CARTA
CARTA
DOS DIREITOS FUNDAMENTAIS DA UNIÃO EUROPEIA
Proclamada em Nice, em 7 de dezembro de 2000
SUMÁRIO
Preâmbulo ...
10TÍTULO I - DIGNIDADE ...
18Artigo 1 - Dignidade do ser humano ..
19Artigo 2 - Direito à vida ...
19Artigo 3 - Direito à integridade
do ser humano ...
20Artigo 4 - Proibição da tortura e dos
tratos ou penas desumanos ou degradantes ...
22Artigo 5 - Proibição da escravidão
e do trabalho forçado ...
23TÍTULO II - LIBERDADES ...
2444
Artigo 7 - Respeito pela vida privada e familiar ...
25Artigo 8 - Proteção de dados
pessoais ...
26Artigo 9 - Direito de contrair casamento
e de constituir família ...
28Artigo 10 - Liberdade de pensamento,
de consciência
e de religião ...
29Artigo 11 - Liberdade de expressão
e de informação ...
30Artigo 12 - Liberdade de reunião e de
associação ...
32Artigo 13 - Liberdade das artes e das
ciências ...
33Artigo 14 - Direito à educação ...
34e direito de trabalhar ...
35Artigo 16 - Liberdade de empresa ...
37Artigo 17 - Direito de propriedade ...
38Artigo 18 - Direito de asilo ...
40Artigo 19 - Proteção em caso de
afastamento, expulsão ou extradição ...
41TÍTULO III - IGUALDADE ...
42Artigo 20 - Igualdade perante a lei ....
43Artigo 21 - Não discriminação ...
43Artigo 22 - Diversidade cultural,
religiosa e linguística ...
45Artigo 23 - Igualdade entre homens e
mulheres ...
45Artigo 24 - Direitos das crianças ...
46Artigo 25 - Direitos
das pessoas idosas ...
48Artigo 26 - Integração das pessoas com
...
66
TÍTULO IV - SOLIDARIEDADE ..
50Artigo 27- Direito à informação e à
consulta dos trabalhadores na empresa ...
51Artigo 28 - Direito de negociação
e de ação coletiva ...
52Artigo 29 - Direito de acesso aos
serviços de emprego ...
53Artigo 30 - Proteção em caso de
despedimento sem justa causa ...
53Artigo 31 - Condições de trabalho
justas e equitativas ...
54Artigo 32 - Proibição do trabalho
infantil e proteção dos jovens no trabalho ...
55Artigo 33 - Vida familiar e vida
...
57Artigo 34 - Segurança social
e assistência social ...
58Artigo 35 - Proteção da saúde ...
60Artigo 36 - Acesso a serviços
de interesse
económico geral ...
61Artigo 37 - Proteção do ambiente ...
62Artigo 38 - Defesa dos consumidores
63TÍTULO V - CIDADANIA ...
64Artigo 39 - Direito de eleger e de ser
eleito nas eleições para o Parlamento Europeu ...
65Artigo 40 - Direito de eleger
e de ser eleito
nas eleições municipais ....
66Artigo 41 - Direito a uma boa
administração ...
67Artigo 42 - Direito de acesso aos
88
Artigo 44 - Direito de petição ...
72Artigo 45 - Liberdade de circulação
e de permanência ...
73Artigo 46 - Proteção diplomática e
consular ...
74TÍTULO VI - JUSTIÇA ...
76Artigo 47 - Direito à ação e a um
tribunal imparcial ...
77Artigo 48 - Presunção de inocência e
direitos de defesa ...
79Artigo 49 - Princípios da legalidade e
da proporcionalidade dos
delitos e das penas ...
80Artigo 50 - Direito a não ser julgado ou
punido penalmente mais do
que uma vez pelo mesmo
delito ...
82TÍTULO VII - DISPOSIÇÕES GERAIS QUE REGEM A INTERPRETAÇÃO E A
APLICAÇÃO DA CARTA ...
84Artigo 51 - Âmbito de aplicação ...
85Artigo 52 - Âmbito e interpretação dos
direitos e dos princípios ....
87Artigo 53 - Nível de proteção ...
92Artigo 54 - Proibição do abuso
de direito ...
93PREÂMBULO
O Parlamento Europeu, o Conselho e a Comissão proclamam solenemente como Carta dos Direitos Fundamentais da União Europeia o texto a seguir reproduzido.
Os povos da Europa, estabelecendo entre si uma união cada vez mais estreita, decidiram partilhar um futuro de paz, assente em valores comuns.
Consciente do seu
património espiritual e
moral, a União baseia-se
1212
igualdade e da solidariedade;
assenta nos princípios da democracia e do Estado de direito. Ao instituir a cidadania da União e ao criar um espaço de liberdade, segurança e justiça, coloca o ser humano no cerne da sua ação.
A União contribui para
a preservação e o
desenvolvimento destes
valores comuns, no respeito
pela diversidade das
culturas e tradições dos
povos da Europa, bem como
da identidade nacional
dos Estados-Membros e
da organização dos seus
poderes públicos aos níveis nacional, regional e local; procura promover um desenvolvimento equilibrado e duradouro e assegura a livre circulação das pessoas, dos serviços, dos bens e dos capitais, bem como a liberdade de estabelecimento.
Para o efeito, é necessário,
conferindo-lhes maior
visibilidade por meio de uma
Carta, reforçar a proteção
dos direitos fundamentais,
à luz da evolução da
sociedade, do progresso
1414
no respeito pelas atribuições e competências da União e na observância do princípio da subsidiariedade, os direitos que decorrem, nomeadamente, das tradições constitucionais e das obrigações internacionais comuns aos Estados-
-Membros, da Convenção
Europeia para a Proteção dos
Direitos do Homem e das
Liberdades Fundamentais,
das Cartas Sociais aprovadas
pela União e pelo Conselho
da Europa, bem como da
jurisprudência do Tribunal
de Justiça da União Europeia
e do Tribunal Europeu dos Direitos do Homem. Neste contexto, a Carta será interpretada pelos órgãos jurisdicionais da União e dos Estados-Membros tendo na devida conta as anotações elaboradas sob a autoridade do Praesidium da Convenção que redigiu a Carta e atualizadas sob a responsabilidade do Praesidium da Convenção Europeia.
O gozo destes direitos
implica responsabilidades
e deveres, tanto para
1616
consideradas, como para com a comunidade humana e as gerações futuras.
Assim sendo, a União
reconhece os direitos,
liberdades e princípios a
seguir enunciados.
TÍTULO I - DIGNIDADE
Artigo 1
DIGNIDADE DO SER HUMANO
A dignidade do ser humano é inviolável. Deve ser respeitada e protegida.
Artigo 2
DIREITO À VIDA
1. Todas as pessoas têm direito à vida.
2. Ninguém pode ser
condenado à pena de
morte, nem executado.
2020
Artigo 3
DIREITO À INTEGRIDADE DO SER HUMANO
1. Todas as pessoas têm direito ao respeito pela sua integridade física e mental.
2. No domínio da medicina e da biologia, devem ser respeitados, designadamente:
a) O consentimento
livre e esclarecido da
pessoa, nos termos da
lei;
b) A proibição das práticas eugénicas, nomeadamente das que têm por das pessoas;
c) A proibição de transformar o corpo humano ou as suas partes, enquanto tais, numa fonte de lucro;
d) A proibição
da clonagem
reprodutiva dos
seres humanos.
2222
Artigo 4
PROIBIÇÃO DA TORTURA E DOS TRATOS
OU PENAS DESUMANOS OU DEGRADANTES Ninguém pode ser
submetido a tortura, nem a
tratos ou penas desumanos
ou degradantes.
Artigo 5
PROIBIÇÃO DA ESCRAVIDÃO E DO TRABALHO FORÇADO
1. Ninguém pode ser sujeito a escravidão nem a servidão.
2. Ninguém pode ser constrangido a realizar trabalho forçado ou obrigatório.
seres humanos.
TÍTULO II - LIBERDADES
Artigo 6
DIREITO À LIBERDADE E À SEGURANÇA
Toda a pessoa tem direito à liberdade e segurança.
Artigo 7
RESPEITO PELA VIDA
PRIVADA E FAMILIAR
Todas as pessoas têm direito
ao respeito pela sua vida
privada e familiar, pelo
seu domicílio e pelas suas
comunicações.
2626
Artigo 8
PROTEÇÃO
DE DADOS PESSOAIS 1. Todas as pessoas têm
direito à proteção dos dados de caráter pessoal que lhes digam respeito.
2. Esses dados devem ser objeto de um tratamento e com o consenti mento da pessoa interessada ou com outro fundamento legítimo previsto por lei.
Todas as pessoas têm
o direito de aceder aos
dados coligidos que lhes
digam respeito e de obter
3. O cumprimento destas
!
uma autoridade indepen-
dente.
2828
Artigo 9
DIREITO DE CONTRAIR
CASAMENTO E DE
CONSTITUIR FAMÍLIA
O direito de contrair
casamento e o direito
de constituir família são
garantidos pelas legislações
nacionais que regem o
respetivo exercício.
Artigo 10
LIBERDADE DE PENSAMENTO, DE CONSCIÊNCIA E DE RELIGIÃO
1. Todas as pessoas têm
direito à liberdade
de pensamento, de
consciência e de
religião. Este direito
implica a liberdade de
mudar de religião ou de
convicção, bem como a
liberdade de mani festar
a sua religião ou a sua
convicção, individual ou
3030
do culto, do ensino, de práticas e da celebração de ritos.
2. O direito à objeção de consciência é reconhecido pelas legislações nacionais que regem o respetivo exercício.
Artigo 11
LIBERDADE DE EXPRESSÃO E DE INFORMAÇÃO
1. Qualquer pessoa tem
direito à liberdade de
expressão. Este direito
compreende a liberdade
de opinião e a liberdade
de receber e de transmitir
informações ou ideias, sem que possa haver ingerência de quaisquer poderes públicos e sem consideração de fronteiras.
2. São respeitados a liberdade e o
pluralismo dos meios de
comunicação social.
3232
Artigo 12
LIBERDADE DE REUNIÃO E DE ASSOCIAÇÃO
1. Todas as pessoas têm direito à liberdade de "
liberdade de associação
a todos os níveis,
nomeadamente nos
domínios político, sindical
e cívico, o que implica o
direito de, com outrem,
fundarem sindicatos
para a defesa dos seus
interesses.
2. Os partidos políticos ao nível da União contribuem para a expressão da vontade política dos cidadãos da União.
Artigo 13
LIBERDADE DAS ARTES E DAS CIÊNCIAS
As artes e a investigação
É respeitada a liberdade
académica.
3434
Artigo 14
DIREITO À EDUCAÇÃO 1. Todas as pessoas têm
direito à educação, bem como ao acesso à
# contínua.
2. Este direito inclui a possibilidade de frequentar gratuitamente o ensino obrigatório.
3. São respeitados,
segundo as legislações
nacionais que regem o
respetivo exercício, a
liberdade de criação de
estabelecimentos de
ensino, no respeito pelos
princípios democráticos,
e o direito dos pais de assegurarem a educação $ de acordo com as suas convicções religiosas,
% %
Artigo 15
LIBERDADE PROFISSIONAL E DIREITO DE TRABALHAR
1. Todas as pessoas têm o direito de trabalhar e de &
livremente escolhida ou aceite.
2. Todos os cidadãos da
3636
lecer ou de prestar serviços em qualquer Estado-Membro.
3. Os nacionais de países
terceiros que sejam
autorizados a trabalhar
no território dos Estados-
-Membros têm direito a
condições de trabalho
equivalentes àquelas
'
cidadãos da União.
Artigo 16
LIBERDADE DE EMPRESA
É reconhecida a liberdade
de empresa, de acordo
com o direito da União e
as legislações e práticas
nacionais.
3838
Artigo 17
DIREITO DE PROPRIEDADE 1. Todas as pessoas
têm o direito de fruir
da propriedade dos
seus bens legalmente
adquiridos, de os utilizar,
de dispor deles e de os
transmitir em vida ou
por morte. Ninguém
pode ser privado da sua
propriedade, exceto
por razões de utilidade
pública, nos casos e
condições previstos
por lei e mediante justa
indemnização pela
respetiva perda, em
tempo útil. A utilização
dos bens pode ser regulamentada por lei na medida do necessário ao interesse geral.
2. É protegida a propriedade
intelectual.
4040
Artigo 18
DIREITO DE ASILO
É garantido o direito de asilo,
no quadro da Convenção de
Genebra de 28 de julho de
1951 e do Protocolo de 31
de janeiro de 1967, relativos
ao Estatuto dos Refugiados,
e nos termos do Tratado da
União Europeia e do Tratado
sobre o Funcionamento da
União Europeia (a seguir
designados «Tratados»).
Artigo 19
PROTEÇÃO EM CASO DE AFASTAMENTO,
EXPULSÃO OU EXTRADIÇÃO 1. São proibidas as
expulsões coletivas.
2. Ninguém pode ser
afastado, expulso ou
extraditado para um
Estado onde corra sério
risco de ser sujeito a
pena de morte, a tortura
ou a outros tratos ou
penas desumanos ou
degradantes.
TÍTULO III - IGUALDADE
Artigo 20
IGUALDADE PERANTE A LEI Todas as pessoas são iguais perante a lei.
Artigo 21
NÃO DISCRIMINAÇÃO 1. É proibida a
discriminação em razão,
designadamente, do sexo,
raça, cor ou origem étnica
ou social, características
genéticas, língua,
religião ou convicções,
opiniões políticas ou
4444
minoria nacional, riqueza, * idade ou orientação sexual.
2. No âmbito de aplicação
dos Tratados e sem
prejuízo das suas
+
é proibida toda a
discriminação em razão
da nacionalidade.
Artigo 22
DIVERSIDADE CULTURAL, RELIGIOSA E LINGUÍSTICA A União respeita a
diversidade cultural, religiosa e linguística.
Artigo 23
IGUALDADE ENTRE
HOMENS E MULHERES
Deve ser garantida a
igualdade entre homens
e mulheres em todos os
domínios, incluindo em
4646
O princípio da igualdade não obsta a que se mantenham ou adotem medidas que prevejam regalias # &
sub-representado.
Artigo 24
DIREITOS DAS CRIANÇAS 1. As crianças têm direito à
proteção e aos cuidados
necessários ao seu
bem-estar. Podem
exprimir livremente a sua
opinião, que será tomada
em consideração nos
assuntos que lhes digam
respeito, em função da
sua idade e maturidade.
2. Todos os atos relativos às crianças, quer praticados por entidades públicas, quer por instituições privadas, terão
primacialmente em conta o interesse superior da criança.
3. Todas as crianças têm
o direito de manter
regularmente relações
pessoais e contactos
diretos com ambos os
progenitores, exceto se
isso for contrário aos seus
interesses.
4848
Artigo 25
DIREITOS
DAS PESSOAS IDOSAS
A União reconhece e respeita
o direito das pessoas idosas
a uma existência condigna
e independente e à sua
participação na vida social e
cultural.
Artigo 26
INTEGRAÇÃO DAS PESSOAS COM DEFICIÊNCIA
A União reconhece e respeita
o direito das pessoas com
*
de medidas destinadas a
assegurar a sua autonomia,
a sua integração social
participação na vida da
comunidade.
TÍTULO IV - SOLIDARIEDADE
Artigo 27
DIREITO À INFORMAÇÃO E À CONSULTA
DOS TRABALHADORES NA EMPRESA
Deve ser garantida aos
níveis apropriados, aos
trabalhadores ou aos seus
representantes, a informação
e consulta, em tempo útil,
nos casos e nas condições
previstos pelo direito da
União e pelas legislações e
práticas nacionais.
5252
Artigo 28
DIREITO DE NEGOCIAÇÃO
E DE AÇÃO COLETIVA
Os trabalhadores e as
entidades patronais, ou as
respetivas organizações,
têm, de acordo com o direito
da União e as legislações e
práticas nacionais, o direito
de negociar e de celebrar
convenções coletivas aos
níveis apropriados, bem
como de recorrer, em caso
/
a ações coletivas para a
defesa dos seus interesses,
incluindo a greve.
Artigo 29
DIREITO DE ACESSO AOS SERVIÇOS DE EMPREGO Todas as pessoas têm direito de acesso gratuito a um serviço de emprego.
Artigo 30
PROTEÇÃO EM CASO DE DESPEDIMENTO SEM JUSTA CAUSA
Todos os trabalhadores têm
direito a proteção contra
os despedimentos sem
5454
Artigo 31
CONDIÇÕES DE TRABALHO JUSTAS E EQUITATIVAS
1. Todos os trabalhadores têm direito a condições de trabalho saudáveis, seguras e dignas.
2. Todos os trabalhadores
têm direito a uma
limitação da duração
máxima do trabalho e
a períodos de descanso
diário e semanal, bem
como a um período anual
de férias pagas.
Artigo 32
PROIBIÇÃO DO TRABALHO INFANTIL E PROTEÇÃO DOS JOVENS NO TRABALHO É proibido o trabalho infantil.
A idade mínima de admissão
ao trabalho não pode ser
inferior à idade em que cessa
a escolaridade obrigatória,
sem prejuízo de disposições
mais favoráveis aos jovens
e salvo derrogações bem
delimitadas.
5656
Os jovens admitidos ao
$
de condições de trabalho
adaptadas à sua idade e de
proteção contra a exploração
económica e contra todas
as atividades suscetíveis de
prejudicar a sua segurança,
saúde ou desenvolvimento
físico, mental, moral ou
social, ou ainda de pôr em
causa a sua educação.
Artigo 33
VIDA FAMILIAR E VIDA PROFISSIONAL
1. É assegurada a proteção da família nos planos jurídico, económico e social.
4
conciliar a vida familiar
todas as pessoas têm
direito a proteção
contra o despedimento
por motivos ligados
à maternidade, bem
como a uma licença por
5858
Artigo 34
SEGURANÇA SOCIAL E ASSISTÊNCIA SOCIAL
1. A União reconhece e
respeita o direito de
acesso às prestações
de segurança social e
aos serviços sociais que
concedem proteção
em casos como a
maternidade, doença,
acidentes de trabalho,
dependência ou velhice,
bem como em caso de
perda de emprego, de
acordo com o direito da
União e com as legislações
e práticas nacionais.
2. Todas as pessoas que residam e se desloquem legalmente no interior da União têm direito às prestações de segurança social e às regalias sociais nos termos do direito da União e das legislações e práticas nacionais.
a exclusão social e
a pobreza, a União
reconhece e respeita o
direito a uma assistência
social e a uma ajuda à
habitação destinadas a
assegurar uma existência
6060
acordo com o direito da União e com as legislações e práticas nacionais.
Artigo 35
PROTEÇÃO DA SAÚDE Todas as pessoas têm o direito de aceder à prevenção em matéria de
<
cuidados médicos, de acordo com as legislações e práticas
=
e execução de todas as
políticas e ações da União
é assegurado um elevado
nível de proteção da saúde
humana.
Artigo 36
ACESSO A SERVIÇOS DE INTERESSE ECONÓMICO GERAL
A União reconhece e respeita
o acesso a serviços de
interesse económico geral tal
como previsto nas legislações
e práticas nacionais, de
acordo com os Tratados, a
social e territorial da União.
6262
Artigo 37
PROTEÇÃO DO AMBIENTE
Todas as políticas da União
devem integrar um elevado
nível de proteção do
ambiente e a melhoria da
sua qualidade, e assegurá-los
de acordo com o princípio
do desenvolvimento
sustentável.
Artigo 38
DEFESA
DOS CONSUMIDORES
As políticas da União devem
assegurar um elevado nível
de defesa dos consumidores.
TÍTULO V - CIDADANIA
Artigo 39
DIREITO DE ELEGER E DE SER ELEITO NAS ELEIÇÕES PARA O PARLAMENTO EUROPEU
1. Todos os cidadãos da União gozam do direito de eleger e de serem eleitos para o Parlamento Europeu no Estado- -Membro de residência, nas mesmas condições que os nacionais desse Estado.
2. Os membros do
Parlamento Europeu
6666
Artigo 40
DIREITO DE ELEGER
E DE SER ELEITO NAS
ELEIÇÕES MUNICIPAIS
Todos os cidadãos da União
gozam do direito de eleger e
de serem eleitos nas eleições
municipais do Estado-
-Membro de residência, nas
mesmas condições que os
nacionais desse Estado.
Artigo 41
DIREITO A UMA BOA ADMINISTRAÇÃO
1. Todas as pessoas têm direito a que os seus assuntos sejam tratados pelas instituições, órgãos e organismos da União de forma imparcial, equitativa e num prazo razoável.
2. Este direito compreende, nomeadamente:
a) O direito de
qualquer pessoa a
ser ouvida antes de
6868
tomada qualquer medida individual que a afete
desfavoravelmente;
b) O direito de qualquer pessoa a ter acesso aos processos que se
$ respeito pelos legítimos interesses e do segredo comercial;
c) A obrigação,
por parte da
administração, de
fundamentar as suas decisões.
3. Todas as pessoas têm direito à reparação, por parte da União, dos danos causados pelas suas instituições ou pelos seus agentes no exercício das respetivas funções, de acordo com os princípios gerais comuns às
legislações dos Estados- -Membros.
4. Todas as pessoas têm a
possibilidade de se dirigir
às instituições da União
7070
Artigo 42
DIREITO DE ACESSO
AOS DOCUMENTOS
Qualquer cidadão da União,
bem como qualquer pessoa
singular ou coletiva com
residência ou sede social
num Estado-Membro,
tem direito de acesso aos
documentos das instituições,
órgãos e orga nismos da
União, seja qual for o suporte
desses documentos.
Artigo 43
PROVEDOR
DE JUSTIÇA EUROPEU
Qualquer cidadão da União,
bem como qualquer pessoa
singular ou coletiva com
residência ou sede social
num Estado-Membro, tem
o direito de apresentar
petições ao Provedor de
Justiça Europeu, respeitantes
a casos de má administração
na atuação das instituições,
órgãos ou organismos
da União, com exceção
do Tribunal de Justiça da
7272
Artigo 44
DIREITO DE PETIÇÃO
Qualquer cidadão da União,
bem como qualquer pessoa
singular ou coletiva com
residência ou sede social
num Estado-Membro, goza
do direito de petição ao
Parlamento Europeu.
Artigo 45
LIBERDADE DE CIRCULAÇÃO E DE PERMANÊNCIA
1. Qualquer cidadão da União goza do direito de circular e permanecer livremente no território dos Estados-Membros.
2. Pode ser concedida
liberdade de circulação
e de permanência, de
acordo com os Tratados,
aos nacionais de países
terceiros que residam
legalmente no território
de um Estado-Membro.
7474
Artigo 46
PROTEÇÃO DIPLOMÁTICA E CONSULAR
Todos os cidadãos da União
%
países terceiros em que o
Estado-Membro de que são
nacionais não se encontre
representado, de proteção
por parte das autoridades
diplomáticas e consulares de
qualquer Estado-Membro,
nas mesmas condições que
os nacionais desse Estado.
TÍTULO VI - JUSTIÇA
Artigo 47
DIREITO À AÇÃO E A UM TRIBUNAL IMPARCIAL Toda a pessoa cujos direitos e liberdades garantidos pelo direito da União tenham sido violados tem direito a uma ação perante um tribunal nos termos previstos no presente artigo.
Toda a pessoa tem direito
a que a sua causa seja
julgada de forma equitativa,
publicamente e num prazo
razoável, por um tribunal
7878
por lei. Toda a pessoa tem a possibilidade de se fazer aconselhar, defender e representar em juízo.
É concedida assistência
judiciária a quem não
disponha de recursos
que essa assistência seja
necessária para garantir
a efetividade do acesso à
justiça.
Artigo 48
PRESUNÇÃO DE INOCÊNCIA E DIREITOS DE DEFESA
1. Todo o arguido se presume inocente enquanto não tiver sido legalmente provada a sua culpa.
2. É garantido a todo o
arguido o respeito dos
direitos de defesa.
8080
Artigo 49
PRINCÍPIOS DA LEGALIDADE E DA PROPORCIONALIDADE DOS DELITOS E DAS PENAS
1. Ninguém pode ser condenado por uma ação ou por uma omissão que, no momento da sua prática, não constituía infração perante o direito nacional ou o direito internacional.
Igualmente não pode ser imposta uma pena mais grave do que a aplicável no momento em que a infração foi cometida.
Se, posteriormente à
infração, a lei previr uma pena mais leve, deve ser essa a pena aplicada.
2. O presente artigo não prejudica a sentença ou a pena a que uma pessoa tenha sido condenada por uma ação ou por uma omissão que, no momento da sua prática, constituía crime segundo os princípios gerais reconhecidos por todas as nações.
3. As penas não devem ser
desproporcionadas em
relação à infração.
8282
Artigo 50
DIREITO A NÃO SER JULGADO OU PUNIDO PENALMENTE MAIS DO QUE UMA VEZ PELO MESMO DELITO
Ninguém pode ser julgado
ou punido penalmente por
um delito do qual já tenha
sido absolvido ou pelo qual
já tenha sido condenado
na União por sentença
transitada em julgado, nos
termos da lei.
TÍTULO VII -
DISPOSIÇÕES GERAIS QUE
REGEM A INTERPRETAÇÃO
E A APLICAÇÃO DA CARTA
Artigo 51
ÂMBITO DE APLICAÇÃO 1. As disposições da
presente Carta têm
por destinatários as
instituições, órgãos e
organismos da União, na
observância do princípio
da subsidiariedade,
bem como os Estados-
-Membros, apenas
quando apliquem o
direito da União. Assim
sendo, devem respeitar
os direitos, observar os
princípios e promover
8686
competências e
observando os limites das competências conferidas à União pelos Tratados.
2. A presente Carta não torna o âmbito de aplicação do direito da União extensivo a competên cias que não sejam as da União, não cria quaisquer novas atribuições ou competências para a
? as atribuições e
*
pelos Tratados.
Artigo 52
ÂMBITO E INTERPRETAÇÃO DOS DIREITOS
E DOS PRINCÍPIOS 1. Qualquer restrição ao
exercício dos direitos e
liberdades reconhecidos
pela presente Carta
deve ser prevista por lei
e respeitar o conteúdo
essencial desses
direitos e liberdades. Na
observância do princípio
da proporcionalidade,
essas restrições só
podem ser introduzidas
8888
efetivamente a objetivos de interesse geral reconhecidos pela União, ou à necessidade de proteção dos direitos e liberdades de terceiros.
2. Os direitos reconhecidos pela presente Carta que se regem por disposições constantes dos Tratados são exercidos de acordo com as condições e limites
3. Na medida em que a
presente Carta contenha
direitos correspondentes
aos direitos garantidos
pela Convenção Europeia
para a Proteção dos
Direitos do Homem e das Liberdades Fundamentais, o sentido e o âmbito desses direitos são iguais aos conferidos por essa Convenção. Esta disposição não obsta a que o direito da União mais ampla.
4. Na medida em que a
presente Carta reconheça
direitos fundamentais
decorrentes das tradições
constitucionais comuns
aos Estados-Membros,
tais direitos devem
9090
5. As disposições da
presente Carta
que contenham
princípios podem ser
aplicadas através de
atos legislativos e
executivos tomados
pelas instituições,
órgãos e organismos
da União e por atos
dos Estados-Membros
quando estes apliquem
o direito da União, no
exercício das respetivas
competên cias. Só serão
invocadas perante o
juiz tendo em vista a
interpretação desses atos
!
legalidade.
6. As legislações e práticas nacionais devem ser plenamente tidas em conta tal como precisado na presente Carta.
7. Os órgãos jurisdicionais
da União e dos Estados-
-Membros têm em devida
conta as anotações
destinadas a orientar a
interpretação da presente
Carta.
9292
Artigo 53
NÍVEL DE PROTEÇÃO
Nenhuma disposição da
presente Carta deve ser
interpretada no sentido de
restringir ou lesar os direitos
do Homem e as liberdades
fundamentais reconhecidos,
nos respetivos âmbitos de
aplicação, pelo direito da
União, o direito internacional
e as Convenções internacionais
em que são Partes a União ou
todos os Estados-Membros,
nomeadamente a Convenção
Europeia para a Proteção dos
Direitos do Homem e das
Liberdades Fundamentais,
bem como pelas
Constituições dos Estados- -Membros.
Artigo 54
PROIBIÇÃO DO ABUSO DE DIREITO
Nenhuma disposição da
presente Carta deve ser
interpretada no sentido de
implicar qualquer direito
de exercer atividades ou
praticar atos que visem
a destruição dos direitos
ou liberdades por ela
reconhecidos ou restrições
Nice, em 7 de dezembro de 2000, pelos Presidentes do Parlamento Europeu, do Conselho e da Comissão.
Tornou-se juridicamente vinculativa para a UE com a entrada em vigor do Tratado de Lisboa em 1 de dezembro de 2009 e passa a ter o mesmo valor jurídico que os Tratados da UE.
!"#$%$#&'('$% ()'
L-2925 Luxemburgo
O Tribunal de Justiça na Internet: curia.europa.eu
Nem a instituição nem nenhuma pessoa atuando em nome da instituição é responsável pela utilização que possa ser feita das informações dadas acima.
Luxemburgo: Tribunal de Justiça da União Europeia/Direção da Comunicação — Unidade Publicações e Meios de Comunicação Eletrónicos
© União Europeia, 2020
Reprodução autorizada mediante indicação da fonte.
'' ! # outros documentos de cujos direitos de autor a União Europeia não
Direção da Comunicação Unidade Publicações
e Meios de Comunicação Eletrónicos Janeiro de 2020
Impresso em papel ecológico
PT