CENTRO DE CI ˆ
ENCIAS
DEPARTAMENTO DE MATEM ´
ATICA
CURSO DE P ´
OS – GRADUAC
¸ ˜
AO EM
MATEM ´
ATICA
Joserlan Perote da Silva
DISCRIMINANTE DA
P
OT
ENCIA DE
ˆ
UM
N ´
UMERO
ALG
EBRICO
´
D
ISCRIMINANTE DA
P
OT
ENCIA DE UM
ˆ
N ´
UMERO
A
LG
EBRICO
´
Dissertac¸˜ao submetida `a Coordenac¸˜ao do
Curso de P´os-Graduac¸˜ao em Matem´atica,
da Universidade Federal do Cear´a, para
a obtenc¸˜ao do grau de Mestre em
Matem´atica.
´
Area de concentrac¸˜ao: Matem´atica
Orientador: Prof. Dr. Jos´e Othon Dantas
Lopes
Fortaleza
S58d Discriminante da Potˆencia de um N´umero Alg´ebrico
Joserlan Perote da Silva. - Fortaleza: 2010.
98f.
Orientador: Prof. Dr. Jos´e Othon Dantas Lopes.
´
Area de concentrac¸˜ao: Matem´atica.
Dissertac¸˜ao(Mestrado) - Universidade Federal do Cear´a,
Depto de Matem´atica, 2010.
1. Teoria dos N´umeros.
Primeiramente a Deus, pois ele a minha forc¸a e socorro bem presente.
Ao meu orientador Prof. Dr. Jos´e Othon Dantas Lopes.
Aos professores da banca examinadora: Prof. Dr. Trajano Pires da N´obrega
Neto - UNESP e Prof. Dr. Jos´e Rob´erio Rog´erio - UFC.
`
A minha fam´ılia pelo apoio e compreens˜ao nos momentos de ausˆencia.
Aos meus pais Jo˜ao Lourenc¸o da Silva e Irene Perote da Silva que sempre
me apoiaram, incentivaram e me mostraram que quando sonhamos e acreditamos
tudo ´e poss´ıvel.
`
A minha esposa Ruth, por estar sempre ao meu lado nos momentos dif´ıceis e
por compartilhar os momentos de alegria.
Aos amigos Luis Farias e Michel Pinho por compartilhar as alegrias, tristezas,
dificuldades e vit´orias desde o in´ıcio da nossa caminhada.
Agradec¸o a Kiara Lima Costa pela paciˆencia que teve durante a digitac¸˜ao deste
trabalho.
`
A Andr´ea Costa Dantas, pela sua eficiˆencia e grande paciˆencia.
Aos colegas e professores do Curso de P´os-Graduac¸˜ao da UFC.
Aos colegas e professores do Curso de Graduac¸˜ao da UECE.
A FUNCAP e CNPq pelo aux´ılio financeiro.
A todos que direta ou indiretamente cintribu´ıram para a realizac¸˜ao deste
por´em as reveladas s˜aoo para n´os e para nossos filhos
para sempre...”
Sejaαum n´umero alg´ebrico que n˜ao ´e raiz de um n´umero racional. Mostraremos que o discriminante de αn tende a infinito comn tendendo a infinito e daremos
Letα be an algebraic number which is not a root of a racional number. We show that the discriminant of αn tends to infinity withn tending to infinity and
Introduc¸˜ao 10
1 Resultados B´asicos 12
1.1 Introduc¸˜ao . . . 12
1.2 M´odulos . . . 12
1.3 Elementos inteiros . . . 17
1.4 Extens˜oes de corpos . . . 24
1.5 Norma e trac¸o . . . 28
1.6 Discriminante de uma n-upla . . . 36
2 Resultados Auxiliares 44
3 Limite inferior do discriminante de αn e uma an´alise sobre este
dis-criminante quandontende a∞ 82
Seja α um n´umero alg´ebrico sobre o corpo de n´umeros racionais Q, cujos conjugados α1, α2, . . . , αn (com α um destes) s˜ao considerados de forma que
|α1| ≥ |α2| ≥. . .≥ |αd|. Denotaremos pora=a(α)o coeficiente l´ıder(positivo)
do polinˆomio minimal deα(emZ[x]).
Bell e Hare investigaram as propriedades do anelZ[α], onde α ´e n´umero de Pisot, ou seja,
α=α1 , a(α) = 1 e 1>|α2| ≥. . .≥ |αd|.
Em particular, eles mostram que para cada n´umero de Pisot de grau d ≥ 2,
|∆(αn)| → ∞quandon→ ∞.
O nosso objetivo ´e generalizar esse resultado para um n´umero alg´ebrico
ar-bitr´ario α e obter um limite inferior correspondente mais precisamente, quer-emos obter um limite inferior para a Dn(Dn−1)-´esima raiz de |∆(αn)|, onde
Dn = grauαn, em termos de α, n e M(α). A ´unica restric¸˜ao natural ´e que α
n˜ao ´e raiz de um n´umero racional.
Teorema 0.1 Suponha que α ´e um n´umero alg´ebrico de grau d e α n˜ao ´e uma raiz de um n´umero racional. Ent˜ao existe uma constante positiva absoluta co tal
que para cada inteiron≥2temos
|∆(αn)|D(D1−1) ≥M(α)nd−cod5logdlogn,
em queD=Dn =grau αn.
Claramente, para cada α satisfazendo as condic¸˜oes do Teorema, temos
2≤Dn ≤d, deste modo o Teorema implica que|∆(αn)| → ∞quandon → ∞,
pois
M(α)>1 +c1
|loglogd|
logd
3
,
ondec1 ´e constante positiva absoluta.
A prova do Teorema se baseia no seguinte Lema.
Lema 0.2 Suponha que αeα′ s˜ao n´umeros alg´ebricos conjugados de graud, α
n˜ao ´e raiz da unidade, |α| ≥ |α′|en ≥ 2´e um inteiro positivo tal queαn 6=α′n.
Ent˜ao existe uma constante positiva absolutaco tal qie
1−
α′
α
n
≥M(α)−cod
Resultados B´asicos
1.1
Introduc¸˜ao
Neste cap´ıtulo apresentaremos conceitos b´asicos da teoria alg´ebrica dos n´umeros
envolvendo m´odulos, elementos inteiros sobre um anel, elementos alg´ebricos
so-bre um corpo, extens˜oes alg´ebricas, elementos conjugados, corpos conjugados,
norma, trac¸o e determinante.
1.2
M´odulos
Definic¸˜ao 1.1 Seja R um anel. UmR-m´oduloM ´e um grupo abeliano (M,+), junto com a func¸˜ao α : R ×M → M dada por α(r, m) = rm, comr ∈ R e
m ∈M, satisfazendo para todor, s∈R, m, n∈M: 1. (r+s)m =rm+sm
2. r(m+n) =rm+rn
3. r(s·m) = (r·s)m
4. 1·m=m
A func¸˜ao α ´e chamada uma R-ac¸˜ao sobre M. Se R ´e um corpo K, ent˜ao um
R-m´odulo ´e o mesmo que um espac¸o vetorial sobreK.
Definic¸˜ao 1.2 Um R-subm´odulo de M ´e um subgrupo N de M tal que sen ∈ N, r ∈Rent˜aorn∈N.
Definic¸˜ao 1.3 Um m´odulo M ´e dito finitamente gerado se possuir um conjunto finito de geradores. UmR-m´oduloM que possui uma base (n˜ao necessariamente finita) ´e chamada de m´odulo livre, e o n´umero de elementos da base ´e chamado
posto deM.
Observac¸˜ao 1.1 Nem todo m´odulo finitamente gerado possui uma base, e nem
todo subm´odulo de um m´odulo livre ´e livre.
Definic¸˜ao 1.4 Seja R um dom´ınio. Dizemos que um R-m´odulo M ´e livre de torc¸˜ao sen˜ao existeα∈R, α6= 0,tal queαm= 0, para todom∈M.
Teorema 1.1 Todo m´odulo finitamente gerado livre de torc¸˜ao sobre um dom´ınio
de ideais principais ´e um m´odulo livre
Demonstrac¸˜ao: SejamRum dom´ınio de ideias principais,M umR-m´odulo livre de torc¸˜ao e{α1, . . . , αn}um conjunto de geradores de M. Se{β1, . . . , βn}´e um
conjunto de elementos deM linearmente independentes, ent˜ao{α1, . . . , αn, β1, . . . , βn}
´e linearmente dependente, para 1 ≤ i ≤ n e 1 ≤ j ≤ m. Assim, existem ai, bi,1, . . . , bi,n∈R, n˜ao todos nulos, tais que
aiαi+bi,1β1 +. . .+bi,nβn (1.1)
Temos que ai ´e n˜ao nulo, pois bi,1, . . . , bi,n s˜ao todos n˜ao nulos e {β1, . . . , βn}.
Logo, L´e livre, pois o conjunto de geradores ´e uma base. Da equac¸˜ao 1.1 temos que
e isto implica queaiαi ∈ L. Tomandoa = n
Y
i=1
ai, temos queaαi ∈ Lpara todo 1 ≤ i ≤ n e como{α1, . . . , αn} ´e um conjunto de geradores de M, segue que
aM ⊆ L,ent˜aoaM ´e um subm´odulo livre. Agora, considere a func¸˜aof : M → aM definida por f(m) = ampara todo m ∈ M. Como M ´e livre de torc¸˜ao, temos quef ´e um isomorfismo. Portanto,M ´e livre.
Teorema 1.2 Sejam R um anel e M um R-m´odulo. As condic¸˜oes s˜ao equiva-lentes:
a) Toda fam´ılia n˜ao vazia deR-subm´odulos deM tem um elemento maximal.
b) Toda sequˆencia crescente deR-subm´odulos deM ´e estacion´aria.
c) TodoR-subm´odulo deM ´e finitamente gerado.
Demonstrac¸˜ao: Iniciaremos mostrando quea)⇒c).
SejaE um subm´odulo deM eφuma fam´ılia de subm´odulos finitamente ger-ados deE. Veja queφn˜ao ´e vazio, pois{0} ∈φ. Dea)temos queφ admite um elemento maximalF. Parax∈E F+R·x´e um subm´odulo finitamente gerado de E (´e gerado pela uni˜ap de[x]e um sistema finito de geradores de F). Como F +R·x⊃F eF ´e maximal. TemosF +Rx =F. Logox∈F, E ⊂F, E =F eE ´e finitamente gerado.
Agora, vamos mostrarc)⇒b).
Seja(Mn)n≥0uma uni˜ao crescente de subm´odulos deM, ent˜aoE =Sn≥0Mn
´e um subm´odulo deM. Porc)temos um sistema finito de geradores(x1, x2, . . . , xq).
Para cadai existe um ´ındicen(i),tal que xi ∈ Mn(i). Seja n0 o maior dos n(i).
Finalmente, mostraremos queb)⇒a).
A equivalˆenciaa)eb)´e um caso particular do Lema a seguir.
Lema 1.3 SejaT um conjunto ordenado, as condic¸˜oes s˜ao equivalentes.
a) Toda fam´ılia n˜ao vazia de elementos deT admite um elemento maximal.
b) Toda sucess˜ao crescente(tn)n≥0de elementos deT ´e estacion´aria.
Demonstrac¸˜ao: a) ⇒ b) Seja tq um elemento maximal da sucess˜ao crescente (tn). Paran ≥ q temostn ≥ tq(crescente). Portanto pela maximalidade, temos
tn=tq. LogoT ´e estacion´aria.
b)⇒a)Suponhamos que temos uma parte n˜ao vaziaS deT sem elemento max-imal. Ent˜ao, para x ∈ S, o conjunto de elementos de S estritamente superior a x ´e n˜ao vazio pelo Axioma da Escolha, existe uma aplicac¸˜ao f : S → S tal que f(x) > x para x ∈ S. Como S n˜ao ´e vazio, escolha t0 ∈ S e defina por
recorrˆencia a sucess˜ao (tn)n≥0 fazendo tn+1 = f(tn). Esta sucess˜ao ´e
estrita-mente crescente e portanto n˜ao estacion´aria. Absurdo, logo toda fam´ılia n˜ao vazia
de elementos deT admite um elemento maximal.
Teorema 1.4 Sejam R um anel de ideais principais e M um R-m´odulo livre de poston. SeM′ ´e umR-subm´odulo deM, ent˜ao:
1. M′ ´e livre de postor, para0≤r≤n
2. SeM′ 6= 0, ent˜ao existe uma base{v
1, . . . , vn}deM e elementos n˜ao nulos
a1, . . . , ar ∈Rtais que{a1v1, . . . , arvr} ´e uma base deM′e queaidivide
Demonstrac¸˜ao: Para M′ = h0i o ideal nulo, o resultado ´e v´alido. Assim,
suponhamosM′ 6= h0i. SejaL(M, R)o conjunto das formas lineares sobre M.
Tomandou∈ L(M, R),temos queu(M′)´e um subm´odulo deR, um ideal deR.
Podemos escreveru(M′) = Ra
u,ondeau ∈ R,uma vez que o ideal ´e principal.
Se u ∈ L(M, R) ´e tal que Rau ´e maximal atrav´es de Rae, para e ∈ L(M, R),
pelo Teorema 1.2. Assim, tomemos uma base{x1, . . . , xn}que identificaM com
Rn. Sejapi :M →Ra projec¸˜ao sobre a i-´esima coordenada, isto ´e,pi(xj) =δij.
ComoM′ 6=h0i,para o menori,1≤i≤ n, pi(M′)´e n˜ao nulo. Assima
u 6=h0i.
Pela nossa construc¸˜ao existev′ ∈M′ tal queu(v′) =a
u. Logo, devemos mostrar
que para todo e ∈ L(M, R), temos queau|e(v′). Assim, semdc(au, e(v′)) = d,
ent˜ao d = bau +ce(v′), onde b, c ∈ R, e da´ıd = (bu+ce)(v′). Agora, como (bu+ce)´e uma forma linear sobreM, temos queRau ⊆Rd⊆u(M′), e pela
max-imalidade deRau, segue queRd=Rau, e assim temos queau divide e(v′). Em
particular,au|pi(v′), ent˜ao sejapi(v′) =aubi,combi ∈R. Tomandov = n
X
i=1
bixi,
temos que v′ = a
uv. Como, u(v′) = au = auu(v),segue que u(v) = 1,
obser-vando queau 6= 0. Assim, devemos mostrar que
• M = ker(u) +Rv, e
• M′ = (M′∩ker(u)) +Rv′, ondev′ =a uv.
Para a primeira afirmac¸˜ao, sex ∈ M, ent˜aox = u(x)v + (x−u(x)v), logo u(x−u(x)v) =u(x)−u(x)u(v) = 0,uma vez queu(v) = 1, ent˜aox−u(x)v ∈
ker(u). Assim, mostramos que Rv+ ker(u) = M, portanto,Rv∩ker(u) = h0i. Para a segunda afirmac¸˜ao, seja y ∈ M′, logo u(y) = ba
u, onde b ∈ R, ent˜ao
y =bauv+ (y−u(y)v) =bv′+ (y−u(y)v). Novamente, ´e claro quey−u(y)v ∈ ker(u)e tamb´em quey−u(y)v =y−bv′ ∈M′, isto ´e,y−u(y)v ∈M ∩ker(u)
r > 0, da segunda afirmac¸˜ao segue queM′∩ker(u)tem posto r−1, e assim ´e
livre de acordo com a hip´otese de induc¸˜ao. Como, na segunda afirmac¸˜ao a soma
´e direta, obtemos uma base para M′ adicionando v′ a base para M′ ∩ ker(u).
Assim M′ ´e livre e 1 ´e verdadeiro. Provaremos 2 por induc¸˜ao sobre o posto n
de M. Novamente o caso n = 0 ´e trivial. Por 1, temos que ker(u) ´e livre de posto n−1, uma vez que na primeira afirmac¸˜ao, a soma ´e direta. Aplicamos a hip´otese de induc¸˜ao sobre o m´odulo livre ker(u)e seu subm´odulo M′ ∩ker(u):
se M′ ∩ker(u) 6= h0i, ent˜ao existem r ≤ n, uma base{v
2, . . . , vn}deker(u), e
elementos n˜ao nulos a2, . . . , an deR tais que {a2v2, . . . , anvn} ´e uma base para
M′ ∩ker(u) ea
i divide ai+1, para 2 ≤ i ≤ r−1. Tomando a mesma notac¸˜ao
que acima, chamamosa1 =au ev1 =v. Ent˜ao, da primeira afirmac¸˜ao segue que,
{v1, v2, . . . , vn}´e uma base paraM da segunda e do fato quev′ =av1 segue que,
{a1v1, . . . , arvr}´e uma base paraM′. Falta prova quea1|a2. See´e a forma linear
sobreM definida pela relac¸˜aoe(v1) = e(v2) = 1ee(vi) = 0, parai ≥ 3. Ent˜ao
a1 =au =e(auv1) =e(v′)∈e(M′), ent˜aoRau ⊆e(M′). Pela maximalidade de
Rau podemos concluir quee(M′) = Rau = Ra1. Comoa2 = e(a2v2)∈ e(M′),
vemos quea2 ∈Ra1, isto ´e,a2|a1.
1.3
Elementos inteiros
Definic¸˜ao 1.5 SejamA⊆Ran´eis. Um elementoα∈R ´e chamado inteiro sobre
A se α ´e raiz de um polinˆomio mˆonico com coeficientes em A, isto ´e, existem
a0, a1, . . . , an−1 ∈A, n˜ao todos nulos, tal que
αn+an−1αn−1+. . .+a1α+a0 = 0.
Exemplo 1.1 O elemento α = 1 2(1 +
√
5) ∈ R ´e inteiro sobreZ, pois ´e raiz do polinˆomio mˆonicox2−x−1com coeficientes emZ.
Observac¸˜ao 1.2 SeR´e o corpo complexo e os coeficientes do polinˆomio mˆonico s˜ao n´umeros racionais, o elemento α ´e chamado n´uemro alg´ebrico. Se os co-eficientes do polinˆomio mˆonico s˜ao n´umeros inteiros, o elemento α ´e chamado inteiro alg´ebrico.
Exemplo 1.2 1. O elementoα=e2πi5 ∈ C´e um inteiro alg´ebrico, po´ıs ´e raiz
do polinˆomio mˆonicox5−1com coeficientes emZ.
2. O elementoα = 22
7 ∈ C ´e um inteiro alg´ebrico, po´ıs ´e raiz do polinˆomio
mˆonicox− 22
7 com coeficientes emQ.
Teorema 1.5 SejamA⊆Ran´eis eαum elemento deR. As seguintes afirmac¸˜oes s˜ao equivalentes:
1. α ´e inteiro sobreA.
2. O anelA[α] ´e umA-m´odulo finitamente gerado.
3. Existe um subanelB deRcontendoAeαque ´e umA-m´odulo finitamente gerado.
Demonstrac¸˜ao:(1) ⇒(2)Comoα ´e inteiro segue que αn+an−1αn−1+ldots+a1α+a0 = 0,
ondea0, a1, . . . , an∈Ae n˜ao s˜ao todos nulos. SejaM o subm´odulo deRgerado
por {1, α, . . . , αn−1}. Temos que M ⊆ A[α]. Por outro lado, temos que αn =
−(an−1αn−1 +. . .+a1α+a0) ∈ M e por induc¸˜ao segue queαn+j ∈ M para
A-m´odulo finitamente gerado.
(2) ⇒(3)neste caso, ´e suficiente tomarB =A[α].
(3) ⇒ (1) Seja {β1, . . . , βn} um conjunto finito de geradores de B como um
m´odulo sobreA, ou seja,B =Aβ1+. . .+Aβn. Comoα∈BeB ´e um subanel
deR segue queαβi ∈ B para todo i = 1, . . . , n. Assim,αβi = n
X
j=1
ai,jβj,com
ai,j ∈Apara1≤i, j ≤n. Da´ı,
αβi− n
X
j=1
ai,jβj = 0 , e n
X
j=1
αβi βj −
ai,j
βj = 0.
Tomando βi βj
=δi,jtemos que
n
X
j=1
(αδi,j−ai,j)βj = 0, para i= 1, . . . , n.
Assim, temos um sistema de n euqac¸˜oes lineares homogˆeneas em{β1, . . . , βn},
ou seja,
n X j=1
(αδ1,j−a1,j)βj = 0
.. .
n
X
j=1
(αδn,j −an,j)βj = 0
Escrevendo na forma matricial obtemos que
αδ1,1−a1,1 αδ1,2−a1,2 . . . αδ1,n−a1,n
αδ2,1−a2,1 αδ2,2−a2,2 . . . αδ2,n−a2,n
..
. ... . .. ...
αδn,1−an,1 αδn,2−an,2 . . . αδn,n−an,n
β1 β2 .. . βn = 0 0 .. . 0 .
Sejado determinantedet(δi,jα−ai,j). Pela regra de Cramer temos quedβj = 0
e em particular d1 = d = 0. Deste modo, temos qued ´e um polinˆomio mˆonico emα, onde o termo com ordem m´axima aparece na expans˜ao do produto
n
Y
i=1
(δi,iα−ai,i) = n
Y
i=1
βi
βi
α−ai,i
= n
Y
i=1
(α−ai,i)
das entradas da diagonal principal. Portanto, α ´e raiz de um polinˆomio mˆonico com coeficientes emA, ou seja,α´e inteiro sobreA.
Proposic¸˜ao 1.1 SejamA ⊆ Ran´eis eα1, α2, . . . , αn ∈ R. Seα1 ´e inteiro sobre
Aeαi ´e inteiro sobreA[α1, . . . , αi−1], parai= 2, . . . , n, ent˜aoA[α1, α2, . . . , αn]
´e umA-m´odulo finitamente gerado.
Demonstrac¸˜ao: A prova ser´a feita por induc¸˜ao sobren. O cason = 1segue do item2do Teorema 1.4. Agora suponhamos que o resultado ´e verdadeiro paran−1, ou seja, queB = A[α1, α2, . . . , αn−1] ´e umA-m´odulo finitamente gerado. Logo,
existe um conjunto finito{β1, β2, . . . , βp}de geradores deBsobreA. Assim,B = p
X
j=1
Aβj. Pelo item 2 do Teorema 1.4 obtemos que A[α1, α2, . . . , αn] = B[αn]
´e um B-m´odulo finitamente gerado, e assim possui um conjunto de geradores
{γ1, γ2, . . . , γq}. Deste modo, podemos escreverB[αn] = q
X
k=1
Bγk. Assim
A[α1, α2, . . . , αn] =
q
X
k=1
Bγk = q
X
k=1
p
X
j=1
Aβj
!
γk=
X
j,k
Aβjγk,
e deste modo(βjγk)1≤j≤p,1≤k≤q ´e um conjunto de geradores deA[α1, α2, . . . , αn]
como um A-m´odulo. Portanto, A[α1, α2, . . . , αn] ´e um A-m´odulo finitamente
gerado.
Corol´ario 1.1 Sejam A ⊆ R an´eis. Se α1, . . . , αn s˜ao elementos de R que s˜ao
inteiros sobreA, ent˜aoA[α1, α2, . . . , αn] ´e umA-m´odulo finitamente gerado.
Demonstrac¸˜ao: Uma vez queαi´e inteiro sobreAent˜aoαi´e inteiro sobreA[α1, α2, . . . , αi−1],
parai= 1,2, . . . , n, o resultado segue da Proposic¸˜ao 1.1.
Corol´ario 1.2 SejamA⊆Ran´eis. Seαeβs˜ao elementos deRque s˜ao inteiros sobreA, ent˜aoα+β, α−β eαβ s˜ao inteiros sobreA.
Demonstrac¸˜ao: Como A[α, β] ´e um subanel de R e α, β ∈ A[α, β] segue que α+β, α−β eαβ ∈A[α, β]. Pela Proposic¸˜ao 1.1, comoαeβ s˜ao inteiros sobre A, segue queA[α, β]´e umA-m´odulo finitamente gerado. Logo existe um subanel B =A[α, β]deRcontendoA,α+β, α−βeαβ ∈A[α, β]. Assim, pelo item3
do Teorema 1.4, segue queα+β, α−β eαβ s˜ao inteiros sobreA.
Definic¸˜ao 1.6 Sejam A ⊆ R an´eis. O conjunto dos elementos de R que s˜ao inteiros sobreA´e chamado fecho inteiro deAemR, ou anel dos inteiros deAem
Re denotado porIR(A).
Corol´ario 1.3 SeA⊆Rs˜ao an´eis, ent˜ao:
1. O conjuntoIR(A)´e um subanel deRque cont´emA.
2. Todo subanel deRque ´e umA-m´odulo finitamente gerado est´a contido em
IR(A).
Demonstrac¸˜ao:
2. SejamBum subanel deRque ´e umA-m´odulo finitamente gerado e{α1, . . . , αn}
um conjunto finito de geradores deB. Seα ∈B, ent˜ao A[α] ´e finitamente gerado como A-m´odulo, pois α = a1α1 +. . .+anαn, com ai ∈ A.
As-sim pelo Teorema 1.4 segue que α ´e inteiro sobe A, ou seja, α ∈ IR(A). PortantoB est´a contido emIR(A).
Definic¸˜ao 1.7 Sejam Aum dom´ınio eKo seu corpo de frac¸˜oes. O fecho inteiro deAemK´e chamado fecho inteiro deAe denotado porIK(A).
Definic¸˜ao 1.8 Sejam A ⊆ Ran´eis. Quando IR(A) =Rdizemos queR ´e inteiro sobreA.
Proposic¸˜ao 1.2 (Transitividade) Sejam A ⊆ B ⊆ R an´eis. Assim, R ´e inteiro sobreB eB ´e inteiro sobreA, se e somente se,R ´e inteiro sobreA.
Demonstrac¸˜ao: SuponhamosR inteiro sobreB eB inteiro sobreA. Seα ∈ R, ent˜aoα ´e inteiro sobreB. Logoα ´e raiz de um polinˆomio mˆonico f(x) = xn+
bn−1xn−1+. . .+b1x+b0com coeficientes emB. TomandoB′ =A[b0, . . . , bn−1]
temos que α ´e inteiro sobreB′. ComoB ´e inteiro sobreA, segue que osb′ is s˜o
inteiros sobre A. Pela Proposic¸˜ao 1.1 segue queB′[α] = A[b
0, . . . , bn−1, α]´e um
A-m´odulo finitamente gerado, e pelo Teorema 1.4 segue queα ´e inteiro sobreA.
PortantoR ´e inteiro sobreA. Reciprocamente, suponhamos queR ´e inteiro sobre A. Seα ∈R, ent˜aoα ´e raiz de um polinˆomio mˆonico com coeficientes emA, ou seja,αn+a
n−1αn−1+. . .+a1α+a0 = 0comaiinApara todoi= 1, . . . , n−1.
ComoA ⊆ B, segue queai ∈ B para todoi= 1, . . . , n−1, ou seja,α ´e inteiro
sobreB. AssimR ´e inteiro sobreB. Agora, seα ∈B e comoB ⊆ Rsegue que α ∈R. Por hip´otese, segue queα ´e inteiro sobreA. PortantoB ´e inteiro sobreA.
Proposic¸˜ao 1.3 Sejam Aum dom´ınio e B um anel tal queB ⊆ AeA ´e inteiro sobreB. Assim,A ´e um corpo se, e somente se,B ´e um corpo.
Demonstrac¸˜ao: Suponhamos que A ´e um corpo e seja αum elemento n˜ao nulo deB. Logoα ∈ Ae possui inversoα−1 ∈ A. ComoA ´e inteiro sobreB, segue
que α−1 ∈ A ´e raiz de um polinˆomio mˆonico com coeficientes em B, ou seja,
α−n+a
n−1α−n+1+. . .+a1α−1+a0 = 0comai ∈B, parai= 1,2, . . . , n−1.
Multiplicando porαn−1obtemosα−1 =−(a
n−1+. . .+a1αn−2+a0αn−1), o que
mostra que α−1 ∈ B. AssimB ´e um corpo. Reciprocamente, suponhamos que
B ´e um corpo e sejaβ um elemento n˜ao nulo deA. Pelo Teorema 1.4 temos que B[β] ´e umB-m´odulo finitamente gerado. ComoB ´e um corpo, segue queB[β]´e
um espac¸o vetorial de dimens˜ao finita sobreB. Por outro lado, a func¸˜ao deB[β]
emB[β]que levayemβy ´e uma transformac¸a˜o linear injetiva, uma vez queB[β]
´e um dom´ınio. Como a dimens˜ao de B[β]sobreB ´e finita, segue que tamb´em ´e sobrejetora. Assim, existeβ′ ∈B[β]⊆Atal queββ′ = 1, ou seja,β ´e invers´ıvel
emA. Portanto,A´e corpo.
Definic¸˜ao 1.9 Sejam A ⊆ R an´eis. Dizemos que A ´e integralmente fechado em
RquandoIR(A) =A. SeA ´e um dom´ınio eK´e o seu corpo de frac¸˜oes, dizemos queA´e integralmente fechado seIK(A) = A.
Exemplo 1.3 1. Sejam A um dom´ınio eK o seu corpo de frac¸˜oes. O fecho inteiroIK(A)´e integralmente fechado.
2. Todo anel de ideias principais ´e integralmente fechado.
3. Todo anel faotrial ´e integralmente fechado.
1. Temos queKtamb´em ´e o corpo de frac¸˜oes deIK(A)e que o fecho inteiro
de IK(A), dado por IK(IK(A)), ´e inteiro sobre IK(A). Como A ⊆ IK(A)
segue queIK(A) ´e inteiro sobreA. Portanto,IK(IK(A)) = IK(A)e assim
IK(A)´e integralmente fechado.
2. Por definic¸˜ao, um anel de ideais ´e um dom´ınio. Seja α um elemento de
K o corpo de frac¸˜oes de A. Suponha que α ∈ IK(A), ou seja, que α ´e
inteiro sobre A. Logoα ´e raiz de um polinˆomio mˆonico com coeficientes em A, ou seja,αn+a
n−1αn−1 +. . .+a1α+a0 = 0 comnai ∈ A, para
i = 1,2, . . . , n−1. Tomandoα = b
c, onde b e c s˜ao elementos de A e primos entre si, e substituindo na equac¸˜ao obtemos que
bn
cn +an−1
bn−1
cn−1 +. . .+a1
b
c+a0 = 0.
Agora, multiplicando porcnficamos com
bn+a
n−1bn−1c+. . .+a1bcn−1+a0cn=bn+c(an−1bn−1+. . .+a1bcn−2+a0cn−1) = 0.
Assim bn = −c(a
n−1bn−1 +. . . +a1bcn−2 + a0cn−1), e assim c divide
bn. Como b e c s˜ao primos entre si, aplicando repetidamente o Lema de
Euclides, segue quecdivide b. Logo, c ´e um elemento invers´ıvel emA, e assimα= b
c ∈A.PortantoA ´e integralmente fechado. 3. O argumento ´e an´alogo ao anterior.
1.4
Extens˜oes de corpos
Definic¸˜ao 1.10 Sejam R um anel e K um corpo tal que K ⊆ R. Um elemento
sobreK, ent˜ao o polinˆomio mˆonicomα(x)de grau m´ınimo tal quemα(x) = 0 ´e chamado polinˆomio minimal deαsobreK.
Definic¸˜ao 1.11 SejamR um anel eKum corpo. O conjunto dos elementos deR
que s˜ao alg´ebricos sobre K ´e chamado fecho alg´ebrico de Kem R e denotado porIR(K).
Exemplo 1.4 O elemento α = √7 −√3 ´e alg´ebrico sobre Q, pois ´e raiz do polinˆomiox4−20x2+ 16com coeficientes emQ.
Definic¸˜ao 1.12 SejamRum anel eKum corpo tal queK⊆R. Dizemos queR ´e alg´ebrico sobreKse todo elemento deR ´e alg´ebrico sobre K. SeR ´e um corpo,
R ´e chamado uma extens˜ao alg´ebrica deK.
Observac¸˜ao 1.3 SejamK⊆Lcorpos
1. O fecho alg´ebrico deKemL´e igual aKse, e somente se,L´e uma extens˜ao alg´ebrica sobreK.
2. Todo elemento alg´ebrico sobreK ´e um elemento inteiro sobre K. Em par-ticular, sobre corpos, elementos alg´ebricos e inteiros s˜ao equivalentes.
Definic¸˜ao 1.13 Sejam Ke Lcorpos tal que K ⊆ L. Chamaremos de dimens˜ao deLsobreKe denotamos por[L:K]o grau deLsobreK.
Assim podemos reescrever as equivalˆencias do Teorema 1.4 para corpos da
seguinte forma:
Teorema 1.6 Sejam K e L corpos tal que K ⊆ L e α um elemento de L. As seguintes afirmac¸˜oes s˜ao equivalentes:
2. [K[α] :K´e finito
Demonstrac¸˜ao:(1)⇒(2)Suponhamos queα´e alg´ebrico sobreKcom polinˆomio minimalmα(x)de graun. Temos queK(α)´e espac¸o vetorial sobreKgerado por
{1, α, . . . , αn−1}. Observamos que K(α) ´e fechado sobre a adic¸˜ao, subtrac¸˜ao e
multiplicac¸˜ao porα. Comoαn =−mα(α) +αn =g(α), onde∂(g) < n, segue
queK(α) ´e fechado sobre a multiplicac¸˜ao e assimK(α) ´e um anel. Finalmente, mostramos que sev ∈K(α),v 6= 0, ent˜ao 1
v ∈K(α). Temos quev =h(α), onde h(x)∈ K[x]e∂(h)< n. Como mα(x)´e irredut´ıvel segue quemα(x)eh(x)s˜ao coprimos. Assim, existem p(x), q(x) ∈ K[x] tal que mαp(x) +h(x)q(x) = 1.
Logo, 1 = mα(α)p(α) +h(α)q(α) = h(α)q(α). Assim q(α) = 1
v ∈ K(α) e
[K[α] :K=n. Portanto[K[α] :K ´e finita.
2 ⇒ (1) Se[K[α] : K = n, ent˜ao {1, α, . . . , αn} ´e linearmente dependente.
Logo existem a0, a1, . . . , an ∈ K, na˜o todos nulos, tais quea−0 +a1α+. . .+
anαn = 0e da´ı temos queα ´e alg´ebrico sobreK.
Corol´ario 1.4 Toda extens˜ao finita ´e alg´ebrica
Demonstrac¸˜ao: SejamLeKcorpos tal queK ⊆L,[L :K=m < ∞eα∈ L. Como K[α] ´e um subespac¸o de L segue que K[α] : K = n ≤ m < ∞. Pelo Teorema 1.6 segue queα ´e alg´ebrico sobreK. AssimL´e uma extens˜ao alg´ebrica.
Definic¸˜ao 1.14 SejaLuma extens˜ao do corpoQ. Se o grau deLsobreQ´e finito, dizemos queL´e um corpo de n´umeros.
Teorema 1.7 (Multiplicidade dos Graus) SejamK,LeMcorpos. SeM ´e uma extens˜ao alg´ebrica finita deLeL´e uma extens˜ao alg´ebrica finita deK, ent˜aoM
Demonstrac¸˜ao: Sejam{α1, α2, . . . , αm}uma base deMsobreLe{β1, β2, . . . , βn}
uma base de L sobre K. Verifiquemos que {α1β1, . . . , αmβn} ´e uma base de
M sobre K. Se α ∈ M, ent˜ao α = α1β1 +. . .+ αnβn, onde aj ∈ L, para
i = 1,2, . . . , n. Agora, como cada aj ∈ L, segue que podemos escrevˆe-lo como
aj = b1α1 +b2α2 +. . .+bmαm, onde bi ∈ K, para i = 1,2, . . . , m. Assim
α = n
X
j=1
ajβj =
X
i,j
bi,jαiβj, onde bi,j ∈ K. Logo{α1β1, . . . , αmβn} gera M
sobreK. Da relac¸˜aoX
i,j
bi,jαiβj = 0, temos que n
X
j=1
m
X
i=1
bi,jαi
!
βj = 0. Como
{β1, β2, . . . , βn} ´e linearmente independente, segue que m
X
i=1
bi,jαi = 0e
nova-mente como {α1, α2, . . . , αm} ´e linearmente independente segue que bi,j = 0
para todo i = 1,2, . . . , me j = 1,2, . . . , n. Assim, {α1β1, . . . , αmβn}´e
linear-mente independente. Portanto ´e uma base deMsobreK. Al´em disso, temos que
[M:K] = [M:L][L:K].
Definic¸˜ao 1.15 Sejam L e M extens˜oes de um corpoK. Dizemos que dois ele-mentosα ∈ Leα′ ∈ M s˜ao conjugados sobreKse existe umK-isomorfismoϕ
deK(α)emK(α′)tal queϕ(α) = α′
Definic¸˜ao 1.16 SejamLeMextens˜oes de um corpoK. Dizemos queLeMs˜ao conjugados sobreKou s˜aoK-isomorfos, se existe um K-isomorfismoσ deLem
Mtal queσa=a, para todoa∈K.
Definic¸˜ao 1.17 SejaKum corpo. Dizemos queKtem caracter´ısticamsemα= 0para todo elementoα∈K, em´e o menor inteiro positivo com esta propriedade. Se mα 6= 0para todo elemento n˜ao nuloα e inteiro positivo m, dizemos queK
Observac¸˜ao 1.4 Todo corpo possui um ´unico subcorpo minimal, chamado
sub-corpo primo, e este ´e isomorfo aQou aZp, ondep ´e primo. Se ´e isomorfo aQo
corpo tem caracter´ısticap.
1.5
Norma e trac¸o
SejamA ⊆ R an´eis tal queR ´e umA-m´odulo livre de posto finiton. Sejam
{α1, . . . , αn}uma base deRspbreAeϕ :R→Rum homomorfismo. Assim:
ϕ(α1) = a11α1+a12α2+. . .+a1nαn
ϕ(α2) = a21α1+a22α2+. . .+a2nαn
.. .
ϕ(αn) =an1α1+an2α2+. . .+annαn
comaij ∈A,e1≤i, j ≤n. Na forma matricial, temos
ϕ(α1)
ϕ(α2)
.. .
ϕ(αn)
=
a1,1 a1,2 . . . a1,n
a2,1 a2,2 . . . a2,n
..
. ... . .. ...
an,1 an,2 . . . an,n
α1
α2
.. .
αn
.
Definic¸˜ao 1.18 Sejam A ⊆ R an´eis tal queR ´e um A-m´odulo livre de posto n. Seja o endomorfismoϕα :R→Rdado porϕα(x) =αx, comα∈R. Definimos:
1. O trac¸o deα ∈ Rrelativo aA, como o trac¸o do endomorfismoϕα e
deno-tamos porTrR/A(α) = TrR/A(ϕα).
2. A norma de α ∈ R relativo aA, como o determinante do endormorfismo
ϕαe denotamos porNR/A(α) = det(ϕα).
Observac¸˜ao 1.5 SejaA⊆Ran´eis tal queR´e umA-m´odulo livre de posto finito. Seα, β ∈Rea∈A, ent˜ao
1. ϕα+ϕβ =ϕα+β.
2. ϕα◦ϕβ =ϕα◦β.
3. ϕaα=aϕα.
Al´em disso, a matriz de ϕa em relac¸˜ao a uma base de R sobre A ´e a matriz
diagonal ondea´e a entrada de todas as diagonais.
Para um endomofismoϕ, segue da ´Algebra Linear que:
1. O trac¸o deϕ ´e definido porTrR/A(ϕ) = n
X
i=1
aii,
2. A norma deϕ ´e definida porNR/A(ϕ) = det(aij), e
3. O polinˆomio caracter´ıstico deϕ ´e definido pordet(xI −ϕ) = det(xδi,j −
ai,j).
Para os endomorfismosϕeρtemos que:
1. TrR/A(ϕ+ρ) = TrR/A(ϕ) + TrR/A(ρ),
2. det(ϕ·ρ) = det(ϕ)det(ρ)e 3. det(xI −ϕ) =xn−(Tr
R/A(ϕ))xn−1+. . .+ (−1)ndet(ϕ).
Agora, sejamK,LeMcorpos tal queK⊆M⊆Le[L :K] =n. Seα, β ∈ Le a ∈K, ent˜ao valem as seguintes propriedades:
1. TrL/K(α+β) = TrL/K(α) + TrL/K(β)
3. TrL/K(a) =na
4. NL/K(a) =an
5. NL/K(aα) =anNL/K(α)
6. NL/K(αβ) =NL/K(α)NL/K(β)
7. NL/K(α) =NM/K(NL/M(α))
8. TL/K(α) =TM/K(TL/M(α)).
Proposic¸˜ao 1.4 Sejam K um corpo finito ou de caracter´ıstica zero, L uma ex-tens˜ao alg´ebrica de K de grau n e α um elemento deL. Se α1, . . . , αn s˜ao as
ra´ızes do polinˆomio minimal deαsobreK, cada uma repetida [L: K(α)]-vezes, ent˜ao
1. TrL/K =α1 +. . .+αn,
2. NL/K =α1. . . αne
3. mα(x) = (x−α1)(x−α2). . .(x−αn).
Al´em disso, o polinˆomio caracter´ıstico ´e a[L:K(α)]-´esima potˆencia do polinˆomio minimal deαsobreK.
Demonstrac¸˜ao: Suponhamos queα ´e um elemento de LsobreK, ou seja,L =
K[α]. Semα(x) =xn+a
n−1xn−1+. . .+a0,comai ∈Kparai= 0,1, . . . , n− 1, ´e o polinˆomio minimal de α sobre K, ent˜ao L ´e K - isomorfo a K[x]
hmα(x)i e
{1, α, . . . , αn−1} ´e uma base deL sobre K. Al´em disso, temos que a matriz do
endomorfismoϕα :L→Lcom relac¸˜ao a base{1, α, . . . , αn−1}´e dada por
M =
0 0 . . . 0 −a0
1 0 . . . 0 −a1
..
. ... . .. ... ...
0 0 . . . 1 −an−1
Assim, temos quedet(xI−ϕα)´e determinante da matriz xIn−M =
x 0 . . . 0 a0
−1 x . . . 0 a1
..
. ... . .. ... ...
0 0 . . . −1 x+an−1
.
Logo pelo c´alculo do determinante da matriz xIn − M, obtemos o polinˆomio
caracter´ısticofα(x)deα, que ´e igual a mα(x), o polinˆomio minimal deα. Mas, por definic¸˜ao temos que,
fα(x) = det(xI−ϕα(x)) = det(xIn−M)xn=xn− TrL/K(ϕα)
xn−1+. . .+(−1)ndet(ϕα). Al´em disso, comoα ´e primitivo segue que
mα(x) = (x−α1)(x−α2). . .(x−αn) =xn−
n
X
i=1
αi
!
xn−1+. . .+(−1)n n
Y
i=1
αi
!
,
e da´ı obtemos que
xn− TrL/K(ϕα)
xn−1+. . .+(−1)ndet(ϕα) =xn−
n
X
i=1
αi
!
xn−1+. . .+(−1)n n
Y
i=1
αi
!
.
Portanto,
TrL/K(ϕα) = TrL/K(α) =
n
X
i=1
αi e NL/K(ϕα) = NL/K(α) =
n
Y
i=1
αi.
Consideremos, agora o caso geral. Se [L : K[α]] = m, ´e suficiente mostrarmos que o polinˆomio caracter´ıstico fα(x) de α, com relac¸˜ao a L sobre K, ´e igual
a m-´esima potˆencia do polinˆomio minimal de α sobre K. Se {α1, . . . , αr} ´e
uma base de K[α] sobre K e {β1, . . . , βm} ´e uma base de L sobre K[α], ent˜ao
{α1β1, . . . , αrβm} ´e uma base de Lsobre K. Pelo Teorema 1.7 temos quen =
rm. SejaM = (aih)a matriz so endomorfismo de K[α]sobreK com relac¸˜ao a
base(αi)1≤i≤r. Assimααi =
X
h
(aih)αh, e deste modo
α(αiβj) =
X
h
aihαh
!
βj =
X
h
Logo
αα1β1 = a11α1β1+a12α2β1+. . .+a1rαrβ1
αα2β1 = a21α1β1+a22α2β1+. . .+a2rαrβ1
..
. = ...
ααrβ1 = ar1α1β1 +ar2α2β1+. . .+arrαrβ1
Agora, ordenamos a base{α1β1, . . . , αrβm}deLsobreK, de modo que a matriz
do endomorfismo seja da forma
M1 =
M 0 . . . 0 0 0 M . . . 0 0
..
. ... . .. ... ...
0 0 . . . 0 M
,
isto ´e,Mse repetem-vezes na diagonal principal como blocos diagonais na matriz M1. Assim,
xIn−M1 =
xIn−M 0 . . . 0 0 0 xIn−M . . . 0 0
..
. ... . .. ... ...
0 0 . . . 0 xIn−M
,
e det(xIn −M1) = det(xIq −M)m. Dessa forma fα(x) = detxIn−M1 ´e o
polinˆomio caracter´ıstico deαsobreKedet(xIq−M)´e o polinˆomio minimal de
αsobreK, de acordo com a primeira parte da demonstrac¸˜ao.
Observac¸˜ao 1.6 Da Proposic¸˜ao 1.4, segue que:
1. TrL/K(α) =mTrK[α]/K(α),
3. fα(x) = (mα(x))m
Exemplo 1.5 SejamL=Q(√7)eα=−1 +√7∈Q(√7). O polinˆomio carac-ter´ıstico deαsobreQ´efα(x) = x2+2x−6,Tr
L/Q(α) = −2eNL/Q(α) = −6. Se
Q(i,√7), ent˜ao temos quem = [M :L] = 2. Assim, pela Observac¸˜a˜o 1.6, segue que TrM/Q(α) = 2(TrL/Q(α)) = 2·(−2) = −4e NM/Q(α) = (NL/Q(α))2 =
(−6)2 = 36.
Proposic¸˜ao 1.5 SejamAum dom´ınio eKseu corpo de frac¸˜oes, ondeKtem car-acter´ıstica zero. Se L ´e uma extens˜ao finita deKeα ∈ L ´e um elemento inteiro sobre A, ent˜ao os coeficientes do polinˆomio caracter´ıstico fα s˜ao inteiros sobre
A. Em particular,TrL/K eNL/K s˜ao inteiros sobreA.
Demonstrac¸˜ao: Pela Proposic¸˜ao 1.4 temos que o polinˆomio caracter´ıstico deα ´e dado porfα = (x−α1)(x−α2). . .(x−αn),ondeα1, α2, . . . , αns˜ao as ra´ızes
do polinˆomio minimal deα. Como os coeficientes defα(x)s˜ao a menos de iso-morfismos somas e produtos dosαi, segue que ´e suficiente mostrar que osαi s˜ao
inteiros sobreA, uma vea que, pelo Corol´ario 1.1, temos que a soma, a diferenc¸a e o produto s˜ao inteiros emA. Pela Teoria de Galois temos que, cadaαi ´e
con-jugado de α sobre K e assim existe K-isomorfismo σi : K[α] → K[αi]tal que
σi(α) = αi, para todo i = 1, . . . , n. Assim, como α ´e inteiro sobre A, segue
queαn+a
n−1αn−1+. . .+a1α+a0 = 0, comai ∈ A, n˜ao todos nulos.
Apli-candoσiobtemos queσi(α)n+an−1σi(α)n−1+. . .+a0 = 0,e consequentemente
αn
i +an−1αn−i 1 +. . .+a1αi +a0 = 0, ou seja, αi ´e inteiro sobre A, para cada
i= 1,2, . . . , n. Portanto os coeficientes defα(x)s˜ao inteiros sobreA.
Corol´ario 1.5 Se A ´e um anel integralmente fechado, ent˜ao os coeficientes do polinˆomio caracter´ısticofα(x)s˜ao elementos deA. Em particular,TrL/KeNL/K
Demonstrac¸˜ao: Os coeficientes do polinˆomio caracter´ısticofα(x)s˜ao elementos deKe s˜ao inteiros sobreA. ComoA´e integralmente fechado, os coeficientes de fα(x)pertencem aA. Assim,TrL/K eNL/K s˜ao elementos deA.
Proposic¸˜ao 1.6 SejamAum anel integralmente fechado,Kseu corpo de frac¸˜oes,
Luma extens˜ao finita deKde grauneIL(A)o anel dos inteiros deAemL. Sejam {α1, . . . , αn}uma base deL sobreK, ondedet(TrL/K(αiαj)) 6= 0eα ∈ L. Se TrL/K(αβ) = 0para todoβ ∈L, ent˜aoalpha= 0.
Demonstrac¸˜ao: Seα ∈ L, ent˜ao α =a1α1+a2α2+. . .+anαn, onde ai ∈ K,
parai=, . . . , n. Assim, ´e suficiente mostrarmos que seTr(ααj) = 0, para cada
j = 1,2, . . . , nent˜aoα = 0. Deste modo, temos que
0 = TrL/K(ααj) =a1TrL/K(α1αj) +a2TrL/K(α2αj) +. . .+anTrL/K(αnαj),
para cadaj = 1, . . . , ne na forma matricial temos que
TrL/K(α1α1) TrL/K(α2α1) . . . TrL/K(αnα1)
TrL/K(α1α2) TrL/K(α2α2) . . . TrL/K(αnα2)
..
. ... . .. ...
TrL/K(α1αn) TrL/K(α2αn) . . . TrL/K(αnαn)
a1
a2
.. .
an
=
0
0
.. .
0
.
Comodet(TrL/K(αiαj))6= 0segue quea1 =a2 =. . .=an= 0. Portantoα= 0.
Corol´ario 1.6 Com as mesmas hip´oteses da Proposic¸˜ao 1.6, temos que a aplicac¸˜ao
ρ : L → HomK(L,K) dada por ρ(α) = Sα, onde Sα(β) = TrL/K(αβ), com
Demonstrac¸˜ao: Seα1, α2 ∈L, ent˜ao
ρ(α1+α2)(β) = TrL/K((α1+α2)(β)) = TrL/K(α1β) + TrL/K(α2β)
=Sα1(β) +Sα2(β) = (ρ(α1) +ρ(α2))(β), e
ρ(aα)(β) = Saα(β) = TrL/K(aαβ) =aTrL/K(αβ) = aSα(β) = aρ(α)(β),
para todo β ∈ L. Assim, ρ´e um homomorfismo. Agora, se α ∈ L ´e tal que ρ(α) = 0, ent˜ao ρ(α)(β) = Sα(β) = TrL/K(αβ) = 0, para todo β ∈ L.
Pela Proposic¸˜ao 1.6, segue que α = 0. Assim, ρ ´e injetora. Al´em disso, como
dimKL = dim(HomK(L,K)), segue que ρ ´e sobrejetora. Portanto, ρ ´e um
iso-morfismp.
Teorema 1.8 Se A ´e um anel integralmente fechado, Kseu corpo de frac¸˜oes,L
uma extens˜ao finita deKde grauneIL(A)o anel dos inteiros deAemL, ent˜ao
IL(A)´e umA-subm´odulo de umA-m´odulo livre.
Demonstrac¸˜ao: Seja {α1, α2, . . . , αn} uma base de L sobre K. Pelo Corol´ario
1.3 temos que toda extens˜ao finita ´e alg´ebrica, logo todos os a′
is s˜ao alg´ebricos
sobre K, ou seja, existemai ∈ A, para i = 0,1, . . . , nn˜ao todos nulos, tal que
anαni +an−1αin−1 +. . .+a0 = 0. Supondo, sem perda de generalidade, que
an6= 0e multiplicando esta equac¸˜ao poran−n 1, obtemos que
an−n 1(anαni +. . .+a0) = (anαi)n+an−1(anαi)n−1+. . .+an−n 1a0 = 0,
ou seja, anαi ´e inteiro sobre A, para i = 1,2, . . . , n. Agora, seja anαi = βi ∈
IL(A), parai = 1,2, . . . , n. Mostremos que{β1, . . . , βn} ´e uma base deLsobre
K. Para isso, suponhamos queb1β1+b2β2+. . .+bnβn= 0, ondebi ∈A, parai= 1, . . . , n. Logob1anα1+b2anα2+. . .+bnanαn= 0,e como{α1, . . . , αn}´e uma
base deLsobreKsegue quebian = 0e portantobi = 0parai= 1, . . . , n. Assim,
{β1, . . . , βn} ´e linearmente independente e como possuinelementos segue que ´e
uma base dual {γ1, . . . , γn} tal que ρ(βi)(γj) = Sβi(γj) = TrL/K(βiγj) = δij.
Agora se α ∈ IL(A)ent˜aoαβi ∈ IL(A), parai = 1, . . . , n. Pelo Corol´ario 1.5,
segue queTrL/K(αβi)∈Aparai= 1, . . . , n. Assim, comoα=c1γ1+. . .+cnγn,
com ci ∈ K, para i = 1, . . . , n, segue que TrL/K(αβi) = ci ∈ A, para i = 1, . . . , n. Portanto, IL(A) ´e um subm´odulo de um A-m´odulo livre gerado por {γ1, . . . , γn}.
Corol´ario 1.7 Com as mesmas hip´oteses do Teorema 1.8, seA ´e um anel princi-pal, ent˜ao
1. IL(A)´e umA-m´odulo livre de poston.
2. SeA ⊆IL(A) ´e um ideal , ent˜aoA ´e umA-m´odulo livre de poston.
Demonstrac¸˜ao:
1. SeA ´e um anel principal, ent˜ao temos que um subm´odulo de umA-m´odulo livre ´e livre de posto menor ou igual an. Logo, pelo Teorema 1.4, segue que IL(A)cont´em uma base de L sobre Kque possui n elementos. Portanto,
IL(A)tem poston.
2. Sejam α um elemento n˜ao nulo de A e {α1, . . . , αn}uma base de IL(A).
Se a1αα1 +. . .+anααn = 0, com ai ∈ A, para i = 1, . . . , n. Assim
{αα1, . . . , ααn} ∈ A. Portanto,A ´e umA-m´odulo livre de poston.
1.6
Discriminante de uma n-upla
Definic¸˜ao 1.19 SejamA⊆Ran´eis tal queR´e umA-m´odulo livre de posto finito
de{α1, . . . , αn}por
DR/A(α1, . . . , αn) = det(TrR|A(αiαj)),
ondei, j = 1,2, . . . , n.
Exemplo 1.6 SeK = Q(√7)´e um corpo de n´umeros e{1,√7}´e um conjunto de elementos deK, ent˜ao
DK/Q(1, √
7) =
TrK/Q(1) TrK/Q( √
7)
TrK/Q( √
7) TrK/Q( √
7)2
=
2 0
0 14
= 28.
Proposic¸˜ao 1.7 SejamA⊆Ran´eis tal queR´e umA-m´odulo livre de posto finito
n. Se{β1, . . . , βn} ´e um conjunto de elementos deRtal queβi = n
X
j=1
aijαj,com
aij ∈Aparai= 1, . . . , n,ent˜ao
DR/A(β1, . . . , βn) = (det(aij))2DR/A(α1, . . . , αn).
Demonstrac¸˜ao: Por definic¸˜ao temos que
DR/A(β1, . . . , βn) = det(TrR/A(βrβs)),
ondeβr= n
X
i=1
ariαi,βs = n
X
j=1
asjαj eβrβs= n
X
i=1
ariasjαiαj. Assim
TrR/A(βrβs) = n
X
i=1
ariasjTrR/A(αiαj),
e na forma matricial obtemos que
(TrR/A(βrβs)) = (ari)(TrR/A(αiαj))(asj)t.
Logo,
DR/A(β1, . . . , βn) = det(TrR/A(βrβs)) = det((ari)(TrR/A(αiαj))(asj)t)
= det(ari)det(TrR/A(αiαj))det(asj)t)
Corol´ario 1.8 Sejam A ⊆ R an´eis tais que R ´e um A-m´odulo livre de posto finiton e Aum dom´ınio. Se {α1, . . . , αn}e{β1, . . . , βn}s˜ao bases de R, ent˜ao
DR/A(α1, . . . , αn)eDR/A(β1, . . . , βn)s˜ao associados ou ambos possuem
deter-minantes nulos.
Demonstrac¸˜ao: Como{α1, . . . , αn}e{β1, . . . , βn}s˜ao bases de R, segue que
existem elementos aij ∈ A tais que βj = n
X
i=1
aijαi, para todo j = 1, . . . , n.
Assim, pela Proposic¸˜ao 1.7, temos que
DR/A(β1, . . . , βn) = (det(aij))2DR/A(α1, . . . , αn).
Como (aij) ´e uma matriz invers´ıvel, segue quedet(aij) ´e uma unidade do anel
A. Assim, DR/A(α1, . . . , αn) e DR/A(β1, . . . , βn) s˜ao elementos associados ou
ambos determinantes s˜ao nulos.
Exemplo 1.7 No Exemplo 1.6, vimos que o discriminante da base {1,√7} de
Q(√7)´e28. Tomando{1+√7,−4−√7}como outra base deK, pela Proposic¸a˜o 1.7, temos que
DK/Q(1 + √
7,−4−√7) =
1 1
−4 −1
2
DK/Q(1, √
7) = (3)228 = 756.
Proposic¸˜ao 1.8 Sejam A um dom´ınio, R um anel tal que A ⊆ R e R ´e um A -m´odulo livre de posto finito n. Se o conjunto {α1, . . . , αn} de elementos deR ´e
linearmente dependente sobreA, ent˜ao
Demonstrac¸˜ao: Como {α1, . . . , αn} ´e linearmente dependente sobre A, segue
que existema1, . . . , an∈A, n˜ao todos nulos, tal quea1α1+. . .+anαn= 0.
Reor-denando e tomandoa1 6= 0, consideremos o conjunto{α′1, . . . , α′n}de elementos
deR, ondeα‘′
1 = 0eα′i =αiparai= 2, . . . , n. Assim,α′i =a1,iα1+. . .+an,iαn
para i = 2, . . . , n, onde aj,1 = aj, e se i > 1temos que aj,i = 1para j = i e
aj,i = 0paraj 6= i. Temos que DR/A(α1′, . . . , α′n) = DR/A(0, α2, . . . , αn) = 0,
pois a matriz da aplicac¸˜ao do trac¸o possui a primeira linha nula. Assim, pela
Proposic¸˜ao 1.7 segue que
0 =DR/A(0, α2, . . . , αn) = DR/A(α′1, . . . , αn′) = det(aij)2DR/A(α1, . . . , αn).
Mas
(ai,j) =
a1 0 . . . 0
0 1 . . . 0
..
. ... . .. ...
0 0 . . . 1
,
logodet(aij) =a1 6= 0. Portanto, comoA´e um dom´ınio segue queDR/A(α1, α2, . . . , αn) =
0.
Lema 1.9 (Lema de Dedekind) SeG´e um grupo,Kum corpo, eσ1, . . . , σns˜ao
homomorfismos distintos deGno grupo multiplicativoK∗, ent˜ao os σ′
iss˜ao
lin-earmente independentes sobreK.
Demonstrac¸˜ao: Suponhamos, por absurdo, que os σ′
is s˜ao linearmente
depen-dentes. Assim, existem a1, . . . , an ∈ K, n˜ao todos nulos, tal que n
X
i=1
aiσi = 0,
com o n´umero rdos a′
isn˜ao nulos o menor poss´ıvel. Temos que r ≥ 2, pois os
σ′
iss˜ao n˜ao nulos. Seg ∈G, ent˜ao
Como os σ′
is s˜ao homomorfismos, segue que a Equac¸˜ao 1.2 ´e v´alida para todo
g ∈G. Assim, paragh, comh∈G, temos que
a1σ1(g)σ1(h) +a2σ2(g)σ2(h) +. . .+arσr(g)σr(h) = 0. (1.3)
Multiplicando a Equac¸˜ao 1.2 porσ1(h)obtemos que
a1σ1(g)σ1(h) +a2σ2(g)σ1(h) +. . .+arσr(g)σ1(h) = 0,
e subtraindo da Equac¸˜ao 1.3 segue que
a2(σ1(h)−σ2(h))σ2(g) +. . .+ar(σ1(h)−σr(h))σr(g).
Como isso vale para todog ∈Ge como tomamosro menor poss´ıvel, segue que a2(σ1(h)−σ2(h)) = 0. Assim σ1(h) = σ2(h), para todoh ∈ G,pois a2 6= 0.
Mas isto contradiz a hip´otese de que os σ′
is s˜ao distintos. Portanto os σi′s s˜ao
linearmente independentes.
Proposic¸˜ao 1.9 SejamL uma extens˜ao finita de graun de um corpoK, ondeK
´e finito ou tem caracter´ıstica zero, eσ1, . . . , σn, os distintosK-isomorfismo deL.
Se{α1, . . . , αn}´e uma base deLsobreK, ent˜ao
DL/K(α1, . . . , αn) = det(σi(αj))2 6= 0.
Demonstrac¸˜ao: Por definic¸˜ao DL/K(α1, . . . , αn) = det(TrL/K(αiαj)). Como o
trac¸o deαiαj ´e a soma de seus conjugados, segue que
DL/K(α1, . . . , αn) = det(TrL/K(αiαj)) = det
X
k= 1nσk(αiαj)
.
Mas, temos que
σ1(α1) σ2(α1) . . . σn(α1)
σ1(α2) σ2(α2) . . . σn(α2)
..
. ... . .. ...
σ1(αn) σ2(αn) . . . σn(αn)
σ1(α1) σ1(α2) . . . σ1(αn)
σ2(α1) σ2(α2) . . . σ2(αn)
..
. ... . .. ...
σn(α1) σn(α2) . . . σn(αn)
= n
X
k=1
Assim,detXk = 1nσk(αiαj)
= det(σi(αj))2. Portanto,DL/K(α1, . . . , αn) = det(σi(αj))2. Agora, sedet(σi(α
j) = 0, ent˜ao existema1, . . . , an∈C, n˜ao todos
nulos, tal que
n
X
i=1
aiσi(αj) = 0,paraj =,2, . . . , n. Pela linearidade conclu´ımos
que
n
X
i=1
aiσi(α) = 0, para todoα∈ L, o que ´e absurdo, pois pelo Lema 1.9 osσi
s˜ao linearmente independentes. Logodet(σi(αj))2 6= 0. Portanto,
DL/K(α1, . . . , αn) = det(σi(αj))2 6= 0.
Exemplo 1.8 Sejam K = Q(√7) e α = a +b√7 ∈ K. Como [K : Q] = 2, segue que existem doisQ-isomorfismos, σ1, σ2, ondeσ1(a+b
√
7) = a+b√7e
σ2(a+b
√
7) =a−b√7. Como{1,√7}´e uma base deQ(√7)sobreQsegue que
DK/Q(1, √
7) =
1 1
√
7 −√7
2
(−2√7)2 = 28.
Proposic¸˜ao 1.10 SeK´e um corpo finito ou de caracter´ıstica zero,L=K[α]uma extens˜ao finita deKde graunemα(x)o polinˆomio minimal deαsobreK, ent˜ao
DL/K(1, α, . . . , αn−1) = (−1)
1
2n(n−1)NL/K(m′
α(α)),
ondem′
α(x)´e a derivada demα(x).
Demonstrac¸˜ao: Sejamα, α2, . . . , αn as ra´ızes demα(x)em uma extens˜ao deK,
que s˜ao conjugados deα. Pela Proposic¸˜ao 1.9, segue queDL/K(1, α, . . . , αn−1) =
det(σi(αj))2, ondeσ
i,1 ≤ i ≤ n, s˜ao os K-isomorfismos deK[α]. Al´em disso,
temos que
det(σi(αj)) =
σ1(α) σ2(α) . . . σn(α)
σ1(α2) σ2(α2) . . . σn(α2)
..
. ... . .. ...
σ1(αn) σ2(αn) . . . σn(αn)
=
σ1(α1) σ2(α)1 . . . σn(α)1
σ1(α)2 σ2(α)2 . . . σn(α)2
..
. ... . .. ...
σ1(α)n σ2(α)n . . . σn(α)n
que ´e um determinante de Vandermonde. Logo,
det(σi(αj)) = Y
1≤i<j≤n
(αi−αj), e assim,
DL/K(1, α, . . . , αn−1) =
Y
1≤i<j≤n
(αi−αj)2. Por outro lado, como polinˆomio minimal de α ´e dado pormα(x) =
n
Y
i=1
(x−αi)
segue que
m′α(x) = n
X
j=1
n
Y
i=1,i6=j
(x−αi) e m′α(αj) = n
Y
i=1,i6=j
(αj −αi). Assim,
n
Y
j=1
m′α(αj) = n
Y
i,j=1,i6=j
(αj−αi), e como
n
Y
j=1
m′α(αj) =NL/K(m′α(α)), segue que
NL/K(m′α(α)) = n
Y
i,j=1,i6=j
(αj−αi). (1.4)
Agora, em
n
Y
i,j=1,i6=j
(αj −αi)cada fator(αi−αj)parai < j aparece duas vezes,
uma como(αi−αj)e outra como(αj−αi), e o produto das duas ´e−(αi−αj)2.
Assim, no produto da Equac¸˜ao 1.4 aparece o termo(−1)s, ondes ´e o n´umero de
pares(i, j), com1≤i < j ≤n, ou seja, NL/K(m′α(α)) =
Y
1≤i<j≤n
(−1)s(αi−αj)2. Mas, para
i= 1, temos j = 2,3, . . . , n e s= 1
i= 2, temos j = 3,4, . . . , n e s= 2
.. .
Assim
(n−1) + (n−2) +. . .+ 1 = ((n−1) + 1)n−1
2 =
1
2n(n−1) =s.
Logo
NL/K(m′α(α)) = (−1)
1 2n(n−1)
Y
1≤i<j≤n
(αi−αj)2. Portanto
NL/K(m′α(α)) = (−1)
1
2n(n−1)DL/K(1, α, . . . , αn−1) e deste modo
DL/K(1, α, . . . , αn−1) = (−1)
1
2n(n−1)NL
/K(m′α(α)),
Exemplo 1.9 Sejam L = Q(√7) e mα(x) = x2 − 7 o polinˆomio minimal de
α =√7sobreQ. Temos quem′ α(
√
7) = 2√7, eNL/K(2 √
7) =−28. Assim, pela Proposic¸˜ao 1.10, segue que
DL/K(1, √
7) = (−1)122NL/K(m′
α(
√
Resultados Auxiliares
Seja α um n´umero alg´ebrico sobre o corpo de n´umeros racionais Q, cujos conjugados α1, α2, . . . , αd (com α um destes) s˜ao considerados de forma que
|α1| ≥ |α2| ≥. . .≥ |αd|. Denotaremos pora=a(α)o coeficiente l´ıder(positivo)
do polinˆomio minimal deα(emZ[x]). Suponhamosd≥2.
Definic¸˜ao 2.1 O discriminante deα´e definido como sendo
∆(α) = a2d−2· Y
1≤i≤j≤d
(αi−αj)2 (2.1)
Observac¸˜ao 2.1 Da demonstrac¸˜ao da Proposic¸˜ao1.10temos que
D(1, α, α2, . . . , αd−1) = Y
1≤i<j≤d
(αi−αj)2.
Assim,∆(α) =a2d−2·D(1, α, α2, . . . , αd−1).
Definic¸˜ao 2.2 Definimos a medida de Mahler deαcomo sendo
M(α) = a·
d
Y
j=1
max{1,|αj|} (2.2)
Definic¸˜ao 2.3 Definimos a altura de Weil deαcomo sendo
h(α) =
1
d
logM(α) (2.3)
Definic¸˜ao 2.4 Definimos a altura de Remak deαcomo sendo
R(α) =|a||α1| · |α2| d−2
d−1 ·. . .· |αd−| 2
d−1 · |αd−1| 1
d−1 (2.4)
Exemplo 2.1 Seja α = 1 +√2 n´umero alg´ebrico sobre o corpo dos n´umeros racionaisQeP(x) =x2−2x−1seu polinˆomio minimal deα.
Como os coeficientes deP(x)est˜ao emZtemos,
∆(1 +√2) = 1·(1 +√2−(1−√2))2 = (2√2)2 = 8
M(1 +√2) = 1·max{1,|1 +√2|} ·max{1,|1−√2|}= 1 +√2
R(1 +√2) = 1· |1 +√2|= 1 +√2
Agora, vamos demonstrar alguns resultados que ser˜ao ´uteis nas demonstrac¸˜oes
dos Lemas deste Cap´ıtulo e do Cap´ıtulo posterior.
Iniciaremos mostrando que
1≤ |∆(α)| ≤M(α)2(d−1)dd, com n ≥2 inteiro (2.5) Sabemos queD(1, α, α2, . . . , αd−1) = (−1)d(d2−1)N(P′(α)), ondeN ´e a norma
eP′ ´e o polinˆomio derivado do polinˆomio caracter´ıstico. Logo,|∆(α)| ≥1.
Agora, vejamos
∆(α) = a2d−2· Y
1≤i<j≤d
(αi−αj)2 =a2d−2
1 α1 α21 . . . αd−1 1
1 α2 α22 . . . αd−2 1
..
. ... ... . .. ...
1 αd α2d . . . αd−d 1
ondeAi = (1αiα2i . . . αd−i 1).
Da desigualdade de Hadamard, temosdet[A1A2. . . Ad]≤ |A1|. . .|Ad|. Logo,
|∆(α)| ≤a2d−2|A1|2|A2|2. . .|Ad|2 , |Ai|=
q
1 +α2
i +α4i +. . .+α
2(d−1)
i
|∆(α)| ≤a2d−2·(1+α2i+α4i+. . .+α2(i d−1))(1+α2i+α4i+. . .+α2(i d−1)). . .(1+α2i+α4i+. . .+α2(i d−1))
|∆(α)| ≤a2d−2d·max(1,|α1|)2d−2 d·max(1,|α2|)2d−2
. . .d·max(1,|αd|)2d−2
|∆(α)| ≤a2d−2·dd·
d
Y
i=1
max(1,|αi|)2d−2 =dd·(M(α))2d−2.
Um outro resultado importante ´e
|∆(α)| ≤R(α)2(d−1)dd. (2.6) Sejamqi =
αi
αi−1
parai= 2,3, . . . , d,π1 =
d−1
Y
i=1
α2(i d−1) e
π2 =
d−1
Y
i=1
d
Y
j=i+1
1−
j
Y
k=i+1
qk
!2
.
Como|α1| ≥ |α2| ≥ |α3| ≥. . .≥ |αd|, temos que|qi|= |
αi|
|αi−1| ≤
1.
Da definic¸˜ao 2.1, temos
∆(α) =a2d−2π1π2.
Como|π2| ≤ddtemos que
|∆(α)| ≤ |a|2(d−1)|π1| ·dd =|a|2(d−1)|α1|2(d−1)|α2|2(d−1). . .|αd−1|2·dd.
Segue da Definic¸˜ao 2.4 que
|∆(α)| ≤R(α)2(d−1)dd.