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CARACTERIZAÇÃO DOS DISTRITOS ABRANGIDOS PELO PARQJUE NACIONAL DAS QUIRIMBAS

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CARACTERIZAÇÃO DOS DISTRITOS ABRANGIDOS PELO

PARQJUE NACIONAL DAS QUIRIMBAS

RELATÓRIO DO ESTUDO SÓCIO-ECONÓMICO PARTE I

DRAFT

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SECÇÃO I. DESCRIÇÃO SOCIOECONÓMICA GERAL DOS DISTRITOS ABRANGIDOS PELO PARQUE NACIONA DAS QUIRIMBAS

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1.1. Área do PNQ

O PNQ tem uma área total de 750,639 ha, dos quais 598,402 ha são habitats terrestres e 152,237 ha são habitats marinhos e ilhéus (http://www.wwf.org.mz/) e abarca 7 distritos, nomeadamente Macomia, Meluco, Quissanga, Montepuéz, Ancuabe, Metuge e a ilha do Ibo. Entretanto apenas os distritos de Quissanga e Ibo encontra-se complementamente dentro do parque enquanto que os restantes distritos contribuem com certos postos administrativos. 1.2. População

1.2.1. Estatísticas gerais

Os distritos abrangidos pelo PNQ contam actualmente (2015) com uma população estimada em 593201 habitantes, sendo o distrito de Montepuéz o mais habitado. O distrito de Metuge é mais povoado com uma densidade de 75,1 habitantes por km2. Contudo a sua participação na área do parque é inferior a 20% da sua superfície. Meluco é o distrito menos povoado com 4,5 habitantes por Km2 e é distrito com maior proporção de área dentro do parque, seguido pelo distrito de Quissanga. Por outro lado é de destacar o facto de este distrito, o único que se encontra localizada completamente dentro do parque, possui a terceira maior densidade populacional dentre os seis distritos, o que pode significar uma certa pressão das comunidades sobre os recursos naturais.

Tabela 1.1. Estatísticas da população do PNQ em 2015 Distrito População total Area (Km2) Densidade populacional (hab/Km2) Ancuabe 121200 4836 25,1 Macomia 91033 4967 18,3 Meluco 26221 5777 4,5 Montepuéz 230013 15871 14,5 Metuge 82113 1094 75,1 Quissanga 40486 2103 19,3 Total 593201 34648

Como sucede com outros parques em Moçambique, dentro do PNQ existem assentamentos humanos, ainda que com densidade populacional relativamente reduzida. A maior densidade populacional observa-se ao longo das principais estradas, enquanto que a menor densidade observa-se nos postos administrativos no interior do parque.

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1.2.2. Historial e projecções de estatísticas da população (1997-2040)

O gráfico da Figura 1 apresenta o historial de crescimento da população dos distritos abrangidos pelo PNQ nos últimos 17 anos (1997-2015) assim como a tendência de crescimento da população para os próximos 25 anos (2015-2040), com base nas projecções do INE.

Figura 1.1.Tendência de crescimento da população no período 1997-2040

A população de todos os distritos observou uma tendência crescente no período 1997-2015, com destaque para os distritos de Montepuéz, Ancuabe, Metuge e Macomia. De acordo com as projecções de INE (2013), espera-se a mesma tendência de crescimento para os mesmos distritos para o período 2015-2040 para os distritos de Montepuéz, Metuge e Macomia. Entretanto para os distritos de Ancuabe, Meluco e Quissanga espera-se uma ligeira tendência decrescente da população a partir de 2035, após uma tendência crescente, com anos anteriores, conforme detalha a tabela abaixo.

Tabela 1.2. Historial e projecção de estatísticas da população nos distritos do PNQ (1997-2040) Distrito 1997 2007 2015 2035 2040 Ancuabe 87243 109057 121,20 118597 114259 Macomia 69973 81240 91033 114587 120556 Meluco 23912 25076 26221 23552 22295 Montepuéz 149181 196984 230013 292478 301405 Metuge 42395 64079 82113 113404 118846 Quissanga 34328 38437 40486 36201 34240 0 50000 100000 150000 200000 250000 300000 350000 1990 2000 2010 2020 2030 2040 Ancuabe Macomia Meluco Montepuéz Metuge Quissanga

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1.3. Infra-estruturas

1.4. Descrição geral das actividades económicas

A agricultura é a principal actividade económica dos distritos abrangidos pelo PNQ, sendo praticada tanto agricultura para o consumo familiar como para fins comerciais. Para além de culturas agrícolas alguns distritos praticam a pesca, exploração de recursos florestais, minerais e comércio.

1.5. Acesso e posse de terra

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SECÇÕES 2 A 7

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SECÇÃO 2. DISTRITO DE METUGE

2.1. DESCRIÇÃO GERAL

2.1.1. Localização do distrito e divisão administrativa

O distrito de Metuge situa-se a 40 Km a Oeste da cidade de Pemba, limitando-se a Norte como o distrito de Quissanga, a Sul com o distrito de Mecúfi, a oeste com o distrito de Ancuabe e a Este com a cidade de Pemba.

A sua localização próximo da capital provincial (cidade de Pemba), e o surgimento de vários megaprojectos na província de Cabo Delgado que têm impulsionado o desenvolvimento da cidade de Pemba, conferem ao distrito, uma posição previlegiada de ser um dos principais canais de desenvolvimento, uma vez que serve de corredor de ligação do interior da província de outras províncias e de alguns países vizinhos com a cidade de Pemba. O distrito conta com dois postos administrativos e cinco localidades, segundo se detalha na tabela abaixo.

Quadro 2.1. Divisão administrativa do distrito de Metuge

Posto Administrativo Localidades

Metuge-sede Sede Nacuta Messanja Mieze Mieze Nanlia Fonte: MAE (2005) 2.1.2. Relação com o PNQ

O Parque Nacional das Quirimbas abrange a parte Norte do Distrito de Pemba-Metuge. Há duas aldeias que estão na zona de protecção total nomeadamente Soco e Namau. Nesta zona não são permitidas quaisquer actividades de extracção de recursos e os ecossistemas são protegidos até ao nível que é possível, dos efeitos danificadores da actividade humana podendo ser permitidas actividades de investigação científica e um turismo controlado. A zona tampão do parque abrange 13 aldeias nomeadamente Unidade, 25 de Junho, Nanjua, Nacuta, Tratara, Mueve, Milamba, Messanja, Ntessa, Miquindane, Gimpiria, Londo e

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Namiteue. Esta zona é formada por uma faixa de 10 Km de largura à volta dos limites do parque e segundo o plano de maneio, deveria ser limitada a actividades ligadas à conservação, à criação de animais, ao desenvolvimento do turismo e outras do género (DPCAA – Cabo delgado, 2007).

2.1.3. Clima

O distrito de Metuge é caracterizado por um clima tropical húmido, com uma alta precipitação concentrada em 5 – 6 meses que permite definir duas estações: Uma húmida e quente, influenciada pelos ventos alísios, estendendo-se de Novembro a Abril. A outra estação é seca mais fresca que vai de Maio a Outubro. Atendendo a classificação climática de Köppen, o distrito pertence a um clima tropical chuvoso de Savana.

A humidade relativa anual é maior no distrito de Metuge, se comparado com outros distritos do interior pelo facto de estar próximo da costa que é influenciado pelas correntes dos ventos procedentes do Índico, com valores de 80 – 83 %, e menor no interior que varia de 68 – 69% (DPCAA, 2007). A precipitação média anual varia entre 800 e 1000 mm e a temperatura média durante o período de crescimento das culturas excede os 25º C (24 a 26º C). A evapotranspiração potencial é da ordem dos 1400 a 1600 mm (MAE, 2005)

2.1.4. Solos

O distrito de Metuge apresenta-se com solos muito pesados de cor cinzenta e negra, mal drenados e de difícil lavoura no interior e na costa apresentando-se com argila e mal drenados (Ottesen at all, 1995 citado por GD-Metuge, sd). Segundo a mesma fonte, os tipos de solos predominantes são os Arenosol Gleyco e Regossol êutrico, junto à costa. Os Arenosol Gleyco e Ferralsol ródico, ocupam a maior extensão na Zona Sul do Distrito enquanto que a Zona Norte é dominada pelo Regossol êutrico e Leptosol éutrico.

O distrito de Metuge tem solos bastante férteis devido às suas características físico morfológicas o que os torna passível à prática da actividade agrícola; encontram-se os solos férteis na região interior nas margens dos rios Impire na Localidade de Nacuta, na região interior da Localidade Mieze, Rio Muaguide em Nrite propicia a produção de cereais e hortícolas (GD-Metuge, sd).

2.1.5. Hidrografia

O Distrito apresenta um total de 19 cursos de água, dos quais 12 estão identificados toponimicamente. Soma um total de 319,147 km. Os rios mais importantes que atravessam o distrito são Impire, Montepuez, Mieze. Nas proximidades da Baída de Pemba existem algumas bacias de água devido à impermeabilidade de alguns solos e as variações de profundidade dos seus leitos.

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Quadro 2.2. Rios e Lagoas por Localidade

Localidade Rios Observações Lagoas Observações

Mieze Mieze Permanente Sunho Sazonal

Nihuge Sazonal

Nanlia Impire Sazonal

Merruco Sazonal

Metuge sede Impire Sazonal Nikuita Sazonal

Nangua Sazonal Muaguide Permanente Morrite Sazonal Nacuta Muaguide Permanente

Pulo Sazonal Merruco Sazonal Mahurunga Sazonal Messanja Morrite Sazonal Fonte: GD-Metuge (sd)

2.1.6. Vegetação

O distinto de Metuge apresenta seis tipos florestais incluindo outras formações de vegetação não florestais nomeadamente áreas agrícolas e zonas de habitação (povoações). A classificação dos tipos florestais varia de florestas baixas densas, medianamente densas e abertas, assim como matagais, pradarias, arbustos e mangal. A vegetação característica é savana de árvores de pequeno e médio porte com a predominância das espécies típicas da floresta de miombo. Na avaliação das espécies florestais no distrito, é visível a predominância de espécies como Brachystegia sp (miroto), Julbernardia globiflora (pacala) e

Pteleopsis myrtifolia (murrepa), assim como a abundância de Dalbergia mellanoxilon

(pau-preto) e Millett istuhmanii (jambirre) (GD-Metuge, sd).

Em 2012 o distrito de Metuge contava com uma área florestal de cerca de 113 328 há composta por quatro tipos de florestas, nomeadamente miombo, florestas decíduas indiferenciadas, florestas sempre verdes de montanha e mosaico de vegetação costeira.

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Figura 2.1. Formações florestais do distrito de Metuge

2.1.7. Fauna bravia

A fauna bravia no distrito de Metuge é muito variada. Existem habitats virgens e uma rica diversidade de espécies de grandes mamíferos, aves e répteis no distrito de Metuge devido a influência do Parque Nacional das Quirimbas principalmente a Norte do distrito. Das entrevistas realizadas e com a ajuda de guias de campo para mamíferos de África, a comunidade confirma a existência de espécies como: Cudos, Porco-espinho, Urso-formigueiro, Mabeco (cães do mato), pouca presença de Hiena malhada, Leões, Leopardos, Búfalos, pequenos carnívoros e roedores (GD-Metuge, sd). De acordo com a mesma fonte, há abundância de pequenos ruminantes principalmente na zona costeira da localidade Messanja e nota-se igualmente a presença de Pala Palas no extremo Oeste do distrito principalmente ao longo do rio Upulo para o Noroeste até a região da Mareja. O Quadro 2.3. apresenta alguns mamíferos e aves existentes no distrito de Metuge.

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Quadro 2.3. Alguns mamíferos e aves do distrito de Metuge

Nome (Vernacular e cientifico) Local Habitat

Mamíferos

Cudo (Tragelaphus strepsiceros) Todo distrito Bosque Macaco azul (Cercopithecus

aethiops) Ponta do diabo Bosque

Elefante (Loxodonta africana)

Ponta do diabo e Norte da Baia de

Pemba Bosque

Lebre (Lepus sp) Taratara Bosque

Rato (Otomys angoniensis) Nanlia Bosque

Civeta (Viverra civetta) Taratara Bosque

Leopardo (Panthera leo) Todo distrito

Bosque, vegetação densa, áreas secas e abertas

Facocero (Facochoerus

aethiopicus) Todo distrito

Bosque, savanas e matagais abertos Porco-bravo (Patamochoeros

porcus) Todo distrito

Matagais densos e savanas

Imbabala (Redunca arundinaceum) Interior do distrito Canical

Mangul (Cephalophus natalensis) Todo distrito Matagais densos Aves

Taratara Savana arborizada

Águia de Wahlberg (Aquila

wahlbergi) Mieze Cultivos e lagunas

Falcão (Elanus caeruleus) Metuge, Taratara Salinas

Paneireiro (Milvus migrans) Nanlia, Ponta do Diabo, Metuge Urbano e cultivos Águia rabota (Theratopius

ecaudatus) Metuge, Taratara e Nanlia Cultivos e bosques Cotovia africana (Mirafra africana) Mieze Salinas

Pica-peixe (Cerylerudis) Taratara Laguna

Pato de olhos vermelhos (Nettapus

auritus) Taratara Laguna

Garça (Bubulcus ibis) Mieze, Taratara Laguna

Egreta (Egretta intermedia) Taratara Laguna

Calau (Tockus alboterminatus) Ponta diabo, Mieze, Taratara Bosques, Savanas Fonte: DPCAA - Cabo Delgado (2007)

2.1.8. População

Devido a sua proximidade à cidade de Pemba, este distrito encontra-se em restruturação territorial administrativo de tal modo que a Localidade de Mieze sede poderá ser transferida para Pemba cidade, sendo o limite a ponte sobre o rio Mieze ao longo da estrada nacional.

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Em 2013, quando se designava Pemba-Metuge, a população era estimada em 20.837 habitantes, distribuídos em 23 aldeias, enquanto que o Posto Administrativo de Mieze contava com uma população de 14.489 habitantes distribuídas em 12 aldeias (GD-Metuge, sd). A tabela abaixo mostra o historial da população do distrito assim como as projecções para os próximos anos.

Tabela 2.1. Historial e projecção da população do distrito de Metuge

Ano 1997 2005 2007 2015 2035 2040

Número de habitantes 42395 53605* 64079 82113* 113404* 118846* Fonte: INE (2013). * Dados projectados com base nos censos populacionais e taxas de crescimento

A população do distrito de Metuge está relativamente concentrada em certas áreas, conforme ilustra a figura abaixo.

Figura 2.2. Densidade populacional 2.1.9. Educação

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Tabela 2.2. Estabelecimentos escolares por nível de ensino no distrito de Quissanga

Estabelecimento de ensino Ano Variação

2013/2009 2009 2010 2011 2012 2013

Escolas por nível de ensino Primárias EPI 28 29 29 29 35 25,0 Públicas 28 29 29 29 29 3,6 Privadas/comunitárias - - - - 6 - EPII 11 12 12 12 7 -36,4 Públicas 11 12 12 12 0 -100,0 Privadas/comunitárias 1 - - - 7 600,0 Secundárias ESGI 3 3 3 3 3 0,0 Públicas 2 2 2 2 2 0,0 Privadas 1 1 1 1 1 0,0 ESGII - - 1 1 1 - Públicas - - 1 1 1 - Privadas - - - - 0 - Fonte: INE (2013)

Em 2013 a rede escolar era composta por 35 escolas de EPI, 7 escolas de EPII, 3 escolas de ESGI e 1 escola de ESGII. A relação aluno/professor no ensino primário reduziu de 69,9 em 2003 para 45 em 2011.

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Figura 2.3. Rede escolar

De acordo com GD-Metuge (sd) em 2014 foram matriculados 15.282 alunos em todos os níveis de ensino, um crescimento de 9,3% face aos 14.354 alunos inscritos no ano anterior. A tabela 2.3 apresenta a taxa de analfabetização da população do distrito. Os dados mostram uma melhoria significativa da situação em relação a 1997 onde a taxa de alfabetização no distrito era em média de 81%.

Tabela 2.3. Taxa específica de analfabetização do distrito de Metuge em 2007 Grupos etários Total Homens Mulheres

Total 100 100 100 15 - 19 49,3 37,7 60,2 20 - 24 59,8 41,1 74,9 25 - 29 66,2 51,0 81,3 30 - 39 66,7 47,6 84,1 40 - 49 63,2 42,4 84,5 50 - 59 73,2 53,4 91,9 60 e mais 84,4 72,6 96,0 Fonte: INE (2013)

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2.1.10. Saúde

O número de centros de saúde aumentou de 3 em 2008 para 5 em 2011 e o número de total de camas de 14 em 2008 (0,1 camas por mil habitantes) para 64 em 2011 (0,5 camas por mil habitantes).

Tabela 2.4. Estatísticas da rede sanitária do distrito de Metuge Infra-estruturas Ano

2008 2009 2010 2011

Centros de saúde 3 4 5 5

Equipamento

Total de camas gerais 7 35 44 40

Camas da maternidade 7 19 19 24

Camas por 1000 habitantes 0,1 0,5 0,6 0,5 Fonte: INE (2013)

A expansão da rede sanitária e o reforço do pessoal clínico, nos últimos 5 anos, contribuíram para a melhoria do estado geral de saúde da população especialmente, em indicadores como a taxa de mau crescimento (4,7% para 1,3%), a taxa de mortalidade intra-hospitalar (1% para 0,4%), partos institucionais (1,217 para 16,500), consultas externas (66,694 para 68,933) e taxa de mortalidade (3,2% para 1,6%), seguindo a tendência das médias da Província. (GD-Metuge, sd).

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2.1.11. Habitação

O distrito de Metuge tem uma densidade populacional elevada, especialmente originada por movimentos migratórios sazonais (relacionado com a prática de pesca e agricultura) e permanente relacionado com a sua localização próxima da cidade capital, serviços e empregos. De referir que no distrito ha uma grande procura de espaços para a construção de residências assim como de residências para o arrendamento.

Tabela 2.5. Estatísticas sobre habitação no distrito de Metuge

Material de construção Nr %

Tipo de Paredes das Casas 16 306 100,0

Bloco de cimento 132 0,8 Bloco de tijolo 33 0,2 Madeira/zinco 22 0,1 Bloco de adobe 513 3,1 Caniço/paus/bambú/palmeira 2 654 16,3 Paus maticados 12 885 79,0 Lata/cartão/papel/saco/casca 6 0,0 Outros 61 0,4

Tipo de Cobertura das Casas 16 306 100,0

Laje de betão 17 0,1 Telha 5 0,0 Chapa de lusalite 20 0,1 Chapa de zinco 531 3,3 Capim/colmo/palmeira 15 569 95,5 Outros 164 1,0

Tipo de Pavimento das Casas 16 306 100,0

Madeira/parquet 18 0,1 Mármore/granulito 16 0,1 Cimento 579 3,6 Mosaico/tijoleira 26 0,2 Adobe 10 950 67,2 Sem nada 4 658 28,6 Outros 59 0,4 Fonte: INE (2013)

A maioria (94%) das cerca de 19 mil habitações1 existentes no distrito são de propriedade própria. O tipo de habitação dominante é a palhota (96%). Assim o principal material de construção de habitações é o caniço e paus para as paredes, capim para a cobertura e adobe para o pavimento. De 1997 a 2007 houve ligeira melhoria na cobertura das casas ao passar de

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de 0% para 3,3% as casas cobertas de chapas de zinco e não houve praticamente melhoria em relação ao material usado para as paredes.

2.1.12. Outras infra-estruturas

Em termos de transportes, o distrito é acessível por estrada e por via marítima. A rede viária do distrito comporta 2 tipos de estradas: As picadas que ligam as várias aldeias, a maior parte das quais fica intransitável na época das chuvas. O segundo tipo é constituído pela EN 106, asfaltada que atravessa o distrito ligando a cidade de Pemba ao Sul da Província e à Província de Nampula, e a ER 247, em terra batida, que liga Metuge ao distrito de Quissanga e à zona Norte da província (MAE, 2012).

A maior parte das aldeias do distrito de Pemba tem já acesso a fontes melhoradas de água, e em Metuge existe água canalizada. Toda a rede de abastecimento foi construída recentemente e está operacional durante todo o ano. Contudo, ainda existem aldeias com alguma dificuldade de abastecimento, tendo a fonte de água mais próxima de um a três quilómetros de distância.

Segundo o relatório de balanço de 2014 (GD – Metuge, 2014), Metuge está ligado a rede nacional de energia eléctrica e contava em 2013 com 4330 consumidores. A tabela abaixo apresenta algumas estatísticas sobre fontes de água e de energia

Tabela 2.6. Algumas infra-estruturas importantes do distrito de Metuge

Fonte de agua Nr de agregados

Agua canalizada dentro de casa (rede) 19 Agua canalizada fora de casa (rede) 279

Fontenario 5327 Poços 8917 Rios/lagos/lagoas 1746 Agua da chuva 4 Agua mineral 5 Outros 9

Fonte de energia Nr agregados

Electricidade 213 Geradores/placa solar 15 Gás 15 Petróleo/parafina/querosene 12462 Vela 152 Bateria 4 Lenha 3389 Outras 56 Fonte: INE (2013)

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Entretanto, o estado geral de conservação e manutenção das infra-estruturas não é suficiente, sendo de realçar a rede de bombas de água a necessitar de manutenção, bem como a rede de estradas e pontes que, na época das chuvas, tem problemas de transitabilidade (MAE, 2012)

2.1.13. Acesso e posse de terra

Em 2005, quase todos terrenos usados para os vários fins não eram oficialmente titulados, de acordo com MAE (2005). Em 2014 foram demarcados 205 terrenos, um crescimento de 17,1% face os 195 talhões demarcados em igual período de 2013. Os terrenos foram distribuídos para funcionários (55), jovens (50), comunidade em geral (55) e reservados para famílias a ser transferidas de áreas propensas as chuvas (45). (GD - Metuge, 2014).

Dada a crescente densidade populacional, verificam-se conflitos sobre a terra e os direitos de pastagem um pouco por todo o distrito, enquanto nas zonas de Bandar, 25 de Junho, Nanjua e Manono, o recurso que está na origem de várias disputas é a lenha. São reportados também conflitos relacionados com a água, na região de Ngalane (MAE, 2012). De acordo com a mesma fonte, o facto do sector familiar nunca ter sido contemplado pelo fomento de gado bovino tem levantado conflitos entre os dois sectores. Por outro lado, o facto de o distrito constituir zona preferencial dos privados residentes na cidade de Pemba, as actividades de criação têm-se ressentido da falta de espaço para o seu desenvolvimento.

2.2. ACTIVIDADES ECONÓMICAS 2.2.1. Agricultura

A principal actividade económica do distrito é a agricultura de sequeiro caracterizada pela consociação de culturas tais como: mandioca, feijão nhemba e amendoim. O arroz é cultivado nas planícies aluvionares dos principais rios. Predomina também o sistema agro-silvicola que consiste em consociar cajueiros e culturas previamente mencionadas (MAE 2005).

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Figura 2.5. Uso agrícola da terra no distrito de Metuge Tabela 2.7. Principais Culturas do Sector Familiar

CULTURAS Áreas (ha) cultivadas Rend.

médio/ há

Total de produçao (ton)

2008 2010/11 2011/12 2008 2010/11 2011/12 Cereais Milho 5.841 10.307,2 10.373 0,32T/há 8.761,5 11.926 13.064 Mapira 3.500 3.016 2.993 1.2T/há 1.750 2.412,8 4.100,4 Arroz 2.605 4.646 4.652,5 2,5T/há 1.823 6.019,5 7.577,7 Leguminosas Feijões 3.026 5.150,7 5.209,8 0,65T/ha 2.570 42125 38.442 Amendoim 1.200 2.253.1 2.320 1,3T/ha 600 1.000 1.906,5 Raizes e Tubérculos Mandioca 1736 20.737 20.984 4,9T/há 69.474 52150 88.844 Batata doce 3 10 63,3 8,15T/há 24 2400 553,3 Hortícolas 310 97 97 17,47T/há 1.860 1.707,2 3.477 Cult. De Rendimento Gergelim 75,6 1.013 1.034,1 0,16T/há 75,6 1034 2737 Castanha de caju Total Geral 18.296,6 47.230 47.726,7 36.65T/há 86.938,1 120.774,5 160.701,9 Fonte: GD - Metuge (2013)

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Neste distrito, o coqueiro apresenta uma distribuição mais limitada para o interior. O sector pecuário é considerado fraco. A tabela abaixo apresenta estatística de produção agrícola em 2011/2012.

Houve um aumento da área de cultivo na ordem dos 160,9 %, entre 2008 e 2012, ao passar de 18.296,6ha para 47.726,7ha. Entretanto, o incremento das áreas de produção se baseiam na intensificação do uso de energia humana e instrumentos rudimentares de cultivo (enxada de cabo curto) em regime de sequeiro, já que não se tem generalizado a introdução de inovações tecnológicas.

De acordo com INE (2013), em 2010 no distrito de Pemba-Metuge a área média de explorações agro-pecuárias grandes e pequenas cultivada com culturas alimentares básicas situava-se em 6,5 e 1,4 há respectivamente (Tabela 2.8.).

Tabela 2.8. Estatísticas de explorações agro-pecuárias em 2010

ITEM Categoria Nr de Explorações Área cultivada (ha) Tamanho médio (há/exploração) Número total de explorações agro-pecuárias Pequenas e médias 15 578 48 999 - Grandes 5 13 6,5

Área cultivada com culturas alimentares básicas Pequenas e médias 15 235 21 344 1,4 Grandes 2 13 6,5 ha Fonte: INE (2013)

No âmbito do cumprimento da directiva Presidencial um aluno/uma fruteira, foram plantadas, até Maio de 2014, 9.970 árvores de fruta. Existe um cumulativo de 45.458 plantas, sendo 32.008 fruteiras e 13.450 de sombra.

2.2.2. Pecuária

A criação de gado bovino, caprino e aves de capoeira dominam a produção pecuária que é realizada maioritariamente pelo sector familiar. O sector empresarial está a investir quase que exclusivamente na criação de gado bovino. Entretanto, prevalecem situações de conflito de terras, mosca de tsé-tsé, queimadas descontroladas e falta de infra-estruturas como tanques carracicidas, corredores de tratamento, etc., mas também sistemas de frio para conservação e comercialização. Entre 2008 e 2012, os efectivos pecuários evoluíram 44% tendo passado de 41 472 para 59 822 contribuíram para este nível de crescimento a produção de gado bovino 249% e de galinhas 68% (GD – Metuge, sd).

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Tabela 2.9. Efectivo Pecuário PECUÁRIA:

TIPO DE ESPECIES N.º EFECTIVOS SECTOR FAMILIAR

2008 2009 2010 2011 2012 Bovinos 2 643 2 725 2 784 2 784 9 236 Caprinos 2 895 2 613 2 540 2 548 3 330 Ovinos 2 530 1 231 1 532 1 573 956 Suínos 45 45 47 49 52 AVES Galinhas 20 430 20 505 24461 10 624 34 228 Patos 10 350 12 217 13835 9 130 10 639

Aves de estima (galinhas do

mato) 2 347 521 2347 920 844

Pombos 232 328 389 391 537

TOTAL 41 472 40 185 47 935 30 407 59 822

Fonte: GD - Metuge (sd) 2.2.3. Pesca

O sector pesqueiro representa a segunda maior actividade económica do distrito de Metuge, com uma pescaria virada totalmente para as águas marítimas (principalmente na Baía de Pemba) e uma outra virada para as águas interiores (Lagoa Nikwita, represa de Sunho em Mieze e em pequena escala nos rios existentes no distrito).

No ano 2008 existiam no distrito 5 centros de pescas tendo o numero crescido para 7 centros de pesca nomeadamente: Namau, Mueve, Bandar, Mauane, Namaluca, Forjane e Nangua representando uma taxa de crescimento na ordem de 40%. A produção média anual de pescado nos últimos anos foi de 55,59 toneladas ao ano, com taxas de crescimento de 37,2%.

2.2.4. Actividade florestal

Os principais recursos florestais explorados em Metuge são o carvão, lenha e material de construção, sendo todos destinados ao consumo e venda. Para além destes recursos, a população retira da floresta frutos silvestres, madeira, palmeiras para cobertura, bebida (sura), vegetais comestíveis, mel e animais de caça. O carvão é o recurso mais explorado no distrito seguido de lenha e estacas para construção.

As principais áreas de produção de carvão situam-se nas localidades de Metuge-sede, Nacuta e Messanja no PA de Metuge-sede, em Nanlia e aldeia Impiri no PA de Mieze. De referir que a aldeira Impiri também recebe carvão de outros locais de produção para venda a compradores provenientes da cidade de Pemba. Apesar de Pemba continuar a ser o principal

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mercado do carvão de Metuge, o distrito perdeu de algum modo protagonismo no fornecimento de combustíveis lenhosos à cidade de Pemba, a favor do distrito de Ancuabe devido a pressão da populacional em áreas exploradas para machambas e habitação e ao reforço da fiscalização.

As medidas tomadas para fazer face ao desmatamento devido à produção de carvão vegetal incluem a promoção da produção de mel, reforço dos comités de gestão dos recursos naturais para maior controlo das exploração de estacas e bambú e o não financiamento de projectos de produção de carvão vegetal pelo Fundo de Desenvolvimento Local.

2.2.5. Actividade mineira

De acordo com DPCAA – Cabo Delgado (2007), as únicas actividades de exploração dos recursos minerais, estão ligadas a pedra e areia, que se localizam junto a Estrada Nacional 106 e na área do Ponto “A”, respectivamente. A exploração deste recurso tem ajudado no sustento e no progresso do desenvolvimento sócio-económico das comunidades locais e da Província no geral, uma vez tratar-se de uma actividade de rendimento sem muitas implicações no que diz respeito aos custos de transporte, porque, a actividade é feita a beira da estrada em 90% dos casos e comercializada no mesmo local, sendo o seu destino a Cidade de Pemba e arredores.

Todavia, a exploração de pedras e áreas estão a provocar pesados danos ambientais, comprometer futuros planos urbanísticos e acirrar o conflito de terras para além de representar uma sobrecarga para as precárias infra-estruturas existentes. Ultimamente, estão em curso operações de prospecção de hidrocarbonetos na costa marítima, ao largo da baia de Pemba, através da companhia Startoil.” (GD – Metuge, sd).

2.2.6. Turismo

De acordo com GD - Metuge (sd), existe um enorme potencial para desenvolvimento do turismo, especialmente, nas regiões de Messanja (Namau e Londo) e Metuge Sede (Mueve e Bandar), ambas com condições preferenciais para o turismo de praia. No interior, especialmente em Mareja, como parte do Parque Nacional das Quirimbas com seus recursos paisagísticos, a fauna e a flora únicas, complementadas com a mais vasta produção artística artesanal e actividades culturais e gastronomia autóctones, tornam o turismo uma das principais atracções de investimento e fonte de emprego e renda para as comunidades locais. A área de Mareja, localiza-se no interior do Distrito, na zona norte - ocidental, onde opera um projecto de ecoturismo, gerido por uma sociedade de camponeses locais e investidores estrangeiro. O estabelecimento, construído essencialmente por material local, oferece hospedagem e refeições, assim como visitas guiadas a áreas de fauna bravia e flora.

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A área de Messanja, na região litoral, pertencente ao Posto Administrativo Sede, na zona norte do Distrito, dentro do Parque Nacional das Quirimbas, na zona tampão, tem acessos por estradas de terra batida, que ficam inacessíveis durante o período chuvoso.

2.2.7. Comércio

Estão operacionais 718 estabelecimentos comerciais formais e informais, maioritariamente concentradas na vila sede de Metuge, Mieze e Nanlia (GD – Metuge, sd)). O comércio de bens no distrito é realizado através de lojas, cantinas, bancas fixas, barracas ou por comerciantes ambulante.

Entre 2008 e 2012, houve um crescimento médio global de 93,5% ao evoluir de 371 para 718 estabelecimentos. Essa evolução é acompanhada pelo melhoramento das condições das infra-estruturas comerciais com utilização de material duradoiro. De todo modo, a rede de comércio rural encontra-se fragmentada e a presença de estabelecimentos comerciais, especialmente, junto das zonas de produção e ligados a comercialização agrícola e unidades de industriais de agro processamento, são insuficientes. Apesar de terem sido estabelecidas ligações na cadeia de valor, particularmente, entre os centros de produção e os principais centros comerciais, ainda prevalecem limitações no que respeita as vias de acesso, informações sobre mercados de preços, controlo de instrumentos de medidas (como balanças e pesos), etc. (GD – Metuge, sd).

2.3. OUTROS ASPECTOS 2.3.1. Desenvolvimento rural

O sector associativo está a ganhar espaço. Existem 44 Associações de camponeses com 680 membros, que se dedicam a actividades agro-pecuárias. Pela importância do sector e, por forma a acompanhar e apoiar a realização das suas actividades, foi criada uma União de Camponeses com a função específica de coordenar as actividades (MAE, 2012).

De acordo com GD – Metuge (sd), foi melhorado o acesso ao crédito rural, através do fundo de investimento de iniciativa local, que beneficiou 8 560 pessoas e 165 associações no valor global de 973.909,157 Mt entre 2008 e 2012, legalizadas 14 associações agro-pecuárias, abertas 2 lojas de insumos agrícolas e pecuários, distribuídas sementes melhoradas aos pequenos produtores, alocadas 5 juntas para tracção animal que estão a ser operadas por produtores locais, constituída uma rede de extensão agrária para assistência aos produtores, realizadas capacitações técnicas para os membros das associações e financiados 45 projectos para comercialização agrícola e promoção da agro industria.

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2.3.2. Actividades de parceiros

Nos últimos 5 anos, o número de parceiros em programas de desenvolvimento passou de 5 para 11, com um volume de investimento anual estimado (já que não existem relatórios oficiais de execução orçamental, de todos os parceiros, disponíveis para o distrito) em mais de 15 milhões de meticais (GD – Metuge, 2013). A contribuição dos parceiros locais ou externos ao desenvolvimento é realizada por via de apoios directos ao orçamento ou a partir da implementação de projectos de gestão das ONGs. A DANIDA e o PNUD enquadram-se no primeiro tipo, de apoio directo ao orçamento para programas de preservação ao meio ambiente costeiro, reflorestamento e disseminação de praticas amigas do ambiente. Os fundos do PNUD são aplicados no recrutamento de pessoal e melhorias no sistema de planificação e finanças ao nível local.

De acordo com (GD – Metuge, 2013), entre os parceiros que desenvolvem actividades no terreno com base pessoal e programas próprios destacam-se a HELPO, ligada ao sector de educação e que ate 2012, envolveu-se na construção de salas de aula, cisternas, casas de banhos e bibliotecas. A GAPI, está a disponibilizar créditos directos, promover praticas de poupança e formação de empreendedores. A Ariel Glasser, está a financiar a prestação de cuidados de saúde, especialmente, no tratamento e assistência aos doentes de HIV/SIDA. O Millennium Challege Account, financiou a abertura de 25 novas fontes de água. A FAWEMO, tem uma intervenção voltada para o Empoderamento da rapariga e mulher, actuando directamente no sector de educação. A ITC, Iniciativa para Terras Comunitárias, tem estabelecido uma parceria prolongada com o Governo em matérias de gestão de terras que consiste na delimitação de terras comunitárias, treino e legalização das associações envolvidas em actividades económicas ecologicamente sustentáveis. A Fundação AGHA Khan tem um enfoque de intervenção multissectorial que inclui programas de saúde (como nutrição e prevenção doenças endémicas como a malária e diarreias) agricultura (serviços de extensão e disseminação de novas tecnologias) e educação (capacitação de docentes e construção de infra-estruturas escolares e escolinhas comunitárias). A KULIMA, está a desenvolver acções de sensibilização na área do HIV/SIDA enquanto a ADPP está a realizar uma intervenção centrada na assistência de extensão aos pequenos produtores agrícolas.

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2.4. PLANO DE DESENVOLVIMENTO

O Plano de Uso de Terra do distrito de Metuge (DPCAA – Cabo delgado, 2007) define duas zonas de desenvolvimento comunitário, sendo uma dentro da zona tampão e outra fora. Nas duas zonas, a população do distrito de Metuge irá desenvolver actividades de agricultura, pecuária, desenvolvimento habitacional e económico, em estrita obediência a normas jurídicas e costumeiras de uso sustentável dos recursos naturais. De acordo ainda com DPCAA Cabo Delgado (2007), as principais razões que levaram a indicação desta zona são as seguintes:

a) Apresenta uma maior densidade populacional; b) Possui índices aceitáveis de precipitação;

c) Há predominância de solos com índice de produtividade alta e média;

d) Verifica – se uma presença de aquíferos cuja produtividade é variável, entre alta e moderada.

A Zona de Desenvolvimento Comunitário é limitada a Norte pela Zona de Conservação, a Este pela Zona de usos múltiplos da Baía, a Oeste pela Zona de Turismo e, a Sul pela Reserva do Estado, Zona de Desenvolvimento Agrícola Privado. Dentro da área foram definidas duas subáreas: (1) a subárea de Desenvolvimento Agro-Pecuário e a subárea de desenvolvimento habitacional (figura xxx).

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2.5. BIBLIOGRAFIA DA SECÇÃO II

DPCAA - Cabo Delgado (2007). Plano de Uso da Terra – Documento de Análise. Distrito de Pemba-Metuge. Direcção Provincial para a Coordenação da Acção Ambiental de Cabo Delgado. Pemba. 182p.

GD - Metuge (sd). Plano Estratégico de Desenvolvimento do Distrito – Metuge (2014-2018). Governo do Distrito de Metuge. Metuge. 160p.

INE Metuge (2013). Estatísticas do distrito de Pemba-Metuge. Instituto Nacional de Estatística. Maputo. 32p.

MAE Metuge (2005). Perfil do distrito de Pemba – Província de cabo Delgado. Moinistério da Administração Estatal. Maputo. 44p.

MAE Metuge (2012). Perfil do distrito de Pemba-Metuge. Ministério da Administração Estatal. Maputo.

GD – Metuge (2014). Balanço do Plano Economico e Social do ano de 2014. Governo do Distrito de Metuge. 88p.

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SECÇÃO 3. DISTRITO DE ANCUABE 3.1. DESCRIÇÃO GERAL

3.1.1. Localização do distrito e divisão administrativa

O distrito de Ancuabe situa-se na parte Sul da província de Cabo delgado a cerca de 100 Km de Pemba, limitando-se a Norte com o distrito de Meluco, a Sul com o distrito de Chúre, a Este com os distritos de Metuge e Quissanga e Mecufi a Oeste com o distrito de Montepuéz (INE, 2013). A divisão administrativa do distrito compreende três postos administrativos e 5 localidades, conforme o quadro abaixo.

Quadro 3.1. Divisão administrativa do distrito de Ancuabe Postos administrativos Localidades

Ancuabe Ancuabe-sede Chiote Nacuale Metoro Metoro-sed Salave Meza Meza-sede Campine Nanjua Minhuene Fonte: MAE (2005) 3.1.2. Relação com o PNQ 3.1.3. Clima

O clima do distrito é do tipo semi-árido e sub-húmido seco. A precipitação média anual varia de 800 a 1200mm, podendo por vezes exceder 1500 mm perto do litoral, e a temperatura média anual varia de 20 a 25º C (MAE, 2005).

3.1.4. Solos e hidrografia

Nos vales dos rios predominam solos aluvionares (Fluvisols), escuros, profundos, de textura pesada a média, moderadamente mal drenados e sujeitos a inundação regular. De acordo com MAE, 2005, nos dambos1 encontram-se solos hidromórficos de textura variada, desde arenosos de cores cinzentas, arenosos sobre argila a solos argilosos estratificados, de cor escura (Mollic, Gleyic e Dystric Gleysols, e Haplic e Luvic Phaeozems).

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Os topos e encostas superiores dos interflúvios são dominados por complexos de solos vermelhos e alaranjados, (Rhodic Ferralsols, Chromic Luvisdols), e amarelos (Hiplic Lixisols e Hiplic Ferralsols). A maioria dos solos apresentam textura média a pesada, sendo profundos, bem a moderadamente drenados. Nas encostas intermédias dos interflúvios os solos variam de cor, desde solos com cores pardo-acastanhada a castanho-amareladas, moderadamente bem drenados, com textura argilosa (MAE, 2005).

O distrito de Ancuabe é atravessado por vários cursos de água, quase todos de regime periódico. Os principais rios são Muaguide, Montepuéz e Megaruma.

3.1.5. Vegetação

Em 2012 o distrito de Ancuabe contava com uma área florestal de 261 622,4782 ha. O miombo é o tipo de formação florestal predominante no distrito.

Figura 3.1. Mapa de vegetação do distrito de Ancuabe 3.1.6. Fauna bravia

A fauna bravia no distrito de Ancuabe é muito variada e inclui animais de pequeno e grande porte com destaque para macacos, porcos do mato, gazelas, impalas, cudos, pala pala, búfalos, leões, elefantes, cobras, sanguins, esquilos e aves diversas (MAE, 2005). Nalgumas aldeias tem-se verificado o conflito homem-animal onde os elefantes têm destruído machambas e celeiros e matam pessoas.

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3.1.7. População

O distrito de Ancuabe conta com uma população estimada de 121 320 habitantes, sendo a maioria é jovem.

Tabela 3.1. Evolução da população do distrito de Ancuabe

Anos 1997 2005 2007 2015 2035 2040 Número de habitantes 87243 108924* 109,057 121,320* 118,597* 114,259* Fonte: INE 2013. * Dados projectados com base nos censos populacionais e taxas de

crescimento

As projecções do INE (2013) apontam para um decrescimento da população de Ancuabe a partir de 2035.

3.1.8. Educação

De acordo com INE Ancuabe (2013), o distrito de Ancuabe, possuía em 2012 uma rede escolar composta por 56 estabelecimentos públicos de ensino do EPI e 25 escolas públicas do EPII. (Quadro XXX). O distrito contava igualmente em 2012 com 23 283 alunos matriculados no EPI e EPII e 1646 matriculados no ESGI e ESGII. O sector de educação mostrou um crescimento nos últimos 6 anos com a relação aluno/professor no ensino primário a reduzir de 72,8 em 2003 para 55 em 2011.

Tabela 3.2. Estabelecimentos escolares por nível de ensino no distrito de Ancuabe Estabelecimento de ensino Ano

2009 2010 2011 2012 Escolas por nível de ensino

Primárias EPI 53 54 55 56 Públicas 52 53 54 55 Privadas/comunitárias 1 1 1 1 EPII 17 21 24 25 Públicas 16 20 23 24 Privadas/comunitárias - 1 1 1 Secundárias ESGI 3 3 3 3 Públicas 2 2 2 2 Privadas 1 1 1 1 ESGII - - - 1 Públicas - - - 1 Privadas - - - -

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A tabela 3.3. apresenta a taxa de analfabetização da população do distrito. Os dados mostram uma melhoria significativa da situação em relação a 1997 onde a taxa de alfabetização era em média de 81%.

Tabela 3.3. Taxa específica de analfabetização do distrito de Ancuabe – 2007 Grupos etários Total Homens Mulheres

Total 100 100 100 15 - 19 52,7 38,8 64,2 20 - 24 66,7 48,0 80,8 25 - 29 73,1 57,8 86,8 30 - 39 71,7 53,5 87,1 40 - 49 67,9 45,9 89,4 50 - 59 78,4 59,8 93,9 60 e mais 87,9 78,3 97 Fonte: INE (2013) 3.1.9. Saúde

O distrito de Ancuabe contava em 2011 com rede sanitária composta por 6 unidades hospitalares. Não se registou aumento do número de unidades hospitalares quando comparado com 2003, mas o número de camas aumentou de 43 (0,4 camas por mil habitantes) para um total de 118 camas (0,7 camas por mil habitantes) (Tabela 3.4.)

Tabela 3.4. Rede sanitária do distrito de Ancuabe

Infraestruturas Ano

2008 2009 2010 2011

Centros de saúde 7 6 6 6

Equipamento

Total de camas gerais 61 83 79 79

Camas da maternidade 29 40 40 39

Camas por 1000 habitantes 0,6 0,7 0,7 0,7 Fonte: INE Ancuabe (2013)

3.1.10. Habitação

Igual que noutros distritos abrangidos pelo PNQ, o tipo de habitação predominante no distrito de Macomia é a palhota com pavimento de terra batida, tecto de capim e paredes de paus e caniço. A tabela abaixo apresenta estatísticas sobre o material de construção de habitação em Macomia

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Tabela 3.5. Estatísticas sobre material de construção no distrito de Ancuabe - 2007

Material de construção Nr %

Tipo de Paredes das Casas 27 593 100,0

Bloco de cimento 139 0,5 Bloco de tijolo 74 0,3 Madeira/zinco 4 0,0 Bloco de adobe 2 367 8,6 Caniço/paus/bambú/palmeira 4 083 14,8 Paus maticados 20 891 75,7 Lata/cartão/papel/saco/casca 3 0,0 Outros 32 0,1

Tipo de Cobertura das Casas 27 593 100,0

Laje de betão 18 0,1 Telha 7 0,0 Chapa de lusalite 94 0,3 Chapa de zinco 363 1,3 Capim/colmo/palmeira 26 934 97,6 Outros 177 0,6

Tipo de Pavimento das Casas 27 593 100,0

Madeira/parquet 10 0,0 Mármore/granulito 26 0,1 Cimento 601 2,2 Mosaico/tijoleira 28 0,1 Adobe 18 381 66,6 Sem nada 8 493 30,8 Outros 54 0,2 Fonte: INE (2013)

A maior parte das habitações em Ancuabe são de tipo palhota, construídas principalmente de paredes de paus maticados ou caniço/paus/bambú/palmeira, Cobertura de capim/colmo/palmeira e pavimento de adobe ou sem nada (INE, Ancuabe, 2013). De 1997 a 2007 houve ligeira melhoria na cobertura das casas ao passar de cerca de 0% para 1,3% as casas cobertas de chapas de zinco e não houve melhoria em relação ao material usado para as paredes.

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3.1.12. Outras infra-estruturas

O distrito de Ancuabe contava em 2005 com cerca de 200 km de estradas terciárias em precárias condições de transitabilidade, especialmente no período chuvoso (MAE, 2005).

Tabela 3.6. Estatísticas de fontes de água e energia

Fonte de água Número de agregados

Água canalizada dentro de casa 15

Água canalizada fora de casa 127

Fontenário 2572 Poços 20655 Rios/lagos/lagoas 4159 Água da chuva 48 Água mineral 4 Outros 13 Fonte de energia Electricidade 76 Geradores/placa solar 38 Gás 33 Petróleo/parafina/querosene 7357 Vela 223 Bateria 24 Lenha 19788 Outras 54

Fonte: Estatísticas distritais. Ancuabe. INE 2013

3.1.13. Acesso e posse de terra

A semelhança de quase todos distritos abrangidos pelo PNQ, em Ancuabe a maior parte dos ocupantes e usuários de terra não tem DUAT ou qualquer outro documento legal. O direito de uso e aproveitamento da terra é reconhecido nos termos costumeiros, sendo maior parte da terra comunitária, cujos direitos de uso são passados de uma geração através de herança dentro dos arranjos familiares (MAE 2005).

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3.2. ACTIVIDADES ECONÓMICAS

As principais actividades económicas do distrito de Ancuabe são agricultura, produção de material de construção como estacas e combustíveis lenhosos, assim com a actividade mineira informal, para além do comércio em geral.

3.2.1. Agricultura

Tradicionalmente, as populações de Ancuabe praticam na sua maioria a agricultura de sequeiro consociada a partir de cultivo de mandioca/milho/feijão. Existem ainda um subsistema de monocultura tipicamente de mapira e ocasionalmente de meixoeira e amendoim. A horticultura e pesca são praticados perto dos rios e lagos produzindo arroz, banana, cana de açúcar e peixe.

A actividade agrícola é mais notória nas aldeias de Muaja, Minheuene, Nanjua e Nanune no posto administrativo de Mesa; em todas as localidades do PA de Metoro e nas localidade de Nacuale e Jiote no PA de Ancuabe-sede. De acordo com dados do TIA, a área total cultivada mostrou uma redução nos anos de 2008 e 2012, enquanto que o tamanho médio das machambas mostrou um ligeiro aumento.

Tabela 3.7. Área cultivada e tamanho médio das machambas (ha)

Parâmetro Anos

2005 2006 2007 2008 2012 Área cultivada total 82 466 71 775 71 586 62 847 38 506 Tamanho médio das machambas 1,01 1,03 0,97 1,01 1,17 Área cultivada - culturas de rendimento 9 795 6 984 4 437 6 438 - Fonte: TIA

De acordo com INE (2012), em 2010 o distrito de Ancuabe não contava com grandes explorações agro-pecuárias (Tabela 3.8)

Tabela 3.8. Estatísticas de explorações agro-pecuárias em 2010 no distrito de Ancuabe

ITEM Categoria Nr de Explorações Área cultivada (ha) Número total de explorações agro-pecuárias Pequenas e médias 25 454 48 999 Grandes - -

Área cultivada com culturas alimentares básicas

Pequenas e médias 24 834 35250

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3.2.2. Pecuária

O fomento pecuário, apesar de ainda ser fraco verificou-se algum crescimento de efectivo pecuário. Dada a existência de condições de pastagem a actividade pecuária pode desenvolver-se, sendo entretanto as doenças e a falta de fundos e de serviços de extensão os principais obstáculos ao seu desenvolvimento (MAE, 2005). Dentre os animais domésticos abundantes destacam-se galinhas, patos, cabritos para o consumo próprio e bois, cabritos, porcos e ovelhas para a comercialização.

3.2.3. Actividade florestal

A exploração florestal comercial ocorre em dois postos administrativos nomeadamente Metoro com um operador e Mesa com dois operadores em áreas que se encontram fora do PNQ. As principais espécies comerciais são jambire, pau-preto, chanfuta e pau-ferro no PA de Metoro e jambire, pau-preto, chanfuta e pau-ferro no PA de Mesa. De acordo com dados dos SPFFB-Cabo Delgado, o volume licenciado em 2013 e 2014 foi de 150 e 836 m3 respectivamente para madeira de chanfuta, jambire, messinge, metonha, pau-preto e umbila e pau-ferro. Entretanto tem sido reportado acções de operadores de madeira furtivos em todos os postos administrativos, incluindo em áreas integrantes do PNQ.

O distrito conta com dois viveiros com vocação para a produção de mudas florestais, localizados na localidade de Jiote, PA de Ancuabe-sede e na Escola Profissional de Marire no PA de Mesa. Entretanto as actividades de reflorestamento são escassas tendo sido reportadas apenas algumas iniciativas restritas nas aldeias de Namapa, Ntchecua e Mesa-sede no PA de Mesa em 2010 com chanfuta e no PA de Metoro com chanfuta e jambire. Para além da exploração de espécies de alto valor comercial, a exploração de material para a construção com destaque para estacas e a produção de combustíveis lenhosos figuram nas actividades económicas florestais. O distrito caracteriza-se por uma intensa actividade de produção de carvão vegetal em todos os postos administrativos, sendo o principal fornecedor deste combustível lenhoso à cidade de Pemba.

O distrito tem promovido algumas medidas para fazer face o desmatamento e degradação florestal, nomeadamente, contando actualmente com uma associação de produção de mel e produção sustentável de carvão vegetal e mel. Ao nível da agricultura, têm sido divulgadas técnicas de agricultura de conservação com os serviços de extensão, assim como o uso de sementes melhoradas, insumos, através dos serviços de extensão pública do SDAE em coordenação com parceiros do sector agrário.

3.2.4. Actividade mineira

Para além de florestas, Ancuabe conta com importantes reservas de grafite e mármore (INE 2013). A actividade mineira é informal (garimpo) sendo notória nas localidades de

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Mesa-sede, Campine e Minheuene no PA de Mesa e em Nicololo e Mahera no PA de Metoro na exploração da pedra granada.

3.2.5. Comércio

Na actividade comercial observa-se o predomínio do comércio informal. Em 2005 a rede formal de comércio contava com 42 estabelecimentos comerciais 23 dos quais operacionais (MAE, 2005).

4. OUTROS ASPECTOS RELEVANTES

Actividades de parceiros

As acções de desenvolvimento do distrito de Ancuabe têm contado com o apoio de diferentes organizações parceiras nos últimos, dentre as quais a Helvetas, Associação Progresso, DANIDA, Medicus Mundi, CARITAS e muito recentemente a JICA.

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5. BIBLIOGRAFIA DA SECÇÃO III

INE (2013). Estatísticas do distrito de Ancuabe. Instituto Nacional de Estatística. Maputo. 32p. MAE (2005). Perfil do distrito de Ancuabe – Província de cabo Delgado. Ministério da Administração Estatal. Maputo. 51p.

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SECÇÃO 4. DISTRITO DE QUISSANGA 4.1. DESCRIÇÃO GERAL

4.1.1. Localização do distrito e divisão administrativa

O distrito de Quissanga está localizado na região centro da Província de Cabo Delgado, a 120 Km da cidade de Pemba, confinando a Norte como o distrito de Macomia, a Sul com os distritos de Metuge e Ancuabe, a Este com o Oceano Índico que o separa do distrito do Ibo e a Oeste com o distrito de Meluco (MAE, 2005). Conta com dois postos administrativos e cinco localidades, segundo se detalha na tabela abaixo.

Quadro 4.1. Divisão administrativa do distrito de Quissanga Posto Administrativo Localidades

Quissanga Quissanga-sede Bilibiza Bilibiza-sede Ntapuate Totoro Mahate Mahate-sede Cagembe Namaluco Fonte: MAE (2005)

O distrito de Quissanga encontra-se complementarmente dentro do PNQ

4.1.2. Clima

A sub região em que se encontra o distrito de Quissanga é caracterizado por apresentar o clima subhúmido seco, onde a a temperatura média é de 22 ºC, sendo máxima absoluta de 31.2 ºC e mínima absoluta de 14.5ºC.

A pluviosidade varia do litoral para a região do interior do distrito, verificando-se uma ligeira subida à medida que se caminha naquela direcção. Ao longo da faixa costeira a média anual varia entre os 900 a 1000 mm, na região central, particularmente no PA de Quissanga e no extremo Sudoeste do PA de Mahate a média anual é de 1000 a 1100 mm, e finalmente numa faixa mais a setentrional - noroeste do PA de Quissanga sede a média oscila entre 1100 a 1200 mm (GD Quissanga, 2012).

(38)

4.1.3. Solos

O distrito de Quissanga apresenta uma diversidade de tipos de solos, ocorrendo ao todo 11 principais agrupamentos de solos, nomeadamente solos arenosos amarelados, solos arenosos não especificados, solos argilosos castanho acinzentados, solos de aluviões estratificados de textura grossa, solos de dunas costeiras, solos de mananga com cobertura arenosa de espessura variada, solos de sedimentos marinho estuarinos, solos líticos, solos pouco profundos sobre rocha calcaria, solos pouco profundos sobre rocha não calcária e solos vermelhos de textura média amarelados.

Devido a elevada presença de solos de diferentes agrupamentos é difícil determinar o solo mais representativo do distrito, dado que três (solos arenosos não especificados, solos de mananga com cobertura arenosa de espessura variada, solos de aluviões estratificados de textura grossa) dos onze apresentarem um equilíbrio percentual (Governo do Distrito de Quissanga, 2012).

4.1.4. Hidrografia

Os principais rios que atravessam o distrito são: Montepuéz, que desagua na Baía de Quissanga, Muaguide, Chibassi, Mirovoto, Mezingue, Quilite, Sivuco e Muembira, todos de regime periódico. Existem ainda, duas lagoas com água permanente, nomeadamente, Bilibiza e Cacavero. As planícies costeiras na região são dissecadas por alguns rios que sobem da costa para o interior, que gradualmente passa para o relevo mais dissecado com encostas mais declivosas intermédias, da zona subplanáltica de transição para a zona litoral (MAE, 2005)

4.1.5. Vegetação

O distrito de Quissanga apresenta 6 tipos predominantes de cobertura vegetal, cuja descrição é apresenta em seguida, de acordo com (GD Quissanga, 2012).

Agricultura. Representam áreas submetidas a uma forte exploração agrícola que tem

modificado drasticamente as características do habitat original. Localmente podem manter formações de matagal ou bosques que representam etapas de sucessão ecológica, terras em abandono, associado às próprias práticas agrícolas. Os tipos de cultivo incluem a mandioca, milho e mapira e hortícolas.

Mosaico de miombos tipico e savanas. Formação exclusiva de Moçambique sobre solos

rochosos ou cinzentos procedentes da decomposição de complexo granítico-gnéissico encontra-se maioritariamente na área correspondente ao zócalo paleozóico da Província de Cabo Delgado. Geralmente nesta unidade vegetal, há alternância de miombos pouco cerrados

(39)

de Brachystegia sp. e Julbernardia globiflora com savanas ou bosques abertos de Acácia sp.,

Cássia sp., Sterculia sp., etc.

Mosaico de savanas climáticas e formações arbustivas. Trata-se de paisagens abertas sobre

materiais arenosos ou areno-argiloso, constituído por bosques alterados e aclarados, com cobertura de 10-40% ou matagais de substituição com árvores entre 3-7 metros.

Paisagem antroporizada. Correspondem a zonas agrícolas, cultivos arbóreos e habitats

transformados pelo homem no distrito.

Formações arbustivas sub-litorais (em plataforma e alcantilados calcários ou em areais arenosas). Caracteriza-se por apresentar bosques alterados e aclarados, com cobertura de 10 a

40% ou matagais de substituição com árvores entre 3 a 7 metros. Sobre materiais arenosos, com ou sem argila, se desenvolvem matorrais caducifólios que correspondem a paisagens de arbustos e pequenas árvores de 3-7 m de altura, muito intrincadas, sobre as que destacam algumas árvores formando um dossel superior de baixa densidade: Andosonia digitata,

Sterculia appendiculata, Hymenaea verrucosa, etc.

Mangal. São bosques estruturados em bandas que responde as peculiaridades ecológicas do

litoral (profundidade de água, gradiente de salinidade, dinâmica intermareal, etc). Estão constituídos por um número reduzido de espécies que apresentam soluções adaptativas muito originais. A composição específica é similar á da província, podendo se encontrar espécies como Avicennia marina, Lummitzera racemosa, Ceriops tagal, Rhizophora mucronata,

(40)

Fonte: GD Quissanga (2012)

(41)

Para além das unidades de vegetação acima descritas, nota-se também a presença de outras que ocupam menores porções como o caso de vegetação aquática e hidrofítica em volta de lagoas e zonas pantanosas em época de chuvas, vegetação psamófila sobre sistemas dunares costeiros e formações arbustivas sublitorais (ao longo da costa).

A maior parte do distrito de Quissanga é composta por formações florestais, sendo o Mosaico de savanas climacicas e formações arbustivas 94.145,54 ha (31,2%), Mosaico de miombo caducifólio típico e savanas 55.901,92 ha (18,5%), Mosaico de diversas fácies da série dos miombos de tipo caducifólio tardio 11.869.77 (3,9%) e Mangal 7.864,67 (2,6 %) os que cobrem a maior parte do distrito.

Tabela 4.1. Uso e cobertura de terra no distrito de Quissanga

Tipo de uso e cobertura da terra Área (ha) Área (Km2) Formação arbustiva sub-litorais (em plataformas e

alcantilados calcários em areias arenosas)

1 086,74 10,87

Mangal 7 864,67 78,65

Mosaico de diversas fáceis da série dos miombos de tipo caducifólio tardio

11 869,77 118,70 Mosaico de miombo caducifólio típico e savanas 55 901,92 559,02 Mosaico de savanas climáticas e formações arbustivas 94 145,54 941,46

Agricultura 27 919,59 279,17

Zonas limosas e saladares na região intermareal 100 093,96 100,94

Paisagem antroporizada 2 756,14 28,56

Área total 301,635,33 2 117,37

Fonte: GD Quissanga (2012)

4.1.6. Fauna bravia

Dada a sua localização inteiramente dentro do PNQ, o distrito de Quissanga é rico em fauna bravia, constituindo deste modo um grande potencial para o turismo. Dentre os animais abundantes destacam-se elefantes, búfalos, leões, leopardos, macacos, porcos, javalis, crocodilos e antílopes. Os recursos marinhos incluem a abundância de espécies de peixe de elevado valor comercial, destacando-se o camarão, polvo, lula, caranguejo e inúmeros mariscos. A grande heterogeneidade de ecossistemas no PNQ resulta numa grande variedade de espécies de aves, desde típicas de espaços intertidais, mangal, pradarias, corpos de água interiores/terras húmidas, ilhas, matas de regeneração, matas de miombo, florestas cultivados e ambientes aquáticos (GD Quissanga, 2012). A maior concentração de aves regista-se nos lagos e rios com água permanente, nas florestas e outras matas associadas a rios.

(42)

4.1.7. Sensibilidade ambiental

Áreas ambientalmente sensíveis são espaços territoriais onde existe grande diversidade biológica, espécies em extinção, que expostos à acção humana facilmente podem se degradar. A delimitação destas áreas é importante para o processo de tomada de decisão e na alocação de projectos de desenvolvimento, tomando em conta a sustentabilidade ambiental. De acordo com GD Quissanga (2012), as áreas de sensibilidade ambiental no distrito de Quissanga incluem as seguintes zonas:

Mangais – inclui toda a faixa costeira do distrito, caracterizada pela presença de manchas

deste tipo de vegetação hidrófila, pouco alterada e extremamente importante como habitat de algumas espécies marítimas na sua fase juvenil.

Zona de elevado valor paisagístico - compreende uma considerável porção representada

pelas diferentes formações florestais (incluindo matas primitivas), pois que estes representam um habitat quase já raro no resto da região. As florestas são de beleza excepcional, verde e fresca mesmo no meio-dia.

Aquíferos subterrâneos – sobretudo os 3 a 10 m3/h (16 h/dia) e os aquiferos de produtividade

limitada localizados nas sedes dos três PA, nomeadamente Bilibiza, Mahate e Quissanga sede. Os aquíferos constituem reservatórios de água importantes no provimento de água para as necessidades de projectos de desenvolvimento económico.

Margens dos rios e lagoas e zonas húmidas – ocorrem sobretudo ao longo dos rios

Montepuez e Muaguide e do lago Bilibiza e Cacaveiro áreas baixas que formam terras húmidas. São essenciais para a promoção de agricultura dada a falta de meios de rega bem assim para a manutenção da biodiversidade.

Tabela 4.2. Uso actual do solo no distrito de Quissanga

Tipo de uso e cobertura da terra Área (ha) Área (Km2)

Cultivado irrigado 9 748 3,1

Floresta de baixa altitude aberta 85 228 26,8

Formação herbácea 7 926 2,5

Formação herbácea arborizada 92 203 29,0

Matagal aberto 107 670 33,8

Moita (arbustos baixos) 4 919 1,5

Formação herbácea inundável 8 113 2,5

Formação herbácea degradada inundável 1 052 0,3

Solo sem vegetação 1 540 0,5

Matagal médio 52 0,0

Total 318 450 100

(43)

4.1.8. População

Em 2007, aquando do último censo populacional, o distrito de Quissanga contava com 37 771 habitantes. Actualmente, estima-se que residam 40486 habitantes, o que corresponde a uma taxa anual de crescimento de 0.66%, no intervalo de 8 anos, conforme se pode observar na tabela abaixo.

Tabela 4.3. Evolução da população de Quissanga

Ano 1997 2005 2007 2015 2035 2040

Número de habitantes 34328 42859* 38,437 40,486* 36,201* 34,240* Fonte: INE 2013. * Dados projectados com base nos censos populacionais e taxas de crescimento

As projecções de INE (2013) indicam um decréscimo da população do distrito a partir de 2035.

4.1.9. Educação

De acordo com INE Quissanga (2012), o distrito de Quissanga, possuía em 2011 uma rede escolar composta por 37 estabelecimentos públicos de ensino do EPI e 11 escolas públicas do EPII. (Tabela 4.4.) e 4 ministrando o ensino técnico profissional e secundário, nomeadamente Escola Secundária funcionando na vila sede que lecciona da 8ª a 10ª classe, o Instituto Agrário de Bilibiza, o Instituto de Formação de Professores (ADPP) e a Escola de Formação de Professores do Futuro. A relação aluno/professor no ensino primário reduziu de 70,7 em 2003 para 40 em 2011.

(44)

Tabela 4.4. Estabelecimentos escolares por nível de ensino no distrito de Quissanga

Estabelecimento de ensino Ano Variação

2011/2007 2007 2008 2009 2010 2011

Escolas por nível de ensino Primárias EPI 35 36 37 38 37 5,7 Públicas 35 36 37 38 37 5,7 Privadas/comunitárias EPII 8 8 9 10 11 37,5 Públicas 8 8 9 10 11 37,5 Privadas/comunitárias - - - - Secundárias ESGI - - 1 1 1 - Públicas - - 1 1 1 Privadas - - - - ESGII - - - - Públicas - - - - Privadas - - - -

Fonte INE Quissanga (2012)

O Distrito conta ainda com 46 centros de Alfabetização e Educação de Adultos, assistidos por 75 alfabetizadores. Os dados mostram uma melhoria significativa da situação em relação a 1997 onde a taxa de alfabetização no distrito era em média de 84%.

Tabela 4.5. Taxa específica de analfabetização do distrito de Quissanga – 2007 (%) Grupos etários Total Homens Mulheres

15 - 19 52,4 35 66,6 20 - 24 63,9 41,5 80,8 25 - 29 70,9 54,5 84,7 30 - 39 66,5 44,9 86,3 40 - 49 65,8 40,8 90,2 50 - 59 76,8 52,6 95,2 60 e mais 81,8 67,5 96,3 Fonte: INE (2012)

(45)

Fonte: GD Quissanga (2012).

Figura 4.2. Acessibilidade a rede escolar

O nível de acessibilidade da rede escolar no distrito pode ser considerada de boa, uma vez que o grau de acessibilidade varia de favorável - 0 a 2km a moderadamente favorável - 2 a 4km Um número significativo de aldeias é coberta por pelo menos uma escola do nível primário (GD Quissanga, 2012).

(46)

4.1.10. Saúde

O distrito de Quissanga contava em 2010 com rede sanitária composta por 7 unidades hospitalares, das quais 2 Centros de Saúde do Tipo I, que funcionam uma na sede e a outra em Bilibiza, 3 Centros de Saúde do Tipo II, em Nacoba, Mahate e Cajembe e 2 Postos de Saúde, em Tororo e Namaluco, com um total de 76 camas correspondentes a 1,2 camas por mil habitantes. (Tabela 4.6. e Figura 4.3.). Estes dados revelam uma melhoria nas condições do sector quando comparado com dados de 2003 onde o distrito contava com apenas 5 centros de saúde e um total de 20 camas, ou seja 0,4 camas por mil habitantes.

Tabela 4.6. Rede sanitária do distrito de Quissanga Infra-estruturas Ano

2008 2009 2010

Centros de saúde 6 6 4

Postos de saúde - - 3

Equipamento

Total de camas gerais 37 39 49

Camas da maternidade 15 17 27

Camas por 1000 habitantes 1,0 1,0 1,2 Fonte: INE Quissanga (2012)

(47)

Fonte: GD Quissanga (2012).

(48)

O nível de acessibilidade da rede sanitária no distrito pode ser considerada de razoável, uma vez que o grau de acessibilidade varia de favorável - 0 a 5km, moderadamente favorável - 5 a 10km a não favorável – mais de 10km (Figura 4.4.). O nível de acessibilidade à rede sanitária é ainda deficiente, uma vez que um número significativo de populações das aldeias encontra-se a mais de 5 a 10 km de distância para aceder a uma unidade hospitalar (GD Quissanga, 2012).

Fonte: GD Quissanga (2012).

Figura 4.4. Acessibilidade à rede sanitária

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