• Nenhum resultado encontrado

F R A N C I S CO M O R A ES P AZ NA P O É T I CA DA H I S T O R IA A R E A L I Z A Ç f tO DA U T O P IA N A C I O N AL O I T O C E N T I S TA ( P a r te I I) C U R I T I BA -

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2022

Share "F R A N C I S CO M O R A ES P AZ NA P O É T I CA DA H I S T O R IA A R E A L I Z A Ç f tO DA U T O P IA N A C I O N AL O I T O C E N T I S TA ( P a r te I I) C U R I T I BA -"

Copied!
259
0
0

Texto

(1)

F R A N C I S C O M O R A E S P A Z

N A P O É T I C A D A H I S T O R I A

A R E A L I Z A Ç f t O D A U T O P I A N A C I O N A L O I T O C E N T I S T A

( P a r t e I I )

C U R I T I B A - 1995

(2)

3 . S O B R E A U T O P I A N A C I O N A L

N O S T R O P I C O S

(3)

JOB

3 . S O B R E A U T O P I A N A C I O N A L N O S T R O P I C O S

Sendo inegável que as letras, alés de concorrerei para o adorno da sociedade, influes poderosasente na firaeza de seus alicerces, oi¡ seja pelo esciarecisento de seus aeabros, ou pelo adoçaaento dos costuses públicos, é evidente que es usa Bonarquia constitucional, onde o »érito e os talentos deves abrir as portas dos eapregos, e es que a saior soaa de luzes deve foraar o aaior grSo de felicidade pública, sSo as letras de uea absoluta e indispensável necessidade, principalsente aquelas que, versando sobre a história e geografia do país, deves sinistrar grandes auxilios à adainistraçSo pública e ao esciarecisento de todos brasileiros.

Por isso, os abaixo-assinados, sesbros do conselho adainistrativo da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, conhecendo a falta de ua Instituto Histórico e Geográfico nesta corte, que principalsente se ocupe ee centralizar iaensos docusentcs preciosos, ora espalhados pelas provincias, e que podes servir á história e geografia do Ispério, tSo dificil por falta de ua toabo ou prontuário de que se possaa aproveitar os nossos escritores, desejas e pedes a sua pronta instalação, debaixo dos auspícios da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional, e ofereces as seguintes bases para esta utilíssiaa associação, requerendo ao conselho adsinistrativo que, se as achar convenientes, as adote para a préxiaa assesbléia geral da sociedade a fia de serea definitivaaente aprovadas.

Bases

1. Fundar-se-há, sob os auspícios da Sociedade Auxiliadora de Indústria Nacional, ua Instituto Histórico e Geográfico, que especialaente se ocupe da história e da geografia do Brasil.

2. Os seus aesbros trabalharão na aesaa casa ea que ora trabalhas os da Sociedade Auxiliadora da Indústria Nacional.

3. 0 fia deste Instituto será, aléa dos que fores aarcados pelo seus regulaaentos, coligir e aetodizar os docusentos históricos e geográficos interessante ¿ história do Brasil.

(...)

Rio de Janeiro, 16 de agosto de 1833.

0 sarechal Raysundo José da Cunha Hattos.

D cSneço Januário da Cunha Barbosa.

( R e v i s t a d o I H G B , toao !. mísero 1. p. 5-é)

(4)

1838. A I ne i 1 ater ra., n o início da sua era v i t o r i a n a

( 1.837™ 190.1 ) , a s s i s t e á publicação cia Carta do Povo, d o c u m e n t o t| u e e X :i. g e a ampliação d o s d i r e i t o s p o 1 í t i c o s cl o s

t r a b a l h a d o r e s , a t r a v é s d o s u f r á g i o u n i v e r s a l e d o v o t o s e c r e t o . A França., a p ó s a segunda d e r r o t a d a s p r e t e n s õ e s a b s o l u t i s t a s d o s Bourbon«?, (Carlos X ) , v i v e n c i a a e x p e r i ê n c i a m o n a r q u i s t a constitucional,, sob o s a u s p í c i o s d e um rei

burguês, L u í s F e l i p e de O r l e a n s . E n q u a n t o isto., a A l e m a n h a

c o 1 h e o s p r i m e i r o f r u t o s cl o d e s e n v o 1 v i m e-? n t o p r o p i <:: i a d o p e 1 o

Z o l l ven r e i n (1834) e a Itália., sob a influ&icia de Mazzini „ é v a r r i d a pelo movi men te? u n i f í c a d o r da Nova I t á l i a (.1.83.1.).

1838. H o campo d a música,, Liszt., S c h u m a n n e Chopin

encantam as p l a t é i a s a r i s t o c r á t i c a s com s u a s c o m p o s i c ö e s r o m S n t i c a s e/ou revolucionárias., Ho meio operístico;, s o b r e t u d o italiano., Bellini., Donizetti e Rossini arrebatam o público.. No m u n d o literário., em meio a crescente p o p u l a r i d a d e d e Balzac e D i c k e n s , temos a publicaçâ'o d e Memórias de um louco, d e F l a u b e r t e, do o u t r o lado do Atlant.ico, do n o t á v e l conto m

queda da casa de Usher, de Poe,. A pintura de Delacroix e Turner revolucionam os m e i o s artísticos., e n q u a n t o as idéias de Kan t e de Hegel continuam e s t i m u l a n d o o pensamento tilosófi cd.

0 sol de j u l h o (1830) reacende a crença n o s v a l o r e s d e m o c r á t i c o s e prepara o terreno para as idéias a n a r q u i s t a s e social i s tas.,

1838. C r e s c e o movimen te:" o p e r á r i o , assim c o m o a v a n ç a a R e v o l u ç ã o Industrial inglesa, T r a n c e s a e alema., A s o c i e d a d e é majoritariadiente rural, m a s o s g r a n d e s c e n t r o s urbano-

(5)

310

i n d u s t r i a i s firmam-se como p ó l o s econômicos., S e d e n t a s d e p a r c e i r o s comerciais e e m b a l a d a s pelos p r i n c í p i o s d o l i b e r a l i s m o , as potências e u r o p é i a s consolidam n o v a s bases coloniais- Vendo-se a m e a ç a d a , sob os a u s p í c i o s do p o n t i f i c a d o de D r e g ó r i o X V I , a Igreja busca d e s p e r tar o ideal missionário., c o n v e r g i n d o seus e s f o r ç o s para a O c e a n i a . O r o m a n t i s m o traduz m u i t a s d e s s a s inquietações e t r a n s f o r m a ç õ e s , assim como e m b a l a d i v e r s a s utopias s o c i a i s e políticas- florre o libretista L o r e n z o D a Ponte., c o m p a n h e i r o d e M o z a r t e m Ab bodas- de F í g a r o

e Dam G i o v a n n i . Estréia Benvenuto Ce 1 inn i, ó p e r a q u e revela a g e n i a l i d a d e de Hector Berlioz» S c h u m a n n completa a S i n f o n i a em dó m a i o r e Chopin;, o Scherzo nc 2 em si bemol. N a s c e E r n s t IIa eh., cientista a u s t r í a c o precursor da teoria da relatividade..

1838. 0 Brasil v i v e sua e x p e r i ê n c i a política Regencia!,,

HS'o sem traumas., A abc! i cação de P e d r o I a favor de seu filho., P e d r o de Al cantara, e s b a r r a na q u e s t ã o da menoridade» E n q u a n t o o i ovem herdeiro prepara-se para a s s u m i r o trono, o s regentes

(183.1.-40) enfrentam o fantasma d a reedição n a c i o n a l d a e x p e r i ê n c i a latino amer i cana de i r: d e peri d en c i a - Qual seja., a f r a g m e n t a r ã o t e r r i t o r i a l . ( 1 ) P e d r o 1 vencera o m o v i m e n t o s e p r a t i s t a e repu hi i cano da C o n f e d e r a ç ã o do E q u a d o r (:1.824 ), e c o n s e g u i r a mari ter a unidade n a c i o n a l . P o r é m , como v e n c e r , em n o m e d e um presumível herdeiro, os movimen tos s e p a r a t i s t a s q u e assolam um governo de transição ?

Ho Norte, a s s i s t i m o s o m o v i m e n t o paraense da Cabanaqem (1835-40):; no N o r d e s t e , o m o v i m e n t o m a r a n h e n s e da B a l a i a d a ( 1838—41 ) e o movimiento baiano da Sab.i.nada (1837). Mo Sul., nS'o bastasse a Questíío P l a t i n a , a Revolução F a r r o u p i l h a (1835-45)

(6)

Juliana (BC)- Aliás., em m e i o as f r e q ü e n t e s man if e s t a ç õ e s de lusofobia, explodem os s e n t i m e n t o s r e g i o n a l i s t a s . R i o G r a n d e do Sul e F'ernambuco,, por e x e m p l o , s á o p r o v í n c i a s em c o n s t a n t e ef er vecên ci a pol í ti ca ., ( 2 ) M a i s q u e o recurso d e u m a a çáo m i l i t a r , e v e n t u a l m e n t e capaz de g a r a n t i r a u n i d a d e t e r r i t o r i a l

lembremos- d a perda d a P r o v í n c i a C i s p l a t i n a ( U r u g u a i ) cumpre e s t a b e l e c e r e m - s e e s t r a t é g i a s e f i c a z e s de p r e s e r v a ç ã o da unidade territorial e do p a t r i m ô n i o p o l í t i c o da C o r o a . A l g o como a f u n d a ç á o do t ó p i c o da origem, como o r e c o n h e c i m e n t o d o s f u n d a m e n t o s concretos da n a c i o n a l i d a d e . I>o per ten cimen to. Da

hrasi 1 idade„

0 g r a n d e d e s a f i o p o l í t i c o d a s e l i t e s i m p e r i a i s e s t á na implantação d o E s t a d o N a c i o n a l •••• G o n ç a l v e s d e M a g a l h ã e s , diante? do e p i s ó d i o d a B a l a i d a , lembra q u e o f a r d o dos

bacharéis consiste na e l a b o r a ç ã o de um p r o j e t o naciona1.(3) E na conciliação de m ú l t i p l o s i n t e r e s s e s regionais., O P r i m e i r o

Império soubera a s s e g u r a r o r e c o n h e c i m e n t o da i n d e p e n d & n c i a e incluir o Brasil no j o g o d i p l o m á t i c o i n t e r n a c i o n a l . Porém., c e n t r a l i z a d o r , não soubera d e s e n v o l v e r um p r o j e t o político capaz de contemplar a q u e l e s i n t e r e s s e s internos,, V e n d o - s e d i s t a n t e s do processo d e c i s ó r i o , as e l i t e s r e g i o n a i s passam a conspirar contra a u n i d a d e política., Venc:lo--se c o n t r a r i a d a s em suas preocupações i m e d i a t a s , n'áo r a r a m e n t e , e s s a s m e s m a s e l i t e s invocam a origem p o r t u g u e s a do imperador para a f i r m a r que o Império man tém—se preso ao;:; i n t e r e s s e s l u s i taños n o Brasil» Qual s e j a , a t r a v é s d e i n ú m e r o s a r g u m e n t o s , todos aqueles que s e n t e m - s e e x c l u í d o s o u f r u s t r a d o s em s u a s

(7)

312

e x p e c t a t i v a s políticas n«o se c o n s i d e r a m represen lados n o I m p é r i o , nem se reconhecem no Imperador.,

De certo q u e a a r i s t o c r a c i a rural b r a s i l e i r a não é contrária á u n i d a d e t e r r i t o r i a l . A defesa da p r e s e r v a ç ã o da m o n a r q u i a fora a f ó r m u l a e n c o n t r a d a para e f e t i v a r a i n d e p e n d e n c i a sem r i s c o s de d e s m e m b r a m e n t o do t e r r i t ó r i o , de preservar a e s t r u t u r a sócio—econcimi ca do latifúndio e s c r a v i s t a e de v e n c e r a s r e s i s t ê n c i a s in t e r n a s „ ( 4 ) T r a t a — s e d e u m a

emancipação conservadora, sem r i s c o s de a g i t a ç ã o e d e a m p l i t u d e social limitada., P o r é m , t a i s g a r a n t i a s nS o respondem

i n t e i r a m e n t e aos i n t e r e s s e s d a q u e l a a r i s t o c r a c i a . A dissolução da A s s e m b l é i a Constituinte,, em 1 8 2 3 , .iá e v i d e n c i a a tensão e n t r e o a b s o l u t i s m o do imperador e o l i b e r a l i s m o de a l g u n s s e g m e n t o s da elite,, A ação r e p r e s s i v a d a s tropas i m p e r i a i s na C o n f e d e r a ç ã o do Equador d e s e n c a d e i a um a f a s t a m e n t o m a i o r e n t r e a m b o s

Avesso á s reformas,, P e d r o I opta pela a b d i c a ç ã o . V i t ó r i a para a l g u n s . P e r i g o para outros.. S i m , pois na ausência de um g o v e r n o forte-, r e a p a r e c e o fantasma d a f r a g m e n t a ç ã o t e r r i t o r i a l . Diante d o p e r i g o , a l g u n s s e g m e n t o s da s o c i e d a d e •••• os restauradores ~ defendem a volta do imperador. Ao mesmo

tempo, os e x a l t a d o s exigem a d e s c e n t r a l ização a d m i n i s t r a t i v a e maior autonomia d a s p rovíncias,, e n q u a n t o os m o n a r q u i s t a s

moderados defendem a centralização p o l í t i c o - a d m i n i s t r a t i v a . A e v o l u ç ã o d e s s e s g r u p o s o r i g i n a , em 1837, os primeiros partidos p o l í t i c o s brasileiros. Os r e s t a u r a d o r e s e parte d o s moderados

formam o P a r t i d o C o n s e r v a d o r ; os e x a l t a d o s e outra parte d o s

(8)

moderados originam o P a r t i d o L i b e r a l . ( 5 ) Na p r á t i c a , a m b o s d e f e n d e m os m e s m o s i n t e r e s s e s a g r á r i o s e e s c r a v o c r a t a s .

A soluçSo r e g e n c i a ! como forma de t r an s x çao do I para o II I m p é r i o r e v e l a - s e um risco, p o l í t i c o permanente. L i b e r a i s e c o n s e r v a d o r e s a l t e r n a m - s e no g o v e r n o , sem levar a ter mi o as r e f o r m a s e s p e r a d a s pela s o c i e d a d e b r a s i l e i r a . D a í , a s e x p I o s C e s d o s c o n f l i t o s , r e v o l t a s e revoluções. A C a b a n a g e m e a B a l a i a d a traduzem a s tensões s o c i a i s d e c o r r e n t e s da e s t r u t u r a latifundiária e da m i s é r i a do H o r t e e H o r d e s t e . Aliás,, a c o n c o r r ê n c i a do açúcar a n t i l h a n o e do a l g o d ã o n o r t e - a m e r i c a n o também agravam os p r o b l e m a s e c o n ô m i c o s do período..

A p e n a s a C o r t e , a p o i a d a no surto c a f e e i r o do V a l e do P a r a í b a , v i v e n c i a um relatives c r e s c i m e n t o e c o n ô m i c o . Ao m e s m o tempo, os c r i a d o r e s de g a d o do Si.il o p õ e m - s e aos a c o r d o s comerciais e s t a b e l e c i d o s com o s países do P r a t a , pois o s m e s m o s fomentam a crise d a pecuária g a ú c h a e d e s e n c a d e i a m o movimiento F a r r o u p i l h a . 0 contraste e n t r e o centralismo político e as c r i s e s p r o v i n c i a i s parece s e n t e n c i a r a unidade do Império.

1858. C r e s c e o m o v i m e n t o pela maioridade de Pedro de A l c â n t a r a como solução aos i m p a s s e s regenciais,, C r e s c e , também, o projeto de construção tie u m a comunidade imaginária como f u n d a m e n t o da alma n a c i o n a l . T r a t a - s e do reconhecimento d o s l i m i t e s da resposta armada a o s m o v i m e n t o s s e p a r a t i s t a s e do c u i d a d o s o e n c a m i n h a m e n t o p o l í t i c o do saber h :i. s tó r 3. co (e g e o g r á f i c o ) . Ou en tao, se preferi r m o s d o reconhecimento do potencial imagético da g e n e a l o g í a n a c i o n a l . S o b o s auspícios da S o c i e d a d e A u x i l i a d o r a da Indústria N a c i o n a l , um grupo de i n t e l e c t u a i s lança um v e r d a d e i r o m a n i f e s t o a -favor d o s

(9)

314

sen timen tos p a t r i ó t i c o s e - i n s p i r a n ü o - s e no m o d e l o e na trad içSo i l u m i n i s t a d a s a c a d e m i a s (6) - funda o Instituto H i s t ó r i c o e G e o g r á f i c o Brasileiro.. Não se trata d a única instancia ou e s t r a t é g i a d e produção da c o m u n i d a d e n a c i o n a l ; no mesmo a n o , por e x e m p l o , síí'o f u n d a d o s o C o l é g i o D. P e d r o II e o A r q u i v o P ú b l i c o . No e n t a n t o , e l e passa a ser o locus

p r i v i l e g i a d o de e m i s s ã o de um d i s c u r s o com um d a d o e f e i t o de v e r d a d e ., 0 d i s curso d o / s obre o Bra s i I.

E v o c a n d o a a u t o r i d a d e m í t i c a de Cícero - a h i s t ó r i a é testemunha dos tempos - J a n u á r i o da Cunha B a r b o s a , um d o s o r a d o r e s da s e s s ã o , d e s t a c a a importância d o m o m en to., 0 Instituto H i s t ó r i c o e G e o g r á f i c o , a f i r m a , e n t r e o u t r a s p o s s i b i l i d a d e s , serve para " m o s t r a r m o s ás nações c u l t a s q u e também prez amos a glória da pátria, p r o p o n d o - n o s a c o n c e n t r a r , e m u m a 1 i t e r A r i a a s s o c i a ç áo, o s;- d i v e r s o s i: a t o s d a n o s s a história e o s e s c: 1 a re c i men tos g e o g r á f i c o s do n o s s o p a í s , para q u e possam ser o f e r e c i d o s a o conhecimento d o m u n d o , p u r i f i c a d o s dos e r r o s e inexatidões q u e os m a n c h a m em m u i t o s i m p r e s s o s , tanto n a c i o n a i s como e s t r a n g e i r o s . " ( 7 ) De i m e d i a t o , podemos destacar t r es q u e s t õ e s importantes. Por um lado, as refer en c i as do autor a C í c e r o e x p l i c i t a m o apelo á autoridade::' de um a n t i g o Império •••• Roma - como fun d arrien to de o u t r o B r a s i l ; as g l ó r i a s do p r i m e i r o parecem autorizar a e x i s t ê n c i a do s e g u n d o . P o r o u t r o , a constante recorr&icia à h i s t ó r i a , como forma de eternizar os f a t o s m e m o r á v e i s da p á t r i a , indica um p r e s e n t e de r e a l i z a ç õ e s a ser transmitido á s p r ó x i m a s g e r a ç õ e s » F inalmente, e s t a m o s d i a n t e de um d i s c u r s o com dupla o r i e n t a ç ã o ; tal como reafirma i n t e r n a m e n t e o s e n t i d o da nação.

(10)

e x t e r n a m e n t e evidencia o direito bras; i lei ro a um a s s e n t o no con ce r to d a c: i v i 1 i z a ç'ào „

L e m b r e m o s , ainda, q u e e s t e é um d i s c u r s o p r o f e r i d o por um m e m b r o da S o c i e d a d e A u x i l i a d o r a da I n d ú s t r i a N a c i o n a l , d i r i g i d o a o u t r o s s ó c i o s e sol i c i t a n d o - 1 h e s a p o i o . F u n d a d a em 1827, a a s s o c i a ç ã o enfoca a q u e s t ã o da indústria de forma s i n g u l a r . "D termo na época" ••• s e g u n d o J o s é M u r i l o de C a r v a l h o

•••• "se referia á atividade produtiva em geral e a principal indústria era a a g r í c o l a , d e l a c u i d a n d o p r i n c i p a l m e n t e a S o c i e d a d e . NSo n o s parece também q u e se t r a t a v a d e um o r g a n i s m o de n a t u r e z a p o l í t i c a , capaz de pressionar o g o v e r n o em favor de m e d i d a s de d e f e s a da indústria, a g r í c o l a ou n'áo.

( ) Tinha cunho q u a s e o f i c i a l , pois recebia d o t a ç õ e s do o r ç a m e n t o geral e contava entre s e u s m e m b r o s boa parte d o s políticos mais importantes, da é p o c a , a l g u n s d o s q u a i s , como o M a r q u e s de O l i n d a , o Marques- d e Abran tes e o Visconde? do Rio B r a n c o , a presidiram. (...) 0 tom d a s posições da Sociedade

era d a d o pelos s e c r e t á r i o s - g e r a i s e possuía u m a conotação de natureza mux to miais té en i co-cien tí f i ca do que? pol í ti ca . " ( 8 )

M e s m o assim, completa o a u t o r , t r a t a - s e d e uma a s s o c i a ç ã o a t e n t a A ne ce s s x cl ade de reformas e à s u b s t i t u i ç ã o da mcío-de-obra e s c r a v a . C o n t a n d o com a presença de e l e m e n t o s p r o g r e s s i s t a s , elabora um d i s c u r s o favorável á m o d e r n i z a ç ã o técnica e? social da agricultura,, S e u s m e m b r o s , a t e n t o s às q u e s t õ e s da m o d e r n i d a d e e p r e o c u p a d o s em incluir o Brasil entre as n a ç õ e s cultas, buscam d e s e n v o l v e r e s t r a t é g i a s de c o n s o l i d a ç ã o da unidade n a c i o n a l . A história e a g e o g r a f i a sá"o tomadas como recursos i n t e l e c t u a i s na produçáo da memória;; e o

(11)

316

Instituto, como um monumento de g l ó r i a n a c i o n a l . Com ê n f a s e , Cunha Barbosa a s s e g u r a que "a p r o s e c u ç S o do £ seu II d i s c u r s o Hoj faz chegar a um ponto q u e , d e s i g n a n d o bem c l a r a m e n t e a g r a n d e u n i d a d e que se pode colher d o s e s t u d o s h i s t ó r i c o s e g e o g r á f i c o s , marca por isso m e s m o uma é p o c a g l o r i o s a em n o s s a

pátria., da qual se d e s c o b r e a honrosa e s t r a d a que podem m e l h o r seguir aqueles d o s n o s s o s p a t r í c i o s em cujos p e i t o s p a l p i t a m c o r a ç õ e s a n i m a d o s pelo amor da .glória literária» E l e s , de certo, farão o m e l h o r uso d o s s e u s e s t u d o s s o b r e a h i s t ó r i a da pátria, expurgada de t a n t o s e r r o s , e n r i q u e c e n d o o s s e u s e s p í r i t o s de c o n h e c i m e n t o s i n t e r e s s a n t í s s i m o s , q u e lhes s i r v a m n o s e m p r e g o s a que forem c h a m a d o s pelos v o t o s d e s e u s

ci dad Sos.. " (9)

De forma m u i t o c l a r a , t e m o s um d i s c u r s o i n s c r i t o por inteiro na melhor tradição historiog ráf i ca do início do s é c u l o X I X , conjugando a história com o nacionalismo» C u n h a B a r b o s a destaca a n e c e s s i d a d e ci e reí un ir e organizar o s e l e m e n t o s

históricos d i s p e r s o s pelas p r o v í n c i a s , de conjugar o s e s f o r ç o s cios brasileiros n a e l a b o r a ç ã o d e u m a h i s t ó r i a geral e

f i l o s ó f i c a d o Brasil e de d e s t a c a r o s f e i t o s d o s g r a n d e s homens., pois e l e s são a p o n t a d o s como e x e m p l o á s g e r a ç õ e s

•futuras» Tal como ressalta a i m p o r t â n c i a da p r o t e ç ã o d o s trabalhos históricos e de c o n s o l i d a ç ã o da política d e f o m e n t o ás publicações» e a o s a r q u i v o s , a l e r t a sobre a u rg en c .i. a d e produção d e informações c o r r e t a s e precisas, i m p a r c i a i s e o b j e t i v a s da nova nação., Ao d i v i d i r a história do Brasil em antiga e moderna, lembra q u e a g r a n d e tarefa d o I n s t i t u t o consiste em r e v e l á - l a s por i n te:i. ro e despertar o p a t r i o t i s m o

(12)

n a c i o n a l . De m o d o c l a r o , c o n f i r m a a a n á l i s e de F r a n ç o i s F u r e t sobre a tarefa do h i s t o r i a d o r e o papel da h i s t ó r i a no século X I X , isto é, da i m p o r t a n c i a p e d a g ó g i c a da história na formaç'ào do cidadSo e na c o n c i l i a ç ã o do p r e s e n t e com o p a s s a d o . ( 1 0 )

O d i s c u r s o d e Cunha B a r b o s a , a s s i m como os e s t a t u t o s do Instituto, traduzem a s p r e o c u p a ç õ e s h i s t o r i o g r á f i cas d a s primei ras décadas do s é c u l o p a s s a d o . L e m b r e m o s q u e o início do o:i. tocen tos - f a c e a crise d os i d e a i s da Revolução F r a n c e s a •••• é m a r c a d o pela revisão d o s v a l o r e s e redefinição d o c o n c e i t o de v e r d a d e , d e m o d o a e n c o n t r a r c r i t é r i o s de reconstruç/áo do mundo» A s s i m , começa a surgir a c o n c e p t o m o d e r n a cie história e a f i r m a r - s e o m i t o d a i m p a r c i a l i d a d e d o conhecimento:;

imparcial idade que é p r e s s u p o s t o d a q u e l a c o n c e p ç ã o . Para o intelectual brasileiro, além de o b s e r v a r tais e n t e n d i m e n t o s , a história nacional d e v e traduzir as s i n g u l a r i d a d e s de uma naç'cio tropical e as c o r r e s p o n d e n c i a s com o inundo c i v i l i z a d o .

Nesta p e r s p e c t i v a , c o n f o r m e Manoel Luís, S a l g a d o Guimat-Ses, "é no bo.;io do p r o c e s s o d e consolidação do listad o Nacional que se v i a b i l i z a um p r o j e t o de pensar a história brasileira de forma s i s t e m a t i z a d a . A criaç'ào, em .1.838, d o Instituto Histórico e G e o g r á f i c o B r a s i l e i r o (IHGB) vem apontar em direçSo á material i zaçao d e s s e empreendimen to, que- mantém profundas relações com a proposta icleológica em curso. Uma vez implantado o E s t a d o N a c i o n a l , i m p u n h a - s e como tarefa o d e l i n e a m e n t o de? um perfil para a 'Naç'à'o b r a s i l e i r a ' , capaz de lhe garantir uma i d e n t i d a d e própria n o conjunto m a i s a m p l o das

' H a ç O e s ' , cie acordo com o s n o v o s princípios o r g a n i z a d o r e s da vida social do XIX. " ( 11 ) Ao lado do desejo de construção da

(13)

31B

h i s t o r i o g r a f ia nacional., a c r e s c e n t a L i l i a Moritz S c h w a r c z , " Ii A a intenção de ná'o só e n s i n a r e d i v u l g a r c o n h e c i m e n t o s , como

•formular uma história q u e , a e x e m p l o d o s d e m a i s m o d e l o s e u r o p e u s , se d e d i c a s s e á e x a l t a ç ã o e g l ó r i a da pátria."( 3.2 )

C o n f i. r m a n do a r i a t. u r e z a d e t a i s o b _i e t i v o s, A r n o W & h ling lembra que "a principal f i n a l i d a d e d o IHGB e r a o d e s e n v o l v i m e n t o dos c o n h e c i m e n t o s g e o g r á f i c o s e h i s t ó r i c o s no B r a s i l , pelo e s t i m u l o á pesquisa com o recolhimen to, n a s p r o v í n c i a s e no e x t e r i o r , d e d o c u m e n t o s relativos à formação b r a s i l e i r a , e pelo e s t í m u l o A produção de t r a b a l h o s m o n o g r á f i c o s e g e r a i s q u e p e r m i t i s s e m o estudo da história brasileira-" Além d e s s e s i n t e r e s s e s c i e n t í f i c o s , c o m p l e t a o a u t o r , é e v i d e n t e a busca d o " e s c l a r e c i m e n t o da s o c i e d a d e , pelo d e s e n v o l v i m e n t o d a 'cultura 1 iterária', l e v a n d o a um apr'imoramen to das r e l a ç õ e s s o c i a i s ; o a p e r f e i ç o a m e n t o da a d m i n i s t r a ç ã o p ú b l i c a , com a f o r m a ç ã o de m e l h o r e s quad ros funcionaiss e o e x e r c í c i o m a i s a p e r f e i ç o a d o cie c a r g o s eletivos.. "( 3.3)

Os m e m b r o s do Institute' r e c o n h e c e m a ausência d e o b r a s g e r a i s sobre a história cio B r a s i l , salvo a l g u n s p o u c o s

trabalhos.. É. o caso d e H i s t ó r i a da América portuguesa, d e S e b a s t i ã o da Rocha P i t a , p u b l i c a d o em 3.731: H i s t o r y of B r a z i l ,

de Robert. S o u t h e y , p u b l i c a d o e n t r e 1 8 1 0 e 3.817; Résumé de l ' h i s t o i r e du B r é s i l, d e F e r d i n a n d D e n i s , 1 8 2 3 ; e Beschichte

von B r a s i l i e n , de Ernest M ü n c h , .1.829,, HS'o é pois sem razão que m e m b r o s da S o c i e d a d e Aux il ideará da Indústria N a c i o n a l , como Cunha B a r b o s a e Cunha M a t t o s , con clamam s e u s companhei ros

para, a t r a v é s de m e d i d a s c o n c r e t a s , estabelecerem as condições

(14)

n e c e s s á r ias para o d e s e n v o l v i m e n t o d o s e s t u d o s históricos..

Também n'áo s u r p r e e n d e que m u i t o s m e m b r o s da S o c i e d a d e integrem o n o v o I n s t i t u t o.. ( 14 )

Ao buscar u m a e s t r a t é g i a a c a d ê m i c a d e preservação do Império., tais i n d i v í d u o s e x p r e s s a m a repulsa ao m o d e l o p o l í t i c o d a s j o v e n s n a ç õ e s l a t i n o - a m e r i c a n a s e o apeçjo a obra c i v i l i z a d o r a iniciada p e l o s p o r t u g u e s e s . Isto é , repu d i am os ideais r e p u b l i c a n o s e definem um padr'áo de civilização branca e e u r o p é i a . D e s t a f o r m a , c o n f o r m e lembra G u i m a r ã e s , definem seu outro e x t e r n o - as r e p ú b l i c a s l a t i n o - a m e r i c a n a s •••• e interno - o n e g r o e o índio. E reafirmam., d e s d e a q u e l e m o m e n t o , a i d e n t i f i c a ç ã o com a F r a n ç a , o ideal de transformar o Brasil n u m v e r d a d e i r o d e s d o b r a m e n t o da civilização f r a n c e s a n o s t r ó p i c o s . A s s i m , é na a c a d e m i a e na h i s t o r i o g r a f i a f r a n c e s a que a m a i o r i a cios m e m b r o s do Institute:- busca p a r â m e t r o s para a história n a c i o n a l . A l i á s , o predomínio cultural da F r a n ç a pode ser a pon 'lado como u m a d a s muita;:;, h e r a n ç a s 1 u s i t a n a s a o I m pe r :i. o.. (15)

F'or um laclo, ao d e f i n i r o Inst i tuto como um órg'áo de n a t u r e z a c i e n t í f i c a , s e u s membre?s o apresentam como d e s t i t u í d o ele v i n c u l a ç ô e s pol í t:i. co-partidárias,. Eissa n e u t r a l i d a d e a

torna, por e x c e l ê n c i a , o e s p a ç o a c a d ê m i c o a u t o r i z a d o a proferir o d i s c u r s o ela h i s t ó r i a , a f a l a r do/sobre B r a s i l , por o u t r o , ao a s s u m i r o conceito e v o l u t i v o de história, d e s t a c a m como t a r e f a s centrais:- elo I n s t i t u t o a coleta e publicação ele d o c u m e n t o s i m por i an t e s a ci i f u s'ä o elo ensino de história, o

intercambio com órgSos ela m e s m a n a t u r e z a e , s o b r e t u d o , o e s t í m u l o à f u n d a ç á o de i n s t i t u t o s provinciais. L e m b r e m o s q u e .

(15)

320

se a procura ele d o c u m e n t o s revela a busca d a s o r i g e n s e a ateriÇtíô para com o e n s i n o e v i d e n c i a o ideal d e difusão da g ê n e s e da nacional idade, a política de f o m e n t o a o i n t e r c a m b i o contempla os p r o p ó s i t o s d e d e s e n v o l v i m e n t o d a pesquisa histórica em consonan cia com os paradigmas da h i s t o r i o g r a f i a européia,, com o rigor documen tal e com o m o d e r n o d i s c u r s o cien tí f i co ..

O a p o i o ao e s t a b e l e c i m e n t o d o s i n s t i t u t o s p r o v i n c i a i s denota a sutileza do projeto político do Instituto.. T e n h a m o s p r e s e n t e , entre o u t r a s q u e s t õ e s , sua estreita v i n c u l a ç ã o com o g o v e r n o imperial •••• além d o s s u b s í d i o s públicos, o título de presidente honorário é sempre a t r i b u í d o aos c h e f e s de estado - e seu e n t e n d i m e n t o de história nacional,, A s s i m , o s i n s t i t u t o s

r e g :i. o n a .i. s s cío p e ri s a d o i:;- c. o m o d e s d o b r a m e n t o s 1 o c a 1 i z a d o s d o próprio Instituto H i s t ó r i c o e G e o g r á f i c o Brasileiro.. C o m p e t e -

lhes fornecer o s s u b s í d i o s para o f o r t a l e c i m e n t o da identidade n a c i o n a l , da h i s t ó r i a - s l n t e s e da naçSo. Eles c o m p l e m e n t a m os e s f o r ç o s de reunião e centrai ização d o s d o c u m e n t o s r e f e r e n t e s ás províncias, de modo a reforçar a posição da C o r t e como f o c o e n u n c i a d o r claque I a i d en t i d a d e «

T e l e o l o q i c a m e n t e a con ve rq en cia d o s e s f o r ç o s revela o d e s t i n o do Brasil.. Messi an i camen te a común hão d o s p r o p ó s i t o s realiza o ideal civilizador do Império» I n t e l e c t u a l m e n t e a história nacional concretiza a u n i d a d e das províncias» M a i s q u e as a r m a s , t r a t a - s e d e um d i s c u r s o capaz d e v e n c e r as d i f e r e n ç a s regionais e de criar u m a comunhão cie i n t e r e s s e s , uma u n i d a d e homog ênea, um substrato político comum,, Um m u n d o c i V i l i z a d o , ain d a q u e n o s t r ó p i c o s., P o r t a. n t o, n ä'o é se m ra z ão

(16)

de uma revista. - órgão oficial do Instituto e o f i c i o s o do Império - e a realização de c o n c u r s o s m o n o g r á f i c o s -• s o b r e t u d o para a elaboração de um m o d e r n o p r o j e t o de história n a c i o n a l .

A R e v i s t a do Insti tuto., pubii cação regular I n i c i a d a em 1839 sob a coordenação de C u n h a B a r b o s a , t o r n a - s e d e i m e d i a t o o principal instrumento de d i f u s ã o cio c o n h e c i m e n t o histórico., As m a t é r i a s d i v i d e m - s e em a r t i g o s e d o c u m e n t o s r e l e v a n t e s , b i o g r a f i a s de b r a s i l e i r o s n o t á v e i s e informes d o Instituto- O s c o n t e ú d o s de história (45";) „ d e g e o g r a f i a < 18";) e a s b i o g r a f i a s conforme 1 e van t amen tes d e R o l l i e P o p p i no,, prevalecen) sobre os cierna i s a s s u n t o s ; o período colonial r e c e b e maior atenção, e os temas d o m i n a n t e s s S o o s p o l í t i c o s , o s s o c i a i s e os religiosos., A ê n f a s e na questão do d e s c o b r i men to

~ e, m a i s tarde, da i n d e p e n d e n c i a - traduz a busca d o s marcos de origem. A questão r a c i a l , a o mesmo t e m p o , revela a p r e o c u p a ç ã o quanto ã composição da população, o p r o p ó s i t o de branqueamen to da nação e a a t e n ç ã o ao projetei c i vi 1 i z ador „

Ueste sentido, é curioso observar que m e s m o t e n d o sides i d e n t i f i c a d o s como o outro i n t e r n o , índios e n e g r o s recebem tratamento diferenciado» As p o p u l a ç õ e s n e g r a s sS'o a p o n t a d a s como o m a i s baixo e s t á g i o da civilização e c o n f u n d e m - s e com a própria degradação humana» "Porém," - completa S c h w a r c z - "se imperava uma percepção f a t a l i s t a quanto á i n t e g r a ç ã o d o s n e g r o s , os indígenas provocavam cjpiniöes v a r i a d a s , tanto c|ue era possível acomodar n o interior dei IHÜB, seja u m a perspectiva positiva e e v o l u c i o n i s t a , seja um d i s c u r s o r e l i g i o s o católico, seja u m a v i s ã o romântica, em q u e o

(17)

322

indígena surgia r e p r e s e n t a d o e n q u a n t o s í m b o l o da i d e n t i d a d e nacional ." ( 16) Cabe r e l e m b r a r que? na ausência de um p a s s a d o medieval inspirador e de um c a v a l e i r o portador d a s v i r t u d e s humanas, o intelectual b r a s i l e i r o , a f e i t o à s e n s i b i l i d a d e romântica, de? forma g r a d a t i v a , t r a n s f o r m a o índio n o s í m b o l o d a q u e 1 a s q u a lid a d e s..

Tanto a história q u a n t o a literatura e n c o n t r a m n o homem primitivo o s í m b o l o d o bem, da luta contra o mal e da c o m u n h ã o

i (i i I :i. c: a c: o m a n a t. u r e z a . E n v o 1 v :i. d a s n a c: o n s t. r u ç So cl e u m p a s s a d o g e n e a l ó g i c o , ambas o escolhem p e d a g ó g i c a m e n t e em f u n ç ã o do que

pretendem anunciar.. O índio confunde: se com o m i t o da o r i g e m , revelando as q u a l i d a d e s d o homem b r a s i l e i r o e a n t e c i p a n d o a v o c a ç ã o do estado n a c i o n a l . Ac? p a r t i c i p a r da i n v e n ç ã o d a s tradições- r o m â n t i c a s , e l e i n t e g r a o inventário d o e s p e t á c u l o político contemporâneo e responde às a u s ê n c i a s c u l t u r a i s cio projeto e?n e i el opécl i c:o do I n s t i t u t o . C u r i o s a m e n t e , a u t i l i z a ç ã o cia imagem d o índio permite? a fusão d e d u a s f o r m u l a ç õ e s culturais caras a o s i n t e l e c t u a i s b r a s i l e i r o s - a Ilustração francesa e o R o m a n t i s m o alemão.. De f o r m a s i m u l t â n e a , e l e combina as v i r t u d e s d o bom s e l v a g e m com a r e c u p e r a ç ã o do p a s s a d o m í t. i c: o.. ( 17 )

Finalmente, mesmo sem uma quan ti f :¡. c a ç S o p r e c i s a , cumpro:?

destacar a atenção q u e a l g u m a s regiões recebem da R e v i s t a .

Embora atente? « publ i cação s i s t e m á t i c a de? artigos e d o c u m e n tos d a s diversas p r o v í n c i a s , é e v i d e n t e a predominan cia d o s assuntos relativos à Corte., D e s t a c a m - s e também as m a t é r i a s sobre o Horte •••• p a r t i c u l a r m e n t e d o Pará •••• e s o b r e o Sul e Hordeste,, Com a l g u m a s d i f e r e n ç a s significativas,, O N o r t e , nS'o

(18)

com ê n f a s e n o s s e u s r i o s e f l o r e s t a s , v a l o r i z a n d o as r i q u e z a s n a t u r a i s da região.. Já o Sul e o N o r d e s t e , m e s m o sem e s q u e c e r suas caracter í sti cas naturais., é sobretudo r e c o r t a d o pelo d i s c u r s o histórico,, No caso d a s p r o v í n c i a s do N o r d e s t e , o s a s s u n t o s versam s o b r e o p a s s a d o colonial e a s o c i e d a d e a o u c a r e i r a , expressão p r i m e i r a d e um m o d e l o de c i v i l i z a ç ã o •••• a

ci vi 1 izaçào do açúcar. A i n d a , e s p e c i a l atenção é d i s p e n s a d a á reação n a t i v i s t a a o s i n v a s o r e s h o l a n d e s e s do s é c u l o X V I I , q u e passa identificada com a e m e r g ê n c i a d o s s e n t i m e n t o s p r o t o - nacionalistas- As p r o v í n c i a s d o Sul revelam-se p r i n c i p a l m e n t e a t r a v é s das d i s p u t a s d e f r o n t e i r a s e d a s lutas contra o s povos p l a t i n o s , numa clara r e f e r ê n c i a á construção do t e r r i t ó r i o e v a l o r i z a ç ã o dos s e n t i m e n t o s patrióticos..

A t. r a V é s d e s s e s r e c u r s o s , o I n i:;-1 i t u t o v a il. o riz a u m a d a d a cultura histórica., m a r c a d a p e l o culto da u n i d a d e . C u l t o q u e celebra a projeção da b r a s i l i d a d e e ritualiza o s m i t o s f u n d a n t e s dos s e n t i m e n t o s d e perten cimen to. "Se o r o m a n t i s m o , no caso europeu," - a s s e g u r a L ú c i a L.ippi Oliveira - " r e c u p e r o u o passado h i s t ó r i c o r e p r e s e n t a d o pelo m e d i e v a l , pelo g ó t i c o , para a construção do i d e á r i o s i m b ó l i c o da nação, n o Brasil a c o n s t r u ç ã o é m a i s c o m p l i c a d a , já q u e nS'o houve uma Idade M é d i a a ser recuperada., Isto levou a u t o r e s , como J o s é de A l e n c a r , a construírem uma Idade Média i m a g i n á r i a . (...) 0 tempo da sua n a r r a t i v a é m i t o l ó g i c o , n o con texto da luta e n t r e a c i v i l i z a ç ã o e a n a t u r e z a , quand o se dá a origem da nação brasileira. A n a r r a t i v a e seus. p e r s o n a g e n s teu "nam e s t e romance um m i t o c!e fundação da br as i I idade,. " ( 18 ) Qual s e j a , a t r a v é s do

(19)

324

d i s c u r s o h i s t ó r i c o e g e o g r á f i c o h o m o g e n e i 2 a cl o r , s e m e s q u e c e r do l i t e r á r i o , o I n s t i t u t o j u l g a desfazer a s d i f e r e n ç a s r e g i o n a i s , a p o s t a n d o n o f a s c i n a n t e m i t o d a ei vi 1 i zação » A c i v i l i z a ç ã o n o s t r ó p i c o s , de cujas i m a g e n s resulta a g ©riese da n a ç a o . D o I m p é r i o brasileiro..

Em s e g u n d o l u g a r , c u m p r e entender o s i g n i f i c a d o da r e a l i z a ç ã o d o s c o n c u r s o s m o n o g r á f i c o s . C o m o s e m p r e , refletindo sua i d e n t i f i c a ç ã o com a a c a d e m i a ilustrada e seu g o s t o pelo e s p í r i t o i l u s t r a d o , a t r a v é s d e p a t r o c í n i o s , p r e m i a ç õ e s e c o n c u r s o s , o I n s t i t u t o e s t i m u l a a produção historiográfi ca e fomenta o g o s t o pela história., 0 D i s c u r s o de C u n h a B a r b o s a , m e s m o i n f o r m a n d o q u e a história d o Brasil d i v i d e - s e em antiga

e moderna, com s e u s r e s p e c t i v o s r a m o s e é p o c a , reconhece a falta de c o n s e r v a ç ã o d o s e s t u d o s r e a l i z a d o s n a s p r o v í n c i a s , a d i f i c u l d a d e de p u b l i c a ç ã o cie t r a b a l h o s e o e n f o q u e lusitano presen te em m u i t o s d o s e s t u d o s já realizados., A princípio, as d u a s p r i m e i r a s q u e s t õ e s podem ser r e s o l v i d a s m e d i a n t e u m a política cie a p o i o a o s e s t u d o s . Já a terceira q u e s t ã o parece ser d e o r d e m m a i s c o m p l e x a , p o i s trata-se d e f o r m u l a r um p r o j e t o de história n a c i o n a l i d e n t i f i c a d o com a s q u e s t õ e s b r a s i l e i r a s , d e s v i n c u l a d o d o s i n t e r e s s e s lusitanos e c o m p r o m e t i d o com a m o d e r n a c o n c e p ç ã o de história.,

Com base n e s s e s p r o p ó s i t o s , em 1840, a t r a v é s cia Revista, Cuntía B a r b o s a lança um concurso m o n o g r á f i c o , com v i s t a s à premiação da m e l h o r proposita d e e l a b o r a ç ã o cia história n a c i o n a l . O cientista a l e m ã o Karl F r i e d r i c h P h i l i p p von M a r t i u s , com sua d i s s e r t a ç ã o Como se deve escrever a H i s t ó r i a do B r a s i l , é a p o n t a d o v e n c e d o r em 1 8 4 7 . ( 1 9 ) T e n d o

(20)

vindo para o Brasil em 18.1.7, como membro da comitiva q u e visita o Brasil por o c a s i ã o do casamento de I>. F'ed ro I com lTlar i a L e o p o l d i n a de H a b s bu rejo, d u r a n t e três a n o s v i a j a pel o interior do Brasil,. V i s t o como profundo c o n h e c e d o r d o s a s s u n t o s n a c i o n a i s , f a c e a a b r a n g ê n c i a e extensão de sua o b r a , M a r t i u s lança o s f u n d a m e n t o s d o modelo h i s t o r i o g r á f i c o ta ras :i. lei ro..

T r a t a - s e de um t e x t o de 1843,, publicado pela r e v i s t a do Instituto em 184'5, f a t o q u e revela um duplo r e c o n h e c i m e n t o e concordância com a proposta d o autor. Sua p r e m i a ç ã o é p l e n a m e n t e c o m p r e e n s í v e l . Basta observar q u e c o n s i s t e num projeto e l a b o r a d o com b a s e n o r e c o n h e c i m e n t o d a s singular idades b r a s i l e i r a s e na idéia de ide?n t:idade nacional., I d e n t i d a d e q u e , de a c o r d o com G u i m a r ã e s , "estaria a s s e g u r a d a , no seu e n t e n d e r , se o h i s t o r i a d o r f o s s e capaz d e m o s t r a r a missâ'o e s p e c i f i c a r e s e r v a d a ao Brasil e n q u a n t o n a ç ã o : realizar a idéia da mescla d a s três raças,, lançando os a l i c e r c e s para a c o n s t r u ç ã o do mito da d e m o c r a c i a r a c i a l . " ( 2 0 )

C o n s i d e r a n d o , s i m u l t a n e a m e n t e , a condição de proposta v e n c e d o r a , a a b r a n g ê n c i a d o plano de estudos e a s i n t o n i a do m e s m o com as p r e o c u p a ç õ e s i n t e l e c t u a i s do p e r í o d o , p o d e m o s dizer q u e e s s e é o t e x t o f u n d a d o r , é o m a r c o zero da historiografia b r a s i l e i r a , tanto pela permanência d a s i d é i a s gerais do autor — o m i t o da fusão das raças — q u a n t o pela sua f e i ç ã o m o d e l a r e i n s p i r a d o r a da maioria d o s t r a b a l h o s p o s t e r i o r e s . Como se deve escrever a H i s t ó r i a do B r a s i l, texto d e n a t u r e z a p r a g m á t i c a e p o 1 í t i c: a , é u m e 1 o g i o ã s

p o s s i ta i I :i. d a ci e s d o B r a s :i. 1 , p a i s q u e ainda n ã o c: u m p r i r a s u a

(21)

21

tarefa histórica m a s q u e reúne i n ú m e r a s p o s s i b i l i d a d e s para cumpri-Ia„ Tal compreensão - r e c o r r e n t e na h i s t o r i o g r a f i a oi tocentista - permite a i d e n t i f i c a ç ã o e n t r e a r e a l i d a d e n a c i o n a l e o conceito de d e v i r . Ao m e s m o tempo q u e s u g e r e a

busca d a s o r i g e n s , reforça a ilusão da reconstrução integral do passado.. P a s s a d o adormecido,, portador d a s possi b i d a d e s do

p r e s e n t e . P a s s a d a neutro., portador d a s promessas do f u t u r o . 0 projeto de M a r t i u s , em v e r d a d e , é b a s t a n t e s i m p l e s . Toma a idéia de uma história n a c i o n a l fundada na i d e n t i f i c a ç ã o d o s e l e m e n t o s que sustentam o d e s e n v o l v i m e n t o d o homem. T r a t a - se do s i n g u l a r e n c o n t r o d a s t r ê s raças. A m e s c l a d e povos é a p o n t a d a como f a t o r de firmeza e perseveran ça de uma n a ç ã o . Basta o b s e r v a r , como d e s t a c a o a u t o r , o caso d o s i n g l e s e s - p r o d u t o do e n c o n t r o do celta, d i n a m a r q u ê s , romano, a n g l o - s a x ã o e n o r m a n d o . N o e m p r e g o do m é t o d o c o m p a r a t i v o , M a r t i n s lança um p r i m e i r o d e s r e c a l q u e da nacional idade brasileira. Ha a u s ê n c i a da p u r e z a , d e s t a c a as q u a l i d a d e s da mistura. Na o u m a m i s t u r a q u a l q u e r , m a s sim uma m i s t u r a o n d e cada qual - num a t o de v o n t a d e biológica - contribui com o que tem d e m e l h o r para e n g r o s s a r o s a n g u e português, e s t e poderoso r i o q u e a b s o r v e os

pequenos c o n f l u e n t e s das raças I n d i a e E t i ó p i c a .

0 e l e m e n t o branco c o l o n i z a d o r assegura a s g a r a n t i a s f í s i c a s e m o r a i s da população. A l i á s , como parte d o ciclo comercial e m a r í t i m o p o r t u g u ê s , a colonização c o n f u n d e - s e com a f u n d a ç ã o de um novo P o r t u g a l . A s s i m , reconhece n a s o r i g e n s do Brasil o s e l e m e n t o s do processo civi 1 izaciona1 s e g u n d o d e s r e c a l q u e . Desta f o r m a , c o m p o n d o v e r d a d e i r o s c a p í t u l o s de h i s t ó r i a , os e s t u d o s devem e n f a t i z a r o 'processo de o cu pa cão

(22)

as ciências e a r t e s , a vida m i l i t a r , as e n t r a d a s e b a n d e i r a s , e a cultura popular. E s s e s c a p í t u l o s compõem a sessão que M a r t i u s denomina de os portugueses e. a sua parte na H i s t ó r i a

do Brasil, cujo título, em c o n t r a s t e com o u t r o s d o i s , revela o u t r a s s i n g u l a r i d a d e s d o texto. A o r e f e r i r - s e a o e l e m e n t o n a t i v o , o faz ri uma seção intitulada de os í n d i o s e a sua h i s t ó r i a como parte da H i s t ó r i a do B r a s l; e , a o tratar d o e l e m e n t o n e g r o , o situa na seção sobre a raça a f r i c a n a em suas r e l a ç õ e s com a h i s t ó r i a do B r a s i l .

S u a s s u g e s t õ e s q u a n t o a o s í n d i o s r e f e r e m - s e à n e c e s s i d a d e de conhecer sua história e de i n v e s t i g a r s u a natureza primitiva. P r o p õ e a recuperação da língua - a t r a v é s da elaboração de um d i c i o n á r i o tupi - o e s t u d o da r e l i g i ã o , m i t o s e lendas, e d a s relações s o c i a i s e p o l í t i c a s . E n f a t i z a a n e c e s s i d a d e da busca de vest í g :i. os de uma g r a n d e c i v i l i z a ç ã o

pré-colombiana no B r a s i l , á semelhança d e o u t r a s e n c o n t r a d a s na A m é r i c a , cujos m o n u m e n t o s possam t r a n s f o r m a r - s e em d o c u m e n t o s relevantes. M u i t o ao sabor d a s i d é i a s romlínticas, M a r t i n s aposta na recuperação d a s g l ó r i a s do p a s s a d o , como forma de e n g r a n d e c e r o d i s c u r s o do p r e s e n t e , e a b r e a possibilidade de m a i s um d e s r e c a l q u e . Um p a s s a d o pré- colombiano tão g l o r i o s o q u a n t o o do Peru ou o do M é x i c o .

F i n a l m e n t e , quanto aos- n e g r o s , M a r t i n s faz p o u c a s s u g e s t õ e s . Lembra da i m p o r t â n c i a d o e s t u d o d a c o l o n i z a ç ã o portuguesa na A f r i c a , do tráfico n e g r e i r o , e d o s c o s t u m e s , conhecimentos n a t u r a i s e superstições. Giual s e j a , d o s d e f e i t o s e v i r t u d e s p r ó p r i a s a sua raça em g e r a l . N e s t e s e n t i d o , ao

(23)

23

contrário d a s ' r e f e r ê n c i a s h i s t o r i o g r á f i cas ' a o autor como precurssor do m i t o d a d e m o cr aci a racial«. s u g e r i m o s o u t r o en tenc! i men to „ M a r t i u s p a r e c e f i l h a r — s e m a i s às c o r r e n t e s de pensamento oi tocen ten ta q u e d e s e m b o c a m no r a c i a l i s m o , n a s teorias de Renan o u d e Gobineau» A s c o n c e s s õ e s ao índio e x p l i c a m - s e , talvez., pelas n e c e s s i d a d e s de construção do m i t o de o r i g e m , e sintonizam com a s i d é i a s locais d e promoção d a q u e l e que representa as v i r t u d e s n a t u r a i s de um povo» Q u i ç á herança da Ilustração ou d o p e n s a m e n t o r o u s s e a u n i a n o . Quan to ao n e g r o , impera o u t r a visão» E l e é um i m p e d i m e n t o ao processo de civilização, pois e s t á f o r a d o s l i m i t e s da racional idade.

Ho e n t a n t o , num ú l t i m o d e s r e c a l q u e , M a r t i n s resolve tais diferenças- Como se deve escrever a H i s t ó r i a do B r a s i l é

um texto que comporta, d i f e r e n t e s h i s t o r i c i d a d e s . A história do homem civilizado r e a l m e n t e faz p a r t e da história do B r a s i l , numa forma inversa d e dizer q u e Brasil integra a eivi 1 ização»

Sua história c o n f u n d e - s e com a própria história do B r a s i l , tanto que ela e s t a b e l e c e o n e x o e d e t e r m i n a o e n r e d o cronológico. De forma a c e s s ó r i a , participam o u t r o s povos, cujas c o n t r i b u i ç õ e s são p o n t u a i s , e x ó t i c a s , t e m p e r a n ç a s . 0 índio releva u m a história q u e lhe é própria e q u e nS"o se-?

confunde como a do homem c i v i l i z a d o , embora a o s poucos seja integrada» O n e g r o , ao c o n t r á r i o , s e q u e r é dotado de história;

sua histori cidade vem do e n c o n t r o com o europeu» P o r t a n t o , ele a p e n a s se relaciona com a história d o Brasil- U m a história e f e t i v a , se assim podemos d i z e r , s o m e n t e começa a c o n t e c e r a partir do lançamento das s e m e n t e s da eivi 1 ização, e triunfa em meio ao processo de construção da n a c i o n a l i d a d e .

(24)

O texto cl e Na r t n. us c o n f i g u r a - s e pois num v e r d a d e i r o

e X e r c i c i o de de? s o b s t. r u ç ïio d o s c: o n t r a n çj i m e? n t o s 3. o c: a i s; f a c: e? a o passado colonial •••• s a l v o q u a n d o p e n s a m o s na q u e s t ã o d a s

or ig en s. Ao e n f a t i z a r os a s p e c t o s posit i vo sí do e n c o n t r o d a s três r a ç a s , ao d e s t a c a r as o r i g e n s p o r t u g u e s a s da c i v i l i z a ç ã o b r a s i l e i r a , ao a v e n t a r a pos s ri. b:¡. I x cia cie d e e?x istêncria de a l g u m a g r a n d e civilização pré~coIomb:i.ana e? a o r e s s a l t a r a

c o n v e r g ê n c i a de? d iferen tes histor i c i d a d e s , o autor a b r e um campo de? possi bi 1 i d a d e s para a r e a l i z a ç ã o do p r o j e t o n a c i o n a l do IHGB. A i n d a , para o s iiiembros d o Instituto - e m b o r a com perfil bastante d i f e r e n t e d o h i s t o r i a d o r con temporáneo - fica

u m cl u p I o d e? s a f i c?., F:' r ri. m e i r o , c c? m o h i s t o r i a d o r e? s, t êm a r e s p o n s a b i l i d a d e de p r o d u z i r história? s e g u n d o , como

h i s t o r i a d o r e s b r a s i l e i r o s , l h e s c o m p e t e d e s e n v o l v e r c?

sen timen to de pertencimento» D e brasi Iiclade?.

D i a n t e d e t. a n t a s p o s s i b i I i d a d e s , M a r t. i u s par e? c: e? n &~'o t e r d ú v i d a s quanto ao f u t u r o r e s e r v a d o à jovem nação- C o m o a

m a i o r i a d o s in te? le? ct.ua i s da é p o c a , a p o s t a na idéia d o d e v i r

histórico:; como amigo do Brasil r e c o n h e c e cue? o v e r d a d e i r o e s p í r i t o cia nação ainda n <To se revelara por i n t e i r o . Ne?ste s e n t i d o , o desafie? d o h i s t o r i a d o r n a c i o n a l , para além ele

"descrever ele um só povo, c i r c u n s c r i t o em e s t r e i t o s l i m i t e s " , está em reconhecer q u e e n c o n t r a - s e diante? de "uma nação cruja crise e m e s c l a a t u a i s p e r t e n c e m à história u n i v e r s a l , q u e ainda se? acha no meies ele? seu desen vol vi men to superior „ " (2.1. )

Este? e n t e n d i m e n t o do?? um p o v o / n a ç ã o que? ainda não completara seu p e r c u r s o cri.vi 1 izatór rio é recorrente ao longo do s é c u l o passado. T a n t o n o d i s c u r s o cio v i a i an te est rangei res,

(25)

25

q u a n t o no d o nacional,, aquela e x p r e s s ã o revela uíT; certo s e n t i m e n t o de inferioridade-. C o m o lembra M a r i a Helena Rouan e t , todos estão d i a n t e de uma nação ainda _i ovem e q u e ntK'o tivera

ainda a p o s s i b i l i d a d e de atingir o grau de m a t u r i d a d e e de d e s e n v o l v i m e n t o das nações e u r o p é i a s . ( 2 2 ) P a r a al.ívio d e n o s s a s a u t o r i d a d e s e intelectuais t r a t a - s e d e u m a s i t u a ç ã o t r a n s i t ó r i a , pois e f e t i v a s possibi1 idades d e realização já está'o d a d a s pela natureza- R e s t a 1. á'o s o m e n t e configurar o caráter singular d a natureza tropical como marca ou valor n a c i o n a l e, a t r a v é s do discurso da h i s t ó r i a , transformar tal

t r o p i c a I i d a d e n o v e r d a d e i r o a 1 i m e n t. o d o e s p í r i t. o d e n a c: i o n a I i cl a d e.

Disto resulta a e1a bora cão de uma v e r d a d e i r a

h i s t o r i o g r a f i a t r o p i c a l, caracterizada pela busca da g ê n e s e da n a ç « o , pelo ideal de progresso e fie 1 o e n t e n d i m e n t o da n a t u r e z a como e l e m e n t o d e f i n i d o r cia u n i d a d e n a t u r a l da pátria., d i a n t e d a f a 1 1 a d e uma un i d ad e cu11u r a1„ A n a t u re z a, 1em b r an d o R o b e r t o Ventura (23), deixa de ser s i m p l e s m e n t e um e s p a ç o de c o n t e m p l a ç ã o e s t é t i c a ou de reflexão filosófi ca para t o r n a r - s e em e l e m e n t o de integ ração e i d e n t i d a d e d a s m a t r i z e s é t n i c a s e cu 1 tu ra i s..

(26)

3 . 1 . N A Ç f i O ï N A B U S C A D A B R A S I L I D A D E

Por tis devo ainda juntar usa observação sobre a posição do historiador do Brasil para coe a sua pátria, fi história é usa sestra, não soaercte do futuro, C O B O tasbés do presente. Ela pode difundir entre os contesporãneos sentisentos e peRsasentos do sais nobre patriotisso. Usa obra histérica sobre o Brasil deve, segundo tinha opinião, ter igualsente a tendencia de despertar e reaniaar es seus leitores brasileiros seor da pátria, corages, constancia, indústria, fidelidade, prudência, es usa palavra, todas as virtudes cívicas. (...)

Só agora principia o Brasil a sentir-se coso us todo unido.

Ainda r e i m e suites preconceitos entre as diversas províncias;

cada usa das partes do íspério deve tornar-se cara ás outras;

deve procurar-se provar que o Brasil, país tão vasto e rico es fontes variadissisas de ventura e prosperidade civil, alcançará o seu sais favorável desenvolvisento, se chegar, firses seus habitantes, na sustentação da Monarquia, a estabelecer, por usa sábia organização entre todas as províncias, relações recíprocas.

(Carl Friedrich von Hartius. Coso se deve escrever a história do Brasil, p. 409-10)

I

NaçS'o m e s t i ç a ! Tal e n t e n d i m e n t o informa a compreensão de m u i t o s i n t e l e c t u a i s da s e g u n d a m e t a d e d o s é c u l o XIX., e s p e c i a l m e n t e q u a n d o voltam s u a s a n á l i s e s ã realidade política b r a s i l e i r a . Nação mestiça ! S í m b o l o d e c o n s t r a n g i m e n t o nacional d i a n t e d o quae!ro social da época.. R a z õ e s para tal não faltam,. S o b r e t u d o q u a n d o p e n s a m o s n o d e b a t e q u e polariza a s o c i e d a d e e n t r e as idéias l i b e r a i s de i g u a l d a d e e as noções

(27)

332

racialistas de d e s i g u a l d a d e natural» Ou na d i f u s ã o e recepção d a s idéias do C o n d e G o b i n e a u no Brasil»

M e m b r o do corpo d i p l o m á t i c o f r a n c ê s , s e d i a d o no Rio de J a n e i r o no final d a d é c a d a d e I860, chegando a o Brasil Gobineau confirma as teses a p r e s e n t a d a s na década anterior» Em

Essai sur 1 ' i n e g a l i t é des races humaines, a s e m e l h a n ç a d e s e u

compatriota Ernest R e n a n , r e c o n h e c e a existência d e d i f e r e n ç a s raciais f u n d a m e n t a i s e n t r e o s d i v e r s o s g r u p o s humanos»

S e g u i n d o c r i t é r i o s b i o l ó g i c o s , o b s e r v a q u e a l g u m a s raças tendem ao a p e r f e i ç o a m e n t o , de modes a justificar sua natural hierarquia social s o b r e a s demais;-» A o contrário d o belo e u r o p e u , assegura que o a m a r e l o é a p e n a s um e s b o ç o de raça e o n e g r o , a confirmação da m e d i o c r i d a d e intelectual cios s e r e s inferiores » ( .1. )

"(amanho monopól i o de? b e 1 e z a , f o r ç a e i ri tel i g ên cl a, a c r e s c e n t a , e x p l i c a as relações e s t a b e l e c i d a s entre? raça e ei vi 1 i z açS'o » Isto é , ape-? nas;- a raça bran ça u l t r a p a s s a o e s t á g i o da tribo e da povoação, a t i n g i n d o a condição cie nação; somen te ela consegue? levar o ideal de? v i d a em s o c i e d a d e a o u t r o s povos, d i f u n d i n d o o conceito cie civilização» Já ao tratar d a s relações entre? raça e história, v i m o s com Tzvetan T o d o r o v , que Gobineau "tem u m a f i l o s o f i a cia história p r o f u n d a m e n t e pessimista» Os bel os d i a s ela h u m a n i d a d e ficaram para trás;

lie? je em d i a , as raças sá'o i r r e m e d i a v e l m e n t e m i s t u r a d a s e a e x t i n ç ã o d e f i n i t i v a da e s p é c i e acontecerá em a l g u n s poucos mi I hares ele? anos,, E s t e fim ele inundo tomará (..,.») a forma ele?

uma entropia g e n e r a l i z a d a , ele u m a indistinção u n i v e r s a l , conseqüência ela a c e l e r a ç ã o dos c o n t a t o s e da mui tipli cação d a s

(28)

•••• completa Todorov •••• " par tidário d a s h i e r a r q u i a s p r ó p r i a s ao A n t i g o R e g i m e e com g r a n d e d e s p r e z o pela d e m o c r a c i a m o d e r n a , Gobineau crê, n o e n t a n t o , q u e a ocorrência d e s s e n a d a lia m e d í o c r e h e t e r o g e n e i d a d e d a s r a ç a s ] é inelutável. é para e l e uma perspectiva o d i o s a ; contenta-se., portanto, em d e s c r e v e r o a p o c a l i p s e que n o s espera., " ( 2 )

Vendo-se f r e n t e a um g r a n d e laboratório e x p e r i m e n t a l , aqui G o b i n e a u confirma as teses a p r e s e n t a d a s no E s s a i . D i a n t e d e u m a p o p u l a ç ã o assustadoramente f e i a , o b s e r v a q u e a i n t e n s a

m i s c i g e n a ç iïo p r o d u z .i. r a u m a v e r d a cl e i r a d e g e n e r a ç So g e n é t i ca.

D e g e n e r a n d o q u e , entre o u t r a s coisas, a n t e c i p a o f u t u r o desaparecimiento da população local. Para contornar e s t e f u t u r o

p e r v e r s o , resta u n i c a m e n t e f o r t a l e c ê - l a a t r a v é s cia u r g e n t e política de b r a n q u e a m e n t o racial.

Maç&'o m e s t i ç a ! Eis ta s e n t e n ç a paira como um d e s a f i o constante A s o c i e d a d e b r a s i l e i r a . H o e n t a n t o , em d é c a d a s an ter iores conf ron tamo-nos com en (.tincl imen tos m e n o s t rácj :i. eos., lTlart i u s , por e x e m p l o , p a r e c e m a i s s o l i d á r i o com o B r a s i l , o que não significa antever uma postura inteiramente c o n t r á r i a aos futureis a r g u m e n t o s d e Gobineau.. "Quem chega c o n v e n c i d o de e n c o n t r a r esta parte d o m u n d o descoberta s ó d e s d e três séculos," — comenta ao d e s e m b a r c a r no Rio de Janei ro em 1817 —

"com a natureza i n t e i r a m e n t e rude, violenta e i n v i c t a , poder- se—:i.a iulgar, ao m e n o s aqui na capital do B r a s i l , f o r a d e 1 ar, tanto fez a influência da civilização e cultura da velha e educada Europa para remover desto;- ponto d a colônia o s c a r a c t e r í s t i c o s da sel vager i a a m e r i c a n a , e d a r—1 tie? cunho de

(29)

334

ci vi 1 i zaçaao a v a n ç a d a . I... :!. ncjua, c o s t u m e s , a r q u i t e t u r a e afluxo dos produtos da indústria de todas as partes do m u n d o cl S o à praça do R i o de J a n e i r o a s p e c t o e u r o p e u . 0 que., entretanto,, loqo lembra ao v i a j a n t e q u e e l e s e acha n u m e s t r a n h o continente do mundo., é s o b r e t u d o a turba v a r i e q a d a de ne g r o s e m u l a t o s , a classe o p e r á r i a com q u e e l e topa por toda p a r t e , assim q u e pö'e o pé em terra. E s s e a s p e c t o foi — n o s m a i s cie surpresa do q u e cie agracio. A n a t u r e z a i n f e r i o r , b r u t a , d e s s e s homens :i. nopor tunos, seminus,, f e r e a sensi bi 1 idade d o e u r o p e u q u e acaba cie deixar o s c o s t u m e s d e l i c a d o s e as f ó r m u l a s o b s;- e q u i o s a s d a , s u a p á t r i a., " ( 3 )

O nítido s e n t i m e n t o cie contraste/ n S o chega a produzir as m e s m a s sensações de G o b i n e a u . M a r t i n s e x p l i c i t a seu e s p a n t o d i a n t e do d i f e r e n t e e , p r i n c i p a l m e n t e , d o d e s a g r a d á v e l reco ri hec; i men to da ex i st ftn cia d e homens i n f e r i o r e s . Inf er ioridade que:- se:- revel a no c o m p o r t a m e n t o , n a s a t i t u d e s e, m a i s tarde, na própria cor. Eiste primeiro i m p a c t o , n u m certo s e n t i d o , é revisto na d é c a d a de 1840. Quiçá o c o n h e c i m e n t o m a i s d e t a l h a d o da nova terra j u s t i f i q u e o r e d i r e c i o n a m e n t o posterior da análise de M a r t i n s . T a n t o isto p a r e c e v e r d a d e q u e , n a s sugestões para e l a b o r a ç ã o cie um modelo de h i s t ó r i a do B r a s i l , reconhece a e x :i. s t ên c :i. a cie um povo com d i r e i t o à história, posto q u e forma uma n a ç ã o . Mesmo em f a s e inicial e apesar dos e v e n t u a i s e n t r a v e s ao d e s e n v o l v i m e n t o , s e u f u t u r o parece assegurado. Não um f u t u r o trágico, corno v i s l u m b r a Go b i ne au, mas um futurei onde:- a obra do h i s t o r i a d o r e da história tem um papel décisives.

(30)

H a r t i u s , reproduz indo um sen 1xmen to comum n o s é c u l o XIX;, enfatiza c l a r a m e n t e q u e a tarefa do h i s t o r i a d o r c o n s i s t e no despertar do patr iotismo., P a r a t a n t o , e l a b o r a um model o de

história capaz de d e s p e r t a r o s e l e m e n t o s i n c e n t i v a d o r e s d a s v i r t u d e s cívicas,. V i r t u d e s q u e conformam a e x a t a n o ç ã o ele H i s t ó r i a do Brasil- Ao c o n t r á r i o do p r o c e d i m e n t o a d o t a d o por a l g u n s h i s t o r i a d o r e s , l'lart i us nS'o pensa na história n a c i o n a l como o s i m p l e s produto d a a d i ç ã o de d i f e r e n t e s h i s t ó r i a s regionais- A v e r d a d e i r a m i s s ã o cl o h i s t o r i a d o r e s t á em fundir as províncias •••• m e d i a n t e o a p o i o popular à m o n a r q u i a — de m o d o à completa unidade- A nação»

M e s m o a d m i t i n d o a i m p o r t â n c i a de a l g u m a s p u b l i c a ç õ e s sobre as p r o v í n c i a s , não d e i x a cie perceber q u e sSo c o n s t a n t e m e n t e pon ti 1 hadas d e i n f o r m a ç õ e s i n s i g n i f i c a n t e s , conf und indo-se mesmo com crônicas., G ê n e r o m e n o r , e l a s não podem o b s c u r e c e r a v e r d a d e i r a h i s t o r i o q r a f i a n a c i o n a l - A s

p a r t i c. et 1 a r i d a d e s p r o v i n c i a i s , e m b o r' a i m p o r t a n t e s., cl e v e m s e r a g r u p a d a s de m o d o a e v i d e n c i a r as d i v e r s i d a d e s •••• s í m b o l o d a s

p o s s i b i l i d a d e s n a c i o n a i s •••• e promover a s s e m e l h a n ç a s e x p r e s s ã o maior d o zelo p a t r i ó t i c o .

O reconhecimento d o s i g n i f i c a d o d e s s e s s e n t i m e n t o s patrióticos repete-se ao longo da hi stori ograf i a d o período-' L e m b r e m o s , por e x e m p l o , d a H i s t ó r i a do B r a s i l , cle Gottfried Ho? in rich Hände 1 man n , o b r a traduzida e publicada pelo I l-i GB - 0 autor inicia a f i r m a n d o q u e "a história d e um paiz q u e em seu d e s e n v o l v i m e n t o e organ ização, m u l t a s a n a l o g i a s o f f e r e c e com a nossa Pátrias d e um povo q u e , como n o n o s s o , s e o b s e r v a contraste e n t r <•:•:• o s e n t i men to da u n :i. d a d e n a c i o n a 1 e o

(31)

p a r t i c u l a r i s m o ele cada província:: merecerá., a o m e n o s , o interesse de todo p a t r i o t a e s c l a r e c i d o e aeosturnado a pesquisar no passado a chave da c o m p r e e n s ã o do presente,." 0 texte? d e Handelmann,, l e m b r e m o s , s i t u a - s e e n t r e as propostas, Iristorioçj ráf i cas de lv!art:i.us e as a n á l i s e s s ó c i o - b i o l ó q i cas de G o b i n e a u , con ci 1 i a n d o a r g u m e n t o s d e a m b a s as partes;.» Por um lado, e n f a t i z a a questão da u n i d a d e n a c i o n a l e elo p a t r i o t i s m o , tomando-a como chave do presen te,, Por o u t r o , ao final e n f a t i z a a importância da c o l o n i z a ç ã o a l e m ã tan to para a e c o n o m i a e cultura quanto para o b r a n q u e a m e n t o nacional»

O c o r r e que? em H a n d e l m a n n e s s a c o l o n i z a ç ã o tem i m p l i c a ç õ e s politic: as a serem c: cs n s i d er' a d a s s e r i a m e n t e pelas a u t o r i d a d e s b r a s i l e i r a s , visito que as sí i ngul arid a ele s c u l t u r a i s d o s alemães p o cl em c o m p r o m e t e r a realização cio p r o j e t o n a c i o n a l . "A raça ele língua alemã," •••• assegura •••• "forte em n ú m e r o e? em e n e r g i a i n t e r i o r , n a o é d a q u e l l a s q u e facilmente?

se cle?:i.xam absorver e a s s i m i l a r ; m e s m o q u a n d o a b a n d o n a n d o a sua terra n a t a l , e t r a n s f e r i n d o f r a n c a m e n t e para a nova pátria o amor pátrio, a s s u a s i n cl inações, de mode? a l g u m de? sc? ja incorporar—se sem m a i s n e m m e n o s ao povo ao qual se ajunc:ta, porém quer c o n s e r v a r , g u a r d a r a sua n a c i o n a l i d a d e a l e m ã , a sua língua e o s seus costumes." (5) P a r a o a u t o r , cs d e s e j o de fusão rápida e f o r ç a d a cies elementes alemães com cs brasileiro c o n f u n d e - se com velei, clad es n a t i v i s t a s . Somen te cs r e c o n h e c i m e n t o e a

p r cs t e? ç ã cs d a ri a c: i es n a 1 i cl a ci e? a 1 e mã cl c? :i. m i g r a n t e p o d e a s s e g u r a r a per man en ci a des fluxes e cs s u c e s s o ela política c o l o n i z a d o r a .

Sua a n á l i s e «ses a c: cs fiscs uma certa a me? a ça a es p r cs j estes n a c i o n a l . Sim, pois q u a n d o pensamess em u n i d a d e p o l í t i c a .

(32)

s i m u l t a n e a m e n t e , temos p r e s e n t e a e x i s t e n c i a da c o r r e s p o n d e n t e c o m u n i d a d e c u l t u r a l , de base racial branca. A imigração alemã, tal como p r o p o s t a a c i m a , ao m e s m o tempo que reforça e s t a base?

parece comprometer a q u e l a unidade., N ã o de forma a b s o l u t a . Por certo q u e H a n d e l m a n n nS'o e s t á a defender a formação de um novo e s t a d o d e n t r o d o e s t a d o ou a existência d e p r o v í n c i a s a u t ô n o m a s . S u g e r e a p e n a s a f o r m a ç ã o de distritos. - colonias - com preponderan cia a l e m ã , cuja língua d e o r i g e m seja r e s p e i t a d a , fluer- pela p u b l i c a ç ã o de o b r a s b i l í n g ü e s , q u e r pela a c e i t a ç ã o da língua a l e m ã nas e s c o l a s , i g rej as e tribunais.

"Um a c o l h i m e n t o miais f r a n c o d a parte d o s brasileiros,,"

a c r e s c e n t a - " m a i s t o l e r â n c i a no s e n t i d o político, r e l i g i o s o e n a c i o n a l , sería d e s e j á v e l e n e c e s s á r i o ; o que r e s t a r i a ainda a d e s e j a r , no i n t e r e s s e da imigração, não é m e n o s d o interesse do proprio povo b r a s i l e i r o . " (ó) M a i s interessante?, n o e n t a n t o , é a sua inversão n o e i x o a n a l í t i c o , cie m o d o a pensar a Europa a partir d o B r a s i l . H a v e r d a d e e s t e é um proced imen to implícito e comum a o s v i a j a n t e s , m a s poucos revelam sua postura, p r e f e r i n d o s e m p r e sugerir q u e s u a s a n a l o g i a s partem do Velho para o N o v o Mundo,, J a m a i s do Novo para o V e l h o M u n d o .

II

A r r a n j o s h i s t o r i o g r á f i c: o s ofuscam as e v i d ê n c i a s de nação

faz—se de? múl tipias f o r m a s e em campo da h i s t ó r i a , seja n o campo

dessa n a t u r e z a , t o d a v i a , nä'o m e s t i ç a , cujo re con hec i men to

i n ú m e r o s d i s c u r s o s . Seja no d a. 1 i te ra tu ra . T o m e m o s en tão

Referências

Documentos relacionados

O objetivo deste trabalho foi avaliar o efeito da adubação de nitrogênio, fósforo e potássio (NPK) na produção do cafeeiro Conilon (Coffea canephora L.), cultivado

O Curso de Especialização em Direito e Assistência Jurídica será certificado pelo IDDE (Instituto para o Desenvolvimento Democrático), pelo Ius Gentium Conimbrigae/Faculdade de

Como os recursos do projeto são descritos semanticamente, agentes podem ser desenvolvidos para auxiliar na interpretação do seu significado e realizar tarefas do projeto

Para estes polos, a mediana de distância entre o município de residência do aluno e o polo é maior que 60 quilômetros, ou seja, pelo menos 50% dos alunos que não residem no

PROFESSOR DE EDUCAÇÃO ESPECIAL - 2° PROFESSOR - NÃO

A presente monografia de conclusão do Curso de Direito da Universidade do Vale do Itajaí – UNIVALI, elaborada pela graduanda Andréia Frainer, sob o título O valor

Serão incluídos neste Protocolo os pacientes que apresentarem diagnóstico de hipotiroidismo congênito confirmado por exames laboratoriais (TSH sérico acima 10 mUI/L

Segundo o ARTIGO 4, a entidade patronal tem de informar os respectivos funcionários dos riscos existentes no local de trabalho, fornecer Equipamentos de Protecção Individual