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NOVAS RELIGIOSIDADES E A PROMOÇÃO DA CULTURA DE PAZ

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Academic year: 2021

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Hélyda Di Oliveira**

Resumo: este artigo abordará as novas religiosidades e a cultura de paz. No final do século XX, a religião viveu um processo de metamorfose e ao invés de desapare-cer, surgiram novos movimentos religiosos que reconfiguraram a relação do ser humano com a religião. Este artigo refletirá até que ponto as novas religiosida-des tem contribuído para a promoção da cultura de paz. Será apresentada uma metodologia que indica os passos para a vivência da paz nos níveis pessoal, social e ambiental. Esta metodologia foi reconhecida pela UNESCO em 2002, como modelo e referência de educação para paz no século XXI.

Palavras-chave: Novas religiosidades. Metamorfose da religião. Cultura de paz.

M

uitas foram as discussões a respeito da religião, do religioso e da espiritua-lidade no final do século XX. Simultaneamente à perda da hegemonia das religiões tradicionais ocorreu um processo de efervescência religiosa, com mais intensidade nas três últimas décadas do final do século XX e início do XXI. Uma das consequências da modernidade no campo religioso foi o descré-dito das instituições religiosas tradicionais, a incredulidade das metanarrativas, o reconhecimento do multitulcuralismo, o florescimento de novos paradigmas e a individualização da religiosidade. Neste contexto surgiram os novos movi-mentos religiosos tendo como um dos objetivos a oferta de sentido de conteúdos no que diz respeito à relação do ser humano com a espiritualidade, frente às in-quietações a nível pessoal, social e também ambiental ocorridos na modernidade (HERVIEU-LÉRGER, 2015).

NOVAS RELIGIOSIDADES

E A PROMOÇÃO DA

CULTURA DE PAZ *

–––––––––––––––––

* Recebido em: 24.04.2019. Aprovado em: 07.08.2019.

** Doutoranda e Mestra em Ciências da Religião (PUC Goiás). Bolsista CAPES, com doutorado sanduíche na Universidade Ramon Llull e no Instituto de Ciencias Religiosas (ISCREB) - Barcelona/Espanha. Docente na UNIPAZ. E-mail: helyda@unipazgoias.org.br

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Como compreender o campo religioso no início do século XXI? Até que ponto as novas religiosidades contribuem para a promoção da Paz? Se as maiores guerras da humanidade foram oriundas de movimentos em nome da Religião, até que ponto as novas religiosidades podem contribuir para a promoção da cultura de paz? No cenário das ciências da religião, o tema da secularização foi bastante discutido e

pensava-se que com a perda da influência e dominação da religião na moder-nidade, este tema seria deixado de lado. Ocorre que ao mesmo tempo em que a religião perdeu influência na vida pública, política, econômica e em outros setores sociais, surgiram movimentos que passaram a oferecer produção de conteúdos religiosos/espirituais refletindo no processo de mutação da religião como consequência da perda da sua hegemonia como única detentora da oferta e controle do bem religioso (LENOIR, 2015).

Neste artigo, será apresentada uma breve análise das mutações da religião no final do século XX e início do XXI com o consequente surgimento das novas religiosi-dades e a relação disto com a promoção da cultura de paz. A metodologia que será apresentada foi desenvolvida por Pierre Weil, fundador da Universidade Internacional da Paz cuja metodologia foi premiada pela UNESCO na sua 26 Assembleia e reconhecida como modelo e referência de Educação para a Paz tendo como parâmetros seus documentos referenciais no que diz respeito às indicações para a educação do século XXI1. Esta instituição foi fundada na

efervescência das novas religiosidades na década de 1980 e conforme seus documentos, seu o objetivo é promover a educação para a paz nos níveis da pessoa com ela mesma, com os outros e com a Natureza, por meio de cursos, palestras eventos e projetos específicos focados na metodologia de educação para a paz criada pelo fundador da Instituição, Pierre Weil e seus colabora-dores. A metodologia adotada pela instituição integra a espiritualidade como parte do processo pedagógico.

METAMORFOSE DA RELIGIÃO

No campo religioso, havia-se pensado que o processo de secularização baniria a reli-gião dos discursos e estudos da modernidade. Nota-se, no entanto, que ocor-reu um processo de metamorfose na relação homem-religião bem como o deslocamento do religioso. No início de século XXI, surge um efervescente reavivar da religiosidade humana que Hervieu-Lerger (2005) expressa como sendo reflexo da demanda pelo religioso traduzida pela busca efusiva de espi-ritualidade. Este processo passa a ocorrer em locais difusos fora da Religião institucionalizada.

Por religião compreende-se que é um conjunto de mitos, ritos, crenças e valores que orientam a vida do ser humano na sua relação com transcendente (vertical) e

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também na sua relação de comunidade (horizontal). Por religiosidade entende-se que é o modo como o entende-ser humano vive os conteúdos da religião no nível individual e comunitário. Espiritualidade é ao mesmo tempo uma inteligência e uma qualidade humana que capacita o indivíduo a transcender a si mesmo e conectar-se com o mistério, com o Absoluto, com o Sagrado e/ou com o Divino, independente de Deus, envolve também a tomada de consciência de pertencimento a um cosmos que é ao mesmo tempo imanente e transcendente. Mesmo com desenvolvimento da ciência e com as inúmeras respostas ofertadas pelos conhecimentos decorrentes de seu avanço, o desejo e a necessidade da fé não foram extintas. A mudança de posição da religião não significou o seu fim, muito pelo contrário, nota-se, o enfraquecimento das religiões e a permanên-cia do religioso (FERRY, 2008).

Ferry (2008) explicita que uma das mudanças que se expressam nas novas religiosida-des diz respeito à “humanização do divino”, que é a tradução dos conteúdos teóricos e práticos da religião na linguagem do humanismo e ao mesmo tempo a “divinização do humano”, com o ressurgimento da transcendência tanto ver-tical - entre os homens e o além - mas também horizontal - entre os próprios homens - e que ele denomina de “humanismo do homem-Deus”, que provoca uma busca por uma forma autentica e material de viver de forma imanente o transcendente.

Gauchet (2008) afirma que o que ocorre atualmente é uma interpretação radicalmente não religiosa da transcendência, compreendendo que o humanismo contem-porâneo vive um momento do reconhecimento do homem sem Deus. Afirma ainda que “o homem é um ser que, em todos os casos, é convocado pelo invi-sível ou requisitado pela alteridade.” (p. 45). Para além de questões morais, políticas, econômicas e de coesão ou não social, o ser humano é composto de uma parcela sobrenatural e isto não é uma escolha e sim um dado natural do humano, conforme as linhas antropológicas da religião.

Segundo Gauchet (2008), as religiões se ocupam de conteúdo, ritos e dogmas que esta-belecem a relação do indivíduo com esta parcela que envolve o sobrenatural, que é representada por aquilo que vai além do indivíduo e que ao mesmo tem-po o compõe. Afirma que não é uma opção ser ou não ser religioso, e que isto está para além de toda e qualquer religião.

A religião se ocupou por mais de dois milênios de uma função heteronômica, responsa-bilizando-se de prover e gerir dogmas, ritos, mito, com o estabelecimento das mais variadas hierarquias que se responsabilizam pelos conteúdos e formas do bem religioso na sua relação com o transcendente. Este transcendente rece-be nomes diferentes: Sagrado (OTTO, 2011; ELIADE, 1993), Transcendente (WEIL, 2003), Divino (FERRY, 2008). O que é comum entre eles é que para todos, há o reconhecimento de que existe uma porção sobrenatural que

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com-põe o humano e não é uma questão de religião, mas sim de uma visão antro-pológica do indivíduo.

O que migra neste momento atual da humanidade, é que este domínio do transcenden-te, passa a ocorrer de forma difusa em vários setores da sociedade. A religião perde a exclusividade, porém, o ser humano segue seu caminho sendo religio-so independente da religião.

Nessa ideia de uma sobrenaturalização e de uma transistoricidade do ser hu-mano (o que chamo de divinização do huhu-mano), é o fato de que, no interior de sua própria reflexão, o ser humano não descobre somente o inconsciente, mas a questão do divino, a questão do mistério irredutível de uma transcendência em relação à natureza e à história, em relação às categorias nacionalistas às quais os materialistas modernos nos habituaram. Se abandonarmos um vocabulário religioso dogmático, é então, parece-me, para reencontrá-lo num outro nível, que não o é mais (FERRY, 2008, p. 102).

No campo religioso surge o tema do pluralismo, pautado em referenciais de estrutura-ção da visão de mundo a partir de um novo paradigma onde o reconhecimento das diferenças torna-se fator crucial, especialmente para a compreensão da religião. Para Oliveira (2015) a religião é um sistema simbólico que sintetiza o ethos de um povo e assume um papel central na composição da cultura.

O pluralismo religioso e a diversidade cultural representam um novo paradigma na compreensão do campo religioso. Minorias invisibilidades passam a ser importantes para a construção identitária e a compreensão da relação do ser humano com a religião passa a ocorrer numa realidade em constante construção, e suas interpretações se tornam mais subjetivas, os valores são relativos, o conhecimento torna-se um fato transitório e a relação com a religião torna-se plural com um significativo florescimento das novas religiosidades. Abre-se espaço para o surgimento de novas sensibilidades pautadas em um novo paradigma, plural e étnico., num constante processo de “auto-revelação do ser” (OLIVEIRA, 2015).

Nada parece impedir este processo de individualização do religioso, que provo-ca a atomização das crenças e da fluidez dos símbolos religiosos, o zapping e a extrema mobilidade dos crentes. Ao individualizar-se, a religião não desapare-ce, ela se transforma (LENOIR, 2005, p. 42) 2.

De acordo com Duch (2001) uma das características contemporâneas é o regresso do religioso e uma renovação na busca do sagrado que para ele, representa uma nova e ao mesmo tempo velha forma de manifestação da religião representada por uma metamorfose da religião e do religioso.

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O que se tem assistido nos tempos atuais é uma migração da forma do ser huma-no se relacionar com a religião desde a modernidade até os dias atuais. Sch-leiermarcher foi o primeiro autor a apresentar uma primeira interpretação da compreensão da religião moderna. Ele diz que “[…] a experiência pessoal do crente interioriza o sentido profundo da religião mediante a contemplação do universo como reflexo da infinitude, da beleza e da bondade do Absoluto”3

(SCHLEIERMARCHER apud DUCH, 2001, p. 132).

De acordo com Lenoir (2005), assiste-se no século XIX e XX a precipitação (no senti-do químico senti-do termo) de vários fatores: a urbanização, a mobilidade social, o florescimento da burguesia, a racionalização, a diferenciação das instituições, o desenvolvimento das ciências e da tecnologia, as reinvindicações do sujeito e no campo da religião, ocorrerem também mudanças significativas.

As novas religiosidades surgem como uma oferta desenfreada de conteúdo a partir dos lugares mais improváveis da sociedade. É o que será discorrido no próximo item. Do que mais o ser humano precisa atualmente, senão reaprender a conviver uns com os outros de forma solidária, fraterna e pacífica? Será que estas novas reli-giosidades podem contribuir para a promoção da paz no nível pessoal?

AS NOVAS RELIGIOSIDADES

As Novas Religiosidades (NR) que podem também ser denominadas de Novos Movi-mentos Religiosos (NMR) surgem em decorrência das mutações pelas quais a sociedade moderna passou ao longo do século XX, mais especificamente nos últimos 100 anos. Considerando as mudanças no setor político, social, econômico, cultural, científico e outros, as mudanças do campo religioso são uma consequência natural dos processos mais amplos pelos quais a sociedade vem se desenvolvendo. Há especificamente duas vertentes consideradas novos movimentos religiosos: os movimentos fundamentalistas e os movimentos es-piritualistas. Neste artigo, serão abordados os movimentos eses-piritualistas. Este termo passou por várias mudanças: de Nova Era para Espiritualidades Alternativas,

Espiritualidades Emergentes, Nova Consciência e atualmente está mais usual-mente denominado de novas religiosidades ou novos movimentos religiosos (SARRIAS, 1994). Todos têm em comum o ressurgimento da espiritualidade pós secularização. “Seja qual for o termo empregado, trata-se de um conjunto de práticas espirituais popularizadas no Ocidente deste os anos 70 e desenvol-vidas à margem das estruturas religiosas oficiais”4 (SARRIAS, 1994, p. 2).

Há um desafio que é identificar o que há de religioso em tanta oferta de sentido na atu-alidade? Se pensava que a religião estaria deixada de lado, o que se pode notar é que, de forma não necessariamente ‘controlada’, o religioso se faz presente de forma difusa e ao invés de não existir, passa a existir em toda parte.

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Esta mutação da religião tem sido denominada de Novas Religiosidades. Há que se considerar a produção de sentido e de vínculos sociais que ocorrem neste mo-vimento. É preciso analisar quais conjuntos de crenças, ritos e práticas que podem ser consideradas religiosas nas novas religiosidades:

Este termo engloba, como sabemos, uma grande variedade de fenómenos: desde os cultos e as seitas que recentemente tem começado a competir com as religiões históricas (grandes igrejas ou grupos minoritários antigos), até os grupos sincré-ticos de inspiração oriental; desde os movimentos de renovação que se coloca-ram em marcha dentro das religiões instituídas, até os múltiplos componentes da nebulosa místico-esotérica que se caracterizam, em especial, pela capacidade de assimilação e reutilização de todos os saberes disponíveis (tanto da ciência oficial como os mais antigos ou marginais) com a finalidade de promover o autodesen-volvimento dos indivíduos que se unem a eles5 (HERVIEU-LÉRGER, 2005, p. 61).

Para Hervieu-Lérger (2005) a religião continua sendo parte do sagrado e o sagrado a matéria prima da religião. A partir do momento que o sagrado deixou de ser exclusividade da Religião, tornou-se o núcleo essencial de experiências transcendentes que passaram a ocorrer independente dos limites das religiões tradicionais e históricas. Este é um dos fatores que torna complexa a identi-ficação e utilização do sagrado na sociedade moderna. Adota-se a definição de Sagrado de Otto (2007), compreendendo-o como o “mysterium tremendum

fascinans” que compõe e ultrapassa todas as formas de religiosidade.

Com a individualização das relações humanas, o processo coletivo de oferta de sentido, passa a surgir por meio de iniciativas privadas que se aglomeram em torno de um pequeno coletivo de pessoas, geralmente de forma voluntária. Em meados da década de 60 e 70 surgiram grupos de interesse com o objetivo de comparti-lhar o desejo de vinculação em torno de conteúdos afins. Lipovetsky denomina de “microsolidariedades” (apud HERVIEU-LÉRGER, 2005, p. 160) e Mafes-soli (2016) de “comunidades de destino”. São grupos especializados em temas muito delimitados e que se aglomeram para trocas de saberes e experiências. Isto permite o processo de confirmação social dos significados individuais.

O espaço das produções religiosas na modernidade se constitui nos lugares onde a influência imaginaria da tradição se cruza com as expressões modernas da necessidade de crer, vinculada a incerteza estrutural de uma sociedade em mudanças permanentes6(HERVIEU-LÉRGER, 2005, p. 161).

De acordo com Moreira (2008, p. 6), “a instância decisória é cada vez mais individual e subjetiva”. O indivíduo inquieto com a falta de sentido na vida, busca algo

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que possa ressignificar sua práxis e, naturalmente, reencantar-se a si e ao mun-do no contexto que vai além mun-do religioso institucionalizamun-do, pautada por novos arranjos coletivos de significados e valores.

O futuro aponta para uma sociedade com pluralidade de ofertas religiosas, pro-vavelmente sem uma instituição que detenha o poder simbólico para estabelecer sozinha uma hierarquia sobre as demais ou para servir de ancoragem hegemô-nica no campo religioso (MOREIRA, 2008, p. 5).

Dentre tantas dúvidas e incertezas, há algo que é repetido por autores da sociologia, filosofia, antropologia e também da psicologia: não é com o paradigma antigo que se encontrará as possíveis soluções para os velhos problemas. Sobretudo, é necessário um novo paradigma!

Hoje em dia, as questões fundamentais são aqueles problemas para os quais não existe uma solução dentro do paradigma da modernidade. O fato de que a ciência e as leias modernas serem incapazes de reconhecer isto e de pensar com credibilidade na transição para outro paradigma, os transforma em um proble-ma fundamental adicional (SANTOS, 2003, p. 376). 7

Considerando as dificuldades e desafios inerentes aos processos de transição que envolvam visões de mundo e suas implicações praticas, há movimentos oriundos de grupos de pessoas que, pautadas em novos paradigmas, tem ofertado caminhos para os quais a espiritualidade se aflora na atualidade com expressividade e alguns até com solidez. RUMO A UM NOVO PARADIGMA

Weil (2011) afirma que a sociedade atual vive uma doença social chamada normose, considerada como uma doença da normalidade na qual todos estão submetidos como consequência de uma crise paradigmática. O normótico é aquele ser hu-mano que repete comportamento na tentativa de ser normal perante o contexto e pela necessidade de adaptar-se ao sistema.

A normose pode ser considerada como conjunto de normas, conceitos, valores, estereótipos, hábitos de pensar ou de agir aprovados por um consenso ou pela maioria de pessoas de uma determinada sociedade, que levam a sofrimento, doenças e mortes (WEIL, 2011, p. 18).

Ora, se o sistema está doente, o ser humano adoece. Se o sistema é o conjunto de seres humanos que o compõe, e se estes estão doentes, então todo o sistema também

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está adoecido. Esta é a crise na qual a sociedade atual está submetida e é por esta visão que, segundo Weil (2011), as repostas não surgirão de seres huma-nos adoecidos ancorados num sistema também adoecido como consequência de um paradigma ultrapassado. É preciso diferenciar-se, tornar-se “esquisito” (CREMA, 2011) para minimamente, transformar-se de autômato para um ser consciente de suas escolhas, atitudes e expressões.

Na modernidade surgiu o especialista, que segundo Crema (2017), é aquela pessoa que sabe quase tudo de quase nada. A normose decorrente do especialista é fruto da fantasia da separatividade, na qual tudo é separado de tudo e teve seu auge na modernidade com o avanço técnico-científico que compartimentalizou até a menor parte tudo que pode na tentativa de classificar, analisar e também en-tender a realidade. A questão não é a parte, mas o fato de que o especialista se esqueceu de que há uma conexão desta parte com o todo que pelo exercício da ciência de tentativas e erros, se tornaram excelentes no caminho da separativi-dade mas esqueceram o caminho de volta para a uniseparativi-dade.

Este predomínio da ciência cartesiana, dualista e separatista, gerou a visão de uma so-ciedade separada por territórios, tornando os limites mais importantes do que as relações entre si. A visão da separatividade gerou um ser humano esquecido de sua conexão consigo mesmo, com sua totalidade enquanto corpo, emoções, razão e espiritualidade gerando um pensamento fragmentado, compartimen-talizado e, portanto, um ser humano adoecido de si mesmo. O especialista é alguém apto a analisar “a parte”, um fragmento da realidade, porém nota-se que ele esqueceu que esta parte é a “parte de um todo” (CREMA, 2017). Como parte da consequência deste processo de especialização, pode-se constatar uma

busca por sentido de pertencimento em decorrência do esquecimento de como se relacionar com partes de si mesmo e naturalmente, com a perda da capaci-dade de conexão com outros seres humanos e com tudo ao seu redor. Se por um lado a especialização gerou os inúmeros avanços na ciência, na tecnologia, impactando positivamente setores como da saúde, transporte, comunicação e inclusive com o aumento da expectativa de vida do indivíduo, por outro lado, nota-se que ocorreu também uma tendência ao estabelecimento de relações pautadas na utilidade e pela visão capitalista, determinando quanto custa tudo, inclusive o tempo e com um crescente aumento da violência em vários níveis. Na tentativa de pertencer, que é condição sine qua non da humanidade, o ser humano foi se adequando, tornando-se ‘normal’ para atender aos padrões exigidos pela sociedade moderna: ter um carro, ter um bom emprego, ter um casamento, ter filhos, ter uma carreira de sucesso, ter... ter.. ter ... ter..

E, com o passar do tempo, pela repetição de vários comportamentos no intuito de sentir-se “normal” perante o outro, os hábitos tornaram-se automáticos, sem muita reflexividade ocasionando uma sociedade repetidora de hábitos

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desco-nectados de sentido, em sua grande maioria. O resultado disto é o que está registrado no último século do milênio passado: duas guerras mundiais, doen-ças em todos os níveis, violência sem limites, fome, uso de drogas das mais variadas origens, corrupção e massacres em pequena e grande escala. O ser humano tornou-se normal perante uma sociedade doente de si mesma.

Lamentavelmente, nem todas as normas são benevolentes. Ao contrário, algu-mas são geradoras de sofrimentos e enfermidades, podendo conduzir até mesmo à morte. Como são dotados de um consenso social, as pessoas não percebem o caráter patogênico (WEIL, 2011, p. 17).

O grande limitador do pensamento cartesiano é analisar a parte sem a conexão com o todo. Capra (1996) afirma que o paradigma que aflora é fundamentado no pen-samento sistêmico que parte de um ponto de vista “contextual”. Diz também que a base do pensamento sistêmico é por natureza ecológico, considerando que o ambiente onde o fato analisado é pesquisado é conectado como um or-ganismo vivo de natureza material. A contribuição do pensamento sistêmico é exatamente relembrar que não existe nada que esteja tão isolado e separado que não tenha uma conexão com alguma coisa. Não existe parte sem o todo, e toda analise deve, por si só, considerar o contexto ao qual está envolvida. Nesta perspectiva, ocorre uma mudança de forma de pensamento pois as conexões e as

relações entre as coisas, fatos, pessoas e ideias são tão importantes quanto o objeto em si. Portanto, “[...] não há partes, em absoluto. Aquilo que denomi-namos parte é apenas um padrão numa teia inseparável de relações” (CAPRA, 1996, p. 53).

Do ponto de vista científico, as novas religiosidades estruturam-se na visão de mun-do baseada na mecânica quântica, que nasce no princípio mun-do século XX. Um de seus precursores foi Max Planck, Albert Einstein com suas contribuições sobre a mudança da forma de visão da realidade. Teve destaque o físico ameri-cano Frijot Capra, cujo livro O Tao da Física circulou vários países e foi best

seller de vendas com celebre referência até os dias atuais.

Novos movimentos religiosos começaram a se estabelecer em várias partes do mundo. O que essencialmente estava sendo retomado, era a ideia de unidade indivisí-vel de tudo com tudo, ampliando também a visão e um possíindivisí-vel diálogo entre ciência e religião. Em Paris, a Université Interdisciplinaire de Paris, dirigida pelo astrofísico Trinh Xuan Thuan e pelo neurofisiológo Jean-Francois Lam-bert e o filósofo Jean Staune contribuíram para este diálogo promovendo semi-nários, palestras e cursos nesta ceara de pesquisa. Outra contribuição relevante foi de Ilya PrIgogine, premio Nobel de Quimica no ano de 1977, naturalizado belga, foi co-fundador do Centro de Sistemas Quânticos Complexos.

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Ainda na França, assinalamos as contribuições do físico Dr. Basarab Nicolescu, que ainda oferece grandes contribuições e na mesma perspectiva, criou o Centro Internacional de Pesquisas e Estudos Transdisciplinares, cujas contribuições são referenciais ao campo de estudo no cenário internacional.

O físico Abdel Haz Guiderdoni, que trabalhou no Instituto de Astrofísica de Paris, cunhou um diálogo entre as religiões do Islam e a Ciência contribuindo para a cor-respondência entre as teologias místicas muçulmanas e a nova filosofia das ciên-cias que ora despontava. O filosofo Mohamed Taleb cria a Universidade Trans-disciplinar Arabe, para tentar fazer inteligível os novos paradigmas científicos com a intelectualidade árabe-islâmica contemporânea.

Na década de 1980, Pierre Weil, Jean Yves Leloup e Monique Thoenig criam as ba-ses da Universidade Holística Internacional, que posteriormente passou a ser denominada de Universidade Internacional da Paz (UNIPAZ), com sede em Paris, cuja carta magna da Universidade era baseada na visão holística do mundo e aplicada por meio da metodologia transdisciplinar. Esta Universida-de migrou-se para o Brasil, cuja história será Universida-descrita posteriormente e que é objeto desta pesquisa.

Em todos estes Centros de Pesquisas e Universidades, havia um princípio aproximado entre a leitura da realidade a partir da visão holística, orgânica e multidimen-sional tornando estes autores, precursores de novas ideias que passavam a se proliferar em diferentes camadas da sociedade em vários países.

CULTURA DE PAZ E NOVAS RELIGIOSIDADES

Até que ponto as novas religiosidades podem contribuir para tornar o ser humano mais pacífico? Para Weil (2011), a paz não é ausência de conflito, é um estado de consciência, ela ocorre em três níveis: a paz consigo mesmo, a paz com os outros e a paz com a Natureza (entendendo Natureza como meio ambiente e também o cosmos).

Para Weil (2011), a paz no nível pessoal ocorre em quatro etapas: no corpo, nas emo-ções, na mente e no espirito. Ele denomina este processo de Ecologia Pessoal. Para cada etapa, são necessários praticas específicas, por meio de exercícios práticos e reflexivos cujo objetivo é de obtenção da paz no nível pessoal. A arte de viver em paz consigo mesmo envolve o reconhecimento de que a Paz inicia

dentro de si mesmo e não fora. Weil (2011, p. 32) menciona o preâmbulo da UNESCO, que diz: “Uma vez que as guerras iniciam na mente dos homens, é na mente dos homens que devem ser construídas as defesas da paz”. No entan-to, Weil (2011) reconhece que não há nada de novo nesta visão, uma vez que a paz envolve o reconhecimento da consciência de si mesmo e não um atributo que se adquire, pois de fato ele já é parte do humano.

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Em sua metodologia, Weil (2011) apresenta um eixo metodológico que promove este reconhecimento da paz em si mesmo, que inicia com a paz com o corpo, a paz com as emoções, a paz com a mente e a paz de espírito. Para cada etapa há formas de se desenvolver em si mesmo este potencial da paz que é inerente ao ser humano e este processo é parte da metodologia oferecia pela UNIPAZ. Em relação à paz com os outros, ele afirma que está estruturada em quatro níveis:

intrapessoal, interpessoal, intragrupal e intergrupal e de acordo com suas teo-rias, para cada nível há atividades, exercícios e práticas específicas pautadas em metodologias de não violência. Para cada etapa, há a inter-relação com a política, educação, economia e outros setores da sociedade, denominada de Ecologia Social (WEIL, 2011).

Para o desenvolvimento da paz com os outros, Weil (2011) afirma que o eixo central desta etapa é o reconhecimento da fantasia da separatividade que é o processo pelo qual o ser humano se vê separado de tudo ao seu redor. O objetivo desta etapa é a superação desta fantasia e o reconhecimento da consciência de per-tencimento a tudo ao seu redor.

De acordo com a fantasia da separatividade, o ser humano se vê na necessidade de apegar-se a tudo que lhe dá prazer e a rejeitar tudo que lhe causa dor. E ainda ocorre o sentimento de indiferença ao que não lhe causa nem dor nem pra-zer. Este modo de relacionar-se com pessoas, ideias e coisas e é a causa da destruição do estado de Paz e consequente favorecimento da proliferação da violência provocada pelo individuo em todos os setores no que envolve a visão da ecologia social. O caminho de resgate da paz em nível social é a superação da fantasia da separatividade e o consequente florescimento da consciência de conexão entre o ser humano e tudo ao seu redor. Neste sentido, a violência ge-rada para o outro retornará como mal estar a si mesmo e o bem e a paz gerados ao outro, retornarão como bem e paz para si mesmo (WEIL, 2011).

Na relação com a Natureza, de acordo com sua teoria, o indivíduo reconhece que é par-te da Natureza, que ela não está fora de si e isto par-tende a transformar a relação do ser humano com o meio ambiente e com o cosmos como um todo pois o ser humano se reconhece parte da realidade e não separado dela. Esta etapa re-fere-se à Ecologia Ambiental que é o reconhecimento do estado de equilíbrio dos ecossistemas como reflexo da consciência de pertencimento ao Cosmos. Estas três ecologias: pessoal, social e ambiental compõem parte da metodologia

de-nominada “A arte de viver em paz”8, desenvolvida por Pierre Weil (1993) e

aplicada na UNIPAZ desde sua fundação. Esta metodologia foi premiada pelo UNESCO pela 26ª Assembleia da Unesco no ano de 2002, e Pierre Weil foi indicado ao Premio Nobel da Paz, naquela ocasião.

Esta visão de Paz, compõe a metodologia desenvolvida e oferecida na UNIPAZ, e de acordo com os documentos desta Instituição, a maioria das atividades são

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oferecidos por meio de cursos e projetos. Geralmente seus cursos ocorrem ao longo de dois anos, estruturados em três etapas: despertar (referência aos 6 ou 8 primeiros meses de curso), caminhar (6 ou 8 meses seguintes) e obra-prima (os 4 ou 6 últimos meses) e de acordo com seu fundador, é o tempo razoável para que os aprendizados vivenciados sejam assimilados e implementados na vida de quem os pratica.

Esta instituição surgiu no fervor das novas religiosidades. Umas das característica que a diferencia da religião diz respeito ao aspecto de ausência de memória cole-tiva. Sendo um movimento oriundo como resposta à uma crise de fragmenta-ção, muitos de seus conteúdos são desenvolvidos e aplicados no decorrer de sua própria oferta de sentido. Vale refletir sobre até que ponto as novas religio-sidades contribuem para a promoção da cultura de paz no nível do indivíduo? O FLORESCIMENTO DA PAZ NAS NOVAS RELIGIOSIDADES

Considerando que a Paz não é ausência de conflito, que ocorre em etapas que envol-vem o nível do indivíduo, da sociedade e da relação com a natureza e que esta visão de mundo pode ser aplicada de forma pratica e estruturada pelo método “A arte de viver em paz”, que foi reconhecido como modelo e referência de educação para a Paz, desde o ano de 2002 pela UNESCO e tem sido aplicado no Brasil há 32 anos e em alguns outros países (França, Argentina, Equador, Portugal), pode se entender que esta metodologia promove o florescimento da paz por meio de uma significativa mudança em relação a visão de mundo, à consciência de pertencimento e de auto-responsabilidade pelas escolhas e decisões praticas na vida, gerando ações menos violentas e mais pacíficas a partir do indivíduo. Lenoir (2005, p. 227) entende que as novas religiosidades favorecem a evasão de conceitos que buscam a abertura de diálogo com os mais variados níveis de conhecimento:

A religiosidade alternativa holística, é um poderoso convite ao reencantamento, está particularmente atenta a reabilitação do campo das ciências humanas, da dimensão mística e mitológica da realidade humana, em particular da consci-ência humana.9

Esta religiosidade alternativa holística faz ressurgir as teorias do reencantamento, po-rém traz uma visão renovada deste processo. Pela perspectiva Weberiana do desencantamento do mundo, reencantar-se seria retroceder aos aspectos irra-cionais da própria razão o que neste início do século XXI direciona-se no sen-tido oposto, considerando que uma das características do movimento é a alta exigência racional, com uma sede de leituras de livros e uma busca constante

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de teorias que justifiquem suas experiências, porém é alternativo pois margeia a teoria mecânica da ciência clássica.

Torralba (2011) destaca uma característica considerando alguns elementos que de algu-ma algu-maneira representam o turismo espiritual e religioso pela busca curiosa pela astrologia, cartas e orações com os anjos, com as forças da natureza, entre ou-tros. Reconhece também que no seio deste movimento surge também o desejo embrionário de plenitude e transcendência no sentido mais espiritual do termo. Lenoir (2005) considera que o movimento fomenta uma “espiritualidade egoísta” por

reconhecer que há um notável campo de experimentação, onde cada qual es-colhe onde, como e do que participar, sem inclusive considerar fatores de tra-dição o que confere ao movimento, uma significativa diferença da categoria de Religião. Há uma mudança de visão de “homem unidimensional” para “ho-mem universal” refletido na abertura para diferentes níveis de realidade e pela aproximação com os movimentos de cunho artístico-cultural, com valorização da poesia, cantos, danças e músicas repletas de magia e mistérios. Ao contrá-rio, o “homem unidimensional” apodera-se da razão como guia de suas condu-tas, seu universo pessoal é desposado de superstição, poesia, mitos e mística. Há uma sede de experimentar “Deus” em seu universo mais íntimo e profundo. A ma-gia ressurge por meio de sua relação com a natureza de maneira a perceber e envolver-se com seus mistérios, tornando esta experiência, um processo de reencantamento de seu próprio universo pessoal e de promoção da paz. E qual é a visão de Deus para as novas religiosidades? O que parece fazer mais

sen-tido é uma aproximação com a teologia apofática que reconhece que Deus não é inefável, nem impessoal. A relação com Deus na visão da teologia apofática engloba àqueles que vivem uma relação interiorizada do divino onde a experiência está no centro das buscas espirituais contemporâneas. A comprovação material da experiência espiritual é traduzida no desejo de experimentar, de provar o divino em si mesmo.

De acordo com a metodologia apresentada pela UNIPAZ, nota-se que por meio de praticas como por exemplo, as meditações, em suas variadas metodologias, tendo como principal referencia as do Oriente, sobretudo Budistas e Hindu possibilitam a vivencia do silencio profundo e este silencio é um caminho de acesso à experiência e Deus, do Absoluto em si mesmo. É no acesso ao ponto de silencio profundo que ocorre a experimentação do divino em si mesmo, que abre espaço para a contemplação da materialidade a partir dos olhos “da alma” e nas novas religiosidades representa a união com o divino e uma sensação de paz pode ser experimentada a nível do individuo.

A necessidade de interioridade, de fazer silencio em si, de encontrar-se em sua profundade é certamente uma das necessidades mais imperiosas em muitos de

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nossos contemporâneos , estressados e arrasados pelo movimento da vida urba-na moderurba-na (LENOIR, 2005, p. 258).10

Além das inúmeras leituras de livros variados, este movimento é caracterizado pela oferta de práticas corporais, de meditação, resgate da auto-estima, que favore-çam o auto-conhecimento desde que sejam com uma estrutura flexível e com autonomia de escolha do adepto. Apresentam um forte cunho terapêutico. Para alguns, é uma moda passageira que promove uma espiritualidade rasa e espe-culativas de uma parcela da sociedade. Sarrias (1994) afirma que os intelectu-ais e acadêmicos geralmente não se envolvem por considerar um movimento sem fundamentos teóricos e de pouca profundidade. Tendo a espiritualidade como principal caraterística, a possibilidade da experiência interior da espi-ritualidade corporificada possibilita um estado de harmonia e unidade entre a transcendência e a imanência do Absoluto, que pode ser chamado de Deus, de Sagrado e ou Divino.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

De acordo com a breve teoria apresentada das novas religiosidades e entendendo paz com um estado de plenitude e harmonia interior, nota-se que as novas reli-giosidades podem representar a centelha de um movimento que minimize as várias formas de violência que se enfrenta hoje na sociedade.

Se como consequência do resgate do sentido de pertencimento, da generosidade, de solidariedade e de harmonia pessoal, entre outros, as pessoas se tornarem mais compreensivas e menos agressivas, poderemos estar diante de um embrião de novos referenciais que podem gerar novos acordos para se conviver de manei-ra mais pacífica e menos violenta na sociedade atual.

De acordo com os novos paradigmas nos quais se estruturam as novas religiosidades, a visão de ser humano e da vida é multicultural, a visão de mundo é holística e a consciência de pertencimento a um cosmos orgânico e sistêmico, faz surgir no ser humano a consciência de que estão todos conectados por redes invisíveis de pertencimento e o mal gerado para o outro refletirá como consequência, o mal a si mesmo.

Acreditamos que partir do dia que os seres humanos respeitarem o outro como desejam serem respeitados, desde suas crenças até seus bens materiais, a probabilidade de gerar uma convivência de menos disputas em todos os níveis parece fazer sentido como representativo do germe de uma sociedade pacifica.

Pode ser que com o florescimento das teorias pautadas na visão holística, este século XXI seja marcado como a civilização que teve a coragem de resgatar a cons-ciência de humanidade como sendo um só povo com as suas mais variadas

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manifestações e que seja pelo reconhecimento da diferença que a igualdade de desejos de paz possa florescer.

NEW RELIGIONS AND THE PROMOTION OF A CULTURE OF PEACE

Abstract: this article will provide new religions and the culture of peace. At the end of the 20th century, religion underwent a process of metamorphosis and, instead of disappearing, new religious movements emerged that reconfigured the relation-ship between the human being and religion. This article will reflect to what ex-tent the new religions have contributed to the promotion of the culture of peace. A methodology will be presented that indicates the steps for the experience of peace on the personal, social and environmental levels. UNESCO recognized this methodology in 2002 as a model and reference of education for peace in the 21st century.

Keywords: New religiosities. Metamorphosis of religion. Culture of peace.

Notas

1 Para mais informações, acessar Declaração de Veneza da Unesco (p. 143-61).

2 Tradução da autora: Original: “Nada parece impedir este proceso de individualización de lo religioso, que provoca la atomización de las creencias y la fluidez de los símbolos religiosos, el zapping y la extremada movilidad de los creyentes. Al individualizarse, la religión nao desaparece, se transforma.

3 Tradução da autora. Original: “[...] la experiencia personal del creyente, que interioriza el sentido profundo de la religión mediante la contemplación del universo como plasmación de la infinitud, de la belleza y de la bondad de lo Absoluto” (SCHLEIERMARCHER apud DUCH, p. 132).

4 “Sea cual fuere el término empleado, se trata de un conjunto de prácticas espirituales po-pularizadas en Occidente desde los años 70 y desarrolladas al margen de las estructuras religiosas oficiales.” (SARRIAS, 1994, p. 2)

5 Tradução da autora: Original: “Este término engloba, como sabemos, una gran variedad de fenómenos: desde los cultos y las sectas que recientemente han empezado a competir con las religiones históricas («grandes Iglesias» o grupos minoritarios antiguos), hasta los grupos sincréticos de inspiración oriental; desde los movimientos de renovación que se pusieron en marcha dentro de las religiones instituidas, hasta los múltiples componentes de esta «nebulosa místico-esotérica» que se caracterizan, en especial, por su capacidad de asimilación y reutilización de todos los saberes disponibles (tanto los de la ciencia «ofi-cial» como los más antiguos o marginales), con el fin de promover el autodesarrollo de los individuos que se unen a ellos.” (LERGER, 2005,p. 61)

6 Tradução da autora. Original: “El espacio de las producciones religiosas de la modernidad se constituye en los lugares donde la influencia imaginaria a la tradición se cruza con ls expresiones modernas de la necesidad del creer, vinculada a la incertidumbre estructural de una sociedad en cambio permanente.” (LERGER, 2005, p. 161)

7 Tradução da autora. Original: “Hoy en día, las cuestiones fundamentales son aquellos problemas para los cuales no existe una solución dentro del paradigma de la modernidad. El hecho de que la ciencia y el derecho modernos sean incapaces de reconocer esto y de

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pensar, de forma creíble, la transición hacia otro paradigma, los transforma en un problema fundamentalmente adicional.” (SANTOS, 2003, p. 376) . 8 Este livro foi publicado pela UNESCO em sete idiomas. Foi reconhecido como modelo e

referência de Educação para a Paz,conforme os parâmetros da Declaração de Veneza para a Educação do Século XXI. O livro pode ser acessado gratuitamente pelo link https://pier-reweil.pro.br/1/Livros/Portugues/on%20line/Livro_AVIPAZ.pdf.

9 Tradução da autora. Original: “La religiosidade alternativa holística, em tanto que poderosa invitación al reenancamiento, está particularmente atenta a la rehabilitación em el campo de las ciências humanas, de la dimension mística e incluso mitológica de la realidade humana, en particular de la consciência humana.” (LENOIR, 2005, p. 227) 10 Tradução da autora. Original: “La necesidad de interioridad, de hacer silencio en si, de

encontrarse en su profundidad es ciertamente una delas necesidades más imperiosas en muchos de nuestros contemporáneos, estresados y arrastrados por el torbellino de la vida urbana moderna.” (LENOIR, 2005, p. 258)

Referências

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