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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

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EXTINÇÃO DA PUNIBILIDADE NOS CRIMES CONTRA A ORDEM TRIBUTÁRIA

Jackson Moulon Stefanato (1)

Graduando em Direito pelo Centro Universitário São Camilo-ES.

Samir Davel Romanel (2)

Graduando em Direito pelo Centro Universitário São Camilo-ES.

Endereço (1): Rua Edmundo Ramos, nº 81, Bairro Alto Novo Parque – Cachoeiro de Itapemirim - ES - CEP: 29309-040 - Brasil - Cel: (28) 9966-3930 - e-mail: tinim_moulon@hotmail.com

RESUMO

Neste trabalho verificou-se particularidades da Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, a qual trata dos Crimes Contra a Ordem Tributária, Econômica e Contra as Relações de Consumo, em especial os Crimes Contra a Ordem Tributária nela constante. Procedeu-se a análise de cada inciso dos três artigos integrantes do Capítulo I, que trata dos Crimes Contra a Ordem Tributária. Ao após, passou- se ao estudo das Extinção da Punibilidade pelo Parcelamento do débito tributário, objeto dos Crimes Contra a Ordem Tributária. Verificou-se, de forma cronológica, as Leis que, até os dias atuais, vieram tratar do tema com vistas à confeccionar um entendimento plausível acerca da aplicabilidade da benesse da Extinção da Punibilidade pelo Parcelamento.

PALAVRAS-CHAVE: Crimes Contra a Ordem Tributária, Lei 8.137/90, Extinção da Punibilidade pelo Pagamento.

INTRODUÇÃO

Com a redação do art. 145 da Constituição Federal do Brasil, aprendemos que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios poderão instituir tributos.

Institui-se tributos para manter serviços, promover o bem estar social e constituir uma sociedade livre, justa e solidária com garantia ao desenvolvimento nacional, erradicação da pobreza e a marginalização, bem como buscando a redução das desigualdades sociais e regionais, além de promover o bem de todos sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.

Na esfera Penal, o Direito Tributário vem criminalizar condutas graves que levam a supressão ou diminuição da arrecadação tributária, colocando em sério risco a atividade estatal de distribuição (ou redistribuição) de riquezas, buscando a meta de alcançar uma sociedade livre, justa e solidária. O Direito Penal Tributário deve ser usado com cautela, somente como ultima hipótese, em relação a condutas infracionais realmente graves.

Ainda assim, na ocorrência de crime contra a ordem tributária, por o interesse estatal de receber o valor do tributo prevalecer frente a uma incerta reparação aos cofres públicos e à sociedade, o infrator, ao recolher o que já era devido, tem sua punibilidade extinta.

MATERIAL E MÉTODOS

A Lei 8.137, de 27 de dezembro de 1990, revogou a Lei 4.729//65 por regular de forma mais completa os Crimes Contra a Ordem Tributária. A competência para julgamento desses crimes, conforme o ente beneficiário do tributo objeto da conduta delituosa, pode ser Estadual ou Federal: é Federal quando envolve interesse da arrecadação da União, como, por exemplo, na sonegação de Imposto de Renda; e é Estadual quando envolve interesse do Estado-Membro ou Município, nos casos, por exemplo, de sonegação de ICMS, IPTU etc.

A todas as figuras típicas previstas nos artigos da Lei 8.137/90 admite-se a aplicação do art.

29 do Código Penal, ou seja, tornam-se co-autores do delito contra a Ordem Tributária aqueles que, sendo contribuintes de determinado tributo, unem esforços para não pagá-lo total ou parcialmente, ex.: um casal presta declaração falsa a Receita Federal, omitindo dados sobre a renda familiar, conseguindo reduzir a carga tributária. Possível também se faz a participação quando, aquele que,

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não sendo contribuinte, influencie, de algum modo, o sujeito passivo da obrigação tributária, a suprimir ou reduzir determinado tributo (NUCCI, 2008, p. 254).

Nestes crimes admite-se a denúncia genérica, indica-se apenas os co-autores e eventuais participes do delito, porém, sem precisar, detalhadamente, a conduta de cada um deles eis que não se consegue saber, exatamente, quem fez o que durante a fase executória (NUCCI, 2008, p. 256).

As leis referentes aos Crimes Contra a Ordem Tributária são divididos em duas seções:

seção I, art. 1º e art. 2º, crimes praticados por particulares e, seção II, art. 3º, crimes praticados por funcionários públicos, que também encontram previsão no Título XI, Capítulo I do Código Penal Brasileiro.

O caput do artigo 1º da Lei em comento prevê que “Constitui crime contra a ordem tributária suprimir ou reduzir tributo, ou contribuição social e qualquer acessório, medinte as seguintes condutas”, condutas estas inseridas em seus 5 incisos e punidas com reclusão de 2 a 5 anos, e multa. Neste diapasão, podemos abstrair que, do crime, o Sujeito Ativo é o contribuinte e o Sujeito Passivo é o Estado. Insta frisar também que, o Elemento Subjetivo deste é o dolo, não admitindo-se a modalidade culposa. Neste caso, constata-se a figura do dolo específico consistente na efetiva vontade de fraudar o fisco, deixando permanentemente de recolher o tributo ou manter a sua carga tributária aquém da legalmente exigida. Por tratar-se de crime material, dependente de um resultado naturalístico consistente na efetiva supressão ou redução de tributo, não admite tentativa.

O núcleo do tipo do inciso I é omitir informação (deixar de esclarecer dado relevante referente a alguma obrigação tributária), ou prestar declaração falsa (comunicar algo que não corresponda com a realidade) às autoridades fazendárias. Objeto Material é a informação ou declaração falsa; Objeto Jurídico é a arrecadação tributária estatal; classificado pela doutrina majoritária como: crime próprio; material; de forma livre; omissivo na forma omitir informação e comissivo na modalidade prestar declaração falsa; instantâneo; unissubjetivo e plurissubsistente. Há vários atos eis que o delito envolve omissão de informação associada à supressão ou redução de imposto (NUCCI, 2008, p. 428).

Inciso II tem como núcleo do tipo fraudar a fiscalização tributária, inserindo elementos inexatos, ou omitindo operação de qualquer natureza em documento ou livro exigido pela Lei Fiscal. Objeto Material é o documento ou livro exigido pela Lei Fiscal; Objeto Jurídico é a arrecadação estatal; classificado pela doutrina majoritária como: crime próprio; material; de forma livre; omissivo na forma omitir operação e comissivo na modalidade inserir elementos inexatos;

instantâneo; unissubjetivo; plurissubsistente. Há vários atos vez que o delito envolve omissão de operação associada à supressão ou redução de imposto (NUCCI, 2008, p. 429).

O Inciso III tem como núcleo do tipo falsificar ou alterar nota fiscal, fatura, duplicata, nota de venda ou qualquer outro documento relativo à operação tributável. Trata-se de tipo misto alternativo. A alteração se dá quando o agente, buscando o recolhimento menor do tributo, modifica os dados relativos a operação realizada com o fim de se submeter a imposto que possui menor alíquota. Objeto Material pode ser a anota fiscal, a fatura, a duplicata, a nota de venda ou outro documento concernente à operação tributável; Objeto Jurídico é a arrecadação por parte do Estado;

a doutrina majoritária o classifica como: crime próprio; material; de forma livre; comissivo;

instantâneo; unissubjetivo e plurissubsistente (NUCCI, 2008, p. 429).

O IV tem como núcleo elaborar, distribuir, fornecer, emitir e utilizar documento que saiba ou deva saber falso ou inexato. Objeto Material é o documento falso ou inexato; Objeto Jurídico é a arrecadação do Estado; é classificado pela doutrina majoritária como crime próprio; material; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo e plurissubsistente (NUCCI, 2008, p. 430).

O V, ultimo inciso, trás como núcleo do tipo negar ou deixar de fornecer, quando obrigatório, nota fiscal ou documento equivalente, relativo à venda de mercadoria ou prestação de serviço, efetivamente realizada, ou fornecê-la em desacordo com a legislação. Objeto Material pode ser a nota fiscal ou documento equivalente; Objeto Jurídico é a arrecadação tributária estatal;

classificado pela doutrina majoritária como: crime próprio; material; de forma livre; omissivo na forma deixar de fornecer e comissivo nas modalidades negar e fornecer em desacordo com a legislação; instantâneo; unissubjetivo e plurissubsistente (NUCCI, 2008, p. 430).

Como já mencionado, pune o sujeito ativo do crime, conforme previsto na lei, com reclusão de 2 a 5 anos, e multa, porém, a faixa de aplicação de referida pena admite as seguintes possibilidades, conforme o caso concreto: a)suspensão condicional da pena (Sursis); b)pena alternativa (restritiva de direitos substituindo a privativa de liberdade); e c)regime aberto.

Digno de comentários o Parágrafo Único do art. 1º, eis trazer um tipo incriminador potencialmente inconstitucional, vejamos:

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Parágrafo único. A falta de atendimento da exigência da autoridade, no prazo de 10 dias, que poderá ser convertido em horas em razão da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade quanto ao atendimento da exigência, caracteriza a infração prevista no inciso V.

Não há nenhuma relação entre o atendimento a alguma exigência formulada pela autoridade fazendária, na sua atividade fiscalizadora, e a conduta típica prevista no inciso V, o que, por si só, ofende o princípio da taxatividade.

Não bastasse, o referido tipo do parágrafo único chega ao cúmulo de estabelecer o prazo de 10 dias para o atendimento de tal exigência, mas podendo ser reduzido para horas, em função da maior ou menor complexidade da matéria ou da dificuldade de atendimento.

Inaplicável o parágrafo único, salvo se a autoridade fazendária conceder, efetivamente, 10 dias para a apresentação de qualquer documento indispensável à fiscalização, cientificando o contribuinte de modo expresso (e comprovado), desde que não se trate de dado cuja busca demande prazo flexível, pois complexa a sua elaboração ou exibição (NUCCI, 2008, p. 431).

O caput do artigo 2º diz: “Constitui crime da mesma natureza” e entrega aos incisos sua intenção. Vale registrar aqui que, o Elemento Subjetivo é o dolo, não admitindo a modalidade culposa. O dolo específico é o próprio fim de fraudar o Fisco deixando de recolher o tributo ou recolhendo-o a menor, de maneira definitiva.

O inciso I deste artigo traz como núcleo do tipo fazer declaração falsa ou omitir declaração sobre rendas, bens ou fatos, ou empregar outra fraude para eximir-se, total ou parcialmente, de tributo legalmente devido. Sujeito ativo aqui é o contribuinte ou o substituto tributário (o Estado atribui a esse contribuinte a responsabilidade pelo pagamento do imposto devido pelo seu cliente – a substituição será recolhida pelo contribuinte e posteriormente repassada ao governo); Sujeito Passivo é o Estado; Objeto Material é a declaração sobre renda, bens ou fatos;

Objeto Jurídico é a arrecadação tributária estatal.

A doutrina majoritária o classifica como: crime próprio; formal; de forma livre; omissivo na forma omitir declaração e comissivo na modalidade fazer declaração falsa; instantâneo;

unissubjetivo e plurissubsistente. Torna-se relevante considerar que a mera entrega da declaração no posto fiscal ou a remessa pela Internet não é suficiente para gerar a consumação. A qualquer momento, pode o agente, segundo dispõe a lei, apresentar declaração retificadora, inclusive por ter havido engano na anterior. Pensamos, portanto, que a consumação somente se efetiva quando a declaração é processada pelo fisco da forma como enviada, gerando, pois, desobrigação quanto ao recolhimento de tributos, total ou parcialmente. A tentativa, nesse caso, embora não seja teoricamente inviável, pois se trata de crime plurissubsistente, é muito rara, já que existe a possibilidade de retificação – um autêntico arrependimento eficaz (NUCCI, 2008, p. 432).

Há de se fazer uma comparação deste com o inciso I do art. 1º, posto que são bem semelhantes. Vejamos:

O delito do inciso I do art. 1º é crime material, logo, mais grave, não cabendo transação nem suspensão condicional do processo. Em caso de condenação, o réu pode ser beneficiado com a Suspensão Condicional da Pena (Sursis), pena alternativa ou regime aberto; já o do art. 2º, inciso I, é crime formal, ou seja, inexiste resultado naturalístico, sendo de menor potencial ofensivo, cabendo assim os benefícios da Lei 9.099/95.

Descoberto o crime antes de haver supressão ou redução de tributo, aplica-se o art. 2º, inciso I; descoberto após haver supressão ou redução de tributo, aplica-se o art. 1, inciso I (NUCCI, 2008, pp. 432 e 433)

O inciso II tem como núcleo do tipo deixar de recolher no prazo estipulado em lei, determinado valor de tributo ou contribuição social, descontado ou cobrado, na qualidade de sujeito passivo de obrigação e que deveria recolher aos cofres públicos. Ex.: o empregador desconta parcela do imposto de renda do salário de seu funcionário e não a repassa aos cofres da União. O Sujeito Ativo é o substituto tributário; Sujeito Passivo é o Estado; Objeto Material é o tributo descontado ou cobrado e não repassado; Objeto Jurídico é a arrecadação tributária estatal.

Classificado pela doutrina majoritária como: crime próprio; material; de forma livre; omissivo, muito embora exista conduta comissiva prévia (descontar ou cobrar o tributo de alguém); instantâneo;

unissubjetivo e unissubsistente (cometido em um ato apenas, por ser crime omissivo). Não admite tentativa (NUCCI, 2008, p. 433).

O inciso III tem como núcleo do tipo exigir, pagar e receber, para si ou para o contribuinte beneficiário, percentagem sobre a parcela dedutível ou deduzida de imposto ou de contribuição como incentivo fiscal (é a redução da carga tributária, total ou parcialmente, como

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pode ser qualquer pessoa que atue como intermediário no repasse da parcela dedutível ou deduzida de tributo, na modalidade exigir. Nas formas pagar ou receber pode ser tanto o encarregado de operar a dedução como o contribuinte-beneficiário, dependendo do caso; Sujeito Passivo é o Estado; Objeto Material é a percentagem sobre parcela dedutível ou deduzida de tributo como incentivo fiscal; Objeto Jurídico é a arrecadação tributária estatal (NUCCI, 2008, p. 434).

Classificado pela doutrina majoritária como: crime próprio; formal na forma exigir e material nas formas pagar ou receber; de forma livre; comissivo; instantâneo; unissubjetivo e unissubsistente (NUCCI, 2008, p. 434).

O inciso IV tem como núcleo do tipo deixar de aplicar ou aplicar em desacordo com o estatuído, incentivo fiscal ou parcelas de imposto liberadas por órgão ou entidade (são termos correlatos, significando um ente estatal da administração direta ou indireta) de desenvolvimento.

Sujeito Ativo é o beneficiário do incentivo fiscal ou da parcela de imposto liberada por órgão ou entidade de desenvolvimento; Sujeito Passivo é o Estado; Objeto Material é a quantia recebida a titulo de incentivo fiscal ou a parcela de imposto liberada pelo ente competente; Objeto Jurídico é a arrecadação tributária estatal (NUCCI, 2008, p. 435).

Classificado pela doutrina majoritária como: crime próprio; material; de forma livre; omissivo na forma deixar de aplicar, porém comissivo na modalidade aplicar em desacordo com o estatuído;

instantâneo; unissubjetivo e unissubsistente (cometido num único ato, deixando, por exemplo, escoar o prazo para aplicação) ou plurissubsistente (cometido por mais de um ato, aplicando a verba em programa totalmente diverso do almejado pelo Estado), conforme o método eleito pelo agente. Admite tentativa na forma plurissubsistente, embora de difícil configuração (NUCCI, 2008, p.

435).

O inciso V tem como núcleo do tipo utilizar ou divulgar programas de processamento de dados (softwares) que permitam ao sujeito passivo da obrigação tributária possuir informação contábil diversa daquela que é, por lei, fornecida a Fazenda Pública. Sujeito Ativo é o contribuinte;

Sujeito Passivo é o Estado; Objeto Material é o programa de processamento de dados; Objeto Jurídico é a arrecadação tributária do Estado (NUCCI, 2008, pp. 435 e 436).

A doutrina dominante o classifica como: crime comum; formal; de forma livre; comissivo;

instantâneo; unissubjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente conforme o método eleito pelo agente. Admite tentativa na forma plurissubsistente, embora também de difícil configuração.

Por ultimo, o artigo 3º estatui: “Constitui crime funcional contra a ordem tributária, além dos previstos no Decreto-Lei nº 2.848, de 07 de dezembro de 1940 – Código Penal (Título XI, Capítulo I)”. São crimes punidos com reclusão de 1 a 4 anos, e multa. Comparando-se a figura do art. 3º, III, desta Lei com o art. 321 do CP, que são praticamente idênticas, observa-se o extremado rigor estabelecido no tipo penal especial. No CP prevê-se detenção de três meses a um ano vez que, na Lei em tela, é pena de um a quatro anos. Nota-se também que, para a consumação do presente delito em crítica, não se exige qualquer supressão ou redução de tributos, o que evidencia, ainda mais, a disparidade existente e inexplicável.

O inciso I tem como núcleo do tipo extraviar livro oficial, processo fiscal ou qualquer documento de que tenha a guarda em razão da função; sonegá-lo ou inutiliza-lo, total ou parcialmente, acarretando pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social.

Sujeito Ativo é o funcionário público que em razão da função exercida tenha a guarda dos objetos previstos no tipo; Sujeito Passivo é o Estado; Objeto Material pode ser o livro oficial, o processo fiscal ou outro documento em poder do funcionário da área fazendária; Objeto Jurídico é misto: a arrecadação tributária do Estado e a administração pública, no enfoque moral, uma vez que o funcionário público atuou de maneira irregular (NUCCI, 2008, p. 437).

A doutrina majoritária o classifica como: crime próprio; material; de forma livre; comissivo;

instantâneo nas formas extraviar e inutilizar, porém permanente na modalidade sonegar;

unissubjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente conforme o método eleito pelo agente.

Há a exigência do resultado naturalístico. Não basta o extravio, sonegação ou inutilização do livro, processo ou outro documento, pois se torna essencial haver o pagamento indevido ou inexato de tributo ou contribuição social (NUCCI, 2008, p. 437).

O núcleo do tipo do inciso II é exigir, solicitar ou receber, para si ou para outrem, direta ou indiretamente, ainda que fora da sua função, ou antes, de iniciar o seu exercício, mas em razão dela, vantagem indevida; ou aceitar promessa de tal vantagem, para deixar de lançar ou cobrar tributo ou contribuição social, ou cobrá-los parcialmente. Sujeito Ativo é o funcionário público;

Sujeito Passivo é o Estado; Objeto Material é a vantagem indevida; Objeto Jurídico é misto: é a arrecadação tributária estatal e a moralidade da administração pública.

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A doutrina majoritária o classifica como: crime próprio; formal; de forma livre; comissivo;

instantâneo; unissubjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente conforme o método eleito pelo agente. Admite-se a tentativa na forma plurissubsistente (NUCCI, 2008, p. 438).

Aqui, algumas vezes, podemos nos confrontar com excessos de exação. Exação é a cobrança pontual de tributos. Quando o funcionário demanda tributo do contribuinte, sabendo ou devendo saber ser indevido, bem como quando emprega na cobrança meio vexatório ou gravoso ilegal incide nas penas do art. 316, §1º, do CP. Se desviar o tributo recebido, em proveito próprio ou alheio, deixando de recolhê-lo aos cofres públicos, cabe a figura do art. 316, §2º, do CP. Note-se, portanto, que o servidor está cobrando tributo indevido para o Estado ou, para cobrá-lo, de algum modo, humilha o contribuinte. Por outro lado, pode receber exatamente o tributo devido, mas embolsá-lo. Em suma, não exige, recebe, solicita ou aceita promessa de vantagem indevida qualquer, justamente para não cobrar o tributo ou cobra-lo parcialmente (essa figura configura o Inciso II do art. 3º desta Lei) (NUCCI, 2008, pp. 438 e 439).

O inciso III tem como núcleo do tipo patrocinar, direta ou indiretamente, interesse privado (qualquer ganho ou meta do particular, lícito ou ilícito, justo ou injusto) perante a administração fazendária, valendo-se da qualidade de funcionário público. Sujeito Ativo é o funcionário público;

Sujeito Passivo é o Estado; Objeto Material é o interesse privado; Objeto Jurídico é a moralidade da administração pública.

A doutrina majoritária o classifica como: crime próprio; formal; de forma livre; comissivo;

instantâneo; unissubjetivo e unissubsistente ou plurissubsistente, conforme o método eleito pelo agente. Admite-se tentativa na forma plurissubsistente (NUCCI, 2008, p. 439).

RESULTADOS E DISCUSSÃO

A Lei nº 4.729, de 14 de julho de 1965, que instituiu o crime de sonegação fiscal, disse extinguir-se a punibilidade “quando o agente promover o recolhimento do tributo devido, antes de ter início, na esfera administrativa, a ação fiscal própria” (MACHADO, 2008, p. 373).

Ao após, a Lei nº 8.137/90 – ora comentada no tópico superior – estabeleceu no art. 14:

Art. 14. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos nos arts. 1º a 3º quando o agente promover o pagamento de tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia.

A Lei 8.696, de 26 de agosto de 1993, em seu artigo 3º, estabeleceu: “Extingue-se a punibilidade dos crimes previstos nos artigos 1º a 3º da Lei 8.137/90, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, com seus acessórios, antes do encerramento do procedimento administrativo”. Contudo, este dispositivo foi vetado pelo Chefe do Executivo há época.

Com efeito, a Lei nº 9.249, de 26 de dezembro de 1995, em seu artigo 34 restabelece a extinção da punibilidade pelo pagamento, nos seguintes termos:

Art. 34. Extingue-se a punibilidade dos crimes definidos na Lei 8.137/90, e na Lei 4.729/65, quando o agente promover o pagamento do tributo ou contribuição social, inclusive acessórios, antes do recebimento da denúncia.

Em maio de 2003, com a Lei 10.684 o assunto se pacifica. O art. 9º, § 2º prevê: “Extingue- se a punibilidade dos crimes referidos neste artigo quando a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos e contribuições sociais, inclusive acessórios”.

Em fevereiro de 2011 adveio da Lei 12.382 que inseriu 5 parágrafos ao art. 83 da Lei 9.430/96, enumerando o até então parágrafo único. Em seu § 6º prevê: “As disposições contidas no caput do artigo 34 da Lei 9.249, de 26 de dezembro de 1995, aplicam-se aos processos administrativos e aos inquéritos e processos em curso, desde que não recebida a denuncia pelo juiz”. Seu § 4º fala da Extinção de Punibilidade: “Extingue-se a punibilidade dos crimes referidos no caput quando a pessoa física ou a pessoa jurídica relacionada com o agente efetuar o pagamento integral dos débitos oriundos de tributos, inclusive acessórios, que tiverem sido objeto de concessão de parcelamento”.

Considerando a regra do § 6º, que antes da Lei 12.382/11 estava no parágrafo único, já havia sido alterado pelo § 2º, do art. 9º, da Lei nº 10.684/03, no sentido de se admitir a extinção da punibilidade pelo pagamento feito a qualquer tempo, agora será suscitada a questão de saber se

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voltamos, ou não, à situação na qual o pagamento somente operava a extinção da punibilidade se efetuado antes do recebimento da denuncia.

CONCLUSÕES

Com a identificação de alguns artigos que tratam e puderam tratar da extinção da punibilidade, podemos extrair uma regra, na qual, extingue a punibilidade por meio do pagamento.

Com a inserção do § 6º ao art. 83 da Lei 9.430/96, pela Lei 12.382/11, nasceram várias dúvidas com relação à aplicação, se extinguiria somente se houvesse o pagamento antes do oferecimento da denuncia, ou se a qualquer tempo, desde que efetuado o pagamento.

Concluímos que, a Lei 12.382/11 traz uma grande dúvida sobre a possibilidade de extinção da punibilidade pelo pagamento feito depois de recebida a denúncia. Assim, frente a dúvida, em termos de Direito Penal, o réu deve ser beneficiado, com base no Princípio “In dúbio pro reo”.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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