• Nenhum resultado encontrado

Estudo de usuários da informação nas redes sociais na internet: uma etnografia virtual na fanpage do TVU notícias

N/A
N/A
Protected

Academic year: 2021

Share "Estudo de usuários da informação nas redes sociais na internet: uma etnografia virtual na fanpage do TVU notícias"

Copied!
125
0
0

Texto

(1)

UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO GRANDE DO NORTE CENTRO DE CIÊNCIAS SOCIAIS APLICADAS

PROGRAMA DE PÓS-GRADUAÇÃO EM GESTÃO DA INFORMAÇÃO E DO CONHECIMENTO

JAMILLE MICHELE XAVIER NOGUEIRA

ESTUDO DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO NAS REDES SOCIAIS NA INTERNET: UMA ETNOGRAFIA VIRTUAL NA FANPAGE DO TVU NOTÍCIAS

NATAL/RN 2018

(2)

JAMILLE MICHELE XAVIER NOGUEIRA

ESTUDO DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO NAS REDES SOCIAIS NA INTERNET: UMA ETNOGRAFIA VIRTUAL NA FANPAGE DO TVU NOTÍCIAS

Dissertação de mestrado submetida ao Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento da Universidade Federal do Rio Grande do Norte como parte dos requisitos necessários para obtenção do título de Mestre em Gestão da Informação e do Conhecimento. Área de Concentração: Informação na Sociedade Contemporânea

Linha de Pesquisa: Gestão da Informação e do Conhecimento.

Orientadora: Profa. Dra. Kênia Beatriz Ferreira Maia

NATAL/RN 2018

(3)

Universidade Federal do Rio Grande do Norte - UFRN Sistema de Bibliotecas - SISBI

Catalogação de Publicação na Fonte. UFRN - Biblioteca Setorial do Centro Ciências Sociais Aplicadas - CCSA

Nogueira, Jamille Michele Xavier.

Estudo de usuários da informação nas redes sociais na internet: uma etnografia virtual na fanpage do TVU notícias / Jamille Michele Xavier Nogueira. - 2019.

124f.: il.

Dissertação (Mestrado em Gestão da Informação e do

Conhecimento) - Universidade Federal do Rio Grande do Norte, Centro do Ciência Sociais Aplicadas, Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento. Natal, RN, 2019.

Orientador: Profª. Dra. Kênia Beatriz Ferreira Maia.

1. Gestão da informação e do conhecimento - Dissertação. 2. Estudo de usuários - Dissertação. 3. Usuários da informação - Dissertação. 4. Redes sociais - Internet - Dissertação. 5.

Comportamento informacional - Dissertação. I. Maia, Kênia Beatriz Ferreira. II. Título.

RN/UF/CCSA CDU 025.5:004.738.5

(4)

JAMILLE MICHELE XAVIER NOGUEIRA

ESTUDO DE USUÁRIOS DA INFORMAÇÃO NAS REDES SOCIAIS NA INTERNET: UMA ETNOGRAFIA VIRTUAL NA FANPAGE DO TVU NOTÍCIAS

Dissertação apresentada ao Programa de Pós-graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento, como requisito parcial para a obtenção do título de mestre.

BANCA EXAMINADORA

Profa. Dra. Kênia Beatriz Ferreira Maia Orientadora

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

Prof. Dr. Fernanda Ariane Silva Carrera Avaliadora Externa

Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ)

Prof. Dr. Luciana de Albuquerque Moreira Avaliadora Interna

Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN)

NATAL/RN 2018

(5)

A Antonio e Paola. Para que nunca desistam. Resistam, perseverem.

(6)

AGRADECIMENTOS

Descobri que estava grávida do meu segundo filho antes do início do segundo semestre de aulas desse mestrado. Minha filha mais nova era apenas um bebê. Essa dissertação nasceu e se desenvolveu em meio a uma gestação, a um puerpério, ao primeiro ano de uma criança e às atribulações da chegada de um irmão mais novo para outra. Concluir a pós-graduação em meio a tantos eventos, e após anos afastada das cadeiras da academia, se fez ainda mais desafiador. Mas eu consegui. E reconheço que, apesar de todo o esforço, eu sou privilegiada. Contei com uma rede de apoio que me acalentou, amparou e me deu a oportunidade de seguir com meus objetivos adiante.

Por isso, agradeço a todos os que se fizeram presentes ao longo desses últimos dois anos.

Agradeço especialmente ao meu marido, Tarso, parceiro de vida, pai amoroso que, mesmo também concluindo seu mestrado, esteve sempre ao meu lado, dividindo as madrugadas insones para cuidar do bebê e se esforçando para amenizar a minha ausência junto às crianças.

Aos meus pais, Manoel e Julieta, sempre tão disponíveis.

À minha turma do Programa de Pós-Graduação em Gestão da Informação e do Conhecimento (PPGIC), pelo aprendizado conjunto, pelos conselhos, orientações e risadas. Vocês foram essenciais nessa jornada. Niomar, amiga, obrigada por me escutar, por me fazer sorrir e tornar as coisas mais leves.

A todos os professores do PPGIC pelos conhecimentos compartilhados. À professora Kênia Maia, pela orientação.

Às professoras Fernanda Carrera e Luciana Moreira, pela atenção ao convite para compor a banca examinadora e compreensão quanto às limitações dos meus prazos.

À Universidade Federal do Rio Grande do Norte, que tem sido meu abrigo há 15 anos, desde a graduação no curso de Jornalismo e onde hoje atuo como servidora, pela oportunidade de retornar aos estudos e crescer pessoal e profissionalmente.

(7)

Aos meus colegas da Redação de Jornalismo da TVU, especialmente Iano, Jadir e Laiza, pela compreensão e apoio, mesmo com tanta ausência da minha parte.

Shirley, Laiza, não tenho como agradecer tanta boa vontade na reta final deste trabalho. Que a vida seja sempre gentil com vocês.

Tom, meu menino, obrigada por tornar esse caminho mais divertido e colorido. Você foi meu balizador. Cada gracinha, cada nova descoberta sua era um novo fôlego, novo ânimo para continuar a caminhada. Você e sua irmã são minha maior motivação para buscar ser sempre melhor.

À Paola. Filha, desde tão pequena você me ensina tanto. Tão paciente, tão compreensiva. Obrigada por entender, de forma tão amável, todas as vezes em que a mamãe não podia brincar porque tinha que estudar, além de ter que dividir a atenção com seu irmãozinho. Foi um período difícil, eu sei. Mas nós conseguimos, meu amor. Juntas nós sempre conseguiremos. O esforço compensa, minha menina.

(8)

RESUMO

Essa dissertação tem o objetivo de fazer um estudo de usuários da informação a partir de bases teóricas presentes no conceito do comportamento informacional e de práticas informacionais. Essas duas perspectivas se sustentam, respectivamente, nos paradigmas cognitivo e social da Ciência da Informação. Caracteriza-se como uma pesquisa qualitativa e descritiva, na qual se aplica a técnica da etnografia virtual, amparada pelos instrumentos da observação participante, entrevistas semiestruturadas e levantamento de dados estatísticos. O campo empírico é a fanpage do TVU Notícias no Facebook, considerando que os usuários da informação se fazem cada vez mais presentes nesses ambientes não-físicos. Dessa forma, teve-se como objetivo analisar os aspectos relacionados ao comportamento informacional, além de evidenciar elementos das ações dos usuários da informação que condizem com a abordagem socioconstrutivista, emergente como terceiro paradigma dos estudos de usuários no campo da Ciência da Informação. Os resultados da investigação foram analisados a partir da análise categorial de conteúdo, conforme Bardin. Foram elencadas quatro categorias finais, condizentes com elementos do comportamento e das práticas informacionais: reconhecimento da necessidade de informação, busca da informação, uso da informação, além da interação dos usuários. Como resultados têm-se que os usuários utilizam a fanpage como fonte de informação, o que é proporcionado especialmente pela característica da convergência na rede social na internet. A relação dos sujeitos com a informação não ocorre sempre devido a uma necessidade explícita ou um estado anômalo de conhecimento. Em muitos casos, não há um problema a se resolver. Consequementemente, o usuário não faz uma busca efetiva de informação para solucionar um problema específico. Entende-se que o ambiente estudado se faz interativo e o sujeito pode se deparar casualmente com a informação ou buscá-la por simples prazer ou curiosidade. Além disso, foi evidenciado o elemento sociabilidade como fundamental nessa relação usuário-informação e na construção do conhecimento. Por fim, esboçou-se algumas recomendações de aplicabilidade das constatações para melhorias e adequações na fanpage do TVU Notícias.

Palavras-chave: Usuários da informação. Redes sociais na internet.

(9)

ABSTRACT

The research deals with a study of information users from the theoretical bases present in the concept of informational behavior and informational practices. These two perspectives are based, respectively, on the cognitive and social paradigm of Information Science. It is characterized as a qualitative and descriptive research, applied through the technique of virtual ethnography, supported by the instruments of participant observation, semi-structured interviews and statistical data collection. The empirical field is the fanpage of TVU Notícias on Facebook, considering that information users are becoming more and more present in these non-physical environments. In this way, the objective was to analyze aspects related to informational behavior, as well as evidence elements of the actions of information users that match the socioconstructivist approach, emerging as the third paradigm of user studies in the field of Information Science. The results of the investigation were analyzed from the categorial content analysis, according to Bardin. Four final categories were listed, consistent with elements of behavior and information practices: recognition of the need for information, search, use of information, and user interaction. As a result, users use fanpage as a source of information, which is especially provided by the convergence characteristic of the social network on the internet. The relationship of subjects with information does not always occur due to an explicit need or an anomalous state of knowledge. There is not always a problem to be solved that demands the user's effective search for information to solve it. It is understood that the studied environment becomes interactive and the subject may come across casually with the information or seek it for simple pleasure or curiosity. In addition, the sociability element was evidenced as fundamental in this relation between user-information and the construction of knowledge. Finally, some recommendations for the applicability of the findings for improvements and adaptations in TVU Notícias fanpage were outlined.

Keywords: Information Users. Social networking on the internet. Informational

(10)

LISTA DE QUADROS

QUADRO 1-ALGUMAS DEFINIÇÕES DE ESTUDOS DE USUÁRIOS ... 25 QUADRO 2-MUDANÇAS NO PANORAMA DE ESTUDOS DE USUÁRIOS ... 29 QUADRO 3- RECOMENDAÇÕES DE ACORDO COM OS ELEMENTOS DE COMPORTAMENTO E PRÁTICAS INFORMACIONAIS ANALISADOS ... 106

(11)

LISTA DE FIGURAS

FIGURA 1-MODELO DO ESTADO ANÔMALO DO CONHECIMENTO ... 33

FIGURA 2-MODELO DO COMPORTAMENTO INFORMACIONAL DE WILSON (1981) ... 35

FIGURA 3-MODELO GERAL DO COMPORTAMENTO INFORMACIONAL REVISADO DE WILSON (1996) ... 36

FIGURA 4-MODELO GERAL DO COMPORTAMENTO DE PROCURA POR INFORMAÇÃO DE WILSON REVISADO ... 37

FIGURA 5-METÁFORA DA CONSTRUÇÃO DO CONHECIMENTO DE DERVIN ... 38

FIGURA 6-MODELO DE COMPORTAMENTO DE BUSCA DE INFORMAÇÃO PROPOSTO POR ELLIS... 40

FIGURA 7-MODELO DO PROCESSO DE BUSCA DE INFORMAÇÃO (INFORMATION SEARCH PROCESS – ISP) DE CAROL KUHLTHAU ... 41

FIGURA 8-MODELO BIDIMENSIONAL DE PRÁTICAS INFORMACIONAIS DE MCKENZIE... 46

FIGURA 9-MODELO ELIS ... 42

FIGURA 10-FANPAGE DO JORNAL NACIONAL ... 59

FIGURA 11-PÁGINA INICIAL DE ACESSO AO FACEBOOK ... 60

FIGURA 12–FANPAGE TVU NOTÍCIAS NO FACEBOOK ... 66

FIGURA 13-CAPTURA DE TELA DE COMENTÁRIO EM PUBLICAÇÃO NA FANPAGE DO TVU NOTÍCIAS ... 76

FIGURA 14- CAPTURA DE TELA DE NOTIFICAÇÃO RECEBIDA NO SMARTPHONE SOBRE MOVIMENTAÇÃO NA PÁGINA DO TVU NOTÍCIAS NO FACEBOOK... 77

FIGURA 15-GIF PUBLICADO NA FANPAGE DO TVUNOTÍCIAS NO MÊS DE FEVEREIRO ... 79

FIGURA 16-CAPTURA DE TELA DE PUBLICAÇÃO DE REPORTAGEM COM POLÊMICA SOBRE PROFESSOR DA UFRN E COMENTÁRIOS DOS USUÁRIOS ... 80

FIGURA 17- USUÁRIOS FAZEM "VOMITAÇO EM PUBLICAÇÃO SOBRE A VISITA DE JAIR BOLSONARO A NATAL ... 79

FIGURA 18-DADOS DEMOGRÁFICOS AGREGADOS DE PESSOAS QUE CURTIRAM A FANPAGE DO TVUNOTÍCIAS COM BASE NAS INFORMAÇÕES DE IDADE E GÊNERO DISPONÍVEIS EM SEUS PERFIS DE USUÁRIO... 85

FIGURA 19-DADOS DEMOGRÁFICOS DOS SEGUIDORES DA FANPAGE DO TVUNOTÍCIAS ... 85

(12)

FIGURA 20-HORÁRIOS DE MAIOR ALCANCE DAS PUBLICAÇÕES ... 86 FIGURA 21-NÚMEROS DE COMENTÁRIOS NAS PUBLICAÇÕES ORIGINAIS NA FANPAGE E NAS COMPARTILHADAS PELOS USUÁRIOS ... 83

(13)

LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS

AGECOM Agência de Comunicação da UFRN

ARIST Annual Review of Information Science and Technology CI Ciência da Informação

CMC Comunicação Mediada por Computador ELIS Everyday Life Information Seeking

ENANCIB Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação ISIC Information Seeking in Context

ISP Information Search Process

SACI Satélite Avançado de Comunicações Interdisciplinares SRS Sites de Redes Sociais

TI Tecnologia da Informação

TIC Tecnologia da Informação e Comunicação TVU Televisão Universitária do Rio Grande do Norte UFRN Universidade Federal do Rio Grande do Norte

(14)

SUMÁRIO 1 INTRODUÇÃO ... 15 1.1 Objetivos ... 19 1.2 Justificativa ... 19 1.3 Organização do trabalho ... 22 2 ESTUDOS DE USUÁRIOS ... 24 2.1 Abordagem tradicional ... 26 2.2 Abordagem alternativa ... 27

2.2.1 Modelos de comportamento informacional ... 32

2.3 Práticas informacionais como estudo de usuários ... 41

2.3.1 O paradigma social e a abordagem interacionista ... 44

3 REDES SOCIAIS E NOVAS FORMAS DE RELAÇÃO COM A INFORMAÇÃO 49 3.1 As redes sociais na internet ... 51

3.1.1 Interação, interatividade e convergência ... 53

3.2 Facebook: além da produção e do consumo de informações ... 59

4 PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ... 63

4.1 Caracterização da pesquisa ... 63

4.2 Locus da pesquisa ... 64

4.2.1 TVU Notícias ... 64

4.2.2 Fanpage do TVU Notícias ... 65

4.3 Procedimentos de coleta... 67

4.3.1 Etnografia Virtual ... 67

4.4 Procedimento de análise ... 71

4.4.1 Análise de conteúdo ... 71

5 ETNOGRAFIA NA PRÁTICA ... 73

5.1 A coleta de dados na etnografia ... 75

5.2 O que se observou ... 78

5.3 Levantamento de dados estatísticos ... 84

5.4 A entrevista ... 88

6 ANÁLISE E DISCUSSÃO DOS RESULTADOS ... 91

7 RECOMENDAÇÕES ...104

8 CONSIDERAÇÕES FINAIS ...108

(15)
(16)

1 INTRODUÇÃO

O estudo de usuários da informação tem grande tradição, com as primeiras pesquisas iniciadas ainda na década de 1930. Nascidos de uma necessidade prática - a investigação de uso de bibliotecas - os estudos de usuários evoluíram e, ao longo do desenvolvimento científico, passaram a se relacionar com várias áreas do saber, além da Biblioteconomia, como a Comunicação, Psicologia, Administração, Educação, Linguística, Informática, Estatística, Sociologia e Antropologia.

O termo “usuário” talvez seja um dos mais conhecidos e disseminados nos estudos teóricos e práticos das áreas de Biblioteconomia e Ciência da Informação (CI), e refere-se tanto aos sujeitos utilizadores dos serviços e produtos oferecidos pelas unidades de informação, quanto aos sujeitos que, independente de frequentarem essas unidades, acessam e usam a informação em seus diferentes suportes e nos mais diferentes canais (CORRÊA, 2014).

Atualmente - com a crescente valorização da informação enquanto um ativo nas organizações - tem-se reconhecido cada vez mais os estudos de usuários da informação, uma vez que se constituem em uma importante ferramenta de gestão, já que permitem identificar prioridades e parâmetros para decidir onde e como aplicar esforços para o aprimoramento dos fluxos de informação. Na área científica, esses estudos têm diversos conceitos. Dessa forma, como aqui não se busca analisar somente questões objetivas, atemo-nos ao proposto por Sueli Amaral (2014), que entende como um campo interdisciplinar que,

A partir da aplicação de diferentes métodos e técnicas de pesquisa, possibilita a análise dos fenômenos sociais e humanos relacionados com os diversos aspectos e características da relação do usuário com a informação em suas ações, comportamentos e práticas informativas (AMARAL, 2014, p. 36).

No campo da Ciência da Informação, o estudo de usuários tem grande tradição e diferentes abordagens. Originalmente, tem-se a abordagem tradicional, mais voltada ao uso da informação, com visão mais funcionalista. Em seguida, os estudos voltaram-se aos usuários, sendo denominados de abordagem alternativa ou estudo do comportamento informacional. Mais recentemente e ainda em consolidação, o estudo das práticas informacionais suscita os aspectos sociais dos

(17)

sujeitos em relação à informação, evidenciando, especialmente, a construção social do conhecimento e elementos como a interação e a sociabilidade.

Atualmente, com a evolução das tecnologias, como a internet - e a convergência com outros aparatos - modificou-se a forma como os indivíduos se relacionam com a informação. Portanto, é imprescindível considerar os diversos ambientes onde está a informação e seus usuários - inclusive os não-físicos, como o ciberespaço, que é um “novo meio de comunicação que surge da interconexão mundial de computadores” (LÉVY, 2003, p. 17).

Entre as alterações fundamentais da sociedade contemporânea temos os novos processos de produção, disseminação e consumo de informação, além das novas possibilidades de sociabilização. As ferramentas de comunicação mediada por computador (CMC) permitem a construção e manutenção de formas sociais que só existem quando os seus membros estão conectados, mesmo que não estejam simultaneamente online, conforme explica Recuero (2009, p.24):

Essas ferramentas proporcionaram, assim, que atores pudessem construir-se, interagir e comunicar com outros atores, deixando, na rede de computadores, rastros que permitem o reconhecimento dos padrões de suas conexões e a visualização de suas redes sociais através desses rastros.

Na internet, as redes sociais são metáforas para as relações que ocorrem através da mediação do computador. Nesse conceito, as redes sociais na internet podem ser entendidas como a manifestação das relações sociais e suas conexões ali expressas, incluindo as ações diretamente ligadas à informação.

Atualmente, a internet dispõe de diversas mídias e redes sociais para os mais distintos públicos e com as mais diversas finalidades. Entre eles, destaca-se a rede com o maior número de participantes do mundo, o Facebook, que contabilizava, nos primeiros meses de 2018, mais de dois bilhões de usuários.

As redes sociais online alteram também as narrativas dos meios tradicionais de comunicação. Possibilitadas pela convergência e visando a interação e interatividade, hoje é quase uma regra que os veículos de comunicação tradicionais façam uso das mídias e redes sociais online para se manterem mais próximos do seu público. É o caso das fanpages no Facebook, que se configuram como uma opção para que os espectadores tenham acesso ao conteúdo produzido para o meio

(18)

tradicional e possam também interagir entre si e com o próprio meio de comunicação.

Dentro desse contexto, temos a TV Universitária da Universidade Federal do Rio Grande do Norte (TVU), que integra, desde 1999, a estrutura da Superintendência de Comunicação da UFRN, unidade suplementar da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Com a criação da Empresa Brasil de Comunicação do Governo Federal (EBC), em 2007, a TV Universitária passou a integrar a Rede Nacional de Comunicação Pública (RNCP/TV), formada por emissoras públicas do todo país.

A TVU também se utiliza de um espaço virtual, com uma página no Facebook, onde são postadas as reportagens diárias veiculadas no telejornal TVU Notícias, transmitido em canal aberto para a cidade de Natal e região metropolitana. A fanpage do TVU Notícias reúne mais de nove mil seguidores (como são denominadas as pessoas inscritas na página), que recebem todas as publicações ali postadas e podem, no mesmo ambiente - além de ter acesso à informação - interagir com outros indivíduos ou com o próprio sistema.

À luz da Ciência da Informação, esses indivíduos são compreendidos como usuários da informação, conforme a definição de Pérez Giffoni e Sabelli De Louzão (2010, p.20):

Pessoa relacionada, real ou potencialmente, com o recurso informação; ator social de uma realidade em mudanças e conflitos constantes; indivíduo que, com toda sua subjetividade, capital cultural e visão da realidade, se constrói socialmente no encontro com o outro em relação dialética com o mundo em que está.

A partir do que foi posto, neste trabalho é realizado um estudo de usuários baseado nos conceitos de duas abordagens: comportamento informacional e práticas informacionais. A primeira se baseia no paradigma cognitivo e, a segunda, no paradigma social ou sociocultural da Ciência da Informação, tendo como campo empírico a rede social na internet, no caso, a fanpage do TVU Notícias no Facebook.

Na teoria sobre comportamento informacional compreende-se que o conceito diz respeito a todo comportamento humano relacionado às fontes e canais de informação - incluindo a busca ativa e a passiva de informação, e o uso da informação (WILSON, 2000). Assim, as pesquisas na temática do comportamento informacional (CHOO 2011; WILSON 1981, 2000) apresentam o processo que

(19)

ocorre desde a identificação de uma necessidade informacional até a utilização da informação, que contribui para o desenvolvimento intelectual e suporte informacional destinado a formar um repertório particular.

Já com relação às práticas informacionais, baseadas no terceiro paradigma de estudos de usuários da informação, foca-se especialmente nas ações ordinárias dos usuários, concentrando-se em analisar como as pessoas agem com a informação no cotidiano de suas ações, ou seja, no contexto social e cultural. Considera-se que essa forma de compreensão do indivíduo, e a relação que ele estabelece com a informação e o social/coletivo, contemplam a perspectiva de um indivíduo que não apenas usa, mas também produz e dissemina a informação em um contexto sociocultural (ARAÚJO, 2016).

Dessa forma, neste trabalho são analisadas as questões referentes às necessidades, à busca e ao uso das informações dos usuários da fanpage do TVU Notícias no Facebook, que configuram seu comportamento informacional, conforme a abordagem alternativa, mas também - em face das discussões mais recentes acerca os estudos os usuários - busca-se evidenciar os aspectos das práticas informacionais que são abarcados pela abordagem socioconstrutivista. Para tanto, realiza-se uma etnografia virtual como método, ancorado nas técnicas de observação participante, entrevista semiestruturada e levantamento de dados estatísticos.

Com relação ao campo da pesquisa, nos dias atuais, o conceito de redes sociais ocupa espaço crescente no discurso acadêmico e científico. São diversos os conceitos discutidos, a variar de acordo com as áreas do conhecimento que se deseja discutir. Encontra-se na literatura, por exemplo, a discussão detalhada acerca dos elementos constituintes das redes sociais, suas topologias e dinâmicas.

Como o foco desta pesquisa são os usuários e suas relações com a informação - no contexto das redes sociais na internet e delimitando-se ao campo da CI - discute-se especialmente os aspectos relacionados à interação, discorrendo sobre os conceitos de interatividade e convergência, expondo o local do usuário nesse ambiente e das alterações nas relações com a informação.

A partir desse contexto, a questão que norteia essa pesquisa é “como se dão os aspectos relacionados ao comportamento e demais práticas informacionais dos usuários da informação na fanpage do TVU Notícias no Facebook”?

(20)

1.1 Objetivos

A fim de elucidar a questão da pesquisa, foi traçado como objetivo geral analisar os aspectos relacionados ao comportamento e às práticas informacionais dos usuários da fanpage do TVU Notícias no Facebook. Para tanto, foram definidos os seguintes objetivos específicos:

a) Analisar as necessidades informacionais dos usuários da informação na fanpage do TVU Notícias;

b) Compreender como ocorrem os processos de busca, acesso, uso e compartilhamento da informação neste ambiente;

c) Investigar os aspectos relacionados às interações entre usuários na fanpage do TVU Notícias e dos usuários com a própria página.

d) Evidenciar aspectos das ações dos usuários com relação à informação na fanpage do TVU Notícias que caracterizam suas práticas informacionais de acordo com a abordagem social dos estudos de usuários.

1.2 Justificativa

Como um campo interdisciplinar, os estudos de usuários da informação podem ser considerados como uma importante ferramenta de gestão para as organizações, oferecendo subsídios para o planejamento de ações. Conforme Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 39):

Os estudos de usuários de informação podem ser considerados excelentes instrumentos de planejamento e gestão por contribuírem no planejamento de unidades prestadoras de serviços de informação, à medida que podem ser mais bem conhecidos os diversos aspectos que envolvem tanto a informação quanto a sua disseminação para os usuários que a demandam, além de propiciar condições favoráveis no sentido de obter tendências [...] que facilitarão a tomada de decisões dos gerentes capazes de prover a informação de interesse do usuário.

Ao evidenciarem a importância dos estudos de usuários, Dias e Pires (2004, p. 11) definem como uma “investigação que objetiva identificar e caracterizar os interesses as necessidades e os hábitos de uso da informação de usuários reais e/ ou potenciais de um sistema de informação”.

(21)

Portanto, para a TVU/UFRN, órgão para o qual se destina essa pesquisa, a análise deve ter grande valia. Tendo em conta que a TVU - enquanto veículo de comunicação - trabalha com a própria informação, o estudo dos usuários da informação, que se constituem como seu público, deve gerar subsídios para que o trabalho seja melhor direcionado.

Sendo esta pesquisadora também servidora da instituição - e tendo prévio conhecimento do alvo do estudo - afirma-se que não há, atualmente, nenhuma pesquisa sobre o público do TVU Notícias, nem de perfil ou de audiência. A análise, portanto, deve possibilitar o planejamento, desenvolvimento e prestação de serviços que, de fato, atendam às necessidades desses usuários.

Além disso, a análise do comportamento e das demais práticas informacionais dos usuários na fanpage do TVU Notícias deve servir de embasamento para melhor aproveitamento desses espaços virtuais, a fim de ampliar as possibilidades de disseminação da informação pela TVU.

A escolha do campo de estudo se justifica pela inegável relevância que as redes sociais na internet exercem na sociedade atual e nas relações entre o indivíduo e a informação. Com a disponibilização das tecnologias de informação e comunicação, muitos desses usuários da informação encontram-se no ambiente digital.

Conforme preconiza Castells (2003), a internet vem modificando a forma como as pessoas obtêm informação e como se relacionam no meio em que vivem, pois tornou-se um meio que permite a “comunicação de muitos com muitos” em escala global.

Hine (2000) propõe que a internet pode ser considerada tanto como cultura quanto como artefato cultural, na qual se estuda o contexto cultural dos fenômenos que ocorrem nas comunidades e/ou mundos virtuais, para saber o que as pessoas fazem quando estão online. Nesse ambiente, as redes sociais na internet têm crescido e se sustentado, tornando-se formas cada vez mais sólidas de interação e, porque não dizer, convivência. São espécies de murais nas quais os integrantes mediam, consomem e produzem informação.

Como posto anteriormente, a pesquisa se propõe a fazer um estudo de usuários a partir de bases teóricas presentes no conceito de comportamento informacional e de práticas informacionais. Essas duas perspectivas se sustentam,

(22)

respectivamente, nos paradigmas cognitivo e no social da Ciência da Informação, conforme será discutido no referencial teórico.

O que se ressalta é que, no Brasil, ainda existem poucas pesquisas que utilizam como referencial os fundamentos cognitivos que sustentam a abordagem do comportamento informacional - e, muito menos, as que se realizam a partir da perspectiva socioconstrucionista das práticas informacionais. Essa questão é defendida por Carlos Alberto Ávila (2016, p.63), ao justificar a escassez de estudos na área:

As discussões ocorridas em diversos fóruns de pesquisa (como o ENANCIB, Encontro Nacional de Pesquisa em Ciência da Informação, entre outros) têm mostrado que existe uma grande dificuldade por parte de estudantes e profissionais em “compreender” os conceitos e as categorias de análise tanto da abordagem cognitiva (comportamento informacional) quanto da abordagem social (práticas informacionais), que são muito mais abstratos do que aqueles empregados pelos estudos de uso.

Dessa forma, para o campo científico, este estudo deve contribuir didaticamente para as discussões teóricas acerca de estudos de usuários, uma vez que mostra aplicações de conceitos ainda pouco explorados na área.

Ressalte-se que não se trata de uma comparação entre paradigmas para afirmar qual o melhor, já que cada modelo teórico apreende conceitos distintos e aspectos da realidade, e deixa de fora outros. Tratam-se de modelos complementares, que tentam sanar questões não abordadas (ou não suficientemente abordadas). Conforme Araújo (2012, p. 150):

Aquilo que não era respondido pelo paradigma físico da CI tornou-se parte das preocupações do paradigma cognitivo. Igualmente, o paradigma social surgiu para iluminar questões não compreendidas pelo cognitivo. No caso dos estudos de usuários da informação, o paradigma social vem para problematizar aspectos de como a definição de critérios de qualidade e valor da informação é construída socialmente, e atravessada por fatores históricos, culturais, políticos, sociais e econômicos.

Sendo assim, ao entender as redes sociais na internet como um ambiente movido pela interação - e cuja compreensão do indivíduo só se faz mediante o contexto do ambiente digital - consideramos que o conceito das práticas informacionais pode ser aplicado aqui como uma nova abordagem de estudos de usuários.

(23)

Com relação aos procedimentos metodológicos, justifica-se a etnografia virtual por entender as redes sociais na internet como ambiente e não apenas plataforma. Hine (2000) afirma que a etnografia virtual estuda as práticas sociais na internet e seus significados para os participantes. A internet, nesse caso, é o lugar de encontro das pessoas, que se reúnem em espaços virtuais, formando suas comunidades e traçam ali suas relações de sociabilidade.

Para definir o Facebook como um ambiente de interação e não apenas uma plataforma, Guimarães Júnior (2004, p.125) enfatiza:

as plataformas são as diferentes tecnologias (tais como softwares e conexões de internet) que permitem a comunicação entre dois ou mais usuários. Ambientes de sociabilidade, por sua vez, são os espaços sociais estabelecidos através de uma ou mais plataformas.

Para Kozinets (2002), a etnografia apresenta-se vantajosa em comparação a outros métodos de pesquisa qualitativa, por ser considerada flexível, não obstrutiva, rápida e menos exigente em termos de investimento de recursos humanos e financeiros. A etnografia virtual é adequada para a finalidade prática de explorar as relações de interação mediada, ainda que não trate de uma coisa inteiramente real em termos metodologicamente puristas. É uma adaptação da etnografia, que se adequa às condições do meio em que se encontra (HINE, 2000, p.65).

Por fim, para esta pesquisadora, a importância do trabalho se dá por propiciar o estudo em uma área de interesse pessoal - no caso, os usuários da informação nas redes sociais na internet - através de métodos com as quais há afinidade, que é a etnografia. Além do mais, pela especificidade de se tratar de uma pesquisa aplicada, visa-se a melhoria no ambiente laboral do qual faz parte enquanto servidora.

1.3 Organização do trabalho

Este projeto está estruturado da seguinte maneira: o capítulo dois apresenta o referencial teórico sobre os estudos de usuários, onde é apresentada a evolução histórica e mudanças de paradigmas, com exposição dos principais modelos de comportamento informacional e teorias que sustentam tanto a perspectiva cognitiva quanto a social dos estudos de usuários dentro do campo da Ciência da Informação.

(24)

No capítulo três são apresentadas as redes sociais virtuais e os principais elementos que apontam para as novas formas de relação com a informação.

O quarto capítulo, “procedimentos metodológicos”, caracteriza-se a pesquisa, apresenta-se o locus da investigação e os procedimentos de coleta e análise da pesquisa.

O capítulo cinco apresenta como se deu a etnografia virtual e a exposição do que foi coletado na observação, no levantamento estatístico e nas entrevistas.

No capítulo seis está a análise e a discussão dos resultados.

O capítulo sete expõe as recomendações, correlacionando com o que foi apreendido em cada aspecto do comportamento informacional e práticas dos usuários da fanpage do TVU Notícias.

Finalmente, o capítulo oito traz considerações finais.

(25)

2 ESTUDOS DE USUÁRIOS

O estudo de usuários da informação tem grande tradição, com as primeiras pesquisas iniciadas ainda na década de 1930. Esse tipo de investigação nasceu de uma necessidade prática: o estudo de usuários de bibliotecas nos Estados Unidos e a investigação de uso da informação por cientistas, já no final da década de 1940, na Inglaterra. A partir de então, os estudos de usuários passaram a ser desenvolvidos especialmente nos cursos de Biblioteconomia e Arquivologia. Entretanto, são diversas as disciplinas que têm interesse em estudar as pessoas e suas relações com a informação.

Dessa forma, os estudos de usuários se relacionam, ao longo do desenvolvimento científico, com várias áreas do saber. Cunha, Amaral e Dantas (2014) citam as disciplinas de Comunicação, Psicologia, Administração, Educação, Linguística, Informática, Estatística, Sociologia e Antropologia como algumas das principais interessadas pela temática.

São variadas também as definições do que sejam os estudos de usuários. Conforme Le Coadic (2004), os estudos de uso e usuários são realizados para avaliar as necessidades desses indivíduos, para saber se os serviços oferecidos respondem a contento e ressalta que o contato com o usuário da informação é primordial para se conhecer suas necessidades. "É preciso, então, observar, perguntar. As principais técnicas para realizar esses estudos provêm das ciências sociais (observação, entrevista, questionários e diário) e a infometria.” (LE COADIC, 2004, p. 49).

Em revisão acerca do tema, Cunha, Amaral e Dantas (2014) explicam que, ao longo dos anos e com a evolução dos estudos, alguns termos utilizados nas teorizações variavam conforme a relação do estudo com as áreas de conhecimento relacionadas.

No campo da Ciência da Informação, o estudo de usuários tem diferentes abordagens. É comum, ainda na literatura atual, os autores se basearem apenas em duas perspectivas: a tradicional, a partir de 1930 e predominante até a década de 1970, de tradição positivista; e a abordagem alternativa, surgida de críticas ao tradicional, emergente no final dos anos de 1970 e desenvolvida na década de 1980, sob o paradigma cognitivo.

(26)

Todavia, mais recentemente, têm sido desenvolvidas pesquisas que aplicam uma terceira abordagem para os estudos de usuários, que seriam as práticas informacionais, conforme o paradigma social, descrito por Capurro (2003), numa perspectiva interacionista.

Essa abordagem busca superar alguns conceitos isolacionistas das teorias presentes nos estudos de comportamento informacional, que focam no usuário, isolando-o do contexto ou tratando este apenas como um fator interveniente.

Interação é, portanto, o conceito-chave dessa nova abordagem, que, para Araújo (2012, p. 149), põe em relevo o fato de uma ação ou influência exercida por algo ser também afetada por esse algo”.

Quadro 1 - Algumas definições de estudos de usuários

Data Autores Definições e termos Áreas inter-relacionadas 1967 Saul Herner e

Mary Herner

Estudos sobre as fontes que comunicam

mensagens através de canais aos

receptores

Biblioteconomia Comunicação

1974 Peter Mann Estudo de quem diz o que para alguém através de que meios e com que efeito

Comunicação Psicologia

1979 Nice Menezes Figueiredo

O que os indivíduos precisam em matéria de informação, ou então, para saber se as

necessidades de informação por parte

dos usuários de uma biblioteca ou um centro de informação estão sendo

satisfeitas de maneira adequada

Comunicação Marketing Psicologia 1997 Patrícia Hernández Salazar

Área multidisciplinar do conhecimento que, a partir de diferentes métodos de

pesquisa, analisa fenômenos sociais

referentes a aspectos e características da

relação informação-usuário Biblioteconomia Ciência da Informação Ciências Sociais Metodologia de Pesquisa 2005 Aurora González-Teruel

Conjunto de investigações cujo

resultados permitem planejar e melhorar

os sistemas de informação Metodologia de Pesquisa Planejamento Sistema de Informação

(27)

De acordo com Araújo (2016), em 1996, durante o primeiro Information Seeking in Context (ISIC), já houve um consenso sobre a existência histórica desses três modelos bem definidos de estudos de usuários da informação: o modelo de uso (tradicional); estudos de comportamento informacional (alternativo); e as práticas informacionais (paradigma social, ou socioconstrutivista).

Entretanto, ainda segundo o autor, o Brasil só passou a reconhecer claramente a existência dos três modelos como sendo concepções para estudos de usuários na década atual. “Se no cenário internacional tal quadro já parece suficientemente claro e estabilizado, no Brasil, apenas agora, depois de quase cinco décadas de pesquisas, começa a ficar cada vez mais clara a existência de três grandes modelos de estudo de usuários da informação” (ARAÚJO, 2016, p. 62).

Adiante expomos de forma mais detalhada os aspectos de cada uma dessas três abordagens e os principais conceitos que serão utilizados neste trabalho.

2.1 Abordagem tradicional

No nascimento dos estudos de usuários, a abordagem tradicional seguia a linha positivista e tinha métodos predominantemente quantitativos nas pesquisas. É denominado como estudos de uso, pois o foco era direcionado para o serviço, o produto ou sistema de informação, com pouca ou nenhuma ênfase no destinatário final dessa informação. “Nessa abordagem, a preocupação estava em quanto e como um produto, serviços ou sistema de informação era usado, quais as dificuldades e a satisfação com o seu uso” (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2014, p. 82).

Conforme Teruel (2005), no final da década de 1940, esses estudos serviam especialmente para caracterizar hábitos informacionais de cientistas, dados sociodemográficos, estatísticas sobre acesso às fontes de informação, satisfação de uso e, com isso, identificar fatores intervenientes. Gasque e Costa (2010) enfatizam:

(28)

O paradigma predominante nas décadas entre 1950 e 1970 – o behaviorista – sustentava-se na crença de que a metodologia empregada para analisar o comportamento humano deveria dar ênfase à objetividade e a neutralidade. Mais que isso, embora as abordagens metodológicas adotadas fossem, de fato, pouco consistentes, algumas das críticas encontradas na literatura parecem refletir uma preocupação positivista, tendência natural das pesquisas até então (GASQUE; COSTA, 2010, p. 26).

No final da década de 1960, pesquisadores começaram a identificar as dificuldades enfrentadas nesses estudos e as críticas se davam especialmente pela identificação de problemas metodológicos e quanto à pouca diversidade de tipos de usuários e de sistemas.

Em 1986, no Annual Review of Information Science and Technology (ARIST), Dervin e Nilan apresentaram a revisão Information Needs and Uses, em que apontaram críticas à qualidade das produções científicas e quanto ao direcionamento das pesquisas de estudos de usuários à época.

Araújo (2010) enfatiza que, nesse mesmo estudo, os autores identificaram dois paradigmas distintos no campo: a abordagem tradicional, em que a informação era tida como objetiva e os usuários como processadores de informação; e a abordagem alternativa, cujas teorias e conceitos surgiram desde o final da década de 1970.

2.2 Abordagem alternativa

A partir do final da década de 1970, vários estudos apresentaram resultados com críticas ao modelo hegemônico existente. Dessa forma, as investigações começaram a focar no usuário e não apenas no sistema. Como descrevem Dervin e Nilan (1986, p.16), “esse modelo foca sua compreensão no uso da informação em situações particulares, centrando-se no usuário, examinando o sistema somente como este é visto pelo usuário. Pergunta mais questões do tipo ‘como”.

A abordagem alternativa tem como foco o problema individual de cada usuário, ou seja, o comportamento de busca e uso de informação para satisfação de necessidades.

Entre as mudanças provocadas pela abordagem alternativa, houve a emergência de métodos qualitativos, em substituição aos métodos quantitativos, que até então predominavam nos estudos de usuários. Dessa forma, as técnicas

(29)

utilizadas nas pesquisas passaram a ser menos funcionalistas, com a utilização de métodos para coleta de dados como as entrevistas e a observação.

Araújo (2010), ao citar Capurro (2003), afirma que nessa abordagem surge o segundo paradigma de estudos de usuários, chamado cognitivo:

[...] autores como Brookes, Vakkari e Ingwersen empreenderam esforços em incluir, na agenda de pesquisa em Ciência da Informação, os usuários da informação, entendidos como sujeitos cognoscentes, isto é, dotados de certos modelos mentais mobilizados para o conhecimento do mundo – modelos estes em função dos quais são elaboradas as estratégias de busca e as formas de uso da informação (ARAÚJO, 2010, p. 4).

Entre as características dos estudos de natureza cognitivista, o usuário tem caráter ativo e a informação como algo construído e não mais objetivo, como na abordagem tradicional. Essa abordagem “vê a informação como algo construído por seres humanos e os usuários como seres que estão constantemente construindo, como seres livres na criação de situações” (ARAÚJO, 2010, p. 18).

Wilson (2000), entende o comportamento informacional como campo oriundo das limitações dos estudos de usuários, constituindo uma evolução teórico-metodológica. Na visão do autor, o comportamento informacional relaciona a busca, a necessidade e o uso das informações, envolvendo fatores individuais ou coletivos, físicos, psicológicos e cognitivos, entre outros.

Comportamento informacional é todo comportamento humano relacionado às fontes e canais de informação, incluindo a busca ativa e passiva de informação e o uso da informação. Isso inclui a comunicação pessoal e presencial, assim como a recepção passiva de informação, como a que é transmitida ao público quando este assiste aos comerciais da televisão sem qualquer intenção específica em relação à informação fornecida (WILSON, 2000, p.52).

Já para Davenport (1998), o comportamento informacional “se refere ao modo como os indivíduos lidam com a informação. Inclui a busca, o uso, a alteração, a troca, o acúmulo e até mesmo o ato de ignorar os informes”. Para o autor, o sujeito é quem determina sua relação com a informação. Porém, essa relação é influenciada por fatores como cultura, memória, educação e a busca não é feita sem motivação. Para Choo (2003), o sujeito não procura informação se não houver necessidade, uma vez que o incentivo é saná-la.

(30)

Quadro 2 - Mudanças no panorama de estudos de usuários MUDANÇAS NA

REALIZAÇÃO ABORDAGEM TRADICIONAL

ABORDAGEM ALTERNATIVA

Foco No sistema No usuário

Busca da Informação Usuário passivo Usuário ativo

Avaliação Predominantemente quantitativo Predominantemente qualitativo Em relação ao sistema de informação Funcionamento da unidade prestadora de serviços Adequados aos interesses dos usuários Fonte: Amaral (2014).

Atualmente, pode-se dizer que comportamento informacional é a forma como as pessoas procedem em relação à informação, como identificam as próprias necessidades informacionais, como acessam, buscam e usam informações. Bartalo, Di Chiara e Contani (2011, p. 2) afirmam que o comportamento informacional é o conjunto das atividades desencadeadas por uma necessidade de informação, ou seja, a busca, a comparação das várias informações acessadas, a avaliação, a escolha, o processamento cognitivo e a utilização da informação para suprir a necessidade primeira, incluindo a própria identificação da necessidade.

Como se vê, a necessidade de informação é tida - no entendimento da abordagem cognitivista - como o motivador para que o usuário desencadeie o processo de busca e uso da informação, caracterizando seu comportamento informacional.

Dessa forma, concebe-se que o conhecimento das necessidades de informação permite compreender o porquê das pessoas se envolverem num processo de busca e uso de informação. Em face da existência de um problema ou de um objetivo a atingir, da constatação de um estado anômalo insuficiente ou inadequado de conhecimento, a pessoa seria motivada a buscar a informação, que resultaria na tomada de decisão, na participação social, na construção de novos conhecimentos etc. (CHOO, 2003; LE COADIC, 1994; FIGUEIREDO, 1994).

São vários os teóricos que descrevem a necessidade da informação dentro do comportamento informacional. A teoria do sense-making, de Dervin (1983) aborda a criação de significado através da metáfora que representa o vazio cognitivo

(31)

e o uso da informação para preenchê-lo por meio de estratégias responsáveis pelo comportamento informacional do indivíduo.

Nessa mesma linha de raciocínio, Choo (2003) aponta que os processos informacionais integram a necessidade de informação do indivíduo, que reconhece um vazio de conhecimento ou a criação de significado, a busca e uso da informação.

Os modelos propostos por Wilson (2000), apontam para os múltiplos fatores que influenciam o comportamento informacional humano. O usuário pertence a um mundo cercado de valores, culturas, convenções e outras características próprias de cada contexto, o que se tornam referências para suas escolhas. "Quando a pessoa identifica uma necessidade de informação, essas mesmas referências são recursos acessíveis de canais e fontes de informação, além de acrescentar a possibilidade de usar diversos sistemas de informação e outros recursos informacionais, entre eles um mediador ou o uso de tecnologias” (BERTI; BARTALO; ARAÚJO, 2014, p. 7).

Na literatura sobre a necessidade de informação encontra-se também apontamentos sobre a dificuldade de constatá-la com precisão, por ser ela ser:

uma experiência subjetiva que ocorre na mente da pessoa que necessita e, consequentemente, não é diretamente acessível para um observador. A experiência de necessidade pode apenas ser deduzida a partir de um comportamento ou através de relatos da pessoa que necessita (WILSON, 1997, p. 552).

O comportamento de busca de informação resulta do reconhecimento de alguma necessidade. Ou seja, o indivíduo verifica que a informação que possui não corresponde ao que precisa e, então, age para satisfazer tal necessidade. Portanto, na conceituação de busca informacional, tem-se que esta é uma consequência de uma necessidade para satisfazer algum objetivo. No decorrer da busca, o indivíduo pode interagir com os sistemas manuais de informação (tal como um jornal ou uma biblioteca), ou com sistemas baseados em computador.

Seguindo o raciocínio de Figueiredo (1994), o uso da informação é, de fato, o que um indivíduo realmente utiliza. Dessa forma, o uso é o resultado, por exemplo, de uma demanda satisfeita, de uma leitura casual ou acidental - isto é, “uma informação reconhecida como uma necessidade ou um desejo, quando recebida pelo individuo, e apesar de não ter sido manifesta numa demanda”, (FIGUEIREDO, 1994, p. 34). Dessa forma, o uso geralmente representa uma necessidade, mas a

(32)

identificação “torna-se mais difícil, do uso palpável (hard) até uma necessidade muitas vezes nebulosa e não articulada”

De forma semelhante, ao enfatizar o usuário nesse processo, Wilson (1997) entende que uso da informação é a promoção de mudanças no estado de conhecimento, comportamentos, valores e crenças do usuário. É subjetivo e não observável, pois acontece na mente do usuário, além de ser algo próximo e difícil de separar do processo de aprendizagem.

Por essa visão, compreende-se que o uso da informação, num ato pós-busca - em consequência do reconhecimento da necessidade de informação - consiste de ações físicas e mentais envolvidas na incorporação da informação encontrada na base de conhecimento existente nas pessoas. Pode envolver, portanto, ações físicas, - tais como destacar pontos importantes em um texto, bem como ações mentais - que envolvem, por exemplo, a comparação das novas informações com o conhecimento atual.

Numa visão menos objetiva, Le Coadic (2004, p.47), caracteriza que o uso da informação é uma prática social, “o conjunto das artes de fazer”. Para o autor, a informação (em forma de matéria) será trabalhada de forma que satisfaça a necessidade do usuário. Assim, o objetivo de um produto de informação deve ser sempre orientado ao usuário.

Os primeiros modelos teóricos para o desenvolvimento de estudos de usuários segundo a abordagem alternativa surgiram no início dos anos 1980. Em 1981, Wilson configurou um modelo de comportamento informacional, inspirado nas necessidades fisiológicas, cognitivas e afetivas dos indivíduos. Sua versão foi revisada em 1996, quando publicou o modelo geral de comportamento informacional. Entre as outras teorias, se destacam a abordagem Sense-making, de Brenda Darvin (1983); dos valores dos usuários, de Taylor (1986); o modelo comportamental de busca da informação de Ellis (1989); do estado Anômalo do Conhecimento, de Belkin (1980) e o processo de busca de informação de Kuhlthau (1991).

Esses estudos apresentam diferentes abordagens mas, em alguns, os aspectos se cruzam. Como ponto em comum, Araújo (2016) destaca que todas essas pesquisas apontam uma situação problemática como mecanismo ativador para que o sujeito se engaje no processo de busca, que resultará no encontro e uso da informação.

(33)

Nesta pesquisa não se objetiva a aplicação das etapas de um modelo específico, haja vista a intenção de analisar o comportamento informacional sob vários aspectos. Dessa forma, para fins de análise do comportamento informacional nesta investigação, serão aplicados os conceitos desses modelos na categorização dos aspectos de necessidade, busca e uso da informação dos usuários aqui analisados. A seguir, serão expostos mais detalhadamente os principais fundamentos e modelos teóricos dos estudos de comportamento informacional.

2.2.1 Modelos de comportamento informacional

Na década de 1980, o campo de estudos de usuários sofreu uma renovação conceitual. Como visto na seção anterior, são vários os modelos que se desenvolveram segundo a abordagem alternativa dos estudos de usuários. Em ordem cronológica, serão apresentados alguns dos modelos desenvolvidos sob a perspectiva cognitivista, cujos aspectos serão utilizados neste trabalho.

O Estado Anômalo do Conhecimento (BELKIN, 1980) ocorre quando um indivíduo percebe uma necessidade de informação e reconhece a necessidade de buscar a informação. A essa “lacuna” - ocasionada pela falta de conhecimento, incerteza ou incoerência - é dado o nome estado anômalo, vazio que é identificado pelo próprio indivíduo.

De acordo com Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 89):

Belkin (1980) procurou demonstrar no modelo proposto que a procura por informações é baseada nas tarefas desempenhadas pela pessoa ou problemas enfrentados por um indivíduo e que as necessidades e os processos de busca e informação dependem dessas tarefas.

(34)

Figura 1 - Modelo do estado Anômalo do Conhecimento

Fonte: Todd (2003, p.30)

No Modelo do comportamento informacional de Wilson (1981), o pesquisador apresentou um dos trabalhos considerados fundamentais para a consolidação da abordagem de comportamento informacional. Nesse modelo, o autor considera que a necessidade de informação é uma necessidade secundária, motivada por necessidades básicas (TERUEL, 2015, p. 98), sejam elas fisiológicas, cognitivas e afetivas dos indivíduos. Wilson (1981) cunha o termo comportamento informacional para os estudos desta abordagem, definindo-o como a totalidade do comportamento humano frente às fontes e canais de informação, incluindo a busca ativa e passiva de informação e o seu uso. Nesta abordagem, compreende-se a informação enquanto uma construção subjetiva na mente do sujeito e sobre como as pessoas conhecem a realidade.

Assim, cada indivíduo seria dotado de uma estrutura de conhecimentos prévios e que, ao se adicionar uma nova informação, o resultado seria uma nova estrutura de conhecimentos.

A dimensão situacional nesta abordagem é considerada como um fator interveniente, voltando-se principalmente para o contexto mais individual do sujeito - especialmente os contextos de tarefa e trabalho - sendo algo que pode favorecer ou dificultar o processo de busca e uso da informação por parte do usuário. E a dimensão emocional também é percebida como uma interferência nos processos de necessidade, busca e uso da informação, muitas vezes compreendida como um problema.

Wilson (1981) enfatiza que o contexto dessas necessidades é composto pelo próprio indivíduo, pelas demandas de seu papel na sociedade, e pelo meio

(35)

ambiente em que sua vida e seu trabalho se desenrolam, assim como as barreiras que interferem nesse processo, que nascem do mesmo contexto (MARTINÉZ-SILVEIRA; ODDONE, 2008). O modelo é configurado conforme a figura 4.

Dessa forma, o comportamento informacional é entendido aqui como consequência do reconhecimento da necessidade. O usuário, ao perceber uma necessidade de informação, realiza uma demanda a um sistema de informação ou outro tipo de fonte. Vale destacar que, nesse modelo, é aplicado o conceito de “troca de informação”, quando o usuário pode procurar a informação consultando pessoas e não apenas os sistemas.

Cunha, Amaral e Dantas (2014, p.91) ponderam que “o uso da palavra troca pretende chamar a atenção para o elemento de reciprocidade reconhecido pelos sociólogos e psicólogos sociais como um aspecto fundamental da interação humana”.

Entretanto, em algumas situações, a reciprocidade pode aparecer como um elemento frágil e ser inibida. De toda forma, em qualquer caso de comportamento, a falha pode acontecer. Uma vez recebida a informação de que precisava, esta deve ser utilizada para a resolução do problema que gerou a necessidade. O uso da informação acarretará, assim, em satisfação ou insatisfação do usuário.

Conforme explica Teruel (2005), quando se investigam quaisquer das estratégias seguidas pelo usuário no momento em que ele está ciente de que necessita de informação, o fato observado é a conduta que se desenvolve e não a necessidade de informação do sujeito observado.

Visando expandir e aprimorar esse seu primeiro modelo, T. D. Wilson propôs, em 1996, o Modelo geral de comportamento informacional.

Nesse modelo revisado, Wilson se apropria de alguns conceitos já levantados em modelos anteriores. Ele incluiu a pessoa no contexto e a decisão na procura por informação, o que se vê como “lacuna” entre “situação” e “uso” no modelo de Brenda Dervin. A teoria do stress/coping (teoria da cópia) foi posta como mecanismo de ativação.

Foram elaboradas também as variáveis intervenientes, que são as barreiras encontradas no processo do comportamento e processamento da informação. Wilson (1996) elenca uma série de variáveis que podem interferir no comportamento informacional dos indivíduos: variável psicológica, demográfica, interpessoal, ambiental e as características da fonte. “É o grau de conhecimento de uma variável

(36)

interferente que determina se essa influencia de forma positiva ou negativa (favorece ou impede) o comportamento informacional” (GARCIA, 2007, p. 89).

Figura 2 - Modelo do comportamento informacional de Wilson (1981)

Fonte: Martínez-Silveira e Oddone (2008, p.123).

Wilson e Walsh caracterizam as fontes informacionais relacionando-as com o acesso, a credibilidade e os canais de comunicação. O acesso à informação é entendido como um meta-princípio (ou meta-valor) ético da existência da Ciência da Informação, da Biblioteconomia e do fazer profissional, uma vez que é essencial dispor de recursos para tornar acessíveis variedades de fontes informacionais.

A credibilidade das fontes também é uma questão ética, pois a difusão de informações equivocadas, ou o desvio de informações, quando detectadas pelos usuários, o farão desistir e procurar por fontes confiáveis. Os canais de comunicação dizem respeito aos meios utilizados para divulgação das informações, o que depende das características do ambiente informacional e a que se destina.

Outro mecanismo de ativação aparece entre a determinação da necessidade e o início da ação para satisfazê-la (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015). Nesse caso, novos fatores intervenientes podem ser observados: a teoria do risco e recompensa, e a teoria do aprendizado social, no qual se inclui a autoeficácia.

(37)

Como explica Teruel (2005), sobre a autoeficácia se entende como o julgamento que o próprio sujeito à sua capacidade de executar uma conduta. Vale destaque também para os conceitos de busca ativa da informação, atenção e busca passiva e pesquisa em curso.

Figura 3 - Modelo geral do comportamento informacional revisado de Wilson (1996)

Fonte: Cunha, Amaral e Dantas (2015, p.112)

Wilson considerou ainda os estágios de busca elaborado por Ellis (1989), aos quais adicionou ao seu primeiro modelo, apresentado sob nova formulação, conforme figura 6.

(38)

Figura 4 - Modelo geral do comportamento de procura por informação de Wilson revisado

Fonte: Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 115).

O Modelo da construção de sentido (Sense-making), de Brenda Dervin, (1983) aborda a criação de significado da necessidade informacional.

Dervin descreve que o indivíduo, como ser em movimento, está sempre construindo significado. Essa construção se dá quando, durante uma situação, o usuário é obrigado a parar diante de um obstáculo, que é a ausência de informação. Esse “vazio cognitivo” ou “gap” são as lacunas que têm que ser preenchidas através de estratégias. Portanto, a lacuna (gap) é o fator motivador da busca por informação.

Neste modelo, como explica Teruel (2005), a informação é percebida como ferramenta humana desenvolvida para dar sentido a uma realidade caótica. Aliás, como a autora descreve, entre os modelos da abordagem cognitivista, este é o mais ambicioso, uma vez que tem a pretensão de servir também como um conjunto de métodos de investigação.

(39)

Figura 5 - Metáfora da construção do conhecimento de Dervin

Fonte: Adaptado de Dervin (1992, p.68).

Como ferramenta metodológica, Dervin sugere o emprego da entrevista da linha do tempo como forma de coleta de dados. Dessa forma, cada entrevistado deve reconstruir uma situação em termo dos acontecimentos e, assim, é possível perceber a construção de sentido. De acordo com Cunha, Amaral e Dantas (2015, p. 44), “do ponto de vista de Dervin, construir sentido é observar, interpretar, e compreender a realidade atribuindo significado aos atos, ideia e objetos do mundo exterior a partir de significados já interiorizados pelo indivíduo”.

A Abordagem do Valor Agregado (User-values / Value-added), de Robert Taylor (1986), indica que o valor da informação está atrelado ao significado desta para o ambiente do indivíduo (ROLIM; CENDÓM, 2013). Neste modelo, o sujeito agrega valor quando transforma dados sem significados em informação, que deve ser vista como algo construído pelo ser humano. Dessa forma, a informação será buscada porque o usuário irá utilizá-la em uma demanda. Por sua vez, Taylor entende que a demanda pode ser compreendida em quatro níveis de necessidade:

• Visceral: causado pelo vazio do conhecimento; sensação de insatisfação; • Consciente: permite descrever o problema concretamente a partir de um

aporte de informações;

• Formalizado: descrição racional da necessidade, em que a ambiguidade é reduzida;

(40)

Como explicam Rolim e Cendón (2013, p.7):

O usuário dará à informação que procura diferentes usos e características tais como descobrir ‘o que’ fazer ou ‘como’ fazer algo, descrever uma realidade, confirmar outra informação, realizar prognósticos com estimativa e probabilidade, ou outros usos para interesses de caráter motivacional, pessoal ou mesmo político.

Segundo os preceitos de Taylor, três variáveis devem ser analisadas nos estudos de usuários (CUNHA; AMARAL; DANTAS, 2015):

1. Qual informação o usuário quer encontrar? 2. Qual uso fará da informação?

3. Como o sistema pode melhorar e preencher as necessidades de informação do usuário?

David Ellis, no seu Modelo comportamental de busca de informação (1989), representou uma abordagem alternativa de estudo focado nos usuários e utilizando análises qualitativas. O modelo desenvolvido por ele teve origem na sua pesquisa de doutorado, pela Sheffield University (Inglaterra), que teve como objetivo a análise do comportamento informacional de pesquisadores desta universidade e sua utilização no design de sistemas de recuperação da informação científica, resultando na tese The derivation of a behavioural model for information retrieval system design (ELLIS, 1987).

O pesquisador desenvolveu um modelo de estudo de comportamento informacional estruturado, inicialmente, em seis categorias, que foram ampliadas posteriormente com a colaboração de Cox e Hall (ELLIS; COX; HALL, 1993). O foco do modelo desenvolvido por Ellis são os aspectos cognitivos da busca de informação. As categorias não foram estruturadas de forma sequencial, já que se trata de um processo com aspectos de comportamento que podem variar em diferentes sequências com diferentes pessoas ou com o mesmo usuário em diferentes momentos.

A primeira categoria apresentada é a “iniciar”, que se refere aos padrões de busca de informação; “encadear”, segunda categoria do modelo, consiste no seguimento com as conexões entre as informações. Essas conexões propiciam o descobrimento de outros materiais relevantes e, consequentemente, a conexão do

(41)

que foi localizado com as novas informações. A etapa “navegar” é um modo de pesquisa de busca semidirecionada ou semiestruturada em áreas de potencial interesse. A fase do “diferenciar” abrange a seleção e filtro da informação obtida a partir de fontes conhecidas. A etapa seguinte, “monitorar”, é o hábito de manter-se atualizada sobre os progressos ou mudanças acontecidas das fontes de informação específicas. Por último, a fase “extrair” engloba as atividades de identificação de material relevante em uma fonte de informação.

Além destas características, Ellis, Cox e Hall (1993) introduziram duas novas etapas: a “Verificação”, que, de acordo com Costa e Ramalho (2010), consiste na verificação da acuracidade da informação; e a “Finalização”, com o término do ciclo.

O modelo ampliado, mesmo tendo se baseado em estudos de acadêmicos e pesquisadores, é aplicável a outros grupos de usuários, pois sua estrutura comporta características amplas e que se adequam a várias áreas do conhecimento (CHOO, 2003).

Figura 6 - Modelo de comportamento de busca de informação proposto por Ellis

Fonte: Adaptado de Cunha, Amaral e Dantas (2015).

No Modelo do processo de busca da informação (Information Search

Process – ISP), Carol C. Kuhlthau (1991) evidenciou as reações emocionais no

processo de busca. De acordo com Araújo (2016), Kuhlthau aponta, como a dimensão emocional, sentimentos de otimismo e de pessimismo determinam o sucesso ou o fracasso de determinada atividade de busca por informação.

Por esse modelo, entende-se que o usuário permanece em um nível de incerteza flutuante durante o processo (princípio da incerteza), dividindo-se em seis estágios: iniciação, quando há percepção da necessidade de informação; seleção; exploração; formulação; coleta; e apresentação. Os estágios são divididos em três campos: emocional, cognitivo e físico e, para cada etapa, um sentimento é evidente.

Referências

Documentos relacionados

O enfermeiro, como integrante da equipe multidisciplinar em saúde, possui respaldo ético legal e técnico cientifico para atuar junto ao paciente portador de feridas, da avaliação

O relatório encontra-se dividido em 4 secções: a introdução, onde são explicitados os objetivos gerais; o corpo de trabalho, que consiste numa descrição sumária das

Entre as atividades, parte dos alunos é também conduzida a concertos entoados pela Orquestra Sinfônica de Santo André e OSESP (Orquestra Sinfônica do Estado de São

E, quando se trata de saúde, a falta de informação, a informação incompleta e, em especial, a informação falsa (fake news) pode gerar danos irreparáveis. A informação é

A conceituação do que vem a ser Convenção Coletiva encontra-se no artigo 611 da CLT, (Brasil, 2017): que em síntese define ser a Convenção Coletiva de Trabalho um acordo de

O objetivo deste trabalho foi realizar o inventário florestal em floresta em restauração no município de São Sebastião da Vargem Alegre, para posterior

xii) número de alunos matriculados classificados de acordo com a renda per capita familiar. b) encaminhem à Setec/MEC, até o dia 31 de janeiro de cada exercício, para a alimentação de

A regulação da assistência, voltada para a disponibilização da alternativa assistencial mais adequada à necessidade do cidadão, de forma equânime, ordenada, oportuna e