CACHOEIRO DE ITAPEMIRIM-ES
ABILIO, Luiza Dassie 1 MOREIRA, Rafaela da Mata2 RODRIGUES, Stefany3 BARROSO, Thais Rodrigues4 BINDACO, Érica Sartório5
INTRODUÇÃO
A prática de atividade física vem se intensificando cada vez mais. Esta, quando regular e associada a uma alimentação adequada e balanceada, proporciona efeitos benéficos para a saúde. Com isso, a procura constante por um corpo perfeito e pela melhoria da performance física, tem influenciado muitas pessoas, especialmente os frequentadores de academia, a utilizarem produtos para satisfazer os seus objetivos a curto prazo. Entre esses produtos destacam-se os suplementos alimentares que, atualmente, podem ser adquiridos facilmente, sendo utilizados de forma abusivas com propósito ergogênico e estética (DOMINGUES et al., 2007).
Segundo o Conselho Federal de Nutricionista (CFN), Resolução CFN nº380/2006, suplementos alimentares são alimentos que servem para complementar, com calorias, e ou nutrientes a dieta diária de uma pessoa saudável, em casos onde sua ingestão, a partir da alimentação, seja insuficiente, ou quando a dieta requerer suplementação. São formulados de vitaminas, minerais, proteínas e aminoácidos, lipídios e ácidos graxos, carboidratos e fibras, isolados ou associados entre si.
Observa-se que paralelo ao crescente número de praticantes de atividade fisica, ocorre também o aumento da oferta de diferentes suplementos alimentares no mercado, sendo que na maioria das vezes trata-se de um comércio ilegal, pois estão sendo indicados por familiares, auto prescrição, amigos, treinadores, ou outros profissionais sem formação especializada neste âmbito e muitas vezes, a aquisição
1 Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES –luiselianabilio@hotmail.com.
2 Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES – rafaelamoreiranutri@gmail.com.
3 Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES – stefany_rodriguesv@hotmail.com.
4 Graduanda do Curso de Nutrição do Centro Universitário São Camilo-ES – thaisbarroso34@gmail.com.
5 Professora orientadora do Centro Universitário São Camilo-ES – ericacusc@gmail.com.
desses produtos é realizada na própria academia. Desse modo seu consumo ocorre sem a devida orientação e de forma indiscriminada, que por sua vez pode, desencadear diversos efeitos prejudiciais à saúde (GALVÃO et al., 2017).
De acordo com o CFN, Resolução CFN nº390/2006, somente o nutricionista está apto para prescrever suplementos alimentares necessários à complementação da dieta, por ter o conhecimento das necessidades dos indivíduos, possibilitando determinar as quantidades necessárias, definir o período de seu uso, avaliar o estado nutricional e o plano alimentar.
Diante destes fatores, é primordial compreender a importância da prescrição de suplementos alimentares por profissional capacitado, como o nutricionista, para que possa executar avaliações nutricionais e orientações sobre uso, dosagem, necessidade, benefícios sem proporcionar risco a saúde.
Neste contexto, este trabalho objetiva-se identificar qual a procedência das prescrições e a incidência do consumo de suplementos alimentares por praticantes de exercícios físicos em academia de Cachoeiro de Itapemirim-ES.
METODOLOGIA
Trata-se de um estudo transversal, com análise descritiva, realizado em uma academia de musculação no município de Cachoeiro de Itapemirim- ES, que buscou observar a indicação e o uso de suplemento alimentares por praticantes de atividade física. A visita na academia ocorreu entre o mês de Setembro/ Outubro de 2018.
A amostra foi constituída por 100 praticantes de exercício físico, de ambos os sexos, selecionados aleatoriamente, sempre com apresentação pessoal do pesquisador e breve explicação da presente pesquisa.
Para coleta de dados foi desenvolvido um questionário (Anexo A) composto por duas questões específicas sobre o consumo de suplementos alimentares, sendo classificadas como fechadas (alternativas dicotômicas e múltiplas escolhas). Este questionário foi aplicado diretamente na academia nos diferentes horários e dias, sem interferência na atividade do voluntário, tomando poucos minutos do seu tempo para responder as perguntas.
Para o levantamento bibliográfico e discussão dos dados foram utilizadas fontes de pesquisa on-line, como artigos científicos provenientes do banco de dados da Scielo e do Google Acadêmico, no período compreendido entre 2005 e 2018.
Levando em consideração o uso das palavras chaves: nutricionista, suplementos
alimentares, atividade física, prescrição. A análise estatística foi organizada através do programa Excel 2007.
RESULTADOS E DISCUSSÃO
Os resultados obtidos por meio do inquérito indicaram que 59 indivíduos (59%) não consomem suplemento alimentar e 41 entrevistados (41%) fazem uso destes, de acordo com o gráfico abaixo representado.
Gráfico 1: Distribuição proporcional de praticantes de atividade físicas de academia de Cachoeiro de Itapemirim- ES que utilizam suplementos alimentares.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
O resultado encontrado neste estudo assemelhou-se àqueles encontrados por Pontes (2012), sobre o uso de suplementos alimentares por praticantes de musculação em academias de João Pessoa, onde foram verificados que a maioria dos entrevistados não utiliza suplementos.
No que se refere à indicação destes suplementos, observa-se que 34% foram realizados por prescrição do profissional nutricionista e 66% foram realizados por fontes não seguras, destacando-se os vendedores de lojas de suplemento (24%), seguidos por indicação de amigos (20%), instrutores de academia (12%) e auto prescrição (10%), como descrito no gráfico abaixo.
Gráfico 2: Distribuição proporcional da indicação de suplementos alimentares.
Fonte: Dados da pesquisa (2018).
Os resultados encontrados neste estudo em relação às indicações foram contraditórios aos estudos realizados por Albuquerque (2012) sobre avaliação do consumo de suplementos alimentares nas academias de Guará-DF, onde demostrou a prevalência destas indicações pelo profissional nutricionista.
A alta incidência de indicações por vendedores e por amigos é preocupante, visto que, estes não detêm de conhecimentos nutricionais e não estão aptos a prescrever suplementos dietéticos, no qual, de acordo com a resolução nº 390/2006, pelo Conselho Federal de Nutricionistas, somente nutricionistas estão capacitados para realizar tal prescrição (BRASIL, 2006).
Em relação ao resultado da indicação por instrutores de academias foi satisfatório quando equiparado a outros estudos anteriores, como o de Gomes et.al (2008) e Galvão et.al. (2017) onde em ambos predominou a orientação e indicação por estes profissionais. Contudo, sabe-se que os instrutores de academias não devem prescrever suplementos, além de ser uma conduta antiética, por não fazer parte de sua atribuição profissional (ANDRADE et al., 2012).
CONSIDERAÇÕES FINAIS
Após a avaliação a cerca do uso e indicação de suplementos alimentares, observou-se que, apesar da maior parte relatar não fazer uso, um índice significativo da amostra utiliza estes produtos.
Quanto à prescrição, notou-se que houve uma prevalência de indicações realizadas por outros métodos, evidenciando que a procura por profissionais qualificados (como nutricionistas ou médicos) para prescrição e orientação sobre o
uso de suplementos alimentares tem sido substituída pela busca por fontes inseguras, como vendedores, profissionais de educação física e amigos.
Mediante os resultados encontrados nesta pesquisa, é possível perceber a importância do nutricionista, sendo este, o profissional habilitado para orientações e prescrições sobre alimentação e suplementação, a fim de evitar riscos e o comprometimento da saúde pelo uso indiscriminado. A prescrição, portanto, deverá ser pautada no âmbito da responsabilidade profissional, em consonância com o código de ética.
REFERÊNCIAS
DOMINGUES, S.F.; MARINS, J.C.B. Utilização de recursos ergogênicos e suplementos alimentares por praticantes de musculação em Belo Horizonte – MG.
Col. Bras. Ativ. Fís. Saúde e Esp., Rio de Janeiro. Jul/ago 2007.
COSTA, D.C.; ROCHA, N.C.A.; QUINTÃO, D.F. Prevalência do uso de suplementos alimentares entre praticantes de atividade física em academias de duas cidades do Vale do Aço/MG: fatores associados. Rev. Bras. Nutr. Esp., São Paulo. v. 7. n. 41.
p.287-299. Set/Out. 2013.
PONTES, M.C.F. Uso de suplementos alimentares por praticantes de musculação em academias de João Pessoa – PB. Rev. Bras. Nutr. Esp., São Paulo. v. 7. n. 37.
p.19-27. Jan/Fev. 2013. ISSN 1981-9927.
ALBUQUERQUE, M.M. Avaliação do consumo de suplementos alimentares nas academias de Guará-DF. Rev. Bras. Nutr. Esp., São Paulo. v. 6. n. 32. p. 112-117.
Março/Abril. 2012. ISSN 1981-9927.
GALVÃO, F.G.R., et al. Importância do nutricionista na prescrição de suplementos na prática de atividade física: revisão sistemática. Rev. e-ciência, v.5. n.1. p.52-59, 2017.
BRASIL. CFN. Conselho Federal de Nutricionistas. Resolução N° 390/2006. Diário Oficial da União, 2006. Disponível em:
http://www.cfn.org.br/novosite/pdf/res/2006/res390.pdf. Acesso em: 17 de outubro de 2018.
ANDRADE, A.L.; BRAZ, G.V., NUNES, O.P.A.; VELUTTO, N.J.; MENDES, R.R.
Consumo de suplementos alimentares por clientes de uma clínica de nutrição esportiva de São Paulo. Rev. Bras. Ciên. Mov., São Paulo. v. 20. n. 3.p. 27-36.
2012.
GOMES, G.S.; DEGIOVANNI, G.C.; GARLIPP, M.R.; CHIARELLO, P.G.; JORDÃO, A.A.J. Caracterização do consumo de suplementos nutricionais em praticantes de atividade física em academias. Ribeirão Preto, 2008.
ANEXO
ANEXO A- Questionário sobre consumo e prescrição de suplementos nutricionais:
Questionário sobre consumo e prescrição de suplementos nutricionais:
Você faz uso de suplemento alimentar?
( ) Sim ( ) Não
Quem indicou o suplemento?
( ) Nutricionista ( ) Instrutor/academia ( ) Médico
( ) Vendedor de lojas de suplementos ( ) Amigos/família
( ) Auto prescrição ( ) Outros: