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UNIVERSIDADE FEDERAL DE PELOTAS Programa de Pós-Graduação em Agronomia Tese

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Academic year: 2021

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Tese

Controle químico pós-colheita de podridão parda e seu

efeito nas características físico-químicas e sensoriais

de pêssego “Eldorado” in natura

Nicácia Portella Machado

(2)

NICÁCIA PORTELLA MACHADO

CONTROLE QUÍMICO PÓS-COLHEITA DE PODRIDÃO PARDA E SEU

EFEITO NAS CARACTERÍSTICAS FÍSICO-QUÍMICAS E SENSORIAIS

DE PÊSSEGO “ELDORADO” IN NATURA

Tese apresentada ao Programa de Pós- Graduação em Agronomia da Universidade Federal de Pelotas, como requisito parcial à obtenção do título de Doutor em Ciências (área do conhecimento: Fruticultura de Clima Temperado).

Orientador: Dr. Enilton Fick Coutinho

Co-Orientador: Prof. Dr. Pedro Luiz Antunes

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Dados de catalogação na fonte:

( Marlene Cravo Castillo – CRB-10/744 )

M149c Machado, Nicácia Portella

Controle químico pós-colheita de podridão parda e seu efeito nas características físico-químicas e sensoriais de pêssego “Eldorado “ in natura / Nicácia Portella Machado.- Pelotas, 2008.

97f. : il.

Tese ( Doutorado ) –Programa de Pós-Graduação em Fruticultura de Clima Temperado. Faculdade de Agronomia Eliseu Maciel. Universidade Federal de Pelotas. - Pelotas, 2008, Enilton Fick Coutinho, Orientador; co-orientador Pedro Luiz Antunes.

1. Prunus persica L. 2. Monilina fructicola 3.

Armazenamento 4. Qualidade pós-colheita I Coutinho, Enilton Fick (orientador) II .Título.

(4)

Banca examinadora:

Dr. Enilton Fick Coutinho – Orientador

Ph.D. Márcia Vizzotto (Embrapa Clima Temperado)

Dr. Rufino Fernando F. Cantillano (Embrapa Clima Temperado) Dr. João Guilherme Casagrande Jr. (Pesquisador autônomo)

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Aos meus pais, José e Margarida

As minhas irmãs, Nara e Mara

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Agradecimentos

A Universidade Federal de Pelotas pela oportunidade de realizar o curso de Pós-graduação em Agronomia e ao CNPq pela concessão da bolsa de estudos.

A Embrapa Clima Temperado pelo uso de sua infra-estrutura para realização dos trabalhos de pesquisa.

A FAPERGS, pela concessão de recursos financeiros para a realização dos trabalhos de pesquisa.

Ao Pesquisador da Embrapa, Dr. Enilton Fick Coutinho pela orientação, dedicação, amizade, confiança e ensinamentos transmitidos durante o curso e execução do trabalho.

Ao professor Pedro Luiz Antunes por sua amizade, atenção e dedicação. A professora Rosa Treptow pela paciência, atenção e dedicação.

A minha família, em especial, a minha mãe Margarida, pela compreensão, apoio, força e incentivo.

A todos os meus colegas, Magda, Thaís, Zaida, Sandro, Fabrício, Rogério e Vagner pelo auxílio na condução do trabalho, pela amizade, carinho e companheirismo.

Ao pessoal dos laboratórios de Fisiologia e Tecnologia Pós-colheita pelo empenho e colaboração e, em especial, ao Dr. Fernando Rufino Flores Cantillano por sua atenção e dedicação.

Ao pessoal do laboratório de Fitopatologia pela colaboração. E especialmente a Deus.

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Resumo

MACHADO, NICÁCIA PORTELLA. Controle químico pós-colheita de podridão

parda e seu efeito nas características físico-químicas e sensoriais de pêssego “Eldorado” in natura. 2008. Tese (Doutorado) – Programa de Pós-graduação em

Agronomia. Universidade Federal de Pelotas, Pelotas.

Objetivou-se com este trabalho, avaliar a eficiência dos produtos dicloran, dióxido de cloro, brassinolide, óleo de melaleuca e digluconato de clorexidina no controle pós-colheita de Monilinia fructicola e a influência dos mesmos nas características físico-químicas e sensoriais de pêssegos ‘Eldorado’, armazenados durante dois e quatro dias em ambiente (20±2ºC e 65-70% UR). Sendo assim, pêssegos colhidos no estádio de maturação incipiente, selecionados por tamanho, sem presença de lesões foram inoculados artificialmente com esporos de Monilinia

fructicola na razão de 2 x 105 conídios por mililitro (2 x 105 conídios.mL1). Testou-se os seguintes tratamentos: T1 - Controle (desinfestação + inoculação); T2 - T1 e

Dicloran; T3 - T1 e Dióxido de cloro (ClO2); T4 - T1 e Brassinolide; T5 - T1 e Óleo

melaleuca; T6 - T1 e Digluconato de clorexidina. Após a aplicação dos tratamentos,

todos os pêssegos foram armazenados durante dois e quatro dias em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR), sendo avaliadas as características físico-químicas e sensoriais dos frutos. Para as características físico-químicas, utilizou-se o delineamento experimental inteiramente casualizado com 4 repetições de 20 frutos por tratamento, em cada tempo de avaliação e, para as características sensoriais, utilizou-se o delineamento de blocos casualizados, cada bloco correspondente a uma repetição de 20 frutos por tratamento. Posteriormente, os resultados de cada característica sensorial foram submetidos a análise da variância, médias comparadas pelo teste de Duncan (p ≤ 0,05), correlação de Pearson e análise multivariada – ACP (Análise de Componentes Principais). Com exceção das características físico-químicas pH e acidez titulável (AT), as demais apresentaram variação estatística em função dos tratamentos e tempos de armazenamento dos frutos. Portanto, conclui-se que os produtos dicloran, brassinolide e óleo de melaleuca são eficientes no controle da podridão parda (Monilinia fructicola) em pêssego ‘Eldorado’, após quatro dias de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% UR) e; frutos de pêssego ‘Eldorado’ tratados com dicloran, brassinolide e óleo de melaleuca apresentam variações físico-químicas e sensoriais que não comprometem a qualidade para o consumo in natura, quando armazenados por quatro dias em ambiente (20±2ºC e 65-70% UR).

Palavras-chave: Prunus persica L. (Bastch). Monilina fructicola. Armazenamento ambiente. Qualidade pós-colheita.

(8)

Abstract

MACHADO, NICÁCIA PORTELLA. Chemical postharvest control of brown rot and its effect on physical chemistry and sensory characteristics of in natura peach "Eldorado". 2008. Thesis (Ph.D.) - The Graduate Program in Agriculture. Federal University of Pelotas, Pelotas.

The objective of this work was to assess the efficiency of the products dichloran, chlorine dioxide, brassinolide, melaleuca oil and chlorhexidine digluconato on the post-harvest control of Monilinia fructicola and their influence on physicochemical and sensorial characteristics of 'Eldorado' peach fruits, stored for two and four days at environmental conditions (20±2°C and 65-70% RH). Peach fruits harvested in incipient maturation stage, selected by size, and without presence of lesions. They were artificially inoculated with spores of Monilinia fructicola, at the ratio of 2x105 conidia per millilitre (2x105 conidium.mL1). It was tested the following treatments: T1 - Control (disinfestation + inoculation); T2 - T1 and Dicloran; T3 - T1 and chlorine dioxide (ClO2); T4 - T1 and Brassinolide; T5 - T1 and melaleuca oil; T6 - T1 and

Chlorhexidine digluconato. After treatment application, all fruits were stored for two and four days at environmental conditions (20±2°C and 65-70% RH), and then it was evaluated the physicochemical and sensorial characteristics. For the physical and chemical analysis, it was used a completely randomized design with 4 replications with 20 fruits per plot, and for the sensorial characteristics it was used a randomized block design with four replications. Each block was correspondent to 20 fruits per treatment. Subsequently, the results of each sensorial characteristic were submitted to analysis of variance, Duncan's multiple range test (p ≤ 0.05), Pearson’s Correlation and multivariate analysis - ACP (Analysis of Key Components). Except for the physicochemical characteristics such as pH and titratable acidity (TA), the other characteristics had statistical differences regarding treatments and fruits storage times. Therefore, it is concluded that the products dichloran, brassinolide and melaleuca oil are effective at controlling brown rot (Monilinia fructicola) in peach fruits 'Eldorado' after four days of storage at environmental storage (20±2°C and 65-70% RH); and peaches 'Eldorado' treated with dichloran, brassinolide and melaleuca oil exhibit physicochemical and sensorial variations that not compromise the quality for

in natura consumption, whether stored for four days at environmental conditions

(20±2°C and 65-70% RH).

Keywords: Prunus persica L. (Bastch). Monilina fructicola. Environment storage. Postharvest quality.

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Lista de Figuras

Figura 1 Perda de peso de pêssego ‘Eldorado’ em função da interação dos fatores

tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...46

Figura 2 Firmeza da polpa de pêssego ‘Eldorado’ em função da interação dos

fatores tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...48

Figura 3 Sólidos solúveis totais de pêssego ‘Eldorado’ em função da interação dos

fatores tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...50

Figura 4 Relação SST/AT de pêssego ‘Eldorado’ em função da interação dos fatores

tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...52

Figura 5 Cor da epiderme (a*) de pêssego ‘Eldorado’ em função da interação dos

fatores tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...54

Figura 6 Cor da epiderme (b*) de pêssego ‘Eldorado’ em função da interação dos

fatores tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...55

(10)

Figura 7 Cor L* de pêssego ‘Eldorado’ em função da interação dos fatores

tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...56

Figura 8 Ângulo °h de pêssego ‘Eldorado’ em função da interação dos fatores

tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...57

Figura 9 Pêssego ‘Eldorado’ sadio (%) em função da interação dos fatores

tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...60

Figura 10 Análise de componentes principais das características sensoriais de

pêssego ‘Eldorado’ armazenamentos durante dois dias em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...69

Figura 11 Análise de componentes principais das características sensoriais de

pêssego ‘Eldorado’ armazenamentos durante quatro dias em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...70

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Lista de Tabelas

Tabela 1 Caracterização físico-química de pêssego ‘Eldorado’ na colheita

(08/01/2008). Embrapa Clima Temperado, Pelotas/RS, 2008...40

Tabela 2 pH e acidez titulável (AT) de pêssego ‘Eldorado’, em função dos

tratamentos. Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...51

Tabela 3 Valores dos contrastes dos efeitos dos produtos utilizados no controle de

pêssego ‘Eldorado’, no transcorrer do tempo de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...60

Tabela 4 Características sensoriais de pêssego ‘Eldorado’ em função dos fatores

tratamentos e tempos de armazenamento em ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR). Embrapa Clima Temperado, Pelotas / RS, 2008...66

Tabela 5 Coeficientes de correlação de Pearson (r) entre as características

sensoriais e físico-químicas de pêssego ‘Eldorado’ armazenado durante dois e quatro dias em armazenamento ambiente (20±2ºC e 65-70% de UR)...73

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Sumário

Resumo... 06 Abstract... 07 Lista de figuras... 08 Lista de tabelas... 10 Sumário... 11 1 Introdução... 14 2 Revisão de literatura... 16 2.1 O pessegueiro... 16 2.1.1 Importância econômica... 16 2.1.2 Origem e botânica... 17

2.1.3 Características de pêssego ‘Eldorado’... 17

2.1.4 Crescimento, desenvolvimento, maturação e senescência... 17

2.1.5 Colheita... 19

2.1.5.1 Técnicas de colheita... 21

2.1.6 Técnicas de armazenamento... 21

2.1.6.1 Armazenamento refrigerado... 22

2.1.6.2 Armazenamento em atmosfera modificada e controlada... 22

2.1.7 Qualidade pós-colheita... 23

2.1.8 Perdas pós-colheita... 24

2.1.8.1 Colheita e locais de embalagem... 25

2.1.8.2 Transporte... 26

2.1.8.3 Armazenamento... 26

2.1.8.4 Comercialização... 26

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2.1.9 Podridões pós-colheita de frutos / podridão parda (Monilinia fructicola

(Wint.) Honey)... 28

a) Mecanismos de infecção... 31

b) Mecanismos de defesa do tecido vegetal e indução de resistência... 33

2.1.10 Técnicas de controle de podridões em pós-colheita... 34

3 Material e métodos... 39 3.1 Local de execução... 39 3.2 Material... 39 3.3 Métodos... 40 3.3.1 Inoculação artificial... 40 3.3.2 Tratamentos... 41 3.3.3 Variáveis avaliadas... 42 3.3.3.1 Avaliação físico-química... 42 3.3.3.2 Avaliação sensorial... 43 3.4 Delineamento experimental... 44 4 Resultados e discussão... 45 4.1 Avaliação físico-química... 45 4.1.1 Perda de peso... 45 4.1.2 Firmeza da polpa... 46

4.1.3 Sólidos solúveis totais (SST), pH, Acidez Titulável (AT) e Relação SST/AT 48 4.1.3.1 Sólidos solúveis totais (SST)... 48

4.1.3.2 pH e Acidez Titulável (AT)... 50

4.1.3.3 Relação SST/AT... 51

4.1.4 Coloração da epiderme... 53

4.1.5 Frutos sadios... 57

4.2 Avaliação sensorial... 61

4.2.1 Características sensoriais de pêssego ‘Eldorado’ armazenado aos dois e quatro dias em ambiente (20±2ºC e 65-70% UR)... 61

4.2.1.1 Cor sensorial... 61

4.2.1.2 Defeitos (lesões e podridão parda)... 62

4.2.1.3 Simulação da comercialização... 63

4.2.1.4 Odor característico e odor estranho... 63

4.2.1.5 Sabor característico e sabor estranho... 64

(14)

4.2.2 Análise de Componentes Principais (ACP) dos dados sensoriais... 67

4.2.3 Características físico-químicas e sensoriais – Correlação de Pearson... 71

4.3 Análise sensorial: discussão geral... 74

5 Conclusões... 76

6 Referências………...……….... 77

Apêndices... 88

(15)

1 Introdução

No Brasil, são cultivados, aproximadamente, 23.794 hectares de pessegueiros com produção em torno de 235.471 toneladas. A Região Sul é a principal do país com produção de 167.859 toneladas cultivadas em 20.742 hectares, sendo o estado do Rio Grande do Sul o maior produtor, com aproximadamente, 15.677 hectares de cultivo e 119.130 toneladas de produção (AGRIANUAL, 2008).

Os microrganismos, principalmente os fungos, são os maiores causadores de perdas pós-colheita de frutos e hortaliças, apresentando índices elevados e custo econômico proporcionalmente maior em relação às perdas no campo, pelo fato de serem adicionados, aos custos de produção e de colheita, transporte e armazenamento (LIMA et al., 2006).

Para o controle de doenças pós-colheita causadas por fungos, a redução do inóculo é importante para minimizar a infecção e/ou manifestação das mesmas, podendo as ações serem realizadas através de processos químicos, físicos e biológicos a fim de reduzir o nível de inóculo no campo e/ou no armazenamento dos frutos (OLIVEIRA et al., 2006).

Fungicidas sintéticos convencionais são normalmente utilizados para o controle de doenças pós-colheita, porém, podem apresentar efeito residual nos frutos e hortaliças, pois, segundo Janisiewicz e Korsten (2002), o uso destes produtos é o principal fator de contaminação química de seres humanos. Nos últimos anos, nos principais mercados mundiais de frutos e hortaliças, existe uma tendência crescente quanto à restrição do uso desses fungicidas convencionais em pós-colheita, principalmente devido aos riscos que o uso inadequado pode proporcionar ao ambiente e à saúde humana (CONWAY et al., 2005).

(16)

O controle de doenças pós-colheita depende da estratégia de mercado para o produto e do tipo de infecção. Para produtos de limitada vida de prateleira, não são admitidos tratamentos pós-colheita com fungicidas que tenham longa atividade residual (WILLS et al., 1998).

Devido à crescente exigência do consumidor pela ausência de resíduos tóxicos nos frutos (AMORIM e MARTINS, 2006), existe a necessidade de se estudar produtos alternativos aos convencionais, que sejam eficientes no controle de podridões pós-colheita de frutos, economicamente viáveis e não apresentem efeito residual deletério a saúde humana e ao ambiente.

Dentre os métodos alternativos para controle de podridões pós-colheita de frutos e hortaliças, citam-se: redução do inóculo obtido através de sanitização (BANCROFT et al., 1984; MARI et al. 2003); óleos essenciais (SMID et al., 1994; TRIPATHI et al., 2004); extratos vegetais (SINGH et al., 1993); uso de produtos químicos com ação antifúngica não seletiva (carbonato de sódio, bicarbonato de sódio e cloro ativo) (ECKERT, 1991; PALOU et al., 2001); radiação luz ultravioleta C (LIU et al., 1993; STEVENS, et al., 1996; CRISOSTO et al., 1998; VALDEBENITO-SANHUEZA e MAIA, 2001; STEVENS et al., 2005); luz germicida (COUTINHO et al., 2002); ozônio (CRISOSTO et al., 1993; PALOU et al., 2002); tratamento térmico (PRUSKY et al., 1999; PORAT et al., 2000; FALLIK et al., 2000; KARABULUT et al., 2002) e; microrganismos antagonistas (MARI et al. 2003).

Ao se realizar estudos sobre métodos de controle de doenças pós-colheita, a fim de reduzir as perdas dos frutos, deve-se considerar, além da eficiência desses métodos, a aceitabilidade da qualidade do produto pelo consumidor, levando em conta, as características de qualidade físicas, químicas e sensoriais.

Sendo assim, o objetivo do presente trabalho foi avaliar a eficiência dos produtos dicloran, dióxido de cloro, digluconato de clorexidina, brassinolide e óleo de melaleuca no controle pós-colheita de Monilinia fructicola e a influência dos mesmos nas características físico-químicas e sensoriais de pêssegos ‘Eldorado’, armazenados durante dois e quatro dias em condições ambiente (202ºC e 65-70% UR).

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2 Revisão de literatura

2.1 O pessegueiro

2.1.1 Importância econômica

Na produção mundial de pêssegos e nectarinas, o Brasil ocupou o 13º lugar no ano de 2005, sendo que toda a produção nacional de pêssegos e nectarinas destinou-se ao mercado interno (FAO, 2006). No ano de 2007, foram cultivadas aproximadamente 23.794 hectares de pessegueiros, com produção em torno de 235.471 toneladas. A Região Sul é a principal produtora de pêssegos do país com produção de 167.859 toneladas, em 20.742 hectares, sendo o estado do Rio Grande do Sul, o maior produtor, com aproximadamente 15.677 hectares de cultivo e 119.130 toneladas de produção (AGRIANUAL, 2008).

O estado do Rio grande do Sul é formado por três regiões: a Região da Metade Sul do RS, que compreende 29 municípios e concentra mais de 90% da produção de pêssegos destinados a indústria no país; a Região da Grande Porto Alegre, formada por 9 municípios produtores de pêssegos destinados, predominantemente, para consumo in natura; e a Região da Serra Gaúcha com 32 municípios. As principais variedades cultivadas no estado são: Precocinho, Diamante, Esmeralda, Jade, BR2, Chimarrita, Marli, Chiripá, Maciel, Eldorado, Leonense, Granada, Cerrito, Coral e Riograndense (MEDEIROS, 2002).

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2.1.2 Origem e botânica

O pessegueiro é uma espécie nativa da China. No Brasil, foi introduzido em 1532 por Martin Afonso de Souza, por meio de mudas trazidas da ilha da Madeira e plantadas em São Vicente, no estado de São Paulo. Pertence à família Rosaceae, subfamília Prunoidea, gênero Prunus (L.) e subgênero Amygdalus. Todas as cultivares comerciais pertencem à espécie Prunus persica (L.) Batsch (SACHS e CAMPOS, 1998).

A variedade vulgaris inclui a maioria das cultivares de valor econômico para consumo, sob a forma de fruta in natura ou conserva. São oriundas da raça persa ou européia, com frutos grandes, de polpa amarela, livres de caroço e sucosas. As da raça do Norte da China são de polpa amarela, firme e com caroço aderido; as da raça do Sul da China são de polpa branca, doce e sucosa, e adaptadas a climas com inverno ameno (SACHS e CAMPOS, 1998).

2.1.3 Características de pêssego ‘Eldorado’

Os frutos são de tamanho grande, com peso médio, geralmente, em torno de 120 g, e forma redondo-cônica, com sutura levemente desenvolvida. A película é amarela, com até 30 % de vermelho, e a polpa é amarela, firme e aderente ao caroço. O sabor é doce - ácido, com 15º a 17º Brix de sólidos solúveis (RASEIRA e NAKASU, 1998).

2.1.4 Crescimento, desenvolvimento, maturação e senescência

O pêssego é um fruto com desenvolvimento caracterizado pela curva de crescimento do tipo sigmoidal dupla (LOTT, 1932). Na maioria das espécies, geralmente, o crescimento e desenvolvimento do fruto ocorre em três fases distintas: a primeira (fase I) ocorre logo após a antese, durante a qual predomina o processo de divisão celular; a segunda (fase II) é caracterizada por um período de rápido alongamento celular, que culmina com o incremento de polpa; e na terceira fase (fase III), ocorre o processo de maturação do fruto. Em frutos de caroço, a fase de endurecimento do caroço ocorre durante a fase II da curva de crescimento e desenvolvimento dos frutos (ARAUJO, 1998).

(19)

O pêssego é um fruto climatérico (LOTT, 1932). Segundo Kluge et al. (2002), os frutos considerados climatéricos apresentam, em determinada etapa do seu ciclo vital, aumento rápido e acentuado na atividade respiratória, com amadurecimento imediato podendo ocorrer na planta ou após serem colhidos com maturação fisiológica desenvolvida. As alterações que ocorrem nessa fase crítica de desenvolvimento do fruto, principalmente, o aumento da atividade respiratória, é desencadeado pela síntese de etileno.

Após o fruto atingir o tamanho máximo, inicia-se o processo de maturação que ocorre antes que o desenvolvimento completo seja atingido, independentemente da planta-mãe. Os frutos são normalmente colhidos nesse estádio e inclui diferentes alterações na composição, sendo que grande parte do processo ocorre com o fruto ainda na planta (CHITARRA e CHITARRA, 2005). Geralmente, as alterações que ocorrem durante a maturação e se refletem nos atributos de qualidade são: modificação na permeabilidade das membranas celulares, síntese de etileno, elevação na atividade respiratória, alterações da cor da epiderme e da textura dos frutos e; modificação do sabor e do aroma (WILLS et al., 1981).

A fase final da maturação é designada como amadurecimento, sendo, porém, excluída do desenvolvimento, uma vez que nessa etapa há predominância de processos degradativos. O amadurecimento é considerado como o aprimoramento do conjunto de processos que ocorrem desde os últimos estádios de desenvolvimento até as etapas iniciais da senescência, resultando em características de qualidade para os frutos. Durante essa fase, há um aprimoramento das características sensoriais, ou seja, sabores e odores específicos desenvolvem-se em conjunto com o aumento da doçura e redução da acidez. O fruto torna-se mais macio e mais colorido em decorrência da degradação da clorofila e do desenvolvimento acentuado de pigmentos carotenóides e/ou flavonóides. Portanto, o amadurecimento corresponde basicamente às alterações nos fatores sensoriais: sabor, odor, cor e textura, que tornam o fruto aceitável para o consumo (SISTRUNK, 1985).

No amadurecimento, o pêssego apresenta um pico de síntese de etileno, acompanhado pelo aumento da atividade respiratória (ARAUJO, 1998). Durante essa fase, ocorrem reações de síntese e de degradação, sendo a energia liberada utilizada para várias atividades fisiológicas e para manutenção da integridade celular. A energia é suprida por alguns processos degradativos, particularmente a

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hidrólise do amido. E uma grande demanda de energia ocorre no sistema para a continuação do processo, incluindo síntese protéica, síntese de etileno e compostos aromáticos, entre outros. Uma vez iniciado, o amadurecimento conduz ao envelhecimento e à morte dos tecidos (WILLS, 1998).

A senescência é um conjunto de processos que ocorrem após o amadurecimento dos frutos (KLUGE et al., 2002). Não há distinção bem delineada entre amadurecimento e senescência, embora cada um dos processos que contribuem para a senescência conduza diretamente à morte dos tecidos. O processo da senescência aumenta a probabilidade de morte, não somente pela predominância de reações catabólicas (degradativas), mas, também, porque há desidratação dos tecidos ou infecção por microrganismos (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

2.1.5 Colheita

No processo de desenvolvimento e maturação, o fruto sofre uma série de transformações físicas e químicas que determinam a qualidade do mesmo. O grau de maturação do fruto no momento da colheita tem influência na senescência, determinando a sua qualidade e o potencial de conservação pós-colheita (CRISOSTO, 1994).

Dentre as alterações fisiológicas que ocorrem durante a maturação do pêssego, algumas podem ser avaliadas por métodos físico-químicos e são utilizadas como parâmetros para monitorar o progresso da maturação (SISTRUNK, 1985). Esses parâmetros são também chamados de índices de maturação. A avaliação conjunta de algumas características, como tamanho do fruto, firmeza de polpa, coloração, teor de sólidos solúveis, pH, acidez e relação SST/AT, servem para identificar o grau de maturação em que se encontra o fruto, bem como acompanhar o processo de amadurecimento após a colheita (ARAUJO, 1998).

A colheita pode ser considerada como um fator crítico que influencia a pós-colheita, pois determina a qualidade dos frutos durante o armazenamento e a comercialização (KLUGE et al., 2002). Quando colhido antecipadamente, o fruto imaturo não desenvolve bom sabor, apresenta coloração verde predominante e alta firmeza, se desidrata mais facilmente, possui baixo conteúdo de açúcares, alto conteúdo de ácidos e amido (CRISOSTO, 1994). Geralmente, frutos imaturos são

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altamente resistentes a patógenos, tornando-se mais suscetíveis em estádios mais avançados da maturação (CHITARRA, 2006). Ao contrário, os frutos sobremaduros têm curta vida comercial, pouca firmeza, são mais suscetíveis a infecção por patógenos, portanto, apresentam baixa qualidade (CRISOSTO, 1994).

A colheita deve ser realizada cuidadosamente, colhendo-se os frutos com a maturação adequada, selecionando-os de acordo com padrões pré-estabelecidos: sem folhas, danos mecânicos, podridões e pragas, reduzindo, assim, a contaminação dos frutos sadios. Para a colheita do pêssego devem-se reunir os colhedores para informá-los sob os aspectos de forma, tamanho e cor dos frutos adequados para a colheita; realizar a colheita nos horários mais frescos do dia; não realizar a colheita logo após a ocorrência de chuvas; colher os pêssegos com a palma da mão, sendo está levemente curvada, de modo que o fruto repouse entre a mão e os dedos, sem que sofra a mínima pressão e, com um leve movimento de torção para provocar o desprendimento do fruto; colocar os frutos cuidadosamente nas sacolas de colheita, evitando batidas e, posteriormente, colocá-los cuidadosamente nas caixas de colheita, evitando que as mesmas fiquem muito cheias ou muito vazias, a fim de evitar danos aos frutos; não misturar os frutos colhidos das plantas com os que caíram no solo, sendo que estes devem ser colocados em caixas identificadas; colocar as caixas de colheita na sombra, permanecendo-as até serem transportadas ao local de embalagem; colocar as caixas com muito cuidado no caminhão de transporte, o qual deve ser conduzido em baixa velocidade, evitando as estradas em mau estado de conservação; no local de destino, os caminhões devem ser colocados na sombra e as caixas descarregadas cuidadosamente; deve-se reduzir o tempo entre a colheita e o envio do fruto ao local de embalagem (CANTILLANO et al., 2003).

Após a colheita, os frutos sofrem uma série de transformações endógenas resultantes do metabolismo celular (ECKERT, 1980). O aumento dos açúcares solúveis, de água livre e das pectinas é acompanhado pela redução de alguns componentes fenólicos e protopectínicos, que tornam os frutos mais sensíveis aos danos mecânicos e ao ataque de diversos microrganismos, principalmente, de fungos causadores de podridões (PALAZÓN, 2000).

A técnica de colheita pode influenciar na composição química do produto e na sua qualidade geral, pela desuniformidade no grau de maturação ou pelos danos físicos. Lesões resultam em perda de água e de nutrientes, além de tornarem os

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frutos mais propícios à infecção por microrganismos. Sendo assim, a técnica de colheita a ser utilizada, de acordo com o tipo de produto e de comercialização (in

natura, armazenamento ou processamento), é importante para a obtenção de

produtos com níveis adequados de maturação, com um mínimo de dano ou perda, com a maior rapidez possível e com um custo mínimo (GUARINONI, 2000).

2.1.5.1 Técnicas de colheita

Dois tipos básicos de colheita são utilizados, a manual e a mecanizada. A colheita manual ainda é o procedimento mais utilizado para frutos e hortaliças, visando ao consumo in natura, mesmo em países desenvolvidos, ao contrário, a colheita mecanizada é utilizada para produtos destinados ao processamento ou àqueles que não são facilmente danificados, como nozes, raízes e tubérculos (DAY, 1994).

A colheita manual apresenta vantagens sobre a mecanizada, não somente por causar menos danos aos produtos, mas devido a possibilidade de uma seleção mais minuciosa desses produtos quanto aos defeitos, tamanho e grau de maturação, proporcionando qualidade mais uniforme e pequeno investimento de capital. Para realização da colheita manual, vários instrumentos são utilizados, sempre com o objetivo de proteger o produto, tais como baldes e sacolas de colheita, varas e prendedores, facas e tesouras. Na colheita mecanizada, as máquinas raramente são capazes de realizar uma colheita seletiva e tendem a danificar os produtos (CHITARRA, 1994). Entretanto, apresenta como vantagens, maior rapidez e melhores condições de trabalho para os colhedores (KLUGE et al., 2002).

2.1.6 Técnicas de armazenamento

Após a colheita, a conservação dos frutos e hortaliças pode ser prolongada pelo armazenamento imediato desses produtos em condições atmosféricas que mantenham a sua qualidade. As condições ideais de armazenamento correspondem aquelas cujos produtos podem ser armazenados pelo maior espaço de tempo possível, sem perda apreciável de suas características de qualidade, tais como: sabor, aroma, textura, cor e teor de umidade. O tempo de armazenamento depende,

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sobretudo, da atividade respiratória do produto, suscetibilidade à perda de umidade e resistência aos microrganismos causadores de doenças (THOMPSON, 1998).

A qualidade comercial, na maioria dos frutos e hortaliças, aumenta após a colheita e, posteriormente, decai rapidamente, caso não seja utilizado o processo de armazenamento a frio. As deteriorações são mais rápidas em condições ambiente, devido à produção do calor vital e a liberação do CO2 decorrentes da respiração. A

temperatura de armazenamento é, portanto, o fator ambiental mais importante, não só do ponto de vista comercial, mas também pelo controle da senescência dos frutos (FILHO, 2002).

O primeiro procedimento para a conservação de frutos e hortaliças em temperaturas baixas é o resfriamento rápido, ou seja, a retirada do “calor de campo” do produto para que a temperatura do mesmo se aproxime o máximo possível daquela utilizada durante o período de armazenamento e/ou transporte. O armazenamento é o procedimento seguinte, podendo ser classificado como armazenamento refrigerado, em atmosfera modificada e em atmosfera controlada (SIGRIST et al., 2002).

2.1.6.1 Armazenamento refrigerado

No armazenamento sob refrigeração, o produto é resfriado pela remoção do seu calor e não pela transmissão de frio para o produto (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

Segundo Sigrist et al. (2002), considerando-se a umidade relativa e a circulação do ar na câmara fria, temperaturas próximas de 0ºC são ideais para a conservação de frutos de clima temperado. O efeito desejável da baixa temperatura é a redução da respiração, o atraso do amadurecimento e a redução do desenvolvimento de podridões pós-colheita.

2.1.6.2 Armazenamento em atmosfera modificada e controlada

A modificação da atmosfera é uma técnica utilizada para manter a qualidade do fruto pela modificação do ar atmosférico que o circunda, sendo um complemento do armazenamento refrigerado, a qual consiste em elevar os níveis de CO2 e reduzir

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modificada, porém difere quanto ao grau de controle dos níveis de O2 e CO2 durante

o armazenamento. Enquanto que na atmosfera modificada não se sabe com exatidão a concentração de gases obtida, na atmosfera controlada busca-se otimizar as concentrações de O2 e CO2 a ponto de não causar a respiração anaeróbia e

distúrbios fisiológicos e, com isso, atingir um maior tempo de armazenamento dos frutos (KLUGE et al., 2002).

A modificação da atmosfera provoca decréscimo na velocidade da respiração, atraso no amadurecimento e diminuição na deterioração de frutos e hortaliças (KADER et al., 1989), podendo ser obtida com o uso de materiais plásticos, como polietileno, policloreto de vinila e similares ou através da aplicação de produtos, como ceras, ésteres de sacarose e outros aditivos (KLUGE et al., 2002). Kluge et al. (1997), utilizando diferentes embalagens (filme de PVC e polietileno) em pêssegos ‘Flordaprince’ armazenados a 1°C e 85-90% UR, observaram redução da perda de peso dos frutos durante 14 dias de armazenamento. Nunes et al. (2004) utilizando sacos de polietileno em pêssegos 'Aurora-2' armazenados durante 10 dias a 9ºC e 90% UR, observaram redução da perda de peso dos frutos embalados em relação à testemunha.

Os pêssegos toleram concentração mínima de 2kPa de O2 e máxima de 5kPa

de CO2 (KADER, 1989). ERIS et al. (1994) observaram maior qualidade de

pêssegos ‘Hale Haven’ com 2kPa de O2 e 5kPa ou 10kPa de CO2. No entanto,

Ceretta et al. (2000), observaram maior qualidade de pêssegos ‘Eldorado’ armazenados em atmosfera controlada com concentrações de 1kPa de O2 e 3kPa

de CO2.

2.1.7 Qualidade pós-colheita

De modo geral, a qualidade pode ser definida como o conjunto de características que diferenciam componentes individuais de um mesmo produto, e que tem significância na determinação do grau de aceitação pelo comprador. Portanto, devem ser consideradas as características físicas, sensoriais e a composição química, bem como devem ser realizadas associações ou relações entre as medidas objetivas e subjetivas, para melhor entendimento das transformações que ocorrem e que afetam ou não a apreciação do produto (CHITARRA, 1994).

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Segundo Torrelardona (1983), as principais alterações físico-químicas que ocorrem em frutos na pós-colheita são: cor, sabor, aroma e firmeza da polpa, as quais se relacionam com os pigmentos, a textura, as pectinas, os ácidos orgânicos, as vitaminas, os compostos fenólicos e os compostos voláteis. Dentre as características físico-químicas utilizadas na avaliação da qualidade dos frutos, consideram-se as mais comuns: cor, peso, firmeza da polpa, pH, acidez titulável (AT), sólidos solúveis totais (SST) e relação SST/AT (KLUGE et al., 2002).

Para o consumidor, a qualidade mais considerada é a sensorial, visto que são as características incluídas nessa categoria que o indivíduo pode avaliar por meio de seus próprios sentidos. Essas considerações conduzem ao conceito de qualidade sensorial como sendo todas as características que pode apresentar um produto e que impressionam nossos sentidos (QUEIROZ e TREPTOW, 2006). Os frutos e hortaliças destinados ao consumo in natura são qualificados, principalmente, pelas características sensoriais. Sendo as principais características sensoriais de qualidade a aparência (tamanho, forma e cor), ausência de defeitos, textura, sabor e odor e valor nutritivo (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

A avaliação sensorial baseia-se em técnicas que são fundamentais na percepção psicológica e fisiológica (DUTCOSKY, 1996). Uma vez que o instrumento de avaliação utilizado para evocar, medir, analisar e interpretar sensações é o homem (QUEIROZ e TREPTOW, 2006). São utilizados os sentidos humanos, como tato, olfato, paladar e visão, para medir as propriedades dos alimentos. A avaliação pode ser realizada através de testes informais da qualidade, painéis de analistas treinados ou por testes especiais pelos consumidores (SISTRUNK, 1985).

A qualidade “ótima” de frutos e hortaliças pode ser considerada quando se atinge um determinado grau de desenvolvimento e/ou amadurecimento do produto, em que a combinação de características físicas, químicas e sensoriais tem o máximo de aceitação pelo consumidor (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

2.1.8 Perdas pós-colheita

As perdas após a colheita ocorrem devido à falta de comercialização ou do consumo do produto em tempo hábil. É resultante de danos ao produto vegetal, ocorridos após a sua colheita, acumulada desde o local de produção, somando-se

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aos danos ocorridos durante o transporte, armazenamento, processamento e/ou comercialização do produto (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

As perdas pós-colheita de frutos e hortaliças podem ser devidas: a inabilidade do homem em observar ou aferir a necessidade de cuidados com o produto no momento da colheita, ocasionando cortes, batidas e/ou quedas dos produtos; manuseio inadequado na pós-colheita, danificando o produto desde operações como transporte, classificação, embalagem, armazenamento, até ao mercado atacadista ou varejista; manuseio inadequado nos mercados, pela falta de cuidado no armazenamento e manipulação do produto (BLEINROTH, 1977). Portanto, as causas das perdas estão associadas a uma colheita inadequada, bem como às condições de transporte, armazenamento e manipulação até o produto ser consumido (CORTEZ et al., 2002).

2.1.8.1 Colheita e locais de embalagem

A colheita quando adequadamente realizada, com colhedores treinados, utensílios e embalagens higienizados, pode reduzir consideravelmente as perdas pós-colheita de frutos e hortaliças. Os danos causados aos frutos, decorrentes de uma colheita mal sucedida, afetam não somente a aparência dos mesmos, mas induzem o ataque de microrganismos e modificam a textura e o valor nutritivo dos produtos (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

Nos locais de embalagem, quando não são realizadas uma seleção e classificação adequadas, é comum a presença de problemas como presença de frutos contaminados que infectam frutos sadios no manuseio subseqüente e decepção do consumidor com a presença de frutos com boa qualidade no topo da embalagem e frutos menores e de qualidade ruim na base da embalagem. As perdas de produtos para mercados locais são consideráveis devido ao uso de embalagens impróprias, acondicionamento e manuseio grosseiro, veículos super-carregados e estradas deficientes. A capacidade das embalagens, em geral, é excedida devido à prática costumeira de cobrança da carga em função do peso total ou pelo número total de volumes transportados (DAY, 1994).

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2.1.8.2 Transporte

Além dos traumas causados pela colheita, o transporte é possivelmente a principal causa dos danos mecânicos, cuja intensidade varia em função da distância a ser percorrida e o tipo de produto transportado. As perdas durante o trânsito de frutos e hortaliças podem ser devido as seguintes causas: embalagens impróprias aos produtos; supercarregamento de frutos e hortaliças misturados na mesma carga; condução do veículo de forma irresponsável; estradas danificadas; ausência de refrigeração ou de isolantes nos veículos e; retardo na coleta do produto após a colheita ou nos centros de distribuição (BURDON, 1997; HUI et al., 2002).

2.1.8.3 Armazenamento

A qualidade e a conservação de frutos e hortaliças são influenciadas por fatores como temperatura, umidade e composição da atmosfera que os circundam e pelo nível de danos causados antes, durante e depois da colheita e o tipo e o grau de infecção por microrganismos. Portanto, durante o armazenamento desses produtos, perdas consideráveis podem ser causadas por: perda de umidade dos frutos; microrganismos e insetos; desordens fisiológicas e; grau de maturação avançado no produto armazenado (THOMPSON, 1998).

2.1.8.4 Comercialização

As centrais de distribuição de frutos e hortaliças, em geral, são locais muito freqüentados com ausência ou condições impróprias de sanitização e ausência de condições apropriadas para exposição, armazenamento, amadurecimento, carregamento ou descarregamento dos produtos. Nessa etapa, as perdas são numerosas e citam-se como as mais importantes: a compra de volume superestimado de frutos e hortaliças com baixo custo, mas altamente perecíveis, resultando em perda por condições inadequadas de armazenamento e; a taxa de frete ou pagamento aos carregadores, geralmente, é dependente do numero de contêineres que os mesmos podem carregar de um local para o outro, sendo assim, para proporcionar um número maior de viagens, são desrespeitadas as condições adequadas de manuseio do produto. A manipulação indevida na fase de

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comercialização a granel, pela excessiva manipulação do produto pelo consumidor, reduzindo a qualidade do produto oferecido, sendo os danos acumulativos ao longo do período de oferta, também, é um dos agravantes das perdas de frutos e hortaliças (CORTEZ et al., 2002).

2.1.8.5 Infecções causadas por microrganismos

As causas mais severas de perdas pós-colheita em frutos e hortaliças são, provavelmente, as infecções por microrganismos, como fungos, bactérias e, em menor proporção, os vírus. Essas perdas são favorecidas por danos físicos e fisiológicos causados desde a colheita até a comercialização, predispondo o produto ao ataque de patógenos (SNOWDON, 1990).

As doenças pós-colheita são as principais responsáveis por perdas significativas de frutos e hortaliças durante a etapa de comercialização. Reduzem não apenas o volume comercializado, mas também a qualidade dos produtos no mercado (WILSON et al., 1994). O ataque de microrganismos ocasiona redução da qualidade e da vida de prateleira dos frutos e hortaliças, resultando em defeitos ou doenças superficiais ou com destruição dos tecidos, tornando o produto menos atrativo ou não comercializável. Esses danos são particularmente indesejáveis em frutos destinados ao consumo in natura, no qual, se enfatiza, especialmente, a qualidade visual do produto (CHITARRA e CHITARRA, 2005).

Apesar da carência de dados de perdas causadas pelas doenças pós-colheita, as poucas estimativas existentes relatam que a magnitude dessas perdas é bem variável, oscilando de 10% (ALVAREZ, 1987) a 50% (BENATO, 1999), em função do produto, da região produtora e da tecnologia empregada na produção. Em algumas situações, podem ocorrer perdas totais quando um ou poucos patógenos invadem e colonizam os tecidos vegetais (WILLS et al., 1998).

Os fungos e bactérias são os principais microrganismos causadores de doenças pós-colheita de frutos (BENATO, 2003). De modo geral, as principais perdas são causadas por fungos tais como Monilinia, Botrytis, Alternaria, Rhizopus e bactérias, principalmente, Pseudomonas (SALUNKHE et al., 1984). A podridão parda causada pelo fungo Monilinia fructicola é a principal doença causadora de podridões pré e pós-colheita em pêssegos e outros frutos de caroço, causando elevadas perdas (até 100%), caso não sejam realizadas medidas de controle

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(KLUGE et al., 2002). As podridões pós-colheita em pêssegos são as principais responsáveis pelo curto tempo de armazenamento, transporte e comercialização desses frutos.

2.1.9 Podridões pós-colheita de frutos / podridão parda (Monilinia fructicola (Wint.) Honey)

Doenças pós-colheita, definidas como causadoras de podridões cujos sintomas se manifestam após a colheita do produto, podem ser ocasionadas por patógenos que infectam o fruto ainda verde, mantendo-se quiescentes até a maturação, e por patógenos que infectam o fruto maduro, usualmente através de lesões (AMORIM e MARTINS, 2006) e ou pela epiderme intacta do fruto (BENATO, 2003). Independente do tipo de infecção, os sintomas surgem após a colheita do produto (AMORIM e MARTINS, 2006). Os frutos contêm excelentes substratos para o desenvolvimento de patógenos, como açúcares, ácidos, vitaminas e água e, à medida que amadurecem, sofrem uma série de modificações em sua estrutura, explicando a maior sensibilidade aos processos patológicos que originam as podridões pós-colheita (KLUGE et al, 2002).

Nas podridões de frutos que ocorrem em pós-colheita, devem ser considerados os seguintes aspectos epidemiológicos: fontes de inóculo; modo de disseminação do inóculo; vias de penetração do agente patogênico no hospedeiro; densidade do inóculo e; influência das condições ambientais na infecção (PALAZÓN, 2000; OLIVEIRA et al., 2006).

As principais fontes de inóculo de podridões são frutos apodrecidos com lesões esporulantes e colonizações fúngicas em paletes, caixas de colheita e tetos e paredes da câmara fria e da casa de embalagem (MICHEREFF, et al., 2004). Os microrganismos, em geral, produzem grande quantidade de inóculo, e plantas doentes, resto de culturas, solo ou utensílios agrícolas podem servir de fonte desses inóculos (BENATO, 1999).

A disseminação dá-se por intermédio dos agentes tais como vento, água, insetos, homens, equipamentos, caixas, entre outros (BENATO, 1999). Segundo Agrios (1997), as infecções podem ser causadas por picadas de insetos que originam lesões nos frutos. Frutos e hortaliças permanecem em contato com o patógeno durante o período de embalagem, armazenamento e comercialização.

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Esses patógenos, além de se adaptarem muito bem às condições de armazenamento, disseminam-se facilmente entre os frutos, através do contato, produzindo grande quantidade de esporos que também se disseminam com extrema facilidade pelo ar e encontram, nos frutos e hortaliças, um substrato para o seu desenvolvimento, motivo pelo qual existe uma forte relação entre as podridões dos frutos armazenados nas câmaras ou em casas de embalagem e os níveis populacionais dos fungos encontrados no ar (BARKAI-GOLAN, 2001).

Quanto às vias de penetração do agente patogênico, a grande maioria das espécies fúngicas envolvidas nas podridões pós-colheita necessitam de lesões nos frutos para iniciar a infecção (MICHEREFF et al., 2006). Danos muitas vezes microscópicos são suficientes para permitir a entrada, no tecido, de patógenos presentes na própria casa de embalagem. Além disso, o corte realizado durante a colheita, ou em alguma etapa dos procedimentos pós-colheita, atua como porta de entrada para microrganismos (LIMA et al., 2006). A infecção pós-colheita pode ocorrer também através da penetração direta na epiderme por fungos como

Monilinia (BENATO, 2003) e Sclerotinia e Colletotrichum (WILLS et al., 1998). Essas

possibilidades reforçam a necessidade de manuseio adequado e uso de recipientes, equipamentos, instrumentos e demais superfícies de contato que não danifiquem os tecidos durante os procedimentos realizados na casa de embalagem (LIMA et al., 2006).

Em geral, os frutos apodrecidos apresentam-se sadios no início da infecção. Apenas durante o transporte e a comercialização, a doença se expressa. Os sintomas são visíveis na epiderme, que se torna aquosa e mole (LIMA et al., 2006).

A densidade do inóculo está associada ao tipo de fruto e à presença de lesões (OLIVEIRA et al., 2006). Uma mesma concentração de esporos de Monilina

fructicola (Wint.) Honey inoculada em nectarina, pêssego e ameixa causou diversos

efeitos, dependendo da ausência ou da presença de lesões nos frutos. Em ameixas, a podridão parda somente manifestou-se em frutos com lesões, enquanto que, em pêssegos e nectarinas, o processo infeccioso ocorreu em frutos, mesmo sem lesões (HONG et al., 1998).

As condições ambientais na pré-colheita, tais como temperaturas e umidade relativa elevadas no pomar, favorecem a esporulação dos fungos e a possibilidade de contaminação dos frutos por esses patógenos. Sendo assim, o clima nas semanas que antecedem a colheita pode propiciar a formação de um elevado

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número de esporos fúngicos sobre os frutos (MICHEREFF et al., 2006). Podridões pós-colheita são favorecidas, principalmente, por altas temperaturas (20 a 25°C) e umidade relativa (em torno de 90%) (OLIVEIRA et al., 2006).

As doenças pós-colheita de frutos e hortaliças é o principal fator limitante do armazenamento e comercialização. A resistência natural dos frutos a doenças diminui com o amadurecimento e o tempo de conservação. Assim, até mesmo os patógenos que não requerem uma lesão para infectar o fruto, podem se tornar um problema ao produto armazenado por longo período (SCHOEDER, 2003).

As estratégias de controle de doenças pós-colheita em frutos compreendem a redução do potencial de inóculo pela eliminação de restos de cultura; o manejo e tratamento fitossanitário adequados em pré-colheita; a sanitização de caixas, equipamentos, águas de lavagem de frutos e câmaras de armazenamento; a seleção rigorosa dos frutos, evitando danos mecânicos; a supressão do desenvolvimento de podridões; a inativação de infecções por lesões e; a prevenção e erradicação de doenças (ECKERT 1985).

A higiene no campo é importante na redução de infecções e infestações que podem surgir durante o armazenamento e comercialização. Ramos com florações infectadas ou com cancros devem ser removidos o mais cedo possível a fim de reduzir o inóculo possível de ser obtido por infecções posteriores dos frutos e na época de produção. O controle de insetos também ajuda na prevenção da doença (AGRIOS, 1997).

A podridão parda, causada por Monilinia fructicola (Wint.) Honey é uma doença de grande importância econômica para a cultura do pessegueiro e outras rosáceas, sendo responsável pela destruição de quantidade considerável de frutos maduros, tanto na planta, como também, na comercialização do produto (CARVALHO, 1980). Segundo Agrios (1997), em infecções severas, 50 a 75% dos frutos podem apodrecer no pomar e o restante pode ser infectado antes de chegar ao mercado. No Rio Grande do Sul, a doença já foi responsável por perdas de até 25% de pêssegos destinados à industrialização (ANDRADE, 1995).

A podridão parda é resultado da sobrevivência do patógeno no inverno, época de repouso vegetativo das plantas. A doença tem como inóculo primário, os conídios formados em cancros de ramos e em frutos mumificados pelo fungo, presos na planta ou caídos no solo, que servem de fontes de inóculo na primavera e no verão (AGRIOS, 1997). No pomar, a M. fructicola, perpetua-se em cancros, nos

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ramos e em frutos mumificados que permanecem nas plantas ou no solo. A disseminação do patógeno a partir dessas fontes de inóculo ocorre por respingos de água, vento e insetos (KLUGE et al., 2002).

Na planta, além dos frutos, a podridão parda infecta ramos e flores. No início da floração, infecta os botões florais, que se tornam pardos e murcham (OGAWA, 1960) e quando não controlada, a doença avança pelo pedúnculo até o ramo, causando a morte da planta (FORTES E MARTINS, 1998). A infecção dá-se basicamente pelos órgãos florais, podendo permanecer no fruto de forma latente, manifestando os sintomas somente quando as condições tornarem-se favoráveis (MARTINS E AMORIN, 2005). As infecções em frutos imaturos, resultantes da penetração do fungo por estômatos ou diretamente pela cutícula, permanecem latentes, sendo que o patógeno se torna ativo somente com o amadurecimento dos frutos. Nas infecções em frutos maduros que também podem ocorrer via estômatos ou cutícula, normalmente, o fungo penetra através de lesões causadas em pré-colheita, por insetos ou clima adverso, como ocorrência de granizos, ou através de injúrias causadas durante a colheita e manuseio dos frutos (MARTINS e AMORIM, 2005).

O sintoma é, inicialmente, uma pequena mancha encharcada circular, de coloração parda, na superfície dos frutos. Rapidamente, aumenta de tamanho, tornando-se, sob alta umidade, recoberta de esporos do fungo, de cor cinza. Em poucos dias, o fruto apodrece completamente (MARTINS e AMORIM, 2005).

A doença evolui durante o armazenamento e se dissemina por contato de frutos infectados e sadios. Os danos causados por insetos, principalmente a mosca das frutas (Anastrepha fraterculus), constituem uma das principais vias de penetração de M. fructicola (KLUGE et al., 2002).

a) Mecanismos de infecção

O processo infeccioso inicia-se com a germinação do esporo sob condições climáticas favoráveis, envolvendo temperatura, umidade relativa, nível adequado de pH, presença de nutrientes e oxigênio, entre outros (ROMEIRO, 1995; AGRIOS, 2005).

O conhecimento de como ocorre a penetração dos patógenos pode fornecer subsídios para realizar um controle adequado. A disseminação do inóculo dá-se por

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intermédio dos agentes de dispersão como ar, água, insetos, homens, equipamentos, caixas, etc. Os patógenos penetram nos frutos por três vias principais: ferimentos, aberturas naturais ou diretamente pela superfície intacta. Ferimentos e aberturas naturais são os principais meios de penetração de bactérias, vírus e fungos. Alguns fungos iniciam o processo de infecção durante a florada, manifestando sintomas apenas com o amadurecimento dos frutos, como é o caso de

Monilinia fructicola, Botrytis cinerea, Colleotrichum gloeosporioides. Entretanto, estes

patógenos também são capazes de penetrar pela superfície intacta dos frutos. Os fungos fixam-se firmemente à superfície do hospedeiro, através do apressório, e lançam em seu interior uma pequena hifa. A infecção por contato, na qual o micélio em crescimento num fruto penetra em outro fruto próximo, é outra forma de desenvolvimento de alguns patógenos na pós-colheita (BENATO, 2003).

Na primavera, o micélio em frutos mumificados na planta produz novos conídios, o qual forma asco e ascósporos. Ambos, conídios e ascósporos são levados pelo vento ou podem ser transportados para os botões florais pelos respingos da água da chuva ou pelos insetos. Os ascósporos são eficazmente expelidos pelos ascos, formando uma nuvem branca sobre o apotécio. Após, o vento transporta os ascósporos para as flores. A temperatura e a umidade representam papel crítico no número de flores a ser infectada. Os conídios e os ascósporos germinados podem causar infecção em poucas horas. O micélio, especialmente, quando há alta umidade do ar, produz numerosos conídios sobre os botões florais murchos e podres, do qual novas massas de conídios são expelidas. Enquanto isto, o micélio progride rapidamente para dentro dos ostíolos na floração, nos frutos e nos ramos. Os fungos invadem os frutos rapidamente enquanto este também produz conídios na área apodrecida. O novo conídio pode ser transportado e infectar outros frutos. O fruto pode apodrecer completamente em poucos dias, podendo ficar retido na planta ou cair no solo. Os frutos que caem no solo logo após a infecção, desintegram-se sob a ação de fungos e bactérias e os frutos retidos na planta tornam-se mumificados. Os frutos mumificados caídos no solo não são afetados pelos microrganismos do solo e podem persistir por dois anos ou mais. Frutos infectados continuam a apodrecer após a colheita e o micélio pode atacar diretamente frutos sadios em contato com outros infectados no período entre a colheita e a comercialização (AGRIOS, 1997).

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b) Mecanismos de defesa do tecido vegetal e indução de resistência

As plantas desenvolvem mecanismos de defesa que somente são ativados em resposta à infecção por patógenos ou a tratamentos com determinados compostos químicos, naturais ou sintéticos, agentes biológicos e físicos, denominados elicitores ou indutores. A resistência induzida pode ocorrer nos tecidos próximos à infecção do patógeno ou por tratamento com indutor, sendo, nesse caso, denominada resistência local induzida (AGRIOS, 2005).

Os mecanismos de defesa podem ser divididos em estruturais e bioquímicos, pré ou pós-formados. Nos frutos, entre os fatores de resistência pré-formados, estão: a espessura e o tipo de cutícula, a quantidade e a continuidade da camada cerosa superficial, presença de pêlos em algumas espécies, paredes celulares espessas e compostos fenólicos (glicosídios, fenólicos, taninos), que podem ter seus níveis elevados pela infecção ou ativados por algum elicitor (BENATO, 2003).

A infecção quiescente ou latente caracteriza-se pela inibição do desenvolvimento do patógeno, por condições fisiológicas impostas pelo hospedeiro, até que algum estádio de maturação tenha sido completado. Portanto, a resistência dos frutos imaturos à colonização pelos patógenos pode estar baseada em alguns dos seguintes mecanismos: compostos tóxicos presentes em frutos imaturos; frutos imaturos constituem-se de substâncias complexas inadequadas à nutrição dos patógenos; enzimas produzidas pelo fungo para degradar as substâncias pécticas da parede celular dos frutos imaturos são inadequadas ou insuficientes e; produção de fitoalexinas por frutos imaturos pós-infecção. O amadurecimento e a senescência dos frutos, geralmente, reduzem as respostas naturais de resistência (BENATO, 2003).

Diversos meios de controle podem atuar diretamente sobre os patógenos, bem como, de modo indireto, atuando sobre a fisiologia do produto, retardando os processos bioquímicos de amadurecimento e senescência, reduzindo a taxa respiratória e a transpiração e, consequentemente, mantendo a resistência natural do fruto ao ataque de microrganismos, além de, em alguns casos, elicitar os mecanismos de resistência (fitoalexinas) (BENATO, 2003).

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2.1.10 Técnicas de controle de podridões em pós-colheita

Para reduzir as perdas pós-colheita de frutos e hortaliças causadas por doenças têm-se utilizado como principal medida de controle, o uso de fungicidas sintéticos convencionais. Entretanto, o seu uso não é aconselhável, principalmente, para frutos de comercialização rápida, devido ao efeito residual destes produtos, uma vez que, a ausência de resíduos é uma imposição de alguns mercados consumidores (AMORIM e MARTINS, 2006).

A partir de 1996, foram cancelados os registros dos seguintes fungicidas convencionais para uso em pós-colheita de frutos de caroço: benomyl (Benlate), thiophanate-methyl (Topsin-M), triforine (Funginex) e iprodione (Rovral). E, em 2000, iniciaram-se os registros de fungicidas considerados de baixo risco ao ambiente e a saúde humana, os quais são: boscalid/pyraclostrobin (Cabriol), fenhexamid (Elevate), fludioxonil (Scholar) e pyrimethanil (Scala ou Penbotec) (ADASKAVEG et al., 2005).

O dicloran é um fungicida convencional com uso permitido na pós-colheita de frutos de caroço. É registrado no Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, regulamentado desde 2002 (ANVISA, 2007).

Devido às restrições do uso de fungicidas sintéticos convencionais, o uso de produtos naturais está sendo estudado como alternativa a esses produtos para o controle de podridões pós-colheita, sem riscos à saúde humana e ao ambiente (MARI, et al., 1999).

Atenção especial tem sido dada aos produtos naturais que promovem a indução de resistência, obtendo-se resultados positivos como elicitores de resistência em produtos vegetais pós-colheita. Esses produtos podem atuar diretamente sobre os patógenos, bem como, de modo indireto, sobre a fisiologia do produto, retardando os processos bioquímicos de amadurecimento e senescência, reduzindo a taxa respiratória e a transpiração e, conseqüentemente, mantendo a resistência do fruto ao ataque de microrganismos, além de, em alguns casos, proporcionar a formação de substâncias de resistência (BENATO, 2003).

As soluções de sanitização podem diminuir a população de microrganismos em equipamentos e instalações para embalagem, armazenamento, na superfície do fruto e na água utilizada na limpeza (ADASKAVEG et al., 2002). Os desinfetantes mais utilizados são a base de cloro, como o hipoclorito de sódio. O peróxido de

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ácido acético (PAA) é um dos mais utilizados na indústria de alimentos, devido à alta eficácia a frio, sem risco de toxicidade, não afeta o gosto e o odor dos alimentos, sendo testado para substituição do cloro nos produtos de consumo in natura (SCHOEDER, 2003). O vinagre e o limão, também, têm ação antimicrobiana em função do alto conteúdo de ácidos orgânicos (NASCIMENTO et al., 2003).

Os produtos que se dissociam em ácido hipocloroso em água como o caso do hipoclorito de sódio (NaOCl) e cálcio (Ca(OCl)2) são utilizados para controlar

podridões pós-colheita em frutos e hortaliças (TERAO et al, 2006). Segundo Valldebenito-Sanhueza (2007), o hipoclorito de sódio é um dos produtos mais utilizados para controle de Penicillium no ar, na água e em maçãs. No entanto, estes produtos podem ter ação corrosiva, perda de cloro por volatilização e fixação com a matéria orgânica, além de baixa atividade em pH superior a 7 (ROBERTS e REYMOND, 1994).

Alternativas aos hipocloritos na redução da germinação de esporos dos principais fungos na pós-colheita de frutos e hortaliças são os cloros inorgânicos utilizados como sanitizantes, como é o caso do dióxido de cloro estabilizado (ClO2) e

do digluconato de clorhexidina. Possuem ampla ação biocida, sendo utilizado como fungicida e bactericida (DU et al., 2003). Atuam por contato direto como desinfetante superficial, não reage com a matéria orgânica, mantendo sua atividade mesmo diante de altas concentrações de matéria orgânica. É um oxidante biologicamente mais eficiente em concentrações relativamente baixas a pH entre 5 e 10 (TERAO et al, 2006).

O digluconato de clorexidina é eficiente no controle de Penicillium nos ambientes onde se manuseia a maçã, sendo recomendado para desinfestação de câmara fria para controle do patógeno (GIRARDI et al., 2002). O uso deste grupo é recomendado no sistema de Produção Integrada de Maçã (PIM) e consta na grade de produtos aceitos para uso em pós-colheita (VALDEBENITO-SANHUEZA, 2007).

Óleos essenciais e extratos derivados de plantas possuem propriedades fungicidas e inseticidas (WILSON et al., 1997). Os óleos essenciais controlam doenças em plantas devido à ação antifúngica direta ou indireta através de indução de resistência (FIORI et al., 2000). O uso em pós-colheita controla as podridões de frutos e hortaliças armazenados, devido a sua ação antifúngica direta, inibindo o crescimento micelial, a germinação de esporos ou a multiplicação de bactérias e outros fitopatógenos e, indiretamente, induzindo resistência, pois contém moléculas

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bioativas capazes de induzir ou ativar os mecanismos de defesa (TALAMINI e STADNIK, 2004). Segundo Lima et al. (2006), os óleos essenciais podem promover a proteção dos tecidos dos produtos hortícolas em pós-colheita. Entretanto, são necessários mais estudos sobre a ação destes produtos quando utilizados em condições in vivo.

Os óleos essenciais podem ser obtidos de diversas plantas, tais como: melaleuca (Melaleuca alternifolia), arruda (Ruta graveolens), alho (Allium sativum), alecrim (Rosmarinus officinalis), alfavaca-cravo (Ocimum gratissimum), carqueja (Baccharis trimera), capim-limão (Cymbopogon citratus), eucalipto (Eucalyptus

citriodora), erva cidreira brasileira (Lippia alba), gengibre (Zingiber oficinallis), entre

outras.

Tripathi et al. (2004), obtiveram controle pós-colheita de Penicillium italicum em laranjas e limas, utilizando óleos essenciais de Mentha arvensis, Ocimum canum e Zingiber officinale, os quais apresentaram ação antifúngica.

A Melaleuca alternifolia Cheel pertencente a família Myrtaceae é comumente conhecida na Austrália como “tea tree” (“árvore de chá”) (RUSSEL e SOUTHWELL, 2002). Possui comprovada ação antimicrobiana contra bactérias e bolores alteradores e/ou patogênicos (PENFOLD E GRANT, 1925). O óleo essencial das folhas de M. alternifolia é rico em terpinen-4-ol, principal responsável por suas propriedades medicinais, principalmente antifúngicas e antibacterianas (RUSSEL e SOUTHWELL, 2002). A atividade antimicrobiana do terpinen-4-ol é comprovada contra vários microrganismos, sendo que maiores quantidades deste componente estão associadas a melhores atividades antimicrobianas (CARSON e RILEY, 1995). Tem sido utilizado como anti-séptico desde 1920, estando presente em formulações de vários produtos como shampoos, sabonetes, cremes dentais, anti-sépticos bucais, repelentes de insetos, produtos veterinários, germicidas para condicionadores de ar, entre outros (RIEDL, 1997).

O óleo de melaleuca é utilizado, principalmente, para inibir o desenvolvimento de fungos em condições in vitro. Não são comuns, na pesquisa, trabalhos relatando a eficiência, modo de ação e aplicação prática do óleo de melaleuca para controle de podridões pós-colheita em frutos e hortaliças.

Sais de ácidos carbônicos, tais como bicarbonato de sódio e carbonato de sódio, são classificados como ingredientes aprovados em produtos etiquetados “orgânico” como proposto pelo Departamento de Agricultura dos Estados Unidos.

Referências

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