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Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida. Diagnóstico da mastofauna do Parque Nacional das Araucárias Junho/2009

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Associação de Preservação do Meio Ambiente e da Vida

Projeto: Elaboração dos Planos de Manejo do Parque Nacional das Araucárias e da Estação Ecológica da Mata Preta

Diagnóstico da mastofauna do Parque Nacional das Araucárias Junho/2009

Responsável Técnico - CRBIO: Biól. Ms. Cintia Gizele Gruener - 41046-03D Colaboradores: Bruna Broering Savi Levi Koch Bechauser Vanessa Correa

Execução do projeto: Anuência e colaboração:

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SUMÁRIO

1. OBJETIVOS ... 3

1.1 OBJETIVO GERAL ... 3

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS ... 3

2. METODOLOGIA ... 4

2.1 COLETA DE DADOS ... 4

2.1.1 Amostragem de pequenos mamíferos voadores ... 4

2.1.2 Amostragem de mamíferos de médio e grande porte ... 4

3. DIAGNÓSTICO DA MASTOFAUNA ... 6

3.1 ESPÉCIES DE INTERESSE CONSERVACIONISTA ... 13

3.2 ANÁLISE DAS PRESSÕES E AMEAÇAS POTENCIAIS À MASTOFAUNA ... 20

3.3 RECOMENDAÇÕES PARA A CONSERVAÇAO DA MASTOFAUNA ... 24

3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS ... 25

4.BIBLIOGRAFIA CITADA ... 27

5.ANEXOS ... 30

ANEXO 1 – Lista das espécies de mamíferos registradas no Parque Nacional das Araucárias ... 30

ANEXO 2 – Espécies de mamíferos registradas no Parque Nacional das

Araucárias com o uso de armadilhas fotográficas. ... 31

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1. OBJETIVOS

1.1 OBJETIVO GERAL

Diagnosticar a mastofauna do Parque Nacional das Araucárias (PNA).

1.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS

1. Levantar e analisar a riqueza de mamíferos do PNA;

2. Relatar as espécies de mamíferos endêmicas do Bioma Floresta Atlântica;

3. Relatar as espécies de mamíferos ameaçadas de extinção;

4. Identificar a origem das ameaças à mastofauna local;

5. Recomendar ações para a conservação da mastofauna local.

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2. METODOLOGIA

Para a realização da Avaliação Ecológica Rápida (AER), foram escolhidas 4 áreas consideradas representativas do PNA, com base na análise das imagens de satélite disponíveis, no conhecimento prévio do estado da vegetação, nas possibilidades de acesso e em excursões preliminares. As áreas definidas foram amostradas por todas as demais equipes.

2.1 COLETA DE DADOS

2.1.1 Amostragem de pequenos mamíferos voadores

Para a amostragem dos morcegos foram utilizadas 6 redes de neblina (12x3) dispostas em áreas abertas, trilhas, clareiras, interiores de mata e margem de ribeirões. As redes foram abertas ao anoitecer, revisadas em intervalos de 20 min. e fechadas após cinco horas. Os espécimes capturados foram colocados individualmente em sacos de pano e após a identificação foram soltos no mesmo local. As identificações seguiram os critérios propostos por Vizotto e Taddei (1973), Barquez et al. (1993).

2.1.2 Amostragem de mamíferos de médio e grande porte

Para o diagnóstico dos mamíferos de médio e grande porte do PNA foram utilizadas metodologias diferenciadas como: entrevistas com moradores da região, observações diretas e de vestígios, e uso de armadilhas fotográficas.

Vale salientar que as entrevistas também foram feitas pela equipe dos aspectos socioambientais do Plano de Manejo, a qual realizou um levantamento com todos os moradores do interior do PNA, da zona de amortecimento e alguns do entorno, dados estes que auxiliaram na complementação do diagnóstico da mastofauna. No roteiro de entrevistas foram inseridas questões em relação a presença e ausência de espécies, a existência de conflitos nas propriedades entre os moradores e os mamíferos e a existência de pressão de caça.

A identificação por vestígios, rastros e observações diretas, foi colocada em

prática durante percursos executados em trilhas, estradas, margens de rios e

córregos, etc. O esforço amostral foi em média de 12 km por dia. Os rastros

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foram identificados a partir de guias (BECKER; DALPONTE, 1999; BORGES;

TOMÁS, 2004; OLIVEIRA; CASSARO, 2005).

Em cada área foram utilizadas quatro armadilhas fotográficas dispostas em vários ambientes e ativas durante 24 horas. Nas fotos foram registradas a data e hora para posterior análise dos dados. Para quantificar os registros individuais, foram consideradas as fotos com intervalos de uma hora.

2.1.3 Dados complementares

Para a complementação do diagnóstico da mastofauna do PNA foram

consultados os dados obtidos por Mazzolli (2008) para o projeto “Planejamento e

Implementação do Corredor Ecológico da Bacia Hidrográfica do rio Chapecó”,

realizado pela Socioambiental Consultores Associados.

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3. DIAGNÓSTICO DA MASTOFAUNA

Um aspecto problemático para a Floresta Ombrófila Mista é a ausência de espaços legalmente protegidos. Diante do intenso processo de degradação florestal, a implantação de unidades de conservação de proteção integral emerge como estratégia inadiável (MEDEIROS et al. 2005), tal como a criação do Parque Nacional das Araucárias (PNA) no Estado de Santa Catarina.

As Unidades de Conservação (UC) de Proteção Integral são o principal meio de impedir o desaparecimento da maior parte das espécies ameaçadas (WILSON, 2002). Muitas dessas áreas são núcleos importantes na conservação de espécies, atuando também como corredores entre fragmentos florestais.

O PNA, situado nos municípios de Passos Maia e Ponte Serrada (SC), representa um desses núcleos, apresentando a vegetação original em vários estágios sucessionais. A criação desta UC é uma excelente estratégia para a preservação das comunidades biológicas, contribuindo para o aumento do estabelecimento de áreas legalmente protegidas em um Estado no qual o cenário de degradação é avançado, principalmente na região oeste.

Porém, a criação e o planejamento adequado de uma unidade de conservação dependem do conhecimento o mais refinado possível dos recursos ambientais presentes. Os estudos sobre a composição faunística são ferramentas básicas para embasar o manejo e conservação de áreas naturais, principalmente em áreas de grande endemismo como a floresta atlântica (HADDAD, 1998).

Trabalhos de levantamentos possibilitam conhecer aspectos ecológicos importantes das comunidades, tais como a sua estrutura e composição (WHITTAKER 1970).

Os mamíferos estão entre os grupos zoológicos mais importantes em termos de

conservação biológica, pois são tanto polinizadores como dispersores de

sementes, além de exercerem um valioso papel nas teias alimentares. Com

mais de 7000 espécies descritas, os mamíferos são considerados um importante

componente dos ecossistemas, principalmente pela sua grande variedade de

espécies e adaptações ao ambiente. São animais considerados bons

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indicadores de qualidade ambiental (D'ANDREA et al., 1999), desta forma levantamentos deste grupo são essenciais para a definição de estratégias de conservação de áreas naturais.

Para a realização do diagnóstico da mastofauna, foram escolhidas 4 áreas consideradas representativas do PNA, com base na análise das imagens de satélite disponíveis, no conhecimento prévio do estado da vegetação, nas possibilidades de acesso e em excursões preliminares. As áreas definidas foram: Adami, Rio do Mato, Caratuva e Santa Fé (Fig. 01).

Figura 01: Localização das áreas amostrais para o diagnóstico da mastofauna do Parque Nacional das Araucárias.

Foram registradas para o PNA 30 espécies de mamíferos, destas, uma é endêmica da Mata Atlântica (MMA, 2000), 5 são ameaçadas de extinção na categoria vulnerável (MMA, 2003) e 2 são espécies exóticas. O status de conservação de cada espécie, o local e a forma de registros que possibilitaram a amostragem no PNA constam no anexo 1.

Foram percorridos aproximadamente 240 km em trilhas e estradas secundárias

para a busca de encontros diretos, rastros e vestígios. Através desta

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metodologia foram registradas 21 espécies de mamíferos de médio e grande porte pertencentes a 5 ordens.

Com 1840 horas de amostragem com armadilhas fotográficas, foi possível obter o registro de 10 espécies. Este método permitiu a identificação fidedigna de Leopardus tigrinus (gato-do-mato-pequeno), Mazama nana (veado-poca), M.

americana (veado-mateiro) e M. gouazoubira (veado-catingueiro), já que a partir da análise dos rastros somente chega-se a nível genérico.

Ao todo, foram registradas em campo 28 espécies de mamíferos de médio e grande porte, que incluem 11 carnívoros, 4 roedores, 5 artiodáctilos, 4 xenartros, 2 primatas e 2 espécies exóticas (Sus scrofa e Lepus europaeus). Os carnívoros do PNA estão muito bem representados, visto a ocorrência de 15 espécies para Santa Catarina (CHEREM et al, 2004).

Com 5880 m 2 .h de amostragem com redes de neblina foram registradas 2 espécies de morcegos, pertencentes a duas famílias: Phyllostomidae e Vespertilionidae. As fortes chuvas que ocorreram durante as AER prejudicaram a amostragem tornando extremamente subestimada a riqueza de espécies, porém a realização de mais estudos pode vir a revelar uma quiropterofauna significativa, inclusive com a presença de Myotis ruber, espécie ameaçada de extinção na categoria vulnerável.

Foram entrevistados os proprietários e obteve-se uma lista de 28 espécies de mamíferos, a espécie mais citada foi a exótica Sus scrofa (javali), seguida por Mazama sp. (veados). Todas as espécies - excetuando Eira barbara (irara), Leopardus wiedii (gato-maracajá) e Puma yagouaroundi (gato-mourisco) - também foram registradas no levantamento em campo, confirmando as citações feitas nas entrevistas. Cabe ressaltar que dos 126 entrevistados, somente 1 citou a presença de queixada (Tayassu pecari) para o PNA e 8 citaram a espécie como uma das que mais sofreram declínios populacionais por conseqüência da caça exercida na região.

Tanto os dados de campo, como os relatos obtidos durante as entrevistas,

confirmaram as perspectivas de raridade, presença e ausência de espécies. Os

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relatos das entrevistas afirmam que a anta Tapirus terrestris, assim como a onça-pintada Panthera onca, não são mais vistas na região há mais de 50 anos.

Já, um resultado que surpreendeu foi em relação ao lobo-guará Chrysocyon brachyurus, dois entrevistados confirmaram a presença constante da espécie em uma área de campo natural localizada no entorno do PNA. O lobo-guará se encontra na categoria vulnerável da lista brasileira da fauna ameaçada de extinção (MMA, 2003), o que torna urgente a inclusão dos campos naturais em espaços legalmente protegidos, principalmente em regiões como a do PNA, onde a conversão dos campos têm se dado de forma intensa. Sobre o veado campeiro Ozotocerus bezoarticus, não houve nenhum tipo de relato, indicando uma possível ausência da espécie para a região.

Segundo Mazzolli (2008), em termos de integridade ambiental a região é superada por algumas outras do estado de Santa Catarina, os ambientes campestres naturais da microrregião de Lages, são muito mais extensos e com populações de veado-campeiro, já na Serra do Mar e no Parque Estadual do Tabuleiro ainda sobrevive a anta, embora que provavelmente em número reduzido, e uma população relativamente grande de queixadas sobrevivem em uma área isolada à beira do Rio Pelotas, em Campo Belo do Sul. Este mesmo autor também afirma que assegurar a conservação dos locais onde hoje se encontram os ‘estoques’ da biodiversidade ameaçada é o pré-requisito básico para manutenção da conectividade de fauna e restabelecimento de sua integridade ambiental, sem isto, as comunidades de espécies vão tender cada vez mais à simplificação, e a restauração ambiental será gradativamente relegada a patamares inferiores de qualidade ambiental.

Desta forma, o PNA pelas espécies ameaçadas que abriga, tais como o puma Puma concolor, a jaguatirica Leopardus pardalis, o gato-do-mato-pequeno L.

tigrinus e o veado-poca Mazama nana, representa um importante núcleo para a

manutenção da integridade ambiental da região, porém é imperativo que seja

estabelecida a conectividade com outros fragmentos florestais, principalmente

com áreas de campos naturais.

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Ao comparar a riqueza obtida no presente estudo com os dados obtidos por Mazzolli (2008) para a Bacia do Rio Chapecó, vê-se a importância da continuidade das pesquisas com a mastofauna, pois por meio das AER foi possível registrar 10 novas espécies para o PNA e conforme a lista elaborada por Cherem et al. (2004) para Santa Catarina, é plausível a obtenção de novos registros, visto a atual representatividade de espécies para o Estado (19%).

A abundância relativa de mamíferos de médio e grande porte pôde ser superficialmente estimada a partir dos registros obtidos por meio de vestígios, visualizações e fotografias (Figura 2). As espécies foram classificadas como muito comuns (>15%), comuns (5 a 15%) e raras (<5%).

Cabe salientar, que a freqüência de indícios não representa necessariamente a abundancia real de uma espécie, é necessário levar em consideração que espécies diferentes apresentam diferentes graus de detectabilidade por cada método adotado, estas diferenças se dão por características biológicas e ecológicas de cada espécie.

Para esta análise foi desconsiderada a espécie exótica Sus scrofa (javali),

devido a presença constante de grandes quantidades de vestígios em toda a

área amostral, inclusive tornando difícil a contagem. A constatação feita em

campo confirma a afirmação dos entrevistados quanto a alta abundância de

javalis em relação as espécies nativas.

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Figura 2: Distribuição da abundância relativa das espécies de mamíferos de médio e grande porte registradas no Parque Nacional das Araucárias, SC.

Os registros indicaram que os veados (Mazama sp.) são muito comuns na área do PNA, correspondendo a 28% do total de registros efetuados.

Rastros de veados são fáceis de serem visualizados, pois as marcas normalmente são profundas podendo ser vistas também em substratos não muito propícios a marcações, a forma de forrageio também é outro aspecto que facilita, já que se desloca com freqüência pelos mesmos locais, outro ponto a ser considerado é que os rastros podem pertencer a 3 diferentes espécies. Todos estes pontos podem ter auxiliado na grande quantidade de registros obtidos, desta forma não refletindo a realidade da distribuição da abundância das espécies registradas durante as AER.

Seis espécies foram consideradas comuns, dentre as quais 4 são carnívoros. A

abundância dos carnívoros reflete a importância do PNA na preservação das

populações, já que aproximadamente 40% das espécies ocorrentes no parque

encontram-se ameaçadas de extinção.

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As demais espécies foram consideradas raras, perfazendo juntas um total de 27%.

Normalmente as curvas de abundância de mamíferos, são caracteristicamente compostas por poucas espécies freqüentes e um grande número de espécies raras (KALKO; HANDLEY, 2001). Segundo Pianka (1982) a ocorrência da abundância diferenciada entre as espécies se dá pelo ajuste entre os organismos e seu ambiente, definido pelo grau de adaptação de cada espécie, a qual ocorre em várias dimensões, onde os organismos devem se encaixar simultaneamente aos padrões de temperatura, umidade, competidores, predadores e encontrar uma situação média, respeitando seus limites.

A quantidade de registros obtidos nas 4 áreas amostrais foi bem diferenciada (Fig. 03). A área Caratuva foi a que melhor representou a mastofauna do PNA, o resultado pode estar diretamente relacionado ao estado avançado da vegetação e a presença de vários cursos d’água, mas ao mesmo tempo, em toda área foi observada a presença constante de javalis, o que pode gerar sérios impactos as espécies silvestres. A abundância de javalis na área pode estar atraindo o puma, pois foi encontrada uma amostra de fezes da espécie que continha pêlos de javalis, o que torna prioritário a condução de estudos a cerca dos possíveis impactos causados por esta espécie exótica na cadeia trófica.

Na área Adami foram percorridas estradas utilizadas para o manejo de espécies florestais exóticas, como o pinus e eucalyptus, e estradas que dão acesso a áreas de Reserva Legal da empresa. A variabilidade ambiental e a facilidade de obtenção de vestígios por conta do substrato das estradas foram responsáveis pela quantidade de registros obtidos, porém cabe ressaltar que foram registradas espécies ameaçadas de extinção, como a jaguatirica L.pardalis, o que reforça a necessidade de um manejo adequado para a retirada das espécies exóticas.

Na área localizada nas margens do Rio do Mato, também há plantio de pinus e a

vegetação nativa se apresenta em vários estágios sucessionais, inclusive com

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áreas primárias, contudo, foi verificada uma grande interferência no subbosque causada pela presença de javalis.

Na área Santa Fé a amostragem foi dificultada pela ocorrência de chuvas durante as atividades de campo, o que influenciou diretamente nos resultados obtidos. Nesta área é imprescindível a condução de estudos mais apurados devido a presença de campos naturais e a possível ocorrência do lobo-guará, já que há relatos para o entorno do PNA. Outro ponto que coloca esta área prioritária para a conservação de mamíferos foi o registro de puma Puma concolor.

Figura 03: Quantidade de registros de mamíferos de médio e grande porte obtidos nas 4 áreas amostrais do Parque Nacional das Araucárias.

3.1 ESPÉCIES DE INTERESSE CONSERVACIONISTA

Foram consideradas todas as espécies ameaçadas de extinção e endêmicas da

Floresta Atlântica, além das espécies cujas populações encontram-se reduzidas

devido a poucos ou nenhum registro no PNA, como o caso do queixada Tayassu

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pecari que foi citado por poucos moradores, mas não foi confirmada a presença em campo.

1- Bugio Alouatta guariba clamitans

O bugio foi registrado por vocalização, observação direta e entrevistas. Apesar de estar considerado quase ameaçado de extinção pelo IBAMA, encontra-se como ameaçado de extinção na Lista dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná, devido à destruição de seu hábitat, resultado da intensiva ocupação pelo homem, desmatamento e também pela caça indiscriminada, pois infelizmente sua carne e sua pele são apreciadas (MARGARIDO; BRAGA, 2004).

2 – Macaco prego Cebus nigritus

Esta espécie foi registrada a partir de observação direta e entrevistas. Este primata é considerado como um dos mais comuns no Neotrópico, pois apresenta uma grande capacidade reprodutiva e uma notável variação de comportamento.

Podem ser considerados onívoros, alimentando-se de insetos, frutos, flores, sementes, brotos e ovos (AURICCHIO, 1995). Encontra-se como quase ameaçado de extinção pelo IBAMA.

3 – Gato-do-mato-pequeno Leopardus tigrinus

Esta espécie foi registrada por armadilha fotográfica na área do Rio do Mato

(Fig. 4). Devido à destruição de seu hábitat e à caça predatória para

comercialização de sua pele esta espécie encontra-se como vulnerável pelo

IBAMA, além de constar em todas as listas estaduais de espécies ameaçadas

(MARGARIDO; BRAGA, 2004).

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Figura 4 – Gato-do-mato-pequeno (Leopardus tigrinus) registrado com o uso de armadilhas fotográficas na área Rio do Mato do Parque Nacional das Araucárias.

4 – Jaguatirica Leopardus pardalis

A jaguatirica foi registrada no PNA através de rastros, fezes e armadilha

fotográfica nas áreas Caratuva, Adami e Rio do Mato, além dos relatos obitdos

nas entrevistas (Fig. 5). A caça para o comércio de peles e a destruição das

florestas são as principais causas de ameaça. Além disso, o pequeno

conhecimento sobre a biologia desta espécie, limita a possibilidade de atuação

em estratégias de conservação. É considerada vulnerável pelo IBAMA e no

estado do Paraná e criticamente em perigo de extinção para outros estados

brasileiros, (MARGARIDO; BRAGA, 2004).

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Figura 5 – Jaguatirica (Leopardus pardalis) registrada com o uso de armadilhas fotográficas na área Adami do Parque Nacional das Araucárias.

5 – Puma Puma concolor

Esta espécie foi registrada nas áreas Caratuva e Santa Fé, além de ter sido citada pelos entrevistados e registrada para o PNA por Mazzolli (2008).

Utiliza diferentes habitats, sendo um predador generalista e se adaptando a ambientes secundários. Pode ser encontrado desde o nível do mar até 5.800 m de altitude, nas montanhas andinas. No Brasil ocorre na floresta amazônica, campos e matas pantaneiras, cerrado, caatinga, mata atlântica e pampas da serra gaúcha, já foi avistado até mesmo em áreas de pastagem e plantações, mesmo que talvez estivesse apenas de passagem por estes locais (SILVA, 1984; REDFORD; EISENBERG, 1992).

O puma é a espécie de mamífero do PNA que ocupa a maior área de vida. O

tamanho do território pode ser bastante extenso, de acordo com a

disponibilidade de presas, tipo de cobertura vegetal e época do ano, chegando

no Pantanal a 82 km 2 (OLIVEIRA; CASSARO, 2005). A distribuição de puma

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está relacionada a existência de ambientes com vegetação original e remanescentes contínuos, o que faz dele um bom indicador ambiental (MAZZOLLI, 1993)

É um predador generalista, entre as presas citadas para Puma concolor estão capivaras, pacas, cutias, outros pequenos roedores, marsupiais, tatus, tamanduás-mirim, veados, queixadas, lebres nativas e exóticas, quatis e ouriços, além de teídeos, aves e peixes. P. concolor mata suas presas por asfixia, através de uma mordida na garganta, deixando muitas vezes as marcas das garras visíveis nos ombros e dorso das presas (NOWAK, 1999). Durante o diagnóstico em campo foi coletada uma amostra de fezes da espécie que continha pêlos de javali (Sus scrofa), este fato pode contribuir para o controle desta espécie exótica, mas ao mesmo tempo pode causar um distúrbio na dinâmica das populações de suas presas naturais.

Na grande maioria dos casos de predação por carnívoros silvestres sobre criações de animais domésticos reflete algum tipo de desequilíbrio ambiental local, pois geralmente pumas não possuem o hábito natural de atacar as criações (PITMAN et al. 2002).

O puma sempre foi perseguido em toda a sua distribuição, por atacar rebanhos domésticos (CURRIER, 1983), mas os conflitos se intensificam quando as criações se encontram no interior ou em áreas limítrofes com Unidades de Conservação, como é o caso do PNA. Ataques a rebanhos já foram relatados pelos moradores, o que tem colocado em alto risco a sobrevivência da espécie, visto que dois indivíduos foram mortos no período de um mês, segundo os relatos.

Pode-se esperar que a perda de grandes predadores, como o puma, produza

mudanças rápidas e em cascata em todo o ecossistema, afetando inclusive o

recrutamento das espécies de plantas (TERBORGH, 1988). Na ausência de

predadores, suas presas naturais, como mamíferos herbívoros, roedores, aves,

répteis e insetos tendem a se multiplicar exponencialmente, trazendo sérios

prejuízos à agricultura e consideráveis perdas financeiras (PITMAN et al., 2002).

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Esta espécie de felino encontra-se como vulnerável nas listas de espécies ameaçadas de extinção do IBAMA e do Paraná, e nos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio de Janeiro, São Paulo como criticamente em perigo de extinção (MARGARIDO; BRAGA, 2004) e segundo a lista mundial (IUCN, 2007) está quase ameaçada.

Para a conservação desta espécie são necessárias medidas de proteção de hábitats, manutenção e criação de corredores ecológicos, fiscalização, pesquisas referentes à sua distribuição, biologia e ecologia, e o monitoramento das populações do PNA. Por exemplo, no Parque Estadual Vila Rica do Espírito Santo e em remanescentes florestais vizinhos estão sendo desenvolvidos estudos sobre a dieta e aspectos históricos e atuais de interações entre humanos e carnívoros, que permitirão a elaboração de estratégias conservacionistas e de manejo para esta espécie.

De acordo com Metzger (2003), Puma concolor é uma espécie guarda-chuva , pois possui exigências ambientais maiores do que as demais espécies que vivem no mesmo habitat, de forma que ao garantir as condições para a manutenção desta espécie será possível manter as demais.

6 – Lontra Lontra longicaudis

A lontra foi registrada a partir de rastros, fezes nas áreas Rio do Mato e Santa Fé. Esta espécie está enquadrada pelo IBAMA com quase ameaçada de extinção e encontra-se nas Listas das Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna dos Estados de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, São Paulo e Paraná (MARGARIDO; BRAGA, 2004).

KASPER et al. (2004) relatam em seu estudo que Lontra longicaudis utiliza dois tipos de abrigos: abrigos construídos por escavações em barrancos coberto por vegetação, nas margens dos rios e abrigos naturalmente construídos em meio a raízes de árvores na floresta ciliar, sendo esses últimos preferidos.

A conservação das florestas ciliares propicia a existência destes hábitats para L.

longicaudis, o desfloramento desta vegetação resulta no desaparecimento local

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da espécie. Segundo QUADROS; MONTEIRO-FILHO (2002) a preservação da Floresta Ombrófila Densa Aluvial, mantém o hábitat favorável à presença de lontras neotropicais, relatando a importância das florestas aluviais na estabilidade destes microhabitats durante as cheias.

Os registros da espécie no PNA foram em locais onde a vegetação é densa.

Poré, há alguns ribeirões no interior da UC que sofreram com a ação antrópica, onde a mata ciliar está ausente, o que torna necessário a aplicação de medidas para a devida recuperação.

7 – Veado-poca Mazama nana

Foi possível obter um registro com o uso de armadilha fotográfica na área Caratuva. Esta espécie encontra-se como vulnerável na lista do IBAMA e nas listas estaduais do Paraná, Rio Grande do Sul e Rio de Janeiro (MARGARIDO;

BRAGA, 2004) e deficiente em dados pela Red List of Treatened Animals (2007). As outras duas espécies do gênero também estão consideradas deficientes em dados pela IUCN (2007).

Segundo MARGARIDO; BRAGA (2004) as medidas propostas para a conservação são a fiscalização da caça, o monitoramento em ambientes naturais, a proteção de hábitats e o desenvolvimento de pesquisas em taxonomia, distribuição, biologia e ecologia.

8 – Cateto Tayassu tajacu

Esta espécie ocorre em todo o Brasil. É um taiassuídeo que ocorre em uma grande variedade de habitas, desde floresta úmidas até regiões áridas, com um sua atividade diurna e crepuscular (EISENBERG; REDFORD, 1999).

Consome sementes e frutos de palmeiras e outras espécies vegetais, podendo

atuar como um predador de sementes para a maioria das espécies que ingere

devido a suas possantes mandíbulas, atuando como dispersor de sementes

para as espécies de sementes pequenas como as do gênero Ficus (ROCHA,

2001 apud REIS et al., 2005). Consome também diversos vegetais como folhas,

raízes e tubérculos, complementando sua dieta com invertebrados,

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principalmente insetos. Ocasionalmente podem comer ingerir alguns répteis e outros pequenos vertebrados (EISENBERG; REDFORD, 1999). A alta abundância de javalis na área do PNA pode influenciar diretamente na dinâmica das populações, visto que podem ser severos competidores.

É uma espécie gregária, geralmente formando bandos com até 20 indivíduos, com densidade de 5 indivíduos por km 2 (EISENBERG; REDFORD, 1999).

Porém, os registros obtidos para o PNA demonstram haver uma redução no tamanho dos bandos, com no máximo 3 indivíduos, o que reforça que está havendo um forte impacto da caça sobre as populações de catetos do PNA.

Entre os taiassuídeos, esta é a espécie com maior capacidade de adaptação a alterações de habitat, porém também são bastante perseguidos pela caça de subsistência e predatória (BODMER E PENN-JR, 1997 apud REIS et al., 2005), por este motivo a espécie foi considerada vulnerável e esta incluída no Livro vermelho da fauna ameaçada de extinção no Estado do Paraná (MARGARIDO E BRAGA, 2004 apud REIS et al., 2005).

9 – Queixada Tayassu pecari

O queixada só foi citado por um entrevistado e sua presença em campo não foi confirmada, desta forma recomenda-se que seja conduzida uma verificação com maior profundidade. O queixada, assim como o cateto, também é uma espécie cinegética e ambas espécies são importantes na cadeia alimentar do puma, portanto a presença e permanência das populações podem garantir a sobrevivência deste grande felino.

3.2 ANÁLISE DAS PRESSÕES E AMEAÇAS POTENCIAIS À MASTOFAUNA Animais domésticos

Durante as AER foi verificada a presença de cães domésticos. Na maioria das

vezes, são cães de caçadores que se perdem, estes animais quando não são

capturados e retirados acabam formando matilhas com outros cães também

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perdidos, facilitando os ataques a fauna local. Ações para a retirada destes cães devem ser sempre empreendidas.

Devido ao grande número de animais domésticos no PNA e a ampla zona de contato destes com as espécies silvestres, existe um alto risco de problemas de ordem epidemiológica em ameaça as populações de mamíferos silvestres, como principalmente de carnívoros.

Conflitos com propriedades em relação à prejuízos causados pela fauna No período que compreendeu as AER no PNA, foram relatados por proprietários a predação de animais domésticos por carnívoros silvestres, como o puma, a jaguatirica e os gatos-do-mato. A predação tem gerado conflitos, tornando frágil a conservação das espécies. Silveira e Jácomo (2002) no Parque Nacional das Emas realizaram um trabalho de prevenção junto às fazendas do entorno, as medidas consistiam entre outras coisas, do manejo das pastagens, controle reprodutivo e sanitário do rebanho, a única que não as adotou continuou tendo problemas com a predação, enquanto que nas outras o problema foi sanado.

Cabe ressaltar que 42 entrevistados citaram ter problemas com ataques de javalis às plantações, principalmente de milho.

Ocorrência de javalis (Sus scrofa)

Sus scrofa é uma espécie exótica agressiva e resistente que vive em bandos.

São mamíferos robustos, muito corpulentos e cobertos por pelos grossos, podem atingir até 200 kg de massa (Fig. 6). A porção dianteira é massiva e grande quando comparada com a porção traseira. A nuca é grossa com cabeça em forma de cunha e focinho articulado capaz de revirar o solo. Cada fêmea pode ter de 6 a 10 filhotes por vez, mas somente a metade sobrevive geralmente. A espécie atinge a idade reprodutiva aos 10-12 meses (BORGES &

TOMÁS, 2004).

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Figura 6 – Javali (Sus scrofa) registrado com o uso de armadilhas fotográficas na área Caratuva do Parque Nacional das Araucárias.

Este animal chegou ao Brasil pelo Uruguai, fugido de fazendas de caça que importaram o mamífero da Europa. O primeiro foco da invasão foi no Rio Grande do Sul e depois se alastrou de tal forma que hoje já está até nos estados de Minas Gerais e Bahia (INSTITUTO HORUS, 2009).

São vários os impactos ecológicos causados por esta espécie exótica:

competição com espécies nativas de porcos-do-mato e alteração do ambiente natural por fuçar, deslocando plantas nativas e alterando solos principalmente de brejos e beira de rios; danificam as plantas da regeneração natural das florestas, causando sérios danos a longo prazo; transmitem seis tipos de doenças, inclusive raiva, leptospirose e febre aftosa (INSTITUTO HORUS, 2009).

Dados mundiais apontam a introdução de espécies exóticas como sendo

responsável por 22 das 36 extinções de espécies de anfíbios e répteis, desde

1600, no mundo. Só na Nova Zelândia, desde 1840, foram extintas 31 espécies

de aves e pássaros, 23 destas devido à introdução de espécies exóticas (IUCN,

2000). Instituições e movimentos internacionais e nacionais (IUCN, WWF, World

(23)

Rainforest Movements, Instituto Horus, Instituto Sócio-Ambiental) têm somado esforços no sentido de encorajar o desenvolvimento e a implementação de campanhas de erradicação e controle de plantas exóticas invasoras.

Desta forma, é recomendável que seja feita uma notificação ao IBAMA, ICMBio e à FATMA, sobre a ocorrência desta espécie no PNA, para que sejam tomadas as devidas providências para minimizar este grande impacto à biota local.

Caça

Há relatos de proprietários que confirmam que ainda ocorre a caça na região do PNA. A caça acarreta a diminuição das densidades das espécies de maior porte, que são mais visadas, se a pressão de caça for muito intensa os animais com baixas densidades e baixas taxas reprodutivas poderão desaparecer (PERES, 1990). Redford (1992) chegou ao valor de 81% de redução da densidade de mamíferos comparando as áreas de caça com a densidade de áreas onde esta atividade não ocorre, há ainda a perda de processos de manutenção da diversidade biológica, como dispersão e predação de sementes, herbivoria e predação. A caça por ser seletiva acaba modificando a composição da comunidade animal (CULLEN JR. Et al. 2000).

Na perspectiva conservacionista, a caça vem sendo apontada como importante fator de pressão para a extinção de um conjunto de espécies (MITTERMEIER e BAAL, 1988).

Para que seja possível avaliar os efeitos da caça sobre as populações animais, é necessário estimar a pressão de caça existente e os parâmetros populacionais básicos das espécies de mamíferos de médio e grande porte ocorrentes no PNA.

Áreas antropizadas

No PNA há grandes extensões de plantios de espécies exóticas como Pinus sp.,

nestas áreas foram verificadas a presença de mamíferos ameaçados de

extinção. As propriedades que possuem grandes extensões de plantios devem

ser prioritárias na seleção para indenização, e ao passo que os proprietários

(24)

forem indenizados deve ser promovida a erradicação das espécies exóticas e a regeneração natural das áreas.

Perda e fragmentação de habitats

Um dos principais problemas para a fauna, principalmente de grandes mamíferos é a fragmentação de ambientes e o isolamento do PNA. A fragmentação de habitats traz conseqüências sobre a biodiversidade, tornando a dinâmica das comunidades diferente daquela prevista para sistemas naturais contínuos (METZGER, 2003). A perturbação gerada pela fragmentação pode modificar a comunidade original de várias formas, usualmente com efeitos sobre a riqueza e a composição de espécies (SCHOEREDER et. al., 2003).

Desta forma é importante ressaltar a necessidade de estudos em áreas adjacentes ao PNA para verificar a presença e efetividade de corredores ecológicos para a mastofauna, principalmente em áreas de campos naturais.

3.3 RECOMENDAÇÕES PARA A CONSERVAÇAO DA MASTOFAUNA

Com base nos dados levantados nas AER recomenda-se as principais ações a serem desenvolvidas para garantir a conservação da mastofauna do PNA:

• Formulação de políticas de fiscalização para coibir atividades ilegais e causadoras de impactos;

• Programas de Educação Ambiental nas escolas, comunidades e assentamentos do interior e zona de amortecimento que tratem da compreensão de conceitos referentes à valorização da mastofauna local.

• O PNA deve incentivar e apoiar iniciativas de melhoramento no manejo dos rebanhos a fim de minimizar as mortes por pumas e garantir a preservação do mesmo.

• A preservação das matas ciliares de cursos d’água do PNA e entorno é

fundamental na manutenção de abrigos e corredores ecológicos para várias

espécies da mastofauna como no caso da lontra. A conectividade entre o PNA e

(25)

outros remanescentes florestais pode se dar através da recuperação das matas ciliares em parceria com os proprietários de terras adjacentes ao PNA.

• As Áreas de Proteção Permanente e Reservas Legais das propriedades do entorno também podem servir de corredores para a mastofauna e deve ser cobrado o cumprimento da legislação pertinente.

• A retirada e erradicação das espécies exóticas deve contemplar estudos que visem um manejo que propicie o menor impacto à mastofauna local.

• Realização de controle epidemiológico dos animais domésticos da região seria uma das formas de reduzir ou neutralizar os impactos.

• A realização de um diagnóstico apurado sobre a ocorrência de queixadas Tayassu pecari no PNA é considerado de extrema importância.

• É prioritária a condução de estudos a cerca dos impactos causados por javalis e as possíveis medidas para a erradicação da espécie no PNA e região.

• É essencial a realização de estudos a longo prazo para avaliar as estimativas populacionais de mamíferos de médio e grande porte em áreas núcleo, borda e entorno do PNA, a fim de verificar a viabilidade das populações e reconhecer os efeitos das pressões e ameaças existentes.

• Para garantir a preservação da mastofauna local é primordial a condução de estudos sobre Puma concolor no PNA, principalmente por ser uma espécie guarda-chuva. O estudo detalhado desta espécie permitirá entender as condições mínimas necessárias para a persistência da mesma e teoricamente, das demais espécies menos exigentes.

3.4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A maior parte dos remanescentes florestais da floresta atlântica encontra-se

fragmentado. O isolamento de muitos fragmentos em meio a áreas de plantio de

espécies exóticas dificulta a manutenção dos mesmos, visto que muitas

espécies arbóreas já ocorrem de forma rara ou dispersa na comunidade. Os

(26)

fragmentos podem representar em torno de 10 a 20% da área florestal original, deste modo, percebe-se o quão difícil é a manutenção do fluxo gênico das espécies.

Diante deste quadro, percebe-se a importância da preservação de um maciço de floresta ombrófila mista, tal como o PNA. Esta área torna-se relevante tanto pela extensão quanto pelas espécies vegetais ali presentes, como Araucaria angustifolia e Ocotea porosa.

Foram registradas no PNA espécies de mamíferos que estão ameaçadas de extinção e estes são critérios importantes para a criação e manutenção de áreas prioritárias para a conservação da natureza. Estas espécies permitem o estabelecimento de programas prioritários para a preservação da biodiversidade, fornecendo subsídios para a formulação de políticas de fiscalização e estratégias de recuperação e preservação da fauna ameaçada e endêmica.

Com o registro de espécies ameaçadas, se faz necessária a adoção de medidas para a conservação, a partir do desenvolvimento de pesquisas relativas a história natural e ecologia juntamente com ações voltadas à educação ambiental e à proteção de hábitats.

O principal fator para a manutenção destas espécies é a preservação do habitat, a qual pode ser alcançada através do estabelecimento de áreas protegidas, evidenciando o desempenho significante efetivado pelo PNA para o refúgio da fauna.

Diante do quadro de degradação ambiental do Estado de Santa Catarina, todo e

qualquer remanescente é imprescindível, de valor inestimável e refúgio único

para a fauna, bem como de esperança futura de ter um banco de germoplasma

para recuperar parte do que já está degradado. O PNA por seu tamanho, pelos

ecossistemas que abriga, pelas espécies já encontradas e ainda por aquelas

não registradas, reveste-se de importância para as atuais e futuras gerações.

(27)

4.BIBLIOGRAFIA CITADA

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(30)

5.ANEXOS

ANEXO 1 – Lista das espécies de mamíferos registradas no Parque Nacional das Araucárias; espécies endêmicas da Mata Atlântica; grau de ameaça IUCN (IUCN, 2008) e IBAMA (MMA, 2003) DD: deficiente em dados, NT: quase ameaçada, VU: vulnerável; tipos de registro: E-entrevista, R-rastro, OD-observação direta, Vo-vocalização, C-captura, Fe- fezes, AF-armadilha fotográfica; áreas de coleta: 1- Caratuva; 2- Adami; 3- Rio do Mato; 4- Santa Fé.

Ordem Espécie Nome popular Endêmica IBAMA Tipo de

registro Área

Xenarthra Dasypus novemcinctus Tatu-galinha E, R 1,2,3 e 4

Euphractus sexcinctus

Tatu-peba

E,R, OD 1,2

Cabassous tatouay Tatu-de-rabo-mole DD E, OD 1

Tamandua tetradactyla Tamanduá-mirim E,OD,AF 1,2 e 3

Primate Alouatta guariba clamitans

Bugio

X NT E,OD,Vo 1

Cebus nigiritus Macaco-prego NT E,OD 1

Chiroptera Sturnira lilium Morcego C 1 e 3

Histiotus velatus Morcego C 1 e 3

Carnivora Leopardus sp. Gatos-do-mato R,E 1,2,3 e 4

Leopardus wiedii Gato maracajá VU E 1

Leopardus tigrinus Gato-do-mato-

pequeno VU E,AF 1 e 3

Leopardus pardalis Jaguatirica VU E,R,Fe e AF 1, 2 e 3

Puma concolor Puma VU E, R, Fe 1 e 4

Puma yagouaroundi Gato mourisco E 1

Procyon cancrivorus Mão-pelada E,R,AF 1 e 3

Lontra longicaudis Lontra NT E,Fe 1,3 e 4

Eira barbara Irara E 1

Cerdocyon thous Cachorro do mato E,R,OD,AF 1,2,3

Pseudalopex gymnocercus

Raposa-do-campo AF 2

Nasua nasua Coati E,OD 1, 3

Rodentia Dasyprocta azarae Cutia NT E,R 1,2

Cuniculus paca Paca E,R 1,3

Myocastor coypus Nutria E, R 1

Hydrochoerus hydrochaeris

Capivara E,R,Fe 3 e 4

Lagomorpha Lepus europaeus Lebre-européia OD,E 1,2

Artiodactyla Mazama americana Veado-mateiro AF,E 1,2

Mazama gouazoubira Veado-catingueiro E,OD,AF 1,2 e 4

Mazama nana Veado-poca VU E,AF 1

Tayassu tajacu Cateto E,OD,R 1,3

Tayassu pecari Queixada E 1 e 2

Sus scrofa Javali E,OD,R,AF 1,2,3,4

(31)

ANEXO 2 – Espécies de mamíferos registradas no Parque Nacional das

Araucárias com o uso de armadilhas fotográficas.

(32)

A - Tamanduá-mirim (Tamandua tetradactyla) registrado na área Rio do Mato do Parque Nacional das Araucárias.

B – Graxaim-do-campo (Pseudalopex gymnocercus) registrado na área Adami do

Parque Nacional das Araucárias.

(33)

C – Mão-pelada (Procyon cancrivorus) registrado na área Rio do Mato do Parque Nacional das Araucárias.

D – Cachorro-do-mato (Cerdocyon thous) registrado na área Rio do Mato do Parque Nacional das Araucárias.

(34)

E – Veado-mateiro (Mazama americana) registrado na área Adami do Parque Nacional das Araucárias.

F – Veado-virá (Mazama gouazoubira) registrado na área Caratuva do Parque Nacional

das Araucárias.

(35)

G – Veado-mateiro (Mazama americana) registrado na área Caratuva do Parque

Nacional das Araucárias.

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