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Uma análise dos fatores de influência na geração de distorções harmônicas em unidades eólicas

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Uma análise dos fatores de influência na geração de

distorções harmônicas em unidades eólicas

Alex Reis

1

, José Carlos de Oliveira

2

1Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Triângulo Mineiro (IFTM), Patos de Minas MG

2Faculdade de Engenharia Elétrica (FEELT), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), Uberlândia MG

Resumo  A crescente demanda por recursos energéticos de baixo impacto ambiental tem intensificado a participação de parques eólicos nas matrizes energéticas de diversos países. Todavia, intensas discussões acerca do acesso destas gerações às redes elétricas se baseiam, dentre outros efeitos, nos impactos sobre os indicadores de distorções harmônicas no barramento de conexão. De fato, os dispositivos não lineares empregados nos diferentes sistemas eólicos possuem correlações diretas com os padrões de qualidade da energia elétrica. Nesse contexto, este trabalho se direciona para uma avaliação das características operacionais dos aerogeradores a conversores plenos, no que tange seu desempenho harmônico. De forma pontual, serão sintetizadas os principais fatores responsáveis pela produção de distorções harmônicas, os quais serão corroborados com resultados de simulações computacionais e medições em campo.

Palavras-chaves  Distorção Harmônica, Energia Eólica, Modelagem Computacional, Qualidade da Energia.

I.INTRODUÇÃO

Recentes dados apontam que os interesses manifestados pela utilização de parques eólicos conduziram, até junho de 2014, a uma capacidade de geração instalada em todo mundo de cerca de 360 GW, número este que reflete um aumento de cerca de 16% em relação ao mesmo período de 2013. Nesse sentido, alguns países, a exemplo da Dinamarca e Portugal, possuem parques eólicos responsáveis por produzir cerca de 25% de toda a energia elétrica consumida [1]. No Brasil, muito embora a situação quanto a participação da matriz energética seja inferior a estes números, há de se reconhecer que os horizontes futuros apontam para um crescimento exponencial desta fonte. Neste particular, é esperado que, para o ano de 2020, a produção de energia eólica atinja cerca de 9% de toga geração elétrica produzida o país.

Um aspecto meritório de destaque está vinculado com os pontos de acoplamento dos parques eólicos. De fato, a integração harmoniosa destas fontes de energia às redes elétricas pressupõe o atendimento a diversos requisitos e procedimentos, os quais se encontram estabelecidos em documentos ou normas específicas, tais como a IEC 61400-21[2], ou a IEEE 1457 [3], ou ainda códigos de rede específicos de cada país. Dentre outros quesitos, tais documentos contemplam questões atreladas com a operação em condições anormais de frequência e tensão, controles de potência ativa e reativa, impactos sobre os indicadores de distorções harmônicas e flutuação de tensão e, por fim, a suportabilidade dos aerogeradores quanto a afundamentos de

tensão na rede (Low Voltage Ride Through) [4].

Nesse contexto, surge a temática relacionada com os impactos que a integração destas fontes de energia provocam e, ao mesmo tempo, estão sujeitas quando em operação interligada ao sistema elétrico. Uma característica comum deste tipo de geração se refere a não constância de sua fonte primária, implicando, pois, em expressivas oscilações das potências injetadas e respectivos efeitos sobre os níveis de tensão. Somado a isto, ressalta-se o emprego, para determinados sistemas eólicos, de conversores eletrônicos, os quais, embora possibilitem o acoplamento das unidades geradoras às redes elétricas, se constituem em dispositivos geradores de harmônicos.

Assim, diversas pesquisas e publicações têm sido realizadas com vistas à caracterização do desempenho harmônico de parques eólicos. Os trabalhos descritos em [5-8] apresentam uma análise, em função de modelagens computacionais ou dados advindos de medições, da emissividade de correntes harmônicas em diferentes sistemas de geração eólica. Por outro lado, as referências [9, 10] buscam a identificação de fatores responsáveis pela geração de distorções harmônicas nos aerogeradores conhecidos por

DFIG (Doubly Fed Induction Generator). Nestes sistemas de

geração, aspectos construtivos do gerador de indução, bem

como as condições operativas do conversor back-to-back se

apresentam como os principais fatores para a geração de distorções harmônicas. No que tange os sistemas eólicos constituídos por conversores plenos, a unidade inversora se apresenta como o principal elemento não linear, a qual tem seu desempenho harmônico influenciado pelas características do chaveamento PWM [11, 12]. Nesse sentido, os resultados apresentados em [13, 14] mostram avaliações do

comportamento do referido componente nestes

aerogeradores.

Outro aspecto importante investigado e atinente ao tema em pauta refere-se a interação dos aerogeradores e as distorções preexistentes nos pontos de conexão. Neste campo, diversos trabalhos, a exemplo de [15] e [16], abordam estas questões e propõem metodologias e modelos para a determinação de uma impedância harmônica equivalente para o conjunto inversor-filtro e mecanismos de mitigação a serem adotados pelas malhas de controle das unidades inversoras. À luz dos fatos anteriores, este artigo se destina a uma análise dos fatores operacionais que ocasionam a produção de distorções harmônicas em sistemas eólicos a conversores plenos. Neste contexto, o principal foco do trabalho está na fundamentação dos princípios operacionais dos conversores de conexão com a rede CA e que venham a esclarecer a

(2)

existência das diversas ordens harmônicas presentes e suas respectivas magnitudes, em consonância com as condições operativas impostas pelos respectivos sistemas de controle. Complementando os conceitos apresentados ao longo do trabalho, resultados de simulações computacionais e medições em campo são apresentados visando oferecer uma base sólida para uma melhor compreensão do tema explorado.

II. FUNDAMENTOS OPERACIONAIS QUANTO A GERAÇÃO DE DISTORÇÕES HARMÔNICAS

A Fig. 1 apresenta a topologia típica de um sistema eólico constituído por máquina síncrona e conversor pleno, sendo que este último componente se destina ao processamento de toda a energia produzida pelo gerador [1].

Fig. 1: Diagrama esquemático de sistemas eólicos a conversos plenos

Tomando-se por base a topologia anteriormente apresentada, procede-se, na sequência, a uma análise da correlação operativa entre a unidade de geração, com destaque ao inversor de conexão com a rede elétrica, e o conteúdo harmônico produzido por este componente.

De antemão, deve-se ressaltar que as componentes

harmônicas geradas pelos inversores encontram-se

associadas, basicamente, a três possíveis origens:

 Chaveamento do PWM;

 “Tempo morto” entre as comutações das chaves e;

 Distorções preexistentes no barramento de conexão.

A. Distorções harmônicas inerentes ao chaveamento PWM

Os harmônicos de tensão produzidos inerentemente ao chaveamento PWM estão relacionados, basicamente, a dois fatores: um primeiro, conhecido por índice de modulação em

frequência (𝑚𝑓), e outro, chamado de índice de modulação

em amplitude (𝑚𝑎), conforme apresentado em [17]. Estas

grandezas são definidas, respectivamente, por (1) e (2).

𝑚𝑓=𝑓𝑓𝑚

𝑝 (1)

𝑚𝑎=𝑉𝑉𝑝

𝑚 (2)

onde: 𝑓𝑝 é a frequência da onda portadora; 𝑓𝑚 é a frequência

da onda moduladora; 𝑉𝑚 é a amplitude da onda moduladora;

𝑉𝑝 é a amplitude da onda portadora.

O índice de modulação em frequência determina o conteúdo harmônico de alta frequência existente na tensão de saída do conversor, o qual é caracterizado por (3). Esta expressão define as ordens harmônicas produzidas pelo inversor em questão.

ℎ = 𝑙 ∙ 𝑚𝑓± 𝑘 (3)

onde: h é a ordem harmônica; k = 2, 4, 6, para l = 1, 3, 5 e k

= 1, 3, 5 para l = 2, 4, 6.

Quanto ao índice de modulação em amplitude, esta

grandeza está diretamente afeita ao valor da tensão, em frequência fundamental, obtida na saída do inversor. A correlação entre tais grandezas está mostrada na Fig. 1, na qual se evidenciam três regiões de operação:

Fig. 1: Regiões de operação da unidade inversora

região linear: a tensão na saída do inversor, como o

próprio nome explicita, varia linearmente com o índice de modulação em amplitude. Quando da operação nesta região, o conteúdo harmônico da tensão de saída é aquele exemplificado na Fig. 2, o

qual revela uma componente fundamental

dominante e um conjunto de tensões harmônicas nas proximidades da frequência de chaveamento.

(a)

(b)

Fig. 2: Operação na região linear

região de sobremodulação: este regime

operacional se caracteriza por uma relação não-linear entre o índice de modulação e a tensão de saída do inversor. Nestas situações ocorre a produção de componentes harmônicas de baixa frequência nas tensões de saída do conversor, conforme exemplificado pela Fig. 3. Como pode ser constatado, estas frequências inferiores encontram-se associadas, concomitantemente, com aquelas anteriormente referidas.

(a) Turbina eólica

Gerador

síncrono

~

- -

~

Filtro LCL

Retificador Inversor

PCC Transformador

Equivalente da rede elétrica

Região linear

Sobremodulação Onda quadrada

1 4

Índice de modulação Tensão

de saída

-900 -600 -300 0 300 600 900

Tempo (ms)

0,00 2,08 4,16 6,24 8,32 10,40 12,48 14,56 16,66

T

e

n

o

(V)

0 10 20 30 40 50

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Amp

lit

u

d

e

(p

u

)

Ordem harmônica

-900 -600 -300 0 300 600 900

T

e

n

o

(

V)

Tempo (ms)

0,00 2,08 4,16 6,24 8,32 10,40 12,48 14,56 16,66

√3𝑉2𝑐𝑐 4√3𝑉𝑐𝑐

2𝜋

(3)

(b)

Fig. 3: Operação na região de sobremodulação

região de saturação ou operação com onda

quadrada: esta compreende o funcionamento do

inversor com vistas a oferecer os maiores níveis para as tensões de saída. Sob tais condições, conforme evidenciado pela Fig. 4, a forma de onda da tensão produzida pelo inversor contém uma ampla gama de componentes, com destaque a predominância, em magnitude, daquelas de mais baixa ordem. Via de regra, como pode ser observado, as amplitudes das distorções harmônicas se mostram inversamente proporcionais às suas frequências.

(a)

(b)

Fig. 4: Operação na região de saturação

B. Distorções harmônicas produzidas pelos atrasos nos processos de chaveamento

Outro aspecto de suma importância para a caracterização do desempenho harmônico de unidades inversoras está na

consideração do denominado “tempo morto das chaves”. Esta

estratégia é frequentemente utilizada nos processos de comutação entre as chaves eletrônicas que perfazem os inversores comerciais e tem por objetivo principal a

consideração dos tempos de comutação dos IGBT’s. Visando

pois evitar a superposição de condução de chaves, a técnica empregada consiste no estabelecimento de mecanismos que promovam um intertravamento de duas chaves de um mesmo braço, evitando assim que o barramento CC se submeta a um curto-circuito durante o processo de chaveamento. Tal mecanismo encontra-se materializado na forma de atrasos programados entre os pulsos de acionamento, conforme indicado na Fig. 5.

Fig. 5: Pulsos de acionamento considerando o “tempo morto” das chaves

Embora o atraso no processo de chaveamento garanta a operação adequada do conversor, há consequências deste processo sobre a forma de onda da tensão de saída. De fato, esta é fortemente impactada pelas alterações no padrão de chaveamento, como contemplado na sequência.

Uma vez imposto o denominado “tempo morto” entre a

saída de uma chave e a entrada da outra, ambas permanecem, temporariamente, inativas. Neste período de tempo, naturalmente, a corrente do sistema não é anulada, mas sim,

flui através dos diodos de roda livre existentes nos IGBT’s.

Diante desta condição, há um aumento ou redução na largura dos pulsos de acionamento, conforme ilustrado pela Fig. 6, as quais ocasionam impactos relevantes sobre a produção de distorções harmônicas presentes nas tensões de saída.

Fig. 6: Alterações no PWM devido ao “tempo morto”

Trabalhos desenvolvidos, a exemplo de [18], apresentam

uma avaliação quantitativa dos efeitos da inclusão do “tempo morto” no chaveamento do inversor. De forma simplificada,

as distorções harmônicas de tensão ocasionadas por este processo podem ser representadas pela sobreposição, à onda de tensão fundamental, de uma onda quadrada, a qual se encontra defasada em 180º da corrente circulante no sistema

e possui a amplitude (∆𝑉) definida em (4).

∆𝑉 =𝑀𝑇𝑇 𝑉𝑑 𝑐𝑐 (4)

onde: 𝑀 é o número de chaveamentos em um ciclo; 𝑇𝑑 é o

“tempo morto” do chaveamento; 𝑇 é o período de

chaveamento; 𝑉𝑐𝑐 é a tensão no barramento CC.

A Fig. 7 mostra os efeitos relatados anteriormente, indicando, portanto, que a tensão de saída do inversor é alterada de forma tal a gerar componentes harmônicas através de outro mecanismo que não o anteriormente considerado.

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Amp

lit

u

d

e

(

p

u

)

0 10 20 30 40 50

Ordem harmônica

Tempo (ms)

0,00 2,08 4,16 6,24 8,32 10,40 12,48 14,56 16,66 -900

-600 -300 0 g 600 900

T

e

n

o

(V)

0 10 20 30 40 50

Ordem harmônica

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Ampl

it

u

de

(

p

u

)

Atraso

Atraso Pulso ideal

Pulso real Ativo

Inativo

Ativo

Inativo

Redução na largura do pulso

Atraso

Atraso Pulso ideal

Pulso real Ativo

Inativo

Ativo

Inativo

Incremento na largura do pulso

P

a

d

o

d

a

t

e

n

o

d

e

sa

íd

a

Corrente instantânea

positiva

Corrente instantânea

(4)

Maiores detalhes sobre esta correlação podem ser encontrados em [18]. Esta referência deixa claro que o fenômeno ora considerado é responsável pela geração de componentes harmônicos de tensão de baixa ordem.

Fig. 7: Impacto do “tempo morto” das chaves na tensão de saída

C. Distorções presentes na interconexão do parque eólico com a rede elétrica.

Quando da conexão de inversores em barramentos previamente distorcidos, pode-se evidenciar uma outra situação capaz de alterar o fluxo harmônico estabelecido entre o aerogerador e a rede elétrica. Tal situação se caracteriza pela utilização de tensões e correntes medidas na realimentação dos mecanismos de controle existentes em tais complexos. Nestas condições, pode-se configurar uma terceira via para a questão em foco, a saber:

 Tensões harmônicas no barramento de conexão

No que tange às tensões presentes nos barramentos de conexão dos aerogeradores, estas são utilizadas como referências para a sincronização do inversor com a rede elétrica. Nesse sentido, as distorções de tensão existentes no barramento de conexão impactam, principalmente, a operação dos algoritmos PLL ou FLL. Todavia, vale destacar que as estruturas empregadas atualmente em inversores destinados a geração de energia, a exemplo do DSOGI-FLL [19], são imunes às questões aqui apontadas. Portanto, no que tange a esta via, há de se considerar que os efeitos da mencionada interação não se fazem relevantes.

 Correntes harmônicas na linha de conexão

Por outro lado, as correntes circulantes entre o aerogerador e o ponto de conexão são utilizadas como realimentação da malha de controle de corrente do inversor, conforme evidenciado pela Fig. 8, se mostram mais relevantes ao processo. Isto se deve, sobremaneira, ao fato que as correntes de eixo direto e em quadratura devem corresponder aos valores em frequência fundamental, objetivando o ajuste dos fluxos de potência ativa e reativa. Quando da presença de distorções harmônicas nas correntes medidas, tais variáveis apresentarão perturbações em seu comportamento, fato este impactante no desempenho da malha de controle.

Fig. 8: Estratégia de controle em frequência fundamental

Para uma melhor compreensão deste mecanismo, deve-se considerar que as correntes trifásicas circulantes entre o

aerogerador e a rede elétrica, medidas para a realimentação do sistema de controle, sejam expressas por (5), (6) e (7). Nestas equações apenas uma única componente harmônica, de ordem genérica, foi adicionada à respectiva componente fundamental.

𝑖𝑎,𝑚𝑒𝑑= 𝐼1𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 𝜑) + 𝐼ℎ𝑐𝑜𝑠(ℎ(𝜔𝑡 − 𝜑)) (5)

𝑖𝑏,𝑚𝑒𝑑= 𝐼1𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 − 2𝜋/3 − 𝜑 ) + 𝐼ℎ𝑐𝑜𝑠(ℎ(𝜔𝑡 − 2𝜋/3 − 𝜑)) (6)

𝑖𝑐,𝑚𝑒𝑑= 𝐼1𝑐𝑜𝑠(𝜔𝑡 + 2𝜋/3 − 𝜑) + 𝐼ℎ𝑐𝑜𝑠(ℎ(𝜔𝑡 + 2𝜋/3 − 𝜑)) (7)

onde: 𝑖𝑎,𝑚𝑒𝑑, 𝑖𝑏,𝑚𝑒𝑑 e 𝑖𝑐,𝑚𝑒𝑑 são as correntes instantâneas nas

fases a, b e c, respectivamente; 𝐼1 é a amplitude da corrente

fundamental; é a ordem harmônica; 𝐼 é a amplitude da

corrente harmônica de ordem ℎ; 𝜔 é a frequência angular; 𝑡 é

o tempo; 𝜑 é o defasagem entre tensão e corrente.

Considerando a transformação vetorial [17], a qual utiliza o ângulo da tensão fundamental como referência, as correntes apresentadas em (5), (6) e (7) podem ser referidas ao sistema dq0, cujo resultado é dado por (8) e (9). Estas expressões evidenciam a existência de um termo oscilatório, proporcional à amplitude das componentes harmônicas, o qual é adicionado ao sinal contínuo advindo das componentes de frequência fundamental.

𝐼𝑑,𝑚𝑒𝑑= 𝐼1𝑐𝑜𝑠(𝜑) + 𝐼ℎ𝑐𝑜𝑠((ℎ − 1)𝜔𝑡 − 𝜑) (8)

𝐼𝑞,𝑚𝑒𝑑= 𝐼1𝑠𝑒𝑛(𝜑) + 𝐼ℎ𝑠𝑒𝑛((ℎ − 1)𝜔𝑡 − 𝜑) (9)

onde: 𝐼𝑑,𝑚𝑒𝑑 e 𝐼𝑞,𝑚𝑒𝑑 são as correntes de eixo direto e

quadratura, respectivamente.

Assim, ao se realizar a comparação entre as grandezas medidas e seus respectivos valores de referência, a malha de controle de corrente produzirá as variáveis de saída definidas por (10) e (11). Estas mostram a existência de um termo contínuo ao qual é sobreposto outro oscilante.

𝐸𝑑= (𝐾𝑝+𝐾𝑠 ) (𝐼𝐼 𝑑,𝑟𝑒𝑓− 𝐼1𝑐𝑜𝑠(𝜑)) + (𝐾𝑝+𝐾𝑠 ) 𝐼𝐼 ℎ𝑐𝑜𝑠((ℎ − 1)𝜔𝑡 − 𝜑) (10)

𝐸𝑞= (𝐾𝑝+𝐾𝑠 ) (𝐼𝐼 𝑞,𝑟𝑒𝑓− 𝐼1𝑠𝑒𝑛(𝜑)) + (𝐾𝑝+𝐾𝑠 ) 𝐼𝐼 ℎ𝑠𝑒𝑛((ℎ − 1)𝜔𝑡 − 𝜑) (11)

onde: 𝐸𝑑 e 𝐸𝑞 são as tensões de eixo direto e quadratura nos

terminais do inversor, respectivamente; 𝐾𝑝 e 𝐾𝐼 são os

ganhos dos controladores PI.

As expressões (10) e (11) permitem as seguintes constatações:

 No que tange à componente contínua, os

controladores PI tendem a reduzir a diferença entre os valores de referência e aqueles medidos, objetivando atender aos requisitos de fluxo de potência ativa e reativa;

 Quanto ao termo oscilante, este é transmitido aos

sinais de saída dos controladores, impactando, portanto, na tensão a ser sintetizada nos terminais do inversor.

Portanto, as tensões de saída nos terminais do inversor se apresentarão com amplitudes e ângulos de fase nos termos definidos pelas equações (5.12) e (5.13).

𝑉 = √32 (𝐸𝑑,12+ 𝐸𝑑,ℎ2+ 2𝐸𝑑,1𝐸𝑑,ℎ𝑐𝑜𝑠 ((ℎ − 1)𝜔𝑡 − 𝜑)) (12)

𝜃′= 𝜔𝑡 + 𝑎𝑟𝑐𝑡𝑔 ( 𝐸𝑑,ℎ𝑠𝑒𝑛 ((ℎ − 1)𝜔𝑡 − 𝜑)

𝐸𝑑,1+ 𝐸𝑑,ℎ𝑐𝑜𝑠 ((ℎ − 1)𝜔𝑡 − 𝜑)) (13)

onde: 𝐸𝑑,1 e 𝐸𝑑,ℎ são as amplitudes dos sinais de saída

gerados pelo controlador PI.

Tensão fundamental do inversor Corrente da carga Tensão do tempo morto Tensão resultante na saída

Tempo (s)

PI PI +

-+

-++

-+ +

𝐼𝑑,𝑟𝑒𝑓

𝐼𝑞,𝑟𝑒𝑓

𝐼𝑑,𝑚𝑒𝑑

𝐼𝑞,𝑚𝑒𝑑

𝐸𝑑

𝐸𝑞

𝑉

𝜔𝐿𝑓 𝐼𝑞,𝑚𝑒𝑑

(5)

III.AVALIAÇÃO DE DESEMPENHO

Tendo em vista os conceitos detalhados anteriormente, esta seção apresenta resultados de simulações computacionais para elucidar o comportamento harmônico da unidade eólica em pauta. Para tanto, os modelos matemáticos dos dispositivos que perfazem os aerogeradores foram

implementados no software ATP, estando apoiados na

utilização de recursos preexistentes nas bibliotecas do referido aplicativo, bem como no emprego da linguagem MODELS [20].

Somado aos desempenhos computacionais obtidos e objetivando avaliar o nível de aderência dos resultados ao comportamento físico dos complexos em pauta, as respostas proporcionadas pelos modelos são comparadas com dados de medição advindos de aerogeradores reais [20]. As características básicas da unidade inversora do complexo eólico utilizado e simulado estão indicadas na Tabela I.

TABELA I.CARACTERÍSTICAS DA UNIDADE INVERSORA.

Característica operacional Valor

Potência nominal do inversor (MVA) Tensão no barramento CC do inversor (V) Frequência de chaveamento (Hz)

Filtro LCL – Indutância do lado do conversor (mH) Filtro LCL – Capacitância (µF)

Filtro LCL –Resistência de amortecimento (Ω)

Filtro LCL – Indutância do lado do rede (mH)

“Tempo morto” das chaves (µs)

2,00 1200,00 2500,00 0,14 780,00 0,10 0,14 8,00

Para a presente avaliação foram adotadas condições de vento que proporcionaram fornecimentos de potência ativa da ordem de 10%, 50% e 100% da potência nominal do aerogerador, conforme apresentado na Fig. 9, situações estas que viabilizam a comparação dos resultados computacionais com as grandezas medidas em campo. Vale ressaltar que os

desempenhos comparativos entre os resultados

computacionais e as medições em campo somente foram possíveis para esta situação.

(a) Resultado computacional

(b) Medição em campo

Fig. 9: Potência ativa produzida pelo aerogerador

De forma complementar, a Fig. 10 mostra o comportamento do fluxo de potência reativa entre o aerogerador e a rede elétrica, tendo em vista os resultados computacionais e as medições em campo. Nesta situação, as referências para a malha de controle de potência reativa são fixas e se caracterizam pelos valores percentuais advindos dos dados medidos.

(a) Resultado computacional

(b) Medição em campo

Fig. 10: Fluxo de potência reativa entre o aerogerador e rede elétrica

No que tange às correntes produzidas pelo aerogerador, as Fig. 11, 12 e 13 apresentam, para cada uma das situações operativas, as formas de onda simuladas e medidas no lado de baixa tensão do transformador elevador. Constata-se que as mesmas apresentam-se consonantes, fato este que sustenta a boa correlação entre os modelos teóricos com o comportamento de campo.

(a) Resultado computacional

(b) Medição em campo

Fig. 11: Correntes produzidas pelo aerogerador – 1 p.u. de geração

(a) Resultado computacional

(b) Medição em campo

Fig. 12: Correntes produzidas pelo aerogerador – 0,5 p.u. de geração

0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Po

nci

a ati

va

(

pu)

Tempo (s)

1,0 2,0

0 1,2

13,0 m/s 10,5 m/s 6,0 m/s

Tempo (s)

1,0 2,0

0 0,0 0,2 0,4 0,6 0,8 1,0

Potên

ci

a at

iva (pu

)

1,2

13,0 m/s 10,5 m/s 6,0 m/s

-0,12 -0,10 -0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 0,02

Po

tênci

a

rea

tiva (pu

)

0,04

Tempo (s)

1,0 2,0

0

13,0 m/s 10,5 m/s 6,0 m/s

Tempo (s)

1,0 2,0

0 -0,12 -0,10 -0,08 -0,06 -0,04 -0,02 0,00 0,02

Po

tência

reativa

(pu)

0,04

13,0 m/s 10,5 m/s 6,0 m/s

1,5 1,5166 1,5332 1,5498 1,5664 1,5833 -1,2

-0,8 -0,4 0,0 0,4 0,8 1,2

Tempo (s)

C

orre

nt

e

(pu)

-1,2 -0,8 -0,4 0,0 0,4 0,8 1,2

Co

rrente

(pu)

1,5 1,5166 1,5332 1,5498 1,5664 1,5833

Tempo (s)

1,5 1,5166 1,5332 1,5498 1,5664 1,5833

Tempo (s)

-1,00 -0,50 0,00 0,50 1,00

C

o

rren

te

(pu)

1,5 1,5166 1,5332 1,5498 1,5664 1,5833

Tempo (s)

-1,00 0,00 0,50 1,00

C

o

rr

en

te

(

p

u

)

C

o

rr

en

te

(

p

u

)

(6)

(a) Resultado computacional

(b) Medição em campo

Fig. 13: Correntes produzidas pelo aerogerador – 0,1 p.u. de geração

De forma complementar, a Tabela II apresenta as distorções harmônicas individuais para as situações anteriormente apresentadas. Embora existam algumas pequenas diferenças entre os resultados computacionais e as medições em campo, as quais se justificam pela ausência de todas os parâmetros do aerogerador real, destaca-se que os valores se apresentam aderentes, corroborando com os conceitos abordados ao longo do trabalho.

TABELA II.DISTORÇÃO HARMÔNICA DE CORRENTE PRODUZIDA PELO

AEROGERADOR, PARA DIFERENTES CONDIÇÕES DE GERAÇÃO.

Potência

fornecida Resultado

Ordem harmônica

2ª 5ª 7ª 11ª 13ª

1,0 pu Medição em campo 0,12% 0,85% 0,40% 0,24% 0,20% Computacional 0,17% 0,96% 0,62% 0,28% 0,16%

0,5 pu Medição em campo 0,13% 0,76% 0,45% 0,01% 0,01% Computacional 0,16% 0,53% 0,42% 0,19% 0,07%

0,1 pu Computacional 0,39% 0,42% 0,89% 0,23% 0,03% Medição em campo 0,01% 0,40% 0,45% 0,01% 0,01%

IV.CONCLUSÕES

Este artigo apresentou uma síntese das características operacionais das unidades eólicas a conversores plenos, quanto à geração de distorções harmônicas. Como visto, tais distorções são oriundas de alterações na forma de onda da tensão terminal das unidades inversoras, as quais possuem sua operação influenciada pelo comportamento do índice de modulação, por atrasos nos pulsos do chaveamento PWM e distorções preexistentes no ponto de conexão. Nesse sentido, a conexão destas gerações implica no estabelecimento de um fluxo de correntes harmônicas entre os aerogeradores e a rede elétrica, o que pode ocasionar, em muitos casos, a violação dos limites estabelecidos pelos órgãos reguladores, implicando, por consequência, na necessidade de adoção de medidas mitigatórias.

Visando a realização de investigações voltadas para a ratificação dos conceitos apresentados, foram, conduzidos trabalhos de simulação associados ao desempenho de unidades eólicas individuais. Os desempenhos obtidos computacionalmente foram correlacionados com informações derivadas de medições diretas conduzidas em campo, fato este que ratificaram os fatores de influência do desempenho harmônico dos aerogeradores em pauta.

Por fim, o conhecimento das características apresentadas neste trabalho se torna essencial para o desenvolvimento e

implementação de mecanismos de mitigação alternativos, a exemplo de estratégias de chaveamentos controlados da unidade inversora.

V.REFERÊNCIAS

[1] F. Blaabjerg, M. Liserre, and M. Ke, "Power Electronics Converters for Wind Turbine Systems," Industry Applications, IEEE Transactions on, vol. 48, pp. 708-719, 2012.

[2] IEC, "Wind turbines – Part 21: Measurement and assessment of power quality characteristics of grid connected wind turbines," 2008.

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Referências

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