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Sumário DOUTRINA TRT-2ª R. JURISPRUDÊNCIA TRT-4ª R. Temas em destaque STJ TRT-9ª R. TST TRT-12ª R. ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA

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Sumário

DOUTRINA

Prescrição acidentária –Luiz Salvador...351

JURISPRUDÊNCIA

Ementas de 21234 a 21215 ...349

Temas em destaque STJ

O direito subjetivo do segurado é o direito ao benefício, no valor irredutível que a lei lhe atribua e, não, ao valor do tempo do benefício, como é da natureza

alimentar do benefício previdenciário. ...(Em. 21232)

TST

A moderada revista em bolsas e sacolas ou pastas, quando não acompanhada de atitudes que exponham a intimidade do empregado ou que venham a ofender publicamente o seu direito à privacidade,

não induz à caracterização de dano moral. ...(Em. 21229) Restando desaconselhável a reintegração

de empregado – diante do nível de animosidade entre as partes –, resta plenamente plausível sua conversão

na indenização correspondente. ...(Em. 21226)

TRT-2ª R.

Ao trabalhador temporário está assegurada remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria

da empresa tomadora ou cliente. ...(Em. 21216) TRT-4ª R.

Somente aos trabalhadores enquadrados como vigilantes, exercentes de função parapolicial, preventiva e repressiva, são aplicáveis as normas coletivas da respectiva categoria profissional

diferenciada. ...(Em. 21230) TRT-9ª R.

A legislação trabalhista não faz qualquer previsão sobre a possibilidade de pagamento de duplo salário, no caso de o empregado acumular o exercício

de tarefas pertinentes a duas funções. ...(Em. 21228) TRT-12ª R.

Correta a aplicação da confissão ficta à parte que deixa de comparecer à audiência e apresenta justificativa mediante entrega de atestado

médico a destempo. ...(Em. 21231) ACÓRDÃO NA ÍNTEGRA

Bancário – Descontos a Título de

Diferenças de Caixa...346

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Doutrina

PRESCRIÇÃO ACIDENTÁRIA

A contagem do prazo se inicia com o reconhecimento da incapacidade pela Previdência

LUIZ SALVADOR

Presidente da ABRAT, Secretário Geral da ALAL, Representante Brasileiro no Depto. de Saúde do Trabalhador da Jutra, Assessor Jurídico da AEPETRO e da ATIVA, Secretário da CNDS do Conselho Federal e membro integrante do corpo técnico do DIAP

A doutrina e a jurisprudência têm entendimentos divergen- tes a respeito de qual seja a prescrição aplicável às ações de repa- ração por danos materiais e morais acidentários, agora de compe- tência para julgar pela Justiça do Trabalho, por força da EC 45.

Para os defensores da primeira corrente, a prescrição apli- cável é a dos créditos trabalhistas previstas no artigo 7º, inciso XXIX, que dispõe: “ação, quanto a créditos resultantes das rela- ções de trabalho, com prazo prescricional de cinco anos para os trabalhadores urbanos e rurais, até o limite de dois anos após a extinção do contrato de trabalho”.

Para os da segunda corrente, na qual nos incluímos, a pres- crição não pode ser a trabalhista, posto que de crédito trabalhista stricto sensunão se trata.

A Indenização reparatória por danos morais e materiais não pode ser entendida como crédito trabalhista, ainda que julgada pela Justiça do Trabalho, por força da ampliação de competência trazida pela EC 45.

Créditos trabalhistas são assegurados ao trabalhador que vende sua força de trabalho, segundo contrato laboral estabele- cido entre as partes, dentro de uma jornada máxima de trabalho não superior a oito horas diárias, 44 mensais (CF, artigo 7º, inciso, XIII da CF), podendo ser inferior, prevista em lei, a exemplo dos bancários (artigo 226 da CLT) e ou pactuada diretamente com o empregador e/ou estabelecida em negociação coletiva.

Os créditos trabalhistas stricto sensu são, pois, os que remuneram a prestação laboral contratada, não sendo admissível o entendimento de também tratar-se de crédito trabalhista os oriundos de uma reparação decorrente de um direito ao ressarci- mento de um dever de indenizar o prejudicado e à extensão do dano, tais como o previsto no artigo 186 do Código Civil, em que o infortúnio tenha ocorrido por culpa do empregador que não inves- tiu em prevenção, descumprindo-se a legislação infortunística vigente.

Todos os cidadãos têm direito à busca de melhores condi- ções de vida, de trabalho, de salário e no caso de serem ceifados dessa expectativa de ascensão social têm direito à reparação e à extensão do dano, indenização reparatória esta que não pode ser confundida como crédito trabalhista.

Em assim sendo, estamos com a conclusão sintética do brilhante procurador de Campinas, Dr. Raimundo Simão de Mello, que com propriedade sintetiza: “nem de crédito se trata, quanto mais de crédito trabalhista” (Prescrição do dano moral no Direito do Trabalho: um novo enfoque,site Jus Navegandi, link:

http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=6867).

André Araújo Molina, Juiz do Trabalho em Mato Grosso (23ª Região), também integrante da segunda corrente, disponibi- liza aos operadores e aplicadores do direito e à sociedade de modo geral excelente e aprofundado artigo publicado nosite Jus Navegandi“A Prescrição das Ações de Responsabilidade Civil na Justiça do Trabalho” com conclusões ponderáveis, claras, objeti- vas, elucidadoras no sentido de estarem com a razão os seguido- res da segunda corrente, não sendo a prescrição trabalhista a apli- cável, posto que de crédito trabalhistastricto sensunão se trata.

Link: http://jus2.uol.com.br/doutrina/texto.asp?id=9698 A doutrina de Raimundo Simão de Mello orienta-se no senti- do do entendimento de se tratar de direitos fundamentais imprescri- tíveis e ou quando não de se aplicar a prescrição do direito comum regulada pelo artigo 205 do CC, já que não se trata de simples repa- ração de danos, mas de violação de um direito fundamental inerente à pessoa humana e aos direitos de personalidade, com assento constitucional, acima das categorias de direitos civis e ou trabalhis- tas,Prescrição nas ações trabalhistasLTR070, nº 10, p. 1.171.

A doutrina de Jorge Luiz Souto Maior pondera que não se trata de “crédito trabalhista”, já que a própria Constituição especi- fica o instituto em questão como indenização:

“Sob o ponto de vista de nossa investigação, ademais, rele- vante notar que a própria Constituição especifica o instituto em questão como indenização e, por óbvio, indenização não é crédito que decorra da relação de trabalho, não se lhe podendo, também por esse motivo, fizer incidir a regra da prescrição trabalhista, prevista na mesma Constituição.” (A Prescrição do Direito de Ação para Pleitear Indenização por Dano Moral e Material decorrente de Acidente do Trabalho, publicado nositeda Associação dos Magis- trados do Trabalho da 10ª Região, fev. de 2006).

Não se tratando de crédito, muito menos o trabalhista, acaso se entenda ser prescritível o direito, não tem este assento nem no disposto no artigo 7º, inciso XXIX da CF, nem no artigo 206, § 3º, inciso V do Código Civil, mas sim no regramento disposto no artigo 205 do mesmo código civil: “A prescrição ocorre em 10 anos, quando a lei não lhe haja fixado prazo menor”.

Neste sentido, estamos com a doutrina de Raimundo Simão de Mello.

Ao julgar a questão deve ainda o magistrado ater-se ao regramento especial trazido pela legislação previdenciária (Lei de benefícios), 8.213 que em seu artigo 104 prescreve aplicação da prescrição qüinqüenária às ações referentes à prestação por acidentes do trabalho, contados do momento em que for reconhe- cida a incapacidade pela Previdência:

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trabalho prescrevem em 5 (cinco) anos, observado o disposto no artigo 103 desta Lei, contados da data: I – do acidente, quando dele resultar a morte ou a incapacidade temporária, verificada esta em perícia médica a cargo da Previdência Social; ou II – em que for reconhecida pela Previdência Social, a incapacidade permanente ou o agravamento das seqüelas do acidente”.

O Superior Tribunal de Justiça de há muito que aplica este entendimento, Súmula nº 278: “O termo inicial do prazo prescricio- nal, na ação de indenização, é a data em que o segurado teve ciên- cia inequívoca da incapacidade laboral”.

Neste sentido, recentemente decidiu o TRT-SP:

“Termoa quo. Prazo. Ação de indenização por dano moral e material. Doença profissional e do trabalho. Incapacidade para o trabalho. 1. O termoa quoda contagem do prazo de prescrição, da ação indenizatória contra o empregador, decorrente de acidente de trabalho é a data do acidente (actio nata) e não a data da extin- ção do contrato de trabalho. Considera-se como data do acidente, no caso de doença profissional ou do trabalho, a data do inicio da incapacidade laborativa para o exercício da atividade habitual, ou do dia da segregação compulsória, ou o dia em que for realizado o diagnóstico, valendo para este efeito o que ocorrer primeiro (artigo 23, Lei 8.213/91). Inaplicabilidade do artigo 7º, XXIX, da CF por inespecífico ao caso. As doenças profissional e do trabalho lesam o organismo lenta e silenciosamente e às vezes se manifestam e ou são diagnosticadas muitos anos após a extinção do contrato de trabalho. Quanto ao prazo, considera-se a prescrição de 20 (vinte) anos para os acidentes de trabalho (doença profissional e do trabalho) ocorridos na vigência do velho Código (artigo 177, CC.

1916), com observação da regra de direito intertemporal prevista no artigo 2.028 do novo Código (CC. 2003) e, considera-se a pres- crição de 10 anos para os acidentes de trabalho (doença profissio- nal e do trabalho) ocorridos na vigência do novo Código (artigo 205, CC. 2003), à míngua de previsão específica para a lesão dos direitos de personalidade, neles incluídos a integridade psicofísica e os direitos morais”.

(TRT-SP, RO- 20070226126, 6ª T. Rel. Ivani Contini Bra- mante, decisão publicada no DJ com a data de 13-4-2007).

Contra a adoção da prescrição trabalhista nas ações aci- dentárias em que se pleiteia a reparação por danos materiais e morais, a jurisprudência mais progressista asso, tem-se posicio- nado:

“Indenização por Danos Morais – Prescrição – Observada a natureza civil do pedido de reparação por danos morais, pode-se concluir que a indenização deferida a tal título em lide cujo trâmite se deu na Justiça do Trabalho, não constitui crédito trabalhista, mas crédito de natureza civil resultante de ato praticado no curso da rela- ção de trabalho. Assim, ainda que justificada a competência desta Especializada para processar a lide não resulta daí, automatica- mente, a incidência da prescrição trabalhista. A circunstância de o fato gerador do crédito de natureza civil ter ocorrido na vigência do contrato de trabalho, e decorrer da prática de ato calunioso ou desonroso praticado por empregador contra trabalhador não trans- muda a natureza do direito, uma vez que o dano moral se caracte- riza pela projeção de um gravame na esfera da honra e da imagem do indivíduo, transcendendo os limites da condição de trabalhador do ofendido. Dessa forma, aplica-se, na hipótese, o prazo prescri- cional de 20 anos previsto no artigo 177 do Código Civil, em observân- cia ao artigo 2.028 do novo Código Civil Brasileiro, e não o previsto no ordenamento jurídico-trabalhista, consagrado no artigo 7º, XXIX,

SDI I – ERR 08871/2002-900-02-00.4 – Rel. Min. Lelio Bentes Corrêa – DJ 5-3-2004).

“PRESCRIÇÃO – DANO MORAL E MATERIAL TRABA- LHISTA – 1. O prazo de prescrição do direito de ação de reparação por dano moral e material trabalhista é o previsto no Código Civil.

2. À Justiça do Trabalho não se antepõe qualquer obstáculo para que aplique prazos prescricionais diversos dos previstos nas Leis trabalhistas, podendo valer-se das normas do Código Civil e da legislação esparsa. 3. De outro lado, embora o dano moral traba- lhista encontre matizes específicos no Direito do Trabalho, a inde- nização propriamente dita resulta de normas de Direito Civil, ostentando, portanto, natureza de crédito não-trabalhista. 4. Por fim, a prescrição é um instituto de direito material e, portanto, não há como olvidar a inarredável vinculação entre a sede normativa da pretensão de direito material e as normas que regem o respec- tivo prazo prescricional. 5. Recurso de revista de que se conhece e a que se dá provimento.” (TST – RR 1162/2002-014-03-00.1 – 1ª T. – Red. p/o Ac. Min. João Oreste Dalazen – DJU 11-11-2005).

Apesar de não ter adotado o regrado pelo artigo 205 do CC, que prevê prescrição de 10 anos para os acidentes de trabalho, o TRT da 4ª Região (RGS), analisando esta mesma questão decidiu que a prescrição aplicável às ações acidentárias na Justiça do Trabalho é a do direito comum:

ACIDENTE DO TRABALHO. PRESCRIÇÃO. INDENIZA- ÇÃO POR DANO MORAL. Pleito de reparação de natureza civil.

Aplicação do disposto no artigo 206, § 3º, V, e da parte final do artigo 2.028, ambos do Novo Código Civil, com permissivo no parágrafo único do artigo 8º da CLT. Direito de ação que não se encontra fulminado pela prescrição. Recurso provido” TRT- 4ª Região, RO 00396-2005-831-04-00-0, Relatora Cleusa Regina Halfen, decisão publicada no DJ/RS em 12-2-2007).

CONCLUSÃO

Também em nosso entender o posicionamento correto quanto à prescrição aplicável nas ações de reparação por dano material e moral decorrente de uma relação trabalhista é a do direi- to comum e não é a trabalhista, a teor do permissivo autorizado pelo disposto no artigo 205 do Novo Código Civil, de importação permitida com base no parágrafo único do artigo 8º da CLT.

Não se trata de crédito trabalhistastricto sensuo direito buscado na ação de reparação por danos materiais e morais perante a Justiça do Trabalho, mas, sim, de indenização por viola- ção a direitos fundamentais asseguradores da dignidade da pes- soa humana, trata-se da garantia de mantença da vida com higi- dez física e moral. O empregador é devedor de saúde, sendo de sua responsabilidade assegurar ao trabalhador meio ambiente de trabalho equilibrado, livre de riscos ocupacionais e ou acidentá- rios.

A indenização por dano material e moral não se confunde com o direito previdenciário do empregado ao benefício acidentá- rio de encargo da Previdência. A par da obrigação patronal da contribuição obrigatória à constituição do fundo do seguro aciden- tário (SAT), mantém-se o dever do empregador aos investimentos suficientes e necessários à prevenção a que os infortúnios labo- rais previsíveis deixem de acontecer, sendo o texto constitucional claro no sentido de que em caso de culpa pelo infortúnio é devida a reparação por dano material e moral, sem exclusão do direito pelo infortunado ao benefício auxílio-doença acidentário (B-91), de responsabilidade do INSS.

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Jurisprudência

21234 ADICIONAL DE INSALUBRIDADE– COLETA DE LIXO EM CLUBE – VERBA INDEVIDA – A coleta e industrialização de lixo urbano são atividades que estão nominalmente incluídas dentre aquelas previstas como insalubres em grau máximo no Anexo 14, da NR-15, da Portaria 3.214/78, do Ministério do Trabalho. Ocorre que a tipificação da insalubridade, segundo a Norma Regulamentar, é decorrente do contato com “Agentes Biológicos”, o que não é o caso, não tendo ocorrido contato, sequer eventual, com resíduos infecciosos ou infecto-contagiosos, nocivos à saúde do empregado. Em suma, a insalubridade, nos termos da Portaria nº 3.214/78, especifica- mente no que concerne aos agentes biológicos, não restou carac- terizada na situação individualmente considerada destes autos.

O Reclamante não tinha ativação em coleta ou industrialização de lixo urbano, tampouco em esgotos – galerias e tanques –, tal como ocorre com a generalidade dos casos – coletores de lixo em geral –, e situações diversas,data venia, devem ser tratadas de forma desigual. (TRT-3ª R. – Ac. unân. da 6ª T., publ. em 24-5-2007 – RO 211-2006-016-03-00-5 – Relª Juíza Emília Facchini)

21233 ARREMATAÇÃO – AÇÃO ANULATÓRIA – CABIMENTO

– É cabível ação anulatória de arrematação, com fulcro no artigo 486 do CPC, como medida apta à desconstituir o auto de arrematação, desde que o autor comprove que os atos expropria- tórios foram praticados à sua revelia, em ofensa direta aos princí- pios constitucionais do devido processo legal e ampla defesa.

Caso contrário, se a situação descortinada dos autos revela que o autor teve toda a oportunidade de manifestar-se sobre eventuais vícios na arrematação, valendo-se, inclusive, do remédio proces- sual cabível para manifestação de eventual inconformismo, em- bora sem sucesso, não lhe é dado valer-se de ação anulatória para revolvê-lo. (TRT-3ª R. – Ac. unân. da 2ª T., publ. em 29-8-2007 – RO 988-2006-104-03-00-8 – Rel. Juiz Márcio Flávio Salem Vidi- gal)

21232 BENEFÍCIO PREVIDENCIÁRIO – PERCEN- TUAL DE AUXÍLIO-ACIDENTE – LEI MAIS BE- NÉFICA – INCIDÊNCIA

– No sistema de direito positivo brasileiro, o princípiotempus regit actumse subordina ao do efeito imediato da lei nova, salvo quanto ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada – Constituição da República, artigo 5º, inciso XXXVI e Lei de Introdução ao Código Civil, artigo 6º. A lei nova, vedada a ofensa ao ato jurídico perfeito, ao direito adquirido e à coisa julgada, tem efeito imediato e geral, alcançando as relações jurídi- cas que lhes são anteriores, não, nos seus efeitos já realizados, mas, sim, nos efeitos que, por força da natureza continuada da própria relação, seguem se produzindo, a partir da sua vigência.

“L’effet immédiat de la loi doit être considéré comme la règle ordi- naire: la loi nouvelle s’applique, dès sa promulgation, à tous les effets qui résulteront dans l’avenir de rapports juridiques nés ou à naître” – Les Conflits de Lois Dans Le Temps, Paul Roubier, Paris,

1929. Indissociável o benefício previdenciário das necessidades vitais básicas da pessoa humana, põe-se na luz da evidência a sua natureza alimentar, a assegurar aos efeitos continuados da rela- ção jurídica a regência da lei nova que lhes recolha a produção vinda no tempo de sua eficácia, em se cuidando de norma nova relativa à modificação de percentual dos graus de suficiência do benefício para o atendimento das necessidades vitais básicas do segurado e de sua família. O direito subjetivo do segurado é o direito ao benefício, no valor irredutível que a lei lhe atribua e, não, ao valor do tempo do benefício, como é da natureza alimentar do benefício previdenciário. (STJ – Ac. unân. da 6ª T., publ. em 25-6-2007 – AgRg-REsp. 927.358-SP – Rel. Min. Hamilton Carva- lhido)

21231 CONFISSÃO FICTA– EFEITOS – ATESTADO MÉDICO APRESENTADO A DESTEMPO – A confissão ficta, aplicada ao autor que não comparece à audiência de instrução, gera a presunção de veracidade em rela- ção às alegações do réu quanto à matéria fática. Ainda que essa presunção não seja absoluta, a possibilidade de desconstituí-la está adstrita à existência de elementos robustos na lide provando o contrário. Assim, correta a aplicação da confissão ficta à parte que deixa de comparecer à audiência e apresenta justificativa mediante entrega de atestado médico a destempo, mormente quando se quedaram ausentes da audiência tanto o autor quanto o seu patrono. (TRT-12ª R. – Ac. unân. da 3ª T., publ. em 16-7-2007 – RO 1993-2006-009-12-00-2 – Rel. Juiz Gilmar Cavalheri)

21230 CONVENÇÃO COLETIVA– CATEGORIA DI- FERENCIADA – VIGILANTE – INAPLICABI- LIDADE

– Somente aos trabalhadores enquadrados como vigilan- tes, nos termos da Lei 7.102/83, alterada pela Lei 8.863/94, exer- centes de função parapolicial, preventiva e repressiva, são aplicá- veis as normas coletivas da respectiva categoria profissional dife- renciada (TRT-4ª R. – Ac. unân. da 4ª T., publ. em 11-6-2007 – RO 875-2005-102-04-00-3 – Rel. Juiz Milton Varela Dutra)

21229 DANO MORAL – REVISTA EM BOLSA – NÃO-CONFIGURAÇÃO

– Proclamando o Regional, com esteio nas provas dos autos, que as revistas eram realizadas somente nas bolsas e sacolas ou mochilas de todos os empregados, no início e término da jornada de trabalho, sendo realizadas na presença de outros colegas de trabalho e sem contato corporal para concluir que da forma como efetivada, não constitui motivo para provocar o cons- trangimento, nem viola a intimidade da pessoa, de modo a gerar direito à indenização por danos morais, impõe-se ratificar o delibe- rado ante a impossibilidade do reexame dos fatos e provas – Súmula de n° 126 do TST – para se acolher a tese recursal no sentido do caráter vexatório e discriminatório lançado. De todo modo, ensina o Ministro Alberto Bresciani: O exercício do poder

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dos excessos, praticados pelo empregador ou seus prepostos. (...) A tipificação do dano, em tal caso, exigirá a adoção, por parte da empresa, de procedimentos que levem o trabalhador a sofrimen- tos superiores aos que a situação posta em exame, sob condições razoáveis, provocaria. (...) A moderada revista em bolsas e saco- las ou pastas, quando não acompanhada de atitudes que expo- nham a intimidade do empregado ou que venham a ofender publi- camente o seu direito à privacidade, não induz à caracterização de dano moral sobretudo quando o prejuízo íntimo sequer é alegado.

Dano moral não configurado. (TST – Ac. unân. da 3ª T., publ. em 22-6-2007 – AIRR 1520/2005-025-03-40 – Rel. Convocado Juiz Ricardo Machado)

21228 DESVIO DE FUNÇÃO – REMUNERAÇÃO – PRETENSÃO A DUPLO SALÁRIO

– Ainda que provado o desempenho de atividade dissocia- da da estrita função, é imprescindível destacar que a legislação trabalhista não faz qualquer previsão sobre a possibilidade de pagamento de duplo salário, no caso de o empregado acumular o exercício de tarefas pertinentes a duas funções. Havendo a cumu- lação, é possível postular-se somente o pagamento da diferença existente entre o salário efetivamente percebido e aquele de maior valor. Não sendo esta a hipótese, onde se postula o pagamento de um segundo salário pelo alegado acúmulo funcional, nega-se provimento ao recurso da reclamante. (TRT-9ª R. – Ac. unân.

da 1ª T., publ. em 22-5-2007 – RO 2883-2005-652-09-00-4 – Rel.

Juiz Ubirajara Carlos Mendes)

21227 EMPREGADO PÚBLICO– PROMOÇÃO POR ANTIGUIDADE – PRINCÍPIO DA LEGALIDADE – A empresa pública integrante da administração indireta encontra-se adstrita ao princípio da legalidade – artigo 37 da CF –, segundo o qual ela somente pode fazer o que a lei lhe permite,in casu,o que a Resolução do Conselho de Coordenação e Controle das Empresas Estatais estabelece quanto às alterações de seus regulamentos internos de pessoal e aos seus planos de cargos e salários. Nesse passo, não há irregularidade no seu plano de carreiras, cargos e salários, tampouco no seu regulamento de pessoal, quando condicionam a concessão das promoções por antigüidade à prévia deliberação de sua diretoria para que ela possa observar esses critérios, porquanto em sintonia com os dita- mes da Lei Maior. (TRT-12ª R. – Ac. unân. da 3ª T., publ. em 30-7-2007 – RO 121-2007-022-12-00-8 – Relª Juíza Lília Leonor Abreu)

21226 GARANTIA DE EMPREGO– REINTEGRAÇÃO – CONVERSÃO EM INDENIZAÇÃO

– Tratando-se os autos de hipótese de garantia no emprego estabelecida contratualmente, não impulsiona o recurso de revista a alegação de ofensa aos artigos 492, 496 e 497 da CLT, porque alusivos à estabilidade de empregado com mais de 10 – dez – anos na empresa, já extinta pela instituição do regime do FGTS, e cuja importância atualmente é apenas histórica. Restando desa- conselhável a reintegração de empregado – diante do nível de animosidade entre as partes –, resta plenamente plausível sua

enriquecimento sem causa por parte do empregado. Afasta-se, assim, a hipótese de ofensa aos artigos 112 e 884 do CCB. Outros- sim, arestos que não refletem a mesma identidade fática reve- lam-se inservíveis – inteligência do item I da Súmula de n° 296 do TST. Agravo de Instrumento a que se nega provimento. (TST – Ac.

unân. da 3ª T., publ. em 22-6-2007 – AIRR 713/2002-023-03-40 – Rel. Convocado Juiz Ricardo Machado)

21225 HORAS EXTRAS – TRABALHO EXTERNO – MOTORISTA – SISTEMA DE MONITORAMEN- TO POR SATÉLITE

– O sistema de monitoramento por satélite é utilizado para garantir a segurança de veículos e cargas. Destina-se à localização de veículos em caso de furto ou roubo, visando à segurança, inclu- sive, do próprio motorista. O simples fato de a reclamada ter a pos- sibilidade de saber, por tal sistema, a localização do veículo não significa que pudesse fiscalizar a jornada de trabalho do reclamante.

Impossível saber, pelo sistema de monitoramento, se uma parada ocorreu para descanso ou se decorreu de acidente, queda de barreira ou bloqueio de estrada. Portanto, considera-se o reclamante enqua- drado no artigo 62, I, da CLT, já que não restou caracterizado, por absoluta incompatibilidade com sua atividade externa, o efetivo controle de jornada por parte da reclamada. (TRT-9ª R. – Ac. unân.

da 4ª T., publ. em 17-8-2007 – RO 3787-2005-513-09-00-2 – Rel. Juiz Sergio Murilo Rodrigues Lemos)

21224 JORNADA DE TRABALHO – TURNOS DE REVEZAMENTO – SALÁRIO-HORA – PER- CEPÇÃO DA SÉTIMA E OITAVA HORAS COMO EXTRAORDINÁRIAS

– Não vulnera o inciso XIV do artigo 7º da Carta Política da República, voltado à proteção dos trabalhadores, pronunciamento judicial em que se conclui que, contratado o prestador dos serviços para trabalhar em turnos ininterruptos mediante o salário-hora, a sétima e oitava horas são devidas como extraordinárias. (STF – Ac. unân. da 1ª T., publ. em 3-8-2007 – AgRg-AI 606.279-4/MG – Rel. Min. Marco Aurélio)

21223 LITISCONSÓRCIO– PROCURADORES DIS- TINTOS – PRAZO EM DOBRO

– A exigência contida no artigo 769 da CLT não permite a aplicação subsidiária da regra prevista no artigo 191 do CPC ao processo trabalhista, em face da incompatibilidade com o princípio da celeridade processual que o norteia. (TRT-9ª R. – Ac. unân. da 1ª T., publ. em 27-4-2007 – AI 99547-2006-660-09-40-6 – Rel. Juiz Benedito Xavier da Silva)

21222 MINISTÉRIO PÚBLICO DO TRABALHO– ILE- GITIMIDADE PARA PLEITEAR DEPÓSITOS DE FGTS – DESCABIMENTO DA AÇÃO CIVIL PÚBLICA

– As partes só poderão ter o direito ao julgamento do mérito quando, no momento em que este está para ser pronunciado, esti- verem presentes as três condições da ação. Se alguma delas não

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existia no início, mas ainda assim o processo não veio a ser extinto, o juiz a terá por satisfeita e julgará a demanda pelo mérito sempre que a condição antes faltante houver sobrevindo no curso do processo. Inversamente, se a condição existia de início e já não existe agora, o autor carece de ação e o mérito não será julgado.

Na experiência processual do dia-a-dia são muito mais freqüentes os casos de condições que ficam excluídas – Cândido Rangel Dinamarco. Nos termos do parágrafo único do artigo 1º da Lei nº 7.347/85, introduzido pela Medida Provisória nº 2.180-35 de 24-8-2001, não cabe ação civil pública para veicular pretensões relativas ao FGTS, restando afastada, desta forma, a legitimidade do Ministério Público e a possibilidade jurídica do pedido, pela via eleita. O legislador sancionou a compreensão já fixada pelo Egrégio Regional, fazendo decair, ainda em curso a fase de conhecimento, condições da ação. Recurso de revista não conhecido. (TST – Ac.

unân. da 3ª T., publ. em 22-6-2007 – RR 704001/2000-2 – Rel. Min.

Alberto Bresciani)

21221 PENHORA– DINHEIRO – ORDEM DE PRE- FERÊNCIA NA GRADAÇÃO LEGAL

– A penhora de dinheiro é preferencial na gradação da lei, por facilitar a percepção do crédito executado. (TRT-3ª R. – Ac. da 6ª T., publ. em 24-5-2007 – AG-PET 283-2005-134-03-00-1 – Rel.

Juiz Ricardo Antonio Mohallem)

21220 PENSÃO POR MORTE– GENITORA – COM- PROVAÇÃO DA DEPENDÊNCIA ECONÔMICA – Para que os dependentes de ex-segurado, inseridos no rol do inciso II do artigo 16 da Lei nº 8.213/91, façam jus à pensão por morte, é necessária a comprovação da dependência econô- mica em relação aode cujus. O Tribunala quo,ao reconhecer a inexistência da dependência econômica, o fez com base na aná- lise dos elementos probatórios carreados aos autos. Incidência, à espécie, da Súmula 7/STJ. A recorrente não comprovou a diver- gência jurisprudencial, nos termos exigidos pelos artigos 541 do CPC e 255 do RISTJ, bem como deixou de transcrever trechos dos acórdãos recorrido e paradigma, com a realização do cotejo analí- tico das teses supostamente divergentes. Recurso especial a que se nega provimento. (STJ – Ac. unân. da 6ª T., publ. em 7-5-2007 – REsp. 750.087-RS – Relª Minª Maria Thereza de Assis Moura)

21219 RECURSO– COMPROVAÇÃO DO DEPÓSITO DA CONDENAÇÃO

– Os parágrafos 1º, 2º e 6º do artigo 899, CLT, determinam que sendo a condenação de valor até 10 – dez – vezes o valor-de-referência regional, nos dissídios individuais, só será admitido o recurso, inclusive o extraordinário, mediante prévio depósito da respectiva importância. Transitada em julgado a deci- são recorrida, ordenar-se-á o levantamento imediato da importân- cia do depósito, em favor da parte vencedora, por simples despa- cho do juiz. O artigo 7º, da Lei 5.584/70, dispõe sobre a comprova- ção do depósito da condenação. O depósito do valor da condena- ção, observado o limite traçado em lei, é pressuposto objetivo do

recurso. A recorrente se limitou a pagar as custas processuais deixando de efetuar o depósito prévio da respectiva importância.

Recurso não conhecido ante a ausência de um dos pressupostos de admissibilidade. (TRF-2ª R. – Ac. unân. da 4ª T., publ. em 4-6-2007 – RO 96.02.03682-6 – Rel. Des. Alberto Nogueira)

21218 RELAÇÃO DE EMPREGO – MANICURE – AUSÊNCIA DE SUBORDINAÇÃO

– O estabelecimento de elevado percentual de comissões, no caso 50%, em média, a favor da manicure, que sequer é responsável pelas despesas com os materiais, tem a liberdade de levar e trazer clientes, fixar preço em conjunto com o salão de cabeleireiro, com ausência de subordinação clara, revela contrato informal de parceria e não de relação de emprego, mormente considerando-se a ausência da intencionalidade na formação do vínculo, e desequilíbrio financeiro a favor da prestadora dos servi- ços na hipótese de reconhecimento do vínculo de emprego. Nesse tipo de atividade, o costume revela que as partes, quando contra- tam, se satisfazem com a parceria. Vínculo de emprego não reco- nhecido. (TRT-2ª R. – Ac. da 3ª T., publ. em 24-8-2007 – RO 2869-2004-017-02-00-1 – Rel. Juiz Jonas Santana de Brito)

21217 RESCISÃO INDIRETA DO CONTRATO DE TRABALHO– DEPÓSITOS DO FGTS – PAR- CELAMENTO DA DÍVIDA JUNTO À CEF – A falta de recolhimento dos depósitos do FGTS, embora caracterizadora de descumprimento de obrigação contratual pelo empregador, tem sua gravidade mitigada pela negociação de seu parcelamento junto ao órgão gestor do FGTS, afastando, desta forma a gravidade ensejadora do reconhecimento da justa causa nos termos previstos no artigo 483, “d”, da CLT. (TRT-12ª R. – Ac.

unân. da 2ª T., publ. em 11-6-2007 – RO 1124-2006-010-12-00-8 – Rel. Juiz Edson Mendes de Oliveira)

21216 SALÁRIO– TRABALHADOR TEMPORÁRIO – POSTULAÇÃO DE DIFERENÇAS

– Ao trabalhador temporário está assegurada remuneração equivalente à percebida pelos empregados de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente; referida remuneração é denominada pela doutrina de “salário eqüitativo”, está fundada no princípio da isonomia salarial e traz em seu bojo, por corolário, a exigência de identidade de funções entre os empregados da empresa forne- cedora de mão-de-obra e os contratados diretamente pela toma- dora de serviços. Para a sua percepção devem ser observadas, portanto, as seguintes premissas: 1) a remuneração, ensejadora do pleito de diferenças, deve ser percebida por empregado de mesma categoria da empresa tomadora ou cliente, 2) entre ambos deve haver identidade de funções, e 3) deve ocorrer a simultaneidade na prestação de serviços. No presente caso, a empregada denomi- nada paradigma foi admitida pela tomadora após o término do contrato de trabalho do reclamante, sendo imperiosa a rejeição das diferenças salariais postuladas. (TRT-2ª R. – Ac. unân. da 11ª T., publ. em 31-7-2007 – RO 2054-2006-016-02-00-8 – Relª Juíza Maria Aparecida Duenhas)

(7)

21215

MENTO – ÁREA LIMITE

– O princípio da unicidade sindical – CF, artigo 8º, II, da Constituição – não garante por si só ao sindicato a intangibilidade de sua base territorial: ao contrário, a jurisprudência do STF está consolidada no sentido da legitimidade constitucional do desmem- bramento territorial de um sindicato para constituir outro, por deli- beração dos partícipes da fundação deste, desde que o território de ambos não se reduza à área inferior à de um município –v.g.,

RE 153.534, Veloso, DJ 11-6-99; AgRgRE 207.910, Maurício, DJ 4-12-98; RE 207.780, Galvão, DJ 17-10-97; RE 180.222, Galvão, DJ 29-8-2000. No caso, o Tribunala quoassentou que não houve superposição sindical total, mas apenas um desmembramento que originou novas organizações sindicais regionais cuja área de atuação é menor do que a do agravante, o que não ofende a garantia constitucional da unicidade. (STF – Ac. unân. da 1ª T., publ. em 8-6-2007 – AgRg-RE 154.250-1/SP – Rel. Min. Sepúl- veda Pertence)

Acórdão na Íntegra

BANCÁRIO – DESCONTOS A TÍTULO DE DIFERENÇAS DE CAIXA

TST – PROC. E-ED-RR-814.817/2001.5, publ. em 13-4-2007 ACÓRDÃO

RECURSO DE EMBARGOS. DESCONTOS A TÍTULO DE DIFERENÇAS DE CAIXA. PAGAMENTO DA VERBA GRATIFI- CAÇÃO DE CAIXA. LICITUDE DOS DESCONTOS. ARTIGO 462,

§ 1º, DA CLT. AUTORIZAÇÃO DO RECLAMANTE. Consignado no v. acórdão regional a premissa fática de que havia autorização do empregado para se proceder aos descontos relacionados a eventuais diferenças no fechamento do caixa, não há como se determinar a devolução dos valores descontados. A gratificação quebra de caixa é parcela paga ao bancário que exerce a função de caixa, com intuito de fazer frente a eventuais diferenças no fechamento do caixa.

Em face do que dispõe o artigo 462, § 1º, da CLT, são lícitos os descontos efetuados. A natureza da função de caixa exercida pressupõe que não haja diferença no encontro de contas. A gratifi- cação de quebra de caixa remunera o risco dessa atividade.

Não se pode retirar a culpa na eventual e pequena diferença normal existente em caixa e quanto deveria haver. Não se trata de o empregador transferir o risco do negócio, quando procede o desconto do empregado caixa dessas eventuais diferenças.

Ao contrário, revela o cumprimento da relação jurídica pactuada e, para tanto, remunerada com adicional de risco, isto é, a gratifica- ção pela quebra de caixa. Recurso de embargos conhecido e provido.

Vistos, relatados e discutidos estes autos de Embargos em Embargos de Declaração em Recurso de Revista nº TST-E-ED-RR-814.817/2001.5, em que é Embargante Banco ABN Amro Real S.A. e Embargada Jussemara Inês Zago.

A c. Terceira Turma, mediante o acórdão de fls. 642-650, da lavra do Exmº Sr. Ministro Carlos Alberto Reis de Paula, entre outros temas, conheceu do recurso de revista interposto pelo reclamado, quanto aos descontos efetuados no salário da autora a título de diferença de caixa por divergência jurisprudencial.

No mérito, concluiu em negar provimento ao recurso, man- tendo o entendimento proferido pelo Eg. Tribunal Regional, sob o fundamento de que o simples fato de a empregada perceber grati- ficação de quebra de caixa não torna lícito os descontos efetua-

dos, sendo admissível somente quando ocorra acordo sobre o desconto ou quando haja dolo ou culpa, situações que não se veri- ficaram no caso.

O reclamado apresenta embargos de declaração, mediante as razões de fls. 652-656, impugnados às fls. 662-663 e rejeitados, conforme o v. acórdão de fls. 668-670.

Inconformado, o Banco interpõe recurso de embargos, às fls. 672-679. Alega violação do artigo 462, § 1º, da CLT, por enten- der que o seu recurso de revista merecia provimento, na medida em que a gratificação percebida pela reclamante tinha o fim espe- cífico de cobrir eventuais diferenças no caixa e que, quando da sua admissão, aceitou ter descontado esse valor de seu salário.

Transcreve, também, arestos paradigmas ditos divergentes.

A reclamante apresentou impugnação aos embargos às fls.

681-687.

Sem remessa dos autos à d. Procuradoria-Geral do Traba- lho, nos termos do artigo 82, II, do RITST.

É o relatório.

VOTO

DESCONTOS A TÍTULO DE DIFERENÇAS DE CAIXA.

PAGAMENTO DA VERBA GRATIFICAÇÃO DE CAIXA. AUSÊN- CIA DE COMPROVAÇÃO DE DOLO OU CULPA POR PARTE DA EMPREGADA.

CONHECIMENTO

A c. Turma conheceu do recurso de revista interposto pelo reclamado, quanto aos descontos efetuados no salário da autora a título de diferença de caixa, por divergência jurisprudencial.

No mérito, concluiu em negar provimento ao recurso de revista, mantendo o entendimento proferido pelo Eg. Tribunal Regional, sob o fundamento de que o simples fato de a empregada perceber gratificação de quebra de caixa não torna lícito os descontos efetuados, sendo admissível somente quando ocorra acordo sobre o desconto ou quando haja dolo ou culpa, situações que não se verificaram no caso.

(8)

Eis a decisão:

O artigo 462, § 1º, da CLT assegura, taxativamente, a intan- gibilidade dos salários e conclui pela licitude do desconto, em caso de dano causado pelo empregado, desde que esta possibilidade tenha sido acordada, ou na ocorrência de dolo do empregado no exercício de suas funções. Também autoriza o desconto se o ato praticado foi culposo, isto é, se decorre de negligência, imprudên- cia ou imperícia, no entanto, condiciona o desconto à prévia e expressa autorização do empregado. Ocorre, no entanto, que em ambas as hipóteses há necessidade de demonstração efetiva do dano e da responsabilidade do empregado, ou seja, a prova dolosa ou culposa de sua ação, omissiva ou comissiva, e o nexo de causa e efeito com o resultado danoso, o que na hipótese não ocorreu. O simples fato de o empregado perceber gratificação de quebra de caixa não torna lícitos os descontos efetuados, pelo que os descontos desses valores do salário do empregado violam lite- ralmente o artigo 462 da CLT.

Nas razões de embargos o reclamado sustenta que o recurso de revista merecia provimento, na medida em que a gratifi- cação percebida pela reclamante tinha o fim específico de cobrir eventuais diferenças no caixa e que, quando da sua admissão, ela aceitou ter descontado esse valor em seu salário. Transcreve, também, arestos paradigmas ditos divergentes.

Indica violação do § 1º do artigo 462 da CLT.

O recurso de embargos alcança conhecimento.

Os arestos paradigmas transcritos no recurso de revista às fls. 677-678 refletem com fidelidade tese oposta a da C. Turma, ao defender tese, segundo a qual mostra-se lícito os descontos efe- tuados no salário referentes às diferenças de caixa ocorridas sob a responsabilidade do bancário que recebe a gratificação de quebra de caixa, independente de dolo ou culpa.

Conheço, pois, por divergência jurisprudencial.

MÉRITO

A natureza da parcela gratificação de caixa encontra-se devidamente delineada nos termos da Súmula 247 do C. TST, que dispõe:

Quebra de caixa. Natureza jurídica. A parcela paga aos bancários sob a denominação “quebra de caixa” possui natureza salarial, integrando o salário do prestador de serviços, para todos os efeitos legais. (Res. 16/85, DJ 13-1-86)

Segundo nos ensina Eduardo Gabriel Saad, a gratifica- ção de quebra de caixa destina-se a cobrir eventuais diferenças as quais ocorrem com freqüência com os empregados incumbi- dos dos recebimentos e dos pagamentos de interesse da empresa.

Trata-se de vantagem concedida mensalmente pelo em- pregador a título de gratificação, objetivando cobrir eventuais dife- renças de numerário quando do fechamento do caixa.

Discute-se a licitude dos descontos efetuados no salário do autor referente às diferenças verificadas no fechamento do caixa sob sua responsabilidade, quando, como no presente caso, deriva de autorização do empregado tais descontos, conforme premissa

fática inafastável contida na decisão proferida pelo Eg. Tribunal Regional.

A CLT é expressa, em seu artigo 2º, em reputar os riscos da atividade econômica ao empregador:

“Art. 2º – Considera-se empregador a empresa, indivi- dual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econô- mica, admite, assalaria e dirige a prestação pessoal de servi- ços.”

Não se pode, entretanto, fazer uma leitura do dispositivo, de modo literal, já que os riscos da atividade econômica a serem assumidos pela empresa, não podem levar ao entendi- mento de que o empregado, ao agir com culpa ou dolo, não tenha nenhuma responsabilidade em relação a erros decorren- tes de suas atribuições.

A estipulação feita entre as partes, com o fim de fazer frente aos descontos advindos de falta de numerário de caixa, reveste-se de legalidade, ante o que dispõe o artigo 462, § 1º, da CLT:

Em caso de dano causado pelo empregado, o desconto será lícito, desde que esta possibilidade tenha sido acordada ou na ocorrência de dolo ou culpa do empregado.

Não se verifica, como entendeu o eg. Tribunal Regional e a C. Turma, que há transferência dos riscos da atividade econô- mica.

O Caixa é beneficiado com o pagamento da verba quebra de caixa mensalmente, estando a gratificação de quebra de caixa a remunerar o risco dessa atividade. Por conseqüência, sua a responsabilidade a determinar o desconto decorrente do dano por ele causado, em face de diferenças no fechamento do caixa. A culpa,in casu, é presumível, ante a natureza dos traba- lhos com fechamento de valores, cuja atribuição demanda soma perfeita, ou seja, créditos e débitos em valores iguais.

Deste modo, sendo a culpa conseqüência lógica da tarefa de Caixa Bancário quando não consegue proceder ao fechamento do Caixa, não se vislumbra ilicitude nos descontos procedidos a tal título.

No caso dos autos, não tem sentido o Banco acordar com o empregado o pagamento da gratificação de caixa, exatamente com o fim de fazer frente a eventuais diferenças e acertos decor- rentes do fechamento do Caixa, e quando tal ocorre, não ser possível proceder aos descontos.

O empregado, ao assumir a função de Caixa, já conhece antecipadamente o ônus relacionado a esses acertos.

Deste modo, é de se dar provimento aos embargos para excluir da condenação a devolução dos valores descontados a título de quebra de caixa.

ISTO POSTO

ACORDAM os Ministros da Subseção I Especializada em Dissídios Individuais do Tribunal Superior do Trabalho, por unani- midade, conhecer dos embargos por divergência jurisprudencial e, no mérito, dar-lhes provimento para excluir da condenação a devolução dos valores descontados a título de quebra de caixa.

Brasília, 9 de abril de 2007. (Aloysio Corrêa da Veiga – Ministro Relator)

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