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GESTÃO DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS HÍBRIDAS EM PROL DO DESENVOLVIMENTO DE COMUNIDADES

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GESTÃO DE BIBLIOTECAS PÚBLICAS

HÍBRIDAS EM PROL DO DESENVOLVIMENTO

DE COMUNIDADES

Management of hybrid public libraries in favour of the development of communities

Rafaela Carolina da Silva (1), Rosângela Formentini Caldas (1)

(1) Faculdade de Filosofia e Ciências –Universidade Estadual Paulista “Júlio de Mesquita Filho”, Av, Hygino Muzzi Filho, 737 – Marpilia/SP, rafaelacarolinasilva@gmail.com, rcaldas@marilia.unesp.br.

Resumo

Ao considerar o ambiente de uma biblioteca pública como um organismo vivo, em constante mudança em direção ao desenvolvimento da sociedade, fala-se em espaços híbridos, onde tecnologias tradicionais e digitais se complementam. Nesse contexto, a aplicação das estratégias de gestão da in-formação em bibliotecas híbridas proporciona à sua estrutura organizacional o desenvolvimento de políticas públicas favo-ráveis ao desenvolvimento de comunidades, na medida em que contribui para o bom funcionamento da instituição. Nes-sa perspectiva, este capítulo propõe, por meio de estudos comparativos de casos múltiplos, estabelecer um elo entre os ambientes híbridos, a gestão informacional e o processo de desenvolvimento das comunidades através das bibliotecas públicas. Para tanto, trabalhou-se a aplicação da gestão da informação híbrida nas unidades de informação, a fim de visualizar se as mesmas prezavam pelo acesso e atendimento às necessidades gerais do seu público. Nesse contexto, o conceito de hibridez aplicado às bibliotecas permite o plane-jamento e a organização da informação de modo a comunicá-la com maior eficácia e eficiência. Dessa forma, o conceito de bibliotecas híbridas deve ser visto como uma das ativida-des potenciais das bibliotecas públicas no ativida-desenvolvimento de suas comunidades.

Palavras chave: Bibliotecas híbridas; Bibliotecas públicas; Gestão da informação; Desenvolvimento de comunidades.

Abstract

In considering the environment of a public library as a living organism, constantly changing towards the development of society, we talk about hybrid spaces, where traditional and digital technologies are complementary. In this context, the application of information management strategies in hybrid li-brary provides to its organizational structures the development of public policies favorable to the development of communi-ties, in so far as it contributes to the proper functioning of the institution. In this perspective, the problem of this research is linked to the potential that the hybrid libraries provide to soci-ety. From this perspective, this chapter proposes, through comparative studies of multiple cases, to establish a link be-tween hybrid environments, informational management and the process of development of the communities through public libraries. Therefore, the implementation of the hybrid infor-mation management was applied in inforinfor-mation units in order to see if they esteemed accessing and meeting the overall needs of the audience. In this context, the concept of hybridity applied to libraries allows the planning and organization of in-formation in order to communicate it more effectively and ef-ficiently. Thus, the concept of hybrid libraries must be seen as one of the potential activities of libraries in the development of their communities.

Keywords: Hybrid libraries; Public libraries; Information Management; Community development .

1 Introdução

A sociedade em que vivemos demanda uma postura proativa na busca constante por informações para a geração de novos conhecimentos. No que diz respeito à interpretação e compreensão do mundo, a biblioteca é um ambiente que estimula nas pessoas nesse sentido para o exercício da cidadania.

No âmbito da biblioteca pública, o objeto a ser alcan-çado é diversificado, pois abrange a comunidade que a rodeia. Por isso, a instituição tem o compromisso social de possibilitar a construção de uma sociedade verdadei-ramente democrática, na medida em que deve formar pessoas conscientes, críticas e reflexivas, levando-as ao exercício pleno da cidadania. Dessa maneira, como

destacam Barreto, Paradella e Assis (2008), tal institui-ção preocupa-se com o grau de imersão dos indivíduos nos processos decorrentes e geradores de informação e conhecimento.

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Consequentemente, a aplicação das estratégias de ges-tão da informação em bibliotecas híbridas proporciona à sua estrutura organizacional o desenvolvimento de políticas públicas favoráveis ao desenvolvimento de comunidades, na medida em que contribui para o bom funcionamento da instituição, potencializando os servi-ços institucionais e motivando os funcionários no con-tato com o público com quem trabalha. Dessa forma, com as tecnologias colaborativas de gerenciamento da informação disponíveis nas bibliotecas híbridas, além da convergência dos meios tradicionais com foco no espaço físico, os meios digitais também são mediados pelo ambiente eletrônico ou digital.

Logo, as unidades de informação, por meio de seus objetivos e metas, “localizam, entendem, disseminam e utilizam os conhecimentos gerados no trabalho para valorizar tanto a instituição como o aprendizado” (Ca l-das, 2012, p. 241). É nesse contexto que as habilidades humanas passam a ser desenvolvidas, juntamente com suas ferramentas de trabalho, para a elaboração de pro-cessos eficazes na disseminação da informação. Como destacam Prakasan, Swarna e Kumar (2000), as bibliotecas passaram por quatro fases de desenvolvi-mento em relação às mudanças sociais: bibliotecas tra-dicionais, bibliotecas automatizadas, bibliotecas híbri-das e, mais posteriormente, bibliotecas digitais. Portan-to, a biblioteca híbrida é a ponte entre as bibliotecas tradicionais e digitais, utilizando fontes de informação em diferentes formatos e em localizações remotas ou locais, apresentadas de forma integrada.

O conceito de ambientes informacionais híbridos está diretamente entrelaçado com a argumentação de Gar-cez e Rados (2002, p. 46), de que os mesmos “extrap o-lem os limites da estratégia convencional, procurem visualizar o futuro e criem mecanismos para alcançar o propósito de atender às necessidades e expectativas de seus usuários”. Sendo assim, cabe a elas estabelecer uma estrutura de melhoria continuada, na qual a quali-dade dos produtos informacionais seja pensada e re-pensada de acordo com as ações a serem realizadas nas comunidades em que atuam.

A gestão da informação, nesse contexto, está relacio-nada ao fazer do profissional da informação de modo a conhecer quais os recursos e soluções adotar no pro-cesso de desenvolvimento de comunidades e dissemi-nação da informação. Esse campo encontra-se respal-dado pelo conjunto de valores que se destacam em de-terminada sociedade, em um dado espaço de tempo, para unificar materiais dos sistemas de informação em diferentes formatos, linguagem, e sumarizar a informa-ção encontrada de tal modo que a informainforma-ção buscada pelo usuário seja encontrada de maneira dinâmica, rá-pida e fácil.

O bibliotecário, antes um mero profissional tecnicista, passa a interagir com interfaces que estruturam a in-formação, propiciando determinar parâmetros para a

geração de sentidos trazidos pelo uso dos recursos in-formacionais.

No ambiente interativo e incentivador das bibliotecas híbridas, os indivíduos passam a criar uma cultura de conhecimento, envolvendo o sistema de informação como um todo, construindo uma relação de multicultu-ralismo de dados, informações e conhecimentos de toda e qualquer natureza. O conceito de bibliotecas híbridas, então, deve estar presente na promoção da informação em bibliotecas públicas tanto no contexto analógico, de forma a pensar o ambiente físico interno e externo da biblioteca quanto no seu espaço digital. Nessa perspectiva, deve-se compreender o novo sujeito social que se utiliza da biblioteca como sistemas de informação sociais, que deixam de ser meros receptores do conteúdo disponibilizado pela biblioteca e passam a reconstruir tais conteúdos de modo a gerarem novos conhecimentos. Dessa forma, estudou-se o potencial que as bibliotecas híbridas oferecem à sociedade, esta-belecendo um elo entre ambientes híbridos, a gestão informacional e o processo de desenvolvimento das comunidades através das bibliotecas públicas, afinal, entende-se que a biblioteca pública tem um impacto direto na gestão de suas comunidades, proporcionando construção na cidadania, na ordem social, na tecnologia e na economia.

As palavras-chave que propiciaram a elaboração de estratégias de buscas bibliográficas sobre as temáticas abordadas foram: bibliotecas híbridas, bibliotecas pú-blicas, gestão da informação, e desenvolvimento de comunidades. O segundo passo foi determinar os da-dos secundários externos sobre o tema de pesquisa, ou seja, coletar informações úteis já existentes, verificando a relevância dessas informações para a pesquisa e, con-sequentemente, elencar os dados primários a serem analisados.

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2 Ensino e aprendizagem: interação entre o

homem e os diferentes meios tecnológicos

As relações de ensino e aprendizagem partem da con-vivência dos seres humanos para com os diferentes contextos e meios tecnológicos. Essas vivências porcionam diretrizes para que uma ideia possa ser pro-cessada mentalmente pelo indivíduo e, posteriormente, entendida de acordo com a sua experiência no assunto. As necessidades de informação nascem e variam con-forme as características dos indivíduos, as circunstân-cias e o meio ambiente no qual estão envolvidos (Fi-gueiredo, 1994). O acesso, por meio de políticas públi-cas, tecnologias e estruturas organizacionais, às estra-tégias de desenvolvimento de comunidades as quais as bibliotecas híbridas estão inseridas, é que tornam uma pessoa cidadã e, consequentemente, incluída social-mente. Nessa perspectiva, a construção da cidadania nos ambientes de informação, mais especificamente no Brasil, deve levar em conta: a identidade cidadã do bibliotecário; o seu poder de intervenção na sociedade; a identidade profissional do bibliotecário brasileiro; a autonomia de sua profissão dentro da sociedade brasi-leira; o que ele pensa como seus compromissos de clas-se; o que a sociedade civil pensa sobre os compromis-sos de classe do bibliotecário; o que os divercompromis-sos povos brasileiros pensam sobre os compromissos que teriam os bibliotecários para com esses povos; a forma como os bibliotecários poderão conhecer os diversos povos brasileiros do ponto de vista de suas necessidades de construção de uma cidadania brasileira; e o sentido divergente e errático, não contraditório, com o qual o bibliotecário brasileiro constrói o seu discurso político em sociedade.

Nesse sentido, como enfatiza com Jorente (2012), os indivíduos formam esquemas mentais, baseados em linguagens e codificações. Esses quadros formam uma imagem mental que, juntamente com as demais lingua-gens convergentes, se transformam em um significado. O processo de reconhecimento da informação se dá, então, em forma de espiral, ou seja, a partir de uma necessidade de informação, o indivíduo busca uma publicação apropriada para solucionar suas dúvidas e, conjuntamente com seu conhecimento prévio de mun-do, gera um novo conhecimento. “O conhecimento supõe que o sujeito aprende o significado da informa-ção, atribui-lhe um sentido necessitando da incorpora-ção de um segmento significativo daquela.” (Sacristán, 2002, p. 210).

Ao mesmo tempo em que há a geração desse reconhe-cimento, há também o compartilhamento do mesmo, seguindo, assim, em uma sequência espiral contínua. “Nesse contexto, uma formação profissional que se delineia como ideal é aquela voltada para a construção da cidadania consciente e ativa.” (Castro, 2002, p. 189).

Em relação às Tecnologias de Informação e Comunica-ção (TIC), a percepComunica-ção e geraComunica-ção de significados se dá, segundo Fauconnier (2001), de acordo com fusões conceituais. Para o autor, essa interação começou a ocorrer a partir da interação homem-mouse

-computador (desktop).

Portanto, é a prática diária e o desejo de aprender que fará com que uma pessoa consiga ou não se relacionar de forma segura com as diferentes mídias e tecnologi-as. Nesse contexto, destacam-se três fusões relaciona-das a interfaces computadorizarelaciona-das:

 A percepção que o ser humano tem de objetos tridimensionais na tela de um computador (contando que a mesma é bidimensional). Lo-go, o sujeito passa a buscar um equilíbrio imagético, onde se possa enxergar uma de-monstração tridimensional em um aparelho dimensional.

 O cursor do mouse se apresenta em forma de

uma flecha vertical, que pode atuar tanto ver-tical, como horizontalmente. O cérebro, então, faz uma fusão conceitual, juntando um apare-lho dimensional a um objeto tridimensional, que pode se locomover em diferentes dire-ções.

 O mouse, ligado ao computador, faz com que

o indivíduo faça movimentos diversificados enquanto navega no desktop. É uma

conver-gência tátil, visual e sensorial que o homem dispõe para utilizar o dispositivo.

Fazendo um paralelo com os ambientes híbridos, é esse esforço diário que determinará a relação de alguém no entendimento das mesmas. O processo não é restrito à linguagem verbal, mas sim uma fusão conceitual de valores e linguagens.

O cérebro humano enquadra e liga pensamentos por meio de conhecimentos de rápida memorização (aque-les que não possuem longo período de armazenagem no cérebro, ou seja, a memória temporária) e de longa memorização (as informações processadas, entendidas e que passam, por longo período, armazenadas em nos-so cérebro: a memória de longo prazo). Dessa forma, os espaços mentais são preenchidos de acordo com as necessidades de cada tipo de conhecimento.

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não estática dessas tecnologias e linguagens demanda, aos profissionais da informação, uma postura dinâmica em relação ao ensino-aprendizagem das TIC tanto pelo pessoal interno de uma unidade de informação, quanto para seus usuários.

Dessa forma, o uso de linguagens convergentes no pro-cesso de hibridização de um ambiente pressupõe um estudo diário das necessidades, desejos e diretrizes da biblioteca e do público dessa instituição, no que tange ao aprimoramento das técnicas pessoais de percepção. Sendo assim, as tecnologias analógicas e digitais con-vergem no tempo e no espaço, de acordo com sua for-ma e velocidade de disseminação da inforfor-mação. Dessa maneira, a obtenção de significados é obtida é obtida de acordo com a especificidade de cada sistema. Advindos de diferentes pensamentos, a percepção e a geração de conhecimento não são previsíveis, variando de indivíduo para indivíduo, de sociedade para socie-dade, de unidade para unidade.

Logo, cabe aos profissionais da informação estudarem o contexto do local em que trabalham, para melhor se capacitarem e capacitarem seu público. Mudanças na forma de pensar são percebidas, ao passo que a atração ou não por determinado assunto ou tecnologia pode interferir na busca de seu aprendizado. Informações são recontextualizadas e reformuladas na medida em que um contexto passa a ser mais atrativo do que o outro. É nessa perspectiva que a biblioteca híbrida se torna um lugar atrativo à percepção de quem a observa, trei-nando profissionais capacitados a lidar com as necessi-dades informacionais dos usuários com quem trabalha. Os agentes da informação passam a moldar relações entre seus serviços oferecidos e a emergência de neces-sidades complexas em sistemas de informação. Há, assim, uma auto-organização de ensino por parte dos profissionais da informação, bem como uma auto-organização de aprendizagem por parte dos usuários de uma biblioteca.

Com a tecnologia computadorizada, ocorre uma mu-dança na forma como as informações são reunidas. As tecnologias, nesse sentido, são extensões dos homens (Mcluhan, 1969), pois é a partir da construção de co-nhecimentos feita pelo homem, que novas representa-ções perceptivas surgirão. As TIC, então, estabelecem uma convergência de linguagens interativas, onde ima-gem, texto e som trabalham em um mesmo contexto. A participação social, nesse sentido, é essencial para a difusão da inclusão digital, contando com o trabalho do bibliotecário, em conjunto com seu público, para con-tribuir para a construção de uma consciência coletiva de criação de conhecimentos perante as novas lingua-gens e mídias sociais.

3 Bibliotecas públicas híbridas

A biblioteca pública é uma célula viva, uma imagem muito forte do que a sociedade representa, e suas polí-ticas refletem a missão da instituição perante a comu-nidade na qual está inserida. Trata-se, portanto, de “[...] um organismo que converge seus objetivos em favor do usuário, para suas necessidades e particularidades de informação" (Suaiden; Bernardino, p. 34-35, 2011) a fim de oferecer acesso à informação para todos, ou seja, democratizando a informação e formando cida-dãos conscientes. No mesmo sentido, a biblioteca pú-blica pode ser considerada um bem cultural, onde as informações são disseminadas de forma a facilitar o acesso dos usuários às informações produzidas em so-ciedade.

Na trajetória do desenvolvimento das bibliotecas híbri-das (1) no Reino Unido, a mesma começou um tanto improvável. A abolição em 1992, da "divisão binária" entre as velhas universidades e os cursos politécnicos visava o impacto dessas novas bibliotecas na qualidade das pesquisas. Esse assunto foi base para o Joint

Fun-ding Consils’ Libraries Review Group, que, em no-vembro de 1993, produziu o Follet Report, um relatório referido ao presidente da comissão, Prof. Brian Follet, no qual abrangia abordagens de sistemas e redes de infraestrutura para as bibliotecas do Reino Unido (In-ternational Federation Of Library Associations And Institutions, 2002).

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exercício de um viver mais criativo na contemporanei-dade” (Jorente, 2009, p. 2).

Neste cenário, as questões socioculturais que permeiam a contemporaneidade passam a ter novas configurações de integração dentro do caráter informacional e, portan-to, ampliam-se trajetórias para novas atitudes, agora com um aspecto de comportamento cidadão e consci-entização, que possibilitam que o indivíduo participe mais ativamente das questões ligadas à sua comunida-de. Concomitantemente às bibliotecas tradicionais, que abrem espaços para o acesso à informação, uma biblio-teca híbrida define parâmetros comportamen-tais/mentais que permitem uma maior interação cogni-tiva aos usuários e ao proceder dos profissionais da informação.

No ambiente de uma biblioteca híbrida colaborativa existe uma maior flexibilização nos produtos e serviços oferecidos (Pinfield et al., 1998), já que há uma estru-tura organizacional a qual propõe uma multiplicidade de linguagens no fazer biblioteconômico que abrangem os espaços híbridos. A biblioteca híbrida deve ser um espaço cultural que propicie a promoção de diálogos, onde população e tecnologias se relacionem, de forma que as informações registradas no local passam a ga-nhar vida na medida em que são utilizadas.

Segundo Russel, Gardener e Miller (1999), os requisi-tos básicos de uma biblioteca híbrida são: providência de serviços para descoberta, localização, requisição, envio/entrega e utilização dos recursos; o fornecimento de serviços deve ser consistente tanto para recursos locais ou remotos, independentemente do tipo de seu suporte; a estrutura organizacional deve ser flexível, permitindo o desenvolvimento de novos sistemas quando necessário; os sistemas devem basear-se em normas internacionais, permitindo o aumento do volu-me e o tráfego de recursos.

Trata-se, portanto, do “balanço entre o impresso e o digital. Há uma coexistência de coleções em formato tradicional e digital e a que perpassam questões geográ-ficas, por meio de uma rede de pesquisa e acesso pro-vidos dessas bibliotecas.” (Oppenheim; Smithson, 1998, p. 99, tradução nossa). Destarte, há uma media-ção entre os usuários e as ferramentas tecnológicas. Logo, uma biblioteca híbrida combina, em seu ambien-te, produtos eletrônicos e impressos, integrando fun-ções das bibliotecas tradicionais e das digitais. No en-tanto, “Ao contrário de bibliotecas totalmente digitais, uma biblioteca híbrida aumenta as funções de uma bi-blioteca tradicional, em vez de substituí-las”. ( Praka-san; Swarna; Kumar, 2000, p. 293, tradução nossa). Nessa perspectiva, o modelo híbrido é definido não só como a implementação de novos produtos e serviços digitais, como também serviços tradicionais baseados no impresso (Hodges; Lunau, 1999). Sendo assim, a biblioteca híbrida é designada para agregar diferentes

fontes e tecnologias, “[...] refletindo o estado que hoje não é completamente digital, nem completamente im-presso, utilizando tecnologias disponíveis para unir, em uma só biblioteca, o melhor dos dois mundos. (Garcez; Rados, 2002, p. 47).

É interessante, dessa forma, observar que um espaço híbrido se concentra na integração de serviços, e não na presença simultânea de suportes diversos. Refere-se ao crescimento de uma realidade específica para outra, e seus elementos se transformam de acordo com o de-senvolvimento das suas comunidades.

4 Gestão da informação híbrida e o

desenvolvimento de comunidades

A gestão da informação permite a visualização, o pla-nejamento e a organização da informação de modo a disseminá-la com maior eficiência e eficácia. Assim, do mesmo modo que os ambientes híbridos contribuem para a convergência de suportes tradicionais e digitais, a gestão da informação planeja políticas e elabora pla-nos, desenvolvendo estratégias de organização da in-formação (Von Krogh; Ichijo; Nonaka, 2001).

Logo, “À medida que os sistemas de informação se tornam mais globais e interconectados, a informação implícita é, muitas vezes, perdida”. (Capurro; Hjorland, 2007, p. 194). É aqui, portanto, que se inserem os espa-ços informacionais híbridos como meios de inclusão da sociedade na comunicação da informação em unidades de informação.

O foco está no fato de ambientes híbridos possibilita-rem a mediação dos conteúdos informacionais presen-tes no ambiente tradicional e digital das unidades de informação. Assim, a interação homem/máquina e bi-blioteca/sociedade é enfatizada, além de permitir uma maior facilidade na articulação do ambiente.

Levando em conta que a gestão da informação tem um papel fundamental nas unidades de informação, a ges-tão de tecnologias de inovação é algo que deve ocorrer para que as instituições não sejam vistas como um lu-gar obsoleto, mas sim como fontes disseminadoras da informação. Como proporcionadora de geração de co-nhecimento, a biblioteca pública deve atentar-se às necessidades e desejos de seus usuários, para que possa satisfazê-los informacionalmente, facilitando o acesso aos diferentes meios midiáticos disponíveis na socie-dade.

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eficientes acerca das informações geradas e requeridas à instituição (Henrique & Barbosa, 2009).

Torna-se necessário, nesse cenário, novas habilidades de gerenciamento e liderança para o planejamento das decisões relacionadas à organização e disseminação da informação a serem tomadas no local, já que “Possuir o melhor dos equipamentos de tecnologia da informação não é suficiente para prestar serviços de qualidade, mas também é essencial que os profissionais de biblioteca tenham em seus requisitos habilidades para lidar com tecnologia da informação de forma a poder controlar os seus próprios sistemas e [...] em sistemas externos e internos” (Prakasan et al., 2000, p. 294 tradução nossa). Sendo assim, a aplicação estratégica da gestão da in-formação visa facilitar a interação entre o público e a instituição prestadora de serviços, evidenciando as ca-racterísticas de interação e obtenção de informações acerca dos desejos e necessidades dos usuários. No âmbito da Ciência da Informação, o mesmo pode ser relacionado aos meios de disseminação da informação, sendo, nesse sentido, o usuário foco das atividades do profissional da informação, que deve sentir a biblioteca como um local agradável para o desenvolvimento de seus projetos.

5 Resultados e Discussões

O estudo mostrou que a biblioteca pública modelo no aspecto híbrido se encontra em Liverpool, no Reino Unido. A Abolição em 1992, da "divisão binária" entre as velhas universidades e os cursos politécnicos, que visavam o impacto dessas novas bibliotecas na quali-dade das pesquisas foi um aspecto marcante para a tra-jetória do desenvolvimento das bibliotecas híbridas locais.

Esse assunto foi base para o Joint Funding Consils’ Libraries Review Group, que, em novembro de 1993, produziu o Follet Report, um relatório referido ao pre-sidente da comissão, Prof. Brian Follet, no qual abran-gia abordagens de sistemas e redes de infraestrutura para as bibliotecas do Reino Unido (International Fede-ration Of Library Associations And Institutions, 2002). No Brasil, o Centro Interdisciplinar em Gestão Social (Ciags), da Universidade Federal da Bahia (UFBA) destaca o “desenvolvimento e aplicação de uma bibli o-teca híbrida, estabelecendo metodologias para que seja desenvolvido um conjunto de padrões para identificar, armazenar, disponibilizar e gerenciar as informações em diversas mídias” (Figueiredo et al., s.d.). Esse m o-delo também foi desejado pela Biblioteca Nacional de Brasília (BNB), que “desde o início, optou-se pelo mo-delo de “biblioteca híbrida”, erroneamente anunciada pela imprensa como “exclusivamente digital” (Miranda et al. 2007, p. 21).

A Biblioteca de São Paulo – Carandiru é uma referên-cia em bibliotecas híbridas brasileiras, pois faz parte do

conjunto de iniciativas da Secretaria de Estado da Cul-tura para incentivar e promover o gosto pela leiCul-tura, que se dá tanto pelo livro tradicional como pelo digital. Além disso, em sua estrutura organizacional, os livros de papel convivem com as novas tecnologias, como e-readers, aparelhos que possibilitam a leitura de livros

eletrônicos e outras mídias digitais.

O micro ambiente da biblioteca se contextualiza com a população e com o macro ambiente organizacional, o que faz com que a inclusão social seja prezada tanto pelos profissionais da informação quanto pela estrutura organizacional local. “O fascínio de adultos, jovens e crianças pelo mundo digital é uma das possibilidades de aproximação com a leitura. Por isso, não enxerga-mos os livros eletrônicos como rivais, mas sim como aliados na proposta de inclusão social por meio da lei-tura.” (Biblioteca de São Paulo, 2015).

Por fim, foi possível observar que há grande difusão do conceito de ambientes híbridos em países europeus e americanos, que estudam suas características desde a década de 1880. No entanto, estes estudos ainda são pioneiros no contexto brasileiro, possuindo, formal-mente, apenas três bibliotecas públicas de cunho híbri-do.

6 Conclusões

O mundo se transforma a cada segundo e, concomitan-temente, influenciam as necessidades de informação dos indivíduos. Nesse sentido, este estudo prezou pelo desenvolvimento das comunidades que cercam cada contexto informacional, abrangendo, em sua estrutura física e formal, todos os tipos de usuários reais e poten-ciais da biblioteca, independentemente de raça, cor ou sexo.

É o papel da inclusão social reger tais ambientes, de-nominados híbridos, de modo que os mesmos promo-vam cidadãos reflexivos e partícipes em sociedade. As bibliotecas, assim, devem ir de encontro com as de-mandas sociais e culturais, a fim de não se perderem no tempo e/ou tornarem-se lugares desatualizados. Para tanto, o estudo da convergência de linguagens e mídias recorre ao desenvolvimento de espaços híbri-dos, muito bem divulgados nos países europeus e ame-ricanos, mas pouco usado pelos brasileiros. Dessa for-ma, partindo do estudo das bibliotecas híbridas mode-los em âmbito internacional, é possível adequar suas características à gestão das bibliotecas públicas brasi-leiras.

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Essa nova concepção oferece várias possibilidades na pesquisa, armazenagem, processamento, recuperação e disseminação da informação, de modo que o profissio-nal bibliotecário possa melhor desempenhar tais pro-cessos, oferecendo produtos e serviços de maior quali-dade aos seus usuários. Os usuários, nesse contexto, têm diferentes interesses informacionais.

Cabe ao bibliotecário navegar por sistemas de conhe-cimento e fontes de informação, assessorando seus usuários de acordo com seus problemas informacio-nais, gerindo sistemas de informação e transformando os dados e os fluxos de informação entre sistemas por meio da devida comunicação oral. Alia-se, portanto, os aspectos sociais aos culturais, a fim de educar seus usuários no uso da biblioteca e apoiar políticas de aces-so à informação.

Isso requer da biblioteca uma busca constante pela efi-cácia da informação disponibilizada. Logo, o bibliote-cário não pode mais ser visto como um guardador de documentos, pelo contrário, deve participar ativamente das questões políticas, sociais, educacionais e científi-cas que abrangem as bibliotecientífi-cas.

Notas

(1) Oppenheim e Smithson (1999) destacam o termo, utiliza-do pela primeira vez em 1996, por Sutton, em seu capítu-lo publicado no livro “The roles of reference librarians, today and tomorrow”.

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