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I-050 EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM MINAS GERAIS

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I-050 – EVOLUÇÃO DA GESTÃO AMBIENTAL DE RESÍDUOS SÓLIDOS URBANOS EM MINAS GERAIS

Denise Marília Bruschi(1)

Engenheira Civil Sanitarista pela Escola de Engenharia da Universidade Federal de Minas Ferais (UFMG).

Mestre em Sustentabilidade Sócio Econômica Social pela Universidade Federal de Ouro Preto (UFOP).

Gerente de Resíduos Sólidos Urbanos – Gerub/Feam.

Juliana Oliveira de Miranda Pacheco(2)

Arquiteta e Urbanista pela Escola de Arquitetura da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).

Especialista em Engenharia Sanitária pela UFMG. Analista Ambiental – Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos – Gerub/Feam.

Renata Drumond Corrêa (3)

Graduanda no curso de Engenharia Ambiental na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estagiária – Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos – Gerub/Feam.

Mariana Martins Barroso Neme(4)

Graduanda no curso de Engenharia Ambiental na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Estagiária – Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos – Gerub/Feam.

Mariana Gonçalves Silva(5)

Graduanda no curso de Engenharia Química no Centro Universitário de Belo Horizonte (UniBH). Estagiária – Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos – Gerub/Feam.

Endereço(1): Rodovia Papa João Pulo II, 4,143 – 1° Andar do Edifício Minas – Cidade Administrativa – Serra Verde - Belo Horizonte - MG - CEP: 30630-900 - Brasil - Tel: (31) 3915-1144 - e-mail:

denise.bruschi@meioambiente.mg.gov.br

RESUMO

A gestão ambiental adequada dos Resíduos Sólidos Urbanos – RSU em Minas Gerais é estratégica para o desenvolvimento econômico sustentável do Estado. Desde 1995, com a criação do critério Meio Ambiente – Saneamento e Unidades de Conservação - para distribuição do Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação – o ICMS Ecológico, considerando iniciativas exitosas dos municípios nesse sentido; com a publicação da Deliberação Normativa - DN nº 52 do Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM em dezembro de 2001 e a criação do Programa Minas Sem Lixões em 2003; e o desenvolvimento da ação Redução e Valorização de Resíduos a partir de 2012, o Governo vem desenvolvendo ações para direcionar a atuação dos municípios no que se refere à melhoria na gestão dos RSU. A publicação em 2009 e 2010, respectivamente, das Leis nº 18.031 e nº 12.305, que instituíram as Políticas Estadual e Federal de Resíduos Sólidos consolidaram e direcionaram as ações em desenvolvimento pelo Estado, realinhadas aos princípios, diretrizes, objetivos e instrumentos para a implementação e aprimoramento da gestão dos RSU em todas as suas etapas, desde a não geração, prevenção e redução da geração, reutilização, reciclagem, tratamento, até a destinação final ambientalmente adequada e valorização desses resíduos. Como resultado dessas iniciativas, registra-se que, em 2001 eram 30 municípios dos 853 do Estado que se encontravam em situação regularizada, representando 27,2% da população urbana. Já em março de 2018, foram contabilizados 400 municípios que dispunham de forma ambientalmente adequada e regularizada seus RSU, que abrigam 60,76% da população urbana de Minas Gerais. Atuando principalmente junto aos maiores geradores e às estruturas consorciadas, as ações governamentais de gerenciamento têm se pautado na premissa de minimizar a implantação de novos empreendimentos, procurando orientar as administrações públicas a potencializar e aprimorar tecnicamente, além de buscar compartilhar soluções já em operação e regularizadas junto ao Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SISEMA. Considerando sua característica de diagnose situacional, este artigo visa expor a trajetória adotada pelo Estado para induzir os 853 municípios na adoção de soluções ambientalmente adequadas para gestão dos seus RSU de forma, preferencialmente, sustentável, ao viabilizar exploração dos potenciais energéticos e equacionamento das questões sociais que envolvem a melhoria da qualidade ambiental em Minas Gerais.

PALAVRAS-CHAVE: Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos, Política de Resíduos Sólidos, Minas Gerais, Minas sem Lixões, Redução e Valorização de Resíduos.

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INTRODUÇÃO

Este artigo visa apresentar a evolução da gestão de resíduos sólidos urbanos (RSU) em Minas Gerais, ao registrar as iniciativas de governo implementadas para estimular e apoiar as administrações municipais e regionais na adoção de soluções técnicas, ambientalmente adequadas e devidamente licenciadas pelo Sistema Estadual de Meio Ambiente (SISEMA), com o objetivo de propiciar a melhoria da qualidade ambiental da população mineira.

Informa sobre a estrutura ambiental de governo que atua no setor, constituída pelo Conselho Estadual de Política Ambiental (COPAM), Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável (SEMAD) e a Fundação Estadual do Meio Ambiente (Feam), órgão responsável por desenvolver e implementar as políticas públicas relativas à mudança do clima, às energias renováveis, à qualidade do ar, à qualidade do solo e à gestão de efluentes líquidos e de resíduos sólidos, visando à preservação e à melhoria da qualidade ambiental no Estado. Atuam ainda de forma integrada a essa estrutura, a Secretaria de Estado das Cidades e de Integração Regional (SECIR), o Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), além das administrações municipais e estruturas compartilhadas de gestão.

A elaboração desse artigo fundamentou-se em pesquisa bibliográfica e documental relacionada aos assuntos pertinentes à área de RSU, em especial quanto ao modelo de gestão adotado no Estado. As informações apresentadas baseiam-se em estudos acadêmicos; nos Relatórios de Progresso e Panorama de RSU de Minas Gerais, publicados anualmente no sítio eletrônico da Feam; nos elementos fornecidos pela SECIR; na legislação vigente; e em dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística – IBGE.

Embora com amplitude sobre todos os 853 municípios do Estado, as informações registradas neste documento não tecem detalhes sobre o gerenciamento específico processado nessas unidades administrativas, uma vez que tem caráter situacional e de suporte à gestão dos resíduos sólidos urbanos sob a dinâmica de governo estadual e limita-se a sua interface com os governos locais e regionais, esses últimos representados pelos consórcios intermunicipais.

OBJETIVOS

Ao contextualizar a evolução da gestão de RSU e as inserções técnicas e normativas desenvolvidas durante os últimos quase 40 anos, este artigo busca apresentar posicionamentos, processos, resultados e divulgar linhas de condução adotadas e, eventualmente, propostas a respeito do tema.

Espera-se, portanto, que este artigo traga subsídios para suscitar novas discussões, encaminhamentos e acrescentar novas estratégias que possam colaborar para a gestão ambiental dos RSU em Minas Gerais.

MATERIAIS E MÉTODOS

Este artigo foi desenvolvido numa sequência lógica de informações ao apresentar as principais determinações das Políticas Públicas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos quanto a sua aplicabilidade aos RSU, discorrer sobre a situação da destinação dada pelos municípios mineiros aos RSU gerados em seus territórios, informar quanto à distribuição dos municípios mineiros nos 17 Territórios de Desenvolvimento e sua interface com a gestão dos RSU, e finaliza ao abordar os instrumentos formalizados em 2018, o novo Termo de Parceria formalizado entre Feam e Organização da Sociedade Civil de Interesse Público – OSCIP, Instituto de Gestão de Políticas Sociais – GESOIS, e o Termo de Cooperação Técnica firmado entre a Feam, o Ministério Público de Minas Gerais – MPMG, a SECIR, e a Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável - SEMAD.

DESENVOLVIMENTO E RESULTADOS

Vários instrumentos normativos e iniciativas desenvolvidas em Minas Gerais ao longo dos últimos 40 anos, alinhados às determinações federais, deram suporte à construção da Política Estadual de Resíduos Sólidos - PERS, publicada em janeiro de 2009 (MINAS GERAIS 18.031, 2009).

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Como marco inicial legal dessa trajetória, aponta-se o estabelecimento de diretrizes e procedimentos de gestão de empreendimentos potencialmente poluidores e degradadores do meio ambiente em Minas Gerais, por meio da publicação da Lei Estadual nº 7.722 em 1980 (MINAS GERAIS, 1980), que instituiu a Política Estadual de Meio Ambiente.

Já a Lei Estadual nº 12.040 (MINAS GERAIS, 1995), em 1995 distribuiu percentuais do Imposto sobre Operações Relativas à Circulação de Mercadorias e sobre Prestações de Serviços de Transporte Interestadual e Intermunicipal e de Comunicação - ICMS - o ICMS “Ecológico”, ao regular a parcela de arrecadação pertencente aos municípios mineiros, conforme previsto no inciso II, parágrafo único do artigo 158 da Constituição Federal, (BRASIL, 2016).

A partir daquele ano, portanto, os municípios passaram a ter possibilidade de ampliar sua remuneração advinda do ICMS, em função do desenvolvimento de atividades exitosas em áreas que repercutissem em melhorias na qualidade de vida da população, tais como saúde, educação, patrimônio cultural e meio ambiente. Por meio da apuração desse último critério, subdividido em unidades de conservação e saneamento, o Estado disponibiliza, quanto ao saneamento, recursos a municípios que operam empreendimentos de destinação final de RSU e de tratamento de esgotos, desde que devidamente regularizados junto ao Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM e que atendam aos requisitos para seu enquadramento.

O primeiro município mineiro a receber o percentual do ICMS “Ecológico” distribuído em função da disposição final dos RSU foi Betim que, em agosto de 1996 obteve licença ambiental para operar aterro sanitário, que atendia somente à população urbana residente naquele município (Bruschi, 2011). Esse importante marco legal estimulou várias das demais administrações locais a investir no incremento das condições sanitárias locais e, assim, tem contribuído para a melhoria da qualidade de vida da população.

Essa Lei 12.040 foi revogada pela Lei 18.030 em 2009 (MINAS GERAIS 18.030, 2009) que, além de criar outros seis critérios - turismo, esportes, municípios sede de estabelecimentos penitenciários, recursos hídricos, ICMS solidário e mínimo per capita, para a distribuição da cota parte aos municípios quanto à arrecadação do ICMS e do IPI-exportação, incluiu o subcritério mata seca.

O critério ambiental seguiu, portanto, valorizando ações que envolvessem o cadastro das unidades de conservação, acrescentou iniciativas ambientalmente adequadas desenvolvidas nas áreas de ocorrência de mata seca, e deu sequência à valorização de soluções regularizadas para operação de unidades de saneamento – tratamento de esgotos sanitários e de destinação final de RSU, reforçado como instrumento de incentivo aos municípios para investir em melhorias das condições sanitárias locais.

Com seus 853 municípios e cerca de 18 milhões de habitantes residindo nas áreas urbanas, (IBGE, 2016), o estado de Minas Gerais é responsável pela geração diária em torno de 10% de todo o RSU do país, (FEAM, Arquivos da Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos GERUB/DGER/FEAM, 2018).

Durante anos, no entanto, a evolução das iniciativas locais para gerenciamento adequado dos RSU foi tímida, sendo a alternativa mais adotada o seu lançamento sobre o solo sem qualquer critério técnico que visasse coibir a potencial contaminação das águas superficiais e subterrâneas, do solo e do ar. O mau cheiro, a presença de aves, ratos e demais vetores de doenças, animais e, o pior, de catadores que viviam nos lixões, tornaram-se a expressão dessa impropriedade.

Segundo Bruschi, 2011, os vazadouros de resíduos, ou lixões, refletem o grau de miséria dos municípios, visto que por vezes tais locais representam a última fonte de renda, alimentação e moradia para catadores de materiais recicláveis, constituindo-se esse de um grave impacto social decorrente da má gestão dos RSU.

Obviamente, a catação de resíduos em condições insalubres nos logradouros públicos e nas áreas de disposição final expõe os catadores a riscos para a saúde e à degradação da cidadania.

Em junho de 1998 foi publicada pesquisa do Fundo das Nações Unidas para a Infância(ABREU, 2007), que revelou a existência de mais de 45.000 crianças e adolescentes vivendo no Brasil do lixo, e no lixo.

Ainda segundo Abreu, 2007, sensibilizando-se com essa condição, naquele mesmo ano 19 entidades públicas e privadas com atuação direta ou indireta na questão de resíduos sólidos criaram o Fórum Nacional Lixo e

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Cidadania. As entidades constituintes do Fórum passaram a desenvolver ações de mobilização social, de organização, sistematização de informações em banco de dados e de apoio técnico, financeiro e político, com a finalidade de mudar a situação dramática do destino final do lixo no país. O Fórum tinha como objetivos a erradicação do trabalho infantil no lixo; a promoção da inclusão dos catadores de materiais como parceiros na coleta seletiva, e a erradicação dos lixões com o aprimoramento da gestão de resíduos.

Desde 1998 diversos programas do Governo Federal, paulatinamente, passaram a condicionar o repasse de recursos aos municípios à eliminação dos lixões; elaboração de Planos de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos, com especial atenção ao componente social; apoio à organização dos catadores e parceria com os mesmos na coleta seletiva e, quando necessário, Assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC) pelas prefeituras; adoção dos princípios e conceitos do Programa “Lixo e Cidadania” criado em 1998 pelo UNICEF, entre outros (DIAS, 2007).

Segundo a UNICEF, em 2000, estimava-se que no Brasil mais de 40.000 pessoas viviam diretamente da catação em lixões e mais 30.000 nas ruas constituindo-se essa modalidade de trabalho como única opção de renda. Estimativas de 2009 apontam para mais de 800.000 pessoas envolvidas nessa atividade (RIBEIRO et al., 2009).

Apesar do regramento estabelecido pela Lei Ambiental, do estímulo dado pelo ICMS “Ecológico”, da atuação dos governos e da situação social inerente, o panorama da disposição do RSUem dezembro de 2001 expunha precária disposição final dos RSU em Minas Gerais.

Distribuídos pelo Estado com o maior número de municípios da Federação, eram então 823 lixões. Somente 30 soluções, que atendiam à população urbana de seus próprios territórios, minimizavam o cenário de calamidade.

Apenas 27% da população urbana mineira se beneficiava desses serviços prestados pelas municipalidades.

Esse foi o pano de fundo para que o Conselho Estadual de Política Ambiental – COPAM, atendendo a proposição da Feam, determinasse a publicação da Deliberação Normativa DN COPAM nº 52/2001 (COPAM, 2001), que estabeleceu o primeiro norteamento específico, metas e indicadores para medição de resultados que têm agregado ganhos significativos à gestão desses resíduos. A publicação dessa normativa instituiu modelo de priorização de ações governamentais para induzir as administrações municipais e intermunicipais a adotarem melhores instrumentos de gestão dos RSU.

Esse instrumento determinou que a providência de medidas que pudessem levar à otimização da destinação de RSU em Minas Gerais, ao definir medidas mínimas a serem adotadas em todas as áreas onde ainda fossem utilizados os lixões como alternativa para disposição dos resíduos, mas também estabeleceu prazos limites para o encerramento dessa prática; convocou os municípios que apresentavam população urbana igual ou superior a 50.000 habitantes ao licenciamento ambiental de sistemas tecnicamente adequados para destinação de seus RSU, preferencialmente por meio de iniciativas compartilhadas intermunicipais, cujos empreendimentos não poderiam ser implantados em locais que pudessem afetar bacias de abastecimento público.

Embora a Feam tenha atuado no repasse das diretrizes da DN COPAM nº 52/2001(COPAM, 2001) às administrações municipais, o que se verificou foi a queda do percentual de população urbana atendida para aproximadamente 19% em dezembro de 2002 (BRUSCHI, 2011).

Diante desse cenário de retrocesso, a Feam criou a partir de agosto de 2003, no âmbito do então Projeto Estruturador Gestão Ambiental no Século XXI coordenado pela SEMAD, o Programa Minas sem Lixões(FEAM, Minas sem Lixões, 2003) que, além de incrementar as ações de licenciamento e fiscalização ambiental dos empreendimentos de destinação de RSU, adotou novos instrumentos para orientação aos municípios e deu transparência a essas ações para a sociedade mineira. Entre 2007 e 2011, o Programa integrou o Projeto Estruturador Resíduos Sólidos, gerenciado pela Feam.

No âmbito do Programa foram realizadas visitas técnicas anuais, entre 2004 e 2011, às áreas de destinação utilizadas pelos 853 municípios mineiros; disponibilizadas informações à sociedade mineira por meio de sistema informatizado, entre 2007 e 2012, tanto no que se referia às características da alternativa adotada, quanto às atividades desempenhadas pela FEAM e Superintendências Regionais de Meio Ambiente – SUPRAM no âmbito da gestão de RSU, no intuito de incentivar sua mobilização para apoio à solução do

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problema; editado e distribuído material orientativo durante a realização de eventos de capacitação e reuniões com a população e administrações locais e regionais; promovidos intercâmbios entre agentes públicos da FEAM e operadores dos sistemas de destinação dos RSU regularizados, por meio da realização de oficinas coordenadas pela equipe técnica do Programa; aprimorados critérios de monitoramento desses sistemas em operação; apoiada a implementação anual de programas de coleta seletiva municipais em consonância com o Plano Estadual de Coleta Seletiva – PECS, instituído pela Deliberação Normativa DN COPAM nº 172, (COPAM 172, 2011), em dezembro de 2011; publicados manuais orientativos sobre reutilização e reciclagem de materiais; criados métodos e critérios para classificação e qualificação das soluções regularizadas, pelo estabelecimento do Fator de Qualidade – FQ da operação, utilizado para o cálculo da cota parte de ICMS

“Ecológico” de cada município, dentre uma série de outras ações que incrementaram a gestão adequada dos RSU em Minas Gerais.

A partir do vencimento do prazo estabelecido pelo Art. 2º da DN 52/2001(COPAM, 2001) para implementação das medidas mínimas nos lixões, foram realizadas as primeiras fiscalizações, entre 2004 e 2005, que contemplaram todos os 853 municípios do Estado. Foram, então, lavrados cerca de 650 Autos de Infração(AI) devido às irregularidades constatadas (BRUSCHI, 2011).

Quando do julgamento desses Autos, o COPAM decidiu dar aos municípios a oportunidade, após vencidas todas as etapas recursais, de assinatura de Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), que possibilitavam a reversão do valor da multa aplicada na adoção dos requisitos mínimos, conforme definidos no referido artigo da DN 52/2001(COPAM, 2001). Desses autuados, 516 optaram pela assinatura do TAC (BRUSCHI, 2011).

Avaliação quanto à efetividade dos TAC realizada em 2010 demonstrou que apenas 13% deles havia sido cumprido integralmente,(FEAM, Diagnóstico de Consórcios Intermunicipais para a Gestão de Resíduos Sólidos Urbanos de Minas Gerais, 2014). Esse resultado fortaleceu a adoção de soluções consorciadas como alternativa para se alcançar maior sustentabilidade econômico-financeira na gestão dos RSU no Estado, já que essa modalidade de gestão apresenta comprovados ganhos de escala e de qualidade na operação, em detrimento da gestão municipal isolada. A FEAM e a Secretaria de Estado de Cidades e de Integração Regional (SECIR) passaram então a atuar mais fortemente no auxílio aos municípios para a formação dos consórcios públicos intermunicipais.

Como instrumento de referência para auxiliar nessa organização, em 2010 a FEAM elaborou o Plano de Regionalização para a Gestão Integrada de Resíduos Sólidos Urbanos (PRE-RSU), contando com apoio do Ministério do Meio Ambiente (MMA). Esse estudo sugeriu agrupamentos entre todos os municípios mineiros para a formação de consórcios, os Arranjos Territoriais Ótimos (ATO), estabelecidos a partir de critérios técnicos acordados entre governo estadual e federal.

O consorciamento é visto como uma forma eficiente de se garantir a viabilidade da gestão que compreende, além da disposição final adequada, sistemas complementares que envolvam coletiva seletiva, compostagem, reciclagem, comercialização de recicláveis, educação ambiental e planejamento constante (FEAM, Minas sem Lixões, 2003).

A complexidade das questões sociais, econômicas, políticas e ambientais relacionadas à gestão dos RSU indicou a necessidade de intensificar essas ações de orientação e suporte aos municípios, o que foi realizado entre 2008 e 2015 por meio de parceria técnica com a Fundação Israel Pinheiro(FIP), então cadastrada junto ao governo mineiro como Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP); da formalização de convênios com as Universidades Federais de Lavras (UFLA) e de Viçosa (UFV), entre 2010 e 2011. A partir de maio de 2018, a FEAM dispõe de novo Termo de Parceria, formalizado com a também OSCIP – Instituto de Gestão de Políticas Sociais (GESOIS), que objetiva retomar o apoio às ações da Fundação junto aos municípios, consórcios intermunicipais, e associações e cooperativas de catadores de materiais recicláveis mineiros, para otimização da gestão dos seus RSU.

As Políticas Estadual e Nacional de Resíduos Sólidos, publicadas em 2009 e 2010 (MINAS GERAIS 18.031, 2009) e (BRASIL , 2010) respectivamente, consolidaram e fomentaram a otimização dessa gestão, uma vez que definiram diretrizes, instrumentos e responsabilidades em todas as suas etapas, tendo como princípios a não geração, a prevenção e a redução da geração, a reutilização, a reciclagem, o tratamento, a destinação final ambientalmente adequada e a valorização dos resíduos sólidos, nessa sequência de prioridade.

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Segundo determina a Política Estadual de Resíduos Sólidos (MINAS GERAIS 18.030, 2009), o Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos (PGIRS) é documento integrante do processo de licenciamento, já que apresenta levantamento da situação do sistema de manejo dos resíduos sólidos em utilização, a pré-seleção das alternativas mais viáveis e o estabelecimento de ações integradas e diretrizes relativas aos aspectos ambientais, educacionais, econômicos, financeiros, administrativos, técnicos, sociais e legais para todas as fases de gestão dos resíduos sólidos, desde a sua geração até a destinação final.

Por meio da Deliberação Normativa DN COPAM nº 170/2011(COPAM 170, 2011), Minas Gerais estabeleceu prazos, de acordo com faixas populacionais, para o cadastro pelos municípios na FEAM dos PGIRS. Segundo levantamento realizado em maio de 2018 pela FEAM, 142 municípios do Estado cadastraram seus Planos em atendimento à normativa, somente 16,7% do total, sendo que 109 (12,8%) foram considerados efetivados, e 33 (3,9%) ainda merecem adequações.

Os PGIRS fazem parte dos requisitos exigidos pela União para habilitação dos municípios que se interessem em pleitear recursos nessa esfera de poder, para financiamento de empreendimentos e serviços relacionados à limpeza urbana e ao manejo de RSU.

Também publicada em 2011, a DN COPAM nº 172, (COPAM 172, 2011), instituiu o Plano Estadual de Coleta Seletiva – PECS em Minas Gerais, a partir de discussões coordenadas pelo Centro Mineiro de Referência em Resíduos (CMRR) e fundamental contribuição das associações e cooperativas de catadores, que operam no território mineiro. O PECS estabeleceu princípios, diretrizes, estratégias e critérios que orientaram a atuação do Estado no apoio à implantação ou ampliação da coleta seletiva nos municípios, alinhados às Políticas de resíduos sólidos e às diretrizes do PRE – RSU, tendo como premissa o incentivo à inclusão socioprodutiva dos catadores de materiais recicláveis.

Já o Plano Plurianual de Ação Governamental – PPAG 2012-2015 definiu escalonamento anual de metas e, para os RSU estabeleceu o percentual de população urbana e o número de municípios atendidos por sistemas de destinação de RSU regularizados junto ao Sistema Estadual de Meio Ambiente e Recursos Hídricos – SISEMA, como indicadores.

O Plano Mineiro de Desenvolvimento Integrado (PMDI) 2007-2023 destacou a importância do aprimoramento da gestão da cadeia de resíduos sólidos urbanos e industriais em Minas, ressaltando a necessidade de se criar instrumentos, inclusive metodológicos e financeiros, para incentivar as administrações públicas municipais e regionais a adequarem a gestão desses resíduos (FEAM, Relatório de Progresso 2018).

A ação Redução e Valorização de Resíduos, criada partir de 2012 no âmbito do Programa Estruturador de Qualidade Ambiental do Estado (PPAG) 2012-2015, propôs escalonamento de metas até 2015, que tinham como indicadores o percentual de população urbana e o número de municípios atendidos por sistemas regularizados de destinação de RSU. A meta finalística definida para 2015 foi de 75% de população urbana atendida, em consonância com o então vigente PMDI 2011 – 2030, e de 289 municípios regularizados. Essas duas metas foram igualmente não alcançadas no ano devido.

No entanto, a partir de 2016, o PPAG 2016-2019 passou a ter como indicador somente o número de municípios com disposição dos RSU ambientalmente regularizada, tendo sido prevista para 2017 a meta de 315 municípios atendidos. Alcançada ainda no 4º trimestre de 2016, essa meta foi incrementada em 64 municípios ao longo de 2017, tendo sido contabilizados 379 municípios como resultado no período. Embora superada e correspondente a 60,08% da população urbana atendida ao final daquele ano, esse resultado ainda está aquém da meta finalística definida para 2015, de 75%, (FEAM, Arquivos da Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos GERUB/DGER/FEAM, 2018).

Para 2018 a meta de 390 municípios devidamente regularizados, se utilizando de solução ambientalmente adequada para destinação dos RSU, já foi superada em 10 municípios no primeiro trimestre do ano. No entanto, pelo seu caráter dinâmico, será acompanhada durante todo o ano.

Novo instrumento normativo publicado em fevereiro de 2017, a Deliberação Normativa COPAM nº 213, (COPAM 213, 2017), estabeleceu as tipologias de empreendimentos e atividades cujo licenciamento ambiental poderia ser atribuído aos municípios. Essa normativa já contribuiu para avanço nos resultados de melhoria dos

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indicadores mineiros de gestão de RSU. No final de 2017 foi concluído o primeiro licenciamento ambiental de aterro sanitário processado pela administração local do município de Brumadinho.

Também a alteração do processo de regularização ambiental em Minas Gerais, formalizada em dezembro de 2017 pela publicação da Deliberação Normativa DN COPAM nº 217, (COPAM 217, 2017), estabeleceu novos critérios para classificação, ainda segundo o porte e potencial poluidor, mas introduziu critérios locacionais para enquadramento das atividades desenvolvidas pelos empreendimentos e atividades utilizadoras de recursos ambientais no Estado, dentre as modalidades de licenciamento ambiental previstas na DN.

Quanto às atividades de destinação de RSU, a DN COPAM 217/2017, (COPAM 217, 2017), altera códigos e descrições, mudanças necessárias para evidenciar as diretrizes das Políticas Estadual e Nacional de Resíduos Sólidos, no que tange à reciclagem e reaproveitamento, além do tratamento dos resíduos em detrimento ao seu aterramento.

Essa é mais uma estratégia adotada no intuito de fomentar a reutilização, reciclagem e tratamento de todo resíduo que possuir esse potencial e, somente encaminhar para aterramento o material remanescente, considerado inservível - os rejeitos.

Em abril de 2018 foi registrada a conclusão do primeiro processo de licenciamento realizado em conformidade com os novos critérios estabelecidos na DN COPAM 217/2017, (COPAM 217, 2017), com a liberação da Licença Ambiental Simplificada (LAS) para o aterro sanitário de Três Corações.

Anualmente, os resultados da gestão de RSU em Minas Gerais são publicados pela Feam em Relatórios de Progresso e Panorama dos RSU, elaborados com base em dados do ano anterior.

Para enquadramento dos 853 municípios como ‘Regularizados’, ‘Não Regularizados’ ou ‘Irregulares’ adota-se estratificação segundo as formas de destinação dos RSU praticadas atualmente no território mineiro, utilizando-se: Aterro Sanitário - AS, que inclui o Aterro Sanitário de Pequeno Porte (ASPP), conforme definido na NBR 15849:2010; Usina de Triagem e Compostagem (UTC); e Aterros Controlados e Lixões que, a partir do vencimento do prazo em agosto de 2014 para eliminação dos lixões, conforme estabelecido pela Política Nacional de Resíduos Sólidos, configuram igualmente como soluções inadequadas para disposição final de RSU.

Desta forma, são considerados municípios ‘Regularizados’ os que destinam seus RSU a Aterros Sanitários, Aterros Sanitários de Pequeno Porte e Usinas de Triagem e Compostagem, considerados sistemas de destinação final ambientalmente adequados, que possuam licenciamento ambiental vigente.

Como ‘Não regularizados’ são classificados os municípios que destinam seus RSU a Aterros Sanitários, Aterros Sanitários de Pequeno Porte e Usinas de Triagem e Compostagem, mas que não concluíram os processos de licenciamento ambiental – Licença de Operação Corretiva (LOC), revalidação de Licença de Operação (REVLO), ou novo processo de Autorização Ambiental de Funcionamento (AAF) de suas unidades, e operem sustentados por Termos de Ajustamento de Conduta (TAC), formalizados junto à SUPRAM da região na qual o empreendimento esteja localizado.

Já os municípios considerados ‘Irregulares’ são aqueles que destinam seus RSU a aterros controlados e lixões, unidades não passíveis de licenciamento ambiental.

Outra peculiaridade da destinação de RSU em Minas Gerais diz respeito à localização dos empreendimentos onde ela é desenvolvida, que pode ocorrer no próprio município, em outro município mineiro, ou ainda em unidade licenciada localizada em outro Estado da Federação.

Com base nesses critérios de classificação, em março de 2018, 400 municípios mineiros, onde residem 60,76%

de toda a população urbana de Minas Gerais, considerando dados da contagem IBGE 2016(IBGE, 2016), foram classificados como municípios ‘Regularizados’. Como ‘Não Regularizados’ figuram outros 45 municípios, e permanecem ainda ‘Irregulares’ 408 municípios.

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Esse percentual tem potencial de incremento, uma vez que se encontram em processo de Licença de Operação Corretiva – LOC, em análise na FEAM e SUPRAM, 8 aterros sanitários, com operação assegurada pela formalização de TACs que, uma vez concluídos positivamente, contribuirão com cerca de mais 7% da população urbana mineira. Outros processos de licenciamento de UTCs em análise poderão acrescentar outros quase 2 pontos percentuais ao índice de população urbana atendida,(FEAM, Relatório de Progresso 2018).

Cabe ainda comparar o número de municípios que dispunham seus RSU em lixões no final de 2001, 823 (96%) onde habitava 72,8% de toda a população urbana do Estado, e os 408 (48%) municípios que, em 2018, persistem nessa situação, onde residem 29,5% de habitantes em suas áreas urbanas,(FEAM, Relatório de Progresso 2018).Essa avaliação permite perceber que ocorreu redução de metade do número de municípios inadimplentes entre 2001 e 2018, que significou redução de cerca de duas e meia vezes no percentual de população urbana do Estado que ainda está exposta a forma inadequada de disposição final dos resíduos por ela gerados.

Também é interessante notar que, quando da convocação dos municípios com população igual ou superior a 50.000 habitantes em 2001, por meio da publicação da DN COPAM nº 52,(COPAM, 2001), dos 53 municípios desse porte, somente seis encaminhavam seus RSU para aterros sanitários com operação licenciada em seus próprios territórios. Eram eles Betim, Ipatinga, Paracatu, Belo Horizonte, Contagem e Uberlândia.

Foram, portanto, convocados a licenciar solução tecnicamente adequada de destinação de RSU os 47 restantes, (FEAM, Relatório de Progresso 2018).

Segundo contagem IBGE 2016, (IBGE, 2016), eram 64 os municípios desse porte naquele ano. Desses, 49 encontram-se dispondo seus RSU em empreendimentos regularizados ou em regularização, e são responsáveis por ofertar solução tecnicamente adequada a 53,16% de toda a população urbana do Estado.

São, portanto, 14 os municípios mais populosos de Minas que ainda não adotaram solução adequada para destinação de seus RSU, desses 10 utilizam ainda os lixões - Divinópolis, Esmeraldas, Manhuaçu, Nova Serrana, Ouro Preto, Patrocínio, Ponte Nova, São João Del Rei, Teófilo Otoni e Unaí; e 4 constam como operando aterros controlados, Passos, Poços de Caldas, Ribeirão das Neves e Santa Luzia. Esses municípios abrigam cerca de 9,45% da população urbana do Estado, (FEAM, Relatório de Progresso 2018).

Divinópolis e Ribeirão das Neves possuem processos de licenciamento em análise no SISEMA. Caso a licença para operação do aterro sanitário de Ribeirão das Neves seja concedida, somente esse município contribuirá para acréscimo de 1,75% no indicador de população urbana atendida, (FEAM, Arquivos da Gerência de Resíduos Sólidos Urbanos GERUB/DGER/FEAM, 2018).

O município de Divinópolis terá, futuramente, a alternativa de utilizar o aterro sanitário a ser implantado pela empresa Viasolo Engenharia Ambiental S.A., que está com processo de licenciamento prévio e de instalação em análise no SISEMA. Além disso, Divinópolis é sede do Consórcio Intermunicipal Multifinalitário Centro- Oeste Mineiro – CIMCOM, que está em fase de elaboração de projetos e estudos ambientais para implantação de aterro sanitário. Ou seja, o município possui duas opções em andamento para a regularização ambiental e, após regularizado, poderá contribuir com incremento de 1,24% no percentual de população urbana do Estado atendida por destinação regularizada dos RSU (FEAM, Relatório de Progresso 2018).

Ribeirão das Neves, no entanto, também integra juntamente com outros 42 municípios a Parceria Público- Privada dos Resíduos Sólidos Urbanos da Região Metropolitana de Belo Horizonte(PPP-RMBH), que tem como objetivo o cumprimento da Política Nacional de Resíduos Sólidos por meio da exploração, mediante concessão administrativa, dos serviços de transbordo, tratamento e disposição final de Resíduos Sólidos Urbanos nos municípios convenentes da Região Metropolitana de Belo Horizonte e Colar Metropolitano.

Numa administração inovadora, o contrato firmado entre SECIR e a Empresa Metropolitana de Tratamento de Resíduos S/A (EMTR), em 3 de Julho de 2014, com execução ainda não iniciada, prevê a prestação dos serviços por 30 anos, permanecendo sob responsabilidade dos municípios a coleta domiciliar dos resíduos e a realização de todas as etapas que antecedem o transbordo, tais como implantação da coleta seletiva, com a inclusão socioprodutiva de organizações de catadores de materiais recicláveis, garantindo assim, além do equacionamento da questão ambiental, o viés social para o projeto.

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O projeto, encontra-se sob análise pelo atual governo do Estado, e tem potencial para beneficiar cerca de 3 milhões de pessoas residentes nas áreas urbanas de Baldim, Barão de Cocais, Belo Vale, Betim, Bonfim, Caeté, Capim Branco, Confins, Contagem, Esmeraldas, Florestal, Fortuna de Minas, Funilândia, Ibirité, Igarapé, Inhaúma, Itaguara, Itatiaiuçu, Itaúna, Jaboticatubas, Juatuba, Lagoa Santa, Mário Campos, Mateus Leme, Matozinhos, Moeda, Nova Lima, Nova União, Pará de Minas, Pedro Leopoldo, Prudente de Morais, Raposos, Ribeirão das Neves, Rio Acima, Rio Manso, Santa Bárbara, Santa Luzia, São Joaquim de Bicas, São José da Lapa, São José da Varginha, Sarzedo, Sete Lagoas, Taquaraçu de Minas e Vespasiano, (PPPRS, 2018).

Dentre os municípios que apresentam população urbana acima de 50.000 habitantes, encontra-se São Sebastião do Paraíso com seu aterro sanitário embargado devido à má operação do empreendimento. Sob orientação do Ministério Público de Minas Gerais - PMMG, o município constituiu o Consórcio Intermunicipal para o Desenvolvimento Sustentável da Região de São Sebastião do Paraíso juntamente a outros 6 municípios, que totalizam 104.970 habitantes em suas áreas urbanas.

Além de São Sebastião do Paraíso, com seus 59.953 habitantes em sua área urbana, integram o consórcio Itamogi (7.759 hab. urbanos), Pratápolis (7.793 hab. urbanos), Jacuí (4.570 hab. urbanos) e Fortaleza de Minas (2.950 hab. urbanos) que operam 4 UTCs Regularizadas; São Tomás de Aquino (5.522 hab. urbanos) que opera UTC Não Regularizada, e Monte Santo de Minas (16.423 hab. urbanos) que destina seus RSU a Aterro Controlado. Uma vez recuperando a Licença de Operação para o aterro sanitário, São Sebastião do Paraíso contribuirá com o percentual de 3,26% de população urbana para a contabilização no indicador do Estado e trará consigo outros 1,19% referentes à população urbana de São Tomás de Aquino e Monte Santo de Minas.

Dessa forma, considerando que a maioria dos processos de licenciamento de aterros sanitários encontra-se inserida na Força Tarefa instituída pela SEMAD em 2017 para priorização de análise, a sua finalização trará grande contribuição para a melhoria das condições sanitárias da população mineira e incremento aos indicadores de acompanhamento da gestão de RSU em Minas Gerais.

Também como ferramenta de análise para subsidiar o planejamento das ações na área de RSU para atendimento à política pública de RSU, cabe apresentar o resultado da análise da distribuição dos municípios mineiros estratificada por Território de Desenvolvimento.

Como um dos principais pontos referenciais dessa análise, concentra-se no Território de Desenvolvimento Metropolitano mais de um terço da população urbana (33,21%) do Estado, segundo IBGE 2016,(IBGE, 2016);

quanto ao percentual de população urbana atendida por destinação adequada dos RSU em relação à população urbana de cada Território, apresentam os melhores resultados os Territórios Mata e Metropolitano, e os piores os Territórios Médio e Baixo Jequitinhonha e Mucuri.

Ainda, quando se analisa o número de municípios quanto à regularização da tipologia de destinação dos RSU, também estratificado por Território de Desenvolvimento, percebe-se que o melhor resultado, que envolve o maior número de municípios com destinação regularizada, também foi o Território Mata. Por sua vez, o Território Norte apresentou o pior resultado, (FEAM, Relatório de Progresso 2018). Esses resultados ratificaram os anos de 2016 e 2015.

Portanto, por se tratar de importante estrutura de apoio à melhoria da gestão ambiental de RSU, a FEAM e a SECIR realizam constante pesquisa quanto à existência e a estrutura dos consórcios intermunicipais existentes no Estado. Para a FEAM são de especial interesse aquelas estruturas compartilhadas que atuam ou poderiam atuar na gestão dos RSU.

Como resultado de pesquisa realizada em meados de 2017, foram identificados 56 (cinquenta e seis) consórcios que poderiam atuar na melhoria da gestão de RSU no Estado e a Parceria Público-Privada na Região Metropolitana de Belo Horizonte, que teriam potencial para ampliar a área de abrangência e o percentual da população com acesso a soluções tecnicamente adequadas.

Diante desse quadro, foi instituído grupo de trabalho do qual participaram FEAM, SEMAD, SECIR, Advocacia-Geral do Estado e Ministério Público de Minas Gerais com o objetivo de delinear cooperação entre os partícipes, visando ao fomento da destinação adequada de resíduos sólidos urbanos, preferencialmente por

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meio de soluções compartilhadas entre os municípios mineiros, por entender-se que municípios que se predispõem a atuar dessa forma têm maior possibilidade de adotar soluções técnicas adequadas, regularizadas, estruturadas, sustentáveis, duradouras, que apresentem custos-benefícios melhores, em menor prazo e com custos unitários menores, tanto em relação à implantação quanto em relação à operação dos empreendimentos.

Estabelecidas as premissas para atuação junto aos consórcios, foram analisadas as informações coletadas referentes à situação de cada um dos 56 consórcios a serem trabalhados no âmbito da cooperação técnica e proposta metodologia agrupando os consórcios em três Focos de Atuação, considerando o estágio de evolução da estrutura e a sua situação quanto aos RSU. Foram então definidos procedimentos específicos para atuação junto a cada um desses ‘Focos’.

Complementarmente a essa definição inicial, os demais municípios que não realizam destinação de RSU para empreendimentos regularizados e não participam de consórcio foram subdivididos em mais quatro focos, em função da estratificação da população urbana que apresentam.

Por se tratar de processo dinâmico, durante todo a atuação certamente se identificará migração dos consórcios entre os focos estabelecidos e de municípios entre os consórcios, o que irá requerer ajustes constantes, mas considera-se que tal fluidez não comprometerá os trabalhos, uma vez que tende a uma acomodação no médio e longo prazo.

Diante desse quadro, foi proposta atuação conjunta por meio de ações de cooperação entre os partícipes, com o intuito de fomentar a melhoria na gestão dos RSU nos municípios, preferencialmente, por meio do fortalecimento dos consorciamentos intermunicipais.

Essa atuação abrange o estímulo à gestão consorciada e regularização ambiental de sistemas de destinação adequada de RSU, a recuperação e monitoramento dos passivos associados ao encerramento dos lixões e aterros controlados, além de orientação para a implantação de coletas seletivas locais e regionais, disponibilização local de incentivos ficais e tributários para atração de indústrias de reciclagem e de processamento de resíduos orgânicos, adoção de novas alternativas tecnológicas de tratamento para os componentes dos RSU, além do estabelecimento de metas de segregação e tratamento, em especial, da parcela orgânica e dos materiais recicláveis.

CONCLUSÕES

A gestão dos resíduos sólidos urbanos é estratégica para apoiar o desenvolvimento econômico sustentável de Minas Gerais. Nesse sentido, a FEAM busca fomentar a melhoria da gestão dos RSU pelas administrações locais e regionais, em consonância com as diretrizes, instrumentos e responsabilidades constantes das Políticas Nacional e Estadual de Resíduos Sólidos, publicadas em 2010 e 2009, respectivamente, priorizando a redução da geração, reaproveitamento, reciclagem, tratamento do resíduo orgânico até a correta disposição final aos rejeitos, nessa ordem de prioridade.

Assim, para melhoria da gestão de RSU em Minas Gerais, torna-se evidente a necessidade constante de rever e adequar instrumentos normativos afetos ao seu gerenciamento, além de intensificar e otimizar estratégias governamentais de atuação, que impulsionem a efetivação das políticas públicas e parcerias. Essa atuação deve se concentrar nas consideradas regiões críticas compostas em especial pelos Territórios de Desenvolvimento Mucuri e Médio e Baixo Jequitinhonha, que apresentaram os piores resultados em 2017 e nos 15 municípios mais populosos que ainda não equacionaram o problema.

Mesmo os resultados registrados representem avanço significativo, para que a política pública de RSU continue avançando há que se aprimorar métodos de planejamento, definir métodos adicionais de atuação técnica, discutir tecnologias e refinar critérios de apuração de desempenho, de forma que os resultados registrados reflitam efetiva melhoria da gestão de RSU no Estado.

Destaca-se que a gestão compartilhada dos RSU vem se mostrando uma opção viável, que oportuniza municípios de menor porte ou que apresentem fragilidades econômicas e sociais, potencializando a qualidade da prestação desses serviços. No entanto, os resultados do diagnóstico realizado demonstraram que a maioria dos consórcios intermunicipais para gestão dos RSU já formalizados ainda não estão efetivamente em

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operação, ou as soluções adequadas adotadas não abrangem todos os municípios do consórcio, o que indica como ainda necessário o apoio do Estado desde sua estruturação.

O Número de municípios que dispõem de sistemas regularizados para destinação de RSU deve ser indicador que continuará a ser utilizado, devendo ser estudada a agregação de indicadores complementares suficientes para esclarecer a situação do Estado para a população mineira quanto à destinação dos RSU, além de permitir análise comparativa quanto à situação de Minas Gerais no panorama nacional.

Diante disso, importante se faz a continuidade da apuração e pesquisa sobre o tema, a fim de estabelecer índices e indicadores que melhor representem o atendimento à população mineira por serviços adequados de manejo e destinação de resíduos sólidos urbanos, abrangendo todas as suas etapas de gestão, que possam fazer com que essa política seja compreendida e valorizada como instrumento de melhoria da qualidade sanitária e ambiental.

Considerando o percentual significativo de resíduos de origem orgânica que compõem os RSU, da ordem de 50%, conforme reza a bibliografia pertinente, é primordial que se atue junto agentes gestores desses RSU para que encontrem alternativas técnicas adequadas para a valorização dessa parcela que tem potencial energético a partir do gás gerado no processo de produção de composto que, por sua vez tem potencial para retornar à cadeia produtiva.

Da mesma forma, ações para incremento do retorno dos materiais recicláveis à cadeia produtiva reduz a pressão sobre os recursos naturais e gera economia energética.

Conclui-se, portanto que a atuação colegiada entre entes governamentais das várias esferas seguramente potencializa resultados e soluções adequadas para a destinação de RSUe tem potencial para auxiliar na definição de arranjos especiais que propiciarão a valorização das parcelas componentes desses resíduos. Essa atuação conjunta tem trazido ganhos e poderá acelerar negociações entre entes públicos e privados para desenho de soluções regionais sustentáveis.

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