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Análise experimental de metacognição: o papel da importância de controlar o pensamento sobre um impulso de agressão

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Academic year: 2020

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Universidade do Algarve

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Departamento de Psicologia e Ciências da Educação

Análise experimental de metacognição: O papel da importância de

controlar o pensamento sobre um impulso de agressão

Tiago Miguel Dos Santos Pereira Martins

Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clinica e da Saúde

Trabalho elaborado sob a orientação da Prof. Doutora Antónia Ros

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Universidade do Algarve

Faculdade de Ciências Humanas e Sociais Departamento de Psicologia e Ciências da Educação

Análise experimental de metacognição: O papel da importância de

controlar o pensamento sobre um impulso de agressão

Tiago Miguel Dos Santos Pereira Martins

Dissertação para a obtenção do grau de Mestre em Psicologia Clinica e da Saúde

Trabalho elaborado sob a orientação da Prof. Doutora Antónia Ros

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Análise experimental de metacognição: O papel da importância de

controlar o pensamento sobre um impulso de agressão

Declaração de autoria de trabalho

Declaro ser o autor deste trabalho, que é original e inédito. Autores e trabalhos consultados estão devidamente citados no texto e constam da listagem de referências incluída.

________________________________________ (Tiago Miguel Dos Santos Pereira Martins)

Copyright by

Tiago Miguel Dos Santos Pereira Martins

A Universidade do Algarve tem o direito, perpétuo e sem limites geográficos, de arquivar e publicitar este trabalho através de exemplares impressos reproduzidos em papel ou de forma digital, ou por qualquer outro meio conhecido ou que venha a ser inventado, de o divulgar através de repositórios científicos e de admitir a sua cópia e distribuição com objetivos educacionais ou de investigação, não comerciais, desde que seja dado crédito ao autor e editor.

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AGRADECIMENTOS

Quero agradecer, em primeiro lugar, à Professora Antónia Ros por todo o envolvimento e investimento que revelou durante a realização desta dissertação. Agradeço a disponibilidade, a vontade de ensinar e transmitir conhecimentos, assim como toda a sua paciência e o apoio.

Estendo também este agradecimento aos docentes do curso de Psicologia da UAlg por me terem possibilitado aprendizagens e conhecimentos para o meu desenvolvimento pessoal e profissional.

O meu mais sincero obrigado ao meu Pai e à minha Mãe. Agradeço-vos por tudo! Um obrigado também muito especial e cheio de carinho para a minha Avó.

Agradeço também a todos os que conheci na UAlg e em Faro com quem tenho mantido amizade. Em particular, um obrigado ao meu compadre que tem sido um verdadeiro amigo e tem-me acompanhado desde os meus primeiros passos na universidade.

Por fim, mas não menos importante, agradeço a todas as “vítimas” que participaram na investigação.

A todos os que contribuíram de forma mais direta ou indireta para este caminho e para a realização da minha tese de mestrado, o meu obrigado!

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RESUMO

Os modelos cognitivos têm vindo a enfatizar a relevância das intrusões e da interpretação pelas crenças metacognitivas para a origem e desenvolvimento da POC. A presente investigação teve como objetivo desenvolver uma crença metacognitiva através da indução experimental de crenças sobre a importância de controlar o pensamento.

Participaram 85 sujeitos não-clínicos, com idades compreendidas entre os 18 e os 51 anos. Os participantes responderam a medidas de obsessões, controlo do pensamento e afeto e, na fase de pré-teste, a medidas de crenças obsessivas e metacognição. Foram aleatoriamente atribuídos a duas condições experimentais: os participantes da condição experimental leram um resumo sobre a importância de controlo do pensamento e os do grupo de controlo leram um resumo neutro. Posteriormente foi pedido aos participantes que nomeassem uma das pessoas para eles mais significativas e que imaginassem que experimentavam um impulso de a agredir fisicamente. Após esta tarefa os participantes responderam a um questionário sobre a experiência e repetiram as medidas de crenças obsessivas e metacognição.

Os resultados mostraram que a leitura do resumo acerca da importância de controlar o pensamento reduziu crenças metacognitivas. Após a manipulação experimental, os indivíduos reduziram as suas crenças acerca: (a) possibilidade e desejabilidade para controlar o pensamento, (b) sobrestimação do perigo, (c) perfecionismo e (d) sobrestimação da importância do pensamento. A intrusividade não diferiu nos dois grupos, contudo os participantes que leram o resumo sobre a importância de controlar o pensamento aumentaram a sua perceção sobre o sucesso das estratégias de controlo do pensamento.

Palavras-chave: Perturbação obsessivo-compulsiva; Intrusão; Metacognição; Importância de controlar o pensamento.

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ABSTRACT

Cognitive models have come to emphasize the relevance of intrusions and interpretation by the metacognitive beliefs for the origin and development of POC. This research aimed to develop a metacognitive belief through the induction of experimental beliefs about the importance to control thoughts.

Participated 85 subjects non-clinical, aged between 18 and 51 years. The participants responded to measures of obsessions, thought control and affection and, in the pre-test, the measures of obsessive beliefs and metacognition. They were randomly assigned to two experimental conditions: the participants in the experimental condition read an abstract about importance to control thoughts and the control group read a neutral abstract. Then participants were asked to name one person significant for them and imagine that experienced an aggressive impulse to that person. After this task, participants responded to a questionnaire about the experience and repeated measures of obsessive beliefs and metacognition.

The results showed that the reading of an abstract about the importance to control thoughts reduced metacognitive beliefs. After the experimental manipulation, individuals reduced their beliefs about: (a) possibility and desirability to control thoughts, (b) overestimation of threat, (c) perfectionism, and (d) overestimate the importance of thoughts. The intrusiveness did not differ between the two groups however the participants who read the abstract about the importance to control thoughts increased their perception about the success of thought control strategies.

Keywords: Obsessive-compulsive disorder; Intrusion; Metacognition; Importance to

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ÍNDICE

Conteúdo

1. INTRODUÇÃO ... 1 2. MÉTODOS ... 7 2.1. Amostra ... 7 2.2. Instrumentos e materiais ... 8

2.3. Procedimento de recolha de dados ... 10

2.4. Procedimento de análise de dados ... 11

3. RESULTADOS ... 12

3.1. Análise da verificação da manipulação experimental ... 12

3.2. Efeito da manipulação experimental sobre as crenças metacognitivas ... 14

3.3. Efeito da imaginação de um impulso de agressão sobre as variáveis relacionadas com a intrusão ... 24 4. DISCUSSÃO ... 29 5. LIMITAÇÕES E CONCLUSÕES ... 33 6. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ... 35 ANEXOS ... 40 APÊNDICES ... 55

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ÍNDICE DE FIGURAS

Figura 1. Crenças acerca da necessidade de controlar o pensamento e da incontrolabilidade e

perigo no pré e pós momento da manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância). ... 15

Figura 2. Crenças acerca da tendência a centrar-se nos pensamentos no pré e pós momento da

manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância). ... 16

Figura 3. Crenças acerca da capacidade de supervisão dos próprios pensamentos no pré e pós

momento da manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância).... 17

Figura 4. Crenças acerca da importância dos pensamentos no pré e pós momento da

manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância). ... 19

Figura 5. Crenças relativas ao viés fusão pensamento-ação de tipo probabilidade no pré e pós

momento da manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância).... 20

Figura 6. Crenças acerca do viés fusão pensamento-ação de tipo moral no pré e pós momento

da manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância). ... 21

Figura 7. Crenças acerca da sobrestimação do perigo no pré e pós momento da manipulação

experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância). ... 22

Figura 8. Crenças acerca do perfecionismo no pré e pós momento da manipulação

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ÍNDICE DE TABELAS

Tabela 1. Variáveis psicológicas e psicopatológicas entre os GE e GC (Resultados do Teste de Independência do T-Teste) ... 7 Tabela 2. Representação gráfica do procedimento ... 11 Tabela 3. Variáveis compreensão dos resumos atribuídos entre os GE e GC (Resultados do teste t para amostras independentes). ... 13 Tabela 4. Variáveis de audição de gravação e imaginação do impulso de agressão entre os GE e GC (Resultados do teste t para amostras independentes) ... 13 Tabela 5. Mal-estar experienciado, Necessidade de controlar o impulso de agressão, grau de ego distonia, viés fusão pensamento-ação (moral e probabilidade), duração da intrusão, controlo do pensamento intrusivo e estratégias de controlo após a imaginação de um impulso de agressão contra uma pessoa significativa entre os GE e GC (Resultados do Teste de Independência do T-Teste). ... 24 Tabela 6. Emoção experimentada após a descrição do impulso de agressão de esfaquear uma pessoa significativa (Resultados do Teste de Independência do Qui-Quadrado)... 26 Tabela 7. Pensamento de esfaquear a pessoa significativa (Resultados do Teste de Independência do Qui-Quadrado). ... 27 Tabela 8. Estratégias para controlar o pensamento (Resultados do Teste de Independência do Qui-Quadrado). ... 28

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ÍNDICE DE ANEXOS

Anexo A. Consentimento Informado ... 41

Anexo B. Questionário de Dados Sociodemográficos ... 42

Anexo C. Vancouver Obsessional Compulsive Inventory ... 43

Anexo D. Inventario de creencias obsesivas, versión reducida ... 47

Anexo E. Cuestionario Español de Metacognición ... 50

Anexo F. Questões de Metacognição... 51

Anexo G. Thought Control Questionnaire ... 52

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ÍNDICE DE APÊNDICES

Apêndice A. Parte 1 – Resumo do artigo científico ... 56

Apêndice B. Questões de compreensão do Resumo ... 58

Apêndice C. Parte 2 – Gravação áudio ... 59

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ÍNDICE DE ABREVIATURAS

POC – Perturbação Obsessivo-Compulsiva M – Média

DP – Desvio-padrão N – Número de sujeitos

VOCI – Vancouver Obsessional Compulsive Inventory ICO-r – Inventario de Creencias Obsesivas, versión reducida SMC – Cuestionario Español de Metacognición

MCQ – Meta-cognitions Questionnaire TCQ – Thought Control Questionnaire DASS – Depression Anxiety Stress Scale SPSS – Statistical Package for Social Sciences GE – Grupo Experimental

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1. INTRODUÇÃO

Os modelos cognitivos têm vindo a enfatizar à relevância das intrusões e da interpretação das mesmas à luz das crenças metacognitivas para a origem e desenvolvimento da Perturbação Obsessivo-Compulsiva (POC) (e.g., Rachman, 1997, 1998; Clark & Purdon, 1993; Salkovskis, 1985, 1989; Wells, 1997, 2000; Obsessive Compulsive Cognitions Working Group [OCCWG], 1997).

As intrusões são qualquer evento cognitivo distinto e identificável que é indesejado, involuntário e recorrente, que interrompe o fluxo de pensamento, interfere no desempenho da tarefa, se associa com afeto negativo e é difícil de controlar (Clark & Rhyno, 2005). Assemelham-se às obsessões clínicas no conteúdo (podem estar relacionadas com temas de tipo agressivo, sexual, de contaminação, de dúvida, moral, religioso, etc.), são ambas involuntárias, indesejadas e recorrentes, e interrompem o fluxo de pensamento e a atividade que se está a realizar (Clark, 2004). As intrusões diferem das obsessões clínicas por: (a) serem menos frequentes, (b) serem menos inaceitáveis/ causadoras de mal-estar, (c) apresentarem uma menor associação à culpa, (d) produzirem uma menor resistência quando aparecem, (e) o indivíduo as perceciona um maior controlo sobre elas, (f) serem consideradas sem significado ou irrelevantes para o self, (g) serem intrusões pequenas que não dominam a consciência, (h) produzirem menos preocupação por controlar o pensamento, (i) provocarem menos ênfase na neutralização do mal-estar e (j) causarem menos interferência no dia-a-dia (Clark, 2004). Os temas mais frequentes das intrusões são sujidade/ contaminação, dano/ lesões para si mesmo ou para os outros, dúvida patológica, atos sexuais inaceitáveis, simetria/ exatidão, violação moral e blasfémia (Clark & Rhyno, 2005).

As intrusões são experienciadas pela quase generalidade dos indivíduos não clínicos (e.g., Rachman & de Silva, 1978; Purdon & Clark, 1993; Salkovskis & Harrison, 1984; Radomsky

et al., 2014). Rachman e de Silva (1978), num estudo pioneiro, observaram que entre cerca de

80% a 99% dos sujeitos não-clínicos experimentam pensamentos, imagens ou impulsos causadores de mal-estar, indesejados e inaceitáveis. Um estudo mais recente confirmou os resultados anteriores, tendo encontrado que cerca de 94% dos participantes reportaram terem experienciado intrusões nos últimos 3 meses (Radomsky et al., 2014).

Os modelos cognitivo-comportamentais (e.g., Clark, 2004; Rachman, 1997, 1998; Salkovskis 1985, 1989) têm vindo a propor que para que uma intrusão se possa tornar numa

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obsessão, tal intrusão deverá ser avaliada e interpretada de forma desadaptativa, conduzindo a um aumento da ansiedade no indivíduo que se verá compelido à realização de um ritual ou comportamento de neutralização para a eliminar o pensamento ou minimizar as consequências indesejadas que possam advir do mesmo. Embora estes modelos tenham desde sempre incluído aspetos metacognitivos na compreensão e tratamento da POC, a partir da formulação do modelo metacognitivo de sintomas obsessivo-compulsivos de Wells (1997, 2000; Wells & Matthews, 1994) e, de forma progressiva, os modelos psicológicos enfatizam cada vez mais a importância deste constructo para a compreensão da origem e manutenção da POC (Rees & Anderson, 2013).

A metacognição refere-se ao conhecimento ou crenças sobre o pensamento e às estratégias usadas para controlar o processo do pensamento (Moses & Baird, 1998).

O modelo de Wells (1997, 2000; Wells & Matthews, 1994) propõe a existência de crenças metacognitivas acerca do resultado da obsessão e do pensamento em si: vieses cognitivos de fusão pensamento-evento (“Thought-Event Fusion” – TEF), de fusão pensamento-ação Action Fusion” – TAF) e de fusão pensamento-objeto

(“Thought-Object Fusion” – TOF). Estas crenças pressupõem que os pensamentos e/ou sentimentos

podem diretamente causar eventos futuros, comportamentos/ações ou contaminar objetos (Wells, 1997, 2000; Wells & Matthews, 1994). Quando ativadas, estas crenças fomentam a preocupação sobre a ocorrência das intrusões e incrementam o desconforto (Wells, 1997, 2000; Wells & Matthews, 1994). O desconforto e a ameaça da obsessão ativam, por sua vez, crenças sobre a necessidade de controlar o pensamento e sobre os rituais, como a implementação de estratégias de coping e comportamentos de neutralização, conduzindo a um aumento dos sintomas obsessivo-compulsivos e a estabilização das crenças metacognitivas (Wells, 1997, 2000; Wells & Matthews, 1994).

Os impulsos de agressão a uma pessoa significativa poderão ativar crenças metacognitivas acerca da importância de controlar o pensamento. Segundo Rachman (2003) obsessões com temas de agressão, tais como ferir (e.g., esfaquear) alguém significativo (e.g., familiares e amigos), são frequentemente percecionados como inaceitáveis e repugnantes. Os impulsos de agressão são reportados como mais desagradáveis, mais intensos e mais difíceis de lidar do que os pensamentos ou as imagens (Rachman, 2003). A frequência de intrusões desagradáveis encontra-se relacionada com dimensões metacognitivas do controlo do pensamento (incontrolabilidade e importância de controlar o pensamento) e vieses cognitivos de probabilidade (preocupação e probabilidade que o pensamento se torne verdade) que

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podem servir como ativador da necessidade, ou o impulso, para controlar a frequência dessas intrusões (Belloch, Morillo, Lucero, Cabedo, & Carrió, 2004). As principais crenças metacognitivas na POC são: (a) Responsabilidade excessiva; (b) Perfecionismo; (c) Sobrevalorização do perigo ou da ameaça; (d) Sobrestimação da importância do pensamento; (e) Intolerância à incerteza e (f) Importância de controlar os pensamentos (Belloch, Cabedo, & Carrió, 2011; OCCWG, 2005). A importância de controlar o pensamento pressupõe uma sobrevalorização da importância de exercer um controlo completo sobre os pensamentos, imagens e impulsos intrusivos (Belloch, Cabedo, & Carrió, 2011). Os indivíduos tendem a percecionar o fracasso no controlo dos próprios pensamentos como tendo consequências muito negativas, como tal os sujeitos creem ser possível e desejável ter um controlo absoluto sobre os próprios pensamentos de modo a evitar eventos futuros (Belloch, Cabedo, & Carrió, 2011).

Embora os modelos cognitivos e metacognitivos enfatizem o papel causal das crenças metacognitivas na origem e desenvolvimento da POC, as evidências empíricas a favor deste papel causal são ainda escassas. A maior parte das investigações realizadas têm recorrido a instrumentos de autorrelato e a metodologias correlacionais para mostrar a existência desta relação (e.g., OCCWG, 1997), sendo ainda escassos os estudos experimentais realizados.

Os primeiros estudos experimentais realizados tiveram como objetivo proporcionar evidência empírica a favor dos efeitos de indução experimental de TEF. Estes estudos experimentais de indução de TEF foram concebidos a partir de experiências de indução de TAF como as desenvolvidas por Rachman e colaboradores (Rachman, 1993; Rachman, Thordrarson, Shafran, & Woody, 1995; Shafran, Thordarson, & Rachman, 1996).

Algumas das investigações realizadas com o objetivo de induzir TEF recorreram à utilização de um paradigma de frase, que foi desenvolvido por Rachman e colaboradores (1996). Estes autores solicitavam os participantes a completarem uma frase (“I hope _____ is

in a car accident”), na qual deviam colocar o nome de um amigo ou ente querido no espaço

em branco. Seguidamente solicitava-se aos participantes que visualizassem o acidente. Os resultados das investigações que utilizam este paradigma mostraram que induzindo o TEF era possível despoletar sintomas relacionados com a POC (e.g., ansiedade e urgência de neutralizar o pensamento) (e.g., Bocci & Gordon, 2007; van den Hout, Kindt, Weiland, & Peters, 2002; Rachman, Shafran, Mitchell, Trant, & Teachman, 1996).

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Este paradigma apresenta, no entanto, algumas limitações. Em primeiro lugar e, de acordo com Wells (2013), este paradigma induziria crenças cognitivas pré-existentes mas não manipularia diretamente crenças TEF. Em segundo lugar, van den Hout e colaboradores (2002) encontraram que, mesmo quando os participantes foram impedidos de realizar comportamentos de neutralização após a participação no paradigma de frase, os níveis de ansiedade diminuíram rapidamente. De acordo com estes autores, a ansiedade experimentada pelos participantes foi devida ao fato de pensar na ocorrência de um acidente a alguém significativo. Pensar neste conteúdo de pensamento tem, para estes autores, um impacto imediato nos níveis de ansiedade tal como o teria qualquer pensamento que ameaçasse o bem-estar da pessoa. Em ambos os casos, a ansiedade tende a dissipar-se rapidamente quando os indivíduos compreendem que o pensamento não é importante (van den Hout et al., 2002). Pelos motivos anteriores, Shafran e Rachman (2004) consideram que o paradigma pode não conduzir à ativação de crenças fusão-pensamento significativas em amostras não-clínicas o que limitaria o uso do paradigma em amostras não-clínicas.

Rassin, Merkelbach, Muris e Spaan (1999) recorreram a um diferente e inovador paradigma para manipular experimentalmente TEF. Proporcionava-se aos participantes um aparelho de EEG desligado. Os participantes eram induzidos a pensar que o aparelho era capaz de detetar se pensassem numa “maçã”. Os participantes do grupo experimental, mas não os do grupo de controlo, foram informados que se tivessem o pensamento “maçã”, um choque elétrico seria enviado a outro participante, e que eles poderiam interromper o choque se premissem um botão durante 2 segundos após a palavra “maçã” lhes ter surgido. Os resultados mostraram que a manipulação experimental resultou em mais intrusões, maior desconforto e mais esforços para evitar pensar no grupo experimental do que no grupo de controlo. Proporcionando assim suporte ao papel das crenças metacognitivas TEF na POC.

Myers e Wells (2013) consideram que nos estudos anteriores não tinha havido uma manipulação que pudesse originar uma crença metacognitiva, tendo sido apenas despoletada uma crença metacognitiva pré-existente e apontaram algumas limitações ao estudo de Rassin e colaboradores (1999). De acordo com estes autores, no estudo de Rassin e colaboradores (1999), (1) Ao grupo experimental foi dito que poderia interromper o choque elétrico ao pressionar um botão logo após ter o pensamento “maçã”. Para Myers e Wells, no grupo experimental, para além de crenças TEF sobre a importância do pensamento “maçã”, estão a ser manipuladas crenças sobre os rituais acerca do efeito das estratégias de resposta ao pensamento (e.g., coping), o que dificulta a interpretação da manipulação da TEF por haver

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mais do que uma variável independente; (2) Não foram avaliados sintomas obsessivo-compulsivos dos indivíduos que participaram no estudo; (3) Apenas foi dada ao grupo experimental a possibilidade de um evento negativo ocorrer (administração de um choque elétrico). Myers e Wells especulam que este aspeto possa enviesar resultados uma vez que o grupo de controlo não esperava qualquer evento que provocasse desconforto; 4) Para garantir a credibilidade da manipulação, foram excluídos estudantes de psicologia e medicina o que limita a generalização dos resultados e a utilização do paradigma.

Com o objetivo de proporcionar evidência empírica para o papel causal das crenças TEF no modelo metacognitivo, Myers e Wells (2013) recorreram a uma metodologia experimental inspirada no paradigma utilizado Rassin e colaboradores (1999). As limitações apontadas anteriormente foram colmatadas: (1) Ao grupo experimental não foi dada qualquer forma de evitamento ou coping explícito. Assim apenas as crenças TEF foram diretamente manipuladas; (2) Foram utilizados grupos com altos e baixos níveis de obsessividade de modo a permitir avaliar se a manipulação afeta estes grupos de forma diferente; (3) Ambos os grupos esperavam a possibilidade de um evento desagradável, embora a manipulação de TEF apenas ocorresse no grupo experimental; (4) Para garantir uma maior credibilidade da manipulação experimental e uma maior heterogeneidade da amostra foi utilizado um pensamento relacionado com a necessidade de beber.

Do nosso ponto de vista, nem os estudos anteriores nem o de Myers e Wells (2013) parecem ter conseguido originar uma crença metacognitiva a partir da manipulação experimental. Consideramos que a manipulação foi responsável apenas por despoletar crenças metacognitivas pré-existentes, não se podendo inferir uma relação de causalidade entre a indução e a criação de crenças metacognitivas associadas à POC. No estudo de Myers e Wells (2013) as crenças metacognitivas prévias à indução experimental não foram avaliadas o que não permite a comparação com as crenças obtidas após a indução experimental.

A presente investigação pretende manipular experimentalmente uma crença metacognitiva acerca da importância de controlar o pensamento. Contrariamente a estudos anteriores (e.g., Myers & Wells, 2013), no presente estudo, serão realizadas duas medições da variável dependente de modo a avaliar o nível de crenças metacognitivas pré-existentes e o efeito nas mesmas como consequência da participação na experiência.

Para o presente trabalho foi selecionado um impulso de agressão a pessoas afetivamente próximas. Consideramos que, após a manipulação experimental de crenças metacognitivas

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sobre o controlo do pensamento, os participantes poderão sobrestimar a importância deste impulso o que poderá ativar crenças metacognitivas acerca da importância de controlar o pensamento. Esta sobrestimação da importância de controlar o pensamento poderá aumentar a avaliação da intrusão sobre o impulso de agressão e provocar um maior mal-estar relacionado com a situação imaginada. Após a manipulação experimental, esperamos que os participantes revelem maior esforço para controlar a frequência da intrusão e que possam apresentar estratégias contraproducentes de controlo do pensamento que possam favorecer a recorrência da mesma. A avaliação que os sujeitos realizam do impulso de agressão poderá conduzir a estratégias que permitam suprimi-lo ou eliminá-lo, promovendo estratégias como o evitamento (Yorulmaz, Karanci, Bastug, Kisa, & Goka, 2008). Geralmente, estratégias de controlo como a supressão do pensamento são consideradas ineficazes visto que, embora providenciem alívio temporário, agravam os sintomas a longo-prazo (Tolin, Abramowitz, Hamlin, Foa, & Synodi, 2002; Yorulmaz et al., 2008). De um modo geral, as estratégias de controlo ineficazes e as interpretações desadequadas podem proporcionar o aumento da frequência e o desconforto associado às intrusões (Marcks & Woods, 2007).

No presente trabalho propõe-se a manipulação de crenças metacognitivas sobre a importância de controlar um pensamento através da leitura de um resumo de um artigo científico e na influência da mesma na imaginação de um impulso de agressão.

Esperamos encontrar que:

(1) A leitura de um resumo acerca da possibilidade de controlar o pensamento produzirá, após a imaginação de um impulso de agressão, um aumento das crenças metacognitivas sobre o controlo do pensamento quando comparada com a leitura de um resumo neutro;

(2) A leitura de um resumo acerca da possibilidade de controlar o pensamento não produzirá, após a imaginação de um impulso de agressão, efeito nas restantes crenças metacognitivas identificadas para o desenvolvimento da POC (OCCWG, 2005): sobrestimação da importância do pensamento (importância do pensamento; viés fusão pensamento-ação do tipo probabilidade e viés fusão pensamento-ação do tipo moral), sobrestimação do perigo, responsabilidade excessiva, intolerância à incerteza e perfecionismo;

(3) A leitura de um resumo acerca da possibilidade de controlar o pensamento produzirá, após a imaginação de um impulso de agressão, um aumento da intrusividade causada pelo impulso imaginado (mal-estar experienciado,

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necessidade de controlo do impulso de agressão, grau de egodistonia, frequência da intrusão, controlo da intrusão e estratégias de controlo do intrusão) quando comparada com a leitura de um resumo neutro.

2. MÉTODOS

2.1.Amostra

Participaram 85 sujeitos da população não-clínica portuguesa (52.9% mulheres) com idades compreendidas entre os 18 e os 51 anos (M= 25.91; DP= 9.09) e habilitações literárias entre o 2º ciclo e o ensino superior (M= 12.79, DP= 2.20).

Os participantes foram atribuídos aleatoriamente a uma condição experimental e outra de controlo. Os 41 participantes da condição experimental tinham idades compreendidas entre os 18 e os 48 anos (M= 25.90, DP= 9.06) e 13 anos de escolaridade (M= 12.85, DP= 2.09). Os 44 participantes da condição de controlo tinham idades compreendidas entre os 18 e os 51 (M= 25.91, DP= 9.21) e 13 anos de escolaridade (M= 12.73, DP= 2.32).

Os participantes das condições experimental e de controlo eram equivalentes nas variáveis género (X2= 1.000, p= .536), idade (t(83)= -.003, p= .997; d= .001) e habilitações

literárias (t(83)= .263, p= .793, d= .054).

Comparámos ambos os grupos, relativamente às variáveis psicológicas e psicopatológicas, para verificar a homogeneidade dos mesmos. Os grupos não diferiram de forma significativa nas variáveis psicológicas e psicopatológicas analisadas. Não houve diferenças nos sintomas obsessivo-compulsivos, nas intrusões, nas estratégias utilizadas, na ansiedade, na depressão nem no stress. Consideramos que os participantes de ambos os grupos são equivalentes nas variáveis psicológicas e psicopatológicas, como se pode observar na Tabela 1.

Tabela 1. Variáveis psicológicas e psicopatológicas entre os GE e GC (Resultados do Teste de Independência do T-Teste)

Variáveis psicológicas e psicopatológicas entre os GE e GC (Resultados do Teste de Independência do T-Teste).

Variável GE (n=41) GC (n=44) t gl p d VOCI M=40,00, DP=28.65 M=37.57, DP=27.96 .396 83 .693 .086 VOCI [obsessões] M=6.27, DP=7.50 M=7.20, DP=7.80 -.548 80 .585 .122

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TCQ M=64.59, DP=11.34 M=68.11, DP=10.31 -1.503 83 .137 .325 DASS [ansiedade] M=3.76, DP=3.99 M=3.73, DP=4.24 .032 83 .974 .007 DASS [depressão] M=3.63, DP=3.57 M=4.18, DP=3.85 -.679 83 .499 .148 DASS [stress] M=7.98, DP=4.69 M=7.20, DP=5.23 .713 83 .478 .157 Nota: p ≤ .05 2.2.Instrumentos e materiais

Questionário de Dados Sociodemográficos (QSD). O QSD foi concebido como um questionário para a obtenção dos dados sociodemográficos (Anexo B).

Vancouver Obsessional Compulsive Inventory (VOCI; Thordarson, Radomsky, Rachman,

Shafran, Sawchuk, & Hakstian, 2004; Traduzido ao português por Calisto, 2013). O VOCI está constituído por 55 itens para avaliar a existência de sintomas obsessivo-compulsivos. Cada item apresenta 5 níveis de resposta que vão de 0 (“Nada”) a 4 (“Imenso”). Constituído por 6 dimensões: contaminação (12 itens), verificação (6 itens), obsessões (12 itens), acumulação (7 itens); just right (12 itens) e incerteza (6 itens). Para a presente amostra, quer o VOCI global, quer a subescala de obsessões obtiveram resultados de consistência interna muito bons (α= .96 e α= .91, respetivamente) (Anexo C).

Inventario de Creencias Obsesivas, versión reducida (ICO-r; Belloch, Cabedo, Morillo,

Lucero, & Carrió, 2003). O ICO é constituído por 50 itens para avaliar crenças obsessivas da POC, tendo sido traduzido por nós para o presente estudo. Cada item possui 7 níveis de resposta que vão de 1 (“Totalmente em desacordo”) a 7 (“Totalmente de acordo”). Consta de oito subescalas: responsabilidade excessiva (7 itens), importância dos pensamentos (5 itens), TAF-probabilidade (5 itens), TAF-moral (7 itens), importância de controlar os pensamentos (5 itens), sobrestimação do perigo (8 itens), intolerância à incerteza (6 itens) e perfecionismo (7 itens). Os níveis de consistência interna obtidos a partir dos dados da amostra estudada foram boas para os fatores TAF-probabilidade (α= .84), TAF-moral (α= .86) e sobrestimação do perigo (α= .80); uma consistência interna adequada para os fatores importância de controlar os pensamentos (α= .71), intolerância à incerteza (α= .73) e perfecionismo (α= .78); e consistências internas fracas para os fatores responsabilidade excessiva (α= .65) e importância dos pensamentos (α= .62) (Anexo D).

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Cuestionario Español de Metacognición (Spanish Metacognition Questionnaire; SMQ,

Belloch & Giraldo, em desenvolvimento; versão portuguesa Grupo de Investigação em constructos transdiagnósticos da Universidade do Algarve). O SMQ está constituído por 27 itens que avaliam a capacidade metacognitiva do individuo. Cada item apresenta 5 níveis de resposta que vão de 0 (“Nunca/ nada”) a 4 (“Concordo plenamente/ sempre”). Consta de três subescalas: confiança na memória (8 itens), capacidade de supervisão dos próprios pensamentos (14 itens), e tendência a centrar-se nos pensamentos (5 itens). Para a presente investigação foram utilizadas apenas duas subescalas, por contemplarem constructos relacionados com a importância de controlar o pensamento: capacidade de supervisão dos próprios pensamentos e tendência a centrar-se nos pensamentos. A partir da amostra estudada, a consistência interna obtida para o fator tendência a centrar-se nos foi adequada (α= .73) e boa para o fator capacidade de supervisão dos próprios pensamentos (α= .87) (Anexo E).

Meta-cognitions Questionnaire-30 (MCQ-30; Cartwright-Hatton & Wells, 2004,

adaptação portuguesa de Dinis & Gouveia, 2011). O MCQ é constituído por 30 itens para avaliar dimensões da metacognição. Possui cinco subescalas: crenças positivas acerca da preocupação (6 itens), crenças acerca da incontrolabilidade e o perigo (3 itens), falta de confiança cognitiva (6 itens), necessidade de controlo o pensamento (7 itens) e auto-conscienciosidade cognitiva (6 itens). Para a presente investigação foram utilizados sete itens (nº6, 9, 11, 20, 21, 22 e 25) com conteúdos relacionados com a importância de controlar o pensamento. Cada item se avalia através de escala análogo-visual (EVA) de 10cm., que vão de 0 (“Discordo totalmente”) a 10 (“Concordo totalmente”). Os sete itens apresentaram uma boa consistência interna (α= .81) (Anexo F).

Thought Control Questionnaire (TCQ; Wells & Davies, 1994, adaptação portuguesa de

Ros & Orts, 2016). O TCQ está constituído por 30 itens que medem estratégias metacognitivas no controlo de pensamentos intrusivos ou perturbadores. Cada item possui 4 níveis de resposta que vão de 1 (“Nunca utiliza esta estratégia”) a 4 (“Utilizo-a quase sempre”). Consta de 5 fatores: distração (6 itens), controlo social (6 itens), preocupação (6 itens), punição (6 itens); e reavaliação (6 itens). Para o presente estudo, o TCQ global apresentou uma boa consistência interna (α= .85) (Anexo G).

Depression Anxiety Stress Scale (DASS; Lovibond & Lovibond, 1995, adaptação

portuguesa de Pais-Ribeiro, Honrado, & Leal, 2004). O DASS é constituído por 21 itens que avaliam sintomatologia. Cada item possui 4 níveis de resposta que vão de 0 (“Não se aplicou nada a mim”) a 3 (“Aplicou-se a mim a maior parte do tempo”). Constituído por 3 subescalas:

(22)

depressão (7 itens), ansiedade (7 itens) e stress (7 itens). Os níveis de consistência interna obtidos a partir dos dados da amostra estudada foram boas para os três fatores ansiedade (α= .80), depressão (α= .80) e stress (α= .88) (Anexo H).

Resumo de artigos científicos. Foram elaborados 2 resumos fictícios concebidos especificamente para a investigação, fazendo parte da manipulação experimental. O Resumo “A” sobre a importância de controlar o pensamento e o Resumo “B” sobre a potencial adição das redes sociais. Após a leitura dos resumos, foi solicitado aos participantes que respondessem a um breve questionário para avaliar a clareza e compreensão do mesmo. O questionário compunha-se de uma questão de resposta curta e 8 questões que deviam ser respondidas através de uma escala análogo visual (EVA) de 10cm que vão de 0 (“Discordo totalmente”) a 10 (“Concordo totalmente”) (Apêndices A e B).

Gravação áudio para indução de impulso de agressão. Foi solicitado aos participantes que ouvissem e imaginassem o conteúdo de um registo áudio, concebido para o efeito, no qual se descrevia um impulso de agressão contra a pessoa mais significativa que tinha sido previamente indicada pelo participante. A transcrição do texto da gravação encontra-se no Apêndice C.

Questionário da manipulação experimental (QME). Compõe-se de 28 itens que dos quais 1 é de resposta dicotómica, 2 de resposta curta e 25 respondem-se através de uma EVA de 10cm. O QME foi concebido especificamente para a avaliação de: a verificação da manipulação experimental (6 itens), o mal-estar experimentado (5 itens), a necessidade de controlar o impulso de agressão (3 itens), egodistonia (2 itens), TAF moral e probabilística (5 itens), intrusão (2 itens), controlo da intrusão de agressão (3 itens) e estratégias de controlo do pensamento (2 itens) (Apêndice D).

2.3.Procedimento de recolha de dados

Foram recrutados na Universidade do Algarve e na comunidade 88 adultos que voluntariamente se disponibilizaram para participar nesta investigação. Os participantes foram aleatoriamente atribuídos a dois grupos: Grupo Experimental (GE) e Grupo de Controlo (GC). Três participantes do GE foram excluídos por terem apresentado dificuldades na compreensão da tarefa. A amostra final foi constituída por 85 participantes (GC n=44; GE n=41).

(23)

Tabela 2. Representação gráfica do procedimento

Representação gráfica do procedimento

Pré-teste Manipulação Pós-teste

Consent. Inf.; QSD; VOCI; TCQ; DASS. ICO; SMC; Itens MCQ. Resumos: - GE: Resumo A (importância de controlar o pensamento) - GC: Resumo B

(potencial adição das redes sociais); Quest. Resumos. Identificação pessoa significativa; Audição da gravação. 2 m in . se m i n v es ti g ad o r QME; ICO; SMC; Itens MCQ.

As experiências decorreram numa sala sem barulhos nem distrações. Após a obtenção do consentimento informado, foram recolhidos os dados sociodemográficos. Seguidamente, os participantes responderam a uma bateria de instrumentos constituída pelo VOCI, TCQ e DASS. Na fase de pré-teste todos os sujeitos responderam ao ICO, ao SMC e a um conjunto itens do questionário de metacognição.

Aos participantes do GE foi solicitado que lessem o resumo fictício “A” acerca da crença da importância de controlar o pensamento, e aos do GC o resumo fictício “B” abordava a potencial adição das redes sociais como o Facebook. Após a leitura, os participantes responderam a questões para avaliar a compreensão do mesmo.

Posteriormente foi pedido aos participantes que identificassem e nomeassem uma pessoa para eles muito significativa. De seguida, foi-lhes solicitado que ouvissem uma gravação que tinha como objetivo conduzir os participantes a imaginar um impulso de agressão contra a pessoa mais significativa anteriormente mencionada. Os participantes ouviram a gravação sozinhos no laboratório no qual permaneciam uma vez finalizada a audição durante mais dois minutos sem a presença do investigador.

Na fase pós-manipulação, os participantes preencheram o QME, o ICO, ao SMC e itens do questionário de metacognição.

2.4.Procedimento de análise de dados

Os dados foram analisados através do programa de análise de dados estatísticos SPSS (versão 18.0).

(24)

A caraterização sociodemográfica da amostra foi realizada com recurso à estatística descritiva (frequência, média e desvio-padrão).

Na análise das diferenças entre as médias de dois grupos de variáveis quantitativas (GE vs. GC) foi utilizado o Teste T-Student para amostras independentes. A estimação da magnitude do efeito foi calculada a partir do valor obtido no d de Cohen (d). Foram consideradas magnitudes pequenas os valores de d =.2, magnitudes médias, o valor d =.5, e as superiores ou iguais a d =.8, magnitudes grandes (Cohen, 1988).

A associação entre variáveis qualitativas foi calculada com recurso ao Teste de Independência do Qui-Quadrado.

A análise das medidas pré e pós manipulação experimental foi realizada através da ANOVA fatorial mista (2x2) com medidas repetidas. Para a estimação do tamanho do efeito foi considerado o valor do eta quadrado parcial (ƞp2). Foram consideradas magnitudes

pequenas do efeito os valores de ƞp2 ≤ .009, entre .058> ƞp2<.13 magnitudes médias, e as

superiores ou iguais a ƞp2 = .14, magnitudes grandes (Cohen, 1973).

Foi considerado o nível de significância de 5% para a tomada de decisão relativamente aos testes estatísticos realizados, bem como de <.1 para valores marginalmente significativos.

3. RESULTADOS

Neste capítulo serão apresentados os resultados em função dos objetivos descritos anteriormente. Previamente apresenta-se, no entanto, a análise da verificação da manipulação experimental.

3.1.Análise da verificação da manipulação experimental

Neste ponto são apresentados os resultados da comparação entre os grupos nas variáveis relativas à compreensão dos resumos que lhe foram atribuídos e as relativas à audição da gravação e a imaginação do impulso de agressão solicitada.

Como se pode observar na Tabela 3, não houve diferenças estatisticamente significativas entre os participantes nas variáveis de compreensão dos resumos (clareza do resumo; clareza da linguagem; saliência dos resultados; compreensão do resumo; grau de acordo com os

(25)

resultados da investigação lida; credibilidade dos resultados; correspondência com forma habitual de agirem e pensar; e grau de modificação da opinião prévia sobre o tema).

Tabela 3. Variáveis compreensão dos resumos atribuídos entre os GE e GC (Resultados do teste t para amostras independentes). Variáveis compreensão dos resumos atribuídos entre os GE e GC (Resultados do teste t para amostras independentes). Variável GE (n=41) GC (n=44) t gl p d Clareza do resumo M=8.39, DP=1.89 M=7.60, DP=2.18 1.776 83 .079 .387 Clareza da linguagem M=8.78, DP=1.32 M=8.24, DP=1.61 1.680 83 .097 .367 Saliência dos resultados M=7.79, DP=2.20 M=7.14, DP=2.15 1.374 83 .173 .299 Compreensão do resumo M=8.33, DP=1.62 M=7.73, DP=1.89 1.561 83 .122 .341

Grau de acordo com resultados M=6.50, DP=2.03 M=7.32, DP=2.16 -1.789 83 .077 .391 Credibilidade dos resultados M=6.67, DP=2.16 M=7.13, DP=1.90 -1.052 83 .296 .226 Correspondência modo de agir e pensar M=6.72, DP=2.82 M=6.74, DP=2.45 -.046 83 .963 .008 Grau de modificação da opinião M=3.79, DP=3.07 M=3.13, DP=3.04 .996 83 .322 .216 Nota: p ≤ .05

Também não se registaram diferenças estatisticamente significativas entre os grupos, como se pode observar na Tabela 4, nas variáveis relativas à audição da gravação (clareza das instruções) e à imaginação do impulso de agressão solicitada (vividez da imaginação; realidade percecionada da situação; vividez do impulso experimentado; desconforto sentido pelo impulso de esfaquear a pessoa significativa; e desconforto sentido durante a experiência).

Tabela 4. Variáveis de audição de gravação e imaginação do impulso de agressão entre os GE e GC (Resultados do teste t para amostras independentes)

Variáveis de audição de gravação e imaginação do impulso de agressão entre os GE e GC (Resultados do teste t para amostras independentes)

Variável GE (n=41) GC (n=44) t gl p d

Clareza das instruções M=9.48, DP=.81

M=9.05, DP=1.12

(26)

Vividez da imaginação M=6.79, DP=3.05 M=7.24, DP=2.33 -.764 83 .447 .166 Realidade percecionada M=4.48, DP=3.64 M=5.54, DP=3.57 -1.362 83 .177 .294 Vividez do impulso M=2.50, DP=2.99 M=2.62, DP=3.35 -.171 82 .865 .038 Desconforto pelo impulso M=8.27, DP=3.01 M=8.38, DP=3.15 -.166 83 .868 .036 Desconforto da experiência M=5.94, DP=3.62 M=6.45, DP=3.45 -.657 83 .513 .144 Nota: p ≤ .05

3.2.Efeito da manipulação experimental sobre as crenças metacognitivas 3.2.1. Importância de controlar o pensamento

Como principal objetivo, pretendeu-se induzir a crença metacognitiva acerca da importância de controlar o pensamento para produzir um aumento da frequência da intrusão e mal-estar causado por um impulso de agressão. Esperávamos observar alterações na crença acerca da importância de controlar o pensamento do primeiro para o segundo momento, em função da leitura do resumo sobre a possibilidade e desejabilidade de controlar o pensamento e da manipulação experimental realizada.

As análises da modificação das crenças metacognitivas acerca da importância de controlar o pensamento foram realizadas a partir dos resultados obtidos pelos participantes em três subescalas (uma do IPC e duas do SMC) e num conjunto de itens relativos do MCQ à necessidade de controlar o pensamento e à incontrolabilidade e perigo. As subescalas consideradas foram as seguintes: (a) importância de controlar o pensamento (ICP) do ICO, (b) tendência a centrar-se nos pensamentos (TCP) do SMC e (c) capacidade de supervisão dos próprios pensamentos (CSPP) também do SMC.

As análises foram realizadas com recurso à ANOVA fatorial mista (2x2) com medidas repetidas. A variável intrasujeitos considerada foi o momento de aplicação do instrumento (pré e pós manipulação), a variável intra-grupos foi a condição experimental atribuída aos participantes (experimental ou controlo) e as médias obtidas nas diferentes subescalas dos questionários ou conjunto de itens foram consideradas como variáveis dependentes.

Os resultados mostraram que não houve alterações significativas nas crenças acerca da

(27)

(FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .012, p= .911, ƞp2= .000) nem diferenças entre os grupos (F

Greenhouse-Geisser(1, 83)= .300, p= .585, ƞp2= .004). Finalmente, a interação entre as variáveis também não

foi significativa (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .003, p= .958, ƞp2= .000), pelo que a manipulação

experimental não parece ter afetado as crenças dos participantes acerca da importância de controlar os pensamentos.

As crenças acerca da necessidade de controlar o pensamento e à incontrolabilidade e

perigo avaliadas pelo MCQ registaram uma redução significativa do primeiro para o segundo

momento (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 26.397, p= .000, ƞp2= .241). Não se produziram, contudo,

diferenças entre os grupos de participantes neste tipo de crenças (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .571,

p= .452, ƞp2= .007). A redução experimentada nas crenças acerca da necessidade de controlar

o pensamento e à incontrolabilidade e perigo do primeiro para o segundo momento, como se pode observar na Figura 1, não parece ter sido devida à manipulação experimental uma vez que a interação entre as variáveis não foi significativa (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .330, p= .567,

ƞp2= .004).

Figura 1. Crenças acerca da necessidade de controlar o pensamento e da incontrolabilidade e perigo no pré e pós

(28)

Os resultados mostraram que houve uma redução significativa das crenças acerca da

tendência a centrar-se nos pensamentos (TCP) dos participantes após a participação na tarefa

experimental (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 4.256, p= .042, ƞp2= .049). No entanto, como nos casos

anteriores, também não se produziram diferenças significativas nesta crença entre os participantes atribuídos a ambas as condições (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .780, p= .380, ƞp2= .009).

Como se pode observar na Figura 2, a redução experimentada nas crenças acerca da tendência a centrar-se nos pensamentos entre o momento prévio e posterior, não parecem ser devidas à manipulação experimental pois a interação entre as variáveis não foi significativa (F

Greenhouse-Geisser(1, 83)= 1.609, p= .208, ƞp2= .019).

Figura 2. Crenças acerca da tendência a centrar-se nos pensamentos no pré e pós momento da manipulação

experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância).

Finalmente, tal como nos dois últimos casos, as crenças acerca da capacidade de

supervisão dos próprios pensamentos (CSPP) registaram uma redução significativa do

primeiro para o segundo momento da experiência (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 5.413, p= .022, ƞp2=

.061). Contudo não se produziram diferenças entre os grupos neste tipo de crenças (F

(29)

(FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .072, p= .789, ƞp2= .001), pelo que, a redução da crença acerca da

importância do pensamento verificada do primeiro para o segundo momento, não parece ter sido devida à manipulação experimental da variável independente, como se pode observar na Figura 3.

Figura 3. Crenças acerca da capacidade de supervisão dos próprios pensamentos no pré e pós momento da

manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância).

3.2.2. Sobrestimação da importância do pensamento

Explorámos em que medida a manipulação experimental e a audição da gravação contribuíram para alterar crenças metacognitivas acerca da sobrestimação da importância do pensamento. Incluímos, nesta crença, os constructos de importância do pensamento e os relacionados com o viés pensamento-ação. Estes constructos foram avaliados a partir dos resultados obtidos pelos participantes em cada uma das seguintes subescalas do ICO: importância dos pensamentos (IP), viés fusão pensamento-ação de tipo probabilidade (TAF-P) e viés fusão pensamento-ação de tipo moral (TAF-M). Contrariamente à análise anterior, não

(30)

esperávamos observar alterações em função da leitura do resumo acerca do controlo de pensamentos uma vez que o conteúdo do mesmo não aludia diretamente a tais crenças.

Os resultados mostraram que houve uma redução significativa das crenças acerca da

importância do pensamento (IP) dos participantes após a participação na tarefa experimental

(FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 20.545, p= .000, ƞp2= .198). Produziram-se diferenças marginalmente

significativas nesta crença entre os participantes atribuídos a ambas as condições (F

Greenhouse-Geisser(1, 83)= 3.315, p= .072, ƞp2= .038). No entanto, a interação entre as variáveis não foi

significativa (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .456, p= .501, ƞp2= .005) pelo que, a redução da crença

acerca da importância do pensamento verificada do primeiro para o segundo momento, não parece ter sido devida à manipulação experimental da variável independente. A inspeção visual da Figura 4, parecia indicar a existência de diferenças entre os grupos no segundo momento. Foram comparadas as médias de ambos os grupos em cada um dos momentos e dentro de cada grupo foi comparada a média obtida pelos participantes nos dois momentos. No primeiro momento não se registaram diferenças significativas (t(83)= -1.404, p= .164; d=

.295) nas crença acerca da importância do pensamento entre os participantes atribuídos a ambas as condições (GE: M= 10.78, DP= 4.74; GC: M= 12.16, DP= 4.61), contudo, após a manipulação experimental existiram diferenças marginalmente significativas (t(83)= -1.977, p=

.051; d= .444) entre os participantes dos dois grupos (GE: M= 8.88, DP= 4.31; GC: M= 10.75, DP= 4.12). Os participantes do grupo experimental diferiram de forma significativa (t(40)= 3.540, p= .001; d= .406) nos dois momentos (Pré: M= 10.78, DP= 4.74; Pós: M= 8.88,

DP= 4.61), assim como os participantes da condição de controlo apresentaram diferenças

significativas (t(43)= 2.837, p= .007; d= .334) entre o momento prévio e posterior à experiência

(31)

Figura 4. Crenças acerca da importância dos pensamentos no pré e pós momento da manipulação experimental

no GE e GC (Resultados da análise de variância).

Tal como aconteceu com as crenças acerca da importância do pensamento, as crenças relativas ao viés fusão pensamento-ação de tipo probabilidade (TAF-P) registaram uma redução significativa do primeiro para o segundo momento (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 21.056, p=

.000, ƞp2= .202). Contudo, não se produziram diferenças entre os grupos neste tipo de crenças

(FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .398, p= .530, ƞp2= .005). Como se pode observar na Figura 5, não se

registou interação significativa, pelo que as crenças acerca do viés fusão pensamento-ação de tipo probabilidade não parecem ter sido afetada pela manipulação experimental (F

(32)

Figura 5. Crenças relativas ao viés fusão pensamento-ação de tipo probabilidade no pré e pós momento da

manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância).

A crença dos participantes relativas ao viés fusão pensamento-ação de tipo moral reduziu-se de forma significativa do primeiro para o segundo momento da experiência

(FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 14.557, p= .000, ƞp2= .149). Produziram-se diferenças entre os grupos

em função da condição experimental a que foram atribuídos (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 4.448, p=

.038, ƞp2= .051) e a interação entre as variáveis foi marginalmente significativa (F

Greenhouse-Geisser(1, 83)= 3.040, p= .085, ƞp2= .035) o que sugere que a redução da crença experimentada

pelos participantes, possa ter sido devida à manipulação da variável independente. A inspeção visual da Figura 6 parecia indicar a existência de diferenças entre os grupos no segundo momento. Foram comparadas as médias de ambos os grupos em cada um dos momentos e dentro de cada grupo foi comparada a média obtida pelos participantes nos dois momentos. Antes da manipulação experimental não existiam diferenças significativas (t(83)= -1.566, p=

.121; d= .339) neste tipo de crença entre os participantes atribuídos a ambas as condições (GE: M= 21.39, DP= 10.07; GC: M= 24.57, DP= 8.62), no entanto no segundo momento

(33)

registaram-se diferenças significativas (t(83)= -2.457, p= .016; d= .532) entre os participantes

dos dois grupos (GE: M= 18.10, DP= 10.21; GC: M= 23.34, DP= 9.47). Os participantes da condição experimental apresentaram diferenças significativas (t(40)= 3.852, p= .000; d= .324)

entre os dois momentos (Pré: M= 21.39, DP= 10.07; Pós: M= 18.10, DP= 10.21), contudo na condição de controlo os participantes não diferiram de forma significativa (t(43)= 1.496, p=

.142; d= .136) entre o primeiro e o segundo momento (Pré: M= 24.57, DP= 8.62; Pós: M= 23.34, DP= 9.47). O que indica que a redução da crença aconteceu apenas no grupo que leu o resumo acerca da possibilidade e desejabilidade de controlar o pensamento.

Figura 6. Crenças acerca do viés fusão pensamento-ação de tipo moral no pré e pós momento da manipulação

experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância).

3.2.3. Análise das modificações ocorridas nos restantes domínios de crenças metacognitivas

Analisámos também de que forma a manipulação experimental e a audição da gravação contribuíram para modificar as crenças metacognitivas sobre sobrestimação do perigo (SP), perfecionismo (P), responsabilidade excessiva (RE) e intolerância à incerteza (II) do ICO.

(34)

Não esperávamos encontrar modificações significativas na frequência das mesmas tendo em conta o que conteúdo do resumo sobre a metacognição não contemplava as referidas crenças metacognitivas.

Os resultados mostraram que houve uma redução significativa das crenças acerca da

sobrestimação do perigo (SP) dos participantes após a manipulação experimental (F

Greenhouse-Geisser(1, 83)= 6.127, p= .015, ƞp2= .069). Não se produziram, no entanto, diferenças

significativas nesta crença entre os participantes atribuídos a ambas as condições (F

Greenhouse-Geisser(1, 83)= .007, p= .934, ƞp2= .000). Contudo, e apesar da inspeção visual da Figura 7

mostrar interação das variáveis e uma redução das crenças acerca da sobrestimação do perigo entre o momento prévio e posterior à manipulação experimental, a interação não foi estatisticamente significativa, pelo que este tipo de crenças não parecem ter sido afetadas, pela manipulação da variável independente (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 2.126, p= .149, ƞp2= .025).

Figura 7. Crenças acerca da sobrestimação do perigo no pré e pós momento da manipulação experimental no

GE e GC (Resultados da análise de variância).

As crenças acerca do perfecionismo (P) registaram uma redução significativa do primeiro para o segundo momento da experiência (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 8.916, p= .004, ƞp2= .097).

(35)

Não se produziram, no entanto, diferenças entre os grupos neste tipo de crenças (F

Greenhouse-Geisser(1, 83)= .888, p= .349, ƞp2= .011). A interação entre as variáveis também não foi

significativa (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .014, p= .905, ƞp2= .000), pelo que, a redução da crença

acerca do perfecionismo verificada do primeiro para o segundo momento, não parece ter sido devida à manipulação experimental da variável independente, como se pode observar na Figura 8.

Figura 8. Crenças acerca do perfecionismo no pré e pós momento da manipulação experimental no GE e GC

(Resultados da análise de variância).

Os resultados mostraram que não se registaram alterações significativas nas crenças da

responsabilidade excessiva (RE) do primeiro para o segundo momento (FGreenhouse-Geisser(1, 83)=

1.951, p= .166, ƞp2= .023) nem diferenças entre os participantes de ambas as condições

experimentais (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .169, p= .682, ƞp2= .002). A interação entre as variáveis

também não foi significativa (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .192, p= .663, ƞp2= .002), pelo que a

manipulação experimental não parece ter afetado as crenças dos participantes acerca da responsabilidade excessiva.

(36)

Na crença acerca da intolerância à incerteza (II) não houve alterações significativas entre os dois momentos da experiência (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .001, p= .974, ƞp2= .000), nem

diferenças entre os grupos (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= .252, p= .617, ƞp2= .003). A interação entre

as variáveis também não foi significativa, pelo que a manipulação experimental não parece ter afetado as crenças sobre a intolerância à incerteza (FGreenhouse-Geisser(1, 83)= 1.901, p= .172, ƞp2=

.022).

3.3.Efeito da imaginação de um impulso de agressão sobre as variáveis relacionadas com a intrusão

Neste ponto analisamos o efeito da manipulação experimental sobre a intrusão nas seguintes variáveis: mal-estar experienciado, necessidade de controlo do impulso de agressão, grau de egodistonia, viés fusão pensamento-ação (moral e de probabilidade), frequência da intrusão, controlo da intrusão e estratégias de controlo. Na Tabela 5 sintetizam-se os resultados da comparação entre grupos no efeito da imaginação do impulso de agressão sobre as variáveis relacionadas com a intrusão.

Tabela 5. Mal-estar experienciado, Necessidade de controlar o impulso de agressão, grau de ego distonia, viés fusão pensamento-ação (moral e probabilidade), duração da intrusão, controlo do pensamento intrusivo e estratégias de controlo após a imaginação de um impulso de agressão contra uma pessoa significativa entre os GE e GC (Resultados do Teste de Independência do T-Teste).

Mal-estar experienciado, Necessidade de controlar o impulso de agressão, grau de egodistonia, viés fusão pensamento-ação (moral e probabilidade), duração da intrusão, controlo do pensamento intrusivo e estratégias de controlo após a imaginação de um impulso de agressão contra uma pessoa significativa entre os GE e GC (Resultados do Teste de Independência do T-Teste).

Variável GE GC t gl p d Mal-estar Mal-estar experienciado M=6.76, DP=3,76 M=6.99, DP=3.26 -.300 82 .765 .065 Ansiedade M=5.56, DP=4.02 M=4.92, DP=3.95 .749 83 .456 .161 Medo M=6.11, DP=3.84 M=6.66, DP=3.66 -.674 82 .502 .147 Tristeza M=6.39, DP=3.72 M=5.92, DP=3.90 .562 83 .576 .123 N. C. impulso de agressão Parar pensamento M=6.17, DP=3.84 M=6.86, DP=3.79 -.819 82 .415 .181 Rejeitar impulso M=7.43, DP=3.55 M=7.67, DP=3.56 -.306 83 .760 .068 Importância de controlar M=4.42, DP=4.10 M=5.24, DP=4.13 -.913 82 .364 .199

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Egodistonia Inaceitabilidade do pensamento M=8.70, DP=2.62 M=8.73, DP=2.46 -.067 83 .947 .012 Contrário aos valores M=9.58,

DP=1.53

M=9.18, DP=2.15

.983 83 .328 .214 Viés fusão pensamento-ação

(moral e probabilidade) Pensar em esfaquear podia

esfaquear M=1.13, DP=2.37 M=1.32, DP=2.51 -.348 82 .729 .079 Pensar aumentava probabilidade de fazer M=1.14, DP=2.49 M=.70, DP=1.30 1.001 59.418 .321 .222 Pensar é mau do ponto de

vista moral M=4.71, DP=4.10 M=4.75, DP=4.06 -.045 83 .964 .010 Pensar é mais provável de

concretizar M=2.47, DP=2.98 M=2.40, DP=2.71 .103 83 .918 .025 Desejo de controlar para não

fazer M=5.97, DP=4.12 M=5.61, DP=4.29 .388 82 .699 .086 Intrusão Duração M=3.43, DP=3.04 M=2.63, DP=3.07 .870 42 .389 .262 Controlo Esforço M=3.99, DP=3.92 M=5.07, DP=4.16 -1.228 82 .223 .267 Dificuldade M=2.22, DP=3.10 M=2.55, DP=3.28 -.472 82 .638 .103 Sucesso M=7.33, DP=3.63 M=8.03, DP=2.87 -.979 76.134 .331 .214 Estratégias de controlo Eficácia M=9.06, DP=1.66 M=7.94, DP=2.74 2.283 69.654 .025 .494 Nota: p ≤ .05

Os participantes que leram o resumo sobre a possibilidade e desejabilidade de controlar o pensamento não diferiram dos participantes que leram um resumo sobre o Facebook no mal-estar (mal-mal-estar experienciado; ansiedade; medo; tristeza) que experimentaram após a imaginação de um impulso de agressão contra alguém significativo. Na Tabela 6 apresentam-se as emoções experimentadas pelos participantes após a descrição do impulso de agressão de esfaquear a pessoa significativa. Ambos os grupos experienciaram maioritariamente emoções “Desagradável” (16.5%), “Horrível” (16.5%) e “Tristeza” (11.8%), tendo o GE

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experimentado principalmente “Desagradável” (22%), e “Horrível” a mais experienciada pelo GC (15.9%).

Tabela 6. Emoção experimentada após a descrição do impulso de agressão de esfaquear uma pessoa significativa (Resultados do Teste de Independência do Qui -Quadrado).

Emoção experimentada após a descrição do impulso de agressão de esfaquear uma pessoa significativa (Resultados do Teste de Independência do Qui-Quadrado).

Emoção GE (n=41) GC (n=44) Total (n=85) X2 gl p Aflição 1 (2.4%) 1 (2.3%) 2 (2.4%) 28.209 31 .610 Contra vontade 1 (2.4%) 1 (2.3%) 2 (2.4%) Culpa 1 (2.4%) 0 (0%) 1 (1.2%) Desagradável 9 (22%) 5 (11.4%) 14 (16.5%) Evitamento 1 (2.4%) 2 (4.5%) 3 (3.5%) Horrível 7 (17.1%) 7 (15.9%) 14 (16.5%) Libertadora 0 (0%) 1 (2.3%) 1 (1.2%) Medo 1 (2.4%) 4 (9.1%) 5 (5.9%)

Não era capaz 4 (9.8%) 5 (11.4%) 9 (10.6%) Neutra 4 (9.8%) 5 (11.4%) 9 (10.6%) Perda de controlo 0 (0%) 2 (4.5%) 2 (2.4%) Perturbador 1 (2.4%) 2 (4.5%) 3 (3.5%) Repulsa 3 (7.3%) 3 (6.8%) 6 (7.1%) Revolta 1 (2.4%) 0 (0%) 1 (1.2%) Surpreso 1 (2.4%) 0 (0%) 1 (1.2%) Traição 1 (2.4%) 0 (0%) 1 (1.2%) Tristeza 5 (12.2%) 5 (11.4%) 10 (11.8%) Vazia 0 (0%) 1 (2.3%) 1 (1.2%)

Nota: X2– estatística de teste do qui-quadrado; p ≤ .05

Os participantes atribuídos às duas condições experimentais não diferiram significativamente na necessidade de controlar o impulso de agressão (necessidade de parar o pensamento; rejeitar o impulso de esfaquear a pessoa significativa; importância de controlar) após a imaginação do mesmo.

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Os participantes que leram o resumo sobre o controlo do pensamento e os participantes que leram o resumo sobre o Facebook não diferiram no grau de egodistonia (inaceitabilidade do pensamento; pensamento contra os valores e crenças) atribuído à imaginação do impulso de agressão contra uma pessoa significativa.

Da mesma forma, os grupos não revelaram diferenças ao nível do viés fusão pensamento-ação de tipo moral e de probabilidade (crença de que pensar em esfaquear podia realmente faze-lo; pensar aumentava a probabilidade de esfaquear a pessoa; pensar em esfaquear é moralmente tão mau como faze-lo; pensar em algo é mais provável que se concretize; desejo de controlar o pensamento para não esfaquear a pessoa significativa) experimentado após a imaginação do impulso de agressão.

Como se pode observar na Tabela 7, a percentagem de participantes que voltou a pensar em esfaquear a pessoa significativa é superior no grupo de controlo (55.8%) do que no grupo experimental (48.8%), estas diferenças não foram contudo estaticamente significativas. Os participantes que leram o resumo sobre a possibilidade e desejabilidade de controlar o pensamento não diferiram de forma significativa dos participantes atribuídos ao resumo sobre o Facebook na duração da recorrência do pensamento intrusivo que experimentaram após a imaginação de um impulso de agressão contra alguém significativo.

Tabela 7. Pensamento de esfaquear a pessoa significativa (Resultados do Teste de Independência do Qui-Quadrado).

Pensamento de esfaquear a pessoa significativa (Resultados do Teste de Independência do Qui-Quadrado).

Resposta GE (n=41) GC (n=43) Total (n=84) X2 p

Sim 20 (48.8%) 24 (55.8%) 44 (52.4%) .662 .335

Não 21 (51.2%) 19 (44.2%) 40 (47.6%)

Nota: X2– estatística de teste do qui-quadrado; p ≤ .05

Os participantes atribuídos a diferentes condições experimentais também não diferiram de forma significativa no esforço, na dificuldade para controlar ou no sucesso para controlar o pensamento intrusivo esfaquear a pessoa significativa após a imaginação do mesmo.

Finalmente, participantes que leram o resumo sobre a possibilidade e desejabilidade de controlar o pensamento diferiram de forma significativa dos participantes que leram um resumo sobre o Facebook na perceção de eficácia da estratégia para controlar o pensamento que experimentaram após a imaginação de um impulso de agressão contra alguém significativo (t(69.654)= 2.283, p= .025, d= .496). Na Tabela 8 apresentam-se as estratégias

utilizadas pelos participantes para controlar o pensamento. Ambos os grupos recorreram maioritariamente a “Pensar em outras coisas” (20.2%), sendo a estratégia mais utilizada tanto

Imagem

Tabela 1.  Variáveis psicológicas e psicopatológicas entre os GE e GC (Resultados do Teste de Independência do T-Teste)
Tabela 2. Representação gráfica do procedimento
Tabela 3.  Variáveis compreensão dos resumos atribuídos entre os GE e GC (Resultados do teste t para amostras independentes).
Figura 1. Crenças acerca da necessidade de controlar o pensamento e da incontrolabilidade e perigo no pré e pós  momento da manipulação experimental no GE e GC (Resultados da análise de variância)
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