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Entre redes e negócios: uma análise dos Homens de negócio da Praça do Rio de Janeiro (c ).

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Academic year: 2021

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Entre redes e negócios: uma análise dos Homens de negócio da Praça do Rio de Janeiro (c.1750 - 1808).

Lucimeire da Silva Oliveira

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Resumo: O presente artigo tem como objetivo principal apresentar os principais objetivos e apontamentos de pesquisa que tem como objeto o estudo dos homens de negócio atuantes na cidade do Rio de Janeiro entre os anos de 1750 e 1808. Assim, buscar-se-á empreender uma análise de um grupo que se tornou protagonista tanto na esfera econômica quanto na esfera política na capitania fluminense durante a segunda metade do século XVIII, momento em que a capitania do Rio de Janeiro se configura como a principal cidade do Império Ultramarino Português

Palavras chave: Homens De Negócio. Rio De Janeiro.Pombalismo. Tráfico De Escravos. Elite.

Abstract: This article aims to present the main objectives and research notes that has as object the study of merchant working in the city of Rio de Janeiro between the years 1750 and 1808.

So, will seek to be undertaken an analysis a group that became a protagonist both in the economic sphere and in the political sphere in the state captaincy during the second half of the eighteenth century, at which time the captaincy of Rio de Janeiro is configured as the most important city of the Portuguese Empire.

Keywords: Merchant. Rio De Janeiro.Pombalism. Slavetrade. Elite.

O presente trabalho pretende mostrar notas de um estudo que se encontra em fase de levantamento e sistematização de fontes, nesse sentido pretendemos nesse artigo mostrar os principais objetivos do projeto de pesquisa que tem como objeto o estudo dos homens de negócio atuantes na cidade do Rio de Janeiro entre 1750 e 1808.

Antes de avançarmos, primeiramente é importante explicamos de quais indivíduos estamos falando quando utilizamos o termo “homens de negócio” ou “negociante”. De acordo com Sampaio, na América portuguesa, segundo a classificação social da época, os “homens de negócio” no Rio de Janeiro estariam relacionados, sobretudo ao comércio ultramarino e a

1Doutoranda do Programa de Pós-graduação em História Social da Universidade Federal do Rio de Janeiro (PPGHIS-UFRJ). E-mail: lucimeiresoliveira@gmail.com

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atividades econômicas diferenciadas.

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Por tal diversificação “leia-se a atuação em atividades mercantis e creditícias – notadamente enquanto credores de terceiros –, arrematações de contratos, compras de bens imóveis urbanos rurais etc.”

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Tais grupos diferenciavam-se dos

“mercadores”, termo que denominava os indivíduos relacionados ao comércio especializado de pequeno e médio porte.

Isso fica evidente nos dicionários da época, no de Raphael Bluteau de 1712 - 1728, que por negociante compreendia “aquele que trata de negócios próprios, e ou alheios” e o termo

“homem de negócio” estaria associado a “banqueiro.”

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Já no dicionário de Morais e Silva de 1789, “homem de negócio” será a “figura que conhece, entende, e sabe procurar o seu interesse, e o bom êxito, de que se incumbe sob tudo em matéria de interesse”.

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Tais definições mostram que já na primeira metade do século XVIII otermo era amplamente utilizado para designar aqueles que exerciam um nível mais elevado do comércio.Isso fica mais claro na definição de Alberto Jaqueri de Sales em 1813, que em sua definição de homem de negócio:

compreende a ocupação de um membro que remete para os países estrangeiros as produções da sua Pátria, ou seja com o fim de troca-las por outras necessárias, ou por dinheiro, este comércio feito por terra, ou por mar, tem distinto nome de comércio em grosso, e os que se ocupam nele são chamados de homens de negócios_ Esta profissão é muito necessária, porque é a alma da Navegação, e que aumenta as riquezas relativas do Estado.6 (grifo nosso)

A constituição deste grupo social está ligada à virada do século XVII para o XVIII, período em que o Rio de Janeiro passava por uma série de transformações que refletiriam diretamente na economia da cidade. Essas transformações influenciaram o crescimento da atividade comercial e no aparecimento os homens de negócio, que aos poucos ia se configurar em uma nova elite atuante na cidade do Rio de Janeiro, ligada ao comércio interno e externo.

Sem dúvida, um dos fatores que mais contribuiu para a redefinição do papel da cidade do Rio de Janeiro no interior do Império português foi a descoberta de ouro no final do século XVII.

2SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de.Na encruzilhada do Império:Hierarquias Sociais e Conjunturas Econômicas no Rio de Janeiro (c.1650-c.1751). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003.

3MATHIAS, Carlos Leonardo Kelmer. A cor negra do ouro: circuitos mercantis e hierarquias sociais na formação da sociedade mineira setecentista, c.1711-c.1756. 2009. (Tese de doutorado), p. 84.

4BLUTEAU, Raphael. Vocabularioportuguez& latino: aulico, anatomico, architectonico ... Coimbra: Collegio das Artes da Companhia de Jesus, 1712 - 1728. 8 v.

5Dicionário da língua portuguesa composto pelo padre D. Rafael Bluteau, reformado, e acrescentado por Antonio de Moraes Silva natural do Rio de Janeiro (Volume 1: A - K). SILVA, Antônio de Morais, 1755-1824.

6SALES,Alberto Jaqueri de. Diccionario Universal de Commercio. Tradução e adaptação do DictionaireUniversel de Commerce, de Jacques SavarydesBrulons, 3 vols., 1813

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A produção do ouro provocou múltiplos impactos na economia e uma reorganização social de toda colônia e especialmente do Rio de Janeiro.

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Uma das principais consequências da descoberta do ouro foi o crescimento da utilização da mão de obra escrava africana. A necessidade de escravos para trabalhar nas minas provocou uma elevação avassaladora do número de cativos desembarcados na América portuguesa e principalmente no porto do Rio de Janeiro. Privilegiada pela localização de seu porto ainda na primeira metade do século XVIII, a cidade do Rio de Janeiro assume a função de abastecedora mais importante e de porta de entrada das regiões mineradoras. De acordo com Calos Kelmer,

“entre 1739 e 1759, dos cerca de 6.000 escravos enviados anualmente para a capitania de Minas a capitania fluminense foi responsável por 65% do total, ficando os outros 35% a cargo da capitania baiana.”

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Nesse quadro, o Rio de Janeiro paulatinamente vai suplantando o porto baiano já a partir da década de 1720 e se transforma no principal porto de escoamento de escravos para as Minas.

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A utilização do ouro como moeda de troca nos circuitos negreiros fez com que o tráfico ganhasse um novo estímulo, aumentando cada vez mais a oferta de cativos no litoral africano e o estabelecimento de uma relação direta entre o porto do Rio de Janeiro e os portos africanos.

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Com a ajuda do ouro mineiro, o porto do Rio de Janeiro transforma-se já na primeira metade do setecentos no maior receptor de escravos vindos de Luanda. Já entre 1723 e 1771 metade dos 203.904 escravos exportados desse porto era direcionado para a capitania fluminense.

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É importante ressaltar que o crescimento da importância do porto do Rio de Janeiro não está relacionado somente à utilização do ouro como moeda de troca, mas também, dentre outros fatores, à alta lucratividade do comércio negreiro. A valorização do preço de um escravo adulto

7 SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. A curva do tempo: as transformações na economia e na sociedade do Estado do Brasil no Século XVIII. In: FRAGOSO, J. R. e GOUVÊA M. F (org.). Coleção Brasil Colonial:

1720-1821 Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, Volume 3, 2013.p.323.

8 MATHIAS, Carlos Leonardo Kelmer. Op. cit. p.84

9 Sobre a concorrência entre Bahia e Rio de Janeiro para atender o mercado consumidor mineiro de escravos ver:

RIBEIRO, Alexandre Vieira. A cidade de Salvador: estrutura econômica, comércio de escravos, grupo mercantil (c. 1750 - c. 1800). (Tese de doutorado). Rio de Janeiro: PPGHIS, Universidade Federal do Rio de Janeiro, 2009, p. 247.

10 Em artigo, Sampaio mostra a relação direta entre Angola e o Rio de Janeiro e a importância que os metais preciosos ganham em tal comércio SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. A produção da liberdade: padrões gerais das manumissões no Rio de Janeiro colonial”. In: FLORENTINO, Manolo. (org.). Tráfico, cativeiro e liberdade:

Rio de Janeiro XVII a XIX. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2005. p.312

11Idem. p.292

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chega a 135,25% no Rio de Janeiro entre o século XVII e o XVIII.

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Altamente lucrativo, o tráfico vai atrair o interesse dos comerciantes fixados no Rio de Janeiro, que cada vez mais atuaram como os principais protagonistas no comércio africano. De acordo com Roquinaldo Ferreira, já na terceira década do setecentos o tráfico angolano tinha como seu núcleo mercantil o centro-sul do Brasil e não Lisboa, a capital do reino.

Entre 1736 e 1770, comparando com Lisboa, as três praças mercantis brasileiras que negociavam com Luanda - Salvador, Recife e Rio de Janeiro – usufruíam larga vantagem com o comércio direto com Angola. Seus navios respondiam 85% de toda a movimentação do porto da cidade, enquanto apenas 15% vinham de Portugal.13

Para o autor, o principal fator que estimulava o sucesso dos traficantes atuantes no Brasil nos portos angolanos era a utilização de produtos da terra que financiavam os seus investimentos, como as aguardentes provenientes do Rio de Janeiro, que além de possuir um baixo custo, eram fundamentais na troca por cativos. Entre os principais produtos brasileiros podemos citar ainda: o tabaco, os tecidos, os produtos alimentícios (como a farinha de mandioca, a carne seca, o arroz, o toucinho), e principalmente, como já mencionado, o ouro mineiro.

Para Florentino, a participação dos comerciantes atuantes em Portugal no tráfico para o Brasil também será pequena, na medida em que os traficantes das praças brasileiras assumem as principais rotas do tráfico já a partir de inícios do século XVIII. Todavia, ressalta que a dominação do capital traficante brasileiro, e principalmente carioca, nos circuitos de homens dava-se não somente graças ao acesso aos produtos coloniais, mas igualmente devido a outros mecanismos como: a posse dos navios

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e, sobretudo,pela criação de um sistema de seguros marítimos, imprescindível para tornar possível a realização desse tipo de negócio.

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De acordo com o autor, todas esses fatores estão presentes na praça mercantil carioca, o que garantiu o seu protagonismo no tráfico desde a primeira metade do setecentos. Unindo a isso o crescente mercado consumidor estimulado pelas descobertas auríferas, a posição dos negociantes se torna

12 Apesar da tendência à estabilização e até mesmo da queda nas décadas seguintes, tal número não deixa de ser expressivo e significar um maior lucro aos traficantes. SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. A produção da liberdade .Op. cit. p.308.

13 FERREIRA, Roquinaldo “Dinâmica do comércio intracolonial: Geribitas, panos e guerra no tráfico angolano de escravos (século XVIII). In: FRAGOSO, João, ALMEIDA, Carla; SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. (org.).

Conquistadores e negociantes: Histórias de elites no Antigo Regime nos trópicos. América lusa, Séculos XVI a XVIII. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2007, p.345.

14 Analisando as escrituras de compra e venda, Fábio Pesavento percebe que essa transação ganha maior vulto a partir da terceira década do século XVIII, chegando a soma de 100 contos de réis entre 1750-1790.

PESAVENTO, Fábio. Um pouco antes da corte: a economia do Rio de Janeiro na segunda metade do setecentos. Niterói: tese de doutoramento, 2009. p.57.

15 FLORENTINO, Manolo Garcia. Em Costas Negras: Uma história do tráfico Atlântico de escravos entre a África e o Rio de Janeiro (séculos XVIII e XIX) Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 1995, pp.128-129.

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cada vez mais fortalecida pelo papel por eles desempenhado numa sociedade dependente de homens.

Assim, o porto do Rio de Janeiro ao longo do setecentos vai se configurando como espaço privilegiado para o intercambio de mercadorias entre diversas regiões do império ultramarino português. Além de escoar o ouro mineiro para o comércio de escravos, o Rio exportou alimentos para Pernambuco e Bahia e escravos, cachaça e açúcar para Buenos Aires.O crescimento da movimentação de seu porto fica ainda mais claro quando observamos o crescimento da arrecadação da dízima da alfândega, que vai de 53:200$00 réis em 1712 para 209:600$000 em 1745.

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Todos esses fatores mostram como a capitania fluminense se tornou no principal polo mercantil da América portuguesa no século XVIII. Como dissemos, essas transformações na dinâmica econômica, também provocaram mudanças na dinâmica social, como o aparecimento de uma nova elite: os homens de negócio. Elite essa que tinha como identidade principal seu vinculo com o comércio e possuía de origem, e, sobretudo, estratégias muito diversas daquelas da antiga elite senhorial.

A utilização do termo “homem de negócio” para designar um grupo especifico da sociedade pode ser identificado pela primeira vez nas fontes no final do século XVII.

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. Todavia, é ao longo do setecentos que cada vez mais vamos encontrá-lo nas fontes sendo utilizado para designar uma comunidade de indivíduos ligados ao nível mais elevado de comércio, ou seja o comércio ultramarino de grosso trato.

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Nesse sentido, o número de negociantes atuantes na praça do Rio de Janeiro salta de 24 na década de 1700, para 173 na década de 1750.

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16 PESAVENTO Fábio. Op. cit. p.113

17SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. de Na encruzilhada... Op. cit. p.79.

18 É importante ressaltar que para o Rio de Janeiro foi possível diferenciar a atuação dos mercadores e homens de negócio já na primeira metade do século XVIII, já para áreas mais afastadas essa delimitação deve ser mais matizada, posto que as transações mercantis realizadas em outras praças como a de São Paulo, Minas Gerais e Rio Grande do Sul a maior parte do capital mercantil que vinha do comércio ultramarino, primeiramente passavam pelos comerciantes da Bahia e do Rio de Janeiro. Dessa maneira, em outras capitanias os critérios que determinavam a elite mercantil eram outros (como diversificação fluxo de mercadorias, relações com outras praças entre outros), e não o comércio ultramarino. BORREGO. Maria Aparecida de Menezes. A Teia mercantil:

negócios e poderes em São Paulo colonial (1711-1765). São Paulo: Alameda. 2010, 126-127 . FURTADO, Junia Ferreira.Homens de Negócio: a interiorização da metrópole e do comércio nas Minas setecentistas 2ed. São Paulo: Heucitec. 2006. p.125.

19 Tal número se refere somente aos indivíduos que se auto intitulavam ou são tratados nas fontes como “homens de negócio”, e não a indivíduos ligados as esferas mais baixas como caixeiros e mercadores, o que torna tal número ainda mais expressivo. OLIVEIRA,Lucimeire.O Rio de Janeiro em tempo de mudanças: transformações e disputas na elite carioca (c.1730 - c.1768). Rio de Janeiro: UFRJ. 2012. p. 38.

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Gráfico 1. Evolução da presença dos homens de negócio na cidade do Rio de Janeiro (1670- 1750).

Fonte: Banco de dados. SAMPAIO A.C. de Na encruzilhada do Império: hierarquias sociais e conjunturas econômicas no Rio de Janeiro (c. 1650 – c. 1750). Rio de Janeiro: Arquivo Nacional, 2003.

Analisando o gráfico 1, podemos perceber um crescimento substancial já na primeira década do século XVIII, quando notamos um salto de 221% no número de homens de negócio encontrados nas fontes se comparamos com o decênio anterior. É nas décadas iniciais do setecentos que os homens de negócio passam a se reconhecer uma comunidade e agir coletivamente. Como exemplo de ações coletivas dos comerciantes podemos citar o requerimento de 1710 em “que os homens de negócio dessa praça fizeram ao governador para que se abrisse o caminho velho da Vila de Parati”.

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Em tal documento 49 negociantes assinam o requerimento, número expressivo para época. Segundo Sampaio, esse foi o primeiro documento em que os homens de negócio do Rio de Janeiro agem coletivamente para defender um interesse comum.

Já na década de 1720, 35 homens de negócio fazem representação ao Conselho Ultramarino reclamando da “grande morosidade que havia nos despachos da Alfândega, alegando os graves prejuízos que esta lhe causavam.”

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Tais representações e ações coletivas envolvendo negociantes – como as citadas – vão se tornar cada vez mais frequentes nas décadas seguintes, se multiplicando sobretudo na década de 1740 (o que explica o grande número de negociantes nesse período no gráfico 1.1); atingindo o seu pico na década seguinte, e mostrando

20 AN, PH n.7, p.11 Apud: SAMPAIO, Antônio C. J. Famílias e negócios...Op. cit. p.232.

21 AHU doc.5270.

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que tais indivíduos cada vez mais passam a se identificar como uma comunidade que possuía uma identidade própria.

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Para tal designação a noção de “praça” se tornará fundamental. Mesmo quando aparecem sozinhos nas fontes, na maioria das vezes é identificado como “homem de negócio residente nesta praça”, um claro indicativo do pertencimento a uma comunidade mais ampla.

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Comunidade esta que, como demonstrado no gráfico supracitado, consolidou sua presença na capitania fluminense ao longo da primeira metade do setecentos.

O quadro esboçado mostra que o Rio de Janeiro passava por transformações que a ligavam cada vez mais ao comércio. Acreditamos que esse quadro estava inserido nas mudanças mais profundas do Império ultramarino português, que foram intensificadas na segunda metade do século XVIII e que fizeram parte da política do governo de D. José I e de seu principal ministro, Sebastião José de Carvalho e Melo, o futuro Marques de Pombal.

Apesar de não haver consenso na historiografia especializada em torno da questão da existência ou não de um programa definido na política de Pombal, não há dúvidas sobre a importância da questão do comércio em seu governo.

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De acordo com Jorge Pedreira, o período pombalino foi muito importante para a consolidação da classe mercantil em Lisboa. Para o autor, somente com a ação reformadora de Pombal,

que reordenou o Estado, renovou o comércio e as finanças e limitou o poderio dos comerciantes estrangeiros em Portugal, a burguesia portuguesa ganharia um novo alento, porventura preparando a sua afirmação que chegaria finalmente com o liberalismo oitocentista25

Tal perspectiva é reforçada por Maxwell, que considera que os objetivos de Pombal seriam: nacionalizar a economia subtraindo o tráfico aos estrangeiros, devolver as rendosas comissões às praças mercantis portuguesas e promover a formação das grandes casas comerciais

22SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de.Famílias e negócios...Op. cit. p.262.

23 É importante lembrar que a utilização da noção de comunidade pretende somente indicar o pertencimento dos comerciantes a um grupo mais amplo: “Nesse sentido, é sintomática a autodenominação dos mesmos e, ‘homem de negócio desta praça’ ou ‘homem de negócio da Praça do Rio de Janeiro’, tendo o termo praça o claro caráter de comunidade mercantil” SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de.Famílias e negócios...Op. cit. p.228. Ver tambémSAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de.de Na encruzilhada do Império...Op. cit. p.80.

24 Segundo Nuno Monteiro, o comercio é a “primeira e mais antiga marca dos escritos de Pombal”

MONTEIRO, Nuno Gonçalo As formas na monarquia pluricontinental portuguesa: de Pombal a dom Rodrigo de Souza Coutinho. In: FRAGOSO, João Luis Ribeiro e GOUVÊA Maria de Fátima (org.). Coleção Brasil Colonial: 1720-1821Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, Volume 3, 2013, p.127.

25 PEDREIRA, Jorge Miguel Viana. Os homens de negócio da praça de Lisboa de Pombal ao vintismo (1755- 1822): diferenciação, reprodução e identificação de grupo social. Universidade de nova de Lisboa: Lisboa, 1995, p.8.

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mediante a concessão de contratos régios.

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Devido ao apoio ao crescimento da burguesia, muitos autores atribuem a nova pujança dos negociantes nesse período ao Marquês.

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Pombal procurou incentivar o comércio de diversas maneiras. Em 1751, foram criadas as Mesas de Inspeção nos principais portos do Brasil para controlar as tarifas e a qualidade do tabaco e do açúcar, já em 1765 abandonou o sistema de frotas e a navegação para o Brasil, torna- se livre para os súditos portugueses.

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Visando priorizar a atuação dos comerciantes de grande porte, e reduzir a dependência do comércio inglês, foram criadas as companhias de comércio como, por exemplo, a Companhia do Grão-Pará e Maranhão (1755-1778), que detinha o monopólio do tráfico de escravos e do comércio da região.

Acompanhando essa política de incentivo ao comércio e buscando a contribuição dos maiores negociantes do império, foi criada por Pombal em 1755 a Junta do Comércio. Formada a partir da abolição da Mesa do Bem Comum dos Mercadores

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, a Junta constituiu um dos principais órgãos administrativos criados pelo Marquês naquele período. Com o “propósito inicial de incentivar e regulamentar o comércio,” esta passa a ser responsável por tudo que dizia respeito ao trato mercantil e a navegação, além de ter jurisdição sobre todos os comerciantes do reino.

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Segundo Pedreira, ao reservar representação e seus cargos administrativos somente aos

“homens de negócio estabelecidos com cabedal, e crédito nas Praças de Lisboa ou do Porto”, beneficiando os “bons e verdadeiros negociantes”, a Junta concretiza definitivamente o estatuto dos comerciantes.

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Apesar de não inaugurar a diferenciação entre negociantes de grosso trato e de retalho, ou seja, entre homens de negócio que lidavam com comércio ultramarino e os mercadores que trabalhavam com o comércio de pequeno porte, a criação da Junta foi um marco

26MAXWELL, Kheneth. ConflictsandCinspiracies: Brasil and Portugal 1750-1808 Cambridge,1973, pp19-25.

Apud: Idem, p.46.

27 Alguns autores como Albert Silbert vão atribuir mudanças profundas ao Período Pombalino, como o aparecimento de uma grande burguesia nacional, que passa a monopolizar o comércio e a dominar os contratos de manufatura do Estado. SILBERT. A. Portugal perante apolítica francesa (1799-1814) In: Do Portugal do Antigo Regime ao Portugal Oitocentista, 2Ed. Lisboa, p.45Apud: Ibidem, p.46.

28PEDREIRA, Jorge Miguel Viana. A economia política no sistema colonial. In: FRAGOSO, João Luis Ribeiro e GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). Coleção Brasil Colonial: 1720-1821 Rio de Janeiro: Civilização

Brasileira, Volume 3, 2013.

29 As Mesas do Bem Comum eram um misto de entidades corporativas de negociante e irmandades religiosas que foram comuns no império português, além de Lisboa estiveram presentes em cidades como o Porto, Bahia, Recife e Rio. Em 1755 a Mesa do Bem Comum de Lisboa laçou uma representação que desagradara à Coroa ao se posicionar contra a criação dos monopólios da Companhia do Grão Pará e do Maranhão. Isso fez com que a coroa abolisse todas as Mesas do império a substituindo pela Junta Comercial SAMPAIO, Antônio Carlos Jucá de. Do bem comum dos povos e de sua majestade: a criação da Mesa do Bem Comum do Comércio do Rio de Janeiro.In: AZEVEDO C., BICALHO, M. F., KNAUS P., QUADRAT S. V. e ROLLEMBERG D. Org. Cultura Política, Memória e historiografia. Rio de Janeiro: Editora FGV, 2009. p.342 .

30Idem. p.34

31 PEDREIRA, Jorge Miguel Viana. Os homens de negócio da praça de Lisboa ...Op.cit. p.78.

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decisivo para acentuar e institucionalizar essa distinção. Além de consolidar a política pombalina de incentivo ao capital mercantil, ela se transformou em um “instrumento da intervenção do poder na classificação dos agentes na esfera comercial,” principalmente quando torna obrigatória a matrícula dos negociantes na Junta em 1770.

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Consequentemente, a Coroa mantém seu monopólio da classificação social ao institucionalizar a categoria de “homem de negócio” e estabelecer uma aliança mais estreita com um grupo que possuía cada vez mais relevância naquela sociedade.

Assim, como as demais principais praças da colônia, a Mesa do Bem Comum do Rio de Janeiro também foi substituída pela Junta do Comércio em 1756. Criada no Rio de Janeiro em 1753, a Mesa do Bem Comum foi a primeira associação por atividade comercial da cidade, que conseguiu reunir já no ano de sua criação “dois terços” dos negociantes atuantes na cidade.

Apesar do estabelecimento da Mesa não ter significado a inauguração de um sentido de comunidade entre os homens de negócio,

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a Mesa do Rio de Janeiro institucionalizava esse processo ao criar um corpo social definido e destacado no interior da sociedade, além de constituir-se num órgão que possuía uma interlocução direta com a coroa.

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Essa interlocução entre negociantes do Rio de Janeiro e o reino fica evidente quando a Mesa é substituída pela Junta do Comércio em 1756. Na ocasião, dos 12 homens de negócio que faziam parte da diretoria da Mesa do Rio de Janeiro, nada menos que 10 continuam em seus cargos, deixando clara a mudança de natureza desses negociantes, os consolidando como parte da elite daquela cidade .

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Destarte, o estabelecimento dos negociantes nessa sociedade fez com que se julgassem capazes de interferir não apenas na esfera econômica, mas também na vida política da cidade, o que ocasionou mudanças na composição da elite que detinha o poder político local, que passará por um processo de acomodação. Assim, diferente dos séculos precedentes, que foram dominados pela consolidação de uma elite senhorial baseada no capital agrário e na ocupação de

32 Idem p.70.

33 Desde o começo do setecentos é possível encontrar na documentação esses indivíduos agindo coletivamente a fim de defender interesses comuns e assumindo uma identidade própria. SAMPAIO, A. C. J. “A família Almeida Jordão na formação da comunidade mercantil carioca (c.1690-c.1750)” In. ALMEIDA, C. M.C de e OLIVEIRA, M. R. de Org. Nomes e números: alternativas metodológicas para a história econômica e social. – Juiz de Fora:

Ed. UFJF, 2006.

34 O processo de estabelecimento de uma identidade pelos negociantes não pode ser entendido como a

concretização de um projeto planejado em torno de uma “classe” ou de uma “ideologia mercantil” e sim de um grupo que possuía interesses comuns e características diferenciadas do resto da sociedade SAMPAIO, Antônio Carlos. Jucá de. “Os homens de negócio e a Coroa na construção das hierarquias sociais: o Rio de Janeiro na primeira metade do século XVIII”. In: FRAGOSO, João e GOUVÊA, Maria de Fátima (org.). Na Trama das redes: Política e negócios no Império Português, séculos XVI a XVIII Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2010.p. 478.

35 CAVALCANTI, Nireu Oliveira “O Rio de Janeiro setecentista: a vida e a construção da cidade da invasão francesa até a chegada da corte” Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed. p.192.

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cargos da governança da capitania, no setecentos cada vez mais os homens de negócio vão agir coletivamente em defesa de seus interesses, reclamando um lugar na administração pública da cidade . Nesse sentido, ao longo de todo o século XVIII, esses negociantes vão se envolver em uma série de disputas com a antiga elite senhorial envolvendo, sobretudo, os cargos da Câmara Municipal, a principal instância de poder político local.

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Após enfrentar uma grande resistência da elite senhorial, esses negociantes vão conseguir integrar o quadro de membros da Câmara, chegando a representar 50% do total de indivíduos que foram eleitos para vereadores no Senado na década de 1770, ocupando assim a esfera mais alta da elite local.

A partir do quadro esboçado, fica evidente que ao longo do setecentos, o Rio de Janeiro passou por um processo que o transformou na principal encruzilhada do Império lusitano e por conseguinte houve o crescimento não só da presença econômica, mas também da capacidade de intervenção política dos homens de negócio nessa sociedade. Situados no topo da hierarquia social, tal grupo tinha imensa importância no contexto do Império ultramarino português, pois controlava os principais elementos da economia colonial do Rio de Janeiro: a mão de obra e o crédito.

Em uma sociedade de Antigo Regime, em que a economia é marcada pela escassez de moeda e pela concentração de renda nas mãos de poucos, a utilização do crédito através de empréstimos é fundamental. Tal crédito não era apenas utilizado como forma de liquidez, mas também na compra de bens, como morada de casa, na compra de escravos, na compra de alforrias por escravos etc, ou seja, das mais variadas maneiras que dinamizavam a economia colonial. Assim, ao controlar o crédito e, por conseguinte o acesso à mão de obra, os negociantes controlavam os meios de reiteração da estrutura social de uma sociedade escravista. Tal quadro mostra “o quanto poder esses homens reuniam em suas mãos.”

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Atentando-nos para a importância desse grupo para a reprodução da sociedade colonial fluminense, pretendemos através do presente projeto de pesquisa, analisar quem eram esses indivíduos, buscando empreender as suas principais esferas de atuação e entender quais eram as estratégias de ascensão social e como as mesmas contribuíam para sua inserção no topo da elite local, buscando compreender sua importância para a reprodução dessa sociedade. E assim, verificar sua participação nas mutações surgidas em uma sociedade pré-industrial marcada por regras econômicas, políticas e simbólicas de Antigo Regime.

36 Não foram poucas as disputas entre negociantes e a elite senhorial no século XVIII. Sobre as disputas ver:

OLIVEIRA,Lucimeire.Op.cit. Capítulo 1.

37 PESAVENTO, Fábio. Op. cit. p.53.

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De acordo com Karl Polanyi, a noção de economia pautada na redução da ecassez e no ganho é historicamente construida após a Revolução industrial inglesa, antes disso as sociedades humanas não podem ser analisadas nesse sistema.

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Para ele o papel desempenhado pelos mercados na economia é insignificante até época recente; “em nenhuma época anterior ao segundo quartel do século XIX os mercados foram mais que um traço secundário na vida social”.

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Assim, as sociedades não sujeitas ao “sistema de mercado”, ou seja, pré-capitalistas (ou arcaicas) a economia do homem estaria pautada nas relações sociais e não na economia de mercado. Para ele “a economia do ser humano, como regra, está mergulhada em suas relações sociais.”

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As motivações econômicas se originavam no contexto da vida social, e estavam pautadas em fatores como reconhecimento social como status e segurança, isto é, “eles são basicamente não econômicos, mas sociais”

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Acreditamos que em uma sociedade pré-capitalista como a de Antigo Regime, o processo econômico estava enraizado em motivações não econômicas. Tais motivações eram pautadas em instituições regulamentadas pelo costume, status e segurança traduzidas em paradigmas tais como, alianças políticas, relações de parentesco, de compadrio, entre outros. Nesse sentido, ao utilizarmos tal concepção pretendemos considerar a historicidade dos processos econômicos. Ao perceber a atuação dos homens de negócio em uma sociedade arcaica, pretenderemos observá- los como indivíduos que não buscavam somente o lucro em si, mas, sobretudo, sua reprodução nessa sociedade. Um homem de negócio, para ter sucesso “tinha que ter acesso aos recursos hierarquizados, produzidos pelo Antigo Regime”

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. Recursos esses que acreditamos que eram pautados principalmente nas relações sociais.

Dessa maneira, pretendemos nesse projeto reconstruir a trajetória desses indivíduos e analisar suas relações sociais através dos laços de parentesco amizade e clientela para compreendermos os mecanismos de reprodução social, transmissão de patrimônio e práticas de organização familiar desse grupo. Nesse sentido, será essencial definir os padrões de comportamentos matrimoniais e entender como se comportava as espirais de convívio e parentesco.

Para atingir tal objetivo utilizar como principal método a prosopografia, definida por Lawrence Stone como “investigação das características comuns de um grupo de atores na

38 POLANYI, Karl. Agrande transformação: as origens da nossa época. Rio de Janeiro. Campus, 2000.

39 POLANYI, Karl. A subsistência do homem e ensaios correlatos. – Rio de Janeiro: Contraponto, 2012. p.215

40Idem p.215

41Ibidem p.157

42 FRAGOSO, João Luis Ribeiro, GOUVÊA, Maria de Fátima & BICALHO, Maria Fernanda Baptista. “Uma leitura do Brasil colonial: bases da materialidade e da governabilidade no Império”. In: Penélope, n° 23, 2000.

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história por meio de um estudo coletivo de suas vidas.”

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Assim, pretendemos utilizar a prosopografia como ferramenta para dar sentido a ação política e explicar a mudanças sofridas pelo grupo que nos propomos analisar e identificar a realidade social e descrever e analisar a estrutura da sociedade e o grau e a natureza dos movimentos no seu interior.

Ao estudar o grupo dos agentes mercantis atuantes no Rio de Janeiro entre 1750 e 1808, compreenderemos de maneira mais significativa a dinâmica de uma sociedade de Antigo Regime. Nesse sentido, a partir da delimitação do grupo pretendemos levantar o maior número de informações em diversos conjuntos documentais e cruzar tais informações a fim de corporificar a existência desses indivíduos revelando quais eram seus lugares de origem, suas trajetórias e suas formas de atuação na urbe fluminense. Através do tratamento estatístico dos dados, pretendemos “desenhar o mapa em que se cartografam os itinerários individuais.”

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Todavia, para não se perder a complexidade das relações que ligam o indivíduo a sociedade, sugerimos para completar o aporte metodológico da nossa pesquisa utilizando a microanálise italiana. A partir da utilização do nome desses negociantes como fio condutor pretendemos acompanhar a trajetória de vida desses indivíduos através da análise de um amplo e variado conjunto documental.

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O tratamento de fontes diversas permite alcançar o conjunto de pontos de vista (e de posições sociais) que as formam, e compreender a natureza dos laços de interdependência que unem, separam e hierarquizam indivíduos e grupos sociais.

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Assim, utilizando como base de investigação teórico-metodológico a microanálise e a prosopografia, buscaremos ter contato com os indivíduos em diversas situações, mostrando suas redes de relações através do cruzamento e manuseio de uma pluralidade documental.

Pretendemos assim, garimpar em diversos arquivos fontes, os sinais da ação dos agentes mercantis na capitania do Rio de Janeiro reconstruindo suas trajetórias, estratégias e alianças.

Assim, pretendemos seguir a sugestão de João Fragoso afogar-nos nomes.

Escolhido o objeto de estudo ou os agentes históricos a analisar, caberia segui-los nas múltiplas relações que os formavam, o que significa investigar tais sujeitos em vários tipos de fontes, ou melhor, em todas que retratassem os diversos aspectos – cultural, econômico, político etc. – de seu cotidiano. Com tal procedimento poder-se-ia chegar às relações sociais vivenciadas pelos sujeitos e, ao mesmo tempo, seria aberta uma porta para entendimento de sua sociedade .47

43STONE, Lawance. Prosopografia . Rev. Sociol. Polít., Curitiba, v. 19, n. 39, jun. 201. p. 115.

44PEDREIRA, Jorge MiguelViaba. Os homens de negócio da praça de Lisboa ...Op.cit p.9

45 A lista completa com as fontes que serão utilizadas na presente pesquisa se encontra nas referências no item 1.1.

46 GINZBURG, Carlo. “O nome e o como: troca desigual e mercado historiográfico.” In: A micro-história e outros ensaios. Lisboa: DIFEL; Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1989.

47 FRAGOSO, João Ribeiro, Afogando em nomes: temas e experiências em história econômica.Topoi. Rio de Janeiro, dezembro 2002.p.44.

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Por meio desses métodos de análise podemos perceber a sociedade em movimento.Sociedade esta que não era baseada em uma economia autorreguladora, mas pelas relações sociais, como supracitado, principalmente estabelecidas através de laços de parentesco, amizade e clientela. Assim, acreditamos que sua hierarquia social seria formada não somente por sua configuração econômica, mas também por seus aspectos culturais e políticos, “onde os grupos sociais se percebiam e eram percebidos em suas qualidades”.

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Nesse sentido, a partir das categorias e métodos supracitados pretendemos na presente pesquisa analisar a atuação dos homens de negócio entre os anos de 1750 e 1808, momento em que tal grupo se consolida como elite na sociedade fluminense, não somente na esfera social, mas igualmente como elite política. Assim como, entender quem eram esses homens, quais eram os seus efetivos, suas origens, suas estratégias, suas relações sociais, ou seja, estudar suas vidas no intuito de reconstruir suas trajetórias. Portanto, o objeto central dessa pesquisa é o homem de negócio e suas estratégias de ação social, e não o comércio, objetivando assim empreender um estudo de história social.

Referências

Fontes que serão utilizadas na pesquisa.

Arquivo Nacional

• 1º, 2º e 3º ofício de notas. (1750-1808)

• Correspondência dos Governadores. (1750-1808)

Arquivo Geral da Cidade do Rio de Janeiro

• Documentação da décima urbana (ano de 1808)

Arquivos paroquiais

Cúria metropolitana do Rio de Janeiro

• Fundo Testamentos. Freguesia da Candelária

48Idem.p.44.

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• Fundo Habilitações Matrimoniais (HM). Freguesia da Candelária

• Fundo Acento de batismos. Freguesia da Candelária

Arquivos em Portugal

Arquivo Histórico Ultramarino, disponível em CD-ROM – petições, consultas, requerimentos, cartas, bilhetes de ordem de provisão, decretos, certidões, cartas patentes, entre outros documentos.

Arquivo Nacional da Torre do Tombo – Manuscritos do Brasil; “Papéis do Brasil”; além das fontes referentes a mercês, patentes militares, Santo Ofício, Real Fazenda, entre outros, e ainda documentos sobre as Instituições Eclesiásticas em especial as Ordens Monástico-Militares.

Arquivos em on-line

The trans-atlantic Slave trade database.

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