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CARACTERIZAÇÃO ELEMENTAR, QUÍMICA E ENERGÉTICA DE RESÍDUOS DE MANILKARA HUBERI (MAÇARANDUBA) DO ESTADO DO PARÁ

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XIV EBRAMEM - Encontro Brasileiro em Madeiras e em Estruturas de Madeira 28-30/Abril, 2014, Natal, RN, Brasil

CARACTERIZAÇÃO ELEMENTAR, QUÍMICA E ENERGÉTICA DE RESÍDUOS DE MANILKARA HUBERI (MAÇARANDUBA) DO ESTADO DO PARÁ

1

João Rodrigo Coimbra Nobre (rodrigonobre@hotmail.com.br), 2Alfredo Napoli

(alfredo.napoli@cirad.fr), 3Maria Lúcia Bianchi (bianchi@dqi.ufla.br), 4Paulo Fernando Trugilho (trugilho@dcf.ufla.br), 5Claudia Viana Urbinati (urbinatiuepa@gmail.com)

1,4

Universidade Federal de Lavras, Departamento de Ciências Florestais/Ciência e Tecnologia da Madeira, Campus Universitário, CP, 3037, CEP: 37200-000, Lavras-MG, Brasil. ¹Doutorando em Ciência e Tecnologia da Madeira / 4Professor

2

CIRAD, UR Biomassa, Madeira, Energia, Bioprodutos, TA B-114/16, 73 Rua Jean-François Breton, Montpellier, Cedex 5, França. Pesquisador

3

Universidade Federal de Lavras, Departamento de Química/ Campus Universitário, CP, 3037, CEP: 37200-000, Lavras-MG, Brasil. Professor

5

Universidade do Estado do Pará, Centro de Ciências Naturais e Tecnologia/Departamento de Engenharia Florestal, Éneas Pinheiro, n° 2626, CEP: 66095-100, Belém-Pa, Brasil. Professor

RESUMO: O objetivo deste trabalho foi determinar as características elementar, químicas e energéticas de resíduos de madeira da espécie Manilkara huberi (Ducke) Chevalier (Maçaranduba). Foram coletados 5 kg de serragem representativa em uma indústria madeireira da região Amazônica. Foi determinada a distribuição granulométrica da serragem, em seguida foi realizada a análise elementar (CHNS-O) e as análises químicas para quantificação da lignina, extrativos totais e minerais (NBR14853, NBR7989 e NBR13999). Também foi realizada a determinação do poder calorífico superior conforme a norma ABNT NBR 8633/84. Esta espécie conforme analise elementar possui: 49,54% de carbono; 6,31% de hidrogênio; 0,67% de nitrogênio; 0,01% de enxofre e 41,37% de oxigênio. Também possui alto teor de lignina (34,66%), extrativos totais (7,36%), baixo teor de cinzas (0,33%) e poder calorífico superior bastante elevado (4881 cal.g-1).Essas características indicam que a serragem de Manilkara huberi (Ducke) Chevalier (Maçaranduba) podem ser utilizadas em diversos setores da indústria madeireira, incluindo briquetagem, combustão direta ou produção de carvão ativado.

Palavras Chave: lignina, Maçaranduba, carbono, poder calorífico

ELEMENTAL CHARACTERIZATION, CHEMICAL AND ENERGETIC OF WASTES FROM MANILKARA HUBERI (MASSARANDUBA) OF THE STATE OF PARA

ABSTRACT: The objective of this study was to determine the elementary, chemical and energetic characteristics of waste wood specie of Manilkara huberi (Ducke) Chevalier (Massaranduba). About 5 kg of representative sawdust were collected in a timber industry in the Amazon region. Granulometric distribution was determined. Fuhther, the elemental analysis (CHNS-O) and chemical analyzis were performed to quantify lignin, total extractives and minerals contents (NBR14853, NBR7989 and NBR13999). Was also carried out according to ABNT NBR 8633/84. This species has according to elemental analysis: 49.54% carbon, 6.31% hydrogen, 0.67% nitrogen, 0.01% sulfur and 41.37% oxygen. It also features high lignin content (34.66%), extractives (7.36%), low ash content (0.33%) and pretty high superior calorific power (4881 cal.g-1). Those characteristics indicate that sawdust of Manilkara huberi (Ducke) Chevalier (Massaranduba) can be used in various sectors of the timber industry, including briquetting, direct combustion and production of activated carbon.

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1. INTRODUÇÃO

A região Amazônica é uma das principais produtoras de madeira tropical do mundo, sendo que a exploração e processamento industrial de madeira estão entre suas principais atividades econômicas (OIMT, 2011).

O setor madeireiro está ligado diretamente à economia de dezenas de municípios da Amazônia. Em 2009, na Amazônia legal, foram identificadas 2.226 empresas madeireiras. Essas empresas juntas extraíram em torno de 14,2 milhões m³ de madeira nativa, o equivalente a 3,5 milhões de árvores por ano. A indústria madeireira gerou uma receita bruta de aproximadamente R$ 4,94 bilhões, equivalente a U$ 2,27 bilhões, sendo que desse total o estado do Pará foi o que mais contribuiu, com 44% do valor (AIMEX, 2010).

Contudo, o processamento dos 14,2 milhões de m³ em tora resultaram apenas na produção de 5,8 milhões de m³ de madeira serrada. Grande parte (72%) dessa produção é madeira serrada com baixo valor agregado que atende os mercados locais através de ripas, tábuas, e similares. Outros 15% são transformados em madeira beneficiada com algum grau de agregação de valor, ao qual é voltado ao mercado internacional através de pisos, esquadrias, madeira aparelhada, etc. O restante (13%) é voltado aos mercados locais e internacionais através de madeira laminada e compensada. Resultando assim em um rendimento médio de processamento de apenas 41%. Assim, 8,4 milhões de m³ de madeira são qualificadas como resíduos do processamento. Desse total, cerca de 1,6 milhão de m³ de resíduos são aproveitados na produção de carvão vegetal para uso comercial, outros 2,7 milhões na geração direta de energia e 2 milhões em usos diversos. Os 2,1 milhões de m³ restantes são caracterizados como resíduos sem nenhum aproveitamento, os quais são queimados ou abandonados como entulho (IMAZON, 2010).

MELO et al. (2012) ao caracterizar e quantificar resíduos de serrarias no estado do Pará, encontram valores de rendimento de tora em madeira serrada de 50%. Esses autores verificaram que uma tora (2,90 m³) de madeira da espécie (Manilkara huberi (Ducke) Chevalier) rende aproximadamente 45% (1,30 m³) e os outros 55% são resíduos, sendo que 18,24% destes resíduos (0,29 m³) são caracterizados como serragem.

A primeira possibilidade para o aproveitamento destes resíduos é o uso na queima direta para geração de energia. Segundo GOMES e SILVA (2003), os resíduos produzidos por indústrias madeireiras localizadas em Belém, PA, são utilizados na geração de energia, na produção de adubo para a correção de solo em áreas de reflorestamento, na fabricação de cabos de vassouras e por avicultores da região. Contudo, grande parte desses resíduos ainda é queimada a céu aberto e/ou depositada nos leitos dos rios. Os resíduos das serrarias podem ser queimados em caldeiras, gerando energia. A maior parte destes resíduos é depositada em áreas periféricas das serrarias e, quando queimada, contribui para o aumento da poluição do ar com a emissão de CO2, provocando danos ao meio ambiente por meio da poluição em efluentes aquáticos, atingindo, assim, as populações próximas a essas indústrias. De acordo com QUIRINO (2004), os resíduos podem ser utilizados energeticamente na produção de calor, de vapor ou de eletricidade em termoelétricas. Outro aproveitamento é sob a forma de combustível sólido, como o carvão vegetal. A carbonização e a combustão têm sido apontadas como alternativas de redução dos resíduos de indústrias madeireiras, porém, geram impactos ao meio ambiente por meio da liberação de gases e derivados (FONTES, 1994). De acordo com RIVELA et al. (2006), o aproveitamento de resíduos para produção em produtos com maior valor agregado é uma interessante solução, não apenas para reduzir os impactos ambientais negativos, decorrentes da emissão de gases, como também para gerar trabalho e renda. A utilização da serragem para produção de energia é vantajosa, pois encontra-se em grande disponibilidade e baixo custo.

O processo de carbonização, pirólise ou destilação seca da madeira é definido segundo alguns autores como a decomposição térmica realizada na ausência de oxigênio ou ar, e com calor sendo fornecido por uma fonte externa, causando alterações físico-químicas irreversíveis que reduzem a madeira em carvão vegetal e coprodutos líquidos e gasosos

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na faixa de 350-600°C, é certamente o fator de maior importância que afeta as propriedades físico-químicas do carvão vegetal. Deve-se controlar bem este fator para obter as características necessárias no carvão vegetal (BRIANE e DOAT, 1985).

Um estudo exaustivo de espécies de biomassa, realizado por MACKAY e ROBERTS (1982 citados por ANTAL; MOK, 1990), revelou um intervalo de 25,9% a 35,2% em rendimento de carvão, sendo possível relacionar a variação com os teores de lignina, holocelulose e extrativos da biomassa. Espécies com alto teor de lignina proporcionaram os maiores rendimentos. A composição do substrato de biomassa também afeta os teores de cinzas e enxofre do carvão, bem como os teores de ácido acético e ácido fórmico, acetato de sódio e outros produtos oleosos contidos nos vapores de pirólise. DI BLASI et al. (1999) relataram maiores rendimentos em madeiras ricas em extrativos (p. ex. castanheira-da-índia), em comparação com espécies com pouco extrativo. Quanto maior a proporção de minerais na madeira, maior será a porcentagem de cinza no carvão, fato este pouco desejável, principalmente quando se sabe que alguns dos componentes minerais são prejudiciais a determinadas aplicações finais do carvão (VITAL et al., 1994). Existem muitos estudos sobre a influência das ligninas e carboidratos nas propriedades energéticas da madeira, entretanto estudos avaliando a influência dos extrativos ainda são escassos. Extrativos são compostos da madeira não pertencentes à parede celular com baixa ou média massa molecular, encontrados em pequenas quantidades e podem ser extraídos em água e solventes orgânicos neutros e presentes em toda árvore, mas principalmente, na casca (BARRICHELO e BRITO, 1985). Incluem óleos essenciais, resinas, taninos, graxas e pigmentos (GARDNER e HILLIS, 1962). Alguns extrativos como ácidos resinosos e polifenóis reagem com o hidróxido de sódio do licor negro durante o processo de polpação, reduzindo a carga álcali e dificultando o processo de fabricação de pasta celulósica. No entanto, alguns extrativos podem aumentar o poder calorífico da madeira para produção de energia.

O poder calorífico superior ou inferior é a quantidade de energia térmica disponível depois do processo de combustão completa por unidade massa, parâmetro este importante para uso da biomassa. O poder calorífico do carvão vegetal depende da espécie de madeira e de variáveis do processo, como a temperatura final de carbonização. No Sistema Internacional, ele é expresso em joules por grama ou quilojoules por quilo, mas pode ser expresso em calorias por grama ou quilocalorias por quilograma. O poder calorífico divide-se em superior e inferior. O poder calorífico superior é aquele em que a combustão se efetua a volume constante e no qual a água formada durante a combustão é condensada e o calor que é derivado desta condensação é recuperado. O poder calorífico inferior é a energia efetivamente disponível por unidade de massa de combustível após deduzir as perdas com a evaporação da água (BRIANE e DOAT, 1985; JARA, 1989).

Nos dias atuais a sociedade globalizada se preocupa com o aspecto ambiental e incentiva cada vez mais a minimização e a não geração de resíduos. Sendo assim a reutilização e a reciclagem, bem como a recuperação de matéria e energia agregadas aos resíduos podem trazer benefícios ambientais e econômicos.

Portanto, o objetivo deste trabalho foi determinar as características elementar, químicas e energéticas de resíduos de madeira da espécie Manilkara huberi (Maçaranduba) e indicar possíveis usos destes resíduos.

2. MATERIAIS E MÉTODOS

2.1 Matéria-prima

Foram utilizados resíduos de madeira (serragem) da espécie Manilkara huberi (Ducke) Chevalier (Maçaranduba) provenientes de uma empresa localizada na região metropolitana de Belém - Estado do Pará, Brasil.

A serragem bruta foi coletada, peneirada e classificada nas granulometrias de 40, 60, 100, 200 e 270 mesh (Figura 1), após o peneiramento a serragem foi colocada em saco plástico e acondicionada em sala de climatização, em condições de temperatura de 20±2 °C

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e umidade de 65±3%, até atingir massa constante, com umidade média de 12%. Também foi realizada a distribuição granulométrica após o peneiramento para verificação do rendimento em cada peneira.

Figura 1. Granulometrias da serragem utilizadas no trabalho / Fonte: Autor 2.2 Análises químicas

Para as análises químicas de quantificação da lignina, componentes secundários totais (extrativos) e constituintes inorgânicos (minerais), foi utilizada a fração retida na peneira de 60 mesh (Figura 1) proveniente do processo de peneiramento, realizadas de acordo com as

normas da Associação Brasileira de Normas Técnicas – ABNT NBR 14853, NBR 7989 e

NBR 13999 de 2003 e 2010. A determinação do teor de holocelulose seguiu o método de BROWNING (1963). O teor de celulose foi determinado por meio da metodologia descrita por KENNEDY et al. (1987). A determinação do teor de hemiceluloses foi feita pela diferença entre holocelulose e celulose.

2.3 Análise elementar

Foram utilizados dois miligramas de serragem com granulometria entre 200 e 270 mesh, as quais foram secas em estufa a 103±2ºC e posteriormente acondicionadas em analisador elementar Vario Micro Cube. Desta forma, foram obtidos os teores em nitrogênio, carbono, hidrogênio, enxofre e, por diferença, o teor em oxigênio.

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2.4 Poder calorífico

A determinação do poder calorífico superior (PCS) foi realizada segundo a norma ABNT NBR 8633/84 e conforme o manual do calorímetro PARR 1201, utilizando um calorímetro digital, modelo IKA C-200 (Figura 3). Também foi utilizada uma formula para se estimar o poder calorífico inferior (PCI) e o poder calorífico líquido (PCL) a partir dos resultados de PCS, teor de hidrogênio e teor de umidade que o material encontrava-se.

Figura 3 - Calorímetro digital modelo IKA C-200/ Fonte: autor

Para se determinar o Poder Calorífico Inferior (PCI) utilizou-se a seguinte equação: PCI =

PCS – 6 x 9 x H, onde H é o teor de hidrogênio (%) e para se estimar o Poder Calorífico

Líquido (PCL) utilizou-se a equação: PCL = {[PCI-(6 X U)]/(100+U)} X 100, onde U é o teor de umidade (%).

3. RESULTADOS E DISCUSSÃO

3.1 Características Químicas e Elementares da Matéria-prima

Na análise química, foram encontrados valores médios de 34,68% de lignina, 7,36% de extrativos e 69,41% para holocelulose. Os resultados da análise de minerais indicaram baixo teor de cinzas, em menos de 0,33%. O teor de lignina em folhosas, de acordo com KLOCK

et al. (2005), é de 20 ± 4%. Portanto, os valores encontrados neste trabalho estão

extrapolados, porém, são condizentes com os propostos por TSOUMIS (1991), que variam de 31,1% para 64,4%, para madeiras tropicais. CASTRO (2012) encontrou valores próximos de lignina (de 31% - 33%), para quatro espécies de madeiras amazônicas naturais do estado do Amazonas. De acordo com BRITO e BARRICHELLO (1997), valores altos de lignina e densidade estão correlacionados, estatisticamente, com maiores teores de carbono fixo, substâncias voláteis e cinzas e maior rendimento volumétrico do carvão. A variação nos valores dos constituintes menores, extrativos e minerais, pode ser explicada por influência de fatores genéticos e da composição do solo. Esses valores estão próximos aos normalmente encontrados na análise química das madeiras de folhosas, porém, espécies tropicais tendem a apresentar valores maiores. SANTANA e OKINO (2007), ao estudarem a composição química de 36 espécies amazônicas, encontraram valores de extrativos até 17%. Os autores explicam que tal variação pode ser atribuída à idade das árvores que foram coletadas. Portanto, os valores obtidos neste trabalho foram semelhantes aos obtidos pelos autores acima, devendo a diferença ser resultado do fator idade e condições ambientais das

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áreas de coleta. Árvores mais adultas possuem tendência a ter quantidade maior de extrativos, devido à presença de maior proporção de madeira de cerne, no qual se encontra a maior quantidade de extrativos. Segundo BODIG e JAYNE (1982), os extrativos têm capacidade de aumentar a densidade da madeira, influenciando, diretamente, algumas de suas propriedades. Este fator é muito importante, pois madeiras muito densas possuem maior rendimento em massa de carvão após o processo de pirólise ou carbonização.

Tabela 1. Composição química, composição elementar e rendimento granulométrico (peneiramento) da serragem de Manilkara huberi (Maçaranduba)

Madeira de Maçaranduba – Densidade aparente: 1,07 g/cm³ Composição química Quantidade (%)

Lignina 34,68 Extrativos 7,36 Minerais 0,33 Holocelulose 69,41 Composição elementar C 49,54 H 6,31 N 0,67 S 0,01 -O 43,45 O/C 0,88

Foram obtidos valores de cinzas entre 0,30 e 1,90%. SANTANA e OKINO (2007) encontraram valores semelhantes para estas mesmas três espécies estudadas. De acordo com TSOUMIS (1991), o conteúdo de cinzas raramente é menor que 0,2%, ou maior que 1% da massa seca das madeiras. Especificamente para a madeira do gênero Eucalyptus, o teor de cinzas raramente chega a 1% da sua massa seca. A presença de alguns componentes, como o cálcio, o fósforo e o enxofre, em dosagens elevadas, é prejudicial e, até mesmo, limitante para determinadas finalidades industriais. Pelos dados da Tabela 1 observa-se que o valor médio de holocelulose para a madeira de maçaranduba (69,41%) está condizente com valores obtidos por BROWNING (1981), que estudou o teor de holocelulose de madeiras amazônicas, encontrando valores que variam de 69,3% a 73,8%. SANTANA e OKINO (2007), estudando a composição química de 36 espécies amazônicas, obtiveram valores de holocelulose semelhantes para a mesma espécie utilizada neste trabalho, onde encontrou teor de 64,9%, para maçaranduba.

A análise elementar CHNS-O revelou que a serragem da espécie Manilkara huberi (Ducke) Chevalier possui relativamente elevado teor de carbono (maior que 49,54%). Esses valores foram semelhantes aos encontrados e relatados em literatura por (SANTANA & OKINO, 2007), indicando que este material possui características químicas e quantidade de carbono suficiente para utilização energética.

Verificando-se os resultados encontrados para as espécies amazônicas, observa-se que os resultados encontrados neste trabalho, em relação aos resíduos de madeira, foram iguais aos relatados por SEYE, CORTEZ e GOMEZ (2003), foram iguais, sendo de 48,06% de C; 6,03% de H; 0,70% de N e 45,21% de O. KLEINLEIN (2010), estudando diversas madeiras amazônicas, encontrou resultados para análise elementar com média de 49,55% de C; 6,15% de H; 4,43% de N; 0,76% de S e 39,09% de O. CASTRO (2012), estudando madeiras amazônicas, encontrou resultados com média de 48,10% de C; 6,03% de H; 1,06% N; 0,021% de S e 44,7% de O. No caso de indivíduos da mesma espécie, a influência da

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constituição do solo pode ser responsável por variações nos constituintes menores e nos componentes elementares das madeiras amazônicas.

3.2 Poder calorífico

A serragem da madeira de Manilkara huberi (Maçaranduba) apresentou poder calorífico superior bastante elevado (4881 cal.g-1) (Tabela 2).

Tabela 2. Poder calorífico superior (PCS), poder calorífico inferior (PCI) e poder calorífico líquido (PCL) de resíduos de Manilkara huberi (Maçaranduba).

Madeira de Maçaranduba – Densidade aparente: 1,07 g/cm³

Poder calorífico superior – PCS 4881 cal.g-1

Poder calorífico inferior – PCI 4540 cal.g-1

Poder calorífico líquido - PCL 4481 cal.g-1

Os principais elementos químicos combustíveis são carbono e hidrogênio. O oxigênio não contribui para aumentar o poder calorífico do combustível (PAULA et al., 2011a; PROTÁSIO

et al., 2011a; DEMIRBAS & DEMIRBAS, 2009). Porém, para a produção de energia é

desejável que a madeira apresente elevados teores de carbono e hidrogênio e baixos teores de oxigênio e cinzas, em consequência às correlações respectivamente positivas e negativas existentes entre esses componentes e o poder calorífico (PAULA et al., 2011a; PROTÁSIO et al., 2011a; HUANG et al., 2009; DEMIRBAS & DEMIRBAS, 2004).

TELMO & LOUSADA (2011) determinaram o poder calorífico superior da madeira de 17

espécies e encontraram valores entre 4.970,26 e 4.211,25 kcal kg-1. O resíduo de Manilkara

huberi (Ducke) Chevalier apresentou valores próximos em relação aos observados pelos

autores acima. Porém, quando comparamos a outros tipos resíduos agrícolas, a serragem de Maçaranduba apresenta poder calorífico superior muito acima (PAULA et al., 2011a; PROTÁSIO et al., 2011b). O elevado poder calorífico superior encontrado para os resíduos pode ser parcialmente atribuído aos altos teores de extrativos totais e ao alto teor de lignina encontrado.

4. CONCLUSÕES

A partir dos resultados parciais encontrados para os resíduos de Manilkara huberi (Ducke) Chevalier (Maçaranduba), conclui-se que estes apresentam grande potencial para serem utilizados como material combustível.

Os resíduos apresentam ponto ótimo de poder calorífico superior, o que pode levar a um excelente material utilizado na combustão direta.

Os resíduos podem também ser utilizados no processo de produção de briquetes para utilização como fonte de energia.

Outra utilização para os resíduos é a produção de carvão ativado, devido esta espécie possuir alto teor de carbono e lignina.

5. AGRADECIMENTOS

Ao "Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico" - CNPQ, pela aquisição de equipamentos. À Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior - CAPES, pela concessão de bolsas de estudo. À Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de Minas Gerais (FAPEMIG), pela concessão de auxílio para participação no

evento e aquisição de equipamentos para produção do trabalho. Também a Serraria

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6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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7. NOTA DE RESPONSABILIDADE

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