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O USO DE EQUIPAMENTOS DE PROTEÇÃO INDIVIDUAL

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RESUMO:

RESUMO:

RESUMO:

RESUMO:

RESUMO: Estudo quantitativo realizado com 45 profissionais dos serviços de endoscopia no Município de Goiânia, no ano de 2007, com objetivo de verificar a adesão dos profissionais ao uso dos equipamentos de proteção individual na realização do exame de endoscopia e no reprocessamento do endoscópio. Os dados foram obtidos por meio de observação, utilizando um check-list e analisados por meio de estatística descritiva. Os resultados revelaram que as luvas de procedimentos, avental de tecido e sapatos fechados obtiveram maior adesão pelos profissionais durante a realização dos exames de endoscopia, limpeza e desinfecção do endoscópio. Porém, os óculos protetores, máscara química e avental impermeável obtiveram baixos índices. Concluímos que os profissionais estão expostos tanto ao risco biológico quanto químico devido ao uso indevido dos equipamentos de proteção individual, sendo necessária uma educação permanente, buscando desenvolver competências cognitivas, psicomotoras e atitudinais para vencer os obstáculos à adesão às precauções padrão.

Palavras-Chave:

Palavras-Chave:

Palavras-Chave:

Palavras-Chave:

Palavras-Chave: Riscos ocupacionais; exposição a agentes biológicos; equipamentos de proteção; endoscopia.

ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT ABSTRACT

ABSTRACT: : : : Quantitative study with 45 professionals of the endoscopy services in Goiânia, GO, Brazil, in 2007. It : aimed at verifying the adherence of professionals to the use of personal protective equipment during the procedure of endoscopy and the reprocessing of the endoscope. Data were obtained through observation, on a check-list basis, and were analyzed through descriptive statistics. Results show that procedure gloves, cloth aprons, and closed shoes had greater adherence by professionals during the procedure of endoscopy and the cleaning and disinfection of the endoscope. However, protective glasses, chemical masks, and impermeable aprons had low adherence rates.

Conclusions show that professionals are exposed to both biological as chemical risk due to inadequate use of the personal protective equipment. Permanent education is necessary to ensure the development of cognitive, psychomotor, and attitudinal skills to overcome obstacles to abiding by standard precautions.

Keywords:

Keywords:

Keywords:

Keywords:

Keywords: Occupational risks; exposure to biological agents; protective devices; endoscopy.

RESUMEN RESUMEN RESUMEN RESUMEN

RESUMEN: Estudio quantitativo con 45 profesionales de los servicios de endoscopía en la ciudad de Goiânia, GO, Brasil, en 2007, con el objetivo de verificar la adhesión de los profesionales al uso del equipamiento de protección individual durante el examen de endoscopia y el reprocesamiento de los endoscopios. Los datos fueron obtenidos por medio de observación, utilizando un check-list y analizados por medio de estadística descriptiva. Los resultados revelaron que los guantes de procedimiento, guardapolvo de tejido y zapatos cerrados tuvieron mayor adhesión por parte de los profesionales durante los exámenes de endoscopia, limpieza y desinfección del endoscopio. Sin embargo, las gafas protectoras, máscara química y guardapolvo impermeable tuvieron bajos índices. Se concluye que los profesionales están expuestos a los riesgos químicos y biológicos debido a la utilización indevida de los equipamientos de protección individual, siendo necesaria una educación permanente, buscando desarrollar competencias cognitivas, psicomotoras y de actitud para superar los obstáculos a la adhesión a las precauciones estándares.

Palabras Clave:

Palabras Clave:

Palabras Clave:

Palabras Clave:

Palabras Clave: Riesgos laborales; exposición a agentes biológicos; equipos de seguridad; endoscopia.

O U SO DE E QUIPAMENTOS DE P ROTEÇÃO I NDIVIDUAL

POR P ROFISSIONAIS EM U NIDADES DE E NDOSCOPIA

T HE U SE OF P ERSONAL P ROTECTIVE E QUIPMENT BY P ROFESSIONALS AT E NDOSCOPY U NITS

E L U SO DE E QUIPAMIENTOS DE P ROTECCIÓN I NDIVIDUAL POR

P ROFESIONALES EN U NIDADES DE E NDOSCOPIA

Heliny Carneiro Cunha Neves

I

Adenícia Custódia Silva e Souza

II

Jackeline Maciel Barbosa

III

Luana Cássia Miranda Ribeiro

IV

Anaclara Ferreira Veiga Tipple

V

Sergiane Bisinoto Alves

VI

Karina Suzuki

VII

I

Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:

nynne_cunha@yahoo.com.br.

II

Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Associada da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:

adeniciafen@gmail.com.

III

Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Enfermeira da Secretaria Municipal de Saúde do município de Goiânia. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:

jackelinemaciel@uol.com.br.

IV

Acadêmica do curso de Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail: luaufg@yahoo.com.br

..

V

Enfermeira. Doutora em Enfermagem. Professora Adjunto da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:

anaclara.fen@gmail.com.

VI

Enfermeira. Mestranda do Programa de Pós Graduação em Enfermagem da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil.

E-mail: sergianebisinoto@yahoo.com.br.

VII

Enfermeira. Mestre em Enfermagem. Professora Assistente da Faculdade de Enfermagem da Universidade Federal de Goiás. Goiânia, Goiás, Brasil. E-mail:

Karina@fen.ufg.br.

(2)

nhecer a universalidade do risco e a necessidade de adoção de medidas preventivas no atendimento a todo e qualquer paciente, independente do diagnós- tico. Elas incluíam o uso de barreiras para a proteção do profissional como o avental, luvas, óculos, com grande ênfase para a lavagem de mãos e cuidado com material perfurocortante.

Em 1996, após revisão, tais precauções foram reeditadas como PP

4

, sintetizando a maioria das PU e das precauções com fluidos orgânicos. Tal norma amplia os cuidados não apenas para o sangue, mas também para todas as secreções orgânicas, com exceção de lágrimas e suor. Inclui também apropriada higienização das mãos e precauções do tipo barreira, com o uso de luvas para o manuseio de todos os fluidos orgânicos, entre outros.

Devido à experiência bem sucedida das PP, as diretrizes do novo guideline dos CDC

5

vêm reafirmá-las.

As PP incluem o uso de EPI para a proteção cole- tiva, em especial a do profissional da saúde, e recomen- dam o seu uso sempre que houver possibilidade de ex- posição a material biológico ou contato com agentes infecciosos

5

.

Os equipamentos de proteção visam a interrup- ção da cadeia de transmissão dos microrganismos

4

, incluem o uso de luvas, avental, óculos protetores, protetor facial, máscaras e respiradores para proteção de membranas mucosas, vias respiratórias, pele e rou- pas dos profissionais

5

.

Os profissionais que trabalham em ambiente de endoscopia estão em constante risco de exposição a microrganismos infecciosos, tais como o Mycobacterium tuberculosis, Vírus da hepatite B (HBV) e C (HCV), Vírus da Imunodeficiência Humana (HIV), herpes sim- ples e patógenos entéricos

8

.

Estudos têm demonstrado que mais de 60 agentes podem ser transmitidos por meio da exposição percutânea através do sangue, sendo a principal via de transmissão dos vírus das hepatites B e C, e o HIV

4,9

.

É imprescindível que esses profissionais com- preendam esse risco e observem as PP, independente do estado presumível de infecção do paciente

5

, pois o estado infeccioso nem sempre é conhecido durante o atendimento

8

.

M ETODOLOGIA

E studo quantitativo, transversal, descritivo re- alizado junto aos trabalhadores dos serviços de endoscopia no Município de Goiânia-GO, no perío- do de junho a agosto de 2007.

Identificou-se 62 estabelecimentos de saúde que realizavam endoscopia digestiva alta (EDA), dos quais 20 consentiram em participar do estudo, sendo 16 pri- vados e 4 públicos. Observou-se os aspectos ético-le- gais de pesquisa em seres humanos e o projeto foi apro- vado pelo Comitê de Ética de Pesquisa Humana do

I NTRODUÇÃO

O s profissionais da área da saúde estão constan- temente expostos ao risco de adquirir infecções trans- mitidas por patógenos veiculados por sangue e líqui- dos corpóreos durante o desenvolvimento de suas atividades ocupacionais

1,2

, especialmente nas unida- des de endoscopia

3

, devido ao caráter dos procedi- mentos ali realizados.

Quando se discute controle de infecção na uni- dade de endoscopia, a atenção é focada no reprocessamento dos endoscópios para a prevenção de transmissão de patógenos de paciente para paciente

3

. Contudo, a proteção e segurança dos profissionais, na maioria de enfermagem e medicina, que executam es- ses procedimentos são subestimados expondo esses profissionais a maior risco. Garantir essa segurança é de fundamental importância para os trabalhadores e para as unidades empregadoras.

Além do risco biológico, esses profissionais tam- bém estão expostos ao risco químico durante o ma- nuseio do glutaraldeído, porém neste estudo o foco é direcionado para o risco biológico.

As recomendações das precauções padrão (PP), desde que incluíram os conceitos das precauções uni- versais (PU), têm sido aplicadas há mais de 15 anos.

Essa prevenção primária das exposições ocupacionais continua a ser eficaz e eficiente na proteção dos traba- lhadores da saúde, no entanto, verificamos que a ade- são a essas medidas é, por vezes, descontínua e contra- ditória e leva à potencialização dos riscos e aumento substancial de exposições ao material biológico.

Na prática, observa-se que os trabalhadores da área da saúde não estão devidamente paramentados durante o manuseio dos artigos endoscópicos, expon- do-se de forma indireta ou diretamente ao material biológico (sangue, secreções e excreções) de pacien- tes durante o exame de endoscopia. Há vários artigos que abordam o tema da utilização de equipamento de proteção individual (EPI) pelos profissionais da área da saúde

4-7

, mas há poucos estudos que observam essa conduta em profissionais do serviço de endoscopia

8

. Considerando o exposto, este estudo teve como objetivo verificar a adesão dos profissionais que atu- am em serviços de endoscopia do município de Goiânia ao uso do equipamento de proteção indivi- dual na realização do exame de endoscopia e no reprocessamento dos artigos endoscópicos.

R EFERENCIAL T EÓRICO

E m 1987, na tentativa de diminuir o risco de

transmissão ocupacional de patógenos veiculados

pelo sangue, os Centers for Disease Control and

Prevention (CDC) publicaram as recomendações so-

bre as PU

4

. Essas precauções se destacavam por reco-

(3)

Hospital Materno-Infantil, sob protocolo n

o

001/07.

Após autorização dos responsáveis pelas unidades endoscópicas, teve início o trabalho de campo.

Os dados foram obtidos mediante a observação direta da realização do procedimento endoscópico e do reprocessamento dos artigos e registrados em um check- list. O instrumento foi construído conforme as normas de uso de EPI preconizadas pelos CDC

4,5

e validado por três pesquisadores da área de controle de infecção.

A observação foi realizada em quatro momen- tos: durante o exame, durante a pré-lavagem do endoscópio, durante a limpeza e durante a desinfec- ção do endoscópio, sendo três exames de endoscopia e reprocessamento dos endoscópios em cada serviço, totalizando 60 procedimentos observados.

Foram incluídos no estudo todos os profissio- nais que atuavam no serviço, presentes no dia da co- leta de dados e participantes da assistência durante o exame de endoscopia e do reprocessamento do endoscópio. Após os esclarecimentos da pesquisa, eles foram convidados a participar, e os que aceitaram fo- ram incluídos no estudo após a assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido.

Os dados oriundos da coleta foram processados no programa Epi-Info versão 3.3(2004), dispostos em tabelas e analisados por meio de estatística descritiva.

R ESULTADOS E D ISCUSSÃO

O bservou-se 60 procedimentos em 20 serviços de endoscopia, nos quais 45 profissionais participa- ram da amostra, sendo 22(48,8%) profissionais de enfermagem (técnico e auxiliar de enfermagem), 21(46,6%) médicos e 2(4,4%) recepcionistas.

Verificou-se a predominância dos profissionais da área de enfermagem quanto ao manuseio do endoscópio durante a limpeza e desinfecção, confor- me Tabela 1. Esses profissionais estão mais susceptí- veis tanto ao risco biológico predominante na limpeza do endoscópio quanto ao risco químico devido ao ma- nuseio do glutaraldeído, sendo importante salientar o uso correto dos equipamentos de segurança.

Vale a pena destacar o fato de que em dois servi- ços a função de auxiliar o médico durante o exame de endoscopia foi exercida por recepcionistas. Ressalta- se que neste caso, apesar de não serem da área da saú- de, também estão expostas aos riscos. Destaca-se que o exercício ilegal da profissão, aliado ao desconheci- mento da cadeia epidemiológica das infecções e a pouca consciência sobre as possibilidades dos riscos pode tornar a exposição ocupacional ainda maior.

Exame de Endoscopia

Os profissionais envolvidos nesse contexto de- vem rotineiramente utilizar métodos de barreiras apro- priados para a prevenção de contaminação pelo sangue

e outros fluidos corpóreos. O EPI é um dos métodos de barreiras mais eficientes para minimizar a exposição potencial a materiais e agentes infectantes, proporcio- nando proteção para ambos, profissional e paciente

6

.

As luvas de procedimentos, avental de tecido e sapatos fechados, 97,7%, 86,6% e 75,5% respectiva- mente, obtiveram maior adesão pelos profissionais durante a realização do exame de endoscopia, con- forme Tabela 2. Os dados encontrados possuem coe- rência com o estudo de Souza et al.

10

, nos quais luvas e avental foram os EPI mais utilizados. Em outro es- tudo identificou-se que mais da metade - 57,6% - dos profissionais utilizaram as luvas em todos os procedi- mentos, 22,9% usaram máscara e somente 3,7%, os óculos protetores

11

.

É recomendado o uso do avental para os profis- sionais da unidade de endoscopia para prevenir con- taminação resultante de respingos de sangue ou ou- tros fluidos corporais, e sua frequência de troca é a cada paciente

8

. A literatura evidencia que uma pe- quena redução na transmissão de MRSA é atribuída ao aumento do uso do avental

12

.

Apesar de 75,5% usarem os sapatos fechados, ain- da há os que não os utilizam, sendo que um profissional fez uso do propé sobre a sandália, ficando exposto ao risco biológico. A Norma Regulamentadora n

o

32/2005, do Ministério do Trabalho, inclui o calçado fechado como EPI obrigatório para os profissionais da área da saúde com a finalidade de eliminar risco de exposição a material biológico

13

. A Occupational Safety and Health Act

14

(OSHA) e a Norma Regulamentadora n o 32 esta-

T T T

T TABELA ABELA ABELA ABELA ABELA 2: 2: 2: 2: 2: Distribuição dos profissionais da unidade endoscópica segundo o EPI utilizado no exame. Goiânia, 2007. (N=45).

T T T

T Tipo de EPI ipo de EPI ipo de EPI ipo de EPI ipo de EPI F FF FF % % % % % Luvas de Procedimentos 44 97,7

Avental de Tecido 39 86,6

Sapatos Fechados 34 75,5

Máscara Descartável 17 37,7

Gorro 9 20

Óculos protetores 2 4,4

Outros 3 6,6

T T T

T TABELA ABELA ABELA ABELA ABELA 1: 1: 1: 1: 1: Distribuição dos profissionais da unidade endoscópica segundo os procedimentos realizados. Goiânia, 2007. (N=45)

Exame Exame Exame Exame Exame Pré- Pré- Pré- Pré- Pré-

lavagem lavagem lavagem lavagem

lavagem Limpeza Limpeza Limpeza Limpeza Limpeza Desinfecção Desinfecção Desinfecção Desinfecção Desinfecção Profissional

Profissional Profissional Profissional Profissional

fffff % % % % % fffff % % % % % fffff % % % % % fffff % % % % % Profissionais

de medicina 21 46,6 7 50 7 31,8 6 27,2 Profissionais

de enfermagem 22 48,8 7 50 15 68,1 16 72,7

Outros 2 4,4 - - - - - -

T T T

T Total otal otal otal otal 4 5 4 5 4 5 4 5 4 5 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 4 1 4 1 4 1 4 1 0 0 1 4 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 2 2 2 2 2 2 2 2 2 2 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 1 0 0 Exame

Exame Exame

Exame

Exame

(4)

belecem que os empregadores forneçam todos os equi- pamentos de proteção e que eles instruam os emprega- dos em relação ao uso, bem como a fiscalização do uso desses equipamentos de proteção.

Outro dado relevante deste estudo é a baixa ade- são aos óculos protetores (4,4%). Eles devem ser usados sempre que houver a possibilidade de respingos de ma- terial biológico durante a realização de um procedimen- to

4,5

. Esses dados corroboram outros estudos

7,15

que mos- traram uma baixa adesão dos profissionais ao uso de óculos protetores, variando de 2% a 78%.

Durante o exame de endoscopia, o paciente pode apresentar náuseas, tosse e vômitos. Alguns apresen- tam complicações como hemorragia digestiva, bem como infecção por monilíase em todo o trato gastrointestinal. Assim, são gerados aerossóis, respin- gos, contato direto com potenciais fontes de trans- missão, cabendo ao profissional a conscientização dos riscos e proteção adequada.

Os trabalhadores das unidades de endoscopia de- vem compreender esses riscos e serem conscientes de que todos os pacientes devem ser considerados um risco em potencial

8

; e diante disso, avental, luvas, máscara e óculos protetores devem ser utilizados antecipadamen- te em todas as situações em que haja contato com san- gue e outros materiais potencialmente infecciosos

16

.

A transmissão de patógenos de pacientes para profissionais e os potenciais modos de transmissão incluem injúrias percutâneas, respingos de sangue na conjuntiva, inalação de microrganismos e transfe- rência direta devido ao manuseio dos pacientes. O apropriado uso do EPI pode minimizar consideravel- mente esses riscos

16

.

Além do uso do EPI, o manuseio e a frequência de troca são de extrema relevância para que este equi- pamento continue com sua função protetora, tanto para o profissional quanto para o paciente.

Destacou-se o fato de um médico não ter reali- zado a troca das luvas de procedimentos a cada paci- ente. Ele utilizou o mesmo par de luvas durante todo o período, tanto no atendimento quanto na limpeza e desinfecção do aparelho. Evidenciou-se também a lavagem das mãos enluvadas no intervalo entre o atendimento dos pacientes. Nesse caso, além da ex- posição coletiva com o cruzamento de contaminação de um paciente a outro, há também a exposição do profissional, por usar uma luva que com certeza já aumentou em muito o número de furos, conferindo- lhe uma falsa proteção.

A recomendação é realizar a troca de luvas a cada paciente/procedimento. Imediatamente após o uso, as luvas devem ser retiradas, descartadas e em seguida pro- ceder à higienização das mãos que em nenhuma hipóte- se deve ser negligenciada entre os contatos, e da mesma forma não é admitida a lavagem das luvas

4,5,17

.

Reprocessamento do Endoscópio

A pré-lavagem do endoscópio logo após a sua utilização foi realizada por 14 profissionais, sendo a metade por médicos e a outra pela equipe de enfer- magem. Apenas 13 das 20 unidades visitadas realiza- ram a pré-lavagem do endoscópio.

A pré-lavagem com água é importante para remo- ção parcial dos resíduos biológicos, evitando assim o seu ressecamento em locais de difícil acesso, facilitando a etapa subsequente que é a da limpeza

18

. É o momento em que o profissional fica mais exposto ao risco biológi- co (sangue e fluidos corporais), estando propício a uma maior carga microbiana devido à possibilidade de con- tato por meio de respingos ou aerossóis em mucosas dos olhos e boca e pele da face, pé e em outras partes do corpo. Dessa forma, é importante salientar o uso ade- quado dos equipamentos de segurança.

Observou-se que, para a pré-lavagem do endos- cópio, as luvas de procedimentos foram utilizadas por todos os profissionais. O avental de tecido 12(85,7%) e sapatos fechados 11(78,5%) também obtiveram uma boa adesão.

É preocupante o fato de apenas metade dos pro- fissionais utilizarem a máscara descartável e nenhum profissional utilizar os óculos protetores durante a pré- lavagem do aparelho. Sempre que houver possibilida- de de respingos e/ou aerossóis de sangue e fluidos corpóreos esses equipamentos devem ser utilizados

4

.

Em relação à limpeza do endoscópio, todas as unidades a realizaram, sendo que foi feita por médi- cos em 7(31,8%) serviços e pela equipe de enferma- gem em 13(68,2%).

Em um serviço de endoscopia não foi realizada nenhuma forma de limpeza do endoscópio antes dele ser colocado na solução do glutaraldeído. A limpeza foi realizada após o processo de desinfecção.

A primeira e a mais importante etapa na preven- ção de transmissão de patógenos na endoscopia é a limpeza do endoscópio. Ela minimiza as chances de formação de biofilmes nos canais dos endoscópios e deve ser realizada imediatamente após o uso do artigo para prevenir o ressecamento das secreções, permitin- do uma melhor remoção da matéria orgânica e dimi- nuição do número de patógenos microbianos

16

.

É importante salientar que a maioria das unidades observadas possuía apenas uma sala de exame, local onde também realizavam o reprocessamento. Nesse caso o reprocessamento pode ser realizado no mesmo am- biente

19

. Contudo, as pias não possuíam formatos ade- quados para a realização da limpeza, gerando assim, um maior número de respingos e formação de aerossóis.

Apesar de 22 profissionais utilizarem luvas para

a realização da limpeza do endoscópio, apenas

3(13,6%) utilizaram luvas de borracha, conforme

(5)

mostra a Tabela 3, como recomendado para este pro- cedimento

20

. Os demais 19(86,3%) profissionais uti- lizaram luvas de procedimentos. Essas luvas não são recomendadas para realizar a limpeza

8

, pois, além de serem muita finas, possuem um cano curto, expondo o trabalhador a um risco maior.

seus locais de trabalho e são regulamentados pela NR 32/2005, do Ministério do Trabalho e Emprego

13

.

Verificou-se que 18(81,8%) dos profissionais utilizaram as luvas de procedimentos durante o ma- nuseio do glutaraldeído, Tabela 3. O uso de luvas de látex não é adequado devido à absorção do produto pelas mesmas, expondo o profissional. O ideal são as luvas de borracha ou de polietileno

20

sendo que ape- nas 4(18,1%) profissionais as utilizaram.

Durante a desinfecção, 9(40,9%) faziam uso de máscaras descartáveis, que não oferecem proteção contra vapores químicos

20

. Salienta-se ainda que em todas as unidades de endoscopia não havia sistema de ventilação, que, somado ao ambiente pequeno e fechado, aumentam ainda mais o risco químico a que estes trabalhadores estão expostos.

Apenas 5(2,27%) profissionais faziam uso dos óculos protetores durante a etapa de desinfecção do endoscópio. Esse dado corrobora um estudo

22

, no qual somente 15% dos profissionais utilizavam esse equipamento.

Os dados desta pesquisa mostram o quanto estes profissionais estão expostos aos riscos biológicos e quí- micos não utilizando adequadamente os EPI recomen- dados para a realização das atividades nos serviços de endoscopia digestiva alta. Os profissionais estão ne- gligenciando o uso e subestimando o risco, evidenci- ando a vulnerabilidade no exercício da profissão.

Para que haja ampla proteção tanto para o pro- fissional quanto para o paciente, os trabalhadores dos serviços de endoscopia devem aderir às práticas re- comendadas para propiciar um trabalho seguro no ambiente dessas unidades e seguir as recomendações padronizadas para o controle de infecção

8

.

C ONCLUSÃO

C om o objetivo de verificar a adesão dos profissio- nais ao uso do EPI na realização do exame de endoscopia e no reprocessamento dos artigos endoscópicos, o estudo evidenciou que, nos serviços pesquisados, houve maior adesão às luvas de procedimentos, avental de tecido e sapatos fechados, tanto na realização do exame quanto no reprocessamento. A adesão aos óculos protetores foi baixa nas duas situações.

Observou-se que os profissionais fazem uso dos EPI de forma inadequada. Isso evidencia a falta de co- nhecimento em relação ao risco e ao EPI indicado para cada tipo de procedimento. Essa inconsistência de co- nhecimentos, somada às barreiras como ausência de determinados equipamentos, incômodo no uso e o comportamento encontrados no cotidiano dos servi- ços de endoscopia, tem contribuído para a construção de um ambiente de trabalho inseguro, revelando a vulnerabilidade no exercício da profissão.

Destacou-se que apenas 4(18,1%) profissionais utilizaram os óculos protetores, sendo estes da área da enfermagem. Nenhum dos médicos observados utilizou óculos protetores, avental impermeável e gorro e ape- nas três utilizaram a máscara descartável. Percebeu-se que esses profissionais subestimam o risco, ficando, as- sim, expostos e mais propícios à contaminação.

Fica evidente que para esses profissionais há a cren- ça de que o risco está presente apenas quando se tem contato direto com o paciente, fonte do material biológi- co. Contudo, durante o manuseio dos equipamentos e instrumentais utilizados para o diagnóstico ou terapêuti- ca, esse risco permanece, uma vez que neles fica retido material biológico. Por outro lado, há uma cultura da não utilização dos óculos protetores justificada pelo incômo- do, pela dificuldade de ajuste e até mesmo pela estética.

Estas justificativas constituem-se em barreiras para a não adesão a este equipamento de proteção

21

.

Observou-se que durante a limpeza o avental impermeável não foi utilizado por nenhum profissi- onal. A não adesão pode ser explicada pelo fato des- ses EPI causar incômodo, calor, ser mais pesado, nem sempre estar disponível, questões estéticas e até mes- mo o não reconhecimento do avental impermeável como equipamento de segurança.

No serviço de endoscopia, os profissionais estão expostos tanto ao risco biológico quanto ao químico.

Na etapa da limpeza, a não adesão aos equipamentos de segurança expõe os profissionais ao risco biológico, enquanto durante a desinfecção, o risco químico é evi- denciado pelo manuseio do glutaraldeído.

O uso de EPI é uma das medidas de segurança preconizadas para os profissionais da área da saúde em

T T T T

TABELA ABELA ABELA ABELA ABELA 3: 3: 3: 3: Distribuição dos profissionais da unidade de 3:

endoscopia segundo o EPI utilizado na limpeza e desinfecção.

Goiânia, 2007. (N=22).

T T T T

Tipo de EPI ipo de EPI ipo de EPI ipo de EPI ipo de EPI

Durante a Durante a Durante a Durante a

Durante a Durante a Durante a Durante a Durante a Durante a l i m p e z a

l i m p e z a l i m p e z a

l i m p e z a l i m p e z a desinfecção desinfecção desinfecção desinfecção desinfecção fffff % % % % % fffff % % % % % Avental de tecido 19 86,3 20 90,9 Luvas de procedimentos 19 86,3 18 81,8

Sapatos fechados 16 72,7 16 72,7

Gorro 9 40,9 10 45,4

Máscara descartável 11 50 9 40,9

Óculos protetores 4 18,1 5 22,7

Máscara química 1 4,5 4 18,1

Luvas de borracha 3 13,6 4 18,1

Outros 2 9 3 13,5

(6)

E para que esses profissionais possam transfor- mar a realidade da prática do uso dos EPI é impres- cindível a superação das barreiras existentes e o esta- belecimento de estratégias educativas que promovam a conscientização acerca dos riscos e desenvolva com- petências cognitivas, psicomotoras e atitudinais para a adesão aos equipamentos de segurança.

Nesse aspecto, os serviços de endoscopia e seus profissionais devem compartilhar responsabilidades.

Cabe aos serviços oferecerem estrutura e condições adequadas para os diversos aspectos de segurança no ambiente de trabalho — enquanto os profissionais devem assumir compromisso ético com a qualidade assistencial, estarem cientes e reconhecerem os ris- cos presentes no ambiente de trabalho.

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Referências

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