos da Juventude daquele ano, o que se mostrava mais importante, para o Departamento de Esportes do Município, eram as possibilidades que participar bem daquele eventos poderiam trazer, como a revelação de atletas, ou o olhar de empresários de futebol para a cidade de Arapongas, e pelo que parece a metodologia aplicada por aproximadamente um ano poderia, naquele momento, ser descartada.

Ao concluirmos estes relatos podemos sugerir para estudos posteriores um maior aprofundamento nas análises dessas fontes documentais e outras que possam ser evidencias. Ainda podemos ressaltar como este fato pode influenciar no futuro do esporte deste município quando falamos especificamente na formação esportiva, e pensar na mudança dessa realidade.

Referências

ELIAS, Norbert. INTRODUÇÃO À SOCIOLOGIA. Tradução: Fontes, Martins, São Paulo SP, 1980.

FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná. NOSSO SISTEMA. Curitiba, 20 de junho de 2005. Ano III – Edição - 70

FIEP – Federação das Indústrias do Estado do Paraná. NOSSO SISTEMA. Curitiba, 12 de junho de 2006. Ano IV – Edição 67

Governo do Estado do Paraná – Secretaria de Estado da Educação – Paraná Esporte – Prefeituras Municipais – Entidades de Administração do Desporto. REGULAMENTO 2006 – JOGOS OFICIAIS DO PARANÁ.

___ SÚMULA OFICIAL. 20º Jogos da Juventude do Paraná. 19/08/2006 – 09:00h – Pato Branco PR

MARCHI JR., W. A TEORIA DO JOGO DE NORBERT ELIAS E AS INTERDEPENDÊNCIAS SOCIAIS: UM EXERCÍCIO DE APROXIMAÇÃO E ENVOLVIMENTO. Universidade Federal do Paraná, Curitiba, PR.

(5)

MARTINES, Isabel C.. AS RELAÇÕES ENTRE O GOVERNO DO ESTADO E AS ORGANIZAÇÕES NÃO GOVERNAMEITAIS NO CAMPOESPORTIVO PARANAENSE. Curitiba, 2009. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal do Paraná.

Prefeitura Municipal de Arapongas – Secretaria Municipal de Educação e Esportes – Departamento de Esportes. FICHA DE INSCRIÇÃO, FUTEBOL. 20º Jogos da Juventude, Fase Regional Manoel Ribas, 2006.

Serviço Social do Paraná “A” – Departamento Regional do São Paulo. PROGRAMA SESI ATLETA DO FUTURO: PERPECTIVAS DA INCLUSÃO E DIVERSIDADE NA APRENDIZAGEM ESPORTIVA. São Paulo, SP, 2006.

Serviço Social da Indústria “B” – Departamento Regional do Paraná. MANUAL SESI ESPORTE. Curitiba, 2007.

Serviço Social da Indústria “C”- Departamento Regional do Paraná – Unidade Arapongas. OFÍCIO 001/97. Arapongas, 2007.

SONODA NUNES, R. J. A ESTRUTURA ESPORTIVA DO SESI NO PARANÁ: 1946 a 2004. Curitiba, 2006. Dissertação (Mestrado em Educação Física) – Universidade Federal do Paraná.

Referências

Documentos relacionados

Para solucionar ou pelo menos minimizar a falta ou infrequência dos alunos dos anos finais inscritos no PME, essa proposta de intervenção pedagógica para o desenvolvimento

Neste capítulo foram descritas: a composição e a abrangência da Rede Estadual de Ensino do Estado do Rio de Janeiro; o Programa Estadual de Educação e em especial as

Os recursos financeiros de que trata este Programa serão depositados pela Prefeitura Municipal de Limeira diretamente em conta corrente aberta, especialmente para este fim, em nome

de professores, contudo, os resultados encontrados dão conta de que este aspecto constitui-se em preocupação para gestores de escola e da sede da SEduc/AM, em

De acordo com o Consed (2011), o cursista deve ter em mente os pressupostos básicos que sustentam a formulação do Progestão, tanto do ponto de vista do gerenciamento

Fonte: elaborado pelo autor. Como se pode ver no Quadro 7, acima, as fragilidades observadas após a coleta e a análise de dados da pesquisa nos levaram a elaborar

O tema proposto neste estudo “O exercício da advocacia e o crime de lavagem de dinheiro: responsabilização dos advogados pelo recebimento de honorários advocatícios maculados

O setor de energia é muito explorado por Rifkin, que desenvolveu o tema numa obra específica de 2004, denominada The Hydrogen Economy (RIFKIN, 2004). Em nenhuma outra área