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RESUMO. Palavras chaves: cesárea, gestante, mulheres, parto normal.

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Academic year: 2022

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Introdução: Existem dois tipos de partos, o que é realizado de forma normal/fisiológica e aquele em que o médico realiza uma intervenção conhecida como cesárea. O número dos partos realizados por intervenção vem crescendo cada vez mais, elevando o Brasil a um dos países que mais realiza partos cesarianos, o que hoje equivale a 57% dos nascimentos. Objetivo:

analisar os fatores envolvidos na decisão das mulheres ao optarem pelo parto cesárea. Método: Estudo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa.

O método de amostragem utilizado foi o Bola de Neve (Snowball) em que a participante entrevistada foi convidada a indicar a próxima participante. A coleta de dados realizou-se pelo instrumento de entrevista semiestruturado, com três perguntas norteadoras e duas sociodemográficas. A Análise do material ocorreu em três fases sendo a 1ª Pré análise; 2ª Exploração do material; 3ª. Compreensão dos resultados obtidos. Resultados e Discussões: Os discursos manifestaram resultados que deram origem a quatro categorias: Preferência pela via de parto; Decisão e Respeito pela via de parto escolhida; Fatores envolvidos na decisão do tipo de parto e Mudança na via de parto. Conclusão: concluiu-se que o histórico de cesárea anterior, o desejo da realizar a laqueadura, desinformação, a família e sobretudo a indicação do médico, influenciaram diretamente na escolha da via do parto.

Palavras chaves: cesárea, gestante, mulheres, parto normal.

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1. INTRODUÇÃO

De acordo com o Ministério da Saúde, gestação é o estado de desenvolvimento de um embrião ou feto dentro do corpo feminino, que se dá após a fecundação do óvulo até as 40 semanas quando o feto nasce (BRASIL, 2012).

Existem dois tipos de parto: o vaginal, e o que o médico intervém cirurgicamente. O parto a termo, mais conhecido como parto normal ou de baixo risco, consiste no nascimento do feto no tempo normal de uma gestação entre 37 e 42 semanas e ocorre quando o feto é expulso pela vagina. Por outro lado, a cesárea é uma cirurgia abdominal em que o obstetra realiza uma incisão no abdômen e no útero, abrindo assim uma passagem para o feto. A cesárea só deveria ser indicada pelo médico em situações em que a vida do bebê e da mãe estivessem em risco (VICENTE; LIMA; LIMA, 2017).

Para reunir algumas informações epidemiológicas que são referentes aos nascidos vivos do território Brasileiro, o DATASUS (Departamento de Informática do Sistema Único de Saúde) desenvolveu um sistema de Informações sobre Nascidos Vivos (SINASC) (BRASIL, 2018). De acordo com esse sistema cerca de 57% dos brasileiros vem ao mundo por meio do parto cesárea (BRASIL, 2017).

O aumento desse índice se deve, ao crescimento das intervenções médicas desnecessárias (DELGADO, 2017).

O enfermeiro que integra a equipe de saúde, tem o dever de observar que a gestante é alguém que dispõe necessidades e desejos, o profissional deve oferecer informações ainda nas consultas de pré-natal de forma clara e completa; Dando assim a gestante a autonomia na tomada de decisões baseadas nas informações recebidas, diminuindo assim esse alto índice de cesárea (SODRÉ, MERIGHI, BONADIO, 2012).

Portanto, por que as mulheres mesmo sabendo dos benefícios do parto normal, ainda assim escolhem o parto cesárea?

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2. OBJETIVO

Analisar os fatores envolvidos na decisão das mulheres ao optarem pelo parto cesárea.

3. MÉTODO

Estudo do tipo descritivo, exploratório com abordagem qualitativa que analisa os fatores que levam a indicação ou escolha pelo parto cesárea pelas parturientes. Os sujeitos da pesquisa foram 14 mulheres que foram selecionadas de acordo com os critérios de inclusão: Idade acima de 18 anos e ter passado pela experiência do parto cesárea em alguma rede privada nos últimos cinco anos. Foram excluídas as menores de 18 anos de idade e aquelas que durante a gestação tiveram diagnostico de alto risco.

O método de amostragem utilizado foi o Bola de Neve (Snowball), que consiste em uma pesquisa onde os indivíduos selecionados para serem estudados convidam novos participantes da sua rede de amigos e conhecidos para fazerem parte da pesquisa (BALDIN; MUNHOZ, 2011). A pesquisa foi interrompida no momento em que houve a saturação dos discursos.

A pesquisa foi realizada por meio de uma entrevista semiestruturada, com três perguntas norteadoras, de forma individual, cujas respostas foram gravadas e transcritas na integra. As participantes puderam relatar suas experiências antes, durante e após o parto, com o objetivo de identificar o que as fez optar pelo parto cesárea. A coleta de dados foi realizada empregando- se um instrumento semiestruturado para a condução de entrevistas que foram gravadas com aparelhos celulares e em seguida transcritos na integra para análise. Os dados foram coletados no período de abril e maio de 2019.

As entrevistas semiestruturadas foram conduzidas pelas seguintes questões norteadora: Por que o seu parto foi cesárea? A decisão do parto cesárea foi de quem? Você teria feito uma escolha diferente sobre o seu tipo de parto? As participantes receberam a letra P (participante) e um número de

sequência, por ordem de participação.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Foram entrevistadas XIV mulheres que tiveram parto cesárea em hospitais particulares nos últimos cinco anos.

A análise dos dados, deu origem à quatro categorias que foram norteadas em grande parte pelo próprio roteiro de entrevista, sendo os seguintes: Preferência pela via de parto; Decisão e Respeito pela via de parto escolhida; Fatores envolvidos na decisão do tipo de parto e Mudança na via de parto.

4.1 Preferência pela via de parto

Esta categoria tratou-se das preferencias das participantes sobre os tipos de partos (vaginal ou cesárea) desejado pelas mesmas. Nove participantes relataram preferência pelo parto normal e cinco participantes relataram preferência pelo parto cesárea. As que falaram de sua preferência por um parto normal, alegaram como motivo principal de sua preferência, o pós-parto com uma recuperação mais rápida e mais tranquila, com menos dores.

P5: “eu prefiro cem por cento normal, porque o normal a recuperação é mais rápida [...] já na cesárea não, na cesárea ainda mais com ligadura, dói demais você fica muito mais tempo de repouso e eu não gostei do parto cesárea”.

P14: “eu queria ter normal meu sonho era ter um parto normal, eu queria saber como é”.

O parto normal é ativo e mais saudável por ser o mais natural, tornando a parturiente protagonista no ato, o que não é percebido no parto cesáreo, pois, nele, a mulher assume a postura passiva, perdendo em parte o sentimento de protagonismo. (CAMPOS; ALMEIDA; SANTOS, 2014).

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As entrevistadas que optaram pelo parto cesárea, relataram como principal motivo de sua preferência: Decisão pessoal, maior conforto por não sentir dor; sensação de segurança para si e para o bebê, decisão do médico, tempo demorado, ausência de contrações com 42 semanas.

P3: “porque desde quando eu descobri que estava grávida eu coloquei na minha cabeça que queria cesárea [...] a decisão foi minha mesmo”.

P4: “[...] a cesárea ela me dá o conforto de eu não sentir dor, e pra mim é uma segurança maior pra mim e pro neném que fosse nascer, por ser mais rápido, e quem sentiria a dor seria eu, e não a criança, pelo menos ela nasceria mais tranquila”.

A demanda da paciente por uma cesariana é sustentada no medo, na conveniência e na desinformação. Muitas vezes, a gestante receia as consequências do parto por via vaginal, por considera-lo uma experiência arriscada. A mulher tem a ideia paradoxal de que o ato cirúrgico é um modo para evitar a dor (CARDOSO; ALBERTI; PETROIANU, 2010).

P6: “Então, o meu parto foi cesárea, tive duas cesarianas [...] já na segunda vez eu optei por já ter feito a primeira então eu preferi fazer outra cesariana”.

A falsa concepção de isenção de dor durante e após o procedimento operatório é questionável, visto que muitas mulheres não são orientadas quanto à duração do trabalho de parto e a outros fatores relacionados à fisiologia do parto normal, bem como sobre a dor pós-operatória, inerente a procedimentos cirúrgicos como a cesariana. Além da desinformação, as intervenções desnecessárias durante o trabalho de parto e as violências obstétricas transformam o que seria um acontecimento normal em um procedimento desumanizado, aumentando ainda mais as sensações dolorosas e os medos, o que contribui para a aceitação e solicitação da cesariana (COPELLI et al., 2015).

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4.2 Decisão e Respeito pela via de parto escolhida

Nesta categoria, foi possível analisar que na maioria das vezes a decisão foi tomada pelo profissional.

P7: “A decisão do parto cesárea foi da Doutora que me atendeu, não foi uma decisão minha”.

P14: “[...] A decisão dos partos foi do médico, principalmente no primeiro. Em nenhum dos partos a decisão foi minha, todas foram do médico”.

A tendência dos médicos obstetras tem sido preferir parto pelo método cesariana, tanto atendendo a pedido da gestante quanto por vantagens para eles próprios. Para os médicos, é muito mais fácil fazer cesariana, as cesarianas podem ser agendadas. Além disso, levam menos tempo do que o acompanhamento a um trabalho de parto e parto (MARTINS-COSTA;

RAMOS, 2005).

4.3 Fatores envolvidos na decisão do tipo de parto

Nessa categoria, são revelados diversos fatores que evidenciam a influência de eventos externos na escolha da via do parto das mulheres entrevistadas, sejam elas coletivas, individuais, por falta de conhecimento, por experiências anteriores, pelo médico, família e do próprio interesse, entre outras.

P2: Então, o primeiro passo para ter o parto cesárea, foi do amigo da família, que resolveu marcar minha cesárea para o outro dia, aí por isso eu fiz cesárea [...]

Frente à decisão pela via de parto a ser realizada é visível a acomodação das entrevistadas frente à opinião médica. A insegurança da mulher pode ser desencadeada pelo processo parturitivo junto à detenção do conhecimento do médico, favorecendo assim o resultado da alta valorização da opinião médica e obstétrica em detrimento da opinião da parturiente. Outra explicação para a aceitação da sugestão médica deve-se a falta de conhecimento de algumas mulheres frente aos processos reprodutivos, falta de entendimento sobre o seu próprio corpo e a sexualidade, o que pode

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resultar na inibição da capacidade de escolha (SANTOS, 2008).

4.4 Mudança na via de parto

Essa categoria investigou ao longo da pesquisa se as entrevistadas mudariam sua via de parto.

P7: “E sim, se eu pudesse eu teria feito algo diferente sobre o meu tipo de parto, porque na verdade eu queria um parto normal, porque na minha concepção seria melhor, eu não iria sentir tantas dores igual eu estou sentindo após o parto [...].”

Informações sobre a gestação e parto estão disponíveis nos mais diversos meios de comunicação, faz-se necessário realizar a promoção das informações, para modificar essa realidade sejam elas verbais, durante as consultas de pré-natal, esclarecendo suas dúvidas, ou através da apresentação do Manual Técnico do Pré-Natal e Puerpério, a fim de das gestantes no momento decisório (LEGUIZAMON JUNIOR, STEFFANI, BONAMIGO, 2013).

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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Este estudo possibilitou conhecer os fatores determinantes para a preferência da mulher pelo parto cesárea. Foi possível concluir que, inicialmente, a maioria das mulheres pensam em ter um parto normal. Essa preferência foi justificada pelo fato de ser um processo natural, com recuperação mais rápida, mais tranquila e com menos dores.

No decorrer da gravidez e por vezes durante o trabalho de parto, o desejo inicial nem sempre acontece, sendo os motivos, neste estudo: histórico de cesárea anterior, desejo de laqueadura durante a cesárea, influência dos familiares e amigos, idade avançada, desinformação, e principalmente a indicação do procedimento pelo médico para segurança do filho.

Frente aos achados do presente estudo, nota-se que o enfermeiro (a) e enfermeiro (a) obstetra/obstetriz, têm um papel fundamental, desempenhando uma função estratégica nos processos educativos na atenção ao ciclo gravídico. Além de promover uma assistência mais humanizada à parturiente, o enfermeiro pode proporcionar um pré-natal mais qualificado, através de orientações consistentes a gestante, ouvindo suas dúvidas para que a mesma possa ser protagonista no processo do nascimento, tendo informações e bases cientificas para a escolha da via de parto.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRAFICAS

BALDIN, Nelma; MUNHOZ, Elzira M. Bagatin. Snowball (bola de neve): uma técnica metodológica para pesquisa em educação ambiental comunitária. In:

CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO. 2011. p. 329-341.

BARDIN, Laurence. Análise de conteúdo. 279 p. São Paulo: Almeida Brasil, v. 83, p. 3322.3222, 2011.

BRASIL. Ministério da Saúde. Nações Unidas no Brasil ONU-BR. UNICEF alerta para elevado número de cesarianas no Brasil. Disponível em:<https://nacoesunidas.org/unicef-alerta-para-elevado-numero-de-

cesarianas-nobrasil/>. Brasília: 2017.

BRASIL. Ministério da Saúde. SINASC-Sistema de Informações de Nascidos Vivos. Disponível em: <http://datasus.saude.gov.br/sistemas-e- aplicativos/eventos- v/sinasc-sistema-de-informacoes-de-nascidos-vivos>.

Acesso em: 24 jun. 2018.

BRASIL. Ministério da Saúde. Caderno de Atenção Básica 32. Brasília: 2012.

CAMPOS, Aline Souza; DE ALMEIDA, Ana Carla Campos Hidalgo; DOS SANTOS, Reginaldo Passoni. Crenças, mitos e tabus de gestantes acerca do parto normal. Revista de Enfermagem da UFSM, v. 4, n. 2, p. 332-341, 2014.

CARDOSO, Priscila Oliveira; ALBERTI, Luiz Ronaldo; PETROIANU, Andy.

Morbidade neonatal e maternas relacionada ao tipo de parto. Ciência &

Saúde Coletiva, v. 15, p. 427-435, 2010.

COPELLI, Fernanda Hannah da Silva et al. Determinants of women's preference for cesarean section. Texto & Contexto-Enfermagem, v. 24, n. 2, p. 336-343, 2015.

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FONTANELLA, Bruno José Barcellos; RICAS, Janete; TURATO, Egberto Ribeiro. Amostragem por saturação em pesquisas qualitativas em saúde:

contribuições teóricas. Cadernos de saúde pública, v. 24, p. 17-27, 2008.

LEGUIZAMON JUNIOR, Teodoro; STEFFANI, Jovani Antônio; BONAMIGO, Elcio Luiz. Escolha da via de parto: expectativa de gestantes e obstetras.

Revista Bioética, v. 21, n. 3, 2013.

MARTINS-COSTA, Sérgio; RAMOS, José Geraldo Lopes. A questão das cesarianas. Rev Bras Ginecol Obstet, v. 27, n. 10, p. 571-4, 2005.

SODRÉ, T.M.; MERIGHI, M.A.B.; BONADIO, I.C. Escolha informada no parto:

um pensar para o cuidado centrado nas necessidades da mulher. Cienc Cuid Saúde, v.11, supl.11, 2012.

Referências

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