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GT 10 - Movimentos sociais, protestos e ativismos em contextos de crises: abordagens analíticas e empíricas.

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20º Congresso Brasileiro de Sociologia

12 a 17 de julho de 2020

UFPA – Belém, PA

GT 10 - Movimentos sociais, protestos e ativismos em contextos de crises: abordagens analíticas e empíricas.

Os massacres de Eldorado de Carajás e Pau D'Arco: similitudes e diferenças,

da violência no campo e a mediação dos defensores dos movimentos sociais.

Henry Willians Silva da Silva (UEPA)

O presente trabalho objetiva identificar e analisar a atuação e os discursos dos diversos agentes mediadores de entidades não-governamentais de direitos humanos envolvidos com as causas e defesa dos movimentos, na luta pela terra no estado do Pará. A pesquisa qualitativo-descritiva serviu de instrumento para a coleta de dados assim como à análise de discurso de referência a matriz francesa e pesquisa de documentos, relatórios, dossiês e jornais. Existe nos diversos discursos e atuações um enfoque na luta por direitos à terra e contestação da ordem social vigente. Portanto, afirmamos que os defensores dos movimentos no campo têm um caráter político, lutam por direitos sociais, coletivos e uma proposta política alternativa para a sociedade. Conclui-se que existem litígios discursivos e convergentes, dos mediadores quanto a luta e a garantia de direitos ao acesso à terra, aos movimentos e de conflitos frente à políticas do Estado na Amazônia, que diante desta falta de direitos propiciam diferentes formas de violência como os massacres.

Palavras-chave: Massacres. Violências. Direitos. Movimentos Sociais. Lutas

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INTRODUÇÃO.

Este artigo focaliza em dois massacres de grandes repercussões nacional e internacionalmente ocorridos no Estado do Pará, o de Eldorado de Carajás (1996) e do Pau D’Arco (2017). Busca-se apresentar seus antecedentes, uma breve descrição dos fatos ocorridos, fruto de pesquisa qualitativa, por meio de técnicas de entrevistas, depoimentos, relatórios, dados coletados nas diversas instituições, de representantes e, dos mediadores de defesa da causa dos movimentos camponeses, dentre outros. E diante da singularidade acerca de cada massacre e de distanciamento da temporalidade dos fatos, temos similitudes quanto aos acontecimentos cujos agentes envolvidos na chacina são recorrentes na região, como agentes de seguranças público e privados, a serviço de pretensos proprietários de terras em regiões marcados pela cultura da violência. Assim, temos de um lado, uma leva de trabalhadores rurais, sem terras e defensores dos movimentos na região que lutam pelo acesso à terra, políticas públicas e de assentamentos, sob o instrumento da ocupação de terras como forma de pressão social e; de outro, o avanço do capital com seu modelo para a região, sobre terras e territórios, com o poder do agronegócio, dos grandes latifúndios, das madeiras, das mineradoras, entre outros, que utilizam geralmente serviços de pistolagem, dentre outras formas de violências contra aqueles trabalhadores.

1. BREVE ANTECEDENTES DOS MASSACRES DE ELDORADO DE CARAJÁS (1996) E PAU' DARCO (2017).

Trata-se nesta seção dos antecedentes dos massacres em estudo que demarcam um período de crescimento da violação dos direitos humanos quanto à questão agrária e a luta dos movimentos sociais no campo, que resultaram em violências1 de todas as formas e, principalmente, assassinatos de trabalhadores

1 Adota-se neste trabalho a noção de “violência” conforme Santos (1995, p. 291): “[...] considerar a

violência como um dispositivo de poder, uma prática disciplinar que produz um dano social, atuando sobre espaços abertos, a qual se instaura com uma justificativa racional, desde a prescrição de estigmas até a exclusão, efetiva ou simbólica (...). Essa relação de excesso de

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rurais e lideranças daqueles movimentos. O processo de Ocupação recente na região e seus desdobramentos são marcos de um período tanto do surgimento de movimentos de luta camponesa pela terra, quanto a expansão do capital na região e de seu ápice de interesses do agronegócio, das madeireiras, dos grandes latifúndios, entre outros, que são agentes envolvidos em conflitos na região. Se não bastasse isso, aponta-se também as diferentes formas de correlações entre os diferentes governos seja federal, seja estadual, seja municipais daquela região com segmentos do patronato rural e de seu “braço” repressivo policial em disputa por terras e, numa total ausência da resolução daquelas tensões com derramamento de sangues. Portanto, ressaltaremos esses fatores como desencadeador de muitos massacres de trabalhadores e lideranças de movimentos no campo como foram os massacres de Eldorado de Carajás (1996) e de Pau D’Arco (2017).

Em uma consulta nos bancos de dados da Comissão Pastoral da Terra (CPT), verificou-se que no decorrer dos massacres ocorridos no Brasil, sobretudo no caso paraense, que em geral os "massacres"2 no campo (1985-2020) se deram sobretudo diante: da presença marcante da "pistolagem"3, da “grilagem”4 de terras, das ações policiais em despejos, de "milícias" privadas e, de extração ilegal de madeiras, apenas para ficar nestes, são os fatores recorrentes de violências na disputas por terras na região. Assim, tanto a violência "simbólica"5, quanto as execuções de trabalhadores rurais e lideranças de movimentos, resulta

poder configura, entretanto, uma relação social inegociável porque atinge, no limite, a condição de sobrevivência, material ou simbólica, daquele que é atingido pelo agente da violência. A violência seria a relação social, caracterizada pelo uso real ou virtual da coerção, que impede o reconhecimento do outro – pessoa, classe, gênero ou raça – mediante o uso da força ou da coerção, provocando algum tipo de dano, configurando o oposto das possiblidades da sociedade democrática contemporânea...”.

2A noção de “massacre” adotada neste trabalho: “[...] designam-se como massacre ou chacina

aqueles conflitos agrários em que se registram pelo menos três assassinatos numa mesma ocorrência, ou seja, num só local e numa mesma data...”. (ALMEIDA, 1997, p. 20; CPT, 2017).

3 “Pistolagem”: serviços pagos clandestinamente para pistoleiros e jagunços pelos proprietários de

terras contra trabalhadores rurais, lideranças de movimentos camponeses e seus defensores, resultando em diferentes formas de violências e execuções. Esta forma de atuação ao longo do tempo foi se aperfeiçoando com nova roupagem, como em “empresa de segurança” fortemente armados sob o controle de latifundiários e, do agronegócio, que os movimentos camponeses costumam chamar de serviços contratados pelo “consórcio da morte”. (SOBREIRO FILHO; MANAÇAS, 2018).

4“Grilagem”: documentos falsificados para títulos de terras sob a aparência de “legalidade”. Cf.

(CPT, 2021).

5 “Violência simbólica”: é o resultado do efeito de dissimulação, de naturalização das relações de

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de uma estrutura fundiária altamente concentrada na mão de poucos (sob o poder do latifúndio) e, quando "questionada" por meio de ações pelos posseiros, sem terras, camponeses e movimentos sociais no campo à sua redistribuição de terras, sofrem represálias, torturas, mortes e execuções arbitrárias.

Historicamente a região Sul e Sudeste do Pará é marcada pela cultura da violência no campo. E podemos apontar alguns destes fatos que delinearam a região a partir da Ocupação recente, tais como:

a) Nas décadas de 1970-80, apareceram sobretudo nessa região diversos projetos que alteraram a estrutura espacial, como a Transamazônica, Hidrelétrica de Tucuruí e o garimpo de Serra Pelada, dentre outros, que atraíram um grande contingente populacional para a região, que posteriormente foram absorvidos nos movimentos de camponeses;

b) Antes do aparecimento do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na região, a organização do movimento era de posseiros. As primeiras mobilizações coletivas na região Sul e Sudeste, deram-se em associações independentes e depois evoluíram para os sindicatos. Ademais, no desenvolvimento das lutas, contaram com diversos aliados – CPT, Comunidade Eclesial de Base (CEBs), entre outros;

c) A intensificação das lutas, além das migrações, ocorreu diante da implantação dos diversos projetos do governo federal, como a Companhia Vale do Rio Doce (CVRD);

d) Os posseiros também resistiram à criação da Hidrelétrica de Tucuruí, em fins da década de 1970, quando contaram com a solidariedade, de diversos aliados – CEBs, Sindicatos de Trabalhadores Rurais (STRs), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura (CONTAG), Sociedade Paraense para a Defesa dos Direitos Humanos (SPDDH), partidos políticos;

e) O papel da Igreja foi muito importante para os movimentos, porque a “Teologia da Libertação”6

os influenciou e possibilitou um certo crescimento de

6“Teologia da Libertação (TL)”: tem as seguintes caracterizações: a) foca no “excluído”; b) é a

expressão de movimentos, de setores da Igreja Católica progressistas e, c) é uma doutrina. Assim, a TL é um movimento fundamentado em uma doutrina que foca na libertação do “oprimido”. (Cf. LÖWY, 2016).

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sua organização. Além do mais, a importância da instituição na extração de quadros de lideranças de movimentos sociais;

f) A violência e a impunidade são marcantes na região, principalmente a partir da década de 1970, entretanto, a violência é anterior a este período. A violência intensificou-se a partir da abertura das estradas, que atraiu para a região não somente o migrante, mas também, grande empresa. Contribuíram também para o crescimento da violência a política dos incentivos fiscais do governo; enfim, uma região marcada pela Guerrilha do Araguaia (1972-74) e, advinda do poder de algumas famílias, pelo menos até fins de 1990.

2. OS MASSACRES DE ELDORADO DE CARAJÁS (1996) E PAU D'ARCO (2017): SIMILITUDES E DIFERENÇAS.

Nesta seção tratamos das representações e discursos dos diferentes mediadores7 acerca do caso e dos massacres de Eldorado de Carajás e Pau D’Arco8

ocorridos na região Sul e Sudeste do Pará. Estes defensores e representantes participaram direta e indiretamente no processo de defesa dos trabalhadores rurais nos julgamentos do massacre de Eldorado de Carajás (1996). No caso do massacre de Pau D’Arco (2017) a pesquisa inicial buscou fontes em documentos, relatórios, jornais, depoimentos entre outros para subsidiar a elaboração deste artigo. Portanto, em ambos os massacres enfatiza-se a relação da polícia com a chacina, o papel do Estado, as faenfatiza-ses do terror, a desproporcionalidade de forças da PM nas execuções, a tese de defesa dos policiais no caso e, no julgamento (caso Eldorado de Carajás) e, de outros segmentos envolvidos nos massacres. Assim, mesmo havendo diferenciações tanto ao andamento, fatos e resultados em ambos os casos, temos interseções

7“Mediadores”: são representantes, lideranças ou defensores da causa dos movimentos sociais

no campo.

8 A pesquisa sobre o massacre de Pau D’Arco (2017) ainda está em andamento e que para este

trabalho foram levantados e utilizados dados de pesquisa acerca de documentos, relatórios, jornais, revistas e que para a conclusão desta etapa estão sendo consultados representantes que tem acompanhado direta e indiretamente o caso do massacre em comissões parlamentares, coordenadores, representantes de Direitos Humanos do Pará e lideranças de movimentos sociais no campo, que diante da pandemia que se iniciou em 2020 e que ainda perdura tem dificultado a possibilidade de agendamento de entrevistas e que em algumas entidades há a negativa de gravações via sistema remoto.

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quanto as formas de violências contra trabalhadores rurais e lideranças no “campo de conflitos agrários”9

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No dia 17. 04. 1996, ocorreu o massacre de maior visibilidade no Pará e de repercussão nacional e internacional diante de 19 trabalhadores sem terra mortos por Policiais Militares (PMs), no Sudeste do Pará na PA-150, na “Curva do S”, entre os municípios de Eldorado de Carajás-Pa, Marabá-Pa e Parauapebas-Pa. E mais de 1.500 sem terras participavam de uma marcha para reivindicar do governo do Estado a "reforma agrária" e acamparam obstruindo aquela rodovia para negociações. Diante disso, não houve negociações com o governo do Estado e, sob ordem "superior" a desobstrução se deu sob muita repressão, violências, premeditação, mutilações e humilhações aos sem terras e execuções de suas lideranças e ocupantes pela PM. (CPT, 2021; SILVA e DUARTE, 2017; BRELAZ, 2006; COSTA, 1999; NEPOMUCENO, 2007).

Iniciamos com o seguinte relato do oficial da PM-Pa que acompanhou o caso, sobre a relação da polícia com o desencadeamento do massacre: "[...] com certeza mais da metade das transgressões são impulsionadas pelo próprio Estado (...) Eldorado (...) não tá livre dessa análise também...". (ENTREVISTA 2, DEFESA SOCIAL). Podemos dizer "o Estado fomenta a transgressão", aspecto que permeia e alimenta as diferentes formas de violências no campo paraense. Isto fortalece o descaso do poder público em regiões longínquas em que a representação deste é mínima ou ausente, como por exemplo, a falta de órgãos competentes no interior do estado que poderiam ter mediado a negociação de áreas para projetos de assentamento, situação ausente até o massacre de Eldorado e, quanto ao fato de municípios e distritos do interior nem ter uma delegacia. No caso da relação policial e o massacre conforme relato, muitos policiais vivem nestas mesmas condições em cidades do interior, na condição de "sobrevivência" a buscar meios contrários ao seu dever público e passa a prestar serviços privados, uma espécie de "bico" a comerciantes, fazendeiros e assim por diante. Tanto que identificamos que aqueles tratam estas categorias dominantes

9 “Campo de Conflitos Agrários”: noção inspirado em Bourdieu (2001; 1983) acerca do conceito e

propriedades dos “campos”, como um espaço estruturado de posições entre os diferentes agentes sociais envolvidos dotado de habitus, na luta pelo objeto em disputa que no caso em estudo, a questão da terra.

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como "patrão", caso que marca na região sobretudo do massacre, as "milícias privadas" fardadas a serviço dos grandes fazendeiros e grupos na região. Portanto, a falta de fiscalização pelo poder público, naquela região na época do massacre, contribuiu para a possibilidade de milícias armadas inseridos no massacre de Eldorado.

Noutro momento, fica claro para o representante da polícia que o massacre de Eldorado sinalizava o prenúncio. Pré-condição de que havia dentro da polícia a possibilidade concreta de acontecer a desobstrução da rodovia a qualquer custo. Quando afirma que foi deixado de lado os aspirantes e “que ia "bronquiar" evidencia o resultado trágico de um possível planejamento e premeditação. Tanto que pelos relatos e fatos os sem-terras foram encurralados de um lado, e de outro, da rodovia pelas tropas da PM-Pa, com armamamentos letais.

Para a defensoria da SDDH-Pa que acompanhou o processo de Eldorado, ressaltou que antes do massacre, o MST fazia uma marcha de Curionópolis-Pa até Marabá-Pa, às vésperas da chacina, para a negociação com o INCRA da desapropriação de parte da fazenda Rio Branco e da Fazenda Macaxeira. Ao chegar em Marabá, o movimento havia negociado com a prefeitura e o Estado, a solicitação de comida e de sandálias, mas não foi atendido, por isso ocupou a rodovia, para forçar uma reunião com órgãos do governo e negociar seus objetivos e desobstruir pacificamente a rodovia. Entretanto, sem sucesso houve a intervenção militar das tropas nos dois sentidos da pista, do lado de Curionópolis e de outro de Marabá. No desdobramento dos fatos, há três momentos no massacre, que conforme depoimento, primeiro, não houve reação do movimento, com a chegada da PM, que já chegou atirando, fazendo a primeira vítima "Mudinho". Segundo, os integrantes do movimento ao ver "Mudinho" no chão, retornaram para recolher o ferido, justamente o momento gravado pela televisão mostra a reação dos trabalhadores que jogam suas armas e correm para as margens da rodovia já desobstruída. É a partir daí, que temos o terceiro momento que é o mais dramático, a fase do terror.

Quanto ao caso e o massacre de Eldorado de Carajás, temos discursos convergentes que classificam este episódio como “massacre” e não um

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“confronto” entre sem-terras e policiais militares como alegaram a defesa desses. Por exemplo, vejamos:

[...] Eldorado de Carajás (...) a gente considera que foi uma ação organizada por latifundiários de Marabá com apoio da Polícia Militar, do governo do Estado e de pistoleiros (...) então, foi uma ação pra dar exemplo, aquela foi uma ação p r a d a r e x e m p l o [enfático, mudança de entoação] (...) pra todos que ousavam lutar por reforma agrária naquela época (...) tanto que na operação de Eldorado de Carajás tu tem envolvido justamente isso, tu tem uma cadeia de comando que autoriza né, a desocupação da estrada de forma truculenta, a ordem que foi dada foi, pra desocupar custe o que custar, essa foi a ordem do A. G. na época né, e aí tu joga duas tropas fortemente armadas né, com armamento letal com pistoleiros vestidos de policiais no meio, isso foi autorizado pelos comandantes do massacre (...) e foi feito exatamente exatamente dessa forma, foi feito, em em cima encurralou o povo ali e se, foi atrás de de liderança, principalmente uma que era o Oziel né, mas se tivesse outras lideranças ali, todas seriam mortas entendeu, então a ordem é realmente pra dar exemplo né... (ENTREVISTA 2, SDDH-Pa em 28.05.2010).

[...] foi uma execução sumária [enfática, mudança de entoação, persuasão] (...), porque sumariamente eles condenaram aquelas pessoas a morte né, quando uma pessoa merece ter um processo (...) legal (...) na justiça (...), então é sumário porque assim abreviou todos os atos processuais, já condenado [enfática, mudança de entoação], é arbitrário porque ao arrepio da lei, né (...) totalmente contra o que diz a lei, e extrajudicial porque (...) eles (...) foram condenados fora de uma esfera, que é a única que tem o poder de condenar ou não uma pessoa, que é a esfera judicial, ou seja, o executivo acabou sentenciando de morte né, trabalhadores rurais quando quem só pode sentenciar alguém é... (ENTREVISTA 1, DEFESA SOCIAL-Pa em 24.04.2008).

Nesta fase, a execução sumária das lideranças do movimento, com requintes de crueldades. Os sem terras tiveram mãos cortadas, esmagamento de crânio e mortos com suas próprias armas, foice, terçados e outros. Foi constatado que a) a rodovia já estava desobstruída; b) nenhum trabalhador rural foi preso; c) todos foram executados depois de rendidos e imobilizados e, d) que foi comprovado no processo, um ato de execução, de planejamento e de premeditação. Portanto, era preciso prendê-los e não matá-los.

Constata-se uma barbárie praticada pelo Estado por meio de seu aparato repressivo policial no sentido de implantar no imaginário do movimento a força do poder arbitrário. Primeiro, a ação premeditada de execução das lideranças. Segundo, uma ação para servir de exemplo do poder das oligarquias rurais na defesa da propriedade, por meio do Estado. Terceiro, massacre análogo às execuções medievais de caráter público. Quarto, como já afirmado conforme

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laudo no processo, todos os mortos apresentaram lesões de defesa no antebraço. Consequentemente, uma violência sancionada pelo Estado10.

O massacre de Eldorado de Carajás foi uma ação violenta, organizada, repressiva e exemplar aos movimentos sociais no campo, com diferentes segmentos dominantes e institucionais governamentais. Ou seja, considera-se que o massacre foi realizado por um consórcio entre latifundiários da região, PM, governo do Estado e pistoleiros, sob o poder e sanção arbitrária na condenação à morte de trabalhadores sem-terras. Pois, no relato dos defensores temos: a) presença de armas letais; b) presença de pistoleiros no meio dos policiais sob autorização do comando; c) tropas que encurralaram os sem-terras; d) caçada às lideranças; e) condenação à morte dos que lutavam pela reforma agrária. Portanto, isto demonstra que o massacre foi planejado sem o mínimo de defesa dos sem-terra.

A ação policial e execução da ordem foi repressiva, contra a lei e numa postura como "juiz supremo" de controle sobre os trabalhadores rurais despojando-os do direito a defesa, passando por cima do "Estado democrático de direito" negligenciando um direito fundamental, a terra para o trabalho reivindicada por meio de pressão social.

Houve setores interessados na desobstrução da rodovia ocupada pelos sem terras no caso de Eldorado. Dentre eles, um conjunto articulado de segmentos agrários na região, como proprietários rurais. Tanto que a defesa da SDDH-Pa e do Ministério Público, de que havia policiais orientados para realizar o massacre e de pistoleiros vestidos de policial, sob a conivência de comandantes e grande quantidade de armamentos envolvidos. Enfim, por isso que a entidade afirma que este evento foi um massacre, por não haver qualquer resistência dos sem terras, que por sua vez foram emboscados.

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Podemos constatar este na ata do Tribunal (1997) no depoimento do legista Nelson Massini que foi indicado pela Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados, de caráter independente na conclusão do laudo de perícia médica realizado nos corpos dos sem-terra chacinados, que tem a confirmação de que houve um massacre pela desproporção de forças entre os envolvidos, como tiros certeiros na cabeça, no coração, à queima-roupa, na nuca e, lesões de defesa com armas “brancas”, instrumentos dos sem terras, que configuram um massacre com requinte de perversidades.

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Após duas décadas, no dia 24.05.2017, diante da desocupação e mandado de prisão de ocupantes da Fazenda Santa Lúcia (antiga fazenda Borba, registrada em nome de Honorato Babinsk Filho), na região Sul do Pará, policiais militares e civis cometeram execuções contra 10 ocupantes, dentre estes 1 (uma) mulher11. Consequentemente, a operação se deu pela Delegacia de Conflitos Agrários (DECA) sob o apoio de policiais daquela região. (CPT, 2021). A ocupação reivindicada pelo movimento dos sem terra ao INCRA desde 2013 com aproximadamente 160 famílias, era para obter área de assentamento. (CPT, 2021; PEREIRA e AFONSO, 2018).

Após a avaliação do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (INCRA), propuseram a negociação da compra da área12, mas o proprietário recusou, resultando a partir daí na investida do proprietário em mandado de posse da terra e sua reintegração por meio da Vara Agrária13 de Redenção, sendo que esta não estabeleceu diálogo entre as partes envolvidas na solução do "litígio". E entre 2013-17 ocorreu ações de despejos pela ação policial da região.

Após o massacre de Eldorado de Carajás (1996) houve acordos do governo do Estado e Tribunal de Justiça do Estado do Pará (TJE-PA), que nas ações policiais de reintegração de posse deveriam parti as tropas da capital para a região em disputa, mas a Vara Agrária (Redenção) contrariou esse acordo estabelecendo o policiamento local da região.

A partir daí, diante de certo recuo da ocupação em outra área (Projeto Assentamento Rivetti) próximo a fazenda Santa Lúcia, o proprietário desta fazenda por meio de contratação de "milícias" ou empresa privada passaram a ameaçar os trabalhadores na reocupação da área pelo proprietário. E diante dessas ameaças em que ocorreu a morte de um vigilante da "empresa"

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A mulher é a liderança do movimento de ocupação na área da fazenda Santa Lúcia chamada Jane Julia que foi executada e humilhada pelos policiais envolvidos na chacina segundo depoimentos de sobreviventes. (PORTO, 2020).

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Conforme liderança do MST-Pa, a fazenda Santa Lúcia pertence ao Estado, são aproximadamente 5 mil hectares de terras que em grande parte são griladas, ilegal e irregular, exigida pelo pretenso fazendeiro que tinha conseguido apenas o título de 600 hectares dessa área. (SOBREIRO FILHO; MANAÇAS, 2018).

13 “Varas Agrárias”: no caso paraense, forma de mediação de conflitos de terras pelos Tribunais de

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contratada pelo proprietário, gerou posteriormente o estopim das ações policiais que resultou no massacre. (PEREIRA e AFONSO, 2018).

Em decorrência desta morte do segurança, a polícia solicitou à 2ª Vara Penal de Redenção a prisão dos envolvidos naquele “confronto”. E a polícia esperou uma nova reocupação da área para fazer a ação criminosa. Mesmo os trabalhadores sem terra correrem para o mato ocorreu o cerco a eles e as execuções ocorridas sem chance de defesa. Ainda sim alguns escaparam, foram testemunhas sob ameaças de mortes. Portanto, a polícia alterou a cena do crime e com a destruição de provas.

Diante disso, uma vítima sobrevivente da chacina que prestou depoimento numa entrevista a comissão da ALEPA-Pa como testemunha ocular dos fatos ocorridos reforçam a condição de massacre:

[...] Que acordou por volta de 6:30h, no acampamento que montaram próximo a sede da fazenda Santa Lúcia, que ouviu a aproximação de pessoas na fazenda e julgava ser a policia, procederam como era sua praxe e abandonaram o local do acampamento e refugiaram-se na mata munidos de uma lona preta que armaram para protegerem-se da chuva, (...) Que num destes diálogos perguntou a presidenta da associação, Jane Júlia, o que fariam se a policia chegasse; Que ouviu como resposta a afirmação que seriam presos de novo e após serem soltos voltariam a terra; Que ouviu quando a policia chegou ao local do acampamento e começaram a ouvir barulho de utensílios sendo jogados ao chão, chutados e quebrados; Que estavam sentados de costa para a direção de onde a policia veio; Que ouviu apenas o grito do policial Delegado Miranda, que disse – “Ninguém corre que vai morrer” e começaram os tiros; Que as pessoas começaram a correr junto com os tiros; Que viu a presidenta Jane Júlia nem conseguir se levantar e já tombar próximo a si; Que começou a correr, mas logo após correr alguns metros suas pernas “falharam”, Que caiu no chão e ficou aterrorizada escutando os tiros e gritos; Que tentou correr de novo, mas não conseguia ter forças de se levantar; Que engatinhou pelo mato alto e se escondeu; Que passou a ouvir quando os policiais e o Delegado Miranda gritavam e espancavam os seus companheiros capturados; Que um por um dos capturados foi espancado, ouvindo o barulho dos socos, chutes e gritos; Que o Delegado Miranda gritava perguntando – “quer morrer vagabundo, tu vai morrer”; – “quer correr, corre, corre vagabundo...”; Que ouviu os tiros e os gritos das pessoas sendo mortas; Que ouviu este procedimento se repetir, espancamento, gritos, ordem para fugir e tiros; Que não houve reação...”. (ALEPA/CDHDC, 2021a, p. 11).

Assim, não ocorreu prisões, apenas execuções dos ocupantes da fazenda pelos policiais, que gerou posteriormente prisões preventivas daqueles policiais e,

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que foram soltos pelo TJE-Pa e ainda, sem previsão da conclusão do inquérito, estabelecendo a impunidade do caso. (CPT, 2021; PEREIRA e AFONSO, 2018).

No caso de Pau D’Arco, a participação de agentes de segurança pública, como policiais civis entre os militares na desocupação da fazenda sinalizava que o resultado seria mais um caso de violência contra os ocupantes a qualquer custo. Verifica-se segundo documentos da CPT (2018) a atuação da polícia como "milícia" armada de articulação com empresários, proprietários rurais e instituições do Estado para a manutenção do "status quo" na região. Assim, a polícia agia em associação com fazendeiros, como afirma depoimento de mulher de "pistoleiro". (CHACINA..., 2021 [2017]; PEREIRA e AFONSO, 2018).

Não houve conforme o relatório da Assembleia Legislativa do Estado do Pará (ALEPA-PA) junto a Comissão de Direitos Humanos e Defesa do Consumidor (CDHDC) quanto ao acompanhamento da operação policial que resultou no massacre de Pau D'Arco na região Sul do Pará, o cumprimento de regras claras de condutas na preservação dos fatos ocorridos. Além do mais, o encarregado da operação delegado identificado como "Miranda" tinha o dever funcional de preservar a cena do crime, que posteriormente dificultou os trabalhos e deslocamento de perícia técnica ao local. Assim, este tipo de atitude dos policiais abriu precedentes para o arquivamento dos inquéritos policiais e do processo, tática que resultaria na impunidade dos responsáveis. (ALEPA/CDHDC, 2021a).

Desta maneira, fica evidente neste caso de Pau D’Arco flagrantes de violações de Direitos Humanos sob a prática de tortura e execuções. A operação tinha a finalidade conforme o relatório, de forma velada desarticular qualquer forma de reorganização da ocupação pelo movimento e lideranças, em defesa dos pretensos proprietários. Consequentemente, dentre os demais aspectos conclusivos conforme o relatório apresentado pela ALEPA-PA, tem-se a marca evidente não apenas a criminalização pelos agentes de segurança tanto da luta pelo acesso a terra, quanto o foco nas execuções de lideranças dos movimentos de luta pela terra, com o intuito a meu ver, de "resolver" o "problema" agrário na região por meio da violência, numa clara relação de dominação do poder do latifúndio sobre os movimentos no campo numa região marcada pela impunidade.

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Ademais, outros elementos constatam que o que ocorreu na fazenda Santa Lúcia foi uma chacina e não "confronto" como defendiam os agentes de segurança pública. Esta confirmação se deve, sobretudo, baseado nos relatos dos sobreviventes-depoentes à comissão da ALEPA-Pa, tanto do laudo pericial do IML "Renato Chaves" quanto ao local dos fatos, do laudo cadavérico e do laudo balístico. Portanto, concluiu-se que a operação deflagrada resultou na execução das lideranças daquela ocupação da fazenda, desmobilizando a luta daqueles trabalhadores rurais. (ALEPA/CDHDC, 2021b).

Acresce a isso, que o governo do Estado, a delegacia geral da Polícia Civil do Pará (PC-Pa) e do Ministério Público Estadual (MPE-Pa) admitiram conforme os laudos apresentados anteriormente que ocorreu execuções daqueles ocupantes pelos agentes de segurança pública e não suas prisões. Em relação ao laudo balístico conclusivo, a Delegacia Geral da PC-Pa, ressaltou: a) mortes relacionadas com as armas policiais; b) da mesma maneira, confirma o M. Público do Pará: tiros a queima-roupa de cima para baixo, nenhuma das dez vítimas fatais tinha resquícios de pólvora nas mãos, logo derrubando a tese de "confronto", já que as vítimas não tiveram chance de resistência e; c) nenhum policial foi alvejado pelos ocupantes. (ALEPA/CDHDC, 2021b).

Ademais, o relato do representante do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra no Pará (MST-Pa), quanto as execuções no massacre de Pau D’Arco: “[...] a polícia chegou atirando, humilhando e espancando os trabalhadores que não conseguiram fugir. Vários conseguiram fugir ainda, outros foram capturados e foram massacrados por conta da operação da polícia. Massacrados literalmente...”. (DEPOIMENTO DE LIDERANÇA DO MST-PA, 29.05.2017 EM ENTREVISTA A J. S. FILHO)14. Além disso, ocorreu a manipulação do cenário do crime pelos agentes de segurança, colocando portanto em xeque a tese de "confronto".

Diante da heterogeneidade de policiais envolvidos na chacina gerou ruptura do "pacto de silêncio", resultando entre alguns policiais (2) a colaborar na condição de "delação premiada" aos promotores de justiça do Estado de que não houve "confronto", mas sim execução, afirmando também que no local do crime

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tanto na chegada de policiais civis quanto de policiais militares houve "intimidação" por parte destes (militares): "E aí, delegado (...) não pode sair ninguém vivo daqui". (ALEPA/CDHDC, 2021b).

Segundo esta delação possibilitou a individualização das condutas dos policiais o que fez o M. Público, a PC-Pa e a Polícia Federal (PF) pedirem, a prisão de 13 policiais envolvidos na chacina, sendo inicialmente acatada e determinada pela Justiça a prisão deles. E mesmo algum tempo depois, ocorreu o assassinato de uma liderança que após a chacina na fazenda Santa Lúcia tinha retornado para a fazenda sofrendo execução, por meio de pistolagem.

Assim, diante dos fatos ocorridos tem-se a evidência de que não houve redução das violências naquela região, de um Estado ausente na resolução da violência e dos problemas relacionados ao problema fundiário. E para agravar este caso, pouco tempo depois, houve um indeferimento de prorrogação de prisão (solicitado pela Promotoria) e o magistrado Dr. JunKubota revogou as prisões dos policiais. Sinal claro de impunidade e possível vingança daqueles contra os ocupantes que sobreviveram a chacina. Este caso do massacre de Pau D’Arco ainda está sob investigação e de sigilo de informações entre os envolvidos, logo sem previsão a conclusão do inquérito.

Diante do exposto, tanto do caso dos massacres de Eldorado de Carajás (1996), quanto de Pau D’Arco (2017), apesar do distanciamento temporal, temos alguns elementos em comum: como a atuação dos agentes de segurança pública envolvidos no massacre; o papel governamental quanto a mediação em áreas tensa em conflitos no campo; de uma região demarcada pela violência, pistolagem, grilagem e; restando apenas aos trabalhadores rurais o acesso a terra por meio de ocupação de terras, dentre outros. Podemos então resumir estes aspectos comuns em ambos os massacres:

1) A participação de órgãos de segurança pública (em atos de violência extrema);

2) A inserção de pessoas no meio desses agentes de segurança a serviço de interesses privados (como milícias privadas), sob a pretensão de solucionar os "conflitos" no campo;

(15)

3) A tensão e o agravamento se deram quando ocupantes são submetidos a desocupação da área ou desobstrução de rodovias à força, sem nenhum diálogo por meio de execução sumária, arbitrária e extrajudicial;

4) A ação dos “movimentos camponeses”15 (sem terra) por meio de suas estratégias de luta social e conflitual para a garantia de seus objetivos, como por exemplos, acampamentos, marchas, ocupações, bloqueios de estradas, resistências, cânticos, dentre outros, como forma de resistências, "incomoda" setores do patronato rural e do agronegócio na região e no Estado;

5) Ampla cobertura nos meios de comunicação e mídias sociais, que no caso do massacre de Eldorado de Carajás foi decisivo e, que no caso de Pau D'Arco por meio de sobreviventes ganhou espaço da imprensa e da quantidade de mortos;

6) A presença da impunidade dos responsáveis envolvidos em conflitos de terras e territórios é predominante na região e; da ausência do papel do Estado na mediação em conflitos por meio de seus órgãos competentes; enfim, a visibilidade destes casos só ganharam espaços midiáticos e interesses em investigação quando da proporção da violência e da quantidade de mortos são chocantes.

CONSIDERAÇÕES FINAIS.

Em linhas gerais, a questão no campo agrário paraense é marcada pelo sangue de trabalhadores rurais pobres, camponeses e representantes de movimentos sociais que são defensores daqueles oprimidos. A região Sul e Sudeste do Pará é, portanto, marcada pela cultura da violência sob a presença de setores do patronato rural, grandes latifundiários, do agronegócio, madeireiras, mineradoras e, outros que para garantirem seus interesses e predomínio na região não medem esforços para intimidar setores que defendem os trabalhadores na luta pelo acesso à terra e seus ocupantes. Desta forma, a luta dos trabalhadores rurais e de movimentos que defendem esta luta, são relevantes para reduzir a péssima concentração na estrutura fundiária sob o domínio do

15 “Movimentos camponeses”: classicamente somente é um movimento, se há uma pauta que

movimente ou permeie seus objetivos, como: terra, direitos, arrendamentos, entre outros. (HOBSBAWM, 2017).

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agronegócio e de grandes latifúndios que cada vez mais avançam em terras e territórios sem a mínima preocupação, desrespeitando populações inteiras, a legislação e, sobretudo, o meio ambiente. Ademais, são marcos característicos do cenário anterior aos massacres em estudo e, que perdura na região até os dias atuais a questão da violação dos direitos humanos.

Por conseguinte, com base em levantamento de dados, sobretudo, em relatórios, depoimentos, laudos, entre outros, podemos resumir que nos massacres de Eldorado de Carajás e de Pau D’Arco tivemos: 1) a presença de grupos de extermínios envolvidos (sob a aliança entre proprietários rurais, agentes de segurança e o Estado); 2) uma clara violação do direito humano, a vida; 3) conforme peritos criminais evidências de execuções sumárias entre as vítimas, configurando o caráter de “massacre” e, de execuções planejadas. 4) enfim, a lógica de desenvolvimento e avanço do capital no campo na região amazônica, sobretudo na região Sul e Sudeste do Pará, sob um modelo de interesses do agronegócio, de mineradoras, de madeireiras, dos grandes latifúndios e de grandes comerciantes, são geradores de disputas, conflitos, violências e execuções contra populações camponesas, sem terra e indígenas na apropriação de terras e territórios.

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https://blogdobordalo.com/wp-content/uploads/2019/10/RELAT%C3%93RIO-DE-

ACOMPANHAMENTO-DE-OPERA%C3%87%C3%83O-POLICIAL-QUE-

RESULTOU-NA-MORTE-DE-10-OCUPANTES-DA-FAZENDA-SANTA-L%C3%9ACIA-NO-MUNIC%C3%8DPIO-DE.pdf . Acesso em: 26. mai. 2021a. 20p.

(17)

ALEPA/CDHDC. Atualização do Relatório de acompanhamento de operação

policial de cumprimento de mandados de busca e apreensão e prisão preventiva que resultou na morte de 10 ocupantes da fazenda Santa Lúcia no município de Pau D'Arco na Região Sul do Pará. Belém, Pa. 09.08.2017.

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