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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ DANIEL SILVA E SOUZA

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Academic year: 2021

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UNIVERSIDADE DO VALE DO ITAJAÍ

DANIEL SILVA E SOUZA

CARACTERIZAÇÃO DA PESCARIA DO BERBIGÃO Anomalocardia

brasiliana (GMELIN, 1791) (MOLLUSCA:BIVALVIA) NA RESERVA

EXTRATIVISTA MARINHA DO PIRAJUBAÉ (FLORIANÓPOLIS/SC):

SUBSÍDIOS PARA O MANEJO

ITAJAÍ

2007

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DANIEL SILVA E SOUZA

CARACTERIZAÇÃO DA PESCARIA DO BERBIGÃO Anomalocardia

brasiliana (GMELIN, 1791) (MOLLUSCA:BIVALVIA) NA RESERVA

EXTRATIVISTA MARINHA DO PIRAJUBAÉ (FLORIANÓPOLIS/SC):

SUBSÍDIOS PARA O MANEJO

Dissertação apresentada como requisito final à obtenção do título de Mestre em Ciência e Tecnologia Ambiental, Curso de Pós-Graduação Stricto Sensu em Ciência e Tecnologia Ambiental, Centro de Ciências Tecnológicas da Terra e do Mar, Universidade do Vale do Itajaí. Orientador: Prof. Dr. Paulo Ricardo Pezzuto

ITAJAÍ

2007

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Agradecimentos

A meus pais e irmãos, por tudo.

A todos os pescadores da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé que auxiliaram, e muito, para a realização desse trabalho.

Ao Dr. Paulo Ricardo Pezzuto e sua esposa, a Dra. Eliana dos Santos Alves por sua amizade, inestimável ajuda e paciência nessa longa jornada.

Aos amigos da equipe MANGUE: Caroline Schio, Bruno Gonçalves Righetti, José Bicca Larré Neto e Luis Augusto Ebert.

Ao DEINFRA/SC e ao CTTMar/UNIVALI pelo financiamento da parte operacional do projeto, através do Monitoramento Ambiental na Região de Abrangência da Via Expressa SC-SUL, Florianópolis, SC.

Ao Iate Clube Veleiros da Ilha pela inestimável cooperação na logística do projeto ao longo destes anos.

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Sumário

1. Introdução ...1 2. Objetivos...12 2.1 Objetivo Geral...12 2.2 Objetivos Específicos ...12 3. O recurso...13 4. Área de estudo ...17

4.1. - Aspectos Fisiográficos e Hidrodinâmicos da Baía de Florianópolis...17

4.2 - Clima na Baía de Florianópolis ...18

4.3 - Maré na Baía de Florianópolis ...18

4.4 - Saco dos Limões...18

4.5 - Baixio Principal e Praia da Base ...19

5. Metodologia ...22

5.1 - Análise da distribuição espacial da biomassa e densidade explotável ...22

5.2 - Análise da pescaria do recurso na reserva...24

5.2.1 - Esforço amostral...24

5.2.2 - Parâmetros ambientais...25

5.2.3 - Número e posição dos pescadores...26

5.2.4 - Medição dos petrechos de pesca...29

5.2.5 - Profundidade de enterramento da arte de pesca ...30

5.2.6 - Acompanhamento da pescaria...32

5.2.7 - Problemática do cascalho ...36

5.3 - Aspectos sócio-econômicos e tecnológicos da pescaria...37

6. Resultados...39

6.1 - Esforço amostral...39

6.2 - Análise da distribuição espacial da biomassa explotável ...40

6.2.1 - Baixio Principal ...40

6.2.2 - Praia da Base ...40

6.2.3 - Variação temporal da abundância do recurso...41

6.3 - Parâmetros ambientais...42

6.3.1 - Dados meteorológicos ...43

6.3.2 - Nível da maré ...43

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6.3.4 - Influência na pesca ...44

6.4 - Arte de Pesca ...45

6.4.1 - Descrição do petrecho de pesca...45

6.4.2 - Uso do petrecho na RESEX do Pirajubaé ...48

6.4.3 - Explotação do recurso em marés “favoráveis”...48

6.4.4 - Explotação do recurso em marés “desfavoráveis” ...50

6.4.5 - Profundidade de arrasto da arte de pesca ...51

6.4.6 - Seletividade da Arte de Pesca...51

6.5 - O extrativista da RESEX do Pirajubaé...54

6.6 - Dia-a-dia na reserva...56

6.7 - Características econômicas da pescaria...57

6.7.1 - Berbigão descascado ...58

6.7.2 - Berbigão in natura...59

6.8 - Esforço de pesca ...60

6.8.1 - Nível do esforço atuante...60

6.8.2 - Alocação do esforço pesqueiro na reserva ...62

6.9 - Problemática do cascalho ...64

6.9.1 - Mapeamento da distribuição do cascalho...64

6.9.2 - Acompanhamento in situ da captura de cascalho...65

7. Discussão ...67

8. Referências Bibliográficas...77

9. Tabelas ...85

10. Figuras ...119

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Lista de tabelas

Tabela 1 - Coordenadas geográficas das estações de coleta (#) do berbigão Anomalocardia

brasiliana no Baixio Principal da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé,

Florianópolis, SC. As estações 2, 25 e 26 são utilizadas para o monitoramento temporal das densidades e biomassas. As demais estações são utilizadas no mapeamento anual da distribuição do recurso no baixio...85 Tabela 2 - Coordenadas geográficas das estações de coleta (#) do berbigão Anomalocardia

brasiliana na Praia da Base, Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, Florianópolis, SC.

As estações B1 e B3 são utilizadas para o monitoramento temporal das densidades e biomassas. As demais estações são utilizadas no mapeamento anual da distribuição do recurso no baixio...86 Tabela 3 - Pontos cardeais e pontos do horizonte com os seus respectivos ângulos utilizados nas visadas no presente trabalho. ...87 Tabela 4 - Densidades (ind./m2) e biomassas (g/m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana no Baixio Principal da RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 e 2006. Valores discriminados para a totalidade da população, bem como para as parcelas com comprimento de concha menor e maior que 20 mm...88 Tabela 5 - Densidades (ind./m2) e biomassas (g/m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé, em abril de 2005 e de 2006. Valores discriminados para a totalidade da população, bem como para as parcelas com comprimento de concha menor e maior que 20 mm. ...92 Tabela 6 - Percentual de ocorrência dos diferentes perfis de concentração da biomassa (g/m2) explotável do recurso (i.e. indivíduos com tamanho igual ou superior a 20 mm de comprimento de concha) nos anos de 2005 e 2006. ...95 Tabela 7 - Percentual de ocorrência dos diferentes perfis de concentração da densidade (ind./m2) explotável do recurso (i. e. indivíduos com tamanho igual ou superior a 20 mm de comprimento de concha) nos anos de 2005 e 2006. ...96 Tabela 8 - Biomassas medianas (g/m2) e totais (t) do berbigão Anomalocardia brasiliana no Baixio Principal e na Praia da Base estimadas a partir dos mapeamentos de 2001 e 2006. Valores discriminados para a parcela da população composta por indivíduos com comprimento de concha maior ou igual a 20 mm. Os valores entre parênteses indicam os limites de confiança percentis de 2,5 e 97,5%...97

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Tabela 9 - Densidades medianas (ind./m2) e totais do berbigão Anomalocardia brasiliana no Baixio Principal e na Praia da Base estimadas a partir dos mapeamentos de 2001 e 2006. Valores discriminados para a parcela da população composta por indivíduos com comprimento de concha maior ou igual a 20 mm. Os valores entre parênteses indicam os limites de confiança percentis de 2,5 e 97,5%. * Valores em milhões...98 Tabela 10 - Temperatura da água, temperatura do ar (ºC) e nível da maré (em cm) durante a realização dos trabalhos de campo entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). ...99 Tabela 11 - Percentual de ocorrência dos diferentes níveis de intensidade do vento durante a realização dos trabalhos de campo entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). ...99 Tabela 12 - Medidas do gradeamento, dos dentes e do tempo de uso dos petrechos de pesca analisados durante o trabalho de monitoramento da pescaria de Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...100 Tabela 13 - Medições da largura, altura da boca, altura do fundo e profundidade dos petrechos de pesca analisados durante o trabalho de monitoramento da pescaria de

Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé

(Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...101 Tabela 14 - Resultados da Análise de Variância aplicada à largura média dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...102 Tabela 15 - Resultados da Análise de Variância aplicada à altura média da boca dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...102 Tabela 16 - Resultados da Análise de Variância aplicada à altura média do fundo dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...103 Tabela 17 - Resultados da Análise de Variância aplicada à profundidade média dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com

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menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...103 Tabela 18 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao volume interno médio dos ganchos utilizados por mulheres, homens com mais de 30 anos (adultos) e homens com menos de 30 anos (jovens) na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...104 Tabela 19 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado a altura média da boca dos ganchos utilizados na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares examinados. ...104 Tabela 20 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao volume médio interno dos ganchos utilizados na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares examinados. ...105 Tabela 21 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado a altura média do fundo dos ganchos utilizados na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares examinados. ...105 Tabela 22 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao peso médio das capturas obtidas por jovens (homens com menos de 30 anos), mulheres e adultos na explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...106 Tabela 23 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao volume capturado por área arrastada em diferentes níveis de maré, na explotação do berbigão A. brasiliana, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...106 Tabela 24 - Profundidade de enterramento (em cm) dos ganchos analisados no monitoramento da pescaria do berbigão A. brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...107 Tabela 25 - Resultados do teste Kolmogorov-Smirnov aplicado à distribuição do número dos berbigões Anomalocardia brasiliana capturados entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, durante o trabalho de monitoramento da pescaria desse molusco na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Para os três trimestres em que se desenvolveu o trabalho, foram comparadas as distribuições de freqüência das capturas dos

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ganchos com espaçamento do gradeamento maior e menor que 12,18 mm. Os valores em negrito indicam diferenças significativas ao nível de 5%...108 Tabela 26 - Medidas de posição e dispersão do comprimento de concha dos organismos retidos pelos ganchos com espaçamento médio do gradeamento maior ou menor do que 12,18 mm no período de 15 de março e 20 de novembro de 2005, durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC)...109 Tabela 27 - Número de extrativistas observados no Baixio Principal e Praia da Base durante a realização do trabalho de monitoramento da pescaria de Anomalocardia

brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de

março e 20 de novembro de 2005...110 Tabela 28 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao número de pescadores observados no Baixio Principal e Praia da Base, na explotação do berbigão A. brasiliana, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...110 Tabela 29 - Estimativas de esforço e captura por unidade de esforço de pesca por extrativista na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março a 20 de novembro de 2005. ...111 Tabela 30 - Estimativas anuais de captura de berbigão na RESEX do Pirajubaé e percentuais de remoção da biomassa disponível. * Valor estimado a partir dos percentuais de alocação do esforço de pesca observados em cada banco no ano de 2005. “n.d.” Dados inexistentes...112 Tabela 31 - Índice de Morisita Padronizado (Ip) aplicado à distribuição do esforço pesqueiro atuante no ano de 2005, e a distribuição dos valores de biomassa (g/m2) existente em 2005 e 2006, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC)...113 Tabela 32 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao peso médio da captura por metro quadrado (kg/m2) em cada quadrante, no monitoramento da pescaria do berbigão A.

brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de

novembro de 2005. ...113 Tabela 33 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao número médio de organismos capturados por metro quadrado em cada quadrante, no monitoramento da pescaria do berbigão A. brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...114 Tabela 34 - Resultados da Análise de Variância aplicada ao comprimento de concha médio das capturas em cada quadrante, no monitoramento da pescaria do berbigão A. brasiliana

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na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...114 Tabela 35 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao peso médio da captura por metro quadrado (kg/m2) em cada quadrante, no monitoramento da explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares de anos examinados. ...115 Tabela 36 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao número médio de organismos capturados por metro quadrado em cada quadrante, no monitoramento da explotação do berbigão A. brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares de anos examinados. ...116 Tabela 37 - Resultados do teste a posteriori de Tukey aplicado ao comprimento de concha médio das capturas em cada quadrante, no monitoramento da explotação do berbigão A.

brasiliana, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de

novembro de 2005. Os valores representam a probabilidade associada a cada comparação realizada entre os pares de anos examinados...117 Tabela 38 - Resultados do teste-t, ao nível de significância de 5%, aplicado ao peso médio coletado de cascalho, obtido nos mapeamentos das concentrações explotáveis do recurso em abril de 2005 na RESEX Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). ...118 Tabela 39 - Resultados do teste-t, ao nível de significância de 5%, aplicado ao volume coletado de cascalho, obtido nos mapeamentos das concentrações explotáveis do recurso em abril de 2005 na RESEX Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). ...118

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Lista de figuras

Figura 1 - Imagem das Baías Norte (BN) e Sul (BS) e de Florianópolis, SC, com os principais bancos do berbigão Anomalocardia brasiliana identificados por Tremel (2001). D: Pontal da Daniela; C: Campinas; P: RESEX Marinha do Pirajubaé; I: Ponta do Imaruí; T: Tapera e Taperinha; M: Passagem do Massiambú. Fonte: NASA...119 Figura 2 - Pescador utilizando o petrecho de pesca denominado “gancho” na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). ...120 Figura 3 - Molusco bivalve A. brasiliana em seu habitat natural...121 Figura 4 - Acima, Croa da Casca separando o Baixio Principal (ao fundo) da Praia da Base. Abaixo, vista frontal da Croa da Casca...122 Figura 5 - As croas do Baixio Principal em uma manhã de junho na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC). ...123 Figura 6 - Croas do Baixio Principal agindo como um verdadeiro trapeador de água durante a vazante da maré em uma manhã de junho. ...124 Figura 7 - Períodos de maré baixa no Baixio Principal. ...125 Figura 8 - Correntes formadas nas croas em enchentes ou vazantes da maré. ...126 Figura 9 - Fotografia da Praia da Base na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), tirada em um dia de maré baixa. Note a falta de Croas nesta região. ...127 Figura 10 - Estações de amostragem definidas no Baixio Principal, RESEX do Pirajubaé. A área triangular demarcada ao sul representa a região do manguezal. ...128 Figura 11 - Estações de amostragem definidas na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé. A área triangular demarcada a sudeste representa a região do manguezal...129 Figura 12 - Caiaque utilizado como meio de transporte na reserva...130 Figura 13 - Modelo esquemático de uma visada. Nele, a unidade amostral “A”, o pescador-alvo “B”, o ângulo da visada “a“, e a distância entre os dois pontos “b”, “x” e “y”. ...131 Figura 14 - Medidas da altura da boca (H1), largura (L), altura do fundo (H2) e profundidade (P) de um gancho...132 Figura 15 - Desenho esquemático de um gancho, dividido em dois sólidos A e B. H1 é a altura da boca do aparelho, H2 a altura do fundo, L a largura da boca, P a profundidade e “x” a diferença entre as alturas de boca e fundo...133 Figura 16 - Diferentes partes de um gancho: A - Boca do gancho; B - Laterais; C - Fundo do gancho; D - face superior; E - face inferior. ...134

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Figura 17 - Modelo esquemático da medição com um transferidor da angulação dos dentes do gancho em relação a boca do mesmo. Onde, “c” é o comprimento dos dentes, “a” é o ângulo formado entre os dentes e a boca do aparelho; “p” é a profundidade de enterramento do gancho no substrato (quando em repouso) e “90” a linha de 90 do transferidor usado na medição. ...135 Figura 18 - Acima, o gancho em repouso. Abaixo, o gancho dragando o baixio. Observe o ângulo formado entre a altura da boca e do fundo do aparelho nas duas figuras. ...136 Figura 19 - Figura representando o gancho em repouso (acima) e durante o arrasto (abaixo). Note que o ângulo “b” entre a altura da boca (H1) e a altura do fundo do aparelho (H2), é transferido no arrasto para o ângulo entre a face inferior do gancho (F) e o substrato (S). Para melhor visualização do ângulo formado com a inclinação do gancho, manteve-se perpendicular os dentes em relação a boca do aparelho. ...137 Figura 20 - Representação da tomada do volume capturado a partir de uma ganchada, com a medição da distância entre a boca do aparelho e o material capturado. ...138 Figura 21 - Percentual mensal da freqüência do pesquisador na RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...139 Figura 22 - Percentual diário da freqüência do pesquisador na RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...140 Figura 23 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da biomassa (g/m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) no Baixio Principal da RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 (acima) e abril de 2006 (abaixo). Os pontos representam as estações de coleta definidas para os mapeamentos. A área triangular demarcada ao sul representa a região do manguezal. ....141 Figura 24 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da biomassa (g/m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 (à esquerda) e abril de 2006 (à direita). Os pontos representam as estações de coleta definidas para os mapeamentos. A área triangular demarcada a sudeste representa a região do manguezal.

...142 Figura 25 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da densidade (ind./m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) no Baixio Principal da RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 (acima) e abril de 2006 (abaixo). Os pontos representam as estações de coleta definidas para os

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Figura 26 - Latitude e longitude em graus e décimos de graus da densidade (ind./m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé em abril de 2005 (à esquerda) e abril de 2006 (à direita). Os pontos representam as estações de coleta definidas para os mapeamentos. A área triangular demarcada a sudeste representa a região do manguezal.

...144 Figura 27 - Percentual do número de áreas no Baixio Principal com diferentes níveis de biomassa explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006 (abaixo). ...145 Figura 28 - Percentual do número de áreas na Praia da Base com diferentes níveis de biomassa explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006 (abaixo). ...146 Figura 29 - Percentual do número de áreas no Baixio Principal com diferentes níveis de densidade explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006 (abaixo). ...147 Figura 30 - Percentual do número de áreas na Praia da Base com diferentes níveis de densidade explotável do molusco bivalve A. brasiliana, nos anos de 2005 (acima) e 2006 (abaixo). ...148 Figura 31 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (CC em mm) dos berbigões coletados nos mapeamentos realizados entre 2001 e 2006 no Baixio Principal, RESEX do Pirajubaé. ...149 Figura 32 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (CC em mm) dos berbigões coletados nos mapeamentos realizados entre 2004 e 2006 na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé...150 Figura 33 - Comprimentos médios da concha (mm) e pesos médios individuais (g) (± E.P.) dos berbigões coletados nos mapeamentos realizados entre 2001 e 2006 no Baixio Principal e na Praia da Base, RESEX do Pirajubaé...151 Figura 34 - Cobertura de nuvens e presença/ausência de chuva entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC)....152 Figura 35 - Distribuição de freqüência dos valores da temperatura do ar durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...153

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Figura 36 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação da temperatura do ar durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...154 Figura 37 - Distribuição de freqüência dos valores da temperatura da água durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...155 Figura 38 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação da temperatura da água durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...156 Figura 39 - Distribuição de freqüência dos valores do nível da maré por sobre os baixios durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.

...157 Figura 40 - Variação temporal da média, desvio padrão e coeficiente de variação dos níveis da água nos baixios durante a pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...158 Figura 41 - Direção e percentual de ocorrência dos ventos durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...159 Figura 42 - Percentual de ocorrência dos ventos ditos não relevantes (acima) e relevantes (abaixo), durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva extrativista Marinha do Pirajubaé, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...160 Figura 43 - Intensidade dos ventos durante o trabalho de monitoramento da pescaria do berbigão na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...161 Figura 44 – Método scree-plot aplicado ao número de pescadores e dados ambientais observados na RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...162 Figura 45 - Resultado gráfico da análise de componentes principais (PCA) aplicada ao número de pescadores e dados ambientais observados na RESEX do Pirajubaé entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...163 Figura 46 - Médias e respectivos intervalos de confiança 95% das medidas dos ganchos utilizados na pescaria do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC) entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...164

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Figura 47 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da largura dos ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ...165 Figura 48 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da altura da boca dos ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.166 Figura 49 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da altura do fundo dos ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.167 Figura 50 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% da profundidade dos ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.168 Figura 51 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% do volume interno dos ganchos de mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), utilizados na explotação do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.169 Figura 52 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% das capturas do berbigão Anomalocardia brasiliana por mulheres, adultos (homens maiores do que 30 anos) e jovens (homens com menos de 30 anos), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005 na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC)...170 Figura 53 - Acima, um pescador puxando o gancho no Baixio Principal (note como ele utiliza as pernas na ganchada). Abaixo, fotografia subaquática mostrando os dentes do gancho revolvendo o substrato em uma ganchada...171 Figura 54 - Acima, um pescador lavando o gancho em um dia de pesca. Abaixo, como é feito o selecionamento do tamanho do berbigão capturado pelo gradeamento do gancho.

...172 Figura 55 - Acima, pescador efetuando uma ganchada em “U” no Baixio Principal (note o ângulo aproximadamente reto em relação a batera). Abaixo, marcas típicas de ganchadas em “U”, caracterizadas por trilhas retas e paralelas entre si...173

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Figura 56 - Pescador acomoda o material capturado no fundo do gancho com movimentos verticais do cabo (indicado pelas setas). Observe os dentes do aparelho para entender melhor o movimento...174 Figura 57 - Pescador “lavando o gancho” no Baixio Principal, mantendo movimentos pendulares constantes com o cabo do aparelho. ...175 Figura 58 - Fotografia de um ralo com a captura de uma (ou duas) ganchada (s). Na parte inferior, em frente ao ralo, pode-se observar o local onde foi lavado o gancho ao final da ganchada. ...176 Figura 59 - Médias e respectivos intervalos de confiança 95% do volume capturado por área arrastada em diferentes níveis de maré, variando entre patamares inferiores a 10 cm a superiores aos 60 cm...177 Figura 60 - Regressão linear por mínimos quadrados calculada entre o comprimento e a largura da concha do berbigão Anomalocardia brasiliana na RESEX Marinha do Pirajubaé. ...178 Figura 61 - Espaçamento das grades dos ganchos utilizados na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. A linha indica o espaçamento do gradeamento de 12,18 mm. ...179 Figura 62 - Distribuição de freqüência do comprimento de concha (CC) das capturas obtidas no período entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC). A linha vermelha representa o comprimento de concha de 20 mm...180 Figura 63 - Média e seus respectivos erros-padrão do comprimento de concha (mm) dos organismos capturados no ano de 2005 (acima), e do comprimento de concha estimado a partir do espaçamento dos ganchos analisados no monitoramento da pescaria (abaixo). .181 Figura 64 - Distribuição de freqüência do comprimento de concha das capturas obtidas com ganchos de espaçamento do gradeamento maior e menor a 12,18 mm. A linha vermelha representa o comprimento de concha de 20 mm...184 Figura 65 - Distribuição de freqüência relativa do comprimento da concha (em mm) dos berbigões capturados comercialmente na RESEX do Pirajubaé entre junho de 1989 e julho de 1994 (Tremel, 2001), e entre março e novembro de 2005 (no presente trabalho)...185 Figura 66 - Vista lateral de uma típica batera utilizada pelos pescadores da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé na explotação do berbigão no ano de 2005...186 Figura 67 - Diferentes meio de transporte para a RESEX do Pirajubaé. Acima à esquerda, bateras movida à vela; acima à direita, batera movida à verga; Abaixo a esquerda, bote

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Figura 68 - Acima, o molusco bivalve Trachicardium muricatum em seu habitat natural, e abaixo, como parte da captura de um gancho...188 Figura 69 - Médias e seus respectivos desvios padrão do número de pescadores no período matutino e vespertino, presentes na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005...189 Figura 70 - Preços oferecidos pelo berbigão da RESEX Marinha do Pirajubaé pela empresa Mar e Pesca e por peixarias da região, entre 15 de março e 20 de novembro de 2005. ....190 Figura 71 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% do número de pescadores presentes no Baixio Principal e Praia da Base a cada dia de pesca analisado na RESEX do Pirajubaé (Florianópolis/SC), entre 15 de março e 20 de novembro de 2005.191 Figura 72 - Acima, pescadores em uma manhã de outono. Abaixo, diferentes núcleos formados pela distribuição dos errantes e dos seguidores no Baixio Principal e Praia da Base em maio de 2005. As isolinhas representam valores de biomassa (g/m2) determinados no mapeamento de abril de 2005. ...192 Figura 73 - Distribuição do esforço pesqueiro em março de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante...193 Figura 74 - Distribuição do esforço pesqueiro em abril de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante...194 Figura 75 - Distribuição do esforço pesqueiro em maio de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante...195 Figura 76 - Distribuição do esforço pesqueiro em junho de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante...196 Figura 77 - Distribuição do esforço pesqueiro em julho de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante...197

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Figura 78 - Distribuição do esforço pesqueiro em agosto de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante...198 Figura 79 - Distribuição do esforço pesqueiro em setembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante. ...199 Figura 80 - Distribuição do esforço pesqueiro em outubro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante...200 Figura 81 - Distribuição do esforço pesqueiro em novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante. ...201 Figura 82 - Distribuição do esforço pesqueiro entre 15 de março e 20 de novembro de 2005, na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé (Florianópolis/SC). Acima, a posição geográfica dos pescadores atuantes na reserva. Abaixo, percentual observado do número de pescadores em cada quadrante...202 Figura 83 - Médias e seus respectivos intervalos de confiança 95% do peso capturado por m2 arrastado, do número de organismos capturado por m2 arrastado, e do comprimento de concha capturado nos diferentes quadrantes do Baixio Principal e Praia da Base. ...203 Figura 84 - Médias, erros-padrão e respectivos intervalos de confiança 95% do peso de cascalho existente no Baixio Principal e Praia da Base, obtido nos mapeamentos das concentrações explotáveis do recurso em abril de 2005...204 Figura 85 - Médias, erros-padrão e respectivos intervalos de confiança 95% do volume de cascalho existente no Baixio Principal e Praia da Base, obtido nos mapeamentos das concentrações explotáveis do recurso em abril de 2005...205 Figura 86 - Distribuição do peso de cascalho por amostra (g/0,031m2) no mapeamento de abril de 2005 realizado no Baixio Principal (superior) e na Praia da Base (inferior), RESEX do Pirajubaé. Os pontos representam as estações de coleta definidas para os mapeamentos.

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Figura 87 - Relação entre peso de cascalho por amostra (g/0,031m2) e biomassa (g/m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) no Baixio Principal e na Praia da Base, a partir do mapeamento de abril de 2005.

...207 Figura 88 - Relação entre volume de cascalho por amostra (ml/0,031m2) e densidade (ind./m2) do berbigão Anomalocardia brasiliana disponível à pesca (comprimento de concha maior que 20 mm) no Baixio Principal e na Praia da Base, a partir do mapeamento de abril de 2005...208

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Resumo

O molusco bivalve Anomalocardia brasiliana (berbigão) vem sendo explotado na Baía Sul, no lado interno da Ilha de Santa Catarina, há muitos anos. Junto a outros recursos a explotação acentuada desta espécie provocou a implantação, em 1992, da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, visando proporcionar um uso sustentável dos recursos existentes na região. Em 1996, foi autorizada uma dragagem no baixio de onde era extraído o berbigão para a construção de uma Via Expressa que ligaria o centro ao sul da ilha, o que reduziu a área para a explotação do berbigão e, conseqüentemente, a biomassa explotável da espécie no meio. Com isso, o Plano de Utilização do berbigão até então vigente passou a não estar mais em equilíbrio com o estoque e, em 1997, a pesca foi fechada em decorrência da diminuição excessiva das densidades da espécie. Desde então, a reserva se encontra em situação precária pela falta de fiscalização, facilitando a explotação do recurso de forma descontrolada pelos extrativistas da região, que em sua maioria dependem da explotação do berbigão como principal meio de subsistência. Este projeto teve como objetivo analisar a dinâmica pesqueira do berbigão, como também o efeito desta nos níveis de abundância e distribuição da sua biomassa disponível à pesca, a fim de fornecer subsídios para a elaboração de um futuro Plano de Manejo da reserva. Para tanto, foi realizado em abril de 2005 o mapeamento das biomassas e densidades explotáveis do recurso nos bancos do berbigão e, concomitantemente num período de nove meses (entre 15 de março a 20 de novembro de 2005) foi realizado o acompanhamento in situ da pescaria do recurso na reserva. Com isso, pôde-se observar que: (a) a pescaria é realizada por um número variável de pessoas ao longo do ano, tendo seus valores dependentes das leis de mercado; (b) que o esforço pesqueiro não corresponde a legislação em vigência que regula a pescaria; (c) que o esforço atua principalmente sobre indivíduos adultos na reserva e; (d) que o esforço se encontra elevado, depletando quase a totalidade da biomassa explotável do recurso a cada ano. Sendo assim, torna-se evidente a necessidade de adoção de medidas conservativas para a proteção do estoque, visando a recomposição da sua biomassa original e a elevação da abundância do estoque desovante a níveis que assegurem a manutenção do sucesso do recrutamento na área.

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Abstract

The clam Anomalocardia brasiliana has been intensely exploited for many years on the “Baía Sul”, located at the inner side of the Santa Catarina Island. This and other resources forced the implementation, in 1992, of the “Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé”, with the goal of providing the sustainable use of the resources in the area. In 1996, part of the sandy bank where the mollusk was exploited was dragged for the construction of a freeway connecting the downtown to the south of the island, thus reducing the exploitable biomass of the species. As a consequence, the equilibrium between the stock and its management plan was disrupted, and, in 1997, the fishery was officially closed due to the low abundance of the species. Nevertheless, the fishery continued on an informal basis and new management rules were established in 2004. Since 1997, weakness of enforcement by the fishery authority has driven the reserve to a critical situation, characterized by an uncontrolled exploitation of its resources by local fishermen; many of them rely on the clam to live. This project had the goals of: a) analyzing how the mollusk fishery works, b) studying its effects on the exploitable biomass and distribution and, c) giving advice for a new management plan for the fishery. To accomplish this, a mapping of the clam biomass and density was conducted in April 2005. In addition, the clam fishery was monitored in situ during a nine month period (March 15th to November 20th 2005). The results indicated that: (a) the number of fishermen varies along the year, depending on the market; (b) the rules that regulate the fishery are not respected; (c) the fishing is conducted primarily on the mature portion of the stock and; (d) the fishing effort is excessively high, so that most of the adult biomass is removed each year from the stock. This shows that new management rules are necessary in order to protect the resource, in special, to rebuild its original biomass and maintain its recruitment success in the area.

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1. Introdução

A explotação artesanal de organismos bentônicos apresenta uma elevada importância sócio-econômica para os países da América Latina, constituindo uma expressiva fonte de renda e subsistência para as comunidades tradicionais da zona costeira (Castilla & Defeo, 2001). Tais pescarias podem ser caracterizadas em seis fases distintas de desenvolvimento (Castilla & Defeo, 2001):

(a) fase de explotação inicial: com uma incipiente explotação dos recursos bentônicos, gerando baixas e constantes capturas. Nesta fase a pescaria é feita sem controle e tem como destino unicamente o mercado doméstico;

(b) fase de expansão da extração: quando o aumento da demanda pelo produto gera uma elevação nos níveis de captura dos recursos, influenciando na pescaria que tende a se expandir;

(c) fase de sobrepesca: marcada pelo aumento excessivo das capturas com a forte demanda do mercado externo, elevando as ofertas de emprego, renda e bem estar para os pescadores. A intensidade da pesca apresenta uma elevação contínua, mesmo com a queda das capturas, pela diminuição dos custos de operação das frotas. O crescimento do preço das espécies explotadas (cada vez mais raras) e o fácil acesso aos estoques, os quais funcionam como verdadeiras áreas de livre acesso estimulam a entrada de novos pescadores em um ciclo de retroalimentação que empurra os níveis de abundância exponencialmente para baixo. A capacidade da ciência de estudar as espécies não consegue acompanhar tamanha velocidade de crescimento das pescarias. Assim, não são produzidas medidas de manejo que sejam realmente adequadas para as espécies, o que leva muitas pescarias ao colapso;

(d) fase do fechamento de pescarias: observada quando muitas pescarias se encontram sobreexplotadas ou severamente explotadas pela pesca indiscriminada, tendo que ser fechadas. Esta fase é caracterizada por grandes instabilidades sócio-econômicas para as comunidades ligadas às pescarias com a queda nos rendimentos, emprego e alimento disponível para as comunidades carentes;

(e) fase de estabilização da extração e institucionalização: caso uma pescaria não venha a entrar na fase de sobrepesca ou fechamento, com o acúmulo de informações ao longo dos anos formam-se condições para que o meio científico possa melhorar a qualidade das medidas de manejo empregadas. Nessa fase, são implementadas medidas de

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manejo, como a adoção do tamanho mínimo legal para os recursos a serem explotados e de restrições quanto ao tamanho da malha de rede, da captura total permitida para cada pescador e da captura total admitida em uma determinada área de pesca. Essa fase seria o passo necessário para a fase de maturidade observada a seguir;

(f) fase da maturidade e consolidação das pescarias: na qual é alcançada a

explotação sustentável dos recursos em longo prazo.

A maioria das pescarias na América Latina atravessou as fases de explotação inicial e expansão da extração estagnando nas fases de sobrepesca e fechamento de pescarias (Castilla & Defeo, 2001). Isto devido a: (a) instabilidade política e social característica de países do terceiro mundo; (b) carência de dados confiáveis sobre as espécies, pela ausência de financiamentos que propiciem estudos mais prolongados dos estoques; (c) dificuldade da implementação de planos de manejo para os recursos, dado à facilidade com que as pessoas têm acesso ao mesmo (pela sua distribuição em extensas áreas de litoral e a falta de uma fiscalização eficiente); (d) falta de comunicação entre pescadores, cientistas e administradores e; (e) incertezas no campo econômico, como mudanças nos preços pagos pelas espécies (com as variações naturais na abundância e acessibilidade do recurso) e flutuações da demanda ao longo do tempo (Castilla & Defeo, 2001).

No litoral brasileiro, diversas espécies de moluscos bivalves de regiões estuarinas são explotadas (Schaeffer-Novelli, 1989) de forma bastante rudimentar pelas comunidades tradicionais, sem utilizar medidas de manejo que garantam um uso sustentável dos recursos (Araújo, 2001). Dentre essas espécies, existem aquelas associadas às estruturas aéreas da vegetação do mangue (como a Crassostrea rhizophorae, a Ostra-do-mangue) e espécies que habitam os sedimentos de planícies de maré adjacentes a manguezais (Lacerda, 1999).

Mais de um terço do litoral brasileiro é coberto por áreas de mangue (Von Por, 1994). Destes, 85 % correspondem a regiões pouco habitadas do litoral Norte dos estados do Amapá, Pará e Maranhão, ainda hoje se encontrando em bom estado de conservação (Lacerda, 1999). Entretanto, nas regiões Sudeste e Sul do país a situação é bem diferente, com a destruição crescente do ecossistema manguezal pelo avanço da urbanização e industrialização (Lacerda, 1999). Com o crescimento das cidades e o conseqüente aumento da poluição nessas regiões, as comunidades ribeirinhas vêm sofrendo fortes impactos, com a destruição de habitats de diversas espécies de moluscos e outros organismos utilizados como fonte de renda (Schaeffer-Novelli, 1989).

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Idéias como o manejo compartilhado (co-management), que promovem a participação das comunidades locais na administração das pescarias, são interessantes do ponto de vista da conservação de áreas como os manguezais, pois congregam o manejo controlado das espécies à preservação da tradição pesqueira das comunidades ribeirinhas. Isso por que, quando as autoridades reconhecem determinados grupos como donos de um local de pesca, essa área passa a não ser mais de livre acesso e a invasão por outros pescadores tornar-se-á dificultada (Castilla & Defeo, 2001).

Além disso, com o direito de uso dado às comunidades locais, fica facilitada à adoção de medidas conservativas por parte dos pescadores da região, e diminuem-se os custos para a implantação de estratégias de manejo (com a fiscalização, por exemplo), haja vista que o pescador irá zelar pela região, do mesmo modo que um proprietário zela pelo seu patrimônio.

Cria-se também um sinergismo entre os conhecimentos empíricos acumulados pelas comunidades tradicionais há anos atuando na pesca e os conhecimentos científicos da academia, otimizando a eficiência dos planos de manejo apresentados ao moldá-los a cada idiossincrasia das diferentes pescarias (Castilla & Defeo, 2001; Orensanz & Jamieson, 1998).

No Brasil, tradicionalmente, o manejo de recursos pesqueiros tem sido feito através do uso de Portarias e Instruções Normativas que visam atender a casos específicos, normalmente em caráter emergencial, sendo apenas soluções paliativas e não planos de manejo propriamente ditos para as espécies (Dr. Paulo Ricardo Pezzuto, com. pess.).

No entanto, com o surgimento de Unidades de Conservação denominadas Reservas Extrativistas, cuja idéia central apresenta muitas similaridades com o conceito geral das áreas de manejo compartilhado, surgiu a possibilidade de se implantar no país tal idéia, o que torna esse modelo de reservas naturais um interessante instrumento de gestão dos recursos bentônicos das regiões de mangue no nosso litoral.

Segundo a Lei nº 9985de 16 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC), uma Reserva Extrativista pode ser definida como:

“[...] área utilizada por populações extrativistas tradicionais, cuja subsistência baseia-se no extrativismo e, complementarmente, na agricultura de subsistência e na criação de animais de pequeno porte, e tem como objetivos básicos proteger os meios de vida e a cultura dessas populações, e assegurar o uso sustentável dos recursos naturais da unidade”.

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Elas surgiram da luta dos seringueiros na Amazônia, logo ultrapassando os limites da floresta e vindo a ser implantadas em outros ambientes do território nacional, como áreas marinhas e fluviais, beneficiando diversas outras comunidades tradicionais como também ampliando em muito os limites da área de proteção ambiental existente no país (Brasil, 2002).

O gerenciamento da reserva cabe aos próprios extrativistas, os quais participam ativamente da estipulação de seu Plano de Utilização, que dita as modalidades de pesca permitida, além das áreas abertas a explotação dos recursos e as sanções aos infratores (Cardoso, 2003; Brasil, 2002). Os extrativistas são, portanto, co-autores do Plano de Utilização e co-gestores da Reserva (Cardoso, 2003). Entretanto, mesmo esse modelo de gestão apresenta deficiências.

A pescaria do molusco Anomalocardia brasiliana (Gmelin, 1791) na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé situada em Santa Catarina, é um exemplo extremamente relevante dos benefícios e das fragilidades encontradas na utilização dessa modalidade de reservas naturais no Brasil. No lado interno da Ilha de Florianópolis, existem diversas áreas propícias à formação de bancos do berbigão (nome vulgar dado à espécie na região - ver item 3), dentre as quais a enseada do Saco dos Limões (Figura 1). Nessa região, até o final da década de 1980, a exploração do recurso pela população local se deu quase que exclusivamente para fins de subsistência, até a chegada de uma arte de pesca denominada “gancho” (Figura 2).

De certo modo a história da pesca comercial do berbigão na Enseada do Saco dos Limões se confunde com o aparecimento do gancho na região. Ele foi trazido do Rio de Janeiro no ano de 1987 pela Empresa Depuradora Maricá que tinha como objetivo a venda do produto principalmente ao mercado do sudeste do país (Tremel, 2001).

A sua introdução na época gerou reclamações por parte das comunidades ribeirinhas locais que temiam a redução da abundância do recurso na região, com a diminuição da seletividade da pescaria (Tremel, 2001). Contudo, logo a animosidade para com a novidade foi suplantada pelos claros benefícios trazidos por ela, fazendo com que rapidamente o petrecho se tornasse peça fundamental na pescaria do recurso para fins comerciais.

Com as mãos, um pescador leva mais de uma hora para encher uma lata de 18 litros com berbigão (Tremel, 2001), enquanto que em uma ganchada de poucos minutos ele consegue quantidades de captura muito superiores. Isso fez com que a pescaria comercial que em tempos idos praticamente não existia pela dificuldade da captura do berbigão com

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as mãos, pelo baixo preço do recurso e pela falta de mercado, passasse a ser viável com a chegada do gancho e da empresa.

Desde então, o petrecho passou a ser usado de forma indiscriminada na enseada do Saco dos Limões, guiado apenas pela lei da oferta e demanda. Esse fato gerou preocupações na Superintendência do Desenvolvimento da Pesca (a extinta SUDEPE-SC, hoje IBAMA/SC) acabando por resultar na proibição do uso do referido aparelho por não ser seletivo, provocar alterações no substrato e estar em desacordo com a Portaria nº 19, de 30 de maio de 1984 (Tremel, 2001).

Como mesmo assim o recurso continuava a ser explorado de forma desordenada pela pesca comercial, com o objetivo de racionalizar sua exploração em 13 de outubro de 1988 a SUDEPE promoveu a criação experimental de uma fazenda marinha de berbigão na forma de um projeto piloto coordenado pelo biólogo marinho Ernesto Tremel (von Behr, 1995; Tremel, 1994; Tremel, 2001). O projeto consistia na realização de estudos dos aspectos biológicos, tecnológicos e econômicos da extração do berbigão, envolvendo 12 pescadores da comunidade (Tremel, 1994).

O local escolhido para a realização do projeto piloto foi o Baixio das Tipitingas (Anexo 1), uma extensa planície de maré adjacente ao manguezal do Rio Tavares que na época era pouco explorada pela população local, principalmente por ser acessível apenas pelo mar (Tremel, 2001). Ao optar por uma área que não fazia parte da região comumente utilizada para a exploração do recurso na enseada do Saco dos Limões, evitou-se conflitos sociais que poderiam advir da instalação da fazenda marinha (Tremel, 2001).

No projeto piloto foram adotadas algumas diretrizes, dentre as quais se destacam a (Tremel, 2001):

• Criação de uma microempresa por parte de um dos pescadores, a qual possuía uma licença da SUDEPE (em caráter experimental e renovável semestralmente) para a explotação do recurso no baixio;

• Adoção inicial de um tamanho de malha dos ganchos de 13 mm (e posteriormente de 15 mm) para proporcionar o escape de indivíduos menores do que 20 mm de comprimento de concha (quando os organismos atingem a maturidade sexual);

• Estipulação de 2 dias por semana para a extração do recurso no Baixio das Tipitingas;

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• Autorização para a Empresa de Pescado Ibiraquera da cidade de Imbituba/SC obter o monopólio da compra de todo produto capturado para a depuração e posterior venda;

• Permissão de no máximo 100 latas de berbigão capturadas por dia de pesca; • Promoção da rotatividade nas áreas de extração, permitindo a vários setores

do baixio passar por épocas de descanso do esforço de pesca, o que facilitaria a recomposição do estoque;

Isso garantiu o uso sustentável do recurso na região. Então no ano de 1992, para conseguir assegurar a continuidade do projeto com a garantia de apoio técnico e financeiro, os pescadores em conjunto a Superintendência do IBAMA em Santa Catarina reivindicaram junto ao CNPT (Centro Nacional de Populações Tradicionais e Desenvolvimento Sustentável) a realização de um estudo visando a transformação da área que compreendia todo o Baixio das Tipitingas, o manguezal do Rio Tavares e uma área adjacente denominada Praia da Base em uma Reserva Extrativista (von Behr, 1995) (Anexo 1).

Uma vez iniciado, o processo ocorreu muito rapidamente (cerca de 3 meses) e logo a primeira Reserva Extrativista Marinha do Brasil, a Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé surgiu através do Decreto Lei nº 533 de 20 de maio de 1992. A reserva engloba 1.444 hectares, compreendendo 744 de manguezal e os demais 700 de baía, na qual se localizava o Baixio das Tipitingas (com 240 hectares) em que se desenvolvia a captura do berbigão (Pezzuto & Echternacht, 1999) (Anexo 1).

Em 1996, através da ação conjunta do poder público, dos moradores da região e dos usuários diretos dos recursos da reserva, foi estabelecido, através da Portaria IBAMA nº 78 de 30 de setembro, o Plano de Utilização da Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, que visava uma explotação auto-sustentável mediante a regulamentação da utilização dos recursos naturais e dos comportamentos a serem seguidos pela população extrativista, no que diz respeito às condições técnicas e legais para a explotação racional e sustentável da fauna marinha local (IBAMA, 1997).

Dos recursos da reserva dependiam 115 famílias, das quais 15 possuíam até dezembro de 1997, uma autorização especial do IBAMA para executar a explotação do berbigão respeitando o plano de utilização estabelecido (von Behr, 1995).

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• Seletividade de tamanho de captura, possibilitando o escape dos indivíduos imaturos com menos de 20 mm de comprimento da concha;

• Limitação do esforço de pesca através da fixação do número máximo de pescadores licenciados (12 a 18 pescadores), do número de dias por semana em que a extração era permitida (dois dias), e da quantidade de berbigão retirada por dia (5 a 8 latas de 18 kg por extrativista) e;

• Promoção da rotatividade nas áreas de extração.

De maneira geral, as regras para a explotação do recurso na reserva permaneciam as mesmas do projeto piloto iniciado em 1988, o que garantia uma relativa estabilidade à pescaria.

As estatísticas referentes à explotação do berbigão da reserva no período entre 1989 e 1997 indicam produções anuais altamente significativas (Tabela 30), superando inclusive as observadas para outras espécies na região (Tremel, 2001). De acordo com Tremel (1994):

“Os resultados dos estudos até agora realizados demonstram a possibilidade de se elevar a produção. Isso significa que se poderia aumentar a extração na área, sem prejudicar a renovação contínua do estoque, em mais ou menos 60%, isto é, passando de 13 para 20 toneladas por mês. Considerando-se a média anual de 156 toneladas, passar-se-ia para 250 toneladas, o que representa a extração de 22 milhões de berbigões selecionados por ano”

Então em meados de 1996, foi autorizada pelos órgãos competentes a dragagem de uma parcela substancial do baixio de onde se extraía o berbigão, com o intuito de se obter areia para a formação de um aterro sobre o qual foi construída a Via Expressa Sul, visando facilitar o acesso ao sul da ilha (Pezzuto & Echternacht, 1999). Com esta dragagem, o baixio de onde era explotado o berbigão foi reduzido de 240 para aproximadamente 140 hectares com a retirada de sete milhões de metros cúbicos de areia da sua porção norte (Tremel, 2001). Como os empreendimentos causariam impactos não apenas à RESEX, mas também às regiões de entorno (Saco dos Limões e Costeira do Pirajubaé), foi exigido, como parte para o licenciamento ambiental da obra, a realização de um amplo programa de monitoramento dos efeitos da mesma em toda a sua região de abrangência. Desde o início de 1997, foi então estabelecido o “Monitoramento Ambiental na Região de Abrangência da Via Expressa SC-SUL, Florianópolis, SC” realizado pela UNIVALI em convênio com o

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DER/SC (hoje com o DEINFRA), para avaliar os impactos ao meio promovidos pela obra, e sugerir eventuais medidas mitigadoras ou compensatórias aos mesmos.

Os primeiros resultados desse monitoramento indicaram que no fim de 1997, os níveis de biomassa do berbigão no baixio atingiram patamares muito baixos possivelmente por dois fatores (Pezzuto & Echternacht, 1999 e Pezzuto & Marchetti, 2000): (a) redução no tamanho do estoque em decorrência da diminuição da área do baixio, aumentando o esforço exercido sobre a espécie e; (b) o fato do recurso não se distribuir de uma forma homogênea no Baixio das Tipitingas (estando as maiores biomassas no bordo externo do mesmo), o que tornou a taxa real de redução do estoque muito maior do que a originalmente considerada.

Além disso, a dragagem do bordo externo do Baixio das Tipitingas afetou também a pescaria de muitos outros recursos na região, dentre eles os camarões branco e rosa que têm no manguezal do Rio Tavares e Baixio das Tipitingas os estágios iniciais do seu ciclo de vida (von Behr, 1995). Isso fez com que muitos pescadores que antes não pescavam berbigão, passassem a fazê-lo por falta de opção.

Desse modo se gerou um forte impacto sobre o recurso, forçando a suspensão da pescaria pelo IBAMA por tempo indeterminado até que as densidades do organismo permitissem uma explotação sustentável, e até que o Plano de Manejo da RESEX do Pirajubaé fosse estabelecido, conforme determina a Lei nº 9985 de 16 de julho de 2000, que institui o Sistema Nacional de Unidades de Conservação (SNUC).

Desde então a reserva permaneceu oficialmente fechada para a pescaria, embora na prática isto não tenha ocorrido. Segundo estimativas de Carmo et al. (2002), apenas em maio de 2001 teriam sido retiradas do baixio 90,72 toneladas de berbigão por 28 extrativistas. Comparando-se tais estimativas com os dados existentes sobre a explotação do berbigão antes da construção do aterro (citados anteriormente) verifica-se que a produção mensal de maio de 2001 foi maior do que toda a produção anual registrada nos anos de 1989, 1994 e 1995.

Com isto, a história da explotação do berbigão, na área atualmente conhecida como RESEX do Pirajubaé reúne em um único exemplo todas as fases das pescarias de invertebrados bentônicos descritas por Castilla & Defeo (2001): muito antes da própria criação da reserva, o recurso era explotado por moradores locais de forma incipiente, para atender o mercado interno ou consumo próprio, garantindo a subsistência e fonte de renda das comunidades locais (fase de explotação inicial). Depois, para atender um mercado crescente aumentou-se o esforço sobre a espécie (fase de expansão), com riscos de

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sobrepesca. Sem necessariamente haver um período de fechamento da pescaria, entre a

segunda metade da década de 1980 e início da década de 1990, houve a fase de

estabilização da extração e institucionalização da pescaria, com a própria criação da

RESEX, seguida por anos de consolidação da pescaria, caracterizada pela extração controlada e sustentável obtida na primeira metade da década de 1990. O advento das obras da Via Expressa Sul, iniciadas em 1996, fez regredir a pescaria para as fases de

sobrepesca e fechamento da pescaria, sendo que, atualmente, uma nova tentativa de institucionalização encontra-se em curso.

Com o intuito de dar um novo rumo ao ordenamento da captura do recurso na região adaptando-o a nova situação da reserva, em uma reunião no IBAMA (16 e 17 de setembro de 2002) foram definidas as Diretivas para a Minuta de Portaria Emergencial de Ordenamento da Captura do Berbigão Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, que determinaram novas regras de explotação do recurso na região.

Dentre essas regras, foi adotada uma rotação na explotação entre o Baixio das Tipitingas (Baixio Principal) e um baixio adjacente denominada Praia da Base a cada seis meses do ano, protegendo a desova no outono e o recrutamento de juvenis no inverno (Araújo, 2001; Pezzuto & Echternacht, 1999; Pezzuto et al. 2002), ao diluir o esforço em dois bancos diferentes. Por outro lado, contraditoriamente, o número de dias de pesca, o número de licenças e as quotas individuais de captura diária aumentaram em relação aos valores adotados na primeira metade da década de 1990, quando a pescaria se encontrava controlada e estável.

Levando-se em consideração que a abundância do recurso encontrava-se significativamente reduzida e o número de extrativistas elevado, parece óbvio que as normas da pescaria deveriam ser naquele momento mais restritivas do que aquelas aplicadas antes da dragagem do baixio. Entretanto, a partir de pressões dos extrativistas, e sob o argumento de que, por dia de pesca, somente um número relativamente pequeno de indivíduos atuariam na área, foram liberadas 30 licenças de pesca, correspondendo a um aumento de 66 a 150% no número de extrativistas com relação ao período de pesca controlada (Pezzuto et al., 2002).

Além disso, sob a alegação de que o preço do recurso estaria muito reduzido no mercado, e que a pescaria nos moldes da fase de pesca controlada (com 2 dias por semana de explotação e com quotas individuais de no máximo 5 a 8 latas de 18 kg de berbigão por dia) seria insuficiente para manter a subsistência das famílias dependentes da reserva, o

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número de dias de pesca e as quotas foram ampliados para 4 dias e 13 latas de 18 kg de berbigão, respectivamente.

Logo, dessa reunião foram estabelecidas as novas diretrizes para a pescaria do recurso na região: (a) a rotatividade entre os dois baixios; (b) o espaçamento da malha do gancho de 14 mm para o Baixio Principal e 13 mm para a Praia da Base (valores menores, portanto, dos que os adotados na fase controlada); (c) um limite máximo de 65 cm de largura de boca para os ganchos; (d) a permissão para 30 extrativistas explotarem o recurso 4 vezes por semana e; (e) o limite individual de retirada por dia de 13 latas de 18 kg. Ou seja, a regulamentação de um aumento no esforço para uma pescaria já colapsada.

Todas as estratégias supracitadas, adotadas nas Diretivas para a Minuta de Portaria Emergencial de Ordenamento da Captura do Berbigão Anomalocardia brasiliana na Reserva Extrativista Marinha do Pirajubaé, acabaram por se transformar na Instrução Normativa Nº 19, que entrou em vigor dia 9 de março de 2004 (Anexo 2). Nas palavras do corpo técnico da época (Pezzuto et al., 2002, p. 19):

“[...] embora a proposta dos extrativistas tenha sido a vencedora na reunião, inclusive com a falta de posicionamento do IBAMA, é parecer do corpo técnico que tal medida representa um risco perigoso e desnecessário à manutenção da parcela do estoque encontrada na Praia da Base, ao mesmo tempo em que se configura numa medida absolutamente incoerente com a situação atual do recurso no Baixio Principal da REMAPI”.

Através do “Monitoramento Ambiental na Região de Abrangência da Via Expressa SC-SUL, Florianópolis, SC” foram coletadas extensas séries de dados sobre a dinâmica populacional da espécie na reserva desde 1996. Além disso, foram feitos a partir do ano 2000, mapeamentos anuais da concentração de organismos adultos disponíveis a pesca na região (Souza, 2003; Nandi, 2005), o que constitui uma base considerável de dados relativos à distribuição espaço-temporal do recurso na RESEX do Pirajubaé, como também uma excelente fonte para o entendimento da biologia da espécie e a projeção dos seus níveis sustentáveis de captura na região.

Contudo, apesar de todo o embasamento técnico disponível até então, a falta de dados científicos sobre o processo de pesca do berbigão na região pesou definitivamente nas decisões tomadas sobre o manejo do recurso. Aliada à fragilidade institucional do IBAMA na tomada de decisão, as alegações dos extrativistas sobre o processo de pesca levaram a edição da Instrução Normativa em sua forma final.

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Desta forma, fica evidente a necessidade da realização de estudos voltados à dinâmica pesqueira do recurso na região, para que sejam preenchidas as lacunas do conhecimento existentes, possibilitando a elaboração de estratégias de manejo mais consistentes com a realidade do estoque e das características sócio-econômicas da atividade extrativista.

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2. Objetivos

2.1 Objetivo Geral

Estudar os padrões espaço-temporais de pesca dos extrativistas da RESEX do Pirajubaé gerando subsídios para a otimização das propostas de manejo do recurso a partir da conjugação de informações advindas da atividade de pesca e da análise espaço-temporal da distribuição e abundância do estoque.

2.2 Objetivos Específicos

• Descrever a atividade extrativista atualmente desempenhada, caracterizando os usuários do recurso, seus meios de produção e comercialização da captura;

• Analisar o modo de uso e seletividade do petrecho de pesca utilizado na explotação do recurso;

• Observar o padrão espaço-temporal de atividade dos pescadores identificando suas áreas de atuação;

• Determinar os fatores que influenciam no padrão de atividade dos extrativistas; • Estimar o esforço médio de pesca empregado;

• Estimar por dia de pesca, a captura média dos extrativistas e verificar através dos dados de distribuição da biomassa explotável do recurso se existe uma correlação entre o padrão de atividade dos extrativistas, os rendimentos diários obtidos em cada área e as respectivas biomassas estimadas nos locais.

• Estimar a captura anual de berbigão nos dois bancos e os respectivos percentuais de remoção da biomassa disponível à pesca;

Referências

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