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NOS CAMINHOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM SERGIPE: O PRIMEIRO JARDIM DE INFÂNCIA MUNICIPAL DE ARACAJU JOSÉ GARCEZ VIEIRA

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NOS CAMINHOS DA HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO INFANTIL EM SERGIPE: O PRIMEIRO JARDIM DE INFÂNCIA MUNICIPAL DE ARACAJU – JOSÉ

GARCEZ VIEIRA

Ana Paula dos Santos Lima Anamaria Gonçalves Bueno de Freitas

Universidade Federal de Sergipe RESUMO

As décadas de 1920 e 1930 foram momentos importantes para as questões educacionais no Brasil. Os ideais “escolanovistas” trouxeram um novo prisma para as mudanças na educação, trazendo uma nova perspectiva que impulsionava as relações escolares.Segundo Moysés Kuhlmann Jr, em 1932, o programa do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, prevê o desenvolvimento das instituições de educação e assistência física e psíquica às crianças na idade pré-escolar como creches, escolas maternais e jardins-de-infância e de todas as instituições pré-escolares e pós-escolares. O atendimento do jardim de infância no Brasil, desde a sua origem foi destinado à atenção ampla para a criança no que diz respeito ao cuidado, educação e desenvolvimento físico, psicológico e social. A preparação para a sociabilidade, presente na proposta dos jardins, implica um processo de transmissão de valores que constitui a função social das instituições escolares. A criação do Jardim de Infância em Sergipe era uma novidade inspirada nas novas vertentes da pedagogia brasileira, que esteve associada à fundação de uma Inspetoria de Higiene Infantil e Assistência Escolar, constituindo o projeto de edificação da “Casa da Criança de Sergipe”, no início da década de 1930. O objetivo desse artigo é analisar a trajetória histórica do primeiro Jardim de Infância municipal de Aracaju/SE, inaugurado em 10 de novembro de 1944, investigando os aspectos e o contexto de sua criação e consolidação no atendimento pioneiro, pré-escolar municipal, como também, verificando sua contribuição à história da educação infantil em Sergipe, através da influência da Escola Nova e dos modelos educativos no processo de implementação; investigar as práticas educacionais e os elementos da cultura escolar desenvolvidos no Jardim de Infância Municipal, como também identificar os recursos utilizados pelos docentes na prática pedagógica no período de 1994 a 1970.Apoiando-se em fontes bibliográficas, iconográficas e documentais como jornais, revistas, decretos, portarias, entrevistas e fotografias, levantadas no Arquivo Público da Cidade de Aracaju, Arquivo da Instituição de Educação Infantil “José Garcez Vieira”, Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, Biblioteca Epifâneo Dórea e através da História Oral com os depoimentos da ex.professora, ex. aluno e mãe de ex. aluno.Além dos depoimentos, dos textos publicados na imprensa sergipana, dos decretos, portarias e atas, também pretendemos analisar aspectos da cultura material escolar utilizados no referido Jardim.Pretendemos investigar os elementos da cultura escolar e do cotidiano pedagógico desenvolvido no Jardim. Ressaltamos, de que precisamos fazer relações, pois, segundo Dominique Julia, “a cultura escolar não pode ser estudada sem os estudos precisos das relações de conflito que ela mantém a cada período de sua história, com o conjunto das culturas que lhe são contemporâneas”. Os pressupostos teóricos-metodológicos que embasam esta pesquisa estão sendo analisados a partir de categorias de análise que constituem o entendimento sobre os aspectos da cultura escolar, como as normas e finalidades da escola, o papel e profissionalização do educador, os conteúdos e as práticas escolares, educação infantil, arquitetura escolar e história das instituições.O estudo considera também a escola (pré-escola) como espaço de desenvolvimento da cultura infantil, envolvendo comportamentos e conhecimentos.Portanto, buscamos subsídios teóricos na Nova História Cultural, e as noções de apropriação e representação de Roger Chartier que têm dado grande suporte às pesquisas da História da Educação. Foram localizados e analisados nessa pesquisa, documentos nos impressos sergipanos: Sergipe Jornal,

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Revista de Aracaju, Decreto – Lei de criação do Jardim, Decreto – Lei de nomeação das primeiras professoras, Decreto – Lei da comissão julgadora para o concurso de professoras do Jardim, fontes iconográficas que foram localizadas em arquivos e entrevistas.A inauguração do Centro Municipal de Assistência à Criança, foi um acontecimento público expressivo, que mostrou a iniciativa política e social do prefeito José Garcez Vieira e o interventor Augusto Maynard Gomes.Entretanto esse foi o princípio que mais marcou a consolidação da instituição. A criação do Jardim de Infância José Garcez Vieira deu novos rumos ao atendimento pré-escolar em Aracaju, destacando-se como a primeira instituição de Educação Infantil Municipal, atendendo aos filhos dos operários que antes não podiam contar com uma instituição de educação municipal voltada ao atendimento escolar, médico e social em Aracaju. Com a análise dos documentos e dos dados coletados, a presente pesquisa vem analisando a contribuição desta instituição para a sociedade na época e sua influência no cenário educacional sergipano. Esse estudo pretende somar-se aos trabalhos desenvolvidos no campo da História da Educação em Sergipe e no Brasil, através da elucidação dos ideais de educação, que marcaram o período de criação do Jardim de Infância Municipal José Garcez Vieira, com sua importante atuação no cenário educacional sergipano por mais de 60 anos.

TRABALHO COMPLETO Introdução

O presente estudo tem como propósito à intenção de divulgar resultados de uma pesquisa em desenvolvimento, sobre o primeiro Jardim de Infância Municipal de Aracaju. O contexto de implantação e consolidação do Jardim de Infância “José Garcez Vieira” vem sendo analisado a partir de categorias de análise que constituem o entendimento sobre história das instituições, práticas escolares e educação infantil. Apoiando-se em fontes obtidas através de jornais, revistas e decretos, principais no percurso desta investigação, os estudos sobre os aspectos históricos do Jardim de Infância, subsidiarão descobertas acerca das intenções de fundação e da organização desta instituição.

Em Sergipe, assim como em outros Estados do país, as instituições pré-escolares surgiram mediante a necessidade do atendimento assistencialista para a criança e sua família. O ideal de educação para a criança emergiu no Estado a partir de discussões acerca dos princípios escolanovistas que vinham norteando a implantação de instituições educativas e a ampliação do atendimento infantil, sobretudo nos Estados mais desenvolvidos do país. Inicialmente, os estabelecimentos existentes eram voltados à preocupação com a saúde, alimentação, higiene e sobrevivência. Eram assim considerados os problemas de saneamento urbano, higiene e moléstias que afetavam a saúde da criança, resultando em altos índices de mortalidade infantil.

A preocupação com o atendimento às crianças de idade pré-escolar, teve impulso com a expansão no Brasil de uma nova concepção que nas décadas de 1920 e 1930 foi importante para a ação do Estado e da sociedade. No tocante à criação e melhoria das instituições que atendiam à infância, essa concepção nova que tinha por prioridade: levar em conta as necessidades da criança, incentivar sua aprendizagem e seu desenvolvimento psicológico e social teve somada a esses objetivos a assistência médico-higienista, até então ausentes.

A renovação dos métodos de ensino, a preocupação com a estrutura e a organização das instituições educativas, como também a formação de professores

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representavam os principais motivos para as novas iniciativas diante da educação nacional. Para atingir as expectativas nas inovações da educação brasileira, era preciso a adequação e a melhoria das práticas e das políticas educacionais do país.

Os ideais difundidos neste período influenciaram a educação e a organização das instituições, criadas ou reformadas para o atendimento da infância. Os novos procedimentos pedagógicos foram incorporados às escolas e pré-escolas dos Estados brasileiro.

No dia 10 de novembro de 1944, o Jardim do Centro Municipal de Assistência à Criança, 1assim chamado no princípio, foi inaugurado pelo prefeito José Garcez Vieira com a presença ilustre do Interventor Federal, Coronel Augusto Maynard Gomes e a população local. Essa instituição, que se evidenciou pioneira no atendimento público municipal, tinha a finalidade de atender a uma parcela da população quase que totalmente excluída das poucas iniciativas das políticas públicas de educação infantil, no populoso bairro Siqueira Campos, na cidade de Aracaju.

O presente estudo insere-se na linha de pesquisa História, Sociedade e Educação, e tem como objetivos: analisar a trajetória histórica do primeiro Jardim de Infância Municipal de Aracaju/SE, investigando os aspectos e o contexto de sua criação e consolidação no atendimento pioneiro pré-escolar municipal, como também, verificando sua contribuição à história da educação infantil em Sergipe, através da influência da Escola Nova e dos modelos educativos no processo de implementação; investigar as práticas educacionais e os elementos da cultura escolar desenvolvidos no Jardim de Infância Municipal, como também identificar os recursos utilizados pelos docentes na prática pedagógica no período de 1944 a 1970.

1. As Primeiras Iniciativas de Jardins de Infância no Brasil e em Sergipe

O primeiro jardim de infância brasileiro foi o do Colégio Menezes Vieira, no Rio de Janeiro, fundado em 1875. Uma instituição particular que atendia crianças da elite, entre 5 e 7 anos de idade, com atividades voltadas à ginástica, pintura, desenho, exercícios de linguagem e de cálculo, escrita, história e religião (KISHIMOTO,1988: 91). Em 1877, na Escola Americana, foi inaugurado o primeiro jardim de infância de São Paulo, também particular, pautado nos estudos americanos realizados pelos educadores protestantes que acreditavam na eficiência de uma metodologia inovadora para as crianças. Os dois primeiros jardins de infância no Brasil adotavam a concepção froebeliana como organização das suas práticas e contribuíram para a implantação do jardim de infância público, fundado já no período republicano, em 1896, o jardim de infância anexo à Escola Normal Caetano de Campos em São Paulo.

O atendimento de educação infantil, no Brasil, sofreu influências de diversos países, sobretudo, no que se refere ao jardim de infância, que desde a sua origem foi destinado à atenção ampla para a criança, no que diz respeito ao cuidado, à educação e ao desenvolvimento físico, psicológico e social. Segundo Kishimoto,

A modalidade de instituição infantil designada como jardim de infância ou Kindergarten foi criada por Frederico Guilherme Froebel, em 28 de julho de 1840, em Bad Blankenburg na Alemanha, como estabelecimento tipicamente educativo (...).O Kindergarten froebeliano destina-se à educação de crianças de 3 a 7 anos , por meio de atividades que envolviam a formação religiosa, o

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cuidado com o corpo, a observação da natureza , o aprendizado de poesias e cantos, exercícios de linguagem, trabalhos manuais, desenho, conto de lendas, cantos e realização de viagens e passeios (Froebel, 1913, p.3). Através dessas atividades, Froebel pretendia estimular o desenvolvimento integral da criança e, nesse sentido, ajustava-se perfeitamente aos objetivos de um estabelecimento com caráter educativo. (1988:58).

Os primeiros jardins de infância públicos no Brasil surgiram no início do século XX, destinados aos filhos da elite. No entanto, a partir dos anos de 1920, com as mudanças sociais e políticas ocorridas no Brasil, o setor público começa a dispensar uma maior importância ao atendimento das crianças. O primeiro passo dado nesse sentido, foi com o “Projeto da Reforma

Leôncio de Carvalho”, em 1878, que “estabeleceu a liberdade de ensino obrigatório a partir dos sete anos e instituiu a fundação de jardins de infância no Brasil”. Somente com a instituição de um Estado forte e autoritário a preocupação com o atendimento infantil aumentou. Desde então, a “causa da criança” passaria a mobilizar o interesse das autoridades e diversos órgãos foram criados.

No Brasil, o atendimento pré-escolar passou a contar com a participação do setor público, a partir de 1930, com a melhoria das instituições que atendiam à infância, vinculadas a diferentes ministérios, que passaram a desenvolver trabalhos de caráter médico, assistencial e psicológico, com objetivos de uma assistência médico-higienista.

Em 1932, o programa do Manifesto dos Pioneiros da Escola Nova, estabeleceu o “desenvolvimento das instituições de educação e assistência física e psíquica às crianças na idade pré-escolar (creches, escolas maternais e jardins de infância)...” (KUHLMANN Jr., 2000,

p.482).

Com esse propósito, ampliaram as discussões acerca da educação para a infância. Os anos de 1930 foram períodos de transição nos métodos de ensino e nas concepções que perpassam no atendimento educacional a crianças. As escolas maternais, as creches e os jardins de infância provocaram novos olhares para a educação infantil, e a quantidade dessas instituições aumentava, enquanto a criança era vista como motivo de interesse especulativo e de assistência social.

De acordo com Nascimento (2003), à medida que as reformas se irradiavam pelo Brasil – São Paulo, Ceará, Rio de Janeiro, Minas Gerais e Bahia-, ao longo das décadas de 1920 e 1930, também se consolidava o ideário da Escola Nova, seja pela presença de um novo perfil de pedagogos, os “educadores e profissionais”, seja pela expansão de caráter quantitativo e qualitativo da nova literatura educacional.

A Escola Nova tem como proposta central o deslocamento das atenções do professor para o educando. Valoriza os métodos ativos de ensino e aprendizagem, coloca a criança como centro do processo educacional levando em conta seus interesses e necessidades, dá ênfase à liberdade do aluno e confere importância aos estudos da psicologia experimental. (MONARCHA, 2001, p.191)

A “proteção à infância”, ganha um novo rumo em relação ao momento em que se anunciou. São educadores, industriais, médicos, juristas, políticos, que se articulam na criação de associações e na organização de instituições educacionais para a criança.

Os Congressos Americanos da Criança ocorreram a partir de 1916, como parte das comemorações do centenário da independência Argentina em Bueno Aires. O segundo foi em 1919, Montevidéu. O terceiro, durante a Exposição de 1922, no Rio

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de Janeiro, realizado conjuntamente com o Primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância. Essas reuniões reuniram um amplo espectro de forças sociais, como identificou Alfredo Ferreira de Magalhães - médico, da Bahia, que teve uma participação marcante nas iniciativas de atendimento à infância no início do século.

(KUHLMANN, 2004, p.89).

Assim, então, passou a ser defendida a ampliação do atendimento às crianças pré-escolares, exigindo a contribuição e ação do Estado e da sociedade, em relação à criação e melhoria das instituições que atendiam à infância. Levar em conta as necessidades da criança, incentivar sua aprendizagem, seu desenvolvimento psicológico passaram a ser somados aos objetivos de assistência médico-higienista.

Os jardins de infância apresentavam rotinas pedagógicas que demonstravam a preocupação com a saúde física e mental dos alunos. Havia a organização das ações cotidianas, distribuídas e dirigidas pelas professoras em momentos de atividades em sala de aula, recreação, merenda, repouso e higiene física - lavar as mãos, escovar os dentes. Dentro desta rotina, cabia espaço para as atividades de passeios, lazer, exercícios físicos e aos cuidados com a saúde, clínica e odontológica.

De acordo, com Rita de Cássia (2004), em 17 de março de 1932, foi inaugurada a primeira instituição de educação pública para a infância de Sergipe, iniciando suas atividades com a atuação do Jardim de Infância. A solenidade de inauguração foi prestigiada por representantes da sociedade e autoridades políticas.

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Aos 17 dias do mês de março de 1932, 77º aniversario da mudança da Capital para as arenosas plagas de Aracajú, onde a vontade e o esforço dos Sergipanos ergueram a sua pequena e linda capital, presentes os snrs. Interventor Federal Augusto Maynard Gomes, de Sergipe, Capitão Tarso Tinoco, de Alagoas, Major Juarez Távora, delegado do Governo Provisorio no setor norte brasileiro, altas autoridades do Estado e do Município, docentes e discentes da Escola Normal “Rui Barbosa”, grupos escolares da capital, elementos representativos da sociedade sergipana, numerosas famílias e grande assistência popular teve lugar a inauguração da “Casa da Criança” e do seu Jardim de Infancia, construído pelo valoroso interventor Maynard Gomes com um interesse e carinho que passará a historia como significativa prova de seu amor pela instrução popular em Sergipe2

Com esta iniciativa, o Estado destacou-se nacionalmente, à medida que favoreceu a ampliação do atendimento à criança sergipana na tentativa de superar as necessidades educacionais, morais e de saúde. A diligência pública concretizou as propostas de educação pré-escolar com a criação da “Casa da Criança de Sergipe”. O estabelecimento reproduzia, na sua instalação, um modelo presente no Brasil na década de 1930 e representava uma novidade inspirada nas novas vertentes da pedagogia brasileira.

2. O Jardim do Centro Municipal de Assistência à Criança de Aracaju

Na década de 1940, Sergipe possuía 72,6 % de sua população, analfabeta. Existiam apenas 536 escolas públicas primárias (escolas isoladas com apenas uma única sala), sendo 358 estaduais e 178 municipais, com uma matrícula total de 21.810 alunos. Havia ainda cerca de 120 escolas particulares e apenas 2 instituições de educação infantil – o Jardim “Augusto Maynard” e a escola da Legião da Boa Vontade (LBA). Muitas crianças e jovens

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encontravam-se fora da escola e, como percebemos, o índice de analfabetismo era alarmante. O Documento3 produzido em 1941 pelo Departamento de Educação do Estado indica que em Aracaju, existiam 41 escolas isoladas estaduais, 64 escolas particulares e apenas 7 escolas municipais, todas isoladas.

Na tentativa de contribuir com a escolarização em Aracaju, o prefeito, desapropriou espaços urbanos para a construção de uma escola primária e assim, no ano seguinte, inaugurou a “Escola Municipal Abdias Bezerra”, no Bairro Santo Antonio. Nesse mesmo ano desapropriou “uma quadra de terra entre as ruas Goiás, Sergipe, Mato Grosso e Distrito Federal para a construção do Jardim destinado aos filhos dos operários”.

Assim, o “Jardim do Centro Municipal de Assistência à Criança”, assim logo chamado na sua inauguração, em 10 de novembro de 1944, surge como uma das propostas educacionais do prefeito, que tinha como finalidade atender a uma parcela da população quase que totalmente excluída das políticas públicas de educação infantil. Numa solenidade concorrida, com a presença do Interventor Federal Augusto Maynard Gomes e diversas autoridades, o prefeito José Garcez Vieira cortou a fita inaugural e conduziu os presentes para as modernas e amplas dependências do jardim. Sobre o grande feito, assim se expressou o Sergipe Jornal: “Sua Senhoria, numa alta e perfeita compreensão dos

postulados modernos e democratizantes, está construindo, num bairro operário, um grande centro de assistência à criança pobre, tendo inaugurado ontem uma parte do conjunto, ou seja, o Jardim de Infância. (GRAÇA, 1997, p.9).

Com a criação do Jardim, ocorreu o primeiro concurso público da rede municipal de ensino. Em obediência ao Decreto - Lei nº 1002/39 do Governo Federal, o prefeito de Aracaju, através do Decreto nº 15 de 24 de março de 1945 nomeou a comissão julgadora composta por professores de destacada atuação no cenário educacional sergipano: Adel da Silva Nunes, Genaro Plech, Maria Leonar da Rocha Matos, Sinésia Oliveira e Maria Blandina de Souza. O funcionário Pedro Teles de Souza, espécie de líder sindical dos servidores municipais, foi nomeado secretário. 4

Em obediência ao Decreto nº 15 de 24 de março de 1945, o Jardim surgiu no bairro, a fim de atender a uma parcela de crianças que não tinha acesso a outras instituições escolares.

O Jardim já dispunha de uma boa estrutura física, com salas amplas, canteiros, brinquedos infantis, professora de música, recreadora, atendimento médico – odontológico permanente. Esta instituição, situada no Bairro Siqueira Campos, ficou conhecida como o Jardim Operário, porque fora a primeira instituição de atendimento pré-escolar pública municipal situada num bairro popular, que atendia crianças das famílias das camadas trabalhadoras.

A necessidade de incutir valores e princípios nas instituições escolares despertou o interesse e a atuação do poder que rege os ideais e a formação do homem social no Brasil. É neste sentido que se analisa a importância da escolarização para crianças menores de 7 anos de idade, onde a formação social era trabalhada através das práticas pedagógicas e das relações interpessoais no ambiente escolar. A aprendizagem, através das experiências dos sentidos, das brincadeiras e da interação, era vista como elemento característico das práticas da “Casa Municipal da Criança”.

A faixa etária atendida pelo Jardim era de 4 a 6 anos e a procura era muito grande. Trabalhos com manipulação e linguagens eram muito freqüentes Uma das coisas que mais se fazia era contar histórias. Algumas delas eram depois encenadas e dramatizadas pelas

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crianças. As pequenas peças teatrais contavam com muita criatividade dos professores que tudo improvisavam: cenários com caixas de sapato, caixotes de geladeira e fogão, etc. As meninas eram estimuladas a ajudar as mães nas tarefas domésticas e por isso havia a casa de bonecas com quase todo o mobiliário em miniatura. De acordo com D. Lúcia Melo, “Até

havia o fogãozinho para orientar a criança no dia-a-dia junto às mães”.

D. Lucia Melo5, professora e depois diretora da instituição por 25 anos, informa que “a educação física era por meio de historinhas dramatizadas. Eu contava e dramatizava

aquela história, se era a historinha do Chapeuzinho vermelho, uma criança saia de Chapeuzinho, outra de vozinha, outra de Lobo mal, era muito significante. Assim, as demais histórias, os Três porquinhos, o papel de Emília do Sítio-do-pica-pau”.

O Jardim era muito bem cuidado. Havia canteiros de flores espalhados por toda a área livre do prédio, e as crianças eram estimuladas a zelar por elas. Logo nos primeiros anos de funcionamento, havia um aquário e até pequenos animais eram criados no fundo do quintal. As crianças eram orientadas e estimuladas pelas professoras e funcionários para ter carinho e afeto com os animais. Diariamente, colocavam comida no aquário e visitavam os bichos nas suas casinhas.

A professora de piano tinha a função de acompanhar as atividades de canto e de educação física. As crianças se reuniam em círculo, “rodinha”, e ali se fazia dramatizações e declamações, quase sempre acompanhadas por músicas, ao piano. Estimular a formação de bandinhas rítmicas era função primordial. Nesse sentido, pelo menos até o final da década de 1950, não se utilizavam instrumentos musicais reciclados, feitos com material de sucata, como nos dias atuais.

Todas as crianças, ao entrarem no prédio, iam para o pátio coberto. Lá cada uma entrava na fila da sua sala e, sob o comando da professora, cantavam a canção do “Bom - dia”. Cantando, dirigiam-se em fila para as salas, turma por turma. O canto era acompanhado pelo piano. A educação musical era levada muita a sério na educação escolar brasileira, desde o jardim de infância. No ensino primário e secundário, havia a disciplina “Canto Orfeônico” que persistiu até a década de 1970 em várias das “boas” escolas públicas e particulares do Brasil.

Na faixa etária de 6 anos, as crianças trabalhavam com exercícios de caligrafia. As professoras tracejavam as letras e pequenas palavras para que os alunos cobrissem; eram os famosos “exercícios de cobrir”.As crianças tinham que aprender seus nomes, por isso tinham seus nomes improvisados em papelotes e crachás, fixados num flanelógrafo, onde eram incentivadas a primeiro cobrir e, posteriormente escrever sozinhas.

O cotidiano do Jardim de Infância era muito organizado, dentro de todos os padrões tradicionais de um jardim de infância modelo. As professoras se esforçavam, pois tinham o desejo de igualar o jardim municipal ao jardim estadual (Augusto Maynard), que servia como Jardim de Infância Modelo para outros que iam surgindo no Estado. Havia um cronograma semanal de atividades. Em cada semana, em cada horário, se sabia o que seria feito. A hora da história, do drama, da colagem, do recorte, da pintura, do passeio, etc. As professoras se reuniam freqüentemente, para que tudo pudesse ser organizado, planejado, com muito cuidado e antecedência, sob o controle da diretora.

As visitas das autoridades cívicas marcavam o cotidiano da instituição. Segundo D. Lúcia Melo, ex. professora e também diretora da instituição, era freqüente os sucessivos prefeitos, entre eles: José Garcez Vieira, José Conrado de Araújo, levarem autoridades políticas ou educacionais em visita ao município, ao Jardim Municipal. Em 1960, por

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ocasião das eleições presidenciais, a filha do Marechal Teixeira Lott esteve visitando o Jardim, acompanhada pelo prefeito José Conrado de Araújo e comitiva. Foi “condignamente” homenageada pelas crianças e professoras. Junto ao corpo docente e discente, estas pessoas públicas deixavam evidente o apreço pela instituição e usavam o espaço educativo como ambiente de exibição dos cargos e interesses políticos.

O jardim de infância, sendo uma unidade educativa de representação do poder público, obedecia às determinações de ordem nacional e preparava os alunos da primeira infância no cultivo ao respeito à pátria e aos ideais na conduta da civilização brasileira.

Essa criação teve um grande significado voltado para a preparação da futura nacionalidade, através da educação infantil. No Jardim encontrava-se aliada aos princípios de socialização, a formação moral e cívica, pautada numa proposta nacional de promover a moral, os bons costumes e o civismo no ensino sergipano. Sem dúvida, as atividades desenvolvidas no Jardim, propagavam a preocupação presente no contexto educacional da época.

A relevância que se faz é ao processo de instrução, sendo uma ação social através da educação escolar. É neste sentido que se analisa a importância da escolarização para crianças menores de 7 anos de idade, onde a formação social é trabalhada através das práticas pedagógicas e das relações interpessoais no ambiente escolar. A aprendizagem, através das experiências dos sentidos, das brincadeiras e da interação, era vista como elemento característico das práticas do “Jardim Municipal da Criança”.

A implantação do Jardim teve influência para novo entendimento educacional que implicou no surgimento e aprimoramento das instituições escolares. As transformações ocorridas no período republicano, onde os princípios políticos, morais e sociais vigentes adequavam os moldes do ensino influenciavam, conseqüentemente, no atendimento às instituições de educação da infância brasileira.

A execução do Hino Nacional pelos pequenos alunos, as homenagens, desfiles cívicos, tanto no bairro quanto no centro da cidade, homenageavam os mais conhecidos personagens da nossa história: Pedro Álvares Cabral, Pero Vaz de Caminha, D. Pedro, Princesa Isabel, José Bonifácio, Tiradentes, Duque de Caxias, Marechal Deodoro, etc.

O Jardim de Infância José Garcez Vieira surgiu como pioneiro na educação pré-escolar municipal de Aracaju, atendendo às tendências educacionais do país, à época, e contribuindo com a multiplicação e oficialização de instituições de ensino, concretizando a implementação da educação infantil municipal em Sergipe.

Kramer (1987), expondo as vertentes pedagógicas da educação pré-escolar, destaca na tendência “romântica” a influencia de pedagogos como Froebel, Decroly e Montessori. Essa tendência entende a pré-escola como jardim onde as crianças são “plantinhas” ou “sementes” que devem ser cultivadas. Pressupostos de Froebel (1782-1852) e Decroly (1871-1932) fundamentaram as reflexões da nossa educadora. Para o primeiro, o caráter lúdico é o determinante da aprendizagem, onde o currículo por atividades leva espontaneamente ao conhecimento. Decroly destaca o caráter global da atividade infantil, acreditando que a necessidade gera o interesse, este leva ao conhecimento. Por isso, propõe que se organizem os “centros de interesse” onde a criança possa observar, associar e expressar. É uma tendência inaugurada no Brasil nas décadas de 1920 e 1930, sendo até hoje, difundida e aplicada.

Neste entendimento, insere-se o processo de criação dos jardins de infância que buscam, através da institucionalização da educação, o trabalho social junto à criança, que se amplia durante esses períodos. A consolidação dos jardins no Brasil passa por motivações

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significativas na história da educação brasileira. As transformações ocorridas na educação e na sociedade neste período traziam, sobretudo, o pressuposto de formação, organização social e reprodução de valores emergentes com os ideais da República.

Os objetivos e fins da implementação de instituições para crianças, baseados nestes pressupostos, estavam voltados à formação social do homem, integrada à formação física e psicológica. O enfoque dado, nos jardins de infância, à formação nos processos biológico, social, educacional e psicológico passou a ser evidenciado nestas instituições que, no Brasil, cresciam em número e exigências assistenciais e educacionais. As discussões acerca da educação para a infância são ampliadas nos anos de 1920 e 1930.

Com a expansão das instituições de jardim de infância, os Estados brasileiros fundiam a concepção de educação para a infância; Respaldados na legislação nacional, os governos iniciaram construções de “amparo” à criança: Casa da Criança, Parque Infantil, Jardim de Infância. Sob qualquer denominação, nas propostas destas instituições estavam presentes os objetivos voltados à preparação bio-psico-social do homem, baseada numa disciplina e conduta social.

Segundo Durkheim, a sociedade e o Estado são responsáveis pela formação do homem e se integram na medida em que tem por base a educação. É neste contexto que se insere o jardim de infância como elemento de preparação social, através da ação do Estado, norteado pelos princípios que regem a sociedade.

Admitido que a educação seja função essencialmente social, não pode o Estado desinteressar-se dela. Ao contrário, tudo o que seja educação, deve estar até certo ponto submetido à sua influência. Isto não quer dizer que o Estado deva, necessariamente, monopolizar o ensino. (DURKHEIM, 1978, p.48).

No contexto republicano a sociedade passou a adquirir novos padrões de vida. A urbanização e a industrialização contribuíram para o processo de crescimento e mudanças de valores sociais. Paralelas à nova organização social, surgiam às discussões sobre a valorização da infância como uma fase em que a criança desenvolve as suas potencialidades. Era a escola o espaço de desenvolvimento das habilidades infantis, asseguradas através das práticas no ensino primário ou pré-primário. Assim, o ideal republicano, que visava a modernização e reorganização do país, passou a preocupar-se com o ensino, atribuindo a este um caráter de importância na formação social e educativa da população.

Os jardins de infância, ao estarem voltados ao atendimento de crianças menores de 7 anos, foram instituições criadas com a preocupação de educar, formar o ser social e aperfeiçoar os hábitos (da atividade humana, individual ou coletiva) exigidos numa dada realidade social. Como também apresentam o objetivo de preparar a criança para o ingresso na escola primária, expandida no país através dos grupos escolares e reestruturada nos aspectos metodológicos e físicos, a partir das idéias republicanas e escolanovistas. São tipos de instituições educacionais, implementadas a partir de uma necessidade histórica de introduzir culturalmente a criança no meio em que vive, mediante atividades que valorizem o processo de construção e transformação da sociedade. Assim:

As instituições implicam, além disso, a historicidade e o controle. As tipificações recíprocas das ações são construídas no curso de uma história compartilhada. Não podem ser criadas instantaneamente. As instituições têm sempre uma história, da qual são produtos.É impossível compreender adequadamente uma

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instituição sem entender o processo histórico em que foi produzida. (BERGER, 1985, p.79).

O jardim de infância, sendo uma unidade educativa de representação do poder público, obedecia às determinações de ordem nacional e preparava os alunos da primeira infância no cultivo ao respeito à pátria e aos ideais na conduta da civilização brasileira.

Ordem, limpeza e disciplina são componentes primordiais para uma boa organização escolar, fazem parte de um conjunto de dispositivos de contenção dos gestos, dos instintos das emoções. Nesse sentido, as representações em torno da higiene escolar contribuíram para reforçar valores morais relacionados a padrões de comportamento considerados civilizados. (SOUZA, 1998, p.143).

O atendimento do jardim de infância no Brasil, desde a sua origem foi destinado à atenção ampla para a criança pequena, no que diz respeito ao cuidado, educação e desenvolvimento físico, psicológico e social. A preparação para a sociabilidade, presente na proposta dos jardins implica num processo de transmissão de valores que constitui a função social das instituições escolares. Segundo Berger, através das instituições o indivíduo interioriza o conhecimento presente em sua realidade, sendo preparado para uma sociedade objetivada (concreta e enraizada) nos valores da interação social. Assim, as instituições (educacionais e sociais) podem ser consideradas elementos de estabilidade na construção da realidade social.

A criação do Jardim de Infância Municipal de Aracaju era uma novidade inspirada nas novas vertentes da pedagogia brasileira, e esteve associada à fundação de uma Inspetoria de Higiene Infantil e Assistência Escolar, constituindo o projeto de edificação da Casa da Criança. Esta realização contemplava as iniciativas presentes nos estabelecimentos escolares de atendimento a crianças, diante da ampliação das discussões sobre a proteção à infância e acerca da saúde e organização da sociedade.

De acordo com pesquisadores como Moysés Kuhlmann, as instituições

educacionais para as crianças tiveram a influência de congressos de assistência à infância, realizados nas primeiras décadas do século XX. Estes Encontros propagavam os novos ideais que foram incorporados ao sistema de ensino, que tinha o objetivo de enfocar os assuntos relacionados à criança – social, médico, pedagógico e higiênico – e as relações com a família, com a sociedade e com o Estado.

Na organização do Primeiro Congresso Brasileiro de Proteção à Infância, ocorrido em 1922 juntamente com o 3º Congresso Americano da Criança, recebendo a adesão de mais de 2.600 membros de 21 estados brasileiros, espelham-se as forças envolvidas. A sua programação de maneira alguma traz formulações originais, sendo semelhante à de outros congressos internacionais, anteriormente realizados, sintetizando o conjunto das preocupações que envolviam a questão. (KUHLMANN Jr., 2004, p.89).

Esta perspectiva alimentava, ainda mais, as idéias higienistas voltadas ao atendimento à infância, como a presença da Inspetoria de Higiene Infantil, criada em 1923 e mais tarde substituída pela Diretoria de Proteção à Maternidade e à Infância, criada em 1934 pela Conferência Nacional de Proteção à Infância.

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O aluno assumia soberanamente o centro de processos de aquisição do conhecimento escolar. A psicologia experimental dava suporte à cientificidade da pedagogia e produzia no discurso da escolarização de massas populares o efeito da individuação da criança (a criação no centro das relações de aprendizagem). Como afirma Vidal, a escola renovada pretendia a incorporação de toda a população infantil. (VIDAL, 2000, p.498).

A renovação dos métodos de ensino, a preocupação com a estrutura e a organização das instituições educativas, como também a formação de professores representavam os principais motivos para as novas iniciativas diante da educação nacional. Para atingir as expectativas nas inovações da educação brasileira, era preciso a adequação e a melhoria das práticas e das políticas educacionais no país.

Considerações Finais

A partir dos anos de 1960, houve grandes mudanças de modelo e de assistência a infância abandonada. Começava a fase do Estatuto do Bem-Estar, com a criação da FUNABEM (1964), constituição Cidadã, assim inseriam-se em nossa sociedade os Direitos Internacionais da Criança, proclamados pela ONU nos anos de 1950. Com o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA). Diante de todas essas transformações, enfim, o Estado assume sua responsabilidade sobre a assistência à infância e à adolescência desvalidas, e estas se tornam sujeitos de Direito, pela primeira vez na História.

Nos anos de 1960 e 1970, vislumbramos o aumento da taxa de trabalho feminino, conseqüência de variadas alterações sociais, leva a uma procura cada vez maior dos serviços voltados para a infância, verificando-se assim uma expansão das creches e jardins de Infância de natureza privada e assistencial. O que então se privilegiava era a guarda das crianças, em detrimento de preocupações pedagógicas ou de respeito pela individualidade das crianças, característica que ainda hoje pesa nas instituições privadas de solidariedade social.

O Jardim de Infância Augusto Maynard foi implantado em 1932, juntamente com a Inspetoria de Higiene Infantil, e foi considerado, na época, uma inovação no Estado de Sergipe. Poucas instituições no país traziam os ideais educativos aliados aos cuidados com a saúde e a higiene infantil. Um resultado do anseio de professoras normalistas que se envolveram com a educação da infância sergipana e do engajamento da sociedade civil, que participou ativamente da edificação deste projeto educativo. (LEAL, 2004, p. 100).

Para as professoras do Jardim de Infância do Centro Municipal de Assistência à Criança, o jardim do Estado era referência, modelo a ser imitado. Esse desejo era compartilhado pelas autoridades educacionais da Prefeitura de Aracaju que, mesmo não arcando com todos os custos, desejavam também “uma escola de qualidade” para os filhos das camadas trabalhadoras. Assim, de acordo com as exigências materiais e com a mentalidade de alguns pais, a escola foi, até a década de 1950, freqüentada pelos filhos dos pequenos comerciantes, funcionários públicos, trabalhadores mais qualificados do comércio e da indústria.

O Jardim de Infância José Garcez Vieira, representou o pioneirismo na educação infantil municipal de Aracaju, no sentido de socialização, formação psicológica, moral e cívica, sobretudo no que concerne à preparação para a instrução primária.

A atuação do referido Jardim contribuiu com a História da Educação Municipal de Aracaju, com mais de 60 anos de atuação ininterruptos, somando-se ao Jardim Estadual

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Augusto Maynard, a fim de atender à população infantil da capital sergipana e do Estado de Sergipe.

Notas

1. Em 1942 foi projetado o Jardim de Infância “José Garcez Vieira”, sendo inaugurado em novembro de 1944.

2 .Ata da inauguração da Casa da Criança. Cf. Livro de Ata do Jardim de Infância – Casa da Criança, 1932. Acervo particular de Luiz Antônio Barreto. Instituto Tobias Barreto de Educação e Cultura.

3. Quadro Demonstrativo dos Grupos Escolares, Escolas Reunidas, Escolas Isoladas, Estaduais, Municipais e Particulares e Nomes dos Respectivos Professores. Governo de Sergipe. Imprensa Oficial. Aracaju, Abril, 1941.

4. DECRETO – LEI n. 75 de 21 de março de 1945. Este decreto instituiu o Centro Municipal de Assistência à Infância, do qual, o jardim inaugurado em 10 de novembro de 1944, fazia parte.

5. Lúcia Melo Dantas. Professora desde 1946 e diretora em 1956 e de 1959 a 1973, entrevista concedida à autora, em 11 de maio de 2004.

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