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RELATÓRIO. O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

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RELATÓRIO

O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

Trata-se de apelação interposta por LUZIA PEREIRA DA COSTA em face da sentença que, julgando não ter restado comprovada a condição de ex-combatente do falecido companheiro da ora apelante, entendeu incabível o direito da parte à instituição do benefício de pensão especial de ex-combatente, cumulada com pensão por morte previdenciária (INSS), sob o argumento de que a pensão especial é deferida nos termos do art. 53, inciso II do ADCT da CF/88 ao ex-combatente o qual tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a segunda guerra mundial. Não fazendo jus aqueles que apenas cumpriram missões de vigilância e patrulhamento da costa brasileira.

Deixou a sentença de condenar a parte às custas processuais e honorários advocatícios, em face da gratuidade judiciária.

Em suas razões recursais, a apelante alega estar superado o entendimento vislumbrado na decisão vergastada, restando inequívoco o seu direito de percepção da pensão especial de ex- combatente cumulada com sua Pensão Previdenciária, posto que o seu falecido companheiro, como ex-combatente, cumpriu missões de vigilância, segurança e patrulhamento do litoral, tendo participado efetivamente de operações bélicas.

Pleiteia, ademais, por honorários de 20% sobre o valor da condenação.

Contrarrazões apresentadas pela União, pugnando, em suma, pela manutenção da sentença recorrida em todos os seus termos.

É o relatório.

VOTO

PROCESSO Nº: 0806832-78.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO APELANTE: LUZIA PEREIRA DA COSTA

ADVOGADO: SÉRGIO SILVIO GOMES ALVES APELADO: UNIÃO FEDERAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JUNIOR - 4ª TURMA

PROCESSO Nº: 0806832-78.2014.4.05.8300 - APELAÇÃO APELANTE: LUZIA PEREIRA DA COSTA

ADVOGADO: SÉRGIO SILVIO GOMES ALVES APELADO: UNIÃO FEDERAL

RELATOR(A): DESEMBARGADOR(A) FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JUNIOR - 4ª

TURMA

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O Exmº. Sr. Desembargador Federal EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR (Relator):

Trata-se de demanda em que a autora pretende o reconhecimento do seu direito à instituição do benefício de pensão especial de ex-combatente, cumulada com pensão por morte previdenciária (INSS), nos termos do art. 53, II, ADCT.

Cabe, neste primeiro momento, examinar se a autora tem direito à percepção da pensão especial de ex-combatente da Segunda Guerra, portanto, faz-se necessário averiguar se o falecido companheiro da autora se encaixa no conceito de ex-combatente para os fins de percepção da pensão pleiteada.

Insta observar, nesse tocante, a legislação que rege a matéria, encontrando-se, ainda sob a égide da ordem constitucional pretérita, o conceito de ex-combatente na Lei n.º 5.315, de 12.9.1967, como sendo:

Art. 1.º Considera-se ex-combatente, para efeito de aplicação do art. 178 da Constituição do Brasil, todo aquele que tenha participado efetivamente de operações bélicas, na Segunda Guerra Mundial, como integrante da Força do Exército, da Força Expedicionária Brasileira, da Força Aérea Brasileira, da Marinha de Guerra e da Marinha Mercante, e que, no caso de militar, haja sido licenciado do serviço ativo e com isso retornado à vida civil definitivamente.

§ 1.º A prova da participação efetiva em operações bélicas será fornecida ao interessado pelos Ministérios Militares.

§ 2.º Além da fornecida pelos Ministérios Militares, constituem, também, dados de informação para fazer prova de ter tomado parte efetiva em operações bélicas:

a) no Exército:

I - (...);

II - o certificado de que tenha participado efetivamente em missões de vigilância e segurança do litoral, como integrante da guarnição de ilhas oceânicas ou de unidades que se deslocaram de suas sedes para cumprimento daquelas missões.

[Grifei.]

In casu, demonstram o certificado apresentado (fl. 24) e o Boletim Interno Especial (fls.

25/34) que o servidor militar falecido serviu no 9.º Grupo de Artilharia Auto Transportada, no período de 07/11/44 a 06/12/45, como soldado, oportunidade em que se deslocou de sua sede para missão de vigilância e patrulhamento do litoral brasileiro.

Frise-se que os referidos documentos constituem meio de prova hábil para a comprovação da condição de ex-combatente, tendo em vista que foram emitidos antes da vigência da Portaria nº 01-DGP, de 05/02/1980, do Ministério do Exército.

Portanto, se acha comprovado que o companheiro da autora era ex-combatente para efeito

da Lei nº 5.315/67, posto que o mesmo cumpriu missões de vigilância e segurança em zona de

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guerra durante o último conflito mundial.

Nesta linha, segue precedente deste Tribunal:

CONSTITUCIONAL. PREVIDENCIÁRIO. PROCESSUAL CIVIL. PENSÃO ESPECIAL DE EX-COMBATENTE. FILHAS MAIORES DE VINTE UM ANOS. APLICAÇÃO DA NORMA VIGENTE À DATA DO ÓBITO DO INSTITUIDOR DO BENEFÍCIO. LEIS NºS. 4.242/63 E 3.765/60. SEGUNDO SARGENTO. JUROS DE MORA. HONORÁRIOS.

1. É pacífico o entendimento de que, em se cuidando de reversão de pensão, o direito nasce a partir do óbito do ex-combatente, conforme já decidiu o colendo Supremo Tribunal Federal -MS nº 21707-3/DF.

2. Comprovação da condição de ex-combatente do "de cujus" por certidão emitida pela Diretoria de Cadastro e Avaliação do Ministério de Exercito (fl. 15), que goza da presunção de veracidade, atestando que, in verbis: "(...)reservista EURICO DA SILVA, (...) CERTIFICO, que (...). Durante o Último Conflito Mundial, deslocou-se de sua sede por Ordem do Escalão Superior para cumprimento de missão de Vigilância e Segurança do litoral com o vigésimo Segundo Batalhão de Caçadores, de Tamandaré (PE), para o litoral do Estado de Pernambuco(...).", enquadrando-se, portanto, no conceito de ex- combatente.

3. Certidão que, no caso, foi expedida antes da vigência da Portaria nº 01-DGP, de 5-2- 1980, do Ministério do Exército, sendo apta, portanto, para provar a condição de ex- combatente do falecido militar, sem que com isso se incorra em negativa de prestação jurisdicional.

4. Apeladas que, na condição de filhas maiores, fazem jus ao recebimento da pensão especial por morte de ex-combatente, no valor referente ao recebido por um Segundo Sargento, nos termos das Leis nº 3.765/60 e nº 4.242/63, normas vigentes ao tempo do óbito do ex-combatente -ocorrido em 27.05.1984-, a contar do ajuizamento da ação, ante a ausência de requerimento administrativo, e ao pagamento das quantias atrasadas, relativamente aos últimos cinco anos que antecederam ao ajuizamento da ação, como determinada na sentença.

5. Critérios de atualização monetária e remuneração da mora pelos índices oficiais da caderneta de poupança, uma vez que a ação foi ajuizada após a edição da Lei nº 11.960/09.

6. Honorários advocatícios mantidos em 10% (dez por cento), do valor da condenação, respeitados, contudo, os limites da Súmula nº 111, do STJ.

7. Apelação improvida.Remessa Necessária provida, em parte -item 5-, e para fazer incidir o disposto na Súmula 111, do STJ.

(PROCESSO: 00062062720114058000, APELREEX21868/AL, DESEMBARGADOR FEDERAL GERALDO APOLIANO, Terceira Turma, JULGAMENTO: 24/05/2012, PUBLICAÇÃO: DJE 06/06/2012 - Página 429)

A Carta Política de 1988, reconhecendo o mérito daqueles que tomaram parte do segundo

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grande conflito mundial, empenhando-se em operações bélicas, houve por bem, reformulando o benefício prestacional então esculpido na Lei n.º 6.592, de 17.11.1978, assegurar a esses militares e a seus dependentes a pensão prevista no art. 53 das disposições transitórias, in verbis :

Art. 53. Ao ex-combatente que tenha efetivamente participado de operações bélicas durante a Segunda Guerra Mundial, nos termos da Lei n.º 5.315, de 12 de setembro de 1967, serão assegurados os seguintes direitos: (...)

II - pensão especial correspondente à deixada por segundo-tenente das Forças Armadas, que poderá ser requerida a qualquer tempo, sendo inacumulável com quaisquer rendimentos recebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários, ressalvado o direito de opção;

III - em caso de morte, pensão à viúva ou companheira ou dependente, de forma proporcional, de valor igual à do inciso anterior; (...)

[Grifei.]

Após, veio a Lei n.º 8.059, de 4.7.1990, de cujos regramentos destaco os seguintes:

Art. 1.º Esta lei regula a pensão especial devida a quem tenha participado de operações bélicas durante a segunda guerra mundial, nos termos da Lei n.º 5.315, de 12 de setembro de 1967, e aos respectivos dependentes (Ato das Disposições Constitucionais Transitórias, art. 53, II e III).

Art. 2.º Para os efeitos desta lei, considera-se:

I - pensão especial o benefício pago mensalmente ao ex-combatente ou, em caso de falecimento, a seus dependentes;

II - pensionista especial o ex-combatente ou dependentes, que percebam pensão especial. (...)

Art. 3.º A pensão especial corresponderá à pensão militar deixada por segundo-tenente das Forças Armadas.

Art. 4.º A pensão é inacumulável com quaisquer rendimentos percebidos dos cofres públicos, exceto os benefícios previdenciários.

Ainda, o Superior Tribunal de Justiça já pacificou seu entendimento quanto à matéria, no

sentido de considerar como ex-combatente, para efeito de concessão da pensão especial prevista

no art. 53 do Ato das Disposições Constitucionais Transitórias - ADCT, da Constituição Federal,

aquele que foi deslocado da sua unidade para fazer o patrulhamento da costa em defesa do litoral

brasileiro, sem que efetivamente tenha participado da Segunda Guerra Mundial, no Teatro de

Operações da Itália. Precedentes: AgRg no Ag 1.408.519/PE, Rel. Min. Benedito Gonçalves,

Primeira Turma, DJe 26/8/11; REsp 1.253.218/SC, Rel. Min. Herman Benjamin, Segunda Turma,

DJe 17/11/11; AgRg no Ag 1.371.985/PE, Rel. Min. Castro Meira, Segunda Turma, DJe 14/4/11;

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AgRg no REsp 1.222.965/SC, Rel. Min. Hamilton Carvalhido, Primeira Turma, DJe24/2/11.

O que importa considerar agora é a possibilidade de cumulação desta pensão com o benefício previdenciário percebido pela autora a título de pensão por morte previdenciária (espécie 21 ).

Sabe-se, e hoje tal fato é incontroverso, que a pensão especial respaldada no art. 53, II e III, do ADCT/88 é acumulável com os benefícios previdenciários, entendendo-se, ainda, a possibilidade de cumulação com pensão ou aposentadoria estatutárias, pois decorrentes de fontes geradoras diversas.

É assente nesse sentido a jurisprudência pátria, inclusive com aval do STJ, o qual entende que a pensão especial de ex-combatente pode ser percebida cumuladamente com outro benefício de natureza previdenciária, desde que não tenham o mesmo fato gerador. Precedentes:

REsp 1.408.187/RN, Rel. Ministra Eliana Calmon, Segunda Turma, DJe 24/10/2013; e REsp 1.340.484/PE, Rel. Ministro Arnaldo Esteves Lima, Primeira Turma, DJe 13/5/2013.

No caso em tela, o benefício percebido pela autora é cumulável com a pensão pretendida, haja vista configurar a exceção contida no inciso II, art. 53 do ADCT.

Assim sendo, reconheço o direito da parte à percepção do benefício de pensão especial de ex-combatente, cumulada com pensão por morte previdenciária (INSS), nos termos do art. 53, II, ADCT.

Ressalte-se que o benefício auferido pela demandante pelo Regime Geral da Previdência Social não guarda nenhuma relação com a condição de ex-combatente do de cujus, haja vista o documento identificado sob o número 4058300.732175 atestar tratar-se de pensão por morte previdenciária - espécie 21, sendo certo que a pensão por morte de ex-combatente é classificada c o m o e s p é c i e 2 3 ( i n f o r m a ç ã o d i s p o n í v e l e m http://www1.previdencia.gov.br/aeps2006/15_01_01_01.asp, consulta realizada em 01.06.2015).

Quanto aos honorários advocatícios, fixo-os em R$ 2.000,0 (dois mil reais), nos termos do art. 20 § 4º do CPC, valor que entendo razoável devido ao simples deslinde da controvérsia e por não haver motivo que justifique, pelo só fato da sucumbência, a imposição de elevado ônus à União, parte vencida.

Ante o exposto, dou provimento à apelação.

É como voto.

Poder Judiciário

Tribunal Regional Federal da 5ª Região

Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

AC 0806832-78.2014.4.05.8300

APELANTE : LUZIA PEREIRA DA COSTA ADVOGADO : SÉRGIO SILVIO GOMES ALVES APELADA : UNIÃO FEDERAL

SENTENÇA : JUIZ FEDERAL FREDERICO JOSÉ PINTO DE AZEVEDO RELATOR : DES. FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR REL. P/ ACÓRDÃO: DES. FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA

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VOTO CONDUTOR

Cuida a hipótese de apelação interposta por LUZIA PEREIRA DA COSTA contra a sentença que rejeitou as preliminares suscitadas, e, no mérito, entendendo não restar comprovada a condição de ex-combatente do finado Companheiro da Autora, julgou improcedente o pedido, extinguindo o processo com resolução do mérito, nos termos do art. 269, I, do CPC, isentando a Autora das custas processuais e honorários advocatícios, em face da concessão do benefício da justiça gratuita (id. 4058300.842024).

Os presentes autos foram levados a julgamento na sessão do dia 02/06/2015, tendo o Eminente Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior (Relator) proferido seu voto no sentido de dar provimento à apelação, para reconhecer o direito da Demandante (companheira) de perceber a pensão por morte de ex-combatente, com base no soldo de Segundo Tenente, fixando a verba honorária em R$ 2.000,00 (dois mil reais), com fulcro no art. 20, § 4º, do CPC.

No entanto, o Relator restou vencido quanto ao reconhecimento do direito à percepção da pensão especial de ex- combatente, porquanto os demais Desembargadores integrantes da Quarta Turma concluíram por negar provimento à apelação da Autora, por entenderem que não restou comprovada a condição de ex-combatente do de cujus.

Vieram-me os autos para confecção do voto condutor e lavratura do acórdão. Assim, na qualidade de relator designado para o acórdão, lanço meu entendimento no presente voto.

O cerne da controvérsia reside acerca da condição de ex-combatente ou não do falecido Companheiro da Autora, que prestou serviço militar durante o Segundo Conflito Mundial, para fins de perceber a pensão especial de ex-combatente, instituída pelo art. 53, II, do ADCT, da Constituição Federal vigente, cumulada com a pensão por tempo de serviço.

A Lei nº 5.315/67 assim define o ex-combatente, in verbis:

"Art. 1º Considera-se ex-combatente, para efeito da aplicação do art. 178 da Constituição do Brasil, todo aquele que tenha participado efetivamente de operações bélicas, na Segunda Guerra Mundial, como integrante da Força do Exército, da Força Aérea Brasileira, da Marinha de Guerra e da Mercante, e que, no caso de militar, haja sido licenciado do serviço ativo e com isso retornando à vida civil definitivamente.

§ 1º A prova da participação efetiva em operações bélicas será fornecida ao interessado pelos Ministérios Militares.

§ 2º Além da fornecida pelos Ministérios Militares, constituem também, dados de informações para fazer prova de ter tomado parte efetiva em operações bélicas:

a) no Exército:

I - o diploma da Medalha de Campanha ou o certificado de ter servido no Teatro de Operações da Itália, para o componente da Força Expedicionária Brasileira;

II - o certificado de que tenha participado efetivamente em missões de vigilância e segurança do litoral, como integrante da guarnição de ilhas oceânicas ou de unidades que se deslocaram de suas sedes, para o cumprimento daquelas missões.

b) a d) omissis.

§ 3º omissis."

A Constituição Federal vigente reconheceu, através do dispositivo acima mencionado, a importância destes cidadãos que "participaram de operações bélicas e que colocassem em risco a própria vida em prol da defesa da Pátria e da liberdade humana como uma forma de reconhecimento da Pátria pelo seu esforço em benefício de uma causa maior"

(Antônio Pereira Duarte, in Direito Administrativo Militar), concedendo aos mesmos tal benefício não por estarem revestidos da condição de militar de carreira, mas tão-somente pela simples condição de ex-combatente, sem que fosse verificada qualquer outra circunstância de natureza pessoal.

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Entretanto, para fazer jus à pensão especial de ex-combatente, é mister comprovar que o de cujus se enquadrava na situação prevista na Lei nº 5.315/67, colacionar aos autos o diploma de Medalha de Campanha ou o certificado de ter servido no Teatro de Operações da Itália, para o componente da Força Expedicionária Brasileira, ou o certificado que atestasse a sua efetiva participação em missões de vigilância e segurança do litoral, como integrante da guarnição de ilhas oceânicas ou de unidades que se deslocaram de suas sedes, para o cumprimento daquelas missões, consoante prevê a legislação em comento em seu parágrafo 2º, "a", I e II.

No caso vertente, é de se observar que os documentos acostados aos autos pela parte Autora, a saber: o Certificado de Reservista de 1ª Categoria (id. 4058300.732147); o Boletim Interno Especial nº 2 (id. 4058300.732160); e o Boletim Regional nº 147 (id. 4058300.732174, emitidos pelo Ministério do Exército, demonstram apenas que o de cujus integrou unidade situada em "zona de guerra", o que não é suficiente para o reconhecimento da sua condição de ex-combatente, consoante disposição expressa no § 3º, do art. 1º, da Lei nº 5.315/67, in verbis:

"§ 3º. A prova de ter servido em Zona de Guerra não autoriza o gôzo das vantagens previstas nesta Lei, ressalvado o preceituado no art. 177,

§ 1º da Constituição do Brasil de 1967, e o disposto no § 2º do art. 1º desta lei."

Neste sentido é a Jurisprudência pacificada pelo Colendo Superior Tribunal de Justiça, in verbis:

"EMENTA: DIREITO ADMINISTRATIVO. RECURSO ESPECIAL. EX-COMBATENTE DA AERONÁUTICA. PENSÃO ESPECIAL. ART. 1º DA LEI Nº 5.315/67. NÃO-COMPROVAÇÃO. PRECEDENTES DO STJ. RECURSO ESPECIAL CONHECIDO E IMPROVIDO.

1. Considera-se ex-combatente da Aeronáutica aquele que participou de operações bélicas na Segunda Guerra Mundial, ou seja, que comprovou sua participação na Campanha da Itália ou que tenha sido tripulante de aeronaves engajadas em missões de patrulha. Inteligência do art. 1º, §§ 1º e 2º, da Lei 5.315/67. Precedente do STJ.

2. Conforme a ressalva do § 3º da referida lei, a simples comprovação do serviço militar em Zona de Guerra não autoriza a auferição das vantagens nela previstas.

3. Recurso especial conhecido e improvido"

(REsp 974515 / SC, Rel. Min. Arnaldo Esteves Lima, Órgão Julgador: STJ - Quinta Turma, Julgamento: 26/08/2008, Decisão: Unânime, Publicação: DJe 17/11/2008.)

Assim sendo, diante da impossibilidade de se reconhecer a condição de ex-combatente do de cujus, haja vista não se enquadrar na definição estabelecida na Lei nº 5.315/67, não há como se deferir à Companheira a pensão especial, instituída pelo art. 53, II, do ADCT, da CF/1988.

Com estas considerações, NEGO PROVIMENTO à apelação da Autora.

É como voto.

Poder Judiciário

Tribunal Regional Federal da 5ª Região

Gabinete do Desembargador Federal Rogério Fialho Moreira

AC 0806832-78.2014.4.05.8300

APELANTE : LUZIA PEREIRA DA COSTA ADVOGADO : SÉRGIO SILVIO GOMES ALVES APELADA : UNIÃO FEDERAL

SENTENÇA : JUIZ FEDERAL FREDERICO JOSÉ PINTO DE AZEVEDO RELATOR : DES. FEDERAL EDILSON PEREIRA NOBRE JÚNIOR REL. P/ ACÓRDÃO: DES. FEDERAL ROGÉRIO FIALHO MOREIRA

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EMENTA

CONSTITUCIONAL. ADMINISTRATIVO E PREVIDENCIÁRIO. PENSÃO ESPECIAL. EX-COMBATENTE.

COMPANHEIRA. QUALIDADE DE EX-COMBATENTE NÃO CONFIGURADA. AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO. ART.

53, II, E III, DO ADCT, DA CF/88. INAPLICABILIDADE. COMPANHEIRA. PENSÃO INDEVIDA.

1. Para ser considerado ex-combatente da Segunda Guerra Mundial, é mister ao ex-integrante do Exército comprovar a participação no "Teatro de Operações da Itália" ou que tenha participado de missões de vigilância e segurança do litoral, como integrante da guarnição de ilhas oceânicas ou de unidades que se deslocaram de suas sedes, para o cumprimento daquelas missões, nos preceitos do art. 1º, §§ 1º e 2º, "a", I e II, da Lei nº 5.315/67.

2. O Certificado de Reservista de 1ª Categoria, o Boletim Interno Especial nº 2 e o Boletim Regional nº 147, emitidos pelo Ministério do Exército, demonstram apenas que o de cujus integrou unidade situada em "zona de guerra", o que não é suficiente para o reconhecimento da sua condição de ex-combatente, consoante disposição expressa no § 3º, do art. 1º, da Lei nº 5.315/67.

3. Diante da impossibilidade de se reconhecer a condição de ex-combatente do de cujus, haja vista não se enquadrar na definição estabelecida pela Lei nº 5.315/67, não há como se deferir à Companheira a pensão especial, instituída pelo art. 53, II, do ADCT, da CF/1988.

4. Apelação da Autora improvida.

ACÓRDÃO Vistos, etc.

Decide a Quarta Turma do Tribunal Regional Federal da 5ª Região, por maioria, NEGAR PROVIMENTO à apelação da Autora, nos termos do voto condutor, na forma do relatório e notas taquigráficas constantes dos autos, que ficam fazendo parte integrante do presente julgado. Vencido o Desembargador Federal Edilson Pereira Nobre Júnior (relator).

Recife, 02 de junho de 2015.

Des. Federal ROGÉRIO FIALHO MOREIRA Relator

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