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Estud. av. vol.14 número40

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MA DAS características marcantes da economia brasileira nas últi-mas décadas, incluindo os seis anos em que foi implementado o Plano Real, é o elevadíssimo grau de concentração de renda e de ri-queza. Estudo recente do IPEA (1) ressalta que o grau de desigualdade na sociedade brasileira é um dos mais altos do mundo. O Brasil é o país que apresenta maior diferença entre a renda média dos 10% mais ricos e a dos 40% mais pobres. Em nosso caso, essa diferença é de nada menos que 28 vezes! O Brasil também é o único país em que a razão da renda média dos 20% mais ricos da população e a dos 20% mais pobres supera o dilatado valor de 30, chegando a 31. No Relatório sobre o Desenvolvimento do Mundo 1999-2000, do Banco Mundial, o Brasil é o vice-campeão mundial da desigualdade, com um índice Gini de 0,60 (1995), só perdendo para Serra Leoa, 0,629(1989).

“No que se refere ao Plano Real”, observam os autores do estudo do IPEA, “não dispomos de evidência alguma de que tenha produzido qual-quer impacto significativo sobre a redução da desigualdade, apesar da po-breza ter sofrido redução importante.” Houve declínio pouco relevante no grau de desigualdade de 1989 a 1992. Nos anos posteriores ao Plano Real o grau de desigualdade permaneceu estável e similar ao de 1993, mas sempre superior ao de 1992, conforme indicado na tabela 1.

No período de 1977 a 1998, salvo no ano de 1981, os que represen-tavam 1% dos mais ricos da população brasileira tiveram uma participação na renda agregada maior do que a dos 50% mais pobres, sem modificação significativa nos anos recentes do Plano Real, como demonstrado na ta-bela 2.

Como se explica a persistência do fenômeno da intensa desigualdade, em que pese ter havido desde 1994, com a diminuição significativa da infla-ção, a quase eliminação de um dos fatores que contribuíam fortemente para que os mais pobres não conseguissem superar as suas dificuldades?

A

persistência da desigualdade

,

o endividamento crescente

e o caminho da eqüidade

E

DUARDO

M

ATARAZZO

S

UPLICY

(2)

Tabela 1

Indicadores de desigualdade de renda

Coeficiente Razão entre a Ano de Gini renda média dos

10% mais ricos e 40% mais pobres

1977 0,62 26,8

1978 0,60 25,0

1979 0,59 22,6

1981 0,59 22,0

1982 0,60 23,2

1983 0,60 23,7

1984 0,59 22,6

1985 0,60 23,8

1986 0,59 22,3

1987 0,60 24,7

1988 0,62 27,3

1989 0,64 30,7

1990 0,62 27,1

1992 0,58 21,8

1993 0,60 24,5

1995 0,60 24,1

1996 0,60 24,6

1997 0,60 24,5

1998 0,60 24,1

Fonte: IBGE/Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios, PNAD apud Barros, et al., 2000. Nota: O Índice de Gini mede o grau de desi-gualdade na distribuição de renda.

Tabela 2

Participação dos 50% mais pobres e dos 1% mais ricos na renda agregada

Ano 50% mais 1% mais pobres rico

1977 11,7 18,5

1978 12,0 13,6

1979 12,7 13,6

1981 13,0 12,8

1982 12,5 13,2

1983 12,3 13,6

1984 12,8 13,3

1985 12,4 14,3

1986 12,9 13,9

1987 12,0 14,3

1988 11,3 14,4

1989 10,5 16,7

1990 11,3 14,3

1992 13,1 13,3

1993 12,3 15,1

1995 12,3 13,9

1996 12,1 13,6

1997 12,1 13,8

1998 12,3 13,9

Fonte: IBGE/PNAD

Nota: A distribuição utilizada foi a de domicí-lios segundo a renda domiciliar per capita.

(3)

Pois bem. Se a inflação foi reduzida tão abruptamente, passando de mais de 2000% ao ano em 1994, para patamares sempre inferiores a 10% ao ano a partir de 1996, conforme demonstrado na tabela 3, por que não houve melhoria no que diz respeito à maior eqüidade na distribuição? Essa é uma questão que merece ser estudada pelos pesquisadores brasileiros. Pretendo neste ensaio levantar algumas hipóteses explicativas e sugerir al-gumas políticas públicas que possam contribuir para reverter este quadro.

Tabela 3

Evolução dos Índices de Preços (INPC/IBGE) - 1990-2000

Ano INPC/IBGE (%)

1990 2.863,90

1991 423,85

1992 992,91

1993 1.936,32

1994 2.111,63

1995 21,21

1996 9,53

1997 4,34

1998 2,95

1999 8,43

2000* 1,10

Obs.: até junho de 2000

Razões para a persistência da desigualdade

(4)

No plano financeiro, tivemos o crescimento do endividamento inter-no do setor público e do endividamento exterinter-no do país. A dívida interna líquida do setor público, incluindo os três níveis de governo e as empresas estatais, cresceu de R$ 170,3 bilhões, em 1995, para R$ 407,8 bilhões em 1999, passando de 24,5% para 37% do PIB. A dívida externa total do país passou de R$ 154,8 bilhões, em 1995, para R$ 423,8 bilhões, em 1999, ou seja, cresceu de 22,2% para 38,5% do PIB, segundo dados do Banco Central. Essa combinação de taxas de juros e carga crescente de endividamento certamente contribui para explicar a persistência da desigualdade. Não é difícil perceber o porquê.

Afinal, quais são as pessoas que mais recebem rendimentos na forma de juros? Quem são os proprietários de títulos da dívida pública e depósitos bancários? São primordialmente os que já têm níveis mais altos de renda e riqueza. Os mais pobres poupam pouco e são com freqüência devedores líquidos, obrigados a pagar as taxas especialmente altas que o sistema finan-ceiro brasileiro cobra das pessoas físicas.

Taxas de juros altas atraem capitais externos para o Brasil, mas têm o efeito de diminuir os investi-mentos produtivos, a atividade eco-nômica e, conseqüentemente, o ní-vel de emprego. O desemprego atinge de maneira particularmente

severa os mais pobres. Além disso, com menores oportunidades de empre-go, os trabalhadores sofrem diminuição de seu poder de barganha e da possibilidade de conseguir ganhos em suas remunerações, até mesmo para acompanhar os aumentos de produtividade. Assim, normalmente, o au-mento do desemprego conduz à maior concentração de renda. O desem-prego aumentou de forma substancial durante o Plano Real, conforme da-dos das tabelas 4 e 5.

As altas taxas de juros também dificultam as condições de acesso ao crédito para as empresas pequenas e médias em relação às maiores, sobretu-do as multinacionais que têm acesso às fontes internacionais de financia-mento, não tão facilmente acessíveis às empresas menores.

Para os consumidores de baixa renda a possibilidade de compra de bens e serviços, inclusive casa própria e bens duráveis, torna-se mais difícil com a elevação das taxas de juros.

o desemprego aumentou

(5)

Tabela 4

IBGE - Taxas de desemprego aberto Médias anuais. Regiões metropolitanas

1991 1992 1993 1994 1995 1996 1997 1998 1989 2000*

Brasil 4,83 5,80 5,31 4,96 4,63 5,46 5,66 7,6 7,56 8,94

Belo Horizonte 4,51 5,29 4,85 4,71 4,15 5,07 5,80 8,21 8,63 9,67

Porto Alegre 4,62 5,96 4,23 4,32 4,72 6,25 5,89 7,95 7,80 8,23

Recife 6,76 9,59 9,87 7,33 5,86 6,18 6,46 9,72 8,92 8,99

Rio de Janeiro 3,92 4,48 4,51 4,44 3,70 3,94 4,01 5,92 5,85 6,33

Salvador 6,16 7,05 6,98 7,33 6,93 7,14 8,19 9,77 10,60 11,43

São Paulo 5,98 7,11 6,13 5,84 5,53 6,71 7,15 9,40 9,11 9,00

Obs.: valores até junho.

Fonte: IBGE - Pesquisa Mensal de Emprego.

Tabela 5

Fundação Seade/Dieese - Taxa de desemprego total Médias anuais: 1990 - 2000

Anos Região metropolitana Município de Demais municípios da RMSP São Paulo da RMSP

1990 10,0 9,5 11,0

1991 11,6 10,7 13,5

1992 14,9 14,0 16,7

1993 14,7 13,5 16,9

1994 14,3 13,2 16,2

1995 13,2 12,3 14,7

1996 15,0 14,0 16,8

1997 15,7 14,6 17,9

1998 18,2 17,0 20,3

1999 13,6 17,9 22,0

2000* 18,3 16,9 20,7

(6)

Tabela 6

Participação de rendimentos na composição do PIB do Brasil: 1991-1998

Ano Remuneração Excedente

dos empregados operacional

e dos autônomos bruto

1991 49 38

1992 50 38

1993 51 35

1994 46 38

1995 44 40

1996 45 41

1997 43 43

1998 42 44

Fonte: IBGE, Diretoria de Pesquisas, Departamento de Contas Nacionais, Sistema de Contas Nacionais do Brasil, 1998. O IBGE define o excedente operacional bruto como o saldo resultante do valor adicionado deduzido das remunerações pagas aos empregados, dos rendimentos dos autônomos e dos impostos líquidos de subsídios. É uma medida do excedente gerado pela produ-ção antes da deduprodu-ção de quaisquer encargos na forma de juros, rendas ou outros rendimentos de propriedade a pagar sobre ativos financeiros, terrenos ou outros ativos tangíveis.

À medida que os governos municipais, estaduais e da União tiveram que pagar um serviço da dívida crescente, foram se estrangulando as oportu-nidades de gastos para as finalidades de maior relevância nas áreas de educa-ção, saúde, habitaeduca-ção, saneamento, reforma agrária, meio-ambiente, e de-mais medidas sociais de natureza redistributiva, e que poderiam colaborar decisivamente para a erradicação da miséria ou da pobreza absoluta no Brasil. Assinale-se, por exemplo, que os juros da dívida interna passaram de R$ 12,1 bilhões em 1995, para R$ 37,06 bilhões em 1999, portanto, de 1,7% para 3,4% do PIB, como pode ser verificado pelos dados do Sistema de Administração Financeira da União (SIAFI).

Esse conjunto de fatores contribui provavelmente para entender al-gumas informações registradas nas Contas Nacionais. A participação dos empregados no Produto Interno Bruto caiu de 45% em 1993, para 36% em 1998, enquanto, em contrapartida, aumentou a participação do Excedente Operacional Bruto (EOB), que inclui a remuneração do capital, ou seja, os aluguéis, lucros e juros.

(7)

Segundo estimativa feita pelo professor Márcio Pochmann (2) com base na PNAD, a participação do trabalho na renda nacional continuou a diminuir em 1999, passando para 40,9%. Infelizmente, o IBGE não distin-gue qual o valor da parcela dos juros, aluguéis e lucros que compõem o EOB, o que impede uma análise mais acurada.

É muito importante também que venhamos a aprofundar os estudos acerca dos efeitos sobre a distribuição da riqueza decorrentes da maneira como o governo resolveu

realizar as privatizações das empresas estatais. Isso se deu mediante financia-mento da venda das em-presas estatais para gru-pos privados, a taxas de

juros relativamente baixas obtidas junto ao BNDES e a outras instituições oficiais, assim como pela mobilização das entidades de previdência fechadas ligadas a empresas estatais, cujas diretorias em sua maioria respondem aos desígnios governamentais. Dessa maneira, diversos grupos econômicos pri-vados adquiriram em condições vantajosas o controle de empresas que an-tes eram estatais e pertenciam, em an-tese, ao conjunto da população.

Da mesma forma, será importante aprofundar os estudos relativos aos efeitos sobre a concentração do patrimônio, em especial no setor financei-ro, decorrente das operações do PROER ocorridas desde 1995. Por esse pro-grama o Executivo federal criou uma linha de crédito destinada a sanear as instituições financeiras que apresentavam graves problemas de liquidez, como os bancos Nacional, Econômico, Bamerindus, Mercantil, Banorte, Crefisul, entre outros, com taxas de juros relativamente menores que as praticadas no mercado, para que parte dos seus ativos e passivos pudesse ser absorvida por instituições, em princípio mais saudáveis financeiramente, como o Uni-banco, o Excel, cuja situação, entretanto, acabou se mostrando problemáti-ca, e depois o Bilbao-Viscaia, o HSBC e outros.

Muito embora as autoridades econômicas tenham justificado o custo dessas operações como bem menores do que as que outros países tiveram de realizar para evitar crises financeiras mais sérias, o efeito líquido do PROER representou mais um mecanismo de concentração na economia brasileira e contribuiu para que o Banco Central apresentasse resultados contábeis ne-gativos, em vários anos. Por exemplo, em 1999, a autoridade monetária apresentou um prejuízo de R$ 13.043,8 milhões.

grupos econômicos privados

(8)

Tabela 7

Desembolso do Sistema BNDES por porte de empresa (em %)

(Os percentuais foram calculados com base em valores de R$ milhões de abril/2000)

Porte 1995 1996 1997 1998 1999 2000**

Micro / pequena* 11,7 8,5 5,5 2,8 4,6 8,1

Média 2,1 2,5 0,8 4,8 5,6 8,3

Grande 75,4 76,9 85,3 85,9 83,9 74,8

Subtotal 89,2 87,9 91,6 93,5 94,2 91,3

Pessoa Física 8,4 4,2 6,0 4,5 5,0 8,0

Adm. Pub. Direta 2,4 7,9 2,3 2,0 0,8 0,8

Total 100 100 100 100 100 100

Fonte: BNDES

Obs.: * Inclui empresas catalogadas no BNDES como micro ou pequena e setor agrícola ** Valores anualizados a partir do desembolso do primeiro trimestre de 2000.

Tabela 8

Desembolso do Sistema BNDES por porte de empresa (em %) 1995 a 2000 Total de Desembolsos

Porte Valores %

Micro / Pequena 6.430,7 6,1

Média 4.319,0 4,1

Grande 84.986,3 80,4

Outros 9.991,0 9,4

Total 105.727,0 100

Fonte: BNDES

Obs.: valores em R$ milhões de abril/2000

* Inclui empresas catalogadas no BNDES como micro ou pequena e setor agrícola

(9)

Tomando-se em conta o período de 1995 até o primeiro trimestre do ano 2000, observa-se, pelos dados da tabela 8, que os desembolsos para as grandes empresas foram de 80,4% do total, enquanto as operações de crédi-to destinadas às micro, pequenas e médias empresas representaram apenas 10,2% do total dos desembolsos.

No que diz respeito à estrutura fundiária, em que pese ter o governo federal realizado o assentamento de 400 mil famílias entre 1995 a junho de 2000, segundo dados do INCRA, a política agrícola desenvolvida no mesmo período – conforme alertou o professor Guilherme Leite da Silva Dias, em pronunciamento feito ao deixar a Secretária Executiva do Ministério da Agricultura – causou a saída de um número muito maior de famílias das atividades agrícolas. Não é de estranhar que a concentração fundiária, se-gundo os dados do INCRA, tenha se mantido intensamente desigual, ao lon-go dos anos 90, conforme demonstram os dados da tabela 9. Em 1992, as 2,8% maiores propriedades detinham 55,3% da área agricultável. Em 1998, essas propriedades representavam 2,9% dos imóveis rurais e 57,4% dessa área.

Tabela 9

Estrutura Agrária Brasileira - 1992-1998

1992 1998

Total de imóveis Área total Total de imóveis Área Total

número (%) (mil ha) (%) número (%) (mil ha) (%)

Minifúndio 1.772.870 60,6 24.036 7,8 2.214.983 61,7 30.967 7,5 Pequena

Propriedade 821.003 28,1 49.570 16,0 968.072 27,0 61.158 14,7

Média

Propriedade 235.904 8,1 62.340 20,1 286.111 8,0 79.808 19,2

Grande

Propriedade 82.316 2,8 171.512 55,3 104.744 2,9 238.337 57,4

Outras 12.111 0,4 2.570 0,8 14.057 0,4 5.299 1,3

Brasil 2.924.204 100 310.030 100 3.587.967 100 415.570 100

Obs.:

Minifúndio - o imóvel rural com área inferior a um módulo fiscal.

Pequena Propriedade - imóvel rural de área compreendida entre 1 e 4 módulos fiscais;

Média Propriedade - o imóvel rural superior a 4 e até 15 módulos fiscais;

Grande Propriedade - o imóvel rural de área superior a 15 módulos fiscais.

Modulo Fiscal - Unidade de medida expressa em hectares, fixada para cada município, consideran-do os seguintes fatores: a) tipo de exploração preconsideran-dominante no municípios; b) renda obtida com a exploração predominante c) outras explorações existentes nos municípios que, embora não pre-dominantes, sejam significativas em função da renda e da área utilizada; d) o conceito de proprie-dade familiar.

(10)

A inadequação da política agrícola praticada pelos últimos governos federais e seus efeitos na estrutura agrária são ressaltados em estudo de Gerson Teixeira (3), a partir dos resultados dos Censos Agropecuários rea-lizados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de 1985 e de 1995/96. Pela primeira vez, desde do censo de 1950, ocorreu a redução do número de estabelecimentos agrícolas. Entre 1985 e 1995/96 observa-se a redução de 941.944 dessas unidades econômicas. Desse número, 70,3% do total apresentavam áreas inferiores a 10 ha. Em outras palavras, os dados do IBGEindicam que a política agrícola não beneficiou os pequenos proprie-tários ou a economia familiar, tendo contribuído para a expulsão do traba-lhador do campo.

A pequena propriedade emprega proporcionalmente mais na ativida-de agrícola do que a granativida-de propriedaativida-de. Os estabelecimentos com área inferior a 1 ha, geram mais empregos que o conjunto das propriedade de tamanho superior a 500 ha.

O contingente ocupado na agricultura em 1985, segundo o IBGE, era de 23.394.881 pessoas. O novo censo registrou, por sua vez, uma redução de 23% (5.463.991) dos trabalhadores ocupados nessa atividade, pois em 1995/96 esse universo totalizava 17.930.890 pessoas empregadas no cam-po brasileiro. A crise no camcam-po evidencia-se também pela elevada participa-ção do trabalho de menores de 14 anos na agricultura brasileira, em torno de 2.4 milhões de crianças e adolescentes, ou seja, 13,6% do pessoal ocupa-do nessa atividade.

Políticas para enfrentar

o problema da desigualdade

Ao ser homenageado por seus 80 anos, na Universidade de São Paulo em junho de 2000, em suas Reflexões sobre a crise brasileira, o mais impor-tante economista brasileiro vivo, Celso Furtado, conclamou-nos a interro-gar sobre as raízes dos problemas de nosso povo, assinalando: “acumula-mos uma dívida externa descomunal, enfrenta“acumula-mos um endividamento inter-no do setor público que acarreta a desordem das finanças do Estado, en-quanto metade da população sofre de carência alimentar. (…) Se prosseguir-mos no caminho que estaprosseguir-mos trilhando desde 1994, buscando a saída fácil do crescente endividamento externo e o do setor público interno, o Passivo Brasil inchará em um decênio de forma a absorver a totalidade da riqueza que acumulamos desde a proclamação da Independência”.

(11)

desemprego e desconcentração da renda temos de reconhecer que a orien-tação dos investimentos não pode subordinar-se à racionalidade das empre-sas transnacionais. Devemos partir do conceito de rentabilidade social a fim de que sejam levados em conta os valores substantivos que exprimem os interesses da coletividade em seu conjunto”.

Para escapar à disjuntiva de desagregar-se ou deslizar para regimes autoritários de tipo fascista como resposta às tensões sociais crescentes, Fur-tado conclama-nos a “voltar à idéia de projeto nacional, recuperando para o mercado interno o centro dinâmico da economia. A maior dificuldade está em reverter o processo de concentração da renda, o que somente será feito mediante uma grande mobilização social. (...) O Brasil só sobreviverá como nação se se transformar numa sociedade mais justa e preservar sua indepen-dência política.”

Quais os instrumentos de política econômica que poderão nos levar a reverter esse quadro de maneira a construirmos uma nação civilizada e justa? São justamente aqueles que levam em consideração os grandes valores que movem a humanidade, que não são apenas a busca do interesse próprio, mas a busca da ética, da solidariedade, da justiça, da liberdade e da demo-cracia. Podemos encontrar essa preocupação, por exemplo, em autores como Paul & Greg Davidson (4), Philippe Van Parijs (5) e Amartya Sem (6).

Entre os instrumentos compatíveis com esses valores e objetivos estão:

• A prática do Orçamento Participativo, que tem possibilitado às pes-soas de todos os segmentos da sociedade estarem participando mais intensamente das decisões acerca da aplicação dos recursos públicos, cujo exemplo maior, hoje de repercussão internacional, é o de Porto Alegre. Que foi implementado e aperfeiçoado em três gestões do PT, de Olívio Dutra, Tarso Genro e Raul Pont, e presentemente, adotado por Olívio Dutra no governo do Rio Grande do Sul.

• A realização de forma mais rápida e decidida da Reforma Agrária, com a adoção de medidas que possibilitem a desapropriação das áreas improdutivas, promovam o assentamento de maior número de famí-lias que estejam dispostas a cultivar a terra, com o devido apoio de assistência técnica agrícola e creditícia.

• O apoio às formas cooperativas de produção nas áreas rurais e urbanas, nos mais diversos setores de atividades, assim como a promoção da

democratização das relações de produção entre empresários e trabalha-dores em todas as empresas privadas e públicas.

(12)

Porto Alegre, em 1996, com apoio dos governos municipais e esta-duais, que acabou servindo de padrão para o crescimento de uma diversidade de experiências que hoje têm sido implementadas por muitos governos municipais e estaduais, dos mais diversos partidos, inclusive pelo governo paulista. Para estimular a difusão dessas opera-ções de crédito na economia brasileira, o BNDEScriou programas que permitem a viabilização da expansão do microcrédito, de tal maneira a prover pequenas somas a pessoas e/ou grupos de pessoas solidárias, a taxas de juros relativamente modestas, para adquirirem instrumen-tos de trabalho que lhes possibilitem realizar atividades produtivas, viabilizando a sua sustentação com dignidade (7).

• A universalização e melhoria das oportunidades de educação.

• A expansão e melhoria significativa dos serviços de saúde.

• Os programas que visem à capacitação das pessoas que estejam em dificuldade de encontrar trabalho, sejam os jovens que procuram o seu primeiro emprego e gostariam de realizar um estágio com modes-ta remuneração, ou os de mais idade, que pelo treinamento em novas funções ainda muito podem contribuir com a sua experiência, a exem-plo dos programas Primeiro Emprego, Bolsa Trabalho ou Começar de Novo.

• A implantação de um Programa de Garantia de Renda Mínima (PGRM), que deve se expandir gradualmente, começando como um programa relacionado à educação, mas caminhando, posteriormente, em dire-ção ao objetivo de se garantir a todas as pessoas residentes no Brasil o direito inalienável de participar da riqueza da nação, de receber uma renda suficiente para atender às suas necessidades fundamentais como um direito à cidadania. Assim, chegaremos em breve à possibilidade de todas as pessoas, não importa a origem, a raça, o sexo, a idade, a condição civil ou sócio-econômica, receberem uma renda básica in-condicional, suficiente para atender às suas necessidades vitais. Será um direito ex-ante, sem qualquer exigência que não seja a moradia da pessoa no país. Todos contribuirão para o financiamento desse pro-grama, sendo que a maior contribuição deve ser a dos que têm mais. Para os que não têm ainda familiaridade com essa proposição, obser-vo que em 1986 fundou-se a Rede Européia da Renda Básica, a Basic Income European Network (BIEN), que vem se constituindo num fórum para analisar e difundir as experiências de renda mínima, bolsa-escola, imposto de renda negativo, crédito fiscal, renda de cidadania. Em países dos cinco continentes há instituições congêneres, inclusive a

Basic Income Earth Network, também BIEN, reconhecida pela primeira, que está sediada na minha home-page:

(13)

5 e 6 de outubro de 2000, em Berlim, realizou-se o VIII Congresso Internacional da BIEN. Os que desejarem informações podem acessar o site http://www.etes.ucl.ac.be/BIEN/bien.htm

A implantação da garantia de uma renda mínima, a transferência de recursos em dinheiro para pessoas ou famílias que não alcancem determina-do patamar de renda, é um determina-dos instrumentos fundamentais para atingir simultaneamente os seguintes objetivos:

• Garantir a erradicação da miséria.

• Incentivar a freqüência e permanência das crianças e adolescentes nas escolas.

• Combater o trabalho infantil, abrindo mais oportunidades de traba-lho aos adultos.

• Resgatar o direito da criança de brincar e estudar.

• Acabar com a desnutrição infantil e dos adultos.

• Tirar a criança e o adolescente das ruas.

• Qualificar os membros adultos das famílias para o mercado de trabalho.

• Possibilitar às famílias pobres o resgate de sua dignidade.

• Aumentar significativamente o ritmo de crescimento da economia, sobretudo em função da maior demanda por bens de primeira neces-sidade, incluindo os alimentos, mas também porque se ampliarão as possibilidades de trabalhadores serem empregados.

• Melhorar a segurança pública, com a diminuição da criminalidade, em função da melhoria das condições sociais.

(14)

Já são muitos os municípios que implementaram programas de renda mínima associados à educação ou bolsa-escola, a partir dos exemplos pio-neiros e simultâneos do prefeito José Roberto Magalhães Teixeira (PSDB), de Campinas, com o PGRM, e do governador Cristovam Buarque (PT), do Distrito Federal, com o Bolsa-Escola, ambos em 1995. Também, já ao final de 1995, do prefeito Antônio Palocci, que introduziu o Programa de Ga-rantia de Renda Mínima em Ribeirão Preto.

Os resultados daquelas e de outras experiências positivas de renda mínima e bolsa-escola se alastraram por muitos municípios e alguns esta-dos, vindo a ter repercussão no Congresso Nacional, onde surgiram mais seis projetos de lei dos deputados Nelson Marquezan (PSDB-RS), Chico Vigilante (PT-DF) e Pedro

Wilson (PT-GO) e dos sena-dores Ney Suassuna (PMDB -PB), Renan Calheiros (PMDB-AL) e José Roberto Arruda (PSDB-DF). Dessas experiências e projetos

resul-tou a Lei 9.533/97 que autoriza a União a financiar em 50% os gastos dos municípios que adotarem programas de renda mínima associados à educa-ção. Trata-se de uma lei muito restrita, uma vez que para os anos 1998 a 2002 contempla apenas aquelas administração municipais que tenham ren-da e arrecaren-dação per capita inferiores à média do respectivo Estado, poden-do os demais serem contemplapoden-dos a partir de 2003. Além disso, o benefício a cada família cuja renda per capita for inferior a meio-salário mínimo é de apenas R$ 15,00 x número de crianças até 14 anos, menos metade da renda familiar per capita.

Segundo levantamento do Ministério da Educação, até junho 2000, 1.481 municípios assinaram convênios para implementar o PGRM nos mol-des da lei 9.533/97. Esses programas beneficiarão 946.981 famílias e abran-gerão 1.861.060 crianças, correspondendo a um gasto anual de R$ 439.506.490,00, dos quais 50% de responsabilidade da União e os 50% res-tantes dos municípios. No estado de São Paulo já assinaram convênios com o MEC 179 municípios beneficiando 30.506 famílias, atingindo 57.658 crian-ças, com gasto estimado em R$ 11.787.930,00.

Vamos supor que estados ou municípios queiram implementar pro-gramas de renda mínima com formato mais generoso do que o previsto na lei 9.533/97. Como é que governos como o do estado do Rio Grande do Sul ou do Piauí, ou do município de São Paulo, todos com 13% de sua receita líquida comprometida com o pagamento da dívida para com a União,

programas de renda mínima

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terão condições de enfrentar uma despesa que pode significar algo em tor-no de 2 a 3% de seus orçamentos, já que há tantos outros compromissos, como nas áreas da educação, da saúde e da habitação a enfrentar?

No caso do município de São Paulo, desde 1996 foi aprovada uma lei do vereador Arselino Tatto (PT), que dá o direito a todas as famílias com renda inferior a três salários mínimos mensais e que tenham crianças até 14 anos freqüentado escolas ou creches públicas, a receber 33%, ou até 66%, da diferença entre aquele patamar, hoje R$ 453,00, e a renda da família. De-pois de vetada pelo prefeito Paulo Maluf, com o veto derrubado pela Câ-mara Municipal, a lei foi considerada promulgada pelo Tribunal de Justiça, em julho de 1999, mas até hoje aguarda a regulamentação.

A Fundação SEADE realizou uma estimativa segundo a qual residem no município de São Paulo 9.923 mil habitantes ou 3,063 milhões de famí-lias, das quais, 309 mil, correspondendo a 10,1% do total, possuem renda de até três salários mínimos mensais e crianças com até 14 anos na escola. Considerando-se a renda familiar total média de 1,68 salário mínimo e a renda familiar per capita média de 0,46 salário mínimo, essas famílias teriam o direito, segundo a lei do vereador Arselino Tatto, a um complemento mensal médio da ordem de 0,44 salário mínimo, hoje equivalente a R$ 66,44, o que corresponderia a um desembolso mensal estimado em R$ 20.512.834,00 ou R$ 246,1 milhões por ano. Levando-se em conta a expe-riência internacional, de que programas bem-sucedidos atingem cerca de 70% do universo das pessoas carentes, ainda assim chegaríamos por ocasião de sua plena implantação a uma quantia da ordem de R$ 172 milhões, ou 2,2% do Orçamento Municipal para 2000, que é da ordem de R$ 7,5 bilhões. Caso o município não possa dispor desse montante, um primeiro passo pode ser regulamentar o PGRM de modo a beneficiar inicialmente todas as famílias que recebam até meio salário mínimo per capita e tenham crianças de até 14 anos estudando. A Fundação SEADE estima que elas totalizam 165 mil, correspondendo a 5,4% do total de famílias do município de São Paulo e a 733 mil pessoas. A sua renda familiar total média é de 1,04 salário mínimo, a renda familiar per capita média de 0,23 salário mínimo e a complementação mensal média seria de 0,65 salário mínimo, ou R$ 97,15. Assim o gasto men-sal estimado do PGRM ficaria em R$ 16,3 milhões e, o anual, em R$ 195 milhões. Se forem atendidas 70% das famílias potenciais beneficiárias, a soma chegaria a R$ 136,9 milhões, ou 1,8% do Orçamento Municipal de 2000.

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demons-trado na tabela 10, que com um custo adicional de R$ 35 milhões pode-se atingir mais 144 mil famílias. A razão de o custo ser maior para as famílias que ganham até 0,5 salário mínimo resulta do fato de, para elas, o benefício ser também maior.

Tabela 10

Simulação da abrangência e custo do PGRM do município de São Paulo

Programa População beneficiária População Custo atendida (R$ (em famílias) milhões) Suplementação de 33% Famílias com renda total

da diferença entre três de até três Salários Mínimos

Salários Mínimos e a e crianças de até 14 anos 309 mil 172 renda familiar freqüentando a escola ou

creches públicas

Suplementação de 33% Famílias com renda total da diferença entre três de até 0,5 Salário Mínimo e

Salários Mínimos e a crianças de até 14 anos 165 mil 137 renda familiar freqüentando a escola ou

creches públicas

Considerando o já exposto no início deste texto, que levou ao agrava-mento das condições sociais da população, incluindo aquela das regiões metropolitanas, é mais do que lógico que a União venha a se responsabili-zar por uma parte do programa. Dessa forma, será legítimo que a prefeitura solicite ao presidente Fernando Henrique Cardoso que a União concorde em repassar parte dos 13% da receita liquida do município que lhe é devida, para ser aplicado no PGRM.

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Seria próprio que os governos estaduais, em coordenação com os gover-nos municipais, despendessem esforços no sentido de implementar o PGRM com um desenho que contribua para, simultaneamente, erradicar a pobreza absoluta e o trabalho infantil, elevar o nível de emprego e a atividade eco-nômica, e melhorar a distribuição da renda.

Ressalta-se que quando um programa é implementado de forma seg-mentada, apenas por alguns municípios, acaba provocando uma espécie de “fechamento de fronteiras”. Para evitar a vinda de migrantes, esses municí-pios introduzem restrições para o acesso ao programa, entre elas o de tem-po mínimo de residência, as quais só serão superadas com a extensão do programa para todo o território nacional. Idealmente para todo o conti-nente, do Alasca até a Patagônia.

Nós, brasileiros, precisamos estar conscientes de que os países desen-volvidos utilizam instrumentos de complementação da renda dos trabalha-dores e que, graças a esses mecanismos passam a receber mais. Ressalto que a existência desses programas, como o Earned Income Tax Credit (EITC), ou Crédito Fiscal por Remuneração Recebida, atualmente beneficiando mais de 20 milhões de famílias nos EUA, torna mais competitiva aquela econo-mia em relação à nossa e tem contribuído para que a taxa de desemprego naquele país esteja próxima de 4%, a mais baixa dos últimos 30 anos. Medi-ante a coordenação de instrumentos como salário mínimo, renda mínima e semelhantes, os EUA, o Canadá, o Reino Unido, entre outros países euro-peus, atingem o objetivo de melhorar as condições de emprego e renda.

Um desenho racional do PGRM deve procurar evitar as armadilhas de desemprego e pobreza, porque deve sempre levar em consideração a manu-tenção do estímulo ao progresso e ao trabalho. Daí porque tenho defendi-do o desenho na forma de um imposto de renda negativo, seja para a pessoa adulta, como no projeto de lei que institui o PGRMque apresentei em 1991, aprovado pelo Senado, e que tramita na Câmara Federal, ou para a família, tal como também apresentado por mim no Senado, faltando apenas ser aprovado na Câmara. Essa proposição modifica a fórmula do benefício pre-visto na Lei 9.533/97 já mencionada, pelo qual uma família com renda inferior a meio salário mínimo mensal per capita, com crianças até 14 anos freqüentando a escola, passaria a ter o direito de receber 40% (proporção que poderia ser alterada pelo Executivo) da diferença entre o número de pessoas na família vezes meio salário mínimo e a sua renda.

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a sua situação, é a introdução da renda básica como um direito incondicio-nal. Há uma experiência no mundo, que já dura 20 anos, a qual vem dando resultados muito positivos nesta direção.

Trata-se do sistema de dividendos proporcionado pelo Fundo Perma-nente do Alasca (FPA). Em 1976 o governador Jay Hammond propôs à Assembléia Legislativa e ao povo do Alasca que separassem 50% dos royalties

da exploração de recursos naturais, como o petróleo, para um fundo que pertenceria a todos os residentes no estado. Foi aprovado, inclusive por referendo, na proporção de 2 x 1. Por quatro anos discutiu-se como aplicar os recursos. Alguns propunham que fosse aberto um banco de desenvolvi-mento, como o nosso BNDES. Outros se opuseram, ponderando que seria uma maneira de destinar recursos subsidiados para empresários que, embo-ra geembo-rando investimentos e empregos, acarretaria uma intensa concentembo-ra- concentra-ção de riqueza. Por isso optaram por uma sistemática que beneficiasse igual-mente a todos. Decidiu-se que os recursos do FPAseriam aplicados em títu-los de renda fixa, ações de empresas do Alasca, dos EUA, do exterior, inclu-sive do Brasil, e em empreendimentos mobiliários. O valor patrimonial do Fundo passou de US$ 1 bilhão em 1980, para US$ 28,1 bilhões em 2000. Em 1976 o Alasca tinha cerca de 300 mil habitantes. Hoje pouco mais de 600 mil. Cada residente no estado cadastra-se em um banco de dados. Quem assim procede recebe, a cada ano, em outubro, um dividendo que cresceu de US$ 300,00 em 1980, para US$ 1.679,84 em 1999. Em 2000, uma família de seis pessoas receberá cerca de US$ 12 mil como um direito de participar da riqueza do estado do Alasca. Algo muito semelhante ao que, em 1795, foi proposto em Justiça Agrária por Thomas Paine, um dos maio-res ideólogos das Revoluções Americana e Francesa, num ensaio escrito para o Diretório e a Assembléia Nacional da França.

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chegarmos um dia a uma renda básica incondicional, estaria dentro das nossas possibilidades orçamentárias. Será a maneira de não discriminar os pobres – pobres sem filhos em certa faixa etária, adultos pobres sem filhos, idosos pobres ou quem quer que seja. Assim, os formatos atuais dos progra-mas de renda mínima e bolsa-escola no Brasil deverão, no futuro, ser supe-rados para garantir a todas as pessoas o direito a uma renda de cidadania. Este passo certamente contribuirá para tornar o Brasil mais justo.

A instituição de um programa de garantia de renda mínima em nível nacional é consistente com a recomendação de um grande brasileiro que nos deixou recentemente. Em seu último artigo para o Jornal do Brasil, Barbosa Lima Sobrinho escreveu que “a igualdade é pressuposto básico da democracia, sem ela não se tem condição de sobreviver”. As políticas públi-cas propostas nesse trabalho, se adotadas com todo o vigor, serão capazes de assegurar a todos os brasileiros o direito à vida com dignidade, resultando, portanto, em maior igualdade e fortalecimento da democracia.

Notas

1 Ricardo Paes de Barros, Ricardo Henriques e Rosane Mendonça, Desigualda-de e pobreza no Brasil: a estabilidaDesigualda-de inaceitável. Rio de Janeiro, IPEA, 2000.

2 Márcio Pochmann, A quarta fase da desigualdade distributiva no Brasil, artigo

publicado em Valor Econômico, 24 jul. 2000.

3 Gerson Teixeira, O Censo Agropecuário de 1996: uma radiografia dos resulta-dos de 11 anos de neoliberalismo no campo brasileiro. In: Geraldo Cândido, A situação e perspectivas da agricultura brasileira. Brasília, Senado Federal, 2000.

4 Paul & Greg Davidson, Economics for civilized society. New York / London, W.W. Norton & Company, 1988.

5 Philippe Van Parijs, O que é uma sociedade Justa? São Paulo, Ática, 1997.

6 Amartya Sen, Desenvolvimento com liberdade. São Paulo, Companhia das Letras, 2000.

7 Os programas do BNDES destinados ao fortalecimento do microcrédito no

Brasil podem ser observados em Lara Goldnark et al.., A situação das microfinanças no Brasil. Rio de Janeiro, BNDES, 2000.

Referências

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