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PODER JUDICIÁRIO TRIBUNAL DE JUSTIÇA DO ESTADO DE SÃO PAULO 11ª Câmara de Direito Privado ACÓRDÃO

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Registro: 2012.0000010467 ACÓRDÃO

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Agravo de Instrumento nº 0217253-37.2011.8.26.0000, da Comarca de São Paulo, em que é agravante ZXX CXXXXXXX LTDA sendo agravados BXXXX GXXXXX MXXXXXX EPP e BXXX GXXXXX MXXXXXXX.

ACORDAM, em 11ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de

São Paulo, proferir a seguinte decisão: "Negaram provimento ao recurso. V. U.", de conformidade com o voto do Relator, que integra este acórdão.

O julgamento teve a participação dos Exmos. Desembargadores MOURA RIBEIRO (Presidente) e WALTER FONSECA.

São Paulo, 19 de janeiro de 2012.

Rômolo Russo RELATOR

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Agravo de Instrumento nº 0217253-37.2011.8.26.0000 Comarca: São Paulo - 32ª VC

Ação: Execução de Título Extrajudicial

Agravante: Z.xx C. Ltda

Agravados: Bxxx Gxxxxx Mxxxxxx Epp e Bxxx Gxxxxx Mxxxxxx

Pedido extensão da execução para o patrimônio de pessoa jurídica que constituiu filial no imóvel anteriormente ocupado pela executada. Responsabilidade que somente incide na hipótese de caracterização de trespasse. Art. 1.146 do Código Civil. Não configuração de transferência do estabelecimento. Art. 1.142 do Código Civil. Pedido de desconsideração inversa da personalidade jurídica. Medida excepcional somente aplicável na hipótese de confusão patrimonial ou abuso de direito. Ausência de demonstração da constituição da sociedade com fins de fraudar a execução. Inexistência de elementos probantes de que a sócia e coexecutada esvaziaram seu patrimônio pessoal e o integralizara no ente coletivo. Agravo não provido.

Em face da r. decisão que indeferira a inclusão de pessoa jurídica no pólo passivo da demanda sob fundamento de ausência de provas de que tenha havido sucessão (fls. 25), insurge-se a agravante salientando que: a) a empresa Soho & Brighton Metals Ltda. adquiriu o fundo de comércio pertencente à executada; e, b) o esposo da sócia da empresa executada é figura presente na empresa Soho & Brighton Metals Ltda.

Recurso preparado e respondido (fls. 116/128).

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O pedido de extensão da excussão à esfera patrimonial de Sxxx & Bxxxxxx Mxxx Ltda. comporta duas perspectivas de análise: uma sob fundamentação da sucessão por transferência do fundo de comércio e outra à luz da teoria da desconsideração inversa da personalidade jurídica.

No primeiro ponto, marque-se que o Código Civil fixa a responsabilidade do adquirente do estabelecimento pelos débitos anteriores à transferência que tenham sido regularmente contabilizados (art. 1.146).

Entretanto, para que a aludida regra de responsabilidade incida é necessária a exata caracterização do trespasse.

Nesse quadrante, cumpre anotar que o estabelecimento não se limita ao imóvel correspondente ao local em que a atividade comercial é explorada, correspondendo a “todo complexo de bens organizado, para exercício da empresa” (art. 1.142 do Código Civil).

Sobre tal temática, o insigne OSCAR BARRETO FILHO preleciona que:

“parece lícito admitir, segundo o

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instrumental em relação à atividade econômica exercida pelo comerciante.

Diante dessas características, obtém-se a seguinte definição de estabelecimento comercial, que pode ser adotada como hipótese de trabalho: complexo de bens, materiais e imateriais, que

constituem o instrumento utilizado pelo

comerciante para a exploração de determinada atividade mercantil” (Teoria do estabelecimento comercial. São Paulo: Saraiva, 1988, p. 75).

Nesse mesmo sentido, o eminente FABIO ULHOA COELHO doutrina que: “O estabelecimento empresarial pode ser vendido pelo empresário que o titulariza. O contrato de compra e venda de estabelecimento denomina-se trespasse, e é muitas vezes proposto, no meio empresarial, por meio das expressões 'passa-se o ponto'. O trespasse não se confunde com a cessão de quotas sociais de sociedade limitada ou a alienação de controle de sociedade anônima. São institutos jurídicos bastante distintos, embora com efeitos econômicos idênticos, na medida em que são meios de transferência da empresa. No trespasse, o estabelecimento empresarial deixa de integrar o patrimônio de um empresário (o alienante) e passa para o de outro (o adquirente). O objeto da venda é o complexo de bens corpóreos e incorpóreos, envolvidos com a exploração de uma atividade empresarial” (Curso de direito comercial: direito da empresa. São Paulo: Saraiva, 2010, pp. 118/119).

Nesse percurso, para a caracterização da transferência do fundo de comércio é necessário ter havido a alienação do complexo de bens, corpóreos e incorpóreos, que constituam os instrumentos para a realização da atividade comercial.

Na hipótese, dos autos apenas houve a

demonstração de que a empresa Sccc & Bccccc Mccccc` Ltda.

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Quanto ao outro ponto, averbe-se que a desconsideração de personalidade jurídica para a extensão da excussão na esfera patrimonial da sociedade em razão de dívidas contraídas pelo sócio é medida de caráter excepcional, apenas admitida nas hipóteses de evidente caracterização de desvio de finalidade, ou, confusão patrimonial, o que decorre da exegese do art. 50 do Código Civil.

Nesse sentido, escreve o saudoso Ministro CARLOS ALBERTO MENEZES DIREITO: “O que se deve considerar no trato doutrinário da desconsideração da personalidade jurídica é a sua utilização apenas para evitar o abuso ou a fraude, todas as vezes que a personalidade jurídica da sociedade comercial, na forma do art. 20 do Código Civil de 1916, for utilizada como instrumento para prestigiar aquele que manipula a pessoa jurídica com o objetivo de fugir do adimplemento de uma dada obrigação. […] a desconsideração da personalidade jurídica cabe quando houver a configuração de abuso ou de manipulação fraudulenta do princípio da separação patrimonial entre a sociedade e seus membros. O que se quer é evitar a manipulação da autonomia patrimonial da sociedade como meio de impedir, fraudulentamente, o resgate de obrigação assumida nos termos da lei. E, assim mesmo, a doutrina não conduz à extinção da sociedade, que permanece existindo regularmente, mas, tão somente, afasta a separação patrimonial em uma determinada circunstância” (Desconsideração da Personalidade Jurídica in Estudos de direito público e privado. Rio de Janeiro: Renovar, 2006. pp. 108/109).

Outrossim, é entendimento desta E. Câmara que para o deferimento da desconsideração da personalidade jurídica é indispensável que a fraude ou a confusão patrimonial estejam demonstradas nos autos:

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jurisprudência anglo-americana.

Segundo essa doutrina, em sua vertente mais elaborada, não basta a insatisfação do direito afirmado em face da sociedade para que sua personalidade jurídica seja vulnerada: a impossibilidade de recebimento de um crédito não seria, pois, causa suficiente para que se alcançasse o patrimônio dos sócios.

Com efeito, em países codificados como o nosso, o trespasse da regra da separação entre sócio e sociedade exige muito mais que isso.

[…] Em tais condições, vê-se que a

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Sócios na Sociedade Limitada, Ed. Saraiva, S.

Paulo, 2005, p. 117-118)” (Agravo de

Instrumento n° 0115329-80.2011.8.26.0000,

Rel. Des. Gilberto dos Santos, 30/06/2011).

“Ressalte-se, preambularmente, que a desconsideração inversa da personalidade jurídica é criação doutrinária, que vem recebendo apoio na jurisprudência, a qual visa coibir fraudes perpetradas pelos sócios ou acionistas por meio do uso da autonomia patrimonial da pessoa jurídica para fugir das responsabilidades originária ou derivada que sobre eles poderia recair, criando uma nova empresa para salvaguarda de seus patrimônios pessoais. Torna-se possível, assim e também, desconsiderar a autonomia patrimonial da pessoa jurídica para responsabilizá-la por obrigação do sócio, quando evidenciada conduta fraudulenta dele na criação ou utilização da empresa.

Quanto a isso, leciona Fábio Ulhoa Coelho: 'A fraude que a desconsideração invertida coíbe é, basicamente, o desvio de bens. O devedor transfere seus bens para a pessoa jurídica sobre a qual detém absoluto controle. Desse modo, continua a usufruí-los, apesar de não serem de sua propriedade, mas da pessoa jurídica controlada. Os seus

credores, em princípio, não podem

responsabilizá-lo executando tais bens. E certo que, em se tratando de pessoa jurídica de uma sociedade, ao sócio é atribuída a participação

societária, isto é, quotas ou ações

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restar para a satisfação da dívida exequenda” (Agravo de Instrumento n° 990.10.052989-7, Rel. Des. Vieira de Moraes, j. 27/05/2010).

Na hipótese dos autos, não há a demonstração cabal da existência de confusão patrimonial entre

Sxxx & Bxxxxx Mcccc Ltda. e Bcccc Gccc Mxxxxx Epp.

Nada há na prova encarta neste instrumento que sublinhe a juridicidade do afastamento da autonomia patrimonial da referida sociedade, mormente porque não se verifica o uso escamoteado da personalidade jurídica da empresa para alforriar o cotista-devedor de sua responsabilidade civil, inadmitindo-se, portanto, que se alcance o patrimônio do ente coletivo por obrigações não cumpridas pelo sócio-devedor de outrem.

Não há indício de manobra fraudulenta, tampouco a demonstração de que o acionista-devedor esvaziara o seu patrimônio pessoal, integralizando-o na pessoa jurídica, de modo que não há quadra fática para a referida desconsideração inversa.

Nesse sentido, confira-se o V. Acórdão oriundo do C. STJ no REsp 948.117-MS, Rel. Ministra NANCY ANDRIGHI.

Assim, sem amparo legal a extensão de responsabilidade patrimonial pleiteada.

Por esses fundamentos, meu voto nega provimento ao agravo.

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