UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS DA SAÚDE
DEPARTAMENTO DE FARMÁCIA
O EMPREGO DE ALGORITMOS COMO AUXILIAR NA PRESCRIÇÃO HOMEOPÁTICA
MARIANA JULLY MEDEIROS DA SILVA
NATAL – RN
2021
Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI
Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências da Saúde - CCS
Silva, Mariana Jully Medeiros da.
O emprego de algoritmos como auxiliar na prescrição homeopática / Mariana Jully Medeiros da Silva. - 2021.
15f.: il.
Trabalho de Conclusão de Curso - TCC (Graduação em Farmácia) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro de Ciências da Saúde, Departamento de Farmácia. Natal, RN, 2021.
Orientador: Idivaldo Antonio Micali.
1. Homeopatia - TCC. 2. Medicamento homeopático - TCC. 3.
Prescrição homeopática - TCC. 4. Matéria médica - TCC. 5.
Repertorização homeopática - TCC. 6. Prescrição farmacêutica - TCC. I. Micali, Idivaldo Antonio. II. Título.
RN/UF/BS-CCS CDU 615.015.32
Elaborado por ANA CRISTINA DA SILVA LOPES - CRB-15/263
MARIANA JULLY MEDEIROS DA SILVA
O EMPREGO DE ALGORITMOS COMO AUXILIAR NA PRESCRIÇÃO HOMEOPÁTICA
NATAL – RN 2021
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Farmácia.
Orientador: Prof. Idivaldo Antonio Micali.
MARIANA JULLY MEDEIROS DA SILVA
O EMPREGO DE ALGORITMOS COMO AUXILIAR NA PRESCRIÇÃO HOMEOPÁTICA
BANCA DE AVALIAÇÃO:
Orientador: Prof. Me. Idivaldo Antonio Micali, UFRN – Orientador
Membro: Prof. Dr. Marco Vinicius Monteiro Navarro, UFRN
Membro: Prof. Dr. Francisca Sueli Monte Moreira, UFRN
Natal, 2 de março de 2021
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Curso de Graduação em Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como requisito parcial para a obtenção do título de Bacharel em Farmácia.
Orientador: Prof. Idivaldo Antonio Micali.
Resumo
Introdução: a Homeopatia é uma ciência que consiste em administrar doses infinitesimais do medicamento, evitando a agravação dos sintomas e despertando a reação orgânica no sentido da cura, sendo uma ciência sustentada pela Lei dos Semelhantes. Nesse artigo é demonstrado como o uso de algoritmos pode contribuir para a organização de ideias no ato da prescrição homeopática. Tal justificativa embasa- se nas dificuldades encontradas pelo uso da Matéria Médica e do Repertório Homeopático na tentativa de facilitar a busca de informações para prescrever. Objetivo:
esse artigo tem como objetivo tornar mais simples e objetivo o ato da prescrição homeopática, além de promover e tornar mais dinâmica a prescrição de medicamentos homeopáticos por todos os profissionais de saúde que estão habilitados à prática.
Método: para a elaboração deste artigo foram selecionados referenciais teóricos, publicados em meio escrito e eletrônico, que se enquadraram no tema proposto, no idioma português e inglês. A pesquisa das informações e dos artigos científicos utilizados nesse trabalho foi realizada nos sites Pubmed, Google Acadêmico, Scielo, Science Direct, site do Ministério da Saúde e Anvisa, utilizando as seguintes palavras e expressões: medicamento homeopático, prescrição homeopática, matéria médica, repertorização homeopática, prescrição farmacêutica, algoritmo, algoritmo em Homeopatia. O período de publicação não foi relevante. Resultados e conclusão: no decorrer desse estudo, observou-se que o desenvolvimento de algoritmos possibilita a organização prática dos sintomas característicos de uma doença e as possíveis formas de escolha de um medicamento homeopático adequado. Será possível notar que o método proposto durante o artigo não requer a utilização de muita tecnologia para ser colocado em prática, basta que o prescritor tenha o conhecimento prévio da enfermidade e da técnica, uma vez que os algoritmos serão utilizados com o propósito de organizar, de forma mais clara, as ideias do prescritor para uma melhor escolha do medicamento.
Palavras-chaves: Homeopatia, medicamento homeopático, prescrição homeopática,
matéria médica, repertorização homeopática, prescrição farmacêutica, algoritmo,
algoritmo em homeopatia.
Abstract
Introduction: Homeopathy is a science that consists in administering infinitesimal doses of the medicine, avoiding the aggravation of the symptoms and awakening the organic reaction towards the cure, being a science supported by the Law of the Similar. This article demonstrates how the use of algorithms can contribute to the organization of ideas in the homeopathic prescription act. This justification is based on the difficulties encountered by the use of the Medical Material and the Homeopathic Repertoire in an attempt to facilitate the search for information to prescribe. Objective: This article aims to make the homeopathic prescription act simpler and more dynamic, as well as to promote and make more dynamic the prescription of homeopathic medicines by all health professionals who are qualified to practice. Method: for the elaboration of this article were selected theoretical references, published in written and electronic media, that fit in the proposed theme, in Portuguese and English. The research of the information and scientific articles used in this work was performed on the websites Pubmed, Google Scholar, Scielo, Science Direct, Ministry of Health website and Anvisa, using the following words and expressions: homeopathic medicine, homeopathic prescription, medical material, homeopathic repertorization, pharmaceutical prescription, algorithm, Homeopathy algorithm. The period of publication was not relevant. Results and conclusion: in the course of this study, it was observed that the development of algorithms enables the practical organization of the characteristic symptoms of a disease and the possible ways of choosing a suitable homeopathic medicine. It may be noted that the method proposed during the article does not require the use of much technology to be put into practice, it is sufficient that the prescriber has prior knowledge of the disease and the technique, since the algorithms will be used for the purpose of organizing, more clearly, the ideas of the prescriber for a better choice of the medicine.
Keywords: Homeopathy, homeopathic medicine, homeopathic prescription, medical
matter, homeopathic repertorization, pharmaceutical prescription, algorithm, algorithm in
homeopathy.
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: O uso de algoritmos aplicados a uma prescrição para hematomas.
Figura 2: O uso de algoritmos aplicados a uma prescrição para gastrenterite.
SUMÁRIO
1. Fundamentação teórica ... 1
1.1 O medicamento homeopático ... 1
1.2 A prescrição homeopática ... 1
1.3. Repertorização homeopática ... 2
1.4. Os algoritmos ... 3
2. Emprego de algoritmos na prescrição homeopática ... 4
3. Construindo um algoritmo na prescrição homeopática ... 5
4. Conclusão ... 6
5. Referências ... 7
O EMPREGO DE ALGORITMOS COMO AUXILIAR NA PRESCRIÇÃO HOMEOPÁTICA
1. Fundamentação teórica
1.1. O medicamento homeopático
A Homeopatia é uma ciência que consiste em administrar doses infinitesimais do medicamento, evitando a agravação dos sintomas e despertando a reação orgânica no sentido da cura
1. Tendo como base a Lei dos Semelhantes, essa ciência visa tratar o paciente como todo, utilizando substâncias ativas naturais. A Lei dos Semelhantes determina que qualquer substância capaz de causar sintomas específicos em seres humanos saudáveis e doentes, em doses mínimas e especialmente preparadas, é capaz de reestabelecer a saúde de um enfermo que apresente quadro mórbido similar, com ressalva das lesões irreversíveis. Dessa forma, a pesquisa do medicamento homeopático é bastante característica, pois se baseia em dados da experimentação clínica de drogas em indivíduos sadios
1.
O medicamento homeopático possui em sua matriz a energia medicamentosa
2, a qual é responsável por estimular a força vital do indivíduo, sendo esta a unidade de ação que reage à vida física, conferindo à pessoa as sensações próprias da vida e da consciência. Segundo Hahnemann, os medicamentos homeopáticos exercem a cura por meio de sua capacidade dinâmica de atuar sobre a vitalidade
1.
Conforme a Farmacopeia Homeopática Brasileira, 3ª edição, o medicamento homeopático é toda forma farmacêutica de dispensação ministrada de acordo com o princípio da Lei dos Semelhantes com o objetivo de prevenir e/ou curar sendo apresentado para uso interno ou externo
3. Esses medicamentos são produzidos utilizando matrizes que podem ser de origem animal, vegetal ou mineral
4.
O medicamento homeopático sendo uma preparação farmacêutica obtida de uma diluição seguida de potencialização por sucussão ou trituração, tem em seus insumos inertes e ativos papeis relevantes; daí resulta finalmente na dinamização, características marcantes de um medicamento homeopático.
1.2. A prescrição homeopática
Nessa busca por um remédio específico homeopático, cuja finalidade é encontrar entre estes um agente que provoque a doença artificialmente, que corresponda, por semelhança, à doença a ser curada, deve-se ter em mente exclusivamente os sinais e sintomas da enfermidade que forem mais fortes, atípicos e específicos, esses são pouco notáveis, mais comumente relatados pelos próprios pacientes e definidos como sintomas subjetivos ou mentais
5. São especialmente esses que devem ser comparados e equivalentes aos sintomas do medicamento escolhido a fim de constituir o mais eficiente para propagar a cura
6.
Graduanda do Curso de Farmácia da Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN 1
<mariana_jully@hotmail.com>
2
Os sintomas mais comuns e vagos como perda de apetite, dor de cabeça, fraqueza, insônia, sensação de desconforto, dentre outros, são sintomas em que o médico é capaz de observar no paciente, conhecidos como objetivos, porém, esses tipos de sintomas diagnósticos
5demandam pouca atenção por serem de caráter indefinido e com escassez de detalhes, já que são de natureza mais universal e são observados em quase todas as doenças, pessoas e medicamentos. Dessa forma, nada pode ser descoberto em enfermidades em que elas possam expressar sua necessidade de tratamento. Assim, podemos constatar de forma irrefutável que a soma desses sinais e sintomas em cada contexto particular de doenças deve ser a única forma de nos guiar na escolha de um medicamento
6.
Ao fazer todo o questionário destinado ao paciente dos sintomas subjetivos e objetivos, o médico lista os sintomas subjetivos e, por meio do exame físico, aponta os objetivos
7. A droga selecionada deve ser aquela que produz sintomas gerais semelhantes na pessoa que a experimenta.
Para executar a anamnese em Homeopatia, a única fonte de pesquisa para prescrição sempre foi a Matéria Médica, na qual listavam-se os medicamentos homeopáticos existentes para seus respectivos sintomas. Com a Matéria Médica pode-se ter acesso total a informações sobre medicamentos homeopáticos, descobertas durante as provas homeopáticas, pesquisa e informações clínicas ou por outros meios.
Todavia, devido à Matéria Médica possuir muitas desvantagens, foi criado o Repertório Homeopático, este contém uma lista de todos os sintomas, e, para cada sintoma, existem os medicamentos capazes de tratá-lo
8. Assim, o Repertório Homeopático é organizado de forma inversa a da Matéria Médica, adaptado para que se encontre primeiramente pelo sintoma; o objetivo de se realizar a repertorização é encontrar a medicação homeopática adequada, na qual os sintomas do paciente coincidam perfeitamente com os sintomas experimentais desta droga observados.
1.3. Repertorização homeopática
A repertorização em Homeopatia ou o Repertório Homeopático, é uma técnica de cruzamento de vários sintomas existentes no Repertório Homeopático com a finalidade de se conseguir o medicamento mais indicado ao paciente
9. Isso se tornou necessário devido à complexidade no uso da Matéria Médica, já que nessa fonte de pesquisa, um medicamento contém a lista de todos os sintomas para o qual é indicado, enquanto no Repertório Homeopático, um sintoma contém a lista de todos os medicamentos indicados para tratá-lo.
Dentre as desvantagens encontradas na Matéria Médica, está o fato de que a maioria das informações contidas nesta não podem ser percebidas de forma completa e adequada; o uso contínuo da Matéria Médica pode fornecer informações repetidas; a pesquisa nessa fonte exige um maior gasto de tempo;
é escrita por vários autores e de diferentes idiomas, então são utilizadas palavras
diferentes para representar os mesmos significados. Além disso, para procurar
3
explicações de um sintoma particular, o homeopata necessitaria explorar todo o conteúdo da matéria médica
8.
Assim, o Repertório Homeopático surgiu para solucionar algumas complicações causadas pelo uso da Matéria Médica, esta, até então, sendo a melhor fonte de informação para prescrições homeopáticas. Ele reestruturou a informação de forma que tornou mais simples e eficaz a pesquisa no processo da prescrição; também chamado de matéria médica invertida, o repertório homeopático permite que o homeopata possa selecionar os sintomas do paciente e identificar todos os principais remédios homeopáticos para determinada finalidade
8.
No entanto, a repertorização, além de não superar todas as demandas da matéria médica, cria ainda suas próprias limitações. À medida que a quantidade de sintomas foi se elevando no decorrer dos anos, a categorização dos sintomas deixou de ser eficiente para solucionar a questão da percepção efetiva de grandes escalas de informação
8. Logo, à medida que o número de dados aumenta, a estruturação se torna menos prática e isso acontece devido ao fato de que essa estruturação está se tornando cada vez mais complexa.
1.4. Os Algoritmos
De modo geral, os algoritmos podem ser compreendidos como uma sequência de raciocínios para se alcançar determinada finalidade
10e não representa necessariamente um programa de computador. A palavra algoritmo é derivada do nome de um astrólogo e matemático persa do século IX, chamado Al-Khwarizme. O termo “algorismo” era utilizado originalmente para se referir às regras de cálculo empregando numerais indus, mas evoluiu com o uso do nome do matemático para a palavra “algoritmo” por volta do século XVIII, a qual, aos poucos, foi incluindo todos os procedimentos finitos para solucionar questões e realizar funções
11.
Podemos observar exemplos muito comuns no dia a dia, como receitas culinárias ou um manual de instruções para eletrônicos. Instintivamente, usamos algoritmos diariamente para a execução de tarefas simples do cotidiano sem estarmos conscientes disso
12. Devido às tarefas serem corriqueiras, não é de costume pensar na sequência de exercícios para se chegar ao objetivo principal:
a realização da tarefa completa.
Para assimilar melhor essa ideia, imagine as etapas que precisam ser realizadas para trocar uma lâmpada: primeiramente, verificar se o interruptor está desligado, procurar uma lâmpada nova, pegar uma escada, levá-la até o local, subir os degraus até a altura necessária para a troca, retirar a lâmpada queimada, colocar a lâmpada nova, descer das escadas e acionar o interruptor novamente
12. Cada etapa dessa atividade representa um algoritmo.
Levando em consideração o ponto de vista tecnológico, o primeiro
algoritmo escrito para um computador, foi da matemática Ada Byron (condessa
Ada Lovelace), que o escreveu para o engenho analítico escrito em 1842. Ada é
considerada a primeira pessoa do mundo a programar, porém, nunca completou
seu engenho analítico, dessa forma, seu algoritmo nunca foi implementado
11.
4
Com o intuito ampliar e simplificar as pesquisas no Repertório Homeopático, foi criado um algoritmo de busca assistida por computador
8. Ainda assim, se o homeopata não possuir o conhecimento necessário sob a estrutura do repertório, não será capaz de explorá-lo adequadamente com o uso do algoritmo.
2. Emprego de algoritmos na prescrição homeopática
No contexto da Homeopatia, tendo como finalidade tornar mais simples e objetivo o ato da prescrição homeopática, além de promover e tornar mais dinâmica a prescrição de medicamentos homeopáticos por todos os profissionais de saúde habilitados, sobretudo por farmacêuticos, um exemplo onde poderíamos implementar o uso de algoritmos seria no ato da prescrição, na qual o prescritor poderia começar listando os sintomas que o paciente relata e, à medida que se adquire mais informações acerca desse paciente, o homeopata cria uma sequência de etapas onde pode descartar e salientar o que for relevante ou não para o tratamento e, por fim, chegar ao objetivo final: a prescrição do medicamento ideal para aquele paciente.
De acordo com Kayne & Kayne, 2017 podemos empregar o exemplo de um paciente que está com um hematoma decorrente de um procedimento cirúrgico. Nessas circunstâncias, normalmente é receitado o tratamento com
Arnica montana para tomar três vezes ao dia, iniciando entre 24 e 48 horas antesdo procedimento começar
13.
Arnica montanaé um medicamento homeopático bastante prescrito, por vezes a primeira escolha, para pacientes com processos inflamatórios que resultam em hematomas. Existem pesquisas recentes que demonstram a eficiência dessa planta sendo administrada em potências homeopáticas em variadas condições clínicas
14.
Iniciando o processo de prescrição, podemos levar em conta que o medicamento homeopático mais comumente prescrito para hematomas é a
Arnica montana. Considerando que o tratamento com Arnica montananão apresentou o efeito esperado, podemos apresentar outras opções dando importância ao tipo de hematoma, o local onde se encontra e/ou como ele foi causado
13.
Dependendo do local onde o hematoma se encontrar, se estiver posicionado na pelve ou mamas, o remédio adequado é Bellis perennis devido à sua ação antitraumática e dissolvente de equimoses
15, desempenhando papel equivalente ao da Arnica montana. Se o hematoma for por injuria na região ocular devido ao ato de “cutucar” com frequência os olhos, o remédio recomendado seria
Ledum palustre13. Já no caso de o hematoma ser encontrado nos tendões, aindicação é de
Ruta graveolens16, esse remédio é mais específico para lesão nos tendões flexores que são agravados pelo esforço físico.
Além das condições específicas acima nas quais é possível que ocorra o
surgimento de hematomas, é provável que também se manifestem após o
aparecimento de varizes, podendo ser tratados com
Hamamelis virginica;no
caso de uma lesão contundente, podem ser tratados com Symphytum officinale
e, por último, se tratando de hematomas ocasionados por dores nos nervos, o
remédio a ser indicado seria Hypericum perforatum
13.5
Por conseguinte, uma forma de tornar esse pensamento mais breve e prático no momento da prescrição, seria convertendo cada raciocínio desses em um conjunto de etapas, um algoritmo, como demonstrado na Figura 1.
Figura 1:
O uso de algoritmos aplicados à uma prescrição para hematomas.
Fonte: KAYNE, Steven; KAYNE, Lee. Homeopathic Prescribing. 2. ed. Glasgow: Saltire Books, 2017.
3. Construindo um algoritmo na prescrição homeopática
Para consolidar o emprego de algoritmos na prescrição homeopática, foi desenvolvido um algoritmo específico considerando o caso da gastroenterite, também denominada como gripe intestinal, a gastrenterite é causada normalmente por vírus e a infecção se dá pela ingestão de um vírus causador.
Essa contaminação pode ocorrer principalmente pela ingestão do rotavírus e os indivíduos contaminados apresentam sintomas como fadiga, perda de apetite, diarreia, náusea, vômitos e febre
17.
Em uma anamnese de um paciente com gastrenterite, o prescritor, com o
intuito de formar um algoritmo para melhor organizar as ideias, pode dividir esses
sintomas entre estado geral pouco ou não atacado e estado geral rapidamente
atacado. De cada um desses estados, pode-se extrair os sintomas de vômitos,
se estes são pouco ou muito frequentes. Se pouco, podemos analisar a questão
da diarreia, definindo qual seria o melhor remédio a ser escolhido pelo aspecto
6
das fezes. Se essa diarreia for aquosa, a melhor forma de tratar seria com
Jatropha curcas. Já no caso de uma diarreia com aspecto esverdeado, o melhormedicamento seria uma diluição de Ipecacuanha. No entanto, se os vômitos forem muito frequentes, sem que seja necessário observar a questão das fezes, o melhor tratamento também seria com a diluição de Ipecacuanha
18.
Todavia, se o estado geral for rapidamente atacado, com o paciente apresentando um quadro de frequência baixa de vômitos, o remédio escolhido seria Aceticum acidum e, na situação de um relato de vômitos frequentes, o tratamento mais adequado precisaria ser com
Aethusa cynapium18. Podemos analisar esse pensamento convertido para um algoritmo na Figura 2.
Figura 2:
O uso de algoritmos aplicados a uma prescrição para gastrenterite.
Fonte: Original do autor.
4. Conclusão
Em síntese, podemos observar que esse artigo tem como proposta apresentar uma técnica que torna mais simples, objetivo e prático o ato da prescrição homeopática, expondo dois casos em que podemos utilizar o emprego de algoritmos na prescrição, sendo um que dispõe de um exemplo escrito por Kayne & Kayne e outro de autoria própria.
Também tem como finalidade promover e tornar mais dinâmica a
prescrição de medicamentos homeopáticos por todos os profissionais de saúde
habilitados por seus conselhos de classe. Tendo em vista que a prescrição de
7
medicamentos homeopáticos por farmacêuticos já está implementada, o emprego de algoritmos neste segmento evidencia significativa importância de acesso aos serviços homeopáticos, fato contemplado nas farmácias homeopáticas de todo o Brasil.
Além disso, a técnica possibilita organizar algoritmos para as principais doenças, para tanto, o prescritor deve fazer um estudo a respeito da doença em questão, com emprego da Matéria Médica e do Repertório Homeopático para que seja possível organizar as etapas da anamnese e definição do medicamento adequado.
Por fim, é inteligível afirmar que não é necessário o uso de muita tecnologia para utilizar algoritmos como auxiliar na prescrição homeopática, sendo uma prática que pode ser executada apenas com o uso de materiais corriqueiros como papel e caneta, uma vez que os algoritmos serão utilizados para a prescrição com o propósito de organizar, de forma mais clara, as ideias do prescritor para uma melhor escolha do medicamento.
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INSTITUTO DE HOMEOPATIA JAMES TYLER KENT. SELECTAHOMEOPATHICA: critérios de prescrição. Rio de Janeiro: Hylton Sarcinelli Luz, 1997.
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9