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Avaliação de Impacto Ambiental - AIA

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Academic year: 2022

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Universidade Federal do Pará

Secretaria Especial de Especial de Educação

I Curso de Especialização em Gestão Hídrica e Ambiental

Avaliação de Impacto Ambiental - AIA

Belém – Pará 2007

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APRESENTAÇÃO Prezado aluno (a),

A disciplina que estamos iniciando agora vai mostrar a todos vocês os fundamentos básicos da Avalaiação de Impactos Ambientais (AIA), complementando uma disciplina estudada anteriormente (ELABORAÇÃO DE EIA/RIMA).

A disciplina encontra-se dividida nas seguintes unidades didáticas:

Unidade 1 – Qual o problema?

Apresenta as principais definições de interesse para a compreensão do assunto.

Mostra os impactos ambientais relacionados à ocupação do meio físico. Relaciona esses impactos às respostas da sociedade. Mostra que existe diferentes escalas de interesses relacionadas aos impactos ambientais. Diferencia os impactos biológicos, físicos e socio-econômicos e Mostra a problemática da Prognose.

Unidade 2 – Quais os Procedimentos Administrativos?

Mostra os fatores a serem considerados quando se planeja os procedimentos administrativos. Apresenta tanto a sequência de planejamento/tomada de decisão ambiental para as diversas situações, como os atores envolvidos no processo.

Unidade 3 – O que deveria ser a avaliação de impacto ambiental (AIA) ?

Apresenta um conjunto de fundamentos das AIA, incluindo os conteúdos, os tipos de ações, as prognoses de alterações ambientais, as áreas de interesses humanos, os indicadores, as estimativas, as recomendaçõies, os níveis de detalhe e a aplicabilidade.

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Unidade 4 – A Avaliação dos Impactos Ambientais no Brasil

Apresenta a evolução dos estudos das AIAs no Brasil através dos tempos.

Você terá oportunidade de analisar diferentes conceitos e fundamentos da Avaliação dos Impactos Ambientais e de acrescentar um importante elemento de pesquisa dentro do conjunto de disciplinas que estudará neste curso. Esperamos que com os conhecimentos que serão adquiridos você possa sentir-se melhor preparado para atuar nos processos de gestão dos recursos hídricos.

Bons estudos!

Milton Antonio da Silva Matta Coordenador Acadêmico

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SUMÁRIO

1 Qual é o problema? 5

1.1 DEFINIÇÕES 5

1.2 OS IMPACTOS AMBIENTAIS DE AÇÕES HUMANA 5

1.2.1 Mudanças ambientais: naturais e artificiais 5 1.2.2 Impactos Ambientais e o estágio do desenvolvimento tecnológico 6 1.2.3 Alguns exemplos de países em desenvolvimento 7 1.2.4 Alguns exemplos de países industrializados 8

1.3 RESPOSTAS DA SOCIEDADE A ESTAS MUDANÇAS 8

1.4 AS ESCALAS DE INTERESSE NOS ESTUDOS DE IMPACTO

AMBIENTAL 9

1.5 IMPACTOS FÍSICOS, BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS 11

1.6 O PROBLEMA DA PROGNOSE 11

2 QUAIS SÃO OS PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS? 12 2.1 FATORES A SEREM CONSIDERADOS QUANDO PLANEJANDO OS

PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS 12

2.2 SEQUÊNCIA DE PLANEJAMENTO/TOMADA DE DECISÃO AMBIENTAL 14

2.3 OS ATORES 17

3 O QUE DEVERIA SER UMA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA) 19 3.1 CONTEÚDO DE UMA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL 19

3.2 TIPOS DE AÇÕES 20

3.3 PROGNOSE DE ALTERAÇÕES AMBIENTAIS 21

3.4 AREAS DE INTERESSES HUMANOS 23

3.5 INDICADORES DE IMPACTOS 25

3.6 ESTIMATIVA DO IMPACTO AMBIENTAL TOTAL 25

3.7 RECOMMENDAÇÕES DO AVALIADOR 26

3.8 O NÍVEL DE DETALHE DE UM AIA 26

3.9 A APLICABILIDADE GERAL DE AIAs 27

4 A AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL NO BRASIL 28

5 BIBLIOGRAFIA 31

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1 QUAL É O PROBLEMA?

1.1 DEFINIÇÕES

AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL - AIA: é definida como uma atividade com a finalidade de identificar e prognosticar o impacto sobre o ambiente físico e biológico e sobre a saúde e bem-estar humano causado por projetos de leis, por políticas, programas, projetos e procedimenos operacionais, e ainda tem a função de interpretar e comunicar informação sobre os impactos.

Há mudanças ou alterações ambientais naturais naturais e outras antropogênicas.

Algumas não causam danos ou benefícios, enquanto outras produzem efeitos maléficos ou benéficos ao homem, e essas mudanças são compreendidas como impactos.

1.2 OS IMPACTOS AMBIENTAIS DE AÇÕES HUMANAS

1.2.1 Mudanças ambientais: naturais e antropogênicas

Mesmo na ausência do homem o ambiente natural sofreu modificações. Depois, e sobretudo nos últimos 250 anos, as mudanças ambientais antropogênicas passaram a ter enorme significado.

Mudanças naturais:

Na escala de tempo de centenas de milhões de anos – deriva continental e formação de montanhas;

Os impactos podem ser sentidos como bons para uns e maus para outros. Há uma compreensão de que efeitos são percebidos só sobre o meio ambiente físico ou biológico e impactos são os resultados dos efeitos sobre o homem e seus interesses.

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Na de dezenas de milhares de anos – períodos glaciais e variações do nível do mar;

Na de centenas de anos – eutrofização e colmatação de lagos rasos.

Alterações antropogênicas:

Uso do fogo por grupo de caçadores, domesticação de animais, introdução da agricultura, com efeitos maiores em assentamentos humanos maiores, desenvolvimento industrial, uso de combustíveis fósseis, crescimento da população e aumento do consumo por cabeça;

Conflitos advém entre estratégias que maximizam os ganhos a curto prazo (ex. produção de alimentos em 5 anos) e aquelas que maximizam os benefícios a longo prazo (ex. produção sustentável por 50 anos).

1.2.2 Impactos Ambientais e o estágio do Desenvolvimento Tecnológico

A percepção de impactos ambientais pode ser bem diferente em diferentes países.

Onde a pobreza é extensa e difundida, um grande número de pessoas não tem adequada alimentação, abrigo, serviços de saúde, educação e seguridade social. A falta de desenvolvimento pode constituir uma maior degradação da qualidade de vida do que os impactos ambientais do desenvolvimento.

O imperativo do desenvolvimento para remediar esses efeitos pode ser tão grande que a consequente degradação ambiental pode ser tolerada. A opressiva e penetrante pobreza nas nações subdesenvolvidas tem sido vista como a ‘poluição da pobreza’. Enquanto a ampla erosão social e ambiental nas nações desenvolvidas pode ser entendida em seu estado avançado como a ‘poluição da fartura’.

Porquanto seja claro que decisões são ou podem ser tomadas com base em diferentes juízos concernentes ao custo-benefício líquido de avaliações de impactos

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ambientais, econômicos e sociais, agora é amplamente aceito que o desenvolvimento pode ser planejado para que seja feito o melhor uso dos recursos naturais e o mínimo de degradação. O processo do AIA forma parte do planejamento de um tal desenvolvimento ambientalmente correto.

Em regiões em desenvolvimento é um desafio o estímulo de processos a nível local.

Projetos bem adaptados recebem amplo apoio público e causam menos deslocamentos sociais do que poucos grandes projetos e centralizados. Onde possível o desenvolvimento dever ser focalizado em programas sustentáveis e baseados em grande parte em recursos renováveis.

Aumenta o reconhecimento de que fontes locais de energia podem ser melhor utilizadas, de que manteriais podem ser reciclados mais efetivamente e que algums problemas de poluição podem ser diminuídos, ou mesmo evitados através de formas de atividades prudentes, em escala local, tanto em nações industrializadas como em desenvolvimento. O termo ecodesenvolvimento é usado para esse tipo de abordagem. O sucesso do desenvovimento ambientalmente correto depende do adequado entendimento das necessidades sociais e oportunidades e das características ambientais. Por isso alguma forma de AIA é apropriada ao desenvolvimento local assim como para grandes projetos centgralizados.

1.2.3 Alguns exemplos de países em desenvolvimento

Danos: laterização, erosão, desertificação, doenças da água (tifo, disinteria,

hepatite).

Soluções: cultivos móveis (deslocados), dá tempo para recuperação da floresta mantendo a fertilidade do solo. Isso enquanto a população é pequena. Com o avanço da medicina e saneamento, a população aumentou e a produção de alimentos teve de ser maior. Os solos sofrem com a superexplotação, não têm chance de restauração. A manutenção de instituições e tradições depende do estilo de vida de uma comunidade, o que pode ser mudado e perdido com por programas de recolonização, o que pode a longo prazo inviabilizar projetos. O desenvolvimento

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pode levar a novos estilos de vida, o que gera pressão social, p.ex., induzindo a erosão do solo e a conseqüente perda de produção. A alta produção de grãos, p.

ex., leva a mudanças na distribuição de riqueza e de padrões de valores. Há migrações de populações para cidades, formação de favelas, etc...

1.2.4 Alguns exemplos de países industrializados

Planejamento e uso de solo e água. Expansão urbana, autoestradas, aeroportos, qualidade de lagos e estuários, preservação de áreas naturais. Demandas massivas por energia e água (alteração na temperatura e composição de águas efluentes, diminuição de oxigênio dissolvido, perda de biodiversidade, aumento de nutrientes, poluentes orgânicos na cadAIA alimentar, até humanos e doenças graves).

1.3 RESPOSTAS DA SOCIEDADE A ESSAS MUDANÇAS AMBIENTAIS

Ainda que o amplo interesse sobre o ambiente humano tenha culminado na conferência da ONU de 1972 em Estocolmo, e continuado com a Rio-92, a Rio +10 e tantas outras regionais e com assuntos específicos, há uma longa história de respostas práticas a vários tipos de agressões ambientais.

Algumas sociedades agrícolas antigas parece terem sofrido problemas de erosão e salinização, outras desenvolveram a altamente produtiva agricultura em terraços, cultivos em linhas de nível de contorno e muitas outras medidas foram usada desde tempos longínquos para conservar o solo e a água.

A queima de carvão foi reconhecida como a maior causa de poluição em Londres, já no século XIV, e seu uso, importação e transporte foram regulados de várias formas.

Em alguns casos houve pena capital para aqueles que produziam ‘odores pestilentos, contagiosos’. Do século XV ao início do século XX, várias comissões e comitês declararam os males da poluição do ar. Mas foi a grande expansão da indústria química no século XIX que levou a instalação da Inspetoria de Álcalis na Bretanha em 1863 e a primeira legislação para o controle de emissões de fábricas.

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O controle de fogos domésticos só veio bem mais tarde. Foi necessária o ‘smog’ de 1952 que levou a 4000 mortes em Londres e a controle desse tipo de poluição pelo

“Clean Air Act” de 1956.

O controle da poluição da água começou um pouco mais cedo. Quando as grandes cidades da Inglaterra cresciam nos anos iniciais do século XIX, as taxas de morte devido a febres transmitidas pela água cresciam dramaticamente. A grande reforma sanitaria iniciada por Edwin Chadwick em 1842 levou ao ‘Public Health Act ‘ (Lei da Saúde Pública) de 1848, um marco no fornecimento de água segura em cidades.

No início desse século, na América do Norte, muitas medidas foram introduzidas para controlar a erosão pela água e vento. Um pouco mais tarde, levantamentos integrados foram iniciados. Em 1912, T. Kroosevelt empreendeu uma série de proclamações colocando ao lado terras para parques nacionais, áreas de preservação da natureza e ecossistemas naturais. Cresceu também o reconhecimento da importância dos impactos de projetos de fontes de água (reservatórios) e auto-estradas, e foram feitas investigações durante os estágios de planejamento e empreendimento.

E depois da II Guerra Mundial, atividades de governos e empreendimentos industriais tornaram –se mais complexos, maiores e em grande número. Se criaram as agências para preservação da qualidade ambiental como conseqüência. Logo a legislação mais completa (nos Estados Unidos a National Environmental Policy Act – NEPA - , de 1 de janeiro de 1970). Foram nessa legislação usados pela primeira vez os termos environmental impact assessmen e environmental impact statemen.

1.4 AS ESCALAS DE INTERESSE NOS ESTUDOS DE IMPACTO AMBIENTAL

Experiências em países desenvolvidos e em desenvolvimento sugerem que os efeitos de grandes empreendimentos regionais (estações elétricas, reservatórios, autoestradas e semelhantes) devem ser consideradas em três escalas de tempo.

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Durante a construção, o ambiente é alterado por equipamentos pesados de movimentação de terra, acampamentos de trabalho temporários e estradas. Para os habitantes locais, a qualidade de vida é degradada pela produção de poeira e barulho, assim como por mudanças drásticas na sociedade.

Finalizado o empreendimento, grama e árvores devem ser plantadas, estradas pavimentadas. Mas um novo ambiente foi criado como conseqüência da inundação de um vale, desvio de um rio, relocação de rotas de tráfego, ou pelo rotineiro lançamento de poluentes no ar e na água.

Durante um período de várias décadas, o desenvolvimento pode atrair indústrias secundárias, pode causar significante crescimento populacional e pode gerar uma quantidade de novas atividades humanas imprevistas. Após 50 anos, quando a estrutura original seja talvez obsoleta, as mudanças ambientais regionais são provavelmente bem mais substanciais do que as originalmente imaginadas na fase do projeto.

O sistema econômico objetiva a maximização dos lucros no curto prazo; as considerações ecológicas sugerem meios para minimizar os passivos (as perdas) no longo prazo.

Além das escalas de tempo descritas acima, várias escalas de espaço devem ser consideradas:

as cercanias imediatas, p. ex. a parte interna dos muros de uma fábrica ou uma área desgnada para controle de pesticidas;

a vizinhança, p. ex., a jusante de uma grande barragem ou alta chaminé;

amplas áreas, em casos extremos de extensão continental ou mundial.

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1.5 IMPACTOS FÍSICOS, BIOLÓGICOS E SÓCIO-ECONÔMICOS

É importante reconhecer que impactos nos ecossistemas, ciclos biogeoquímicos e semelhantes são intimamente relacionados através de mecanismos complexos de retro-alimentação com impactos sociais e considerações econômicas. Os impactos sociais de qualquer projeto que envolve mudanças ambientais devem ser estudados em estreita associação com estudos de impactos sobre a biosfera.

1.6 O PROBLEMA DA PREVISÃO DOS IMPACTOS

Quando um projeto ou um programa é empreendido, ele move uma cadAIA de eventos que alteram o estado do meio ambiente e sua qualidade. Para ilustrar, uma grande autoestrada muda a paisagem física que, por sua vez, afeta o habitat de algumas espécies, modificando assim todo o sistema biológico na área. A mesma obra afeta o valor das terras, espaços de recreação, a localização de residências e trabalho e a economia regional. Esses diversos fatores são inter-relacionados, assim que o resultado líquido é difícil de ser prognosticado. Um fator de confusão é que se o projeto não for empreendido, o ambiente ainda pode exibir:

grande variabilidade, p. ex., devido a ciclos astronômicos, diários e anuais, variações no tempo e clima e ciclos e sucessões ecológicas naturais;

tendências irreversíveis de origem natural, p. ex., eutrofização de lagos, tendências de longo prazo na composição de solos;

tendências irreversíveis devido à combinação de fatores naturais e induzidos pelo homem, p.ex., consumo excessivo de pastagens, salinização de solos.

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2 PROCEDIMENTOS ADMINISTRATIVOS

Quais são os procedimentos Administrativos?

Os procedimentos administrativos requeridos para um processo de AIA são descritos. Eles são aplicáveis a um amplo espectro de leis nacionais, programas de ação e costumes sociais. Os procedimentos podem ser mais simples ou mais amplos, dependendo da complexidade do projeto.

2.1 FATORES A SEREM CONSIDERADOS QUANDO DO PLANEJAMENTO DE UM PROCEDIMENTO ADMINISTRATIVO

Questões administrativas a serem consideradas para um processo de AIA.

O órgão ambiental é quem decide se um AIA deve ser feito e com que características, apoiado na legislação. A decisão pode ser: (a) fazer; (b) não fazer;

(c) voltar a proposta para modificação; ou (d) transferir responsabilidade para um nível mais elevado ou mais baixo de responsabilidade na decisão. No Brasil é o IBAMA a instituição maior responsável pela aprovação ou não de projetos nacionais, no que se refere a questão ambiental. Ele executa esse aspecto da Política Nacional do Meio Ambiente. Mas os projetos estaduais são analisados pelos órgãos estaduais de meio por delegação do IBAMA, segundo a lei que trata do assunto. E projetos menores, a nível municipal, são da alçada das secretarias de meio ambiente municipais, que recebem delegação para tanto os órgãos estaduais, tudo dentro da previsão da lei nacional da política ambiental. O certo é que deve haver um processo de decisão com termos de referência bem definidos ao nível de gerenciamento onde a proposta está sendo considerada.

As decisões são geralmente ‘formadas’, em lugar de simplesmente tomadas de forma executiva. Todos os envolvidos na formação de políticas, planejamento e estudos de impactos ambientais, assim como em audiências públicas, revisões dos estudos e nos debates abertos, muitas vezes em fori políticos governamentais, como congresso nacional, assembléias legislativas ou câmaras municipais, participam na formação da decisão sobre um projeto. A responsabilidade técnica recai principalmente sobre as equipes técnicas que realizam ou revisam os estudos, mas

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a responsabilidade política deve ser da sociedade, diretamente e representada em órgãos oficiais.

Avaliações ambientais devem ser atividades contínuas, não somente anterior ao momento da decisão, mas também depois deste. Previsões, particularmente de fatores ecológicos e sociais, são algo incertas. Pela lei brasileira, os órgãos licenciadores fiscalizam as atividades dos projetos e concedem licenças de operação periodicamente. Se problemas ambientais aparecem, é exigido o estudo correspondente da questão e posteriormente a tomada de medidas corretivas, com o intuído de eliminar ou mitigar o impacto ambiental.

Um defeito de AIAs é que elas tendem a ser feitos e orientados para projetos específicos. Ainda que hoje já haja legislação que determina a avaliação dos efeitos sinergéticos de projetos, geralmente do mesmo tipo ou situados em área geográfica limitada, na prática não são realizados estudos abrangentes, onde se agreguem os impactos, sobretudo negativos, de diferentes projetos ou progragamas. Impactos isolados comumente parecem ser aceitáveis, mas em conjunto não. Parece ser desejável o conceito de avaliação ambiental como um programa a nível de ações maiores, das políticas. Por exemplo: antes de se decidir pela construção de uma usina termoelétrica a óleo em um lugar particular, examinar se o desenvolvimento de hidroelétricas ou plantas nucleares ao longo do país não seriam mais adequadas, ou mesmo uma quantidade de pequenos projetos alternativos baseados em energia renovável e de uso de resíduos. Ou seja, alternativas não só de interesse ambiental, mas também econômico. E para isso é necessário uma AIA diferente, mais ampla, para programa de governos, de um país.

Pela legislação brasileira governos ou pessoas físicas ou jurídicas privadas podem conceber um projeto. Mas a avaliação do impacto ambiental é feita pelo governo e sociedade. E os estudos ambientais devem ser feitos por equipes independentes do interessado no projeto, seja governo ou personalidade privada. As equipes devem ter competência técnica, mas é fundamental a participação política da sociedade em geral na formação da decisão de se desenvolver ou não um projeto, em função das suas implicações para o meio ambiente.

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As AIAs precisam ser revistas por um corpo independente de relevância, completo e objetivo, sob coordenação do órgão ambiental licenciador. O objetivo é garantir o respeito às leis, regulamentos, diretrizes, incluindo os cronogramas.

O processo de revisão deve incluir estudos de especialistas da equipe de revisores da autoridade de governo, estudo de outros expertos ad hoc, ou ambos. A participação pública é freqüentemente desejada, devido a diferenças marcantes das percepções dos técnicos e do público. Maneiras como pode ser o acompanhamento incluem:

entrevistas de cidadãos privados com autoridades da revisão;

a instituição de comitês regionais de planejamento incluindo membros do público;

o debate com representantes eleitos;

audiêndias públicas;

seminários ou workshops.

2.2 SEQUÊNCIA DO PLANEJAMETO/TOMADA DE DECISÃO AMBIENTAL

Passo 1 – Estabelescimento de Objetivos

O governo coloca objetivos. Eles precisam ser gerais, como desenvolvimento econômico ou bem-estar humano, social, ou específicos, como um plano qüinqüenal detalhado. Se um objetivo é garantir que considerações ambientais recebam adequada atenção no planejamento e implementação de ações, um procedimento de AIA é a maneira de ele ser alcançado.

Passos 2 e 3 – Estabelecimento de políticas e programas

O processo de se traçar objetivos tem que ser traduzido em ações via programas.

Considerações ambientais devem existir desde o início do processo de

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planejamento. Essas devem ser acompanhadas por AIAs para esses objetivos, depois para as políticas e programas que se seguem, além do AIA usual para ações (para maior clareza, esse último, por exemplo, poderia ser o Estudo de Impacto Ambiental (AIA) para uma estrada a ser aberta. Ou para uma legislação que estimula um certo setor da economia, como foi na década de 70 a exigência do desmatamento para recebimento de financiamento para criação de gado na Amazônia).

Passo 4 - Ações

As ações podem ter várias origens. Podem ser através de programas de governos, da união, estadual ou municipal. Ou de projetos da iniciativa privada, com apoio legal e, às vezes, financeiro dos governos. Quando os projetos são grandes, as ações são de grande monta, são comuns os aportes de dinheiro internacional. Aí são incluídas (a) obras de engenharia como a construção de gaseodutos ou sistemas de transporte, (b) ações administrativas tais como a reorganização de serviços governamentais para o gerenciamento de florestas e (c) ações legislativas, tais como leis relacionadas ao uso do solo ou controle de pesticidas.

Passo 5 – Determinação da Significância do Impacto

A avaliação inicial se uma proposta irá afetar significantemente o meio ambiente é a primeira triagem a ser feita numa proposta, para se decidir se é necessária uma AIA detalhada e para garantir que alternativas serão examinadas. Essa pode ser um simples julgamento feito pelos técnicos do órgão ambiental, que estará mais ou menos apoiada em documentação fornecida pelo interessado na ação, que pode incluir dados econômicos, de processos e ambientais. Se o órgão responsável entende que a ação ou projeto não afetará sobremaneira o meio ambiente, não será necessária uma AIA, mas estudos ambientais de menor porte, o que está previsto em legislação específica.

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Passo 6 – Avaliação de Impacto Ambiental

Se uma ação proposta indicar ter potencialmente impactos significantes sobre o ambiente, então uma AIA é preparada, sobre essa ação e outras ações alternativas.

Alternativas para menor impacto ambiental são muito importantes. O estudo específico do meio ambiente para projetos de médio e grande porte e aqueles com especificidades claramente perigosas ao meio ambiente, é feito através da figura legal Estudo de Impacto Ambiental. A legislação, desde Política Nacional do Meio Ambiente prevê uma lista de ações que obrigatoriamente tem que ser submetidas a AIAs. Isso não impede que outras ações, não listadas, não tenham que, obrigatoriamente, ser submetidas a um AIA. O órgão ambiental dá a última palavra sobre o tipo de estudo ambiental a ser feito, que pode ser um mais simples e resumido, nos casos de ações de menor significado para o meio ambiente.

Passo 7 - Tomada de decisão

Depois da revisão do AIA, a instância de decisão pode deixar prosseguir o projeto ou declara que a ação é ambientalmente insatisfatória, o que faz com que ela seja retirada ou modificada.

A obrigação da equipe de avaliação, que realiza os estudos ambientais, não é a de persuadir o órgão tomador de decisão a votar sempre a favor do projeto ambiental, mas a de colocar a questão em pauta, para ser discutida juntamente com as questões econômicas e financeiras, as obrigações internacionais, etc.

Às vezes uma AIA contém objetivos conflitantes. Por exemplo: a manutenção da qualidade da água às custas da qualidade do ar. Nesses casos deve haver ponderação, um balanço dos prós e contras. No caso de drenagens, rios, podem ocorrer questões internacionais, pois eles atravessam fronteiras, e novas dimensões do problema aparecem.

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Passo 8 – Implementação

A implementação envolve várias funções: planejamento detalhado, projeto, construção e operação. Ela deve ser feita por uma agência governamental ou outras, mas sempre com a responsabilidade de garantir o respeito a regulamentos e padrões estabelecidos.

Passo 9 - Auditoria final (fiscalização para licenciamento de operação)

Quando uma ação é concluída (uma obra, por exemplo), previamente à operação existe uma auditagem ou fiscalização por parte do órgão ambiental. O objetivo é a emissão da licença de operação, que deve ser renovada periodicamente. Em alguns casos, por ocasião das fiscalizações, são recomendados estudos abrangentes e detalhados que, pela sua dimensão e abordagem, assemelham-se a um novo processo de AIA. Afora isso, são também importantes, e obrigatórios, programas de monitoramento de certas características do ambiente, durante a operação e a longo do período de operação do projeto.

2.3 OS ATORES

Há vários atores em uma AIA, e cada um com seu papel e responsabilidade.

Tomador de Decisão: que é o poder público, representando os interesses da coletividade e do meio ambiente, com base na lei.

Avaliador: é a instituição com a responsabilidade pelo preparo dos estudos de impacto ambiental ou outro estudo ambiental de menor porte.

Proponente: pode ser uma agência governamental, ou uma firma privada querendo iniciar um projeto.

Revisor: é o órgão, agência ou conselho com a responsabilidade de revisar o AIA e assegurar a obediência a diretrizes publicadas ou regulamentos.

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Outras agencies governamentais: são aquelas com interesse especial no projeto. Podem ser componente de serviços do governo nacional, ou estados, ou municípios, ou vilarejos.

Consultores especialistas: pessoas com conhecimento especializado solicitados a avaliar os projetos. Podem pertencer a agencies governamentais ou organizações privadas.

Público em geral: inclui cidadãos e imprensa.

Grupos especiais de interesse: incluem organizações ambientais, sindicatos, sociedades profissionais e associações locais.

Internacional: refere-se a países vizinhos ou corpos intergovernamentais.

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3 O QUE DEVERIA SER UMA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL (AIA)

3.1 CONTEÚDO DE UMA AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL Uma AIA deve :

descrever a ação proposta, assim como alternativas;

estimar a natureza e magnitudes das mudanças ambientais prováveis (inclusive os efeitos induzidos pela ação);

identificar os interesses e as preocupações humanas relevantes;

definir os critérios a serem usados para medida da significância das alterações ambientais, inclusive os pesos relativos a serem atribuídos na comparação de diferentes tipos de alterações;

estimar a significância das alterações ambientais prognosticadas, i.e., estimar os impactos da ação proposta.

Fazer recomendações como as seguintes:

aceitação do projeto;

ações de remediação;

aceitação de uma ou mais alternativas;

rejeição;

fazer recomendações para procedimentos de inspeção a serem seguidos após a ação ter sido completada.

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3.2 TIPOS DE AÇÕES

A Tabela 3.1 lista vários tipos de projetos de desenvolvimento regional que necessitam de uma AIA. Além de projetos de desenvolvimento, “ações” podem incluir propostas legislativas, políticas e programas, como os seguintes:

um projeto de lei para banir pesticidas;

uma mudança na política energética nacional;

uma mudança em subsídios ou tarifas de produtos agrícolas.

1. Uso do solo e transformação

Urbano; industrial; agricultura; aeroporto; transporte;

linhas de transmissão; estruturas costeiras 2. Extração de

recursos

Perfurações; mineração; explosões; movimentações pesadas; pesca e caça comercial

3. Renovação de recursos

Reflorestamento; manejo da vida selvagem; fertilização;

reciclagem de lixo; controle de inundações 4. Processos

agrícolas

Agricultura; pecuária; produção de

leite;lacticíniosdairying; lotes para hortas; irrigação 5. Processos

industriais

Siderúrgicas – ferro e aço; petroquímicos; fundições;

fábrica de papel e polpa

6. Transporte Ferrovias (locomotives); aeroportos (aviões); rodovias (automóveis e caminhões); navegação (navios); dutos em geral (água, polpa, óleo)

7. Energia Lagos artificiais; barragens; usinas elétricas a óleo, carvão e nuclear.

8. Águas efluentes e tratamento

Descarga no oceano; acumulação em terra;

contaminantes ambientais e substâncias tóxicas;

depósitos subterrâneos; emissões biológicas 9. Tratamentos

químicos

Controle de insetos (pesticides); controle de plantas daninhas (herbicidas)

10. Recreação Áreas de caça; parques; desenvolvimento de estâncias de veraneio; veículos para todos terrenos

Tabela 3.1 Projetos de desenvolvimento regional que podem produzir impactos ambientais

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Muitas dessas ações produzem conseqüências subseqüentes ao projeto. Há implicações ambientais como sócio-econômicas em cada um desses exemplos.

Deve ser também notado que pode haver significantes efeitos ambientais se nenhuma ação é empreendida. Algumas ações devem, de fato, ser propostas para o único propósito de melhorar a qualidade ambiental. Mesmo nesses casos os impactos podem não ser todos benéficos. Por exemplo, uma planta de tratamento de esgoto melhora a qualidade da água, mas causa um comprometimento irrecuperável do uso do solo e algumas vezes cria um problema de odor local (CELA, 1973).

3.3 PROGNOSE DE ALTERAÇÕES AMBIENTAIS

A tabela 3.2 sumariza algumas mudanças ambientais que podem ser geradas por atividades humanas. Elas podem ser “boas” ou “ruins”, dependendo do ponto de vista. Porisso o avaliador deve evitar juízo de valores nesse estágio, atentando meramente à determinação da natureza e magnitude dos efeitos. A avaliação de seu significado vem mais tarde. É importante também a estimativa das taxas de mudanças na qualidade ambiental.

Uma mudança lenta pode ser aceitável, especialmente se ela leva a uma nova estabilidade, enquanto uma mudança rápida ou uma grande flutuação pode colocar cargas e pressões intoleráveis nos ecossistemas.

Talvez de maior importância é o grau de irreversibilidade de uma mudança ambiental. Ela pode ser absoluta, como a extinção de uma espécie, ou absoluta para todos os propósitos práticos, como o caso de uma erosão catastrófica, que pode ser revertida somente após longos períodos de tempo, ou através de inaceitáveis gastos de dinheiro e energia.

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Meio Alterações e taxas de alterações em:

SOLO Qualidade (p.ex., profundidade, estrutura, fertilidade, grau de salinização ou acidificação)

Estabilidade

Área de solo arável AR Qualidade

Os elementos climáticos ÁGUA Quantidade

Qualidade Sazonalidade

Area de lagos artificiais

Extensão dos canais de irrigação

BIOTA Abundancia/escassez de espécies ou recursos genéticos Extenção de lavouras, ecossistemas, vegetação e florestas Diversidade de espécies

Extensão da provisão de solos para ninhadas, berçários, etc., para espécies migratórias

Abundancia/escassez de pestes e organismos ligados a doenças

Tabela 3.2 Alterações ambientais

Uma avaliação de impacto ambiental deve conter três sub-secções relativas a efeitos ambientais:

uma determinação do estado inicial de referência;

uma estimativa do estado futuro “sem ação”;

uma estimativa do estado futuro “com ação”.

a) Estabelecimento do Estado Inicial de Referência: Importante é a seleção de atributos que podem ser usados para medir o estado inicial. Alguns podem ser medidos, outros definidos como categorias, ou ordenados em ordem ascendente ou descendente de magnitude aproximada. Ou até só a presença ou ausência de um

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atributo. A seleção de populações (senso estatístico) para serem representadas pelas variáveis medidas, a divisão delas por regiões geográficas, ecossistemas, são decisões difíceis. De fato, é difícil se estabelecer um estado inicial de referência, não só porque sistemas ambientais são dinâmicos, mas eles contém componentes cíclicos e aleatórios e fortuitos.

b) Predizendo o estado futuro na ausência de ação: Para fornecer uma base justa para o exame de impactos humanso, o estado ambiental futuro na ausência da ação precisa ser estimado. Como um exemplo, as populações de uma espécie animal ou peixe já pode estar em declínio, devido a sobrepastoreio ou sobrepesca, mesmo ante de uma fundição ser construída. Essa parte da análise é um grande problema científico, que requer habilidades de muitas disciplinas. Por exemplo, prever uma seca dois ou três anos de antecedência não é possível, mas a probabilidade estatística de sua ocorrência nos próximos 100 anos pode ser estimada com alguma confiança.

Prognoses sobre o comportamento de subsistemas biológicos e suas respostas a estresses ambientais são também sujeitas a incertezas. Técnicas matemáticas devem ser tentadas para calcular essas incertezas e submete-las a análises críticas.

c) Predizendo o estado futuro na presença da ação: Para cada ação proposta e para admissíveis combinações dessas ações, haverá um estado esperado do meio ambiente, que deve ser comparado com o estado esperado sem a ação. Para cada alternativa deve haver uma prognose. Elas serão necessárias para diferentes escalas de tempo, tanto para casos ‘com’ como ‘sem’ ação.

3.4 ÁREAS DE INTERESSE HUMANO

Na tabela 3.3 é tentada uma lista das principais classes de interesses humanos que são provavelmente afetadas por ações propostas. Não está hierarquisada por importância. Há algumas sobreposições e muitas interações, p.ex., entre saúde e

(24)

status econômico e ocupacional. Cada jurisdição deve conceber sua lista de interesses, em respota a cada ação.

Tabela 3.3 Areas de interesse humano. (Categorias de Impactos) 1. Status

econômico e ocupacional

Deslocamento de população, relocação de população em resposta a oportunidades de emprego, padrões de serviços e

de distribuição, valores de propriedade 2. Padrão social

ou estilo de vida

Recolonização, despopulação rural, mudança na densidade de população, alimentos, moradias, bens materiais, nômade,

colono, agricultor, rural 3. Valores e

relações sociais

Estilos de vida familiar, escolas, transporte, sentimento de comunidade, participação vs alienação, orgulho regional e nacional vs pesar, estabilidade, rompimento, linguagem,

hospitais, clubes, recreação, sociabilidade 4. Característica

s psicológicas

Envolvimento, expectativas, estresse, frustrações, comprometimentos, desafios, satisfação no trabalho, ougulho

nacional ou comunitário, liberdade de escolha, estabilidade e continuidade, auto-expressão, companhia ou solidão,

mobilidade 5. Amenidades

físicas (intelectuais,

culturais, estéticas e

sensuais)

Parques nacionais, vida selvagem, museus e galerias de artes, halls de concertos, monumentos históricos e arqueológicos, beleza de paisagem, áreas naturais, silêncio,

ar e água limpos

6. Saúde Mudanças na saúde, serviço medico, padrões médicos 7. Segurança

pessoal

Imunidade de assédio, imunidade de desastres

8. Religião e crenças tradicionais

Tabus simbólicos, valores

9. Tecnologia Tranquilidade, perigo, medidas de segurança, benefícios, emissão de lixo, congestionamento, densidade

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Tabela 3.3 Areas de interesse humano. (Categorias de Impactos) (Conclusão)

10. Cultural Laser, mudanças de moda e roupas, novos valores, herança, ritos tradicionais e religiosos

11. Política Autoridade, nível e grau de envolvimento, prioridades, estrutura de tomada de decisões, responsabilidade e correspondência, alocação de recursos, interesses locais e minoritários, defesa de necessidades, fatores de contribuição

e limitantes, tolerância

12. Legal Reestruturação da operação administrative, mudanças de impostos, políticas públicas

13. Estética Alterações físicas visuais, conduta moral, valores sentimentais

14. Atos e leis estatutárias

Padrões de qualidade de água e ar, padrões de segurança, leis da construção nacional, regulamentos da redução do

ruído

3.5 INDICADORES DE IMPACTOS

Um indicador de impacto é um elemento ou parâmetro que fornece uma medida (ao menos qualitativa) da significância do efeito, i.e., da magnitude de um impacto ambiental. Alguns indicadores, tais como estatísticas de morbidade e mortalidade e produção de lavouras têm escalas numéricas associadas. Outros indicadores de impactos podem ser só ordenados na simples escala de “bom-melhor-o melhor” ou

“aceitável- não aceitável”. A seleção de indicadores pode ser difícil, mas necessária.

Depois da escolha de indicadores de impacto e suas escalas, os seus valores devem ser estimados dos valores prognosticados dos efeitos ambientais para cada alternativa de projeto e para várias escalas de tempo.

3.6 ESTIMATIVA DO IMPACTO AMBIENTAL TOTAL

De alguma forma, a descrição do ambiente deve ser vinculada ao comportamento de umas poucas variáveis, que precisam ser relacionadas a indicadores de impactos.

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Um objetivo, ainda que nem sempre alcançável, é que para cada ação proposta e para cada interesse humana os resultados esperados sejam comparados em escalas numéricas. Como ocorrerão grandes diferenças entre as unidades medidas, sendo algumas numéricas e outras em séries categóricas, é necessária a normalização dos resultados em um sistema mais primitivo, de significante positivo, insignificante ou significante negativo. As contagens dos números de positivos e negativos são então comparadas. Como alguns interesses são mais importantes do que outros, é possível o uso de pesos para os interesses. Ex.: pode-se considerar que espaço para recreação é mais importante do que terra florestal.

3.7 RECOMENDAÇÕES DO AVALIADOR

Tendo estimado os impactos ambientais da ação proposta, o avaliador pode fazer recomendações. O bom senso dessas recomendações depende grandemente da extensão das discussões abarcando várias disciplinas da equipe de avaliadores e assessores. Esse grupo deve incluir cientistas, sociólogos, economistas, cada um com seu comprometimento e interesse no tema.

É importante a estimativa de valores e permutas, trocas, acordos, concessões. P.

ex., no caso de uso do solo. Um local bom para uma nova indústria pode ser às margens de um rio, ou na linha de costa, devido a facilidades de água ou porto.

Suponha-se, entretanto, que o local também é o melhor para agricultura, urbanização ou recreação. Há, portanto, a necessidade de uma comparação econômica entre planos alternativos que não são tão bons para alguns componentes, mas ótimos para a maioria. E a comparação não deve ocorrer só sobre bases econômicas. A preservação de um santuário de pássaros sobrepujante importância.

3.8 O NÍVEL DE DETALHE EM UM AIA O nível de detalhe de um AIA depende:

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da sensibilidade do meio ambiente local;

da escala do empreendimento proposto e seus efeitos potenciais;

do valor social dado nacionalmente e/ou localmente à preservação e ao melhoramento da qualidade ambiental;

dos recursos e a perícia científica do país;

do tempo disponível para o estudo ou avaliação.

Em algumas jurisdições, o avaliador prepara uma AIA preliminar que forma a base para a decisão se um AIA maior será necessário.

3.9 A APLICABILIDADE GERAL DE AIAs

AIAs tem sido usados em países industrialisados, mas tem grande aplicabilidade em países em desenvolvimento, exatamente para orientar melhor o desenvolvimento.

Programas e projetos ruins têm más conseqüências futuras e são caríssimas as remediações.

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4 A AVALIAÇÃO DE IMPACTO AMBIENTAL NO BRASIL

Os primeiros estudos ambientais realizados no Brasil foram na década de 70, para alguns projetos de hidrelétricas. Foram resultado de reflexos de demandas originadas no exterior e, talvez, já correspondendo a anseios da sociedade brasileira, esclarecida por alguns técnicos e cientistas.

Os anos 70 foram marcados pelo crescimento econômico e expansão das fronteiras econômicas internas, com a ocupação com projetos de vastas áreas do cerrado e da floresta amazônica. Dois grandes projetos da época foram a rodovia Transamazônica e a Usina Hidrelétrica de Itaipu. O modelo de desenvolvimento à época já fora muito criticado, assim como se cristalizava no País um pensamento

‘ecológico’ bastante crítico dele (Lago e Pádua, 1984: in Sánchez, 2006).

Foi dessa época o estudo de impacto ambiental da usina hidrelétrica de Tucuruí, que não influenciara decisivamente as obras. Ele não foi feito sob limites de uma legislação nacional, poir é anterior a esta. No final dos anos 70 e nos anos 80 os estudos ambientais continuaram, onde vários aspectos do meio físico e biológico foram investigados e monitorados. Através deles foram conhecidos novos aspectos da ecologia e limnologia tropical.

Em São Paulo se desenvolviam muitos estudos sobre os impactos ambientais de barragens no baixo curso do Rio Tietê, liderados por Tundisi (1978).

Segundo Pádua (1991: in Sánchez, 2006), foi uma conjunção de fatores internos e externos que propiciou um avanço das políticas ambientais no Brasil, o que levou a concretização do projeto de lei da Política Nacional do Meio Ambiente, aprovada em agosto de 1981. Essa lei incluiu a ‘Avaliação de Impacto Ambiental’ como um dos instrumentos para atingir seus objetivos.

Os agentes financeiros multilaterais e outras organizações internacionais tiveram um papel central na adoção da AIA por muitos países em desenvolvimento, no Brasil

(29)

inclusive. Mas foi também muito importante o papel do movimento social brasileiro, sobretudo o do ‘Movimento dos Atingidos por Barragens (MAB)’.

Nos estados do Rio de Janeiro e Minas Gerais a avaliação de impacto ambiental apareceu, ainda que com resultados modestos, antes da sua institucionalização a nível nacional. Esses estados tiveram uma legislação ambiental anterior às nacional Um importante passo foi a incorporação do tema ambiental na Constituição Federal de 1988, onde no seu art. 225 se lê: todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao Poder Público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e as futuras gerações. A partir daí diversas constituições estaduais e leis orgânicas municipais adotaram os princípios da lei nacional e detalharam-nos segundo pecularidades de cada um.

Um passo decisivo na aplicação da AIA foi a sua regulamentação em 1986, pela resolução nº 1 do Conselho Nacional de Meio Ambiente (Conama), que estabeleceu uma série de requisidos e características para a AIA.

Foi nessa resolução que foram apresentadas as exigências do Estudo de Impacto Ambiental (EIA) e do Relatório de Impacto Ambiental (RIMA) para uma série de projetos e ações.

A realização do EIA-RIMA e a sua aprovação é a condição necessária para que a maior parte dos projetos recebam uma licença prévia ambiental, para desenvolvimento da fase preliminar de planejamento da atividade, que depois ainda será fiscalizada para a obtenção da licença de instalação e, finalmente, a de operação, quando todo o processo de exame e adequações ambientais serão verificados, para garantia de que as exigências anteriores integradas no EIA e documentos subseqüentes do órgão licenciador serão cumpridas.

Para os projetos que não apresentam um potencial de causar significativa degradação ambiental, segundo a resolução Conama 1/86, posteriormente pela Constitução Federal, não há a exigência de um EIA-RIMA, mas, segundo suas

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peculiaridades, outras categorias de estudos ambientais, bem definidos na legislação federal e nas estaduais.

ATIVIDADE

Os discentes devem procurar na bibliografia (inclusive internet) um exemplo de AIA e, dentro do mesmo, identificar os fundamentos apresentados neste texto.

Enviem ao seu tutor o resultado. Formatação e número de páginas livre. Boa Sorte!

(31)

BIBLIOGRAFIA

LAGO, A.; PÁDUA, J. A. O que é ecologia. São Paulo. Brasiliense, 1984 (em Sánchez, 2006).

PÁDUA, J. A.. O nascimento da política verde no Brasil: fatores exógenos e endógenos. In: LEIS, H. R. (Org.), Ecologia e Política Mundial. Rio de Janeiro:

Fase/Vozes, 1991. p. 135-161. (em Sánchez, 2006).

SÁNCHEZ, L. E. Avaliação de Impacto Ambiental: conceitos e métodos. São Paulo:

Oficina de Textos, 2006.

SCOPE 5 Environmental Impact Assessment: Principles and Procedures. 2nd edition 1979, 208 pp, Wiley, U.K. Disponível em < http://www.icsu- scope.org/downloadpubs/scope5/index.html

TUNDISI, J. Construção de Reservatórios e previsão de impactos ambientais no baixo Tietê: Problemas limnológicos. Biogeografia 13, p. 1-19, 1978. (Instituto de Geografia da Universidade de São Paulo).

Referências

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