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Metodologia de Pesquisa Qualitativa para Estimular à Inovação Tecnológica

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Academic year: 2021

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Metodologia de Pesquisa Qualitativa para Estimular à

Inovação Tecnológica

Oscar Quiroga (Dpto. Ing. Industrial /UNL)

Miguel Ángel Aires Borrás (GEPITec / UFSCar)

Resumo

Este trabalho apresenta uma metodologia de pesquisa baseada em estudos de casos mediante um processo indutivo de triangulação iterativa. A situação é considerada como estudos de casos múltiplos, os quais são apropriados quando existem determinados conhecimentos específicos sobre o tema da pesquisa. Utilizando esta metodologia é proposto um conjunto de hipóteses que constituirá uma estrutura teórica orientada a estimular e favorecer a inovação tecnológica em empresas de Sorocaba/SP. As hipóteses sugeridas são validadas nas empresas industriais que provêm do setor metal-mecânico, autopeças, e de maquinarias para as indústrias de processo.

Palavras chave: Metodologia de pesquisa qualitativa, estudos de caso, inovação tecnológica.

1 Introdução

O estudo de caso qualitativo é definido como uma investigação empírica que principalmente utiliza dados de cenários limitados do mundo real para pesquisar um fenômeno focalizado ou concentrado (Meredith, 1998; Barratt et al., 2011). Ademais, o estudo de caso investiga um fenômeno contemporâneo em profundidade e em seu contexto de vida real, em especial quando os limites entre o fenômeno e o contexto não são claramente evidentes (Yin, 2010). A investigação do estudo de caso enfrenta a situação tecnicamente diferenciada em que existirão muito mais variáveis de interesse do que pontos de dados, e, como resultado conta com múltiplas fontes de evidencia, com os dados precisando convergir de maneira triangular, e como outro resultado beneficia-se do desenvolvimento anterior das proposições teóricas para orientar a coleta e análise de dados (Yin, 2010). O uso da pesquisa de estudo de casos qualitativos é promovido como uma alternativa à pesquisa baseada em enquete ou survey. Nesta direção, Lewis (1998) indica que os pesquisadores deveriam utilizar métodos de pesquisa baseados no campo, e também propõe a triangulação iterativa como um processo de desenvolvimento de uma nova teoria, hipóteses – conjeturas, etc.

Este trabalho, na Seção 2, desenvolve uma metodologia de pesquisa mediante um processo indutivo de triangulação iterativa, usando estudo de casos. A aplicação desta metodologia é utilizada com a finalidade de desenvolver um conjunto de hipóteses que conformará uma estrutura teórica orientada a estimular a inovação tecnológica em empresas do setor industrial de Sorocaba/SP. A Seção 3 descreve e detalha o conjunto de hipóteses obtido mediante a metodologia de pesquisa. Logo, a Seção 4 apresenta a validação das hipóteses, alcançando como resultado a conformação final da estrutura teórica que permite estimular a inovação tecnológica. Finalmente, a Seção 5 descreve as conclusões finais do artigo.

2 Desenvolvimento da Metodologia de Pesquisa

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Figura 1. Metodologia de pesquisa baseada na triangulação iterativa. Fonte (Elaboração própria)

2.1 Fase I. Fundamentos – Bases

A introdução da triangulação iterativa como um processo indutivo de desenvolvimento de teoria por meio de uma abordagem bem definida, melhora a maneira potencial para atingir uma teoria de qualidade. Esta fase considera diversas partes que possibilitam definir: os fatores para estimular a inovação, o domínio teórico, os objetivos da investigação, o tamanho da amostra, os números de estudos de caso, o escopo do trabalho, e os problemas para a gestão da inovação tecnológica.

2.1.1 Primeira Iteração.

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Tabela 1: Classificação dos fatores relevantes para estimular a inovação segundo a importância.

Ordem Fator Porcentagem (%)

1 Oportunidade de Negócio 93

2 Cultura da Empresa 83

3 Incentivos Fiscais 81

4 Aquisição de Equipamento Importado 73

5 Aquisição de Equipamento Nacional 67

6 Linhas de Financiamento Público 64

7 Linhas de Financiamento Privado 55

8 Projetos com Agência de Fomento 52

Baseado em (Agência de Desenvolvimento e Inovação de Sorocaba (INOVA Sorocaba) e Grupo de Estudo e Pesquisa em Inovação e Transferência Tecnológica (GEPITec/UFSCar), 2014)

2.1.2 Revisão da bibliografia

O segundo componente considera uma revisão geral da bibliografia pertinente, e são incluídas as Fases I.2, I.3, I.4 e I.5. No início, esta revisão geral serve para esclarecer as relações dominantes, as perspectivas teóricas e os pontos fortes, fraquezas e necessidades da bibliografia (Lewis, 1998). Esta compreensão ajuda a especificar questões de pesquisa e construções de interesse que fornecem os limites do domínio teórico (Fase I.2), e seleciona o objetivo da pesquisa (Fase I.3). Ler trabalhos relacionados ao tema de estudo amplia os limites teóricos e fortalece vínculos com a bibliografia existente. Esta estrutura de revisão (Fase I.4) pode ser útil em fases posteriores, sugerindo possíveis fontes para aumentar a diversidade de casos e fornecer um meio para melhorar a heterogeneidade das conjeturas. A definição de uma população de pesquisa ajuda na identificação de uma amostra satisfatória (Fase I.5) e exige especificação das estratégias de busca de caso e os critérios de seleção dos casos. Para classificar os principais fatores que estimulam a inovação foi considerada uma amostra de 43 empresas de Sorocaba, nessa amostra estão os quatro estudos de casos escolhidos para a presente pesquisa.

O número de quatro estudos de casos provém da investigação relacionada com o número de unidades de análise, que respeita a restrição indicada na bibliografia, isto é, entre dois e oito casos segundo Meredith (1998). Para esta pesquisa é escolhida uma amostra seletiva de empresas composta pelas seguintes situações: 1) organizações tecnologicamente avançadas com sistemas de capacidade madura e uma reputação de adotar boas práticas de gestão da inovação tecnológica; 2) empresas certificadas com normas da ISO 9000, que definem, estabelecem e mantêm um sistema de garantia de qualidade. A Tabela 2 mostra as principais características das quatro empresas selecionadas.

Tabela 2: Principais características das empresas / estudos de casos escolhidos para a pesquisa.

Empresa Características

A Manufatura de autopeças.

B Fábrica de componentes para geração de energia eólica (pás para turbinas eólicas). C Fábrica de motores elétricos.

D Fábrica de rolamentos, mancais, guias lineares e componentes de motores, das indústrias automobilísticas e aeronáuticas, componentes e sistemas para transmissões de veículos.

Fonte (Elaboração própria)

2.1.3 Casos selecionados

No terceiro componente são incluídas as Fases I.6 e I.7 considerando os estudos de casos selecionados. A amostra para este processo metodológico está composta por quatro unidades de análise ou estudos de casos (Fase I.6). O escopo do estudo (Fase I.7) está determinado pela conformação de uma estrutura teórica baseada em um conjunto de hipóteses para estimular a inovação tecnológica em um grupo de empresas de Sorocaba.

2.1.4 Iterações Seguintes

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hipóteses e conjeturas iniciais das Fases II e III apresentadas na primeira iteração. O novo questionário, detalhado na Tabela 3, é aplicado aos quatro estudos de casos definidos na Fase I.5 (primeira iteração). Este questionário permite a identificação de problemas para a gestão da inovação tecnológica. Os quatro primeiros problemas indicados na Tabela 3 são descritos para a gestão da inovação de produtos por Cormican e Sullivan (2004), os restantes são detalhados em Quiroga (2014).

Tabela 3: Questionário para a classificação dos problemas vinculados à gestão da inovação tecnológica. PARTE A. Dos seguintes problemas vinculados à gestão da inovação tecnológica, na sua empresa verificam-se:

1. Falta de foco no cliente Sim Não

2. Má gestão dos projetos Sim Não

3. Falta de comunicação e transferência de conhecimentos Sim Não 4. Não compartilhamento de conhecimentos com universidades e a sociedade da região Sim Não

5. Falta de desenvolvimento interno Sim Não

6. Ausência de flexibilidade dentro do processo Sim Não 7. Dificuldade de controlar as novas idéias Sim Não PARTE B. Pode identificar outros problemas vinculados à gestão da inovação tecnológica diferentes dos indicados anteriormente?

Sim Não

No caso afirmativo, Quais?

Fonte (Elaboração própria)

Como resultado da Parte A do questionário, seis dos sete problemas foram verificados para os quatro estudos de caso. No caso da má gestão dos projetos, problema descrito por Cormican e Sullivan (2004), não é verificada por parte das quatro empresas uma má gestão dos projetos. Assim, permite uma validação complementaria da Hipótese H5, que é apresentada na seção 3.4, e logo validada na seção 4.4. Para a Parte B foram identificados outros problemas: 1) falta de investimentos em inovação; 2) rigidez de estruturas hierárquicas com linhas precisamente definidas de divisões de departamentos e de comando; 3) não compartilhamento de recursos tecnológicos entre os diferentes departamentos de engenharia; 4) ausência de equipes focadas em projetos avançados de inovação. O questionário proposto na Fase I.8 e aplicado na segunda iteração, vai complementar a informação da Fase I.1 da detecção de fatores relevantes para estimular a inovação, os que indicam características favoráveis à inovação, destacando que o questionário da Tabela 3 ajusta com características que podem-se interpretar como desfavoráveis tanto para estimular, quanto para a gestão da inovação, ou seja os problemas descritos na bibliografia e outros que são próprios dos estudos de casos. A principal idéia desta nova ferramenta é robustecer as hipóteses e conjeturas possibilitando o surgimento de uma estrutura teórica dirigida a estimular a inovação tecnológica.

Desta maneira, considerando os resultados do questionário da Tabela 3, são atualizados: I) o domínio teórico (Fase I.2); reajustam-se os objetivos da investigação (Fase I.3); II) a estrutura de revisão (Fase I.4); III) é respeitada a seleção dos casos definidos na primeira iteração (isto é: tamanho da amostra – Fase I.5; as unidades de análises e estudos de casos – Fase I.6; e o escopo do estudo – Fase I.7).

2.2 Fase II. Indução

A Fase II (Lewis, 1998; Cormican e O’Sullivan, 2004) compreende os componentes: (1) analisar os dados dos estudos de caso e (2) as hipóteses – conjeturas de forma, que envolvem funções, como: análise de caso dentro dos e entre os casos ou organizações (Fase II.1); desenvolver hipóteses - conjeturas iniciais (Fase II.2); comparar hipóteses – conjeturas com bibliografia / dados / casos (Fase II.3).

2.2.1 Analisar os dados dos estudos de caso

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2.2.2 Hipóteses – conjeturas de forma

Os padrões conjunturais detectados nas análises de dados de casos (Fase II.1) fornecem à base para o desenvolvimento de hipóteses - conjeturas iniciais (Fase II.2). A comparação das hipóteses - conjeturas através da bibliografia / data / casos (Fase II.3) atua como uma lógica de replicação, elucidando construções, relacionamentos e estruturas teóricas emergentes. No entanto, é importante mencionar que, no processo de indução de triangulação iterativa, a evidência de caso insuficiente não necessita de rejeitar uma hipótese – conjetura, devido a que todos os componentes de uma teoria emergente raramente vão ser descritos pelos processos existentes. O potencial para fornecer orientação para futuras pesquisas é considerado um dos pontos fortes da triangulação iterativa. As análises de dados da Fase II podem elucidar construções adicionais e questões para futuras pesquisas. O refinamento de construções através da indução e iterações pode permitir estudos posteriores para testar a teoria obtida como um resultado.

2.3 Fase III. Iteração: Refinando as Hipóteses

Esta fase reúne as iterações essenciais necessárias para refinar a teoria emergente. Este procedimento de refinamento constrói a possibilidade de obter um conjunto de hipóteses para estimular a inovação. A Fase III compreende os componentes de refinamento da teoria que incorpora funções específicas, como: estender hipóteses e conjeturas (Fase III.1); fazer experiências mentais (Fase III.2); e conseguir o encerramento (Fase III.3). Além disso, esta fase leva em conta o desenvolvimento de vínculos.

2.3.1 Estender hipóteses e conjeturas

A Fase III envolve estender as hipóteses e conjeturas, fazer experimentos mentais, atingir encerramento e refinar a teoria emergente generalizando além dos dados (Lewis, 1998; Cormican e O’Sullivan, 2004). Iterações entre (1) as provas de caso, (2) a bibliografia existente, e (3) a seleção de ajuda intuitiva, vinculando e ampliando as hipóteses e conjeturas (Fase III.1) a partir de diferentes provas de caso para conseguir uma teoria consistente.

2.3.2 Fazer experiências mentais

O aumento da quantidade e variedade de hipóteses – conjeturas elevam a chance de progresso, e melhora a qualidade da teoria indicada previamente. A seleção de hipóteses – conjeturas torna-se mais uma questão de opinião do teórico, do que da seleção natural, ou seja, determinada pelo ambiente (Weick, 1989). Como conseqüência, o teórico realiza experimentos mentais (Fase III.2) por iteração entre as suas próprias experiências e premissas, a revisão da bibliografia e os dados de caso para avaliar as hipóteses – conjeturas. A heterogeneidade e quantidade de experimentos mentais podem ser aumentadas por diversos estudos de caso e uma ampla revisão da bibliografia.

2.3.3 Alcançar o encerramento

O ponto de parada de iteração ou encerramento (Fase III.3) indica o ponto de saturação teórica quando a melhora marginal e o aprendizagem tornam-se pequenos, assim como os fenômenos se transformam em repetitivos (Eisenhardt, 1989). Quando as construções desenvolvidas e a teoria fornecem uma interpretação suficientemente precisa e abrangente de um caso, o teórico poderá declarar o encerramento.

2.3.4 Desenvolvimento de ligações

O desenvolvimento das ligações entre a Fase III e a Fase I, bem como entre a Fase III e a Fase II pode melhorar a utilidade da teoria, porque estas ligações integram trabalhos de pesquisa fragmentados anteriormente. Aplicativos confiáveis de diversos critérios são necessários para melhorar a consistência da hipótese – conjetura selecionada (Lewis, 1998). A metodologia de pesquisa proposta apresenta uma ligação entre as Fases III e I. Especialmente nas primeiras iterações pode ser necessário um refinamento nas pesquisas para identificar os problemas vinculados à gestão da inovação tecnológica, e através da iteração entre as Fases III e I modificar o questionário da Fase I.8. Este processo envolve a introdução ou a modificação de questões.

2.4 Fase IV. Introdução e Apresentação

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indutivo de triangulação iterativa como metodologia de pesquisa entre as Fases I, II e III. As hipóteses são apresentadas em detalhe na Seção 3.

2.5 Fase V. Validação – Implementação – Verificação

O principal objetivo desta fase é implementar, verificar e validar a estrutura teórica apresentada na Fase IV. Diferentes membros das equipes (diretores, engenheiros de plantas e responsáveis do departamento de P+D) podem realizar o processo de validação. Eles validam esse conjunto de hipóteses, avaliando a sua eficácia, o que significa, o quão úteis, adequadas e aplicáveis são as perguntas ou afirmações; assim como a sua praticidade – funcionalidade. O processo de validação pode apresentar os seguintes resultados: (1) O conjunto de hipóteses para estimular a inovação está diretamente validado e não existe necessidade de fases ou etapas de refinamento. (2) O conjunto de hipóteses para estimular a inovação requer refinamentos usando iterações entre as Fases V e IV. O conjunto total de hipóteses é validado em detalhe na Seção 4.

3 Hipóteses para Estimular a Inovação Tecnológica

Utilizando o procedimento desenvolvido nas Fases I, II e III da Seção 2 e baseado na metodologia da triangulação iterativa, é elaborado um conjunto de cinco hipóteses que formam parte de uma estrutura teórica dirigida a estimular a inovação tecnológica. Procedimentos metodológicos melhoram a qualidade da teoria, aumentando a quantidade e variedade de bibliografia revisada, de estudos de casos encontrados, de conjeturas examinadas, e dos critérios utilizados para selecionar conjeturas (Lewis, 1998; Cormican e O’Sullivan, 2004).

3.1 Desenvolvimento de Inovação de Processos (H1)

A Hipótese H1 tem uma vinculação com o desenvolvimento de inovação de processos. H1indica que na maioria das empresas investigadas da região analisada são realizadas ou desenvolvidas inovações nos processos de produção, mas não são detectados controles dessas inovações de processos. Esta H1 é resultado de:

A) Conjeturas para conformar H1, juízos realizados mediante indícios vinculados à primeira iteração (Fase I.1) usando a Tabela 1 da classificação dos fatores relevantes para estimular a inovação. Neste caso, aparecem fatores vinculados às linhas de financiamento público e privados; aos incentivos fiscais; e ás oportunidade de negócio. Estes fatores estimulam o processo de desenvolvimento e gestão de inovação tanto de produtos, quanto de processos tecnológicos.

B) Conjeturas – suposições para conformar H1, juízos realizados mediante indícios vinculados à segunda iteração (Fase I.8) usando o questionário dos problemas vinculados à gestão da inovação tecnológica. Neste caso, aparecem os problemas vinculados à ausência de flexibilidade dentro dos processos. Estes problemas destacam a existência de processos rígidos que podem dificultar o desenvolvimento da inovação de processos.

3.2 Organização e Estrutura Inovadora (H2)

Nesta parte é analisada a forma em que a orientação da estrutura organizacional está em relação à inovação tecnológica. A Hipótese H2 tem uma relação com a organização e estrutura inovadora. H2 destaca que na maioria das empresas investigadas da região analisada têm estruturas de organização que não favorecem a inovação, o empreendedorismo, nem o surgimento de novas idéias.

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3.3 Aprendizagem e Capacidade Tecnológica (H3 e H4)

Este tópico aborda a aprendizagem tecnológica (Figueiredo, 2009) como um processo que envolve vários mecanismos que capturam o conhecimento tecnológico a partir de fontes internas e externas à empresa, a fim de transformá-los em recursos tecnológicos da empresa. São propostas duas hipóteses (H3 e H4). H3 destaca que na maioria das empresas investigadas da região analisada compram-se equipamentos para favorecer seus recursos tecnológicos e assim desenvolver novos produtos e processos. H3 é o resultado de: conjeturas para conformar H3, juízos realizados mediante indícios vinculados à primeira iteração (Fase I.1) usando o questionário dos fatores que estimulam a inovação. Neste caso, aparecem fatores vinculados a: aquisição de equipamentos importados e nacionais; projetos com agência de fomento. H4 destaca que na maioria das empresas investigadas da região analisada existe um escasso ou limitado desenvolvimento de equipamentos ou dos funcionários, e escassa ou limitada capacidade das empresas para captar as habilidades dos operários. Esta hipótese é o resultado de: conjeturas – suposições para conformar H4, juízos realizados mediante indícios vinculados à segunda iteração (Fase I.8) usando o questionário dos problemas vinculados à gestão da inovação tecnológica. Neste caso, aparecem os problemas vinculados a: falta de desenvolvimento interno; falta de investimentos em inovação. Estes problemas destacam uma ausência de desenvolvimento das habilidades dos operários, de aproveitar as lições aprendidas.

3.4 Projetos de Desenvolvimento de Produtos (H5)

Nesta parte é analisada a forma em que são planejados os projetos de desenvolvimento de produtos inovadores, a dinâmica de evolução dos projetos de novos produtos, e se as pesquisas sistemáticas de novos produtos ou processos são realizados nas empresas. A Hipótese H5 destaca que na maioria das empresas investigadas da região analisada existe um forte planejamento do projeto de desenvolvimento de produtos com equipes medianamente especializadas em inovação de produtos. Esta H5 é o resultado de: conjeturas para conformar H5, juízos realizados mediante indícios vinculados à primeira iteração (Fase I.1) usando o questionário dos fatores que estimulam a inovação (Tabela 1). Neste caso, aparecem fatores vinculados aos incentivos fiscais; projetos com agência de fomento; linhas de financiamento público e privado; oportunidade de negócio.

4 Validação das Hipóteses

O processo de validação do conjunto das cinco hipóteses apresentadas na Seção 3 é desenvolvido mediante questionários que relacionam as conjeturas que conformam as hipóteses. Estes questionários são aplicados para as quatro empresas descritas nos estudos de casos.

4.1 Validação da Hipótese H1

É proposto um questionário relacionado com as duas conjeturas que conformam H1, os quais são aplicados nas quatro empresas para esta fase de validação. As perguntas são indicadas a seguir:

1) A empresa conta com um processo de inovação tecnológica com implementação e controle eficazes? 2) A empresa possui processos apropriados que ajudam a gerenciar de maneira eficaz o desenvolvimento de um novo produto / processo, desde a idéia até o lançamento, e que asseguram o envolvimento prévio de todos os departamentos?

3) Os projetos de inovação tecnológica geralmente são realizados no prazo e dentro de orçamento? Tabela 4: Resultados das perguntas do questionário para o processo de validação da H1. Hipótese Pergunta Empresa que Valida Empresa que Não Valida Sem resposta

H1

1 A C D - B

2 A C D - B

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4.2 Validação da Hipótese H2

É proposto um questionário relacionado com as conjeturas que conformam a hipótese H2, e é aplicado nos quatro estudos de caso para esta fase de validação. As perguntas são:

1) A estrutura de organização não reprime a inovação, mas favorece sua ocorrência, e permite o surgimento de empreendedores internos?

2) Além dos limites departamentais, as pessoas trabalham bem em conjunto, e a organização fornece apoio em termos de tempo, autonomia e recompensas?

Além disso, são feitas hipóteses – conjeturas relacionadas à forma de como é a cultura inovadora da empresa, assim como são as comunicações dentro da organização, se existe um sistema para recompensar equitativamente as inovações nas equipes. No questionário estas hipóteses – conjeturas aparecem indicadas nas perguntas:

3) A estrutura organizacional permite tomar decisões ágeis e rápidas, enquanto a gerencia geral tem o compromisso de assumir riscos na inovação de produtos e processos?

4) A comunicação entre membros da equipe e entre equipes de projeto funciona eficazmente de cima para baixo, de baixo para cima, e através da organização?

5) O sistema de recompensa e reconhecimento apóia à inovação e é bem equitativo com todos os membros das equipes de projetos?

Tabela 5: Resultados das perguntas do questionário para o processo de validação da H2. Hipótese Pergunta Empresa que Valida Empresa que Não Valida Sem resposta

H2 1 A B D C - 2 A B C D - - 3 A C B D - 4 A C D B - 5 A C D B -

Fonte (Elaboração própria)

4.3 Validação das Hipóteses H3 e H4

É proposto um questionário relacionado com as conjeturas que conformam a hipótese H3, e é aplicado nos quatro estudos de caso para esta fase de validação. As perguntas indicam-se a seguir:

1) A empresa tem um forte investimento e comprometimento com treinamento e desenvolvimento das pessoas em todos os níveis?

2) A empresa é boa em captar o que é aprendido, e as habilidades individuais são efetivamente aproveitadas dentro e entre as equipes de projetos?

Alem disso, é determinado se as capacidades tecnológicas são consideradas como um conjunto de recursos baseados em conhecimento tecnológico de fontes externas ou conhecimento da empresa. São propostas três perguntas relacionadas às conjeturas que conformam a hipótese H4, e também é aplicado nos quatro estudos de caso para esta fase de validação. As perguntas são indicadas a seguir:

3) A empresa considera a aprendizagem tecnológica como um processo que envolve mecanismos que captam conhecimentos tecnológicos de fontes internas e externas à empresa para transformá-los em capacidades tecnológicas da empresa?

4) A empresa considera a capacidade tecnológica como um conjunto ou estoque de recursos à base de conhecimento tecnológico, ou conhecimento da empresa?

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Tabela 6: Resultados das perguntas do questionário para o processo de validação da H3 e H4. Hipótese Pergunta Empresa que Valida Empresa que Não Valida Sem resposta

H3 1 A B C D - - 2 A B C D - - H4 3 A B C D - - 4 A B C D - - 5 A B C D -

Fonte (Elaboração própria)

4.4 Validação da Hipótese H5

É proposto um questionário relacionado com as conjeturas que conformam a hipótese H5, e é aplicado nos quatro estudos de caso para esta fase de validação. As perguntas são indicadas a seguir:

1) A empresa tem um planejamento do ciclo de vida dos produtos orientados pelo mercado, onde eles são desenvolvidos de forma modular como parte de uma família?

2) A empresa usa uma metodologia de gerenciamento de projetos baseada no PMBOK ou outra, bem como um processo estruturado para desenvolvimento de novos produtos, escolhendo os projetos de inovação mediante um sistema claro?

3) Os funcionários têm autonomia e capacitação na resolução de problemas e utilizam eficazmente ferramentas e metodologias do tipo de Seis-Sigma, e lean manufacturing?

4) O uso de softwares de simulação, modelagem 3D, prototipagem, e de sistemas de informação é uma constante no desenvolvimento de projetos?

5) A empresa utiliza de processos estruturados que integram todo o ciclo de vida do produto, incluindo o descarte final após a vida útil do produto?

6) A empresa pesquisa sistematicamente idéias de novos produtos e processos?

Tabela 7: Resultados das perguntas do questionário para o processo de validação da H5. Hipótese Pergunta Empresa que Valida Empresa que Não Valida Sem resposta

H5 1 A C D - B 2 A C D - B 3 A C D - B 4 A C D - B 5 A C D - B 6 A C D - B

Fonte (Elaboração própria)

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5 Conclusões

Este trabalho apresentou o desenvolvimento de uma nova metodologia de pesquisa utilizando um processo indutivo de triangulação iterativa baseado em estudos de casos. Esta metodologia conformou-se de cinco fases diferentes (Fundamentos – Bases; Indução; Iteração: Refinando a Teoria; Introdução e Apresentação; Validação – Implementação – Verificação). A metodologia foi utilizada com a finalidade de desenvolver e descrever um conjunto de cinco hipóteses que conformaram uma estrutura teórica destinada a orientar, estimular e apoiar a inovação tecnológica em empresas do setor industrial de Sorocaba/SP. Estas cinco hipóteses foram validadas para os quatro estudos de casos descritos, alcançando como resultado uma estrutura teórica válida que permite estimular a inovação tecnológica.

Para o estudo, uma amostra seletiva de empresas foi escolhida, a qual está composta por organizações tecnologicamente avançadas com reputação de adotar boas práticas de gestão da inovação tecnológica, assim como, empresas certificadas com normas da ISO 9000. As empresas industriais provêm de setores metal-mecânico, autopeças e de maquinarias.

Referências Bibliográficas

AGÊNCIA DE DESENVOLVIMENTO E INOVAÇÃO DE SOROCABA (INOVA SOROCABA) E GRUPO DE ESTUDO E PESQUISA EM INOVAÇÃO E TRANSFERÊNCIA TECNOLÓGICA (GEPITec/UFSCar). 2014. Análise da Oferta e Demanda de Serviços Tecnológicos em Sorocaba/SP. Relatório Final.

BARRATT M., T. CHOI, M. LI (2011). Qualitative Case Studies in Operations Management: Trends, Research Outcomes, and Future Research Implications. Journal of Operations Management 29, 329–342. CORMICAN, K. AND D. O’SULLIVAN (2004). Auditing Best Practice for Effective Product Innovation Management. Technovation, Vol. 24, No. XX, pp. 819–829.

EISENHARDT, K. 1989. Building Theories from Case Study Research. Academy of Management Review, Vol. 14, No.4. pp. 532–550.

FIGUEIREDO, P. 2009. Gestão da Inovação. Conceitos, Métricas e Experiências de Empresas no Brasil. LTC. Rio de Janeiro, Brasil.

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MEREDITH, J. (1998). Building Operations Management Theory Through Case and Field Research. Journal of Operations Management. Vol. 16, No. 4, pp. 441–454.

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Referências

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