GÊNERO E HISTÓRIA: UM BREVE BALANÇO HISTORIOGRÁFICO
Clara Cazarini Trotta
1Átila Augusto Guerra de Freitas
2Isabela de Oliveira Dornelas
3Resumo: O presente artigo tem por objetivo realizar uma breve reflexão sobre parte da historiografia contemporânea que se dedica às interseções com a temática do gênero elucidadas em outras ciências sociais. Esse trabalho pretende analisar as produções nos domínios da História que moveram o termo “gênero” como utensilagem teórica, no sentido de dar inteligibilidade e compreensão a uma determinada realidade social pretérita vivida, principalmente, pelas mulheres. Destarte, nossa proposta inicial é demonstrar a sedimentação do termo gênero como uma categoria naturalizada pelos(as) historiadores(as) que dizem trazer a discussão de gênero e sexualidade pra dentro dos estudos históricos. Para isso, selecionamos autores(as) de destaque no âmbito nacional e internacional que produziram obras significativas dentro da perspectiva de “história e gênero” para refletirmos como esse termo foi importado de outros campos e reutilizado para tentar revisionar a historiografia dos séculos XX e XXI.
Palavras-chave: Historiografia; Gênero; Feminismos
Dentro do que chamamos hoje de historiografia contemporânea, a vertente francesa ocupa lugar de destaque em matéria de disseminação, alcance e problematização. Foi com a revista Annales d’histoire économique et sociale - fundada por Marc Bloch e Lucien Febvre nos anos 1920 – que temos um dos grandes revisionismos historiográficos do século XX: a crise da história política tradicional e o desenvolver da história social. Hoje já chegamos a que é chamada quarta geração dos Annales e o que ainda une essa geração aos seus pais fundadores, fazendo deles uma escola, é a abertura às outras ciências sociais, a utilização das mais diversas estratégias de conhecimento permitidas pelo objeto, o alargamento do que é o objeto histórico e a experimentação como recusa de uma dogmatização do saber histórico (REIS, 2006, p.
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“A História faz-se com documentos escritos, sem dúvida. Quando estes existem. Mas pode fazer-se sem documentos escritos, quando não existem. (...) Numa palavra, com tudo o que, pertencendo ao homem, depende do homem,
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Mestranda no Programa de Pós-Graduação em Antropologia Social da Universidade Federal de Minas Gerais, claracazarini@gmail.com
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Graduando, 9º período de História na Universidade Federal de Minas Gerais, atilaaugustofreitas@gmail.com
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